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(https://setorsaude.com.br/wp-content/uploads/2018/02/Estudo-revela-situação-da-
judicialização-da-saúde-no-Brasil.jpg)
No estudo Judicialização da Política Pública de Saúde nos Municípios Brasileiros: Um Retrato Nacional,
pesquisadores trabalharam com mais de 4 mil processos do banco de dados do Programa de
Direito Sanitário da Fiocruz Brasília (referentes a 2012-2013) e também coletaram dados de mais
de 8.500 processos (de 2012 a 2017) junto aos tribunais de todo o país. Ao todo, 12.620 processos
foram coletados. A maioria dos dados vem da região Sudeste, com destaque para o estado de São
Paulo; apenas os estados de Sergipe e Roraima não disponibilizaram dados para a pesquisa.
Para Pedro Paulo Chrispim, consultor em pesquisa e avaliação do Hospital do Coração (São
Paulo), o monitoramento desses processos (https://setorsaude.com.br/tag/processo/) judiciais é
possível, mas a dificuldade de acesso inviabiliza uma coleta de dados em tempo real.
A coordenadora do Programa de Direito Sanitário da Fiocruz Brasília, Maria Célia Delduque,
lembrou que os desafios desta pesquisa começaram na coleta e dados, pois ao mesmo tempo em
que nem todos os magistrados permitiram o acesso aos livros de sentença, em alguns locais, a
equipe de pesquisadores percorreu ambientes insalubres nos porões dos tribunais em busca dos
dados brutos, onde não havia informatização.
S-Codes
São Paulo tem, atualmente, 51 mil ações judiciais em atendimento e mais de 35 mil demandas
administrativas. Para lidar com tamanho número de informações, está sendo utilizado um sistema
de informação específico para a coleta de dados, o S-Codes. A partir do sistema, os gestores
(https://setorsaude.com.br/tag/gestao/) puderam criar um índice paulista de judicialização, que
consiste no número de ações judiciais a cada 10 mil habitantes.
A média de processos no estado é de 3,3, mas em regiões que são consideradas polos de
produção de conhecimento em saúde, como Ribeirão Preto, Barretos e Marília, por exemplo, existe
uma média de 11 processos para cada dez mil habitantes. Na grande São Paulo, a média é de
0,77.
A maior judicialização nestes locais pode ter relação ao maior acesso à Justiça, segundo Paula
Sue Facundo de Siqueira, da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Ela apresentou um perfil
da judicialização em São Paulo, que segue o padrão apresentado na pesquisa nacional:
Ao longo da pesquisa, foram observadas fraudes em vários processos, assim como a alteração no
Código Internacional da Doença a que se refere o pedido durante os trâmites processuais, assim
como uso de medicamentos em fase de pesquisa e pedidos de auxílio para a saúde de animais
domésticos ou procedimentos estéticos. A previsão é que, com o auxílio do sistema S-Codes
desenvolvido em São Paulo, se forme um observatório da judicialização que apoie os gestores
estaduais e municipais e possibilite monitorar o tema ao longo do tempo em todo o Brasil.
As ações judiciais que envolvem demandas relativas à saúde no Rio Grande do Sul vinham em
uma crescente até o ano de 2016. Segundo dados divulgados pelo Comitê da Saúde do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e do Comitê de Planejamento e de Gestão Sistêmicos (PGS) houve uma
redução de 17% nos gastos com a judicialização individual, especialmente com remédios, em
relação ao ano anterior. Em 2012, o RS gastou R$ 200.278.136,11. Nos anos seguintes houve
aumento: 2013: R$ 237.152.408,90; 2014: R$ 265.097.174,58 e 2015: R$ 324.898.973,03.
E finalmente, em 2016, queda: R$ 275.807.868,21.
Segundo o CNJ, algumas práticas adotadas em 2016 contribuíram para os bons resultados, como
a realização de cursos e workshops no interior do estado e a realização de mediação prévia pela
Defensoria Pública, com o ajuizamento somente dos pedidos realmente necessários. Os dados de
2017 do Rio Grande do Sul ainda não foram divulgados.
Borges enfatiza que ocorreu uma redução significativa dos processos após a análise pelo comitê.
“Os setores se integraram, começaram a trabalhar conjuntamente e focaram em determinados
pontos que trouxeram resultados muito positivos”, conta.
Segundo o diretor executivo, as ações do grupo trouxeram um apoio científico gabaritado, através
de uma acessibilidade que não havia antes.
Com informações da Agência Fiocruz de notícias, Comitê da Saúde do Conselho Nacional de Justiça e FEHOSUL. Edição Setor Saúde.
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