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Universidade de Brasília

Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental
Disciplina: Patologia das Construções 1/2018

SEMINÁRIO SOBRE ENSAIOS NÃO


DESTRUTIVOS

TEMA: ENSAIOS DE PROVA DE CARGAS EM ESTRUTURAS

Autores:
Murilo Risden Alves – 12/0038919
Igor Oliveira Alves – 13/0010308

Professor: Elton Bauer

Brasília - DF
Junho de 2018
2
RESUMO

O concreto é o material construtivo mais utilizado em todo o mundo e isto pode estar
atrelado a suas grandes qualidades, como poder ser moldado conforme opção do
projetista em estado fresco, e sua resistência após a pega.

Com o seu vasto uso foi se desenvolvendo mais ainda o material e suas tecnologias de
fabricação, assim como o estudo do desgaste de peças de concreto após anos de
execução. A fissuração de peças de concreto é algo que não se deseja em uma estrutura,
pois permite entrada facilitada de agentes agressores à peça concretada. Com o avanço
tecnológico a sociedade desenvolveu formas de combate à fissuração excessiva.

Desta forma, o presente trabalho visa apresentar um avanço recente na tecnologia, a


utilização de resina de poliuretano, como material para recuperação de estruturas em
concreto identificadas com anomalia de fissuramento, de forma simples e prática, para
auxiliar engenheiros e gestores com rapidez e qualidade.

3
ABSTRACT

Concrete is the most widely used construction material in the world and this may be tied
to its great qualities, such as being molded at the designer's option in the fresh state, and
its strength after the handle.

With its vast use, the material and its manufacturing technologies were further developed,
as was the study of the wear and tear of concrete parts after years of execution. The
cracking of concrete parts is something that is not desired in a structure, since it allows
easier entry of aggressive agents to the concrete. With the technological advance the
society developed ways to combat excessive cracking.

In this way, the present work aims to present a recent breakthrough in the technology,
the use of polyurethane resin, as material for recovery of concrete structures identified
with crack anomaly, in a simple and practical way, to help engineers and managers with
speed and quality .

4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................6
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................9
1.1 FISSURAÇÃO ..................................................................................................................9
1.2 POLIURETANO .............................................................................................................13
2. ROTINA, CUIDADOS E TÉCNICAS DE EMPREGO .......................................................19
3. NORMAS TÉCNICAS ..........................................................................................................24
4. PRINCIPAIS MARCAS DO MERCADO ............................................................................25
5 CRITÉRIOS DE CONTROLE E ACEITAÇÃO ...................................................................34
5.1 PESQUISA DE PREÇOS ............................................................................. 42
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................................47
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................48

1. INTRODUÇÃO (O QUE É PROVA DE CARGA) (Igor)

2. CARREGAMENTO DE PROVA

2.1. Estático (Murilo)


2.2. Dinâmico (Igor)

3. INSTRUMENTAÇÕES
3.1. Estático (Murilo)
3.2. Dinâmico (Igor)

4. PROCEDIMENTOS
4.1. Estático (Murilo)
4.2. Dinâmico (Igor)

5. CRITÉRIOS DE CONTROLE E ACEITAÇÃO


5.1. Estático (Oliveira)
5.2. Dinâmico (Oliveira)

6. NORMATIVAS (Igor)

7. CONCLUSÃO (Oliveira)

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Murilo)


5
FUNÇÃO

RESULTADOS

CONCLUSÃO

LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Trena usada como medidor de fissura ......................................................................... 11
Figura 1.2 Comparador de fissuras ............................................................................................... 12
Figura 1.3 Fissurômetro ................................................................................................................ 12
Figura 1.4 Esquema de cadeia com ligação uretânica .................................................................. 14
Figura 1.5 Esquema de reação de polimerização .......................................................................... 15
Figura 2.1 Angulação dos furos .................................................................................................... 20
Figura 2.2 Processo de checagem ................................................................................................. 21
Figura 2.3 Início do processo ........................................................................................................ 21
6
Figura 2.4 Visualização da bomba ................................................................................................ 21
Figura 2.5 Bomba monocomponente ............................................................................................ 22
Figura 2.6 Bomba bicomponente .................................................................................................. 23
Figura 2.7 Bico tipo MPS ............................................................................................................. 23
Figura 2.8 Bico tipo MPR ............................................................................................................. 23
Figura 2.9 Bico tipo SP ................................................................................................................. 24
Figura 4.1 PC® LEAKINJECT 2K FLEX 6811 LV .................................................................... 26
Figura 4.2 PC® LEAKINJECT UNI 6816 E ................................................................................ 27
Figura 4.3 Sika® Injection 101 BR .............................................................................................. 28
Figura 4.4 Sika® Injection 201 BR .............................................................................................. 28
Figura 4.5 MC-Injekt 2033 ........................................................................................................... 29
Figura 4.6 MC-Injekt 2300 NV .................................................................................................... 30
Figura 4.7 MC-Injekt 2133 Flex ................................................................................................... 30
Figura 4.8 MC-Injekt 2700 ........................................................................................................... 31
Figura 5.1 Proposta comercial Sika .............................................................................................. 43
Figura 5.2 Condições de fornecimento ......................................................................................... 43
Figura 5.3 Proposta Denver .......................................................................................................... 44
Figura 5.4 Condições Denver ....................................................................................................... 44
Figura 5.5 Resina de PU para aplicação com pistola .................................................................... 45
Figura 5.6 Selante de PU .............................................................................................................. 45
Figura 5.7 Espuma expansiva adesiva .......................................................................................... 46
Figura 5.8 Produto para selagem de juntas ................................................................................... 46

7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Relação de Produtos com o Ambiente de Aplicação .................................................. 12
Tabela 1.2 Características dos Poliuretanos Rígidos, modificada (Junior W.A., 2005) .............. 17
Tabela 1.3 Características das Resinas Poliuretanos Flexíveis, modificada (Junior W.A., 2005)
....................................................................................................................................................... 18
Tabela 4.1 Resumo do Modelo do Material, Seu Sistema de Reação e Suas Principais Utilizações
....................................................................................................................................................... 31

8
Tabela 5.1 Ordem de Custos de Produtos Utilizados para tratamento de Fissuras................ Error!
Bookmark not defined.

1 INTRODUÇÃO

9
1.1 FISSURAÇÃO
Segundo Souza e Ripper (1998) a fissuração é uma manifestação patológica, ou seja,
um sintoma gerado por fatores inerentes à estrutura (intrínsecos) ou causada pelo meio
externo (extrínsecos), Bauer (2017) ressalta os seguintes pontos:

 Fissuras Estruturais – Especialmente por falta de previsão de cargas e reações


da estrutura.
 Contração Plástica – Devida à rápida evaporação da água, logo após o
lançamento do concreto.
 Assentamento do Concreto / Perda de Aderência – Quando a fluidez do concreto
é muito plástica a armadura pode estar sujeita ao descolamento com material ao
seu entorno, e o lançamento de novas camadas de concreto sobre camadas em
processo de pega avançado.
 Movimentação de Escoramentos e/ou Fôrmas – Devido a fôrmas feitas com
material pouco resistente ou de maneira incorreta.
 Retração – Acontecimento comum, mas que é minimizado por processo de cura
contínua.
 Deficiências de Execução – Execução em canteiro não compatível com
descrição em projeto.
 Reações Expansivas – O produto de reações como a reação álcalis-agregado
que sofre expansão.
 Corrosão das Armaduras – A corrosão do aço pela diminuição do pH (quando
menor que 9), causando dilatação da armadura.
 Recalques Diferenciais – Sondagem do terreno com falhas ou má distribuição
de cargas sobre as fundações.
 Variação de Temperatura – Devido à dilatação e contração térmica,
especialmente em peças planas horizontais, pela incidência a maiores
coeficientes térmicos.
 Ações Aplicadas – Envolve acidentes com impacto de grandes cargas
concentradas, como colisões de veículos.

10
Fissuras Ativas: Denomina-se fissura ativa, o tipo de fissura onde existe progressão do
seu estado, sendo por aumento da largura da abertura ou por aumento do seu
comprimento longitudinal.

Fissura Morta: Denomina-se fissura morta, o tipo de fissura onde não existe progressão
do seu estado, sendo por aumento da largura da abertura ou por aumento do seu
comprimento longitudinal.

No mercado atualmente existem diversas alternativas de tratamento para fissuras ativas


e inativas, como o microcimento, resina epóxi ou epoxídica, o mastique poliuretano, entre
outros produtos. Um dos tratamentos utilizados mais recentemente é a injeção de resina
de poliuretano, tanto para fissuras ativas quanto inativas. Para a utilização deste tipo de
produto deve-se proceder com a identificação da grandeza da abertura da fissura, definir
o objetivo do tratamento e verificar se existem no mercado diversos instrumentos para
avaliação da extensão e caracterização de fissuras. As figuras 1.1, 1.2 e 1.3 mostra
alguns dos instrumentos medidores de fissura.

Figura 1.1 Trena usada como medidor de fissura

11
Figura 1.2 Comparador de fissuras

Figura 1.3 Fissurômetro

Há no mercado, atualmente, quatro tipos principais de produtos visando o tratamento de


estruturas de concreto através da injeção destes. A tabela 1.1 com base em dados do
catálogo da MC BAUCHEMIE, relaciona o tipo de produto com a situação do ambiente
de aplicação e seu objetivo no tratamento de estruturas de concreto:

Tabela 1.1 Relação de Produtos com o Ambiente de Aplicação

12
Seco (sem presença de água Úmido (com presença de água) Fluxo (grande presença de água)
Sistema de Injeção Estrutural Selamento Estrutural Selamento Selamento Impermeabilização
MC-INJEKT 1264 compact - MC-INJEKT 1264 compact - - -
Resina Epoxi MC-INJEKT 1264 TF-TR - MC-INJEKT 1264 TF-TR - - -
Centricrete FB/ - Centricrete FB/ - - -
Microcimento Centricete UF - Centricete UF - - -
MC-INJEKT 2700 L MC-INJEKT 2300 flow MC-INJEKT 2700 L MC-INJEKT 2300 flow MC-INJEKT 2033 -
Resina de Poliuretano - - - - MC-INJEKT 2000 flow -
- - - - - MC-INJEKT GL-95 TX
Gel Acrílico - - - - - -

O anexo do presente trabalho demonstra a característica de cada tipo de poliuretano


apresentado na tabela 1.1.

1.2 POLIURETANO
Em 1937, o professor Otto Bayer e sua equipe desenvolveram um processo que, a partir
da reação de dois compostos, resultava em um produto de estrutura
macromolecular. Eles são normalmente produzidos pela reação de poliadição de um
poliisocianatos (no mínimo bifuncional) e um poliol ou outros reagentes, contendo dois
ou mais grupos de hidrogênio reativos. Os compostos contendo hidroxilas podem variar
quanto ao peso molecular, natureza química e funcionalidade. Os isocianatos podem ser
aromáticos, alifáticos, ciclo-alifáticos ou policíclicos. Esta flexibilidade de escolha de
reagentes permite obter uma infinita variedade de compostos com diferentes
propriedades físicas e químicas, conferindo aos poliuretanos uma posição importante no
mercado mundial de polímeros sintéticos de alto desempenho. Seu desenvolvimento
comercial começou na Alemanha no final da década de 30 com espumas rígidas e
adesivos. Os elastômeros na década de 40 e na década de 50 proporcionaram um
grande desenvolvimento comercial de espumas flexíveis, tintas e vernizes. (Lanverly,
A.L.C.S, 2006)

A partir de 1950, a Du Pont e a Monsanto iniciaram a produção comercial de


diisocianatos. Em 1953, a Du Pont anunciou a comercialização de um poliuretano
13
espumado baseado em pré-polímero. Ainda no início dos anos 50, o desenvolvimento
de poliuretanos espumados (celulares) fez com que fosse colocada maior ênfase na
produção de diisocianatos aromáticos (TDI e MDI). Em 1952, foi anunciada a instalação
da primeira fábrica de espuma flexível na Alemanha. O sucesso comercial de várias
aplicações de poliuretanos na Alemanha despertou um grande interesse dos Estados
Unidos da América. Em 1957, Du Pont, Mobay e National Aniline produziam diisocianatos
nos Estados Unidos com uma capacidade anual conjunta de aproximadamente 35.000
toneladas. No entanto, o interesse pelo desenvolvimento de produtos baseados na nova
tecnologia ainda era relativamente pequeno devido aos altos custos e limitações
técnicas. Entre 1957 e 1958, as empresas Dow Chemical Company, Union Carbide
Corporation e Wyandotte Chemical Company viabilizaram o desenvolvimento da
indústria de poliuretanos através da introdução dos polióis poliéter. O uso destes novos
produtos possibilitou a fabricação de espumas com melhores propriedades, e menor
custo, do que aquelas feitas anteriormente baseadas em polióis poliéster. (Guia Técnico
de Sistema de Poliuretano, Univar Polyurethane).

O Poliuretano é um Polímero que apresenta uma ampla faixa de produtos, aplicações e


processos. Podendo ser uma espuma, elastômero, tinta, verniz, adesivo e selantes. Hoje
é o Polímero mais versátil que existe apresentado várias formas e características.
Aplicado nas indústrias automotiva, moveleira, construção civil, eletroeletrônico, esporte,
lazer e outros. Propiciando principalmente conforto e tecnologia.

O poliuretano é um polímero composto por uma cadeia de unidades orgânicas unidas


por ligações uretânicas. Um exemplo de cadeia com ligação uretânica pode ser vista na
figura 1.4:

Figura 1.4 Esquema de cadeia com ligação uretânica

14
Poliuretano é um polímero termofixo, ou seja, sua rigidez não se altera com a
temperatura. Esse polímero pode ser obtido através da reação de polimerização entre
um poliol e isocianto, como pode ser visto na figura 1.5:

Figura 1.5 Esquema de reação de polimerização

O poliretano é assim obtido com o desenvolvimento de dois componentes (A + B = PU)


para obtenção de um poliuretano específico. Componente A, é o resultado de uma
formulação contendo geralmente polióis, glicóis, silicones, surfactantes, catalisadores
amínicos, catalisadores organometálicos, agentes de expansão químico, agente de
expansão físico, aditivos, pigmentos, corantes e retardantes de chama. O componente
B, é o resultado de uma formulação contendo isocianatos e pré-polímeros. É nomeada
Casa de Sistema as empresas ou indústrias especializadas no fornecimento e
desenvolvimento de Sistemas de Poliuretano. O desenvolvimento de Sistemas de
Poliuretano é realizado sempre em função das especificações do poliuretano a ser obtido
e processo de transformação. (Guia Técnico de Sistema de Poliuretano, Univar
Polyurethane).

Os produtos do poliuretano têm muitos usos. Grande parte desse consumo está na forma
de espumas, com os tipos flexível e rígido grosseiramente iguais quanto ao tamanho de
mercado. Em ambos os casos, a espuma está geralmente escondida por trás de outros
materiais: as espumas rígidas estão dentro das paredes metálicas ou plásticas da
maioria dos refrigeradores e freezers, ou atrás de paredes de alvenaria, caso sejam

15
usadas como isolamento térmico na construção civil; as espumas flexíveis, dentro dos
estofados dos móveis domésticos, por exemplo.

As resinas de poliuretano são divididas em rígida e flexível. A resina rígida tem função
estrutural, ou seja, recompõe a monoliticidade da estrutura, enquanto que a resina
flexível é aplicada para que a fissura trabalhe com função de junta. (Oliveira J.J., 2014)
Conforme Takagi e Júnior (IBRACON, 2014), a injeção com uso de resina a base de
poliuretano é facilitada pela baixa viscosidade do produto, apresentando boa penetração,
com indicação para fissuras com abertura maior que 0,1mm.

O primeiro sistema de injeção flexível (gel de poliuretano) de resinas de poliuretano à


base de Metil-Di-Isocianatos (MDI) e poliol, foi introduzido nos anos 70. Desde então, as
resinas de poliuretano MDI tem sido sinônimo da mais moderna tecnologia de injeção,
comprovada pelas aplicações em várias obras importantes no Brasil e ao redor do
mundo.

As resinas de poliuretano MDI permanecem impenetráveis, sendo que a durabilidade


das resinas de poliuretano tem sido testada em condições únicas. Mesmo depois de 40
anos da aplicação em um ambiente altamente alcalino, o produto mantém sua
elasticidade. Devido a sua alta resistência a produtos químicos, é utilizado em várias
situações para impedir que substâncias agressivas infiltrem para dentro da estrutura ou
que efluentes armazenados atinjam o lençol freático. Esta resistência química vai além
da oferecida pelos atuais selantes. A seleção das matérias-primas específicas da resina
de poliuretano MDI, possibilita a sua utilização no tratamento de estruturas em contato
direto com a água potável. (Junior W.A., 2005).

Poliuretano Rígido:

A opção de utilização de sistemas rígidos deverá ser feita quando a origem da fissura for
estrutural, nesse caso optamos por materiais que depois de endurecidos possam
transferir os esforços solicitantes da estrutura, sejam de cisalhamento, torção ou
16
compressão visando manter a estabilidade da peça estrutural restaurando a sua
capacidade inicial.

As resinas de poliuretano rígido para injeção em fissuras devem apresentar baixa


viscosidade, ser isentas de solvente e apresentar alto desempenho para o tratamento
estrutural mesmo em presença de água. As principais características são:

Rígidez: devem ser aplicadas em fissuras passivas;


Altas resistências mecânicas à compressão, à tração e cisalhamento;
Baixa viscosidade: penetram em fissuras > 0,2mm;
Isentas de solvente: tem estabilidade volumétrica após a cura;
Expande ao entrar em contato com a água;
Excelente aderência ao substrato de concreto mesmo estando úmido;
Grande durabilidade: superam 100 anos em estruturas de concreto; - Disponível
em versão para aplicação subaquática.

A tabela 1.2 apresenta a característica de alguns Poliuretanos Rígidos.

Tabela 1.2 Características dos Poliuretanos Rígidos, modificada (Junior W.A., 2005)

Produto (poliuretano) Condições da Fissura Abertura (mm) Viscosidade (mPa.s) Pot life a 20° e 50%UR
estrutural A Úmida >0,2 200±50 30 segundos
estrutural B Úmida >0,2 200±50 10 min
estrutural C Úmida >0,2 200±50 45 min
estrutural D Submersa >0,2 230 43 segundos

Poliuretano Flexível:

Os sistemas flexíveis são utilizados quando necessitamos de selamento das fissuras e


juntas (dilatação ou concretagem) e impermeabilização das estruturas. As características
principais das resinas apresentadas acima são as seguintes: devem apresentar baixa

17
viscosidade e serem isentas de solvente. Para reduzir temporariamente o fluxo d’água
sob pressão, as espumas de poliuretano devem ser injetadas antes da injeção do gel de
poliuretano, as quais têm um curto tempo de reação ao entrar em contato com a água,
formando uma espuma de células abertas, com grande aumento de volume.

As principais características são:

Flexibilidade: podem ser aplicadas em fissuras passivas e ativas;


Baixa viscosidade: penetram em fissuras > 0,1mm;
Isentas de solvente: tem estabilidade volumétrica após a cura;
Excelente aderência ao substrato de concreto, mesmo com fluxo d’água;
Grande durabilidade: superam 100 anos em estruturas de concreto.

A tabela 1.3 apresenta a característica de algumas Resinas de Poliuretanos Flexíveis.

Tabela 1.3 Características das Resinas Poliuretanos Flexíveis, modificada (Junior W.A.,
2005)

Condições da Fissura Abertura (mm) Viscosidade (mPa.s) Pot life a 20° e 50%UR
Fluxo d'água >0,2 400 6 a 8 horas
Úmida ou Seca >0,1 100 100 min
Úmida ou Seca >0,1 80 35 min

Características:

Adesão: o poliuretano rígido propicia ainda a auto-adesão durante a espumação quando


aplicado aos materiais mais comuns, tais como: metais, papel, madeira, inúmeros
plásticos e pedra. No caso de espumas cortadas, os pedaços podem ser colados com
os adesivos corriqueiros.

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Processo “Spray”:

Na técnica de “spray”, uma mistura de reação rápida é aspergida diretamente sobre um


substrato, na forma de “spray”, onde a mistura expande. A superfície do substrato precisa
estar seca e livre de pó, sujeira e óleo. A mistura de poliuretano aderirá muito bem à
superfície (que pode ser até mesmo vertical) e resultará em uma capa fina de espuma.
Aplicações subsequentes podem ser realizadas. Este tipo de aplicação é frequentemente
usado para isolamento ao ar livre (isolamento de tanques).

Equipamentos especiais para o “spray” são essenciais nessas aplicações. O sistema de


poliuretano precisa ter um tempo de creme muito curto (cerca de 4 - 5 segs.) para
prevenir o escorrimento em superfícies verticais. A aplicação pode vir a ser
impossibilitada se a superfície estiver a uma temperatura muito baixa. A espessura das
camadas aplicadas não deve exceder três centímetros, de modo a minimizar o perigo de
fogo. Mais camadas podem ser aplicadas por cima das anteriores, até que seja atingida
a espessura pré-estabelecida.

2. ROTINA, CUIDADOS E TÉCNICAS DE EMPREGO


Para a realização de qualquer trabalho de engenharia é necessário que sejam tomados
cuidados técnicos para que sejam obedecidos os critérios de projeto. Para a injeção de
resina de poliuretano o processo não é diferente, e para isso é necessário escolher de
maneira correta:

 MATERIAL DE INJEÇÃO:

19
A seleção de material adequado de injeção para atender aos requisitos definidos num
projeto. Viscosidade, flexibilidade e comportamento em contato com água influenciam na
eficácia da injeção.

 EQUIPAMENTO DE INJEÇÃO:
A escolha adequada do equipamento para o material de injeção selecionado, incluindo
a correta preparação, mistura e aplicação do produto. Isso abrange desde a dosagem e
a mistura inicial até sua aplicação através de uma bomba adequada usando os bicos
apropriados para cada caso.

 MÉTODO DE INJEÇÃO / APLICAÇÃO:


O método de injeção correto e as técnicas de aplicação devem ser implementadas por
profissionais ou empreiteiras competentes, experientes e treinados em sistemas de
injeção, para garantir o sucesso do reparo e fornecer soluções completas de vedação
permanente de infiltrações.

Processo de injeção em fissuras (rotina/técnicas de emprego):


1. Faça as furações ao redor da fissura (de ambos lados) em um angulo de 45°em
relação a superfície do concreto. ϕ do furo = ϕ do bico + 2 mm.

Figura 2.1 Angulação dos furos

2. Instale os bicos mecânicos. Aperte-os para que eles possam resistir à máxima
pressão de injeção.

20
Figura 2.2 Processo de checagem

3. Fixe a válvula de retorno no primeiro bico e comece o processo de injeção.

Figura 2.3 Início do processo

4. Quando o material de injeção escoar para fora do segundo bico, feche a válvula
de retorno o mais rápido possível. Pare a injeção no primeiro bico e continue no
segundo.

Figura 2.4 Visualização da bomba

21
5. Repita o procedimento bico a bico. Se necessário, após a injeção da resina de
espuma de poliuretano, uma segunda aplicação é realizada para assegurar que a
trinca esteja completamente preenchida e vedada com gel de poliuretano.

6. Cuidados e recomendações dos fabricantes:

 Em elementos verticais, inicie sempre o processo de injeção de baixo para cima;


 Uma pressão de injeção baixa e com pouca velocidade e mais efetiva que a alta

Para esse tipo de aplicação são recomendados equipamentos específicos como:


 BOMBAS MONOCOMPONENTES: são consideradas as bombas universais de
injeção por serem apropriadas para uma vasta gama de aplicações. Elas são
ideais para aplicações profissionais de selagem de fissuras e para a injeção
através das mangueiras e dos sistemas de membranas compartimentadas.

Figura 2.5 Bomba monocomponente

 BOMBAS BICOMPONENTES: bombas indicadas para injeção de resina de


poliuretano e gel acrílico.

22
Figura 2.6 Bomba bicomponente

 BICOS DE INSTALAÇÃO MECÂNICA: para injeção de alta e baixa pressão nos


casos em que é permitido fazer pequenos orifícios na estrutura.

 BICO TIPO MPS: para injeção de resinas acrílicas, epóxi e de poliuretano.

Figura 2.7 Bico tipo MPS

 BICO TIPO MPR: para injeção de resinas acrílicas, epóxi e de poliuretano.

Figura 2.8 Bico tipo MPR

 BICOS DE INSTALAÇÃO SUPERFICIAL


23
Para injeção sob baixa pressão nos casos em que não é permitido ou recomendável furar
a estrutura devido à localização da armadura do concreto.

 BICO TIPO SP: Para injeção de trincas secas em elementos de concreto com
espessura menor que 10cm.

Figura 2.9 Bico tipo SP

3. NORMAS TÉCNICAS
As normas técnicas utilizadas para os materiais de poliuretano são as mais diversas. O
produto possui várias normatizações nacionais e internacionais, sendo que dentre as
estrangeiras destacam-se as normas alemãs que são utilizadas como padrão inclusive
em licitações, como do DNIT.

As normas abaixo citadas foram retiradas dos catálogos de fabricantes e do site de


normas técnicas brasileiras.

 NBR 8537 - Espuma flexível de poliuretano - Determinação da densidade


 NBR 8515 - Espuma flexível de poliuretano – Determinação da resistência à
tração.
 NBR 8516 - Espuma flexível de poliuretano - Determinação da resistência ao
rasgamento
 NBR 8619 - Espuma flexível de poliuretano - Determinação da resiliência
 NBR 9176 - Espuma flexível de poliuretano - Determinação da identação
 NBR 9177 - Espuma flexível de poliuretano - Determinação da fadiga dinâmica

24
Normas alemãs:

 KTW – para uso de poliuretano expandido em estruturas que possuem contato


com água potável
 DIN – 53428 – absorção de água
 DIN – 53421 – resistência à compressão
 DIN – 53455 – resistência a tração/ alongamento até ruptura
 DIN – 4102 – classe de flamabilidade
 DIN – 52621 – condutividade térmica
 ZTV –I ng (RISS)

Normas Europeias:

 EM 1504-5

4. PRINCIPAIS MARCAS DO MERCADO


Fundada na Bélgica, a primeira marca que merece menção é a Tradecc. Tal empresa é
especializada em todos os produtos relacionados a tapamento de infiltrações ou
vazamentos, construção de túneis e reparos em peças de concreto. Na área de
impermeabilização, a mesma oferece uma ampla variedade de resinas para injeção de
fissuras que são baseadas em poliuretano e/ou acrílico. Para o reforço de estruturas, a
gama de produtos se resume a fibras laminadas de carbono, malhas de fibra de carbono
e diferentes tipos de colas a base de epóxi. Quanto à poliuréia, a marca oferece o
componente na forma de sprays e revestimentos de alta performance. Os produtos em
que a resina de poliuretano é usada por meio de injeção são: PC® LEAKINJECT 2K
FLEX 6811 LV, PC® LEAKINJECT FLEX 6860 / 6870 / 6890 e PC® LEAKINJECT UNI
6816 E.

25
A distribuição dos produtos no brasil é feita exclusivamente pela Denver
Impermeabilizantes. Sendo que a mesma só oferece em seu site, o primeiro e o último
item da lista supracitada. Suas informações técnicas estão contidas nos anexos deste
documento.

Figura 4.1 PC® LEAKINJECT 2K FLEX 6811 LV

Recomendações de uso: vedação de trincas e juntas em parede, piso, construções de


concreto, encanamento, etc., podendo ser usada para trincas secas e molhadas. Em
contato com a água, o material reage e começa a formar espuma. Na ausência da água
reage e se transforma em um gel de vedação flexível.

26
Figura 4.2 PC® LEAKINJECT UNI 6816 E

Recomendações de uso: vedação contra água em frestas e grandes lacunas em


paredes, pisos, construções de concreto, etc., sujeitos a fixações e movimentos. É uma
espuma de poliuretano rígida de rápida reação utilizada como barreira de água para a
vedação de vazamentos e penetração da água.

A segunda fabricante é a Sika, que possui origem na Suíça e 99 filiais, sendo uma no
Brasil. Sua produção é especializada em produtos químicos ocupando uma posição de
liderança na elaboração de sistemas e produtos para adesão, selagem, amortecimento,
reforço e proteção de estruturas dos setores da construção civil e veículos automotores.
Os sistemas que utilizam a injeção de resinas de poliuretano são: Sika® Injection 101
BR e Sika® Injection 201 BR. Suas respectivas fichas técnicas estão em anexo.

27
Figura 4.3 Sika® Injection 101 BR

Recomendações de uso: é utilizada para vedação temporária contra infiltrações de água


em fissuras, juntas e vazios no concreto, alvenaria e pedra natural. Para vedação
permanente de fissuras, Sika® Injection 201 BR deve ser injetado subsequentemente.
Reage somente na presença de água.

Figura 4.4 Sika® Injection 201 BR

Recomendações de uso: é utilizada para vedação permanente, com flexibilidade para


absorver movimentações limitadas, contra infiltrações de água em fissuras, juntas e
vazios no concreto, alvenaria e pedra natural. Permanentemente elástico, podendo
absorver movimentações limitadas. Não retrai em condições secas subsequentes.

28
Por último, temos a alemã MC Bauchemie, que também possui filial no Brasil. Sua
extensa linha de produtos é direcionada à proteção, restauração de estruturas,
impermeabilização e à tecnologia do concreto. MC-Injekt 2700, MC-Injekt 2300 NV, MC-
Injekt 2033 e MC-Injekt 2133 Flex, são os artigos que utilizam resina de poliuretano para
injeção de fissuras. Suas respectivas fichas técnicas estão anexadas como as demais.

Figura 4.5 MC-Injekt 2033

Recomendações de uso: selamento temporário de trincas com fluxo de água antes da


injeção do MC-Injekt 2300 NV. Preenchimento de grandes vazios para limitar o consumo
de produto nas injeções posteriores. Tratamento de infiltrações em túneis, reservatórios,
estações de tratamento, tanques, etc. Avaliado de acordo com os cenários de exposição,
longo período em contato com água (fissura), inalação periódica e aplicação.

29
Figura 4.6 MC-Injekt 2300 NV
Recomendações de uso: selamento e reparo não estrutural de trincas com ou sem a
presença de água. Selamento flexível de trincas e juntas sujeitos à movimentação.
Injeção em estruturas que contenham água potável.

Figura 4.7 MC-Injekt 2133 Flex

30
Recomendações de uso: selamento durável de fissuras entre 0,3 e 0,5 mm de espessura.
Pode ser usada em rochas, solos para futura construção de edifícios, em túneis e obras
subterrâneas especiais. O produto é flexível.

Figura 4.8 MC-Injekt 2700


Recomendações de uso: selamento rígido e preenchimento de fissuras, juntas e
cavidades nas obras de engenharia em condições secas e com fluxo de água, mesmo
com altas pressões. Selamento e estabilização de fissuras e cavidades com rochas
soltas, montanhas de rocha e áreas similares. Selamento de paredes diafragmas contra
infiltrações do lençol freático. Selamento de vazamentos em estruturas de água potável,
tubulações, etc.

Abaixo, elaborou-se uma tabela resumo com o modelo do material, seu sistema de
reação e suas principais utilizações.

Tabela 4.1 Resumo do Modelo do Material, Seu Sistema de Reação e Suas Principais
Utilizações

Modelo Sistema de Reação Utilizações

PC® LEAKINJECT UNI 6816 E Espuma hidrofóbica rígida Vedação contra água

PC® LEAKINJECT 2K FLEX 6811 LV Espuma ou gel Trincas e juntas

31
Sika® Injection 101 BR Espuma flexível Vedação temporária

Sika® Injection 201 BR Estrutura de células fechadas Vedação definitiva elástica e flexível

MC-Injekt 2033 Espuma hidroativada Selamento temporário

MC-Injekt 2133 Flex Espuma elastomérica Selamento definitivo

MC-Injekt 2300 NV Gel Selamento flexível de trincas e juntas

MC-Injekt 2700 Espuma limitada rígida Estrutural

Elaborou-se também um conjunto de tabelas com o resumo das principais propriedades


das opções levantadas no estudo.

Tabela 4.2 Propriedades dos produtos 1

Propriedades PC® LEAKINJECT UNI 6816 E PC® LEAKINJECT 2K FLEX 6811 LV


Proporção da mistura (em Vol.) 2% a 9% de catalisador 1 pra 1
Densidade (g/cm³) 1,2 (resina) e 0,923 (cat.) 1,076
Viscosidade (mPa.s) 111 (resina) e 36 (cat.) 78
Resistência à compressão (MPa) - -
Resistência à tração na flexão
- -
(MPa)
Expansão (vezes) 17 a 22 -
Tempo de trabalhabilidade - 90 mins (bombeamento)
Tempo de aplicação/reação final 3 min e 15s a 51s -
Temperatura de aplicação (˚C) 25 25
Quantidade de componentes bi-componente (com cat.) bi-componente
Produto final Espuma Gel (seco) ou Espuma (água)
Rigidez Rígida Flexível

32
Tabela 4.3 Propriedades dos produtos 2

Propriedades Sika® Injection 101 BR Sika® Injection 201 BR


Proporção da mistura (em Vol.) 1 pra 1 1 pra 1
Densidade (g/cm³) 1,06 (A) e 1,23 (B) 1,01 (A) e 1,14 (B)
Viscosidade (mPa.s) 283 (A) e 320 (B) 209
Resistência à compressão (MPa) -
Resistência à tração na flexão
-
(MPa)
Expansão (vezes) 40 -
Tempo de reação com água 70 segundos
Tempo de trabalhabilidade 1 hora 6h e 48 min
Temperatura de aplicação (˚C) 20 20
Quantidade de componentes bi-componenete bi-componente
Produto final Espuma Espuma
Rigidez Flexível Flexível

Tabela 4.4 Propriedades dos produtos 3

Propriedades MC-Injekt 2033 MC-Injekt 2300 NV


Proporção da mistura (em Vol.) 5 pra 1 até 10 pra 1 3 pra 1
Densidade (g/cm³) 1,13 1,05
Viscosidade (mPa.s) 400 100
Resistência à compressão (MPa) - -
Resistência à tração na flexão
- -
(MPa)
Expansão (vezes) 40 1,3
Tempo de reação com água 40 a 60 segundos -
Tempo de trabalhabilidade 6-8 horas 100 mins
Temperatura de aplicação (˚C) 6 a 35 6 a 35
Quantidade de componentes bi-componenete bi-componente
Produto final Espuma Gel
Rigidez Flexível Flexível

33
Tabela 4.5 Propriedades dos produtos 4

Propriedades MC-Injekt 2133 Flex MC-Injekt 2700


Proporção da mistura (em Vol.) - 1 pra 1
Densidade (g/cm³) 1,03 1,13
Viscosidade (mPa.s) 800 250
Resistência à compressão (MPa) - > 75
Resistência à tração na flexão
- aprox. 65
(MPa)
Expansão (vezes) 10 1 a 10
Tempo de trabalhabilidade - -
Tempo de aplicação/reação 180 segundos 30 segundos
Temperatura de aplicação (˚C) 6 a 35 6 a 35
Quantidade de componentes mono-componente bi-componente
Produto final Espuma Espuma
Rigidez Flexível Rígida

5 CRITÉRIOS DE CONTROLE E ACEITAÇÃO

 Ensaios estáticos – Critérios de Controle:

Para se realizar os ensaios estáticos é necessário primeiramente avaliar as condições


estruturais do elemento a ser testado. Isto é importante porque ao se aplicar a carga para
realizar os ensaios, a estrutura não pode estar comprometida ao ponto de que se ponha
em risco a segurança dos técnicos que realizarão o ensaio, das pessoas que estão nas
mediações da estrutura e por fim, não pode comprometer a segurança da própria
estrutura.

Medidas de controle e calibragem devem ser tomadas para que qualquer tipo de
influência que possa alterar os dados seja levada em consideração, visando obter

34
resultados com nível de precisão adequado. Isso traz um certo nível de dificuldade para
se executar os procedimentos de ensaio de forma ideal, já que as condições in loco não
são controladas como em laboratório.

Como diz Oliveira (2006):

“Uma prova de carga envolve a análise da resposta da estrutura sob a


influência das cargas e interpretação dos resultados. A resposta da
estrutura é, via de regra, por intermédio de deformações e
deslocamentos. [...] Atenção especial deve ser dada quanto ao
comportamento dos elementos testados, no momento em que a carga é
aplicada. Durante a fase de carregamento, se os elementos
apresentarem indícios de ruptura (isto é, se o modo de ruptura é frágil) o
teste deverá ser suspenso nesse ponto. O coordenador do ensaio deverá
fazer um exame visual do elemento e em determinadas situações, reduzir
o carregamento permitido e aceitar uma margem de segurança. ”

Vários fatores afetam o comportamento do elemento estrutural. Assim, é de se esperar alguma


variabilidade do comportamento do elemento quando comparado com o previsto em projeto.
Oliveira (2006) destaca que a atuação conjunta de componentes estruturais e não
estruturais são inerentes ao funcionamento da peça. Assim, os componentes estruturais
se comportam melhor quando ligados à estrutura, do que quando são testados
isoladamente. Por exemplo, os procedimentos de dimensionamento de uma viga podem
levar em consideração o funcionamento desta isolada da estrutura, resistindo aos
esforços solicitantes obtidos do modelo estrutural. Porém, em situação de utilização, a
rigidez dos outros elementos associados a viga em questão atua a favor da resistência
da peça. Desta forma, a mesma viga executada separadamente em laboratório
apresenta um comportamento distinto quando comparada com a viga executada em
obra.

Outro fator que influência nos resultados obtidos no ensaio de cargas é o módulo de
elasticidade do concreto. Este varia com a idade do concreto, humidade, etc.
35
Primeiramente, o módulo de elasticidade do concreto é uma função de sua resistência
que aumenta conforme o concreto avança em sua idade. Como apontado por Oliveira
(2006 apud. Cánovas 1988), o módulo de elasticidade do aço é constante, porém, o
módulo do concreto varia segundo a umidade do meio onde se encontra, podendo ser
maior em 30% estando seco.

Dentre todos os fatores que influenciam nos resultados do ensaio de prova de carga, a
norma ABNT NBR 9607 aponta que os efeitos que ocorrem devido às variações térmicas
do ambiente devem ser levados em consideração, corrigindo os valores das medições
com isso em mente para melhor interpretação dos resultados. Estruturas com grandes
áreas em exposição a insolação direta sofrem grandes deformações durante o decorrer
do dia, por exemplo estruturas de cobertura de edifícios. Nessas regiões deve-se
considerar esses efeitos para se obter resultados com melhor acurácia.

As condições da estrutura a ser analisada devem ser levadas em consideração, como


afirmado anteriormente. O ensaio de prova de carga é oneroso para estrutura que, se já
estiver comprometida, se não realizado de maneira consciente e cuidadosa,
considerando as condições atuais da estrutura, pode levar esta a ruína. Se conduzido de
forma adequada, o ensaio de prova de carga pode ser realizado visando garantir se, no
estado atual, a estrutura comporta os carregamentos no estado de serviço. Conforme se
obtém os resultados, pode-se tirar conclusões sobre a usabilidade da estrutura, ou ainda
se há a necessidade de reforços, etc.

A equipe responsável pela realização dos testes com prova de carga deve se atentar a
algumas considerações. Antes de qualquer etapa, deve-se verificar e determinar quais
elementos devem ser analisados. O processo de elaboração desse tipo de ensaio deve
ser planejado de modo que se garanta a execução de forma segura e se obtenha
resultados confiáveis, evitando ao máximo repetições. Em seguida, determina-se: as
intensidades dos carregamentos; a acessibilidade da área que será analisada – tanto
para a equipe que fará o monitoramento durante o ensaio, como para os materiais de
carregamento; define-se também com que meio deve-se aplicar o carregamento sob o
36
elemento analisado; garante-se a segurança dos observadores e equipe do teste e, por
fim, analisam-se os custos e os esforços exigidos para realização do ensaio, que pode
ser oneroso do ponto de vista econômico.

Todas essas questões devem ser analisadas previamente antes da realização do ensaio.
Este visa sempre obter os resultados para avaliação da estrutura para se ter a maior
compreensão possível de seu comportamento real, após executada.

 Ensaios estáticos – Critérios de aceitação:

Em sua dissertação de mestrado, Oliveira (2006) descreve os critérios de aceitação para


as normas: brasileira (NBR 9607:1986), americana (ACI 318:2002), australiana (AS
3600:2001), espanhola (EHE:1998) e europeia (Rilem TBS:1984). Pode-se ver em sua
dissertação que são encontrados em todas as normas critérios qualitativos de avaliação,
assim como critérios quantitativos.

Dentre esses critérios, deve-se sempre observar que a estrutura nunca deve entrar em
ruptura enquanto se aplica as cargas do ensaio. Aponta-se que, logo de início, os
carregamentos aplicados a estrutura nunca deve ser igual aos valores usados para
dimensionamento do estado limite último, ou seja, nunca se deve aplicar as cargas que
levariam a estrutura ao colapso. Caso se observe sinais de ruptura durante os
procedimentos, estes devem ser interrompidos e a estrutura é julgada não conforme. De
acordo com Oliveira (2006), um critério de aceitação, em geral, pode ser estabelecido
como a concordância dos valores obtidos e os calculados. Outro modo de se criar um
critério é observando se a estrutura respeita os limites estabelecidos para
deslocamentos, deformações residuais e fissuras abertas.

As principais diferenças normativas encontram-se em como definem os limites de


aceitação. Mas, a princípio, estas são as bases para se obter a avaliação da estrutura
estudada: a análise do comportamento da estrutura, observando seu comportamento
durante o ensaio de forma atenta, para que se detecte qualquer sinal de ruptura; e a
37
instrumentação, para se obter os deslocamentos totais e residuais, verificar as aberturas
de fissuras, etc.

Por outro lado, Oliveira (2006) comenta que a norma australiana (AS 3600:2001) tem
critérios de aceitação que levam em consideração o tempo em que a estrutura se
encontra sob carregamento. Quanto a resistência, para que a peça seja aceita, esta deve
suporta um carregamento último por pelo menos 24 horas sem ocorrência de danos
significativos, como, por exemplo, fissuras muito grandes. Do ponto de vista de
deslocamento, o elemento estrutural não pode exceder os limites de deslocamento sob
carregamento de serviço com duração mínima de 24 horas.

 Ensaios dinâmicos – Critérios de Controle e aceitação:

Os ensaios dinâmicos de carga são comumente utilizados para se obter a capacidade


de carga em estacas de maneira rápida e menos custosa. Assim, realiza-se aplicações
de vibrações forçadas com um bate-estacas para fazer essa medição. Este acaba sendo
um problema unidimensional onde se tem o interesse das ações apenas no eixo
longitudinal da estrutura analisada.
Por outro lado, ensaio dinâmicos podem ser realizados em estruturas de grande porte.
Nesses casos, tem-se um problema tridimensional e com uma complexidade mais
elevada quando comparada com os testes dinâmicos realizados em estacas.

A norma que trata sobre o ensaio dinâmico em grandes estruturas é a ABNT NBR 15307.
Ela traz as formulações necessárias para se avaliar o comportamento das estruturas sob
solicitações dinâmicas. A NBR 15307 traz como objetivo final do ensaio de prova de
cargas dinâmicas a obtenção de um modelo matemático que pode ser utilizado para
simular o comportamento da estrutura para diferentes casos.

Primeiramente, levanta-se informações que sejam suficientes para se elaborar um


modelo numérico. Após a obtenção de informações como: plantas de formas, memória
de cálculo, projeto estrutural detalhado, etc. Faz-se uma inspeção visual da estrutura
38
para se determinar, a princípio, os locais de medição e para se levantar as condições
iniciais da estrutura em relação a sua integridade.

Por fim, utilizando as medições feitas, deve-se calibrar o modelo numérico matemático
para poder realizar a análise da estrutura em outros cenários, não apenas no que ela se
encontra durante as medições. Essa análise só pode ser feita com a implementação de
sistemas de medições de boa precisão e de um modelo matemático refinado, que se
aproxime ao máximo do comportamento real da estrutura.

Com isso, a relevância dos dados obtidos por esse ensaio é tão boa quanto a qualidade
dos dados obtidos. Para isso, deve-se determinar da melhor maneira possível as
posições das medições na estrutura. A NBR 15307 traz, no item 7, recomendações para
medição das vibrações em diferentes estruturas. Por exemplo, em edifícios altos e torres,
deve-se fazer a medição dos deslocamentos e vibrações no topo, com a ressalva de que
estas devem ser realizadas em um ponto fora do eixo de simetria para que seja possível
realizar aferições de modos de torção da estrutura em análise.

O tempo de medição é outro parâmetro que deve ser levado em consideração. A norma
admite que este deve apresentar maior precisão em torno de pontos de ressonância,
porque nessas regiões os sinais costumam apresentar grandes variações (picos) e por
isso demandam maior resolução de dados. Como afirmado no item 8 da norma citada, a
qualidade dos dados de campo depende não só da acurácia dos sensores e do sistema
de aquisição de dados, bem como da taxa de amostragem e tempo de leituras em cada
ponto.

As medições devem ser feitas de modo que se possa determinar as frequências de


ressonância, as acelerações máximas que a estrutura sofre, os deslocamentos máximos
que ocorrem em cada frequência de ressonância e as torções e rotações que ocorrem
sob os carregamentos dinâmicos. Isso deve ser obtido e plotado conforme os critérios
apresentados no item 9 da NBR 15307, observando que todas as ressonâncias

39
analisadas, até aquelas que possuem baixas amplitudes de aceleração, são importantes
para entendimento do comportamento da estrutura como um todo.

O objetivo final da análise do ensaio de cargas dinâmicas é realizar um modelo numérico,


com um auxílio de um software que é capaz de realizar essa análise, para diversas
situações. Com este, após a devida calibração realizada, pode-se tomar conclusões, por
exemplo, quanto a segurança da estrutura em cenários que podem ocorrer – oscilações
sobre ação de cargas de vento, sismos, etc. Com isto em mente, para se obter uma
modelagem matemática que reproduz o comportamento real da estrutura em estudo, é
necessário realizar uma análise do amortecimento.

O método normativo recomendado pela norma citada é o método dos decrementos


randômicos. A norma afirma que esta é a metodologia adotada pois é a única que
relaciona o amortecimento com as amplitudes. Quando se observa o comportamento de
qualquer estrutura, independente do material que esta é composta, a curva
amortecimento versus amplitude apresenta o formato apresentado na figura abaixo. Ou
seja, tem três etapas distintas, a primeira onde se tem um platô de baixa amplitude, uma
fase de transição e, subsequentemente, um platô de altas amplitudes.

40
Figura 9 – Representação simplificada da curva de amortecimento versus amplitude. (ABNT NBR
15307:2006)

Os parâmetros de entrada no modelo matemático são compostos das características


geométricas dos materiais (formas, lançamento estrutural, etc.) e de suas características
mecânicas (módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, amortecimento, etc.). Estes
dados, por fim, devem ser calibrados para se obter o modelo final. Neste, deve-se realizar
todas as análises que se deseja, por exemplo, analisar os esforços que surgem devidos
carregamentos de sismo e se a estrutura comporta estas combinações no estado limite
último, entre outas aplicações.

Em seguida, deve-se analisar a estrutura quanto ao desempenho do material e sua


resistência a ruptura eminente. Efeitos de fadiga, estabilidade global, local, resistência
aos esforços solicitantes devem ser analisado considerando as questões normativas de
normas brasileiras, europeias e americanas (NBR 15307). Os resultados obtidos com a
utilização do modelo calibrado podem ser utilizados para se determinar o nível de dano
estrutural que ocorre no carregamento considerado utilizando o índice de vibração,
41
conforme o item 12.1 da NBR 15307. Este foi determinado de forma empírica a partir de
uma grande base de dados. O valor do Índice de vibração pode ser calculado pela
equação abaixo, utilizando os dados obtidos pelas medições ou estimados pelo modelo
matemático.
𝑉 = 10 log(160 𝜋 4 ∙ 𝐴2 ∙ 𝑓 3 )

Onde: A é a amplitude de vibrações, em centímetros; f é a frequência, em Hertz (Hz).

Os valores de V são correlacionados com o nível de dano conforme a tabela abaixo:

V Nível de danos
10-30 Nenhum dano
30-40 Danos leves
40-50 Danos severos
50-60 Colapso

5.1 PESQUISA DE PREÇOS

Realizou-se uma pesquisa genérica dos produtos envolvidos na técnica de injeção de


resinas de poliuretano em fissuras e complementarmente, os valores de alguns selantes
simples. Os valores foram averiguados tanto por meio de sites de vendas online quanto
por meio de contato com representantes regionais das marcas mais conceituadas no
mercado.

A seguir, é feita a exposição das informações coletadas com suas intrínsecas


particularidades.

Sika
O primeiro contato foi feito por meio de telefonema a um dos fornecedores regionais da
marca, sendo que o contato foi obtido ao se ligar na filial de Aparecida de Goiânia - GO.

42
Posteriormente, foi requisitado um orçamento das resinas para injeção com suas
respectivas quantidades fictícias. Abaixo encontra-se parte da proposta.

Figura 5.10 Proposta comercial Sika

Figura 5.11 Condições de fornecimento

Produtos Tradecc – Representante Denver Imper


O processo de se chegar a um orçamento do material foi similar ao da Sika.
Abaixo encontra-se os dados solicitados.

43
Figura 5.12 Proposta Denver

Figura 5.13 Condições Denver

MC-Bauchemie
Foi obtido o contato de um fornecedor regional dos produtos da marca, mas o mesmo
solicitou visita ao local de aplicação do produto para realizar a orçamentação do serviço.
Logo, tais valores não foram obtidos.

Estimativa do Custo de Aplicação – Cia Imper LTDA


A equipe do trabalho entrou em contato com o fornecedor de Resina de Poliuretano (Cia
Imper LTDA) e verificou que no uso da Resina de Poliuretano se terá um custo de

44
aproximadamente R$ 300,00 com material e de R$ 150,00 com de mão de obra por litro
do produto, sendo que cada litro cobre de 1 a 2 m de comprimento de fissura.

Preço de produtos à base de poliuretano encontrados em sites de vendas

Figura 5.14 Resina de PU para aplicação com pistola

Figura 5.15 Selante de PU

45
Figura 5.16 Espuma expansiva adesiva

Figura 5.17 Produto para selagem de juntas

46
6 CONCLUSÃO

O concreto é o material construtivo mais utilizado no mundo, com variável emprego em


diversos tipos de obra. Dado isso, é de suma importância o seu controle tecnológico,
uma vez que a qualidade do concreto está intimamente ligada à segurança das
edificações construídas com esse material.

Em proporcionalidade ao consumo há também o grande número de notificações de


manifestações patológicas, causadas por imperícia, imprudência e falta de planejamento
dos envolvidos no setor construtivo.

Em busca da durabilidade das estruturas de concreto, principalmente no combate à


fissuração, apresenta-se a solução tecnológica da injeção de resina de poliuretano,
destinada a realizar o selamento ou recomposição da monoliticidade da estrutura.

Analisando o material em si, pode se perceber que este apresenta grande qualidade e
característica adequada para ser utilizado como material de reparo, principalmente em
fissuras ligadas a fluxo de água.

Entretanto, com o aumento do número de empresas que começaram a fabricar e


comercializar o produto, deve se prestar atenção quanto à qualidade dos produtos
utilizados, e especialização da mão de obra, para que a eficiência da solução seja
satisfatória atendendo a necessidade da estrutura tratada.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575: Edificações


Habitacionais — Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas


de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

CANOVAS, M. F. Patologia e terapia do concreto armado. 1ª ed. São Paulo. Editora


Falcão Bauer. 1988.

DENVER IMPER. Catálogos e Fichas técnicas. Disponível em <


http://www.denverimper.com.br/> Acesso em 20 nov. 2017, 12:30.

IBRACON. Concreto: material mais consumido no mundo. Disponível em


<http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_
Conc reto_53.pdf> Acesso em 18 setembro. 2017.

JUNIOR, W. A. Utilização de sistemas de injeção para a recomposição estrutural e


tratamento de infiltrações das estruturas de concreto de usinas hidrelétricas.
Comitê Brasileiro de Barragens - XXV Seminário Nacional de Grandes Barragens.
Disponível em: <http://www.cbdb.org.br/documentos/site/92/9222.pdf> Acesso em 18
setembro. 2017

MC BAUCHEMIE. Catálogos. Disponível em <http://www.mc-bauchemie.com.br/>


Acesso em 18 nov. 2017, 09:30.

SIKA. Catálogos e Fichas técnicas. Disponível em <http://bra.sika.com/pt/grupo-sika-


brasil.html> Acesso em 20 nov. 2017, 12:29.

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