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Tópico 3 – Elasticidades
Introdução
No tópico anterior vimos que a demanda de um bem ou mercadoria depende de seu preço, da
renda do consumidor, dos preços dos bens relacionados e de outras variáveis. De modo
semelhante, a oferta de um bem depende do seu preço, dos custos de produção, da tecnologia,
bem como de outras variáveis. Por exemplo, se o preço dos celulares aumentarem, a
quantidade demandada cairá e a quantidade ofertada aumentará. Contudo, muitas vezes
desejamos saber o quanto vai aumentar ou cair a oferta ou a demanda. Até que ponto a
demanda de celulares poderá ser afetada com a queda nos seus preços em termos percentuais?
Se o preço aumentar em 10%, qual deverá ser a variação da demanda? Qual seria a variação
da demanda se o nível de renda aumentasse em 5%?
É provável que não! Sabemos apenas que ambos os produtos serão menos procurados, mas
não sabemos automaticamente em quanto essa procura cairá em cada caso. Para responder a
essas perguntas com maior precisão, utilizamos as ELASTICIDADES, que é uma medida de
como compradores e vendedores reagem a uma mudança nos preços. Nos permite analisar
oferta e demanda com maior precisão.
A elasticidade é uma medida de quão sensível é uma variável em relação à outra, ou seja, a
elasticidade mede o quanto uma variável pode ser afetada por outra, e esse cálculo informa a
variação percentual que ocorrerá em uma variável dado à variação percentual de outra
variável.
Graficamente, temos:
P P P
P1 1 P1 1 P1 1
0 0 0
P0 P0 P0
D
D D
Casos Extremos:
P D
P1 1
P0 0
P2 2
QD0 QD
P0 D
QD
Q D P
EP =
P Q D
Ou seja, variação da quantidade dividida pela variação do preço, multiplicado pela razão entre
preço e quantidade. Mais detalhado:
QtD − QtD−1 Pt −1
E P = D
tP − P t −1 Qt −1
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QtD − QtD−1 Pt −1
EP = D
tP − P t −1 Qt −1
7 − 10 5
EP =
6 − 5 10
−3
EP = 0,5
1
EP = −1,5
Neste caso, a elasticidade-preço da Demanda de tomate é 1,5. Este é um número puro: nem
porcentagem, nem reais, nem toneladas.
Elasticidade-Renda da Demanda
Os bens normais são bens que quando a renda aumenta, a quantidade demandada (ou
consumo) desse bem também aumenta, porém em uma proporção menor. Isto é, os bens são
inelásticos a aumentos na renda, de modo que um aumento de 10% na renda gera um
aumento menor que 10% na quantidade demandada.
Os bens superiores são bens que quando a renda aumenta, a quantidade demandada (ou
consumo) desse bem também aumenta, mas em uma proporção maior. Isto é, os bens são
muito elásticos a aumentos na renda, de modo que um aumento de 10% na renda gera um
aumento maior que 10% na quantidade demandada.
Já bens inferiores são bens que quando a renda aumenta, sua quantidade demandada cai, ou
seja, a elasticidade desses bens será negativa (exemplo, carne de primeira e carne de
segunda).
Em resumo, a elasticidade renda da demanda (ER), em geral, é positiva exceto para bens
inferiores:
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1) Quando ER for positiva e menor que 1 (ER < 1 e +), o bem é normal.
2) Quando ER for positiva e maior que 1 (ER > 1 e +), o bem é superior.
3) Quando ER for negativa, o bem é inferior.
Q D R
ER =
R Q D
Ou seja,
QtD − QtD−1 Rt −1
E R =
t
R − R t −1 Qt −1
Exemplo: O segmento do mercado de automóveis teve uma queda de renda média no último
ano, de R$ 65 mil anuais para R$ 58,5 mil. Com isso, as vendas de automóveis caíram de
1.500 unidades para 1.400 unidades no mesmo período. Encontre a elasticidade-renda da
demanda para esse mercado:
QtD − QtD−1 Rt −1
E R = D
Rt − Rt −1 Qt −1
Q XD PY
E XY =
PY Q XD
Assim, quando:
Exemplo: O preço do Toddy caiu de R$ 5,50 para R$ 4,80 e a quantidade vendida de Nescau
reduziu-se de 600 mil latas para 500 mil latas na semana em que durou a promoção do Toddy.
Calculando as variações, fazemos:
E XY = 1,31
Este exemplo, se ocorresse na realidade, mostraria uma forte elasticidade cruzada entre o
Toddy e o Nescau (bens substitutos), já que a quantidade demandada de um cai com maior
intensidade que o preço do outro, causador daquela queda.
O sal e as joias são exemplos muito utilizados. O sal, que possui característica essencial para
grande parte das pessoas, tem peso reduzido no orçamento familiar e não possui
praticamente substituto. Portanto, o sal é pouco elástico ou muito inelástico em relação ao
preço, pode dobrar ou triplicar de preço, mas o impacto imediato nas compras será muito
limitado. Quanto a joia, que é um produto de luxo, não é um bem essencial (embora para
algumas pessoas, de alto poder aquisitivo, representem um atributo indispensável de status),
tem um peso muito expressivo no orçamento dos consumidores (mesmo os de alta renda já
que milionários, para quem o custo de adquirir joias é indiferente, são minoria na própria
camada social que se costuma designar como de alta renda) e possui muitos bens substitutos,
como bijuterias. Assim, as joias são bens muito elásticos em relação ao preço, um leve
aumento pode provocar uma grande queda na quantidade demanda.
Elasticidade-Preço da Oferta
Em valor absoluto, a elasticidade varia entre zero e infinito. Assim, podemos classificar as
elasticidades-preço da oferta em:
1) Oferta ELÁSTICA, quando ES > 1 – Isto ocorre quando a variação no preço de 1%,
por exemplo, provoca uma variação na quantidade ofertada maior que 1% (gráfico à
esquerda).
2) Oferta de elasticidade UNITÁRIA, quando ES = 1 – Isto ocorre quando a variação no
preço de 1%, por exemplo, provoca uma variação na quantidade ofertada também de
1% (gráfico à direita).
3) Oferta INELÁSTICA quando ES < 1 – Isto ocorre quando a variação no preço de 1%,
por exemplo, provoca uma variação na quantidade ofertada menor que 1% (gráfico do
meio).
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P P P
S
S S
P1 1 1 P1 1
P1
0 0 0
P0 P0 P0
Q0 Q1 Q Q0 Q1 Q Q0 Q1 Q
Q S P
ES =
P Q S
QtS − QtS−1 Pt −1
E S = S
Pt − Pt −1 Qt −1
Onde QDt = quantidade ofertada no período final; QDt-1 = quantidade ofertada no período
inicial; Pt = preço no período final; Pt-1 = preço no período inicial. P/QD é o ponto sobre a
curva de ofertada no qual desejo saber a elasticidade-preço da oferta.
QtS − QtS−1 Pt −1
E S = S
tP − Pt −1 Qt −1
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Neste exemplo, a produção de café em grão se mostra elástica em relação ao preço, com um
indicador pouco superior a 1,0.
Síntese
Nesta aula foi visto a importância das elasticidades para os consumidores, empresas e para o
governo. Vimos as elasticidades da demanda e da oferta e os principais fatores que
determinam o seu resultado. Além disso, definimos os diversos tipos de bens conforme sua
elasticidade. Na próxima aula serão expostas as estruturas de mercado.