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Podem se constituir em boas situações de aprendizagem aquelas em que o aluno tenha que ler para
encontrar inadequações, erros, problemas relacionados aos diferentes aspectos do texto – coerência,
coesão, adequação da linguagem, adequação ao gênero, gramática e pontuação – e problemas de
correção ortográfica. Isso pode ser feito em situações em que o texto com problemas é posto na lousa,
ou numa folha em que os alunos trabalham sobre o texto reproduzido, ou então trabalham sobre o
texto original.
Do ponto de vista textual, nas situações de revisão é interessante propor a análise, de cada vez, de
um aspecto diferente: a maneira de encadear as informações, formando períodos longos ou curtos; o
uso da pontuação; a ordem dos verbos nas frases; o uso de expressões que provocam emoções
(engraçadas, comoventes); o emprego de expressões com sentido figurado; a forma de descrever
personagens ou cenários, no caso de textos narrativos.
Como a leitura para revisão é uma leitura complexa e difícil, é preciso que seja feita, a princípio,
várias vezes, coletivamente (para os alunos se familiarizem com a atividade e aprenderem os
procedimentos de análise dos diferentes problemas), depois em grupos/pares bem formados, também
várias vezes e com a ajuda da professora, para somente depois de muito tempo poder se esperar que
eles consigam revisar sozinhos seus próprios textos com alguma habilidade. A esse procedimento se
tem chamado ‘delegação progressiva de responsabilidade’: à medida que os alunos vão se
familiarizando com qualquer tarefa que não lhes é ainda conhecida, o professor vai passando da
posição central para a de monitor – quando eles assumem a gradualmente responsabilidade de
execução da tarefa.
O que se convencionou chamar de ‘revisão de textos bem escritos’ tem como propósito contribuir para
que os alunos se tornem progressivamente capazes de:
refletir sobre diferentes possibilidades de uso da língua para obter um texto de qualidade: claro,
diferente, agradável, interessante, instigante, que mexe com as emoções, que cria impacto, que
prende a atenção do leitor...
apreciar e valorizar um texto bem escrito
desenvolver um olhar atento, que permita a identificação de boas alternativas utilizadas por
outros escritores e que possam ser úteis nas próprias produções
analisar um texto do ponto de vista estético - a qualidade da linguagem, das escolhas feitas pelos
autores, das soluções encontradas...
RECOMENDAÇÃO
Para realizar a atividade de revisão de textos bem escritos, é importante que o professor leia todo o
texto para o aluno e depois (pode ser em outro momento) escolher alguns parágrafos para fazer a
análise. Não é preciso fazer esse tipo de revisão com o texto inteiro.
IMPORTANTE
Se queremos que os alunos produzam bons textos é necessário o contato sistemático com uma grande
variedade de textos bem escritos. Para isso, o professor precisa garantir na sua rotina de trabalho,
atividades permanentes de análise e reflexão sobre procedimentos e recursos utilizados pelos bons
escritores.
CUIDADOS
A Revisão de textos bem escritos NÃO é:
para ser tratada como um conhecimento técnico – não é para nomear, definir...
uma atividade gramatical e nem de interpretação de texto
para ser utilizada com o objetivo de:
usar as palavras diferentes e/ou difíceis do texto como pretexto para fazer uso do dicionário.
tirar “lição de moral” do texto
fazer uma sequência de atividades do tipo: estudo do vocabulário, gramática, ortografia
(modelo dos livros didáticos)
- copiar o texto.
Material organizado por Rosana Dutoit a partir das produções de Rosa Barros, Rosaura Soligo,
Rosalinda Vasconcelos, Rosângela Veliago e Valéria Dutoit