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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO

O caso Bosman e a Lei Pelé:


conseqüências jurídicas da transferência de jogadores brasileiros
de futebol

Maurício Barreto Costa

Salvador
2010
Maurício Barreto Costa

O caso Bosman e a Lei Pelé:


conseqüências jurídicas da transferência de jogadores brasileiros
de futebol

Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de


Metodologia da Pesquisa em Direito, do Curso
de graduação em Direito da Universidade
Federal da Bahia, ministrada pelo prof. Daniel
Avelino, como requisito parcial para a
aprovação na disciplina.
Orientador: Prof. Daniel Avelino.

Salvador
2010
RESUMO

Este trabalho apresenta uma proposta de pesquisa na área do direito esportivo, que
tem como objetos o caso do jogador belga de futebol Jean-Marc Bosman e a Lei 9.615, de 24
de março de 1988, mais conhecida como Lei Pelé. Tais fatos influenciaram consideravelmente
os negócios e contratos entre jogadores e clubes de futebol e acabaram desencadeando
diversas situações inéditas ao Direito. A pesquisa tem por objetivo geral constatar se o advento
do caso Bosman e a promulgação da Lei Pelé beneficiaram efetivamente os jogadores
profissionais de futebol em suas relações com os clubes. A pesquisa teórica é feita por meio do
estudo de casos apresentados, análise da legislação pertinente e de obras sobre o tema. A partir
disso, é esperado que esta pesquisa contribua para as discussões sobre o assunto.

PALAVRAS-CHAVES: Direito Esportivo; Caso Bosman; Lei Pelé; Futebol.


SUMÁRIO

1 TEMA ..................................................................................................................................... 4
1.1 Delimitação do objeto........................................................................................................... 4
1.2 Problema de pesquisa ........................................................................................................... 4
1.3 Justificativa da pesquisa ....................................................................................................... 6
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 6
2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 6
2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................7
3 HIPÓTESE DE PESQUISA ............................................................................................... 7
3.1 Delimitação da hipótese ....................................................................................................7
3.2. Variáveis da hipótese ......................................................................................................... 7
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 7
4.1 Técnica de pesquisa ............................................................................................................ 7
4.2 Procedimentos de pesquisa ................................................................................................. 8
4.3 Fontes de pesquisa .............................................................................................................. 8
4.4 Fases da pesquisa................................................................................................................ 8
5 CRONOGRAMA................................................................................................................. 9
6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 9
6.1 Bibliografia básica preliminar ............................................................................................ 9
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1 TEMA

1.1 Delimitação do objeto

Este projeto tem como objetos o caso do jogador belga de futebol Jean-Marc
Bosman e a Lei 9.615, de 24 de março de 1988, mais conhecida como Lei Pelé.
Os objetos deste trabalho são analisados e discutidos com o propósito de
entender os fatos que os originaram e as conseqüências que causaram, no âmbito jurídico,
sobre a relação jogadores e clubes de futebol.

1.2 Problema de pesquisa

O conhecido caso Bosman, de grande repercussão no meio futebolístico europeu,


principalmente relacionado aos países da comunidade, teve como seu protagonista o jogador
de futebol Jean-Marc Bosman, nascido na Bélgica. Este jogava desde 1988 pelo Royal Club
Liégeois SA (RCL), clube da primeira divisão belga, e tinha um contrato que findava em 30 de
junho de 1990 e que lhe garantia um provento mensal de 120.000 francos belgas (BFR). Em
21 de abril de 1990, o RCL propôs ao referido jogador uma renovação contratual por mais
uma temporada. Contudo, a proposta apresentada reduzia o salário que antes Bosman recebera,
reduzindo-o em 75%. Não concordando com a proposta apresentada pelo clube, Bosman foi
inscrito na lista de transferências, tendo sido fixado o valor de 11.743.000 BFR como quantia
a ser paga pelo clube interessado em adquirir o “passe” do jogador.
Já que não houve interesse de nenhum clube em pagar o valor estipulado para a
transferência de Bosman, este estabeleceu contatos com um clube francês da segunda divisão,
o Dunquerque, e fechou um contrato que lhe garantiria um salário mensal de 100.000 BFR,
mais um prêmio de assinatura no valor de 900.000 BFR.
Em 27 de julho o clube belga RCL e o clube francês Dunquerque celebraram um
contrato no qual se estipulava a transferência temporal, pelo prazo de 1 ano, mediante o
pagamento pelo clube francês de uma compensação de 1.200.000 BFR que seriam exigíveis
quando houvesse a recepção pela federação francesa de futebol do certificado de transferência
expedido pela federação belga. No mesmo contrato concedia-se ao Dunquerque a opção de
adquirir definitivamente o vínculo do jogador mediante o pagamento de 4.800.000 BFR.
Como não houve a expedição do citado certificado de transferência, e por duvidar
da capacidade financeira do Dunquerque, os contratos acabaram tornando-se sem efeito. Por
conseguinte, em 31 de julho de 1990, o RCL suspendeu Bosman, impedindo-lhe de jogar
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aquela temporada. Por essa razão, o jogador ingressou, em 8 de agosto de 1990, com uma ação
junto a um Tribunal de 1ª Instância de Liège, contra o RCL, requerendo, dentro outros pleitos,
que os demandados ficassem proibidos de impedir a sua liberdade de contratação.
Durante o trâmite processual, outras organizações, tais como FIFA e UEFA,
passaram a integrar a demanda. Desta maneira, o Tribunal de 1ª instância de Liège, em 11 de
junho de 1992, declarou procedentes as ações propostas por Bosman contra a RCL, a liga
belga e a UEFA, determinando a inaplicabilidade das normas relativas à transferências e às
cláusulas de nacionalidade, sancionando o comportamento destas três organizações.
Por conseguinte, por conta dos fatos surgidos no processo, formulou-se ao
Tribunal de Justiça da Comunidade Européia uma indagação: “Os artigos 48, 85 e 86 do
Tratado de Roma de 25 de Março de 1957 devem ser interpretados no sentido de que proíbem
que um clube de futebol exija e receba o pagamento de um montante em dinheiro pela
contratação, por um novo clube empregador, de um dos seus jogadores cujo contrato tenha
chegado ao fim?”.
A partir do tema proposto, a Corte concluiu que a necessidade de pagamento de
uma compensação financeira a que os clubes empregadores estão obrigados a pagar para
contratar um jogador proveniente de outro clube está a afetar diretamente as possibilidades
deste para encontrar um emprego, bem como suas respectivas condições. Assim, profere que o
art. 48 do Tratado se aplica as regulamentações adotadas por associações desportivas como a
URBSFA, a FIFA e a UEFA, o que, por conseguinte, acarreta as mesmas a obrigação de
observar, em caso de transferência, a desnecessidade de pagamento de indenização por um
clube a outro quando o contrato do jogador já tenha terminado.
A importante decisão regula que quando atingido o termo final do contrato de um
jogador de futebol profissional com o seu clube, e sendo esse jogador cidadão de um dos
Estados-membros da União Européia, o clube antigo não pode impedir o jogador de assinar
um novo contrato com outro clube noutro Estado-membro, de modo que o clube cedente não
poderá mais exigir uma compensação financeira no caso de transferência do jogador.
Esta decisão acabou desagradando clubes, federações e confederações, mas,
mesmo assim, fora observada em todas as negociações envolvendo transferência de jogadores.
Tratando do caso brasileiro, a Lei 9.615, de 24 de março de 1998, que, por ter sido
elaborada e aprovada pelo Congresso Nacional durante o período no qual o Sr. Edson Arantes
do Nascimento esteve ocupando o Ministério Extraordinário dos Esportes, acabou ganhando a
alcunha de "Lei Pelé", veio com o objetivo de reunir normas gerais sobre o desporto,
introduzindo algumas mudanças significativas no futebol, dentre as quais, sem dúvida alguma,
destaca-se o § 2º do art. 28, o qual, em uma simples disposição, revoluciona o futebol
brasileiro. Isto porque o citado parágrafo estabelece que “o vínculo desportivo do atleta com a
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entidade contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo de emprego...”. Isto é, traz a
extinção do instituto do passe, consagrado pela Lei 6.354/76.
O passe, segundo o art. 11 da lei nº 6.354/76, é “a importância devida por um
empregador a outro, pela cessão do atleta durante a vigência do contrato ou depois de seu
término, observadas as normas desportivas vigentes”. A FIFA, no art. 14 do seu Regulamento
de Transferência de Jogadores de Futebol, em disposição similar, declara que quando um
jogador não vinculado celebra um contrato com um novo clube, seu antigo clube terá direito a
uma indenização de promoção e/ou formação. Esta indenização de formação ou promoção
nada mais é do que a aquisição, mediante pagamento de uma quantia, do vínculo desportivo do
atleta.
Nos contratos firmados sob a vigência da Lei Pelé, por conseguinte da inexistência
do vínculo desportivo, não existe mais a possibilidade do clube, ao final do contrato, negociar
o atleta recebendo do clube interessado uma indenização pelo pagamento do passe. Poderá o
clube apenas, da mesma forma como ocorre no futebol europeu, receber indenização no caso
de rescisão antecipada do contrato, pelo jogador, mediante o pagamento da cláusula de
rescisão previamente fixada no contrato, nos termos do § 3º do art. 28 da Lei 9.615.
Assim, dado o objeto desta pesquisa, a sua situação problema diante da relevância do
tema na atual conjuntura futebolística é: o caso Bosman, com suas conseqüências na Europa, e a
vigência da Lei Pelé no Brasil, beneficiaram efetivamente os jogadores profissionais de futebol
em suas relações contratuais com os clubes?

1.3 Justificativa da pesquisa

O objeto desta pesquisa justifica-se pelo grande número de controvérsias e ações


judiciais tendo como partes clubes e jogadores, que surgiram após a decisão do Tribunal Europeu
no Caso Bosman e a promulgação da Lei Pelé aqui no Brasil em 1998. Além dessa contribuição,
a pesquisa se justifica também pela razoável escassez de produção intelectual sobre o assunto,
no âmbito brasileiro. Discutir as conseqüências posteriores aos objetos é uma forma
importante de colaborar com a formação de uma doutrina brasileira sobre o assunto.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Constatar se as conseqüências do caso Bosman e a promulgação da Lei Pelé


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beneficiaram efetivamente os jogadores profissionais de futebol em suas relações contratuais


com os clubes.

2.2 Objetivos específicos

a) efetuar estudo de casos sobre o tema em questão, visando à resposta ao problema


da pesquisa;
b) realizar um estudo de jurisprudência sobre como ficaram os contratos firmados
antes da vigência da Lei Pelé;
c) Propor mudanças, benéficas à clubes e jogadores, na Lei 9.615.

3 HIPÓTESE DE PESQUISA

3.1 Delimitação da hipótese

As conseqüências do caso Bosman e a promulgação da Lei Pelé significaram a


liberdade tão almejada pelos jogadores profissionais de futebol que não terão mais seus passes
vinculados a nenhum clube, estando "livres" para jogarem onde bem entenderem.

3.2. Variáveis da hipótese

A hipótese de pesquisa nada mais trata do que as consequências dos objetos


pesquisados e se estas trouxeram benefícios aos jogadores profissionais de futebol. E, ainda,
se estamos diante do princípio do desmantelamento de incontáveis clubes, que sobreviviam
da venda de jogadores, bem como do aumento do desemprego no futebol.

4 METODOLOGIA

4.1 Técnica de pesquisa

O tipo de pesquisa pode ser considerado como de análise e estudo dos casos
sobre o tema em questão, bem como as posições da jurisprudência e da doutrina quanto da
resposta ao problema.
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4.2 Procedimentos de pesquisa

Esta pesquisa apresenta como procedimento, além da análise bibliográfica em


profundidade, a análise e coleta documental dos casos relevantes, sendo, portanto, uma
pesquisa abrangente.

É bastante relevante a análise e comparação com o Direito Internacional da


legislação brasileira acerca do tema para que se possa entender suas. A leitura orientada
permite a identificação dos dados necessários para caracterizar a situação nacional, do
ponto de vista legal, que será submetida a sugestões.

4.3 Fontes de pesquisa

A análise bibliográfica está prevista para ocorrer nas obras da doutrina acerca
do tema.
A análise documental deve ocorrer nos textos da Constituição Federal e da
legislação codificada na área de direito desportivo.
A análise comparativa está voltada para a opinião da doutrina européia acerca das
conseqüências da Lei Bosman.

4.4 Fases da pesquisa

A pesquisa está estruturada em duas fases principais. Antes desses procedimentos,


existe uma parte preliminar exploratória de aprofundamento de leituras sobre o tema, para
compreensão do contexto em que as situações estavam inseridas.
a) Fase de levantamento de dados – representa a coleta de dados na análise
bibliográfica em profundidade e na análise documental da legislação e conclui com a
elaboração do quadro conceitual e relato da situação legislativa;
b) Fase analítica comparativa – envolve o contraste entre as informações obtidas
e verificação da compatibilidade da hipótese.
Após as fases da pesquisa propriamente dita, segue uma fase de validação e
controle dos resultados, redação do relatório de pesquisa e publicização dos seus
resultados para crítica dos interessados.
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5 CRONOGRAMA

FASE MESES
1 2 3 4 5 6 7
Aprofundamento de leituras
Análise bibliográfica
Análise documental
Análise conceitual comparativa
Revisão dos resultados
Redação do relatório
Apresentação

6 REFERÊNCIAS

6.1 Bibliografia básica preliminar

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 12ª ed., São Paulo:
Saraiva, 1996.

NETO, J. S. de Assis. O Desporto do Direito, 1ª ed., São Paulo: Bestbook, 1998.

PERRY, Valed. Crônica de uma Certa Lei do Desporto, 1ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,
1999.

KRIEGER, Marcilio. Lei Pelé e Legislação Brasileira Desportiva Anotadas, 1ª Ed., Rio de
Janeiro: Forense, 1999.

Pearson, Geoff. The Bosman Case, EU Law and the Transfer System. Liverpool: Football
Industry Group, University of Liverpool, 2008.

BRASIL. Constituição, 1988.

BRASIL. Lei N.º 9.615, de 24 de março de 1998.

BRASIL. Decreto N.º 2.574, de 29 de abril de 1998.

BRASIL. Lei N.º 6.354, de 2 de setembro de 1976.

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