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Cadernos de Trabalhos

Materiais da Construção Civil

Características físicas e mecânicas do concreto de pós reativos


Physical and mechanical properties of reactive powders
Ana Laura1, Daniel Corrêa2, Erich Emanuel3, Gabriel Moraes4, Vinicius Lucas5

1
Centro Universitário Adventista de São Paulo, Graduação Engenharia Civil
Est. Municipal Pastor Walter Boger, km 3,4, CEP 13165-000, Engenheiro Coelho-SP-Brasil
e-mail: analaurazozimo@gmail.com
2
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Resumo
O presente artigo objetiva exibir as propriedades físicas e mecânicas do concreto
de pós reativos (CPR), apresentando materiais, estudos e resultados de testes. O CPR
também conhecido como concreto de ultra alto desempenho tende a apresentar uma
resistência elevada se levado em consideração os fatores encontrados em laboratório,
como: dosagem; temperatura e cura. Sua resistência, se acompanhados os parâmetros
corretos pode até ser comparado ao aço, mas por precisar de um controle rígido sobre
sua produção possui uma aplicação limitada no canteiro de obras.

PALAVRAS-CHAVE: Concreto, Pós Reativo, Resistência, Desempenho, UHPC.

Abstract
The present article aims to show the physical and mechanical properties of
concrete reactive powders (CPR), presenting materials, studies and test results. CPR also
known as ultra high performance concrete tends to exhibit high resistance if taken into
account factors found in the laboratory, such as: dosage; temperature and cure. Its
resistance, if accompanied by the correct parameters can even be compared to steel, but
because it requires a rigid control over its production has a limited application in the
construction site.

Keywords: Concrete, Post Reactive, Resistance, Performance, UHPC.

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1 Introdução

Em aspectos estruturais o Concreto é o material mais utilizado em todo o mundo,


perdendo apenas para a água, seu consumo chega a ser de uma tonelada por habitante
ao ano (Pinheiro, 2016). Isso devido a buscar por melhorias tanto no processo construtivo
quanto na qualidade dos materiais, gerando uma evolução nos tipos de concreto e no
aprimoramento das suas particularidades. Este processo proporcionou um progresso nas
propriedades mecânicas, desenvolvendo concretos mais resistentes e de elevada
performance, dentre eles estar o Concreto de Ultra Auto Desempenho ou também Pós
Reativo.

As principais características que devem ser apresentadas por este concreto é alta
trabalhabilidade, alta resistência e alta durabilidade. Segundo Vanderlei (2004, p.8) sua
resistência “está numa faixa de resistência à compressão entre 200MPa e 800Mpa”,
devido a isso, existe uma analogia do CUAD com a rocha em referência a rua resistência,
porém com moldagem mais fácil. Também com o Aço referente as suas características
mecânicas como resistência a tração, deformação e ductilidade. Esse tipo de concreto é
de aspecto auto adensável e dispensa o uso de vibradores. Um detalhe interessante é a
não utilização do agregado graúdo, definindo-o como uma argamassa. Mas para
especialista e pesquisadores pode-se considerá-lo como concreto, pois sua função
estrutural é eminente e comprovada.

Em princípio seu uso era conveniente para fins estruturais e militares, mas sua
capacidade abrange muito mais áreas, como edifícios altos, tabuleiros de ponte de grande
vão, vigas, colunas, passarelas, pré-fabricados de túneis, ou placas de revestimentos de
fachada, cilindros para laminação, projéteis, além de ser ideal para obras em ambientes
agressivos como plataformas marítimas e usinas nucleares.

Um estudo do conjunto das peculiaridades dos elementos constituintes do CPR, como


materiais empregados, características físicas, propriedades mecânicas, dosagem e
experimentação. Obtendo resultados do seu comportamento estrutural quando submetido
a determinadas solicitações.

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2 Materiais

Um fator determinante em todo concreto são os materiais empregados na mistura.


Estes materiais interferem diretamente na resistência final, pois é a interação destes
componentes em proporções adequadas associados a outros métodos construtivos que
garantem ao concreto seu desempenho estrutural. No caso dos Pós Reativos é
justamente os tipos de materiais constituintes que o caracteriza como um Concreto de
Ultra Alto Desempenho e que lhe assegura sua elevada resistência mecânica (SERAFIM
et al., 2012).

A seguir serão detalhados alguns aspectos individuais dos elementos do CUAD e


sua influência na argamassa.

2.1 Cimento
É um aglomerante hidráulico, ou seja, entra em processo de hidratação e
endurecimento em contato com a água. Formado basicamente pela queima do clínquer e
adição de gesso. Sendo o material mais imprescindíveis na produção do concreto. O
indicado é um cimento sem Aluminato Tricálcico (C3A) ou com baixo teor, em
consequência da elevada liberação do calor de hidratação. O mais utilizado no CPR é o
CPV ARI, devido a sua alta resistência inicial e alto grau de finura. Emprega-se também o
tipo CP I, mas seu uso não é tão comum por conta da sua não comercialização.
(VANDERLEI, 2004).

2.2 Agregados
Um dos motivos pelo qual se uso o agregado é para preenchimento, sendo
caracterizado como material inerte ao concreto, ou seja, não sofre grandes reações
químicas em contato com água. Segundo Helene; Terzian (apud SERAFIM; LICETTI,
2012) as características relevantes do agregado para a composição do concreto incluem
porosidade, distribuição granulométrica, absorção de água, forma e textura superficial,
resistência a compressão e módulo de elasticidade.

O agregado também pode ser um elo fraco devido a Zona de Transição por ser a área
mais fraca e mais complexa do concreto. Sua porcentagem no volume do concreto
costuma ser de 60 á 80% (SERAFIM; LICETTI, 2012).

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2.3 Areia
Segundo Vanderlei (2004, p.18), “a areia pode ser obtida pelo peneiramento do pó
resultante da pedra britada (areia fina artificial) [...], ou simplesmente extraindo areia
natural com granulometria pequena”. O tipo de areia empregada ao CUAD é de aspecto
muito fino, com dimensões mínimas de 0,15 e máxima de 0,6 mm (VANDERLEI, 2004).

2.4 Aditivos
São utilizados para mudar algumas características físicas, que naturalmente não
poderiam ser vistas, facilitando seu manuseio no estado fresco e aumentando a
trabalhabilidade (BINA, 1999).

2.4.1 Superplastificante
De acordo com Serafim; Licetti (2012) os superplastificante são usados como
redutores de água, possibilitando o aumento da fluidez e menor consumo de água de
amassamento, diminuindo-a de 20 e 30% (apud HARTMANN, 2003; MEHTA &
MONTEIRO, 2008). Garantindo ao concreto uma relação água cimento reduzida, em
consequência uma melhor resistência.

Algumas vantagens além da consistência são, aumento da durabilidade, diminuição de


fissuras e permeabilidade, aumento da coesão e redução da segregação.

2.5 Adições
As adições normalmente são acrescentadas ao cimento pelas fábricas cimenteiras ou
podem ser acrescentadas no momento da produção do concreto. Normalmente
adicionados em quantidades relativamente grandes, que variam de 20 a 70% por massa
de material cimentício total (SERAFIM; LICETTI, 2012, p.28). Assim como os Aditivos as
Adições são empregas com a finalidade de aprimorar o desempenho do concreto.

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2.5.1 Sílica Ativa


Subproduto da fabricação de silício ou liga de ferro silício a partir da redução de
quartzo e carvão em forno elétrico de eletrodos de arco submerso em altas temperaturas
(≈2000°C) (BINA, 1999).

Considerado um material polozanico, com variações de cor, do cinza escuro até o


branco, suas propriedades se semelham as do cimento, mas os tamanhos das partículas
são de ordens de grandeza mais finas. Recomenda-se a utilização de grandes
quantidades do material, com percentuais chegando a 25% de substituição do cimento
pela sílica ativa” (TUTIKIAN; ISAIA; HELENE, 2011), fazendo com que os vazios da
argamassa sejam preenchidos, deixando o concreto mais denso e resistente. Seus
principais efeitos no concreto é o refinamento dos poros e coesão.

2.6 Pó de Quartzo moído


O agregado de quartzo é recomendado devido às propriedades superiores da rocha
mãe. Segundo Serafim; Licetti, (2012, p.28), o pó de quartzo utilizado nas misturas de
CPR tem as funções de: melhorar o empacotamento dos grãos do concreto e reagir
durante o tratamento térmico [...].

2.7 Microfibra de aço


O acréscimo de fibras ao CUAD é um dos motivos que o diferencia dos outros.
Conforme Biz (apud Silva), “existem vários tipos de fibras como fibras de vidro, fibras de
metal, fibra de carbono, fibra vegetal natural e fibras de polímeros (fibras sintéticas) ”.
Cada qual com propriedades e desempenhos diferenciados. As fibras de aço são
adicionadas ao concreto com a finalidade de conferir maior ductilidade e resistência a
tração e flexão, controle de fissuras e distribuição das tensões (VANDERLEI; GIONGO,
2006).

Segundo Serafim; Licetti (apud VANDERLEI, 2004, p.49), “no CPR as taxas de fibras
variam de 0 a 4%, mas em média são aplicados valores da ordem de 2% também em
relação à massa do concreto”, com comprimentos na ordem de 13mm e diâmetro de
0,15mm.

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3 Características Físicas

3.1 Sobre o Concreto de Pós Reativos (CPR)


Segundo VANDERLEI (2004, pág. 1), é definido que “concretos de pós reativos - CPR,
são concretos formados de partículas com diâmetro máximo menor que 2mm, que estão
sendo analisados e aplicados em elementos estruturais. ”

O material apresenta grandes resistências à compressão de acordo com Fávero


(2016) bem como, à tração e à flexão, quando adicionada fibras metálicas na sua
composição. É considerado um material recente, em que suas propriedades mecânicas e
o seu comportamento estrutural estão sendo estudados e aprofundados. Na atualidade o
maior obstáculo é a obtenção, que exige de grande precisão na dosagem e análise da
composição granulométrica dos pós.

O conceito central em giro do CPR nas palavras de Fávero (2016) foi baseado no
refinamento da matriz do concreto convencional de alta resistência, procurando diminuir
sua heterogeneidade intrínseca, suprimindo as zonas de transição na base dos
agregados graúdos, limitando a porosidade da matriz, entre outros.

Para Fávero (2016) tal ato levou à eliminação dos materiais mais graúdos, com
granulometrias maiores (em geral Ø > 1,0 mm) e de formas mais divergentes, levando ao
preenchimento dos vazios restantes utilizando apenas materiais granulares com maior
finura. Isso se deu pelo emprego de técnicas de empacotamento de partículas e a
redução substancial da água presente na mistura, o que empregou um grande avanço em
sua conceituação e técnica.

Uma vez resolvida a questão da microestrutura granular Fávero (2016) estabelece que
o prosseguimento do raciocínio se partiu para a inclusão de um reforço que pudesse
garantir maiores resistências à tração, flexão e tenacidade ao material, e também, de
alguma forma, contrabalançar a diminuição no módulo de elasticidade causada pela
ausência dos agregados maiores. Estas características de desempenho são o resultado
de melhorias nas propriedades microestruturais da matriz mineral aliadas ao controle da
ligação entre a matriz e as fibras.

Alguns dos princípios básicos para o desenvolvimento do CPR. Eles podem ser
descritos, resumidamente, como (RICHARD & CHEYREZY, 1995 apud FÁVERO, 2016):

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• reforço da homogeneidade: a homogeneidade do material é melhorada através da


eliminação dos agregados graúdos (redução da heterogeneidade);

• reforço na compacidade: a densidade da matriz é aumentada através da otimização


granular utilizando métodos de empacotamento de partículas;

• aumento da ductilidade pela utilização de fibras: como a matriz do CPR é muito frágil,
fibras de aço ou orgânicas (de carbono ou de vidro, por exemplo) têm de ser adicionadas
para se obter um melhor comportamento à flexão sob tensão.

Para complementar as melhorias na estrutura do material, também foram


desenvolvidas e empregadas técnicas pós-moldagem, envolvendo a aplicação de cura
térmica e de pressões confinantes (FÁVERO, 2016).

3.2 Princípios Básicos do Concreto de pós Reativos


Segundo RICHARD (1996) descreve que o princípio do CPR é de um material com o
mínimo de imperfeições, como microfissuras e poros, o que permite a estrutura resistir a
maiores tensões. Apoiados nestas orientações, foi capaz de possibilitar concreto com
partículas de tamanho variando de 2mm a 0,5mm gerando uma mistura de alta densidade
com espaços vazios minimizados no concreto. Para obtenção do CPR Richard (1996)
estabelece que é conveniente seguir os seguintes conceitos:

Crescimento da homogeneidade pela saída dos agregados graúdos; aumento da


densidade pela otimização da distribuição granulométrica dos grãos e/ou utilização de
pressão no preparo;

Excelente microestrutura utilizando tratamento térmico no tempo de cura;

Aumento da ductilidade pela incorporação de fibras de aço;

Efetuar a mistura e a moldagem de tal maneira a gastar o menor tempo possível entre
os procedimentos.

Em suma “a aplicação dos três primeiros princípios produz uma matriz com alta
resistência à compressão, mas com baixa ductilidade. Uma resposta a este problema é a
incorporação de fibras de aço, que também impõe resistência à tração” (VANDERLEI,
2004).

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Para Vanderlei (2004, pág.9) a homogeneidade e a densidade, dependendo da


composição dos materiais, são os principais atributos do CPR. Para aumentar o
desempenho pode-se, durante o processo produtivo, aplicar cura térmica e/ou pressão. A
decisão na aplicação dessas medidas deve ser avaliada para cada aplicação de CPR, de
acordo com as dificuldades tecnológicas envolvidas (aplicação de pressão) e/ou seus
custos (cura térmica).

3.2.1 Aumento da Heterogeneidade


Conforme Vanderlei (2004) fica estabelecido que o concreto convencional é um
material heterogêneo, onde os agregados (areia e pedra britada) forma um esqueleto de
elementos granulares contínuos na pasta de cimento (cimento, aditivos e água).

Segundo Vanderlei (2004, pág. 9) os problemas relativos à heterogeneidade são


substancialmente reduzidos no CPR pelas seguintes razões:

Os agregados graúdos são eliminados e substituídos por areia fina com o tamanho
dos grãos não excedendo 2mm. A relação entre o diâmetro máximo do agregado do CPR
e do CAD é:

• As propriedades mecânicas da mistura são melhoradas. A relação entre os


módulos de elasticidade do agregado (Ea) e da pasta de cimento hidratado (Ep)
são:

• A zona de transição entre o agregado e a pasta de cimento é suprimida


• A relação agregado/matriz é reduzida

3.2.1.1 Efeito do tamanho do agregado


Os agregados de concreto convencional são materiais rígidos. Na aplicação de
forças de compressão Vanderlei (2004) comenta que, aparecem tensões de tração e
cisalhamento na interface pasta/agregado gerando fissuras na pasta. No caso de

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agregado esférico, o tamanho da fissura é diretamente proporcional ao diâmetro do


agregado.

Para Rodrigues (2009, pág. 10) em CPR, a redução no tamanho do agregado graúdo
a um fator em torno de 50 (ex. 400mm ao invés de 20mm), provoca redução do tamanho
das microfissuras de origens:

- Mecânica (carregamento externo);

- Química (retração autógena);

- Termomecânica (expansão diferenciada entre a pasta e o agregado sob efeito de


tratamento térmico).

3.2.2 Durabilidade
Segundo a ISO 6241 (1984), a durabilidade é o resultado da interação entre a
estrutura, o ambiente e as condições de uso, operação e manutenção. Fávero (2016, pág.
58) relata “a durabilidade não pode ser considerada como uma propriedade intrínseca à
estrutura ou ao material, de modo que uma mesma estrutura pode desempenhar
diferentes funções de durabilidade no tempo dependendo das condições a que é
submetida. ”

Para Aïtcin (2003), a durabilidade de um determinado material só pode ser conhecida


depois que a estrutura estiver exposta em um ambiente agressivo por longos períodos de
tempo. Considerando a experiência existente com concretos convencionais, é possível
afirmar que o CPR apresenta uma durabilidade superior.

Ficando assim estabelecido por Mehta (2014), uma baixa permeabilidade significa a
não penetração de agentes agressivos no interior do material, fazendo com que o mesmo
não seja degradado. Dessa forma, a permeabilidade pode ser um excelente parâmetro
para qualificar a durabilidade de um determinado material.

4 Propriedades mecânicas do Concreto de Ultra Alto Desempenho

O CPR tem propriedades mecânicas notáveis, segundo Vanderlei (2004) a resistência


à compressão pode ser até vinte vezes superior à de um concreto de auto desempenho, e
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dez vezes maior em termos de tração. Com adições de fibras o CPR obtém ductibilidade
e tenacidade elevada, podendo chegar a 250 vezes a de um CAD (VANDERLEI, 2004, p.
20).

4.1 Resistência à compressão

Para Vanderlei (2004) a resistência a compressão é a propriedade mecânica que


referência as outras propriedades, a qualidade e o tipo de concreto.

O concreto de pós reativos pode ser classificado em CPR200, para aqueles com
resistência entre 170MPa e 230MPa, e CPR800 com resistência a compressão entre
500MPa e 800MPa. (VANDERLEI, 2004 apud RICHARD, 1996). As características
mecânicas para as duas classes estão dispostas na Tabela 1

Tabela 1 - Características mecânicas por classes de resistência

Vanderlei (2004)

Segundo Vanderlei (2004) a densidade da mistura é uma característica que afeta


em muito a resistência a compressão do CPR. A mesma pode ser elevada pela aplicação
de pressão antes e durante a concretagem, desta maneira, reduzindo consideravelmente
a quantidade de ar incorporado.

Outra característica que afeta na resistência a compressão é o tratamento térmico


que foi aplicado ao CPR. A formação de cristais ao ser elevada a temperatura tem grande
importância no aumento de resistência (VANDERLEI, 2004 apud RICHARD &
CHEYREZY, 1995).

Também se concluiu que a resistência a compressão do CPR não foi grandemente


modificada ao serem acrescentadas fibras metálicas, como demonstrado na Tabela 2
(VANDERLEI, 2004 apud BEHLOUL et al, 1996).

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Tabela 2 - Comparação de propriedades de CPR com e sem fibras.

Vanderlei (2004)

4.2 Resistência à tração

Para Vicente (2004) a incorporação de fibras otimiza o CPR com relação a


ductibilidade, esta melhoria varia dependendo da estrutura da matriz e da qualidade da
fibra, está adição pode chegar até 12% do volume. Esta mesma adição de fibras não
apresenta grande importância na resistência a compressão.

A resistência à tração para o CPR de classe 200 varia entre 25MPa e 60MPa, e para
de classe 800 os valores variam entre 45MPa e 102MPa, de acordo com o volume de
fibras incorporado (VANDERLEI & GIONGO, 2006). A resistência a tração do CPR é
conferida pelas fibras, está resistência é de tal relevância que possibilita a eliminação de
armaduras passivas, já que por si só resiste aos esforços solicitantes, tento
comportamento similar ao do aço (TUTIKIAN et al., 2011). Tutikian (2011) conclui que
está independência permite que as peças sejam menos robustas, dando um aspecto de
leveza as estruturas.

4.3 Durabilidade

O concreto de pós reativos tem uma organização particularmente densa, com uma
composição de poros inconstantes, ocasionando altos índices de impenetrabilidade
(VICENTE, 2004). Este mesmo fato proporciona alta resistência ao ataque de fatores
externos.

Segundo Vicente (2004) em relação a resistência ao congelamento e


descongelamento o CPR se destaca em muito se comparado a concretos convencionais,
já que a estrutura da pasta de cimento é tal que existe pouca água presente.

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5 Análise experimental do CPR

O objetivo do experimento foi desenvolver uma dosagem que alçasse resistência à


compressão próxima de 200Mpa (VANDERLEI; GIONGO, 2006).

Como escrito por Romel Dias Vanderlei e José Samuel Giongo (2006), para a
produção do CPR, alguns princípios devem ser seguidos, como:

-Eliminação dos agregados graúdos;

-Tratamento térmico, que contribui para a melhora da resistência à compressão;

-Incorporação de fibras de aço, aumentando consideravelmente a ductilidade.

5.1 Dosagem

Buscando criar um concreto de alta resistência foi adotado o método de


empacotamento de partículas, que consiste na utilização de agregados com várias
granulometrias para preencher os vazios de agregados maiores e promover uma maior
densidade, e por consequência, uma redução do índice de vazios (VANDERLEI;
GIONGO, 2006).

5.2 Determinação da dosagem

De acordo com Vanderlei e Giongo (2006), após a determinação granulométrica para


os componentes do CPR, iniciou-se a análise de fatores que pudessem influenciar as
propriedades mecânicas.

5.2.1 Programa para ensaios

Vários fatores influenciam as propriedades mecânicas do CPR, neste caso as


seguintes variáveis foram levadas em consideração: relação água/cimento; quantidade de
fibras; tipo de cura e sua temperatura (VANDERLEI; GIONGO, 2006).

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5.2.2 Relação água/cimento

Como definido por Vanderlei e Giongo (2006), foram adotadas três relações
água/cimento nas quais não foi notada diferença exagerada na resistência à compressão.
Mas, notou-se um aumento da resistência à compressão com o aumento da relação a/c,
possivelmente conferido à falta de hidratação das partículas do cimento. A relação está
representada na figura 1.

Figura 1 – Resistência à compressão em função da relação água/cimento.

Fonte: Vanderlei e Giongo (2006)

5.2.3 Fibras

As proporções de fibras em quantidade de volume para o ensaio foram: 0%, 0,5%, 1%,
2%, 3% e 4%, acrescentadas para estudo da influência na resistência à compressão, sob
cura com temperatura de 80°C por 16 horas e ensaiados em 7, 14, 28, 63, e 91 dias
(VANDERLEI; GIONGO, 2006). Os resultados das fibras estão expressos na figura 2.

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Figura 2 – Resistência à compressão em função do volume de fibras.

Fonte: Vanderlei e Giongo (2006)

5.2.4 Temperatura de cura

A partir de ensaios feitos por Vanderlei e Giongo (2006), é possível constatar que a
resistência à compressão aumenta à medida que a temperatura eleva, independente da
relação água/cimento, como representado na figura 3.

Figura 3 – Resistência à compressão em função da temperatura.

Fonte: Vanderlei e Giongo (2006)

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5.3 Ensaio

Para obtenção do valor da resistência mecânica dos corpos de prova, foram feitos
ensaios de compressão axial com controle de deslocamento e flexão a 4 pontos
(VANDERLEI; GIONGO, 2006).

5.4 Análise dos ensaios

5.4.1 Análise da resistência à compressão

Com os resultados obtidos por Vanderlei e Giongo (2006), conclui-se que a resistência
à compressão tende a crescer com o tempo. Corpos-de-prova sem fibras apontam
aumento da resistência até os 28 dias, permanecendo estável após esta data. Corpos-de-
prova com fibras a resistência à compressão estabiliza-se a partir dos 7 dias de idade. A
adição de fibras em conjunto com a cura térmica, proporcionam um aumento da
resistência nos primeiros dias como pode ser visto na tabela 3.

Tabela 3 – Resistência à compressão em função do volume de fibras.

Fonte: Vanderlei e Giongo (2006)

5.4.2 Análise da flexão em 4 pontos

Durante a solicitação à flexão pura, são compradas as deformações de compressão e


tração para verificar que deixa de existir a deformação elástica linear do material a partir
de um ponto de curva e por isso a deformação máxima que o concreto suporta no limite
elástico pode ser identificada (VANDERLEI; GIONGO, 2006).

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Após a análise dos ensaios realizados, pode ser identificado deformações máximas na
tração equivalente aos limites elásticos. Os resultados podem ser analisados através da
tabela 4 (VANDERLEI; GIONGO, 2006).

Tabela 4 – Resistência da flexão em 4 pontos em função do volume de fibras.

Fonte: Vanderlei e Giongo (2006)

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste artigo proporcionou uma análise das características físicas e


propriedades mecânicas do concreto de pós reativos, realizada por necessidade
constante de novas tecnologias. Nesta pesquisa foi enfatizada a resistência da
combinação de componentes que buscam reduzir as imperfeições do concreto e assim
adquirir uma resistência elevada para fins estruturais.

Os testes apresentados exibem resultados satisfatórios do concreto em relação à


água/cimento e ao acréscimo de fibras, onde mostraram uma resistência de 204,27 MPa

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de resistência aos 28 dias, com a adição de 4% do volume de fibras juntamente à cura


térmica próxima aos 80°C.

Por fim, percebe-se que a alta resistência apresentada pelo concreto só pode ser
alcançada sob as mesmas condições encontradas em laboratório, sendo difícil a
reprodução do mesmo em canteiro de obras. Um avanço importante na tecnologia
concreto, mas que ainda não é muito utilizada.

7 REFERÊNCIAS

BINA, Paulo. Concretos de pós reativos: uma revolução no conceito do concreto. Téchne, São
Paulo, v. 1, n. 38, p.01-10, jan. 1999
BONNEAU, O.; VERNETB, C.; MORANVILLEA, M.; AITCIN, P. C. Characterization of the
granular packing and percolation threshold of reactive powder concrete. Cement and
Concrete Research, Vol. 30, pp. 1861-1867, 2000.
FÁVERO, Rafael Burin. Caracterização Mecânica de Material Compósito Cimentício
Avançado à Base de Pós Reativos.2016. 173 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2016.
GAIOFATTO, Robson Luiz; SILVA, Thaís L. C. da. Desenvolvimento de concreto de pós
reativos (RPC) com fibras sintéticas. Revista de Engenharia da Universidade Católica de
Petrópolis, Petrópolis, v. 7, n. 1, jan. 2012.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION.ISO 6241: Performance
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1984 (revista e aprovada em 2010).
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