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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCELO COSSETIN

ANÁLISE DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL COM RESTRIÇÃO PERCENTUAL E


POR HARMÔNICA EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Ijuí

2016
MARCELO COSSETIN

ANÁLISE DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL COM RESTRIÇÃO PERCENTUAL E


POR HARMÔNICA EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado


para obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do sul –
UNIJUI, Departamento de Ciências Exatas e
Engenharias – DCEENG.

Professor orientador: Moises Machado Santos

Ijuí
2016
MARCELO COSSETIN

ANÁLISE DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL COM RESTRIÇÃO PERCENTUAL E


POR HARMÔNICA EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de


Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e pelo
Colegiado do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI.

Banca Examinadora:

__________________________________________________

Me. Eng. Moises Machado Santos – Orientador – DCEENG / Unijuí

__________________________________________________

Me. Eng. – Avaliador – DCEENG / Unijuí


A Deus, pois que seria de mіm sem а fé que tenho
nele, aos meus pais, minha irmã, meu sobrinho e minha namorada.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pois sem a fé que tenho nele não chegaria até aqui.

Aos meus pais, por me apoiarem em todos os momentos, me passarem a tranquilidade


de que precisei e serem como sempre os meus pilares, principalmente durante a minha
graduação.

A minha irmã e meu sobrinho, por terem me suportado quando estava preocupado
com os afazeres da faculdade e sem dar-lhes muita atenção.

A minha namorada, por ter me servido de inspiração com sua determinação,


autoestima e amor.

Ao meu orientador, pela chance que me concedeu de realizar esse estudo, passando
toda a informação necessária para a compreensão do mesmo e é claro pela amizade que já é
de longa data, o meu muito obrigado.

E todos os meus amigos, colegas tanto de trabalho quanto de aula, familiares,


professores que de uma forma ou de outra me ajudaram a alcançar esse objetivo, muito
obrigado.
A força não provém da capacidade física. Provém de uma
vontade indomável.

Mahatma Gandhi
RESUMO

COSSETIN, Marcelo. Análise da Proteção Diferencial com Restrição Percentual e Por


Harmônica em Transformadores de Potência. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2016.

Cerca de 6 % das interrupções que ocorrem no sistema elétrico de potência tem como origem
o transformador, tudo isso devido a falhas em decorrência de transitórios que ocorrem no
equipamento. A proteção diferencial tem por objetivo verificar esses distúrbios para poder
realizar a proteção adequada ao sistema para que a continuidade do fornecimento de energia
seja garantida. Este trabalho apresenta um estudo da proteção diferencial em transformadores
de potência utilizando o software ATP (Altenative Transient Program), verificando as
proteções diferenciais percentuais, com bloqueio de harmônicos e com elemento diferencial
de restrição por harmônico, simulando as possíveis falhas no sistema quanto a energização do
transformador a vazio, energização do banco de capacitores, energização solidária e curto
circuito no sistema elétrico de potência.

Palavras-chave: ATP – Proteção Diferencial – Harmônicas – Restrição Percentual.


ABSTRACT

COSSETIN, Marcelo. Análise da Proteção Diferencial com Restrição Percentual e Por


Harmônica em Transformadores de Potência. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2016.

About 6 % of interruptions occurring in the electric power system has the source transformer,
all due to failure due to transients that occur in the equipment. The differential protection aims
to verify these disorders in order to achieve adequate protection to the system so that the
continuity of power supply is guaranteed. This paper presents a differential protection study in
power transformers using the ATP software ( Altenative Transient Program ) , checking the
percentage differential protection with blocking harmonics and restrained differential element
by harmonic , simulating the possible flaws in the system for energizing transformer to empty,
energizing the capacitor bank , solidarity and power- short circuit in the electric power
system.

Keywords: ATP - Differential Protection - Harmonics - Restriction Percentage.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1 - Transformador ideal. .............................................................................. 24


Figura 3.2 – Transformador monofásico. ................................................................... 25
Figura 3.3 – Transformador trifásico. ........................................................................ 26
Figura 3.4 – Núcleo laminado na forma E e I. ........................................................... 27
Figura 3.5 – (a)Transformador monofásico envolvido – (b)Transformador trifásico
envolvido. ................................................................................................................................. 28
Figura 3.6 – (c)Transformador monofásico envolvente – (d)Transformador trifásico
envolvente................................................................................................................................. 28
Figura 3.7 – (a) Transformador de dois enrolamentos. (b) Autotransformador. ........ 29
Figura 3.8 – Transformador com múltiplos enrolamentos. ........................................ 30
Figura 3.9 – Transformador de força.......................................................................... 31
Figura 3.10 – Origem da corrente de inrush. ............................................................. 32
Figura 4.1 – Transformador de corrente. .................................................................... 35
Figura 4.2 – Transformador de corrente do tipo barra. .............................................. 35
Figura 4.3 – Transformador de corrente do tipo enrolado. ........................................ 36
Figura 4.4 – Transformador de corrente do tipo janela. ............................................. 36
Figura 4.5 – Transformador de corrente do tipo bucha. ............................................. 37
Figura 4.6 – Transformador de corrente do tipo núcleo dividido. ............................. 37
Figura 4.7 – Transformador de corrente do tipo com vários enrolamentos primários.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 4.8 – Transformador de corrente do tipo com vários núcleos secundários. .... 38
Figura 4.9 – Transformador de corrente do tipo com vários enrolamentos
secundários. .............................................................................................................................. 39
Figura 4.10 – Transformador de corrente do tipo derivação no secundário. .............. 39
Figura 4.11 – Circuito equivalente de um transformador de corrente........................ 40
Figura 4.12 – Curva de magnetização de um transformador de corrente. .................. 46
Figura 4.13 – Curva de magnetização. ....................................................................... 48
Figura 4.14 – Curva de saturação de transformadores de corrente. ........................... 53
Figura 4.15 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 0,3. ......................... 55
Figura 4.16 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 0,6. ......................... 55
Figura 4.17 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 1,2. ......................... 56
Figura 4.18 –Diagrama fasorial de um transformador de corrente. ........................... 57
Figura 4.19 –Ângulo de fase de um TC para diferentes múltiplos de corrente. ......... 58
Figura 4.20 –Ângulo de fase de um TC para diferentes múltiplos de corrente. ......... 59
Figura 4.21 –Saturação dos transformadores de corrente. ......................................... 60
Figura 4.22 –Transformadores de potencial. .............................................................. 61
Figura 5.1 – Proteção de um sistema elétrico em alta tensão. .................................... 66
Figura 5.2 – Figura representativa de uma proteção diferencial comum. .................. 71
Figura 5.3 – Figura representativa de uma proteção diferencial comum. .................. 71
Figura 5.4 – Característica da proteção diferencial percentual. ................................. 72
Figura 6.1 – Disposição geral da SE-DEMEI. ........................................................... 77
Figura 6.2 – Transformador 69/23kV......................................................................... 77
Figura 6.3 – Barramento de 23kV. ............................................................................. 78
Figura 6.4 – Entrada LT 69kV. .................................................................................. 78
Figura 6.5 – Banco de capacitores.............................................................................. 79
Figura 6.6 – Modelagem SE-DEMEI no ATP. .......................................................... 80
Figura 6.7 – Parametrização. ...................................................................................... 80
Figura 6.8 – Dados de linha de transmissão. .............................................................. 81
Figura 6.9 – Dados do transformador. ........................................................................ 81
Figura 6.10 – Curva de saturação. .............................................................................. 82
Figura 6.11 – Dados do banco de capacitores. ........................................................... 82
Figura 6.12 – Correntes de energização do transformador a vazio. ........................... 83
Figura 6.13 – Correntes de energização (pu) a vazio vistas do relé diferencial. ........ 84
Figura 6.14 – Harmônicas da corrente I2. .................................................................. 85
Figura 6.15 – Correntes de energização do transformador na energização solidária. 86
Figura 6.16 – Correntes de energização (pu) a vazio na energização solidária vistas
do relé diferencial. .................................................................................................................... 87
Figura 6.17 – Harmônicas da corrente I2. .................................................................. 87
Figura 6.18 – Correntes de energização do banco de capacitores. ............................. 88
Figura 6.19 – Correntes de energização (pu) na energização do banco de capacitores
vistas do relé diferencial. .......................................................................................................... 89
Figura 6.20 – Harmônicas da corrente I2. .................................................................. 90
Figura 6.21 – Curto circuito trifásico. ........................................................................ 91
Figura 6.22 – Correntes de curto circuito trifásico (pu) vistas do relé diferencial. .... 91
Figura 6.23 – Harmônicas da corrente I2. .................................................................. 92
Figura 6.24 – Curto circuito monofásico.................................................................... 93
Figura 6.25 – Correntes de curto circuito monofásico (pu) vistas do relé diferencial.
.................................................................................................................................................. 93
Figura 6.26 – Harmônicas da corrente I2. .................................................................. 94
Figura 6.27 – Correntes de operação e restrição sem restrição percentual por
harmônica. ................................................................................................................................ 95
Figura 6.28 – Correntes de operação e restrição com restrição percentual por
harmônicas. ............................................................................................................................... 96
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Origem das interrupções do sistema elétrico brasileiro. ........................ 16


Tabela 4.1 – Correntes primárias e relações nominais. .............................................. 42
Tabela 4.2 – Correntes primárias e relações nominais duplas para ligação
série/paralela. ............................................................................................................................ 43
Tabela 4.3 – Cargas nominais para TCs a 60 Hz e 5 A. ............................................. 44
Tabela 4.4 – Ordem de grandeza de K da equação 5.5. ............................................. 47
Tabela 4.5 – Tensões secundárias dos TCs. ............................................................... 49
Tabela 4.6 – Tensões suportáveis dos transformdores de corrente. ........................... 51
Tabela 6.1 – Harmônicas até a 5ª ordem .................................................................... 85
Tabela 6.2 – Harmônicas até a 5ª ordem .................................................................... 88
Tabela 6.3 – Harmônicas até a 5ª ordem. ................................................................... 90
Tabela 6.4 – Harmônicas até a 5ª ordem. ................................................................... 92
Tabela 6.5 – Harmônicas até a 5ª ordem. ................................................................... 94
LISTA DE SÍMBOLOS

Carrier- Sistema de comunicação entre subestações


Fuzzy- Tipo de lógica
Inrush- Corrente de Magnetização
Software- Programa
Trip- Sinal de desligamento enviado por um relé
Wavelet- Tipo de transformada
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATP – Alternative Transient Program


AT – Alta Tensão
BC – Banco de Capacitores
BT - Baixa Tensão
DEMEI - Concessionária Departamento Municipal de Energia de Ijuí
EMTP – Electromagnetic Transients Program
FCT- fator de correção de transformação
LT- Linha de Transmissão
MT – Média Tensão
RNA – Rede Neural Artificial
RTC- relação de transformação de corrente
SEP – Sistema Elétrico de Potência
TC – Transformador de Corrente
TP – Transformador de Potencial
THD- Distorção Harmônica Total
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17


1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 17
1.1.2 Objetivo Específico ..................................................................................................... 17
1.1.3 Organização do Trabalho .......................................................................................... 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19

2.1 (BERNARDES, 2006) .................................................................................................. 19


2.2 (SEGATO et al, 2009) .................................................................................................. 19
2.3 (FLACH, 2008)............................................................................................................. 20
2.4 (OLIVEIRA, 2009) ....................................................................................................... 20
2.5 (BARBOSA et al, 2009) ............................................................................................... 20
2.6 (ABREU, 2011) ............................................................................................................ 21
2.7 (VERNEY, 2012) ......................................................................................................... 21
2.8 (TAVARES, 2013) ....................................................................................................... 22
2.9 (VIEIRA, 2013) ............................................................................................................ 22
2.10 (MEDEIROS, 2014) ..................................................................................................... 22

3 TRANSFORMADORES ............................................................................................ 24

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 24


3.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ................................................................................... 24
3.3 MODELOS USUAIS DO TRANSFORMADOR ........................................................ 28
3.4 FENOMÊNOS TRANSITÓRIOS EM TRANSFORMADORES................................ 31

4 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS .................................................... 34

4.1 TRANSFORMADORES DE CORRENTE (TC) ......................................................... 34


4.2 TRANSFORMADORES DE POTENCIAL (TP) ........................................................ 61

5 PROTEÇÃO DIGITAL DE TRANSFORMADORES DE FORÇA...................... 64

5.1 SISTEMAS DE PROTEÇÃO....................................................................................... 64


5.2 PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES ................................................................. 66
5.3 RELÉS .......................................................................................................................... 67
5.3.1 Relé de Sobrecorrente ................................................................................................ 67
5.3.1.1 Relé de Sobrecorrente Diferencial ............................................................................... 67
5.3.1 Relé de Sobre-excitação .............................................................................................. 68
5.3.2 Relé de Sobretensão .................................................................................................... 69
5.3.3 Relé de Subtensão ....................................................................................................... 69

5.4 PROTEÇÃO DIFERENCIAL ...................................................................................... 70


5.4.1 Proteção Diferencial de Transformadores ............................................................... 70
5.4.2 Proteção Diferencial Percentual ................................................................................ 71
5.4.3 Proteção Diferencial Digital de Transformadores ................................................... 73
5.4.4 Proteção Diferencial com Bloqueio de Harmônicos ................................................ 74
5.4.5 Proteção Diferencial com Elemento Diferencial de Restrição por Harmônicos ... 75

6 SIMULAÇÕES E RESULTADOS ............................................................................ 76

6.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 76


6.2 ANÁLISE DE CASO – SUBESTAÇÃO SE-DEMEI ................................................. 76
6.2.1 Dados Gerais da Subestação SE-DEMEI ................................................................. 76
6.2.2 Modelagem SE-DEMEI.............................................................................................. 79

6.3 TESTES EXPERIMENTAIS ....................................................................................... 83


6.3.1 Energização do Transformador a Vazio ................................................................... 83
6.3.2 Energização Solidária ................................................................................................. 86
6.3.3 Energização do Banco de Capacitores ...................................................................... 88
6.3.4 Curto circuito Trifásico Fora da Zona de Proteção do Transformador ............... 91
6.3.5 Curto circuito Monofásico Fora da Zona de Proteção do Transformador ........... 93
6.3.6 Resultado Final ........................................................................................................... 95

CONCLUSÕES....................................................................................................................... 97
SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS...................................................................... 98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 99
16

1 INTRODUÇÃO

Estamos vivendo uma época em que o setor energético necessita de uma


confiabilidade maior, onde o resultado deve ser sempre positivo. Devido a isso a qualidade do
serviço prestado tanto na geração quanto na transmissão de energia tem papel fundamental
para que essa confiança seja estabelecida. A sociedade não está mais aceitando que desculpas
sejam dadas para problemas no sistema de energia, embora os agentes e órgãos reguladores
sempre tentem a busca pela perfeição os equipamentos sempre estão sujeitos a falhas de
diversas origens.
As possibilidades de falha não estão atreladas a somente um equipamento, como
mostra a Tabela 1.1. De acordo com isso os transformadores de potência apresentam cerca de
6% no que se refere a falhas. Deve-se então realizar para esse equipamento a devida proteção,
de acordo com as necessidades que o sistema exige, para então ter uma continuação ou
melhora na transmissão de energia.

Tabela 1.1 – Origem das interrupções do sistema elétrico brasileiro.

Equipamento Interrupções (%)


Linha de transmissão 68
Rede de distribuição 10
Barramento de subestação 7
Transformador de potência 6
Gerador 1
Próprio sistema 4
Consumidor 4
Fonte: (MAMEDE FILHO, 2013).

O transporte de energia a distância foi realizado pela primeira vez no século XIX e
teve um avanço significativo na invenção do transformador. Transformadores de potência são
equipamentos muito utilizados nos sistemas de transmissão de energia elétrica, para interligar
diferentes níveis de tensão, os quais são estabelecidos com o intuito de transmitir energia com
baixo valor de perdas (VERNEY, 2012). Devido a sua grande importância vários estudos

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Marcelo Cossetin (cossetin_ege@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2016.
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referentes a proteção são realizados para aprimorar cada vez mais o seu contínuo
funcionamento.
A proteção de um sistema, principalmente em uma subestação de energia como
sendo de enorme importância, pois sem sua operação todos os consumidores ficam sem
energia deve-se realizar com o que se tem de melhor no mercado, afim de garantir que o elo
de confiança entre contratante e contratada não seja rompido.
Dentre os vários tipos de proteção que se encontram hoje, a realização da mesma por
fusível foi a precursora, seguida pelo disjuntor e logo após o relé.
Em meados do século XX os primeiros relés com proteção diferencial, com um
esquema do mesmo definido foram utilizados para a proteção de transformadores. Ainda se
procura uma melhora na questão da proteção diferencial de transformadores no que se refere a
sensibilidade, seletividade, coordenação, segurança, rapidez e economia.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo central realizar um estudo de caso de ajuste de
relé de proteção diferencial percentual, com restrição de harmônicos.

1.1.2 Objetivo Específico

 Levantamento bibliográfico referente a trabalhos já realizados na área de


proteção diferencial de transformadores de potência.

 Estudo teórico sobre transformadores, transformadores de instrumentos e


proteção digital de transformadores de força.

 Modelagem da SE-DEMEI no ATP.

 Demonstrar o estudo da proteção diferencial e sua lógica de controle no que se


refere a proteção para corrente de energização, energização solidária,
energização do banco de capacitores, curto circuito monofásico e trifásico,

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fazendo a comparação de resultados sem restrições percentuais por harmônicas


e com a restrição.

 Apresentação de resultados obtidos nas simulações, contendo o ajuste de


declividade de um relé diferencial.

1.1.3 Organização do Trabalho

Para o melhor entendimento, este trabalho é composto por cinco (6) capítulos, sendo
que cada um deles tem suma importância para o entendimento do estudo.
O primeiro capítulo traz a parte introdutória, dando uma idéia do tema proposto para
o estudo, seus objetivos e definições.
O segundo capítulo se refere à revisão bibliográfica onde descreve-se trabalhos já
realizados com proteção diferencial.
No terceiro capítulo é apresentado referindo-se aos transformadores, explanando seu
funcionamento, aspectos construtivos explicando os seus modelos mais utilizados.
Já o quarto capítulo trata dos transformadores de instrumento, especificando os tipos
e sua aplicabilidade.
O quinto capítulo tem um destaque pois fala a respeito da proteção digital de
transformadores de força, enfatizando a respeito dos sistemas de proteção, relés e a proteção
diferencial.
No sexto capítulo, são os resultados experimentais onde se aplica a simulação e
comparação de resultados.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 (BERNARDES, 2006)

Tendo o título de Esquema Completo de Proteção Diferencial de Transformadores


para Testes em um Relé Digital, visando o emprego deste à avaliação do comportamento de
relés comercialmente disponíveis. Foi encolhido o software ATP (Alternative Transient
Program) para simulações e se destacaram as seguintes ocorrências: situações de faltas
externas e internas, situações de energização, sobreexcitação e de saturação de TC
(Transformador de Corrente).
Todo o processo envolvido foi de fundamental importância e que podem ser
aplicadas para a continuação de estudos e testes, pois, é economicamente viável. Assim como
todo o processo do estudo foi de grande relevância para elevar o nível de conhecimento a fim
de servir como base para estudo mais avançados.

2.2 (SEGATO ET AL, 2009)

Com o título de Redes Neurais Aplicadas a Relés Diferenciais para Transformadores


de Potência apresenta um sistema completo de proteção diferencial para transformadores de
potência, através da teoria de Redes Neurais Artificiais (RNAs). Este méto trata a
classificação do sistema de proteção como um problema de reconhecimento de padrões e
constitui um método alternativo aos algoritmos convencionais. Relata que muitos fatores, tais
como a energização do transformador e a saturação dos TCs, podem causar uma operação
inadequada do relé de proteção. Explica que um sistema de proteção completo foi
desenvolvido, incluindo um módulo baseado em RNA em substituição aos filtros harmônicos,
usados no algoritmo convencional. Este módulo RNA, se constituiu de uma RNA tipo MLP
Backpropagation para a classificação de sinais. Essa análise foi realizada através do emprego
de RNAs Recorrentes de Elman, utilizadas para reconstruir os sinais distorcidos pela
saturação dos TCs. As rotinas foram adicionadas ao algoritmo final de proteção, o
desempenho dos algoritmos propostos foi comparado ao do algoritmo convencional de
proteção de transformadores, em termos de velocidade e precisão de resposta. Com a

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utilização de uma ferramenta de inteligência artificial em um algoritmo completo de proteção


de transformadores, uma solução precisa, rápida e eficiente foi obtida, se comparada aos
métodos convencionais.

2.3 (FLACH, 2008)

O trabalho seguinte que tem como título o Desempenho da Proteção Diferencial de


Transformadores em Sistemas de Potência utiliza o relé diferencial digital aplicado a proteção
de transformadores, com o objetivo de verificar quando os transformadores quando alimentam
um sistema de transmissão compensado por capacitores série frente aos impactos provocados
por curto circuitos. O objetivo do trabalho é entender e se possível reduzir os efeitos de um
desempenho inadequado do sistema.

2.4 (OLIVEIRA, 2009)

Com o título de Proteção Diferencial de Transformadores Trifásicos Utilizando a


Transformada de Wavelet, apresenta uma nova metodologia de proteção diferencial de
transformadores utilizando a transformada wavelet para extrair os sinais transitórios
dominantes induzidos pelas faltas internas.
A transformada wavelet é uma eficiente ferramenta utilizada no estudo de sinais não-
estacionários e de rápida transição. Usando um modelo elaborado de um sistema elétrico de
transmissão as simulações computacionais são efetuadas para avaliar o desempenho do
algoritmo de proteção. Os resultados obtidos nas simulações mostraram que a proteção
diferencial de transformadores trifásicos baseada na variação de energia espectral dos
coeficientes wavelets apresentou um ótimo desempenho quando comparada com a
metodologia de proteção convencional.

2.5 (BARBOSA ET AL, 2009)

Com o título de o Impacto do Paralelismo na Proteção Diferencial de


Transformadores de Potência, relata que a operação de transformadores de potência em

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paralelo é corriqueira, bem como o uso da função diferencial de corrente. Um estudo do


comportamento desta função para a condição operativa supracitada é necessário. Então, um
sistema elétrico foi modelado no software ATP para caracterizar diversas situações de
operação, bem como faltas internas, externas e energizações solidárias dos transformadores. A
partir dessas situações, dois relés digitais disponíveis comercialmente com a referida função
foram avaliados. Os resultados mostraram que para determinadas situações pode haver uma
operação indevida de certos equipamentos de proteção no que tange a função avaliada e que,
tanto os fabricantes, quanto os usuários, devem estar cientes e atentos às mesmas.

2.6 (ABREU, 2011)

Com o título de Modelagem e Simulação de Transformadores, Sob Condições


Transitórias, Levando em Consideração os Efeitos de Saturação e Histerese do Núcleo
Ferromagnético, são efetivadas simulações de transitórios tendo como elemento de referência
o transformador, sendo assim, é realizada uma simulação de indutância não linear histerética,
considerando os efeitos da saturação e perda do núcleo, através do uso da relutividade
diferencial. O software utilizado para as simulações foi o ATP, onde os estudos dos
transitórios levaram a modelagem a uma representação por equações matriciais diferenciais
não lineares.

2.7 (VERNEY, 2012)

O referido trabalho com o título de Desempenho da Proteção Diferencial em


Transformadores de Potência Perante Condições Especiais de Operação trata de uma análise
sobre as condições de operação que podem levar à operação indevida da proteção diferencial.
Estas condições foram simuladas utilizando o programa ATP/EMTP e a modelagem de um
sistema real. O modelo do transformador foi o componente principal das simulações
realizadas, com um núcleo modelado contendo uma resistência de magnetização e um indutor
não linear. Forma então realizados testes para verificar o desempenho de um relé comercial
empregando os ajustes necessários para avaliar o desempenho e influência dos mesmos.

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Os resultados foram satisfatórios, pois não houve operação indevida do relé digital,
satisfazendo a aplicação de relés digitais na proteção dos principais equipamentos de
subestação, como o transformador.

2.8 (TAVARES, 2013)

Neste trabalho que tem como título a Modelagem e Simulação da Proteção Diferencial
de Transformadores de Potência no ATP, dá ênfase a modelagem de um relé numérico
microprocessado no ATP, com o intuito de avaliar o seu desempenho quanto a proteção em
transformadores de potência durante situações reais de operação que é submetido o SE. Foram
realizados testes e implementadas no sistema as funções de proteção diferencial percentual de
fase (87T), de sequência negativa (87Q) e de falta a terra restrita (REF), com resultados
satisfatórios mostrando as vantagens do modelo de relé utilizado.

2.9 (VIEIRA, 2013)

O trabalho que tem como título, Ferramentas Inteligentes Aplicadas a Proteção


Diferencial de Transformadores de Potência tem como proposta utilizar ferramentas
alternativas de proteção diferencial para que ela não opere em casos indevidos para que o
transformador não seja desligado desnecessariamente. Forma estudados algoritmos
alternativos para contornar os problemas relacionados à lógica dos relés digitais, sendo
analisadas ferramentas inteligentes que visam a melhoria dos esquemas tradicionais de
proteção diferencial. Neste trabalho foram estudadas as ferramentas conhecidas como lógica
fuzzy, transformada wavelet e redes neurais artificiais que obtiveram êxito em velocidade de
resposta e qualidade.

2.10 (MEDEIROS, 2014)

O seguinte trabalho que tem como título a Proteção Diferencial de Transformadores


de Potência Utilizando a Transformada Wavelet, descreve que quando se utiliza as
componentes de baixa frequência das correntes diferenciais que passam pelo transformador, a
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principal dificuldade dos métodos de proteção diferencial convencionais é que se tem um


atraso para detecção dos eventos. Faltas internas, externas e demais distúrbios que tem relação
com a operação do transformador apresentam transitórios, podendo ser apropriadamente
detectados pela transformada wavelet. O trabalho tem um propósito de desenvolver um
esquema de proteção diferencial de transformadores com base na transformada wavelet para
rápida detecção e identificação de faltas externas, internas e condições de energização do
transformador usando a energia dos coeficientes wavelet das correntes diferenciais. Teve
como resultado as vantagens da utilização da transformada wavelet na proteção diferencial em
relação à proteção convencional, uma vez que ela provê confiabilidade e rapidez na detecção
desses eventos.

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3 TRANSFORMADORES

3.1 INTRODUÇÃO

O transformador de potência é muito importante dentro do Sistema Elétrico de


Potência (SEP), sendo um dos principais equipamentos de Subestação de Energia (SE). O
transformador de potência é responsável por fazer a transferência de energia elétrica de um
circuito para outro com a manutenção da frequência e fazendo uma mudança na tensão e na
corrente. Tem por principal objetivo fazer com que em um sistema de transmissão de energia
se tenha menos perdas.
De acordo com FITZGERALD (6ª EDIÇÃO), a essência do funcionamento de um
transformador requer apenas que haja um fluxo comum, variável no tempo, enlaçando dois
enrolamentos, onde no mesmo se obtém uma relação de tensões, ou relações de
transformação. O transformador típico é basicamente constituído por 3 elementos: O
enrolamento primário, enrolamento secundário e um núcleo magnético de material
ferromagnético, conforme mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1 - Transformador ideal.

Fonte: KOSOW, 1982.

3.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Os transformadores são divididos de acordo com o aspecto construtivo, podendo ser


com núcleo ferromagnético ou com núcleo de ar.

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Os transformadores de potência são essencialmente com núcleo ferromagnético. De


acordo com NUNES (2010) além de uma alta permeabilidade magnética esses materiais
devem possuir uma resistividade elétrica relativamente elevada e uma indução residual
relativamente baixa quando for submetido a uma magnetização cíclica. Essas propriedades
implicarão em uma baixa relutância e, por consequência, em pequena absorção de corrente
magnetizante e de potência relativa de magnetização, baixas perdas por correntes parasitas e
baixa perda histerética. O material usado para a fabricação é no geral de aço-silício por
diminuírem a perda por corrente de Foucault ou correntes parasitas.
O núcleo de ar não apresenta perdas magnéticas, apresenta grande relutância e por
isso necessita de maior força magneto motriz de excitação, além disso o núcleo de ar confere
uma característica linear ao circuito magnético do transformador (NUNES, 2010). Os
transformadores com núcleo de ar ficam com os enrolamentos em contato com a atmosfera,
praticamente restritos a pequenos transformadores, pois, se não apresentar uma grande
quantidade de espirras no mesmo haverá uma corrente magnetizante relativamente elevada,
ou seja, terá que ser excitado com uma frequência alta para que possa oferecer uma grande
reatância a fonte.
Quanto ao número de fases, eles são classificados como sendo monofásico ou
trifásico. Os transformadores monofásicos possuem somente uma fase na tensão de entrada e
apenas uma fase em sua saída conforme a Figura 3.2.

Figura 3.2 – Transformador monofásico.

Fonte: NUNES, 2010.

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Os transformadores para serem considerados trifásicos conforme a Figura 3.3, pode


ser utilizado o agrupamento de três transformadores monofásicos, então, os enrolamentos do
primário serão alimentados pelo sistema e seu agrupamento será em triângulo ou estrela.

Figura 3.3 – Transformador trifásico.

Fonte: NUNES, 2010.

Para aumentar o rendimento e diminuir as perdas dos transformadores os núcleos se


classificam como sendo laminados, contínuos ou toroidais. Os núcleos laminados conforme a
Figura 3.4, têm por objetivo diminuir as perdas de Foucault, para isso, atenuando as correntes
induzidas no núcleo. Sua disposição de dá nas formas E-I, E-E, U-I, dessa forma é que se
indica o tipo de lamina que está sendo usada.

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Figura 3.4 – Núcleo laminado na forma E e I.

Fonte: (http://ivanespinozaespejo.blogspot.com.br/2015/08/calculo-de-un-
transformador.html).

Os de núcleo contínuo apresenta elevada permeabilidade magnética, que por


consequência eleva as perdas. Sua utilização se detém em circuitos que operam em alta
frequência. Os transformadores com núcleo toroidal são mais eficientes do que os com núcleo
laminado do tipo E-I, de acordo com NUNES (2010), as bobinas primarias e secundárias são
enroladas de maneira concêntrica para cobrir a superfície inteira do núcleo. Isto minimiza o
comprimento do fio necessitado, e fornece também a seleção para minimizar o campo
magnético do núcleo de gerar interferência eletromagnética.
Conforme a disposição dos enrolamentos os transformadores são de núcleo
envolvidos, pois os enrolamentos envolvem a coluna do núcleo. Na Figura 3.5 (a) um
transformador monofásico e na Figura 3.5 (b) um transformador trifásico, ambos com os
enrolamentos colocados sobre as colunas envolvendo o respectivo circuito magnético
(MARTIGNONI, 1991). Nos transformadores com núcleo envolvente os enrolamentos são
envolvidos pelo circuito magnético. Na Figura 3.6 (c) um transformador monofásico e na
Figura 3.5 (d) um transformador trifásico, ambos com os núcleos envolvidos
(MARTIGNONI, 1991).

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Figura 3.5 – (a)Transformador monofásico envolvido – (b)Transformador trifásico envolvido.

Fonte: MARTIGNONI, 1991.

Figura 3.6 – (c)Transformador monofásico envolvente – (d)Transformador trifásico


envolvente.

Fonte: MARTIGNONI, 1991.

3.3 MODELOS USUAIS DO TRANSFORMADOR

Os modelos usuais do transformador são subdivididos em autotransformador,


transformador com múltiplos enrolamentos, transformador de medida, transformador de sinal
e transformador de potência, sendo eles descritos nos próximos parágrafos.
Conforme mostra a Figura 3.7 (a), FITZGERALD (6ª edição) explica que no caso de
um transformador de dois enrolamentos mostrado com N1 e N2 espiras nos enrolamentos
primário e secundário respectivamente. O mesmo efeito sobre transformação sobre tensões,
correntes e impedâncias pode ser obtido quando esses enrolamentos são conectados conforme
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a Figura 3.7 (b), que o enrolamento bc é comum a ambos os circuitos do primário e


secundário, sendo conhecido como autotransformador.

Figura 3.7 – (a) Transformador de dois enrolamentos. (b) Autotransformador.

Fonte: FITZGERALD, 6ª edição.

Os enrolamentos do transformador de dois enrolamentos estão nesse caso


eletricamente isolados, sendo que no autotransformador estão conectados entre si. O
autotransformador é do tipo redutor quando o número de espiras do secundário é inferior ao
do primário e do tipo elevador no caso contrário. O autotransformador ainda possui algumas
vantagens como tendo um único enrolamento e, em certos casos, com condutores de menor
secção, e possui menores perdas nos enrolamentos.
De acordo com NOGUEIRA (2009), transformadores com múltiplos enrolamentos
são aqueles que apresentam no mínimo três enrolamentos que no caso são utilizados para
conectar três ou mais circuitos que normalmente apresentam correntes distintas. Em um
transformador com três enrolamentos, existe um enrolamento chamado de terciário, e em um
transformador de dois enrolamentos, todos os enrolamentos são isolados entre si permitindo
assim duas entradas ou duas saídas de mesmo nível de tensão eletricamente isoladas.

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Figura 3.8 – Transformador com múltiplos enrolamentos.

Fonte: (http://www.ufrgs.br/eng04030/Aulas/teoria/cap_13/tiaptran.htm).

Os transformadores de medida têm a função de realizar a redução de grandezas de


tensão e corrente elétrica para níveis que se possam realizar medições seguras, tanto no
transporte de energia quanto na distribuição da mesma.
Como pode-se perceber eles podem ser de dois tipos:
 Transformadores de corrente: Reduzem as altas correntes presentes nas linhas
e permitem que cheguem até o local onde se realiza sua leitura.
 Transformadores de tensão: Reduzem as altas tensões presentes nas linhas e
permitem que cheguem até o local onde se realiza sua leitura.
Um transformador de sinal, basicamente faz a transformação de resistências em
aplicações áudio, como é o caso da adaptação entre as resistências de saída de um
amplificador áudio e de entrada de um alto-falante e na adaptação de impedâncias em
amplificadores sintonizados de frequência intermédia e rádio-frequência em receptores de
telecomunicações.
Os transformadores de potência têm por objetivo fazer a elevação ou redução da
tensão para realizar o seu transporte e distribuição até chegar ao consumo pelas redes de
energia elétrica. A sua utilização se deve ao fato de que essa elevação e redução da tensão
reduze as perdas por efeito Joule, reduz a secção, o peso e o custo de linhas de transporte.
Ainda são caracterizados por alguns parâmetros, bem como, sua potência aparente
nominal, tensão e corrente nominal nos dois enrolamentos, como por exemplo um
transformador de 630 kVA e 20 kV - 400 V.

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Figura 3.9 – Transformador de força.

Fonte: WEG, 2016.

3.4 FENOMÊNOS TRANSITÓRIOS EM TRANSFORMADORES

O primeiro cuidado que deve ser tomado é com relação a corrente de magnetização
do transformador que é chamada de corrente de inrush, que ocorre durante a energização do
transformador devido a magnetização e saturação do núcleo. De acordo com (Mañana, M.) a
corrente de inrush pode apresentar um amplitude de 8 a 10 vezes o valor da corrente nominal
do transformador, entretanto, conforme Harlow (2006) afirma que a corrente de inrush é de
aproximadamente 25 vezes a corrente nominal em 0,01 s e aproximadamente 12 vezes a
corrente nominal em 0,1 s.
Este fenômeno pode causar diversos danos junto ao transformador, como por
exemplo: a deterioração do isolamento; da estrutura de suporte mecânico dos enrolamentos;
stress na bobinas e falha na proteção diferencial, ocasionando uma redução na qualidade da
energia do sistema.
A corrente de inrush ocorre nos seguintes casos:
 Energização do transformador;

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 Energização solidária, quando um transformador está e paralelo com o outro


já em operação;
 Após a extinção de curtos-circuitos externos.

A Figura 3.9 mostra a origem da corrente de inrush considerando o ciclo de histerese


do transformador, no qual fluxo total no momento da energização (φT) é a soma do fluxo
residual e o fluxo inicial quando da energização (φI) (TAVARES, 2013).

Figura 3.10 – Origem da corrente de inrush.

Fonte: TAVARES, 2013.

A componente harmônica de 2ª ordem é uma característica da corrente de inrush e


através disso ela é detectada a fim de se evitar a operação indevida do sistema de proteção.
Na sobre-excitação como o fluxo magnético é proporcional a relação entre tensão e
frequência, de acordo com (PEREIRA JÚNIOR, Brasil) é possível concluir que altas
densidades de fluxo magnético são provenientes de sobretensões, subfrequências ou a
combinação de ambos. Os níveis de fluxo oriundos dessas situações podem ser grandes o
suficiente para saturar o núcleo ferromagnético. Como consequência, tem-se o aumento das
correntes parasitas nas partes não laminadas do núcleo, que são capazes de produzir fugas
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térmicas e danos ao equipamento. Adicionalmente, as correntes induzidas nas partes


laminadas do núcleo que podem criar gradientes de tensão suficientes para quebrar a isolação
entre lâminas, provocando um dano permanente ao núcleo, que se torna incapaz de conduzir
até mesmo o fluxo nominal, sem a presença de arcos elétricos.
E além de tudo isso existe o fluxo saturado que possuem natureza não senoidal e suas
correntes parasitas são ricas em harmônicos, fazendo com que aumentem o aquecimento.
Devido a tudo isso a sobre-excitação ocorre devido a um excessivo aquecimento nos
enrolamentos, cabos, conectores e outros elementos da estrutura, além disso provoca vibração
e ruído.
Um dos grandes problemas enfrentados entre os engenheiros projetistas é a saturação
dos transformadores de corrente, pois os mesmos ficam expostos a esse fenômeno.
Segundo BERNARDES (2006), a função dos TCs é transformar as correntes
oriundas do sistema de potência em correntes de baixa magnitude e fornecer isolação
galvânica entre a rede elétrica e os relés ou outros instrumentos conectados ao seu
enrolamento secundário.
Os efeitos dessa saturação são em faltas internas quando os harmônicos que são
gerados pela saturação podem atrasar o envio do sinal de trip, e em faltas externas quando se
obtém falsas correntes de operação devido a distorção das ondas no secundário do TC com o
núcleo já estando saturado.
As condições de operação do núcleo do transformador são muito similares as
situações de energização no momento em que uma falta externa é removida pelo sistema de
proteção, assim provocando uma corrente de magnetização sendo essa de uma menor
amplitude. As formas de onda das correntes primárias serão semelhantes às que ocorrem na
energização, pois há o surgimento de componente CC dependendo do instante em que a falta
é removida, tudo isso devido a tensão aplicada aos enrolamentos passar de um valor de pré-
falta para um valor de pós-falta, assim, o fluxo concatenado ocorre do mesmo modo.
Na maioria das vezes ignorada pelas literaturas, a energização solidária está presente,
como as correntes de energização são elevadas, conforme BARBOSA (2010) estas são
calculadas assumindo que o transformador está isolado do sistema, não possuindo outros
equipamentos similares conectados.
Na prática, os transformadores são energizados em paralelo com os demais
equipamentos, assim, ocorrendo sobretensões e transientes e vale salientar que a corrente de
inrush que ocorre na energização solidária é de amplitude maior que na energização de um
transformador que não opera em paralelo.
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4 TRANSFORMADORES DE INSTRUMENTOS

Os transformadores de instrumento são divididos em transformadores de corrente


(TC) e transformadores de potencial (TP). Tem por finalidades fornecer alimentação elétrica a
relés ou medidores, sendo essa alimentação com intensidade de corrente (TC) ou intensidade
de tensão (TP) com proporcionalidade ao circuito de potência, reduzir os níveis de corrente e
tensão, prever isolação de alta tensão tanto para proteção pessoal quanto para proteção de
equipamentos.

4.1 TRANSFORMADORES DE CORRENTE (TC)

De acordo com MAMEDE FILHO (2013), os transformadores de corrente são


equipamentos que permitem aos instrumentos de medição e proteção funcionar
adequadamente sem que seja necessário possuírem correntes nominais de acordo com a
corrente de carga do circuito a qual estão ligados.
Possuem uma corrente nominal transformada no secundário que na maioria das vezes
é de 5 A e o seu enrolamento primário possui poucas espirras, sendo assim, o
dimensionamento dos instrumentos de medição e proteção são em tamanhos reduzidos
utilizando poucos fios de cobre em suas bobinas de corrente.
Os amperímetros, relés, medidores de energia e de potência por exemplo possuem
uma resistência elétrica baixa, então os transformadores de corrente são utilizados para suprir
esses equipamentos.

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Figura 4.1 – Transformador de corrente.

Fonte: UNIFEI, 2014.

As formas construtivas dos transformadores de correntes são as mais variadas, sendo


o TC tipo barra aquele cujo enrolamento primário é constituído por uma barra fixada através
do núcleo do transformador, conforme mostra a Figura 4.2.

Figura 4.2 – Transformador de corrente do tipo barra.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo enrolado é aquele cujo enrolamento primário é constituído de uma ou mais


espiras envolvendo o núcleo do transformador, conforme mostra a Figura 4.3.

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Figura 4.3 – Transformador de corrente do tipo enrolado.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo janela é aquele que não possui um primário fixo no transformador e é


constituído de uma abertura através do núcleo, por onde passa o condutor que forma o circuito
primário, conforme mostra a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Transformador de corrente do tipo janela.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo Bucha é aquele cujas características são semelhantes ao TC do tipo barra,


porém sua instalação é feita na bucha dos equipamentos (transformadores, disjuntores, etc.),
que funcionam como enrolamento primário, como mostra a Figura 4.5.

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Figura 4.5 – Transformador de corrente do tipo bucha.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo núcleo dividido é aquele cujas características são semelhantes às do tipo


janela, em que o núcleo pode ser separado para permitir envolver o condutor que funciona
como enrolamento primário, conforme mostra a Figura 4.6.

Figura 4.6 – Transformador de corrente do tipo núcleo dividido.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo com vários enrolamentos primários é aquele constituído de vários


enrolamentos primários montados isoladamente e apenas um enrolamento secundário,
conforme mostra a Figura 4.7.

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Figura 4.7 – Transformador de corrente do tipo com vários enrolamentos primários.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo com vários núcleos secundários é aquele constituído de dois ou mais


enrolamentos secundários montados isoladamente, sendo que cada um possui individualmente
o seu núcleo, formado, juntamente com o enrolamento primário, um só conjunto, conforme
mostra a Figura 4.8. Neste tipo de transformador de corrente, a seção do condutor primário
deve ser dimensionada tendo em vista a maior das relações de transformação dos núcleos
considerados.

Figura 4.8 – Transformador de corrente do tipo com vários núcleos secundários.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo com vários enrolamentos secundários é aquele constituído de um único


núcleo envolvido pelo enrolamento primário e vários enrolamentos secundários, conforme
mostra a Figura 4.9, e que podem ser ligados em série ou paralelo.

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Figura 4.9 – Transformador de corrente do tipo com vários enrolamentos


secundários.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

O TC tipo derivação no secundário é aquele constituído de um único núcleo


envolvido pelos enrolamentos primário e secundário, sendo este provido de uma ou mais
derivações. Entretanto o primário pode ser constituído de um ou mais enrolamentos. Como os
amperes-espiras variam em cada relação de transformação considerada, somente é garantida a
classe de exatidão do equipamento para a derivação que estiver o maior número de espiras. A
versão deste tipo de TC é dada na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Transformador de corrente do tipo derivação no secundário.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Quanto aos tipos de isolamento em transformadores de corrente os TCs de baixa


tensão possuem um núcleo de ferro-silício de grãos orientados, estando junto com os
enrolamentos do primário de do secundário, normalmente são encapsulados em resina epóxi,
submetido à polimerização, proporcionando assim um endurecimento permanente, fazendo
com que seu sistema seja compacto, conseguindo um desempenho grande em características
elétricas e mecânicas.

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Os transformadores de corrente de média tensão são muito semelhantes aos de baixa


tensão, pois, normalmente construídos em resina epóxi, quando destinados às instalações
abrigadas, podendo ainda serem encontrados transformadores de corrente para uso interno,
construídos em tanque metálico cheio de óleo mineral (MAMEDE FILHO, 2013).
Para a média tensão, normalmente os TCs tem seu isolamento com resinas sintéticas,
podendo ser também ser isolados com óleo mineral em que seu núcleo fica imerso em um
tanque com o óleo isolante, e seus terminais primários são providos por isoladores de
porcelana. Já os TCs de alta tensão, usados externamente, possuem um isolamento porcelana-
óleo, podendo ainda ser isolados com gás SF6. Quando fabricados em epóxi são normalmente
após um defeito interno, descartáveis.
Quando um sistema é igual ou superior a 69 kV possui seus primários envolvidos por
uma blindagem eletrostática, tendo como objetivo um campo elétrico uniforme, e quando um
transformador de corrente é instalado em uma subestação ao tempo possuem um suporte de
concreto ou uma estrutura em metal.
O transformador de corrente pode ser representado pelo circuito equivalente da
Figura 4.11, onde, os parâmetros de índice “1” representam o circuito primário, os de índice
“2“, o circuito secundário e os de índices “m” e “e” representam o circuito do ramo
magnetizante.

Figura 4.11 – Circuito equivalente de um transformador de corrente.

Fonte: MARDEGAN, 2010.

Onde:
I1 = Corrente no primário do TC
I’1 = Corrente do primário referida ao secundário
I2 = Corrente no secundário do TC
Ie = Corrente no ramo magnetizante do TC

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n = Número de espiras do TC
Zc = Impedância da carga
R2 = Resistência do enrolamento secundário
X2 = Reatância do enrolamento secundário
Xm = Reatância do ramo magnetizante
R’1 = Resistência do enrolamento primário referida ao enrolamento secundário
X’1 = Reatância do enrolamento primário referida ao enrolamento secundário

Seu funcionamento se dá da de uma forma resumida. Uma determinada carga


absorve da rede uma certa corrente I’1 que circula no enrolamento primário do TC, cuja
impedância (Z1 = R’1 + jX’1) pode ser desconsiderada. A corrente que circula no secundário
do TC, I2 provoca uma queda de tensão na sua impedância interna (Z2 = R2 +jX2) e na
impedância da carga conectada (Z2= R2 +jX2) que afeta o fluxo principal, exigindo uma
corrente magnetizante Ie diretamente proporcional.
I’1 deve ser igual à soma de I2 mais Ie, pois, o erro do TC é resultante da corrente
que circula no ramo magnetizante. A impedância do primário não afeta a exatidão do TC.
Quando o núcleo entra em saturação, exige uma corrente de magnetização muito elevada,
deixando de ser transferida para a carga Zc, provocando assim um erro de valor considerável
na medida secundária (MAMEDE, 2013).
As correntes nominais devem ser compatíveis com a corrente de carga do circuito
primário, essas correntes e as relações de transformação nominais estão discriminadas nas
Tabelas 4.1 e 4.2.

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Tabela 4.1 – Correntes primárias e relações nominais.

CORRENTE CORRENTE RELAÇÃO


PRIMÁRIA SECUNDÁRIA NOMINAL
PADRONIZADA PADRONIZADA
5 5A 1:1
10 5A 2:1
15 5A 3:1
20 5A 4:1
25 5A 5:1
30 5A 6:1
40 5A 8:1
50 5A 10:1
60 5A 12:1
75 5A 15:1
100 5A 20:1
125 5A 25:1
150 5A 30:1
200 5A 40:1
250 5A 50:1
300 5A 60:1
400 5A 80:1
500 5A 100:1
600 5A 120:1
800 5A 160:1
1000 5A 200:1
1200 5A 240:1
1500 5A 300:1
2000 5A 400:1
2500 5A 500:1
3000 5A 600:1
4000 5A 800:1
5000 5A 1000:1
6000 5A 1200:1
8000 5A 1600:1
Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

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Tabela 4.2 – Correntes primárias e relações nominais duplas para ligação série/paralela.

CORRENTE RELAÇÃO
PRIMÁRIA NOMINAL
PADRONIZADA
5 x 10 1 x 2:1
10 x 20 2 x 4:1
15 x 30 3 x 6:1
20 x 40 4 x 8:1
25 x 50 5 x 10:1
30 x 60 6 x 12:1
40 x 80 8 x 16:1
50 x 100 10 x 20:1
60 x 120 12 x 24:1
75 x 150 15 x 30:1
100 x 200 20 x 40:1
150 x 300 30 x 60:1
200 x 400 40 x 80:1
300 x 600 60 x 120:1
400 x 800 80 x 160:1
600 x 1200 120 x 240:1
800 x 1600 160 x 320:1
1000 x 2000 200 x 400:1
1200 x 2400 240 x 480:1
1500 x 3000 300 x 600:1
2000 x 4000 400 x 800:1
2500 x 5000 500 x 1000:1
3000 x 6000 600 x 1200:1
4000 x 8000 800 x 1600:1
5000 x 10000 1000 x 2000:1
6000 x 12000 1200 x 2400:1
7000 x 14000 1400 x 2800:1
8000 x 16000 1600 x 3200:1
9000 x 18000 1800 x 3600:1
10000 x 20000 2000 x 4000:1
Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

As correntes nominais secundárias são adotadas geralmente iguais a 5ª, em casos


especiais, quando os aparelhos, normalmente relés de proteção são instalados distantes dos
transformadores de corrente, pode-se adotar a corrente secundária de 1 A, a fim de reduzir a
queda de tensão nos fios de interligação. NBR 6856 adota as seguintes simbologias para
definir as relações de correntes (MAMEDE, 2013).
 Sinal de dois pontos (:) deve ser usado para exprimir relações n como, por
exemplo: 300:1;
 O hífen (-) deve ser usado para separar correntes nominais de enrolamento
diferentes, como, por exemplo: 300-5 A, 300-300-5 A (dois enrolamentos
primários), 300-5-5 (dois enrolamentos secundários);
 O sinal (x) deve ser usado para separar correntes primárias nominais, ainda
relações nominais duplas, como, por exemplo, 300 x 60-5 A (correntes
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primárias nominais) cujos enrolamentos podem ser ligados em série ou


paralelo, conforme a Figura 4.7;
 A barra ( / ) deve ser usada para separar correntes primárias nominais ou
relações nominais obtidas por meio de derivações, efetuadas tanto nos
enrolamentos primários como nos secundários, como, por exemplo. 300/400-
5 A, ou 300-5/5 A, como visto na Figura 4.10.
Os transformadores de corrente devem ser especificados de acordo com a carga que
será ligada no seu secundário. Dessa forma, a NBR 6856 padroniza as cargas secundárias de
acordo com a Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Cargas nominais para TCs a 60 Hz e 5 A.

Potência
Resistência Indutância Fator de
Designação Aparente Impedância
 mH potência
VA
C2,5 0,09 0,116 2,5 0,9 0,1
C5,0 0,18 0,232 5,0 0,9 0,2
C12,5 0,45 0,580 12,5 0,9 0,5
C25,0 0,50 2,3 25,0 0,5 1,0
C50,0 1,0 4,6 50,0 0,5 2,0
C100,0 2,0 9,2 100,0 0,5 4,0
C200,0 4,0 18,4 200,0 0,5 8,0
Fonte: MAMEDE FILHO, 2013.

Segundo MAMEDE (2013), a carga secundária nominal é a impedância ligada aos


terminais secundários do TC, cujo valor corresponde à potência para a exatidão garantida, sob
corrente nominal, ou seja, um TC C200, a impedância da carga nominal vale 8 Ω, conforme:

𝑃 200
𝑍𝑠 = 𝐼2𝑡𝑐𝑠= 52 = 8 Ω (4.1)

A carga secundária para um transformador de corrente represente o valor ôhmico das


impedâncias formadas pelos diferentes aparelhos ligados a seu secundário.

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Quando a corrente secundária nominal seja diferente de 5 A, os valores das cargas


devem ser multiplicados pelo quadrado da relação entre 5 A e a corrente secundária nominal
correspondente, para que se obtenha os valores desejados.
MAMEDE (2013) ainda afirma que a carga dos aparelhos que devem ser ligados aos
transformadores de corrente tem que ser dimensionada criteriosamente para se escolher o TC
de carga padronizada compatível. No entanto, como os aparelhos são interligados aos TC's
através de fios, normalmente de grande comprimento, é necessário calcular-se a potência
dissipada nesses condutores e somá-la a potência dos aparelhos correspondentes. Assim a
carga de um transformador de corrente, independentemente de ser destinado à medição ou a
proteção, pode ser dada pela equação:

𝐶𝑡𝑐 = ∑ 𝐶𝑎𝑝 + 𝐿𝑐 × 𝑍𝑐 × 𝐼 2 𝑠 ( 𝑉𝐴) (4.2)

Onde:
ΣCap= Soma das cargas correspondentes às bobinas de corrente dos aparelhos
considerados, em VA;
Is= Corrente nominal secundária, normalmente igual a 5A;
Zc= Impedância do condutor, em Ώ/m ;
Lc= Comprimento do cabo condutor, em metros.

Ainda os relés de sobrecorrente que são do tipo de indução apresentam uma carga
variável em função do tape utilizado.
O fator de sobrecorrente que é conhecido como fator de segurança, é o fator utilizado
para se obter a máxima corrente em seu primário até o limite de sua classe de exatidão, para
isso o múltipla pela corrente primária do TC.
A NBR 6856/81 especifica de sobrecorrente para serviço de proteção em 20 vezes a
corrente nominal. Quando a carga ligada a um transformador de corrente for inferior à carga
nominal deste equipamento, o fator de recorrente é alterado sendo inversamente proporcional
à referida carga. Consequentemente, a proteção natural que o TC oferecia ao aparelho fica
prejudicada (MAMEDE FILHO, 2013).
Conforme a equação, fornece o valor que assume o fator de sobrecorrente, em função
da relação entre a carga nominal do TC e a carga ligada ao seu secundário:

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𝐶𝑛
𝐹1 = × 𝐹𝑆 (4.3)
𝐶𝑠

Onde:
Cs- Carga ligada ao secundário, em VA;
Fs- Fator de sobrecorrente nominal ou de segurança;
Cn- Carga nominal, em VA.

Se F1 for superior a Fs submeteria os aparelhos a urna grande intensidade de corrente


ocasionando a saturação do transformador de corrente.
Corrente de magnetização é a que circula no enrolamento primário do transformador
de corrente como consequência do fluxo magnetizante do núcleo. A curva de magnetização
dos transformadores de corrente fornecida pelos fabricantes permite que se calcule a tensão
induzida no seu secundário e a corrente magnetizante (MAMEDE FILHO, 2013).
A Figura 4.12 representa a curva de magnetização de um transformador de corrente
para serviço de proteção.

Figura 4.12 – Curva de magnetização de um transformador de corrente.

]
Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

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A tensão obtida no joelho da curva é aquela correspondente a uma densidade de


fluxo B igual a 1,5 tesla (T), a partir da qual o transformador de corrente entra em saturação.
Vale salientar que 1 tesla é a densidade de fluxo de magnetização de um núcleo, sua seção é
de 1 m² e através da qual circula um fluxo ø de 1 weber (W), o fluxo magnético representa o
número de linhas de força magnética, origina-se de uma superfície magnetizada ou entrando
na mesma superfície.
A corrente magnetizante se dá através da seguinte equação:

𝐼𝑒 = 𝐾 × 𝐻 (𝑚𝐴) (4.4)

Onde:
H- Força de magnetização, dada em mA/m;
K- Valor que depende do comprimento do caminho magnético e do número de
espiras, conforme a Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Ordem de grandeza de K da equação 5.5.

Tensão nominal do TC
Ampéres-espiras (kV)
(AS)
15 34,5 72,6
100 10,3 16,6 25,0
200 5,2 8,3 12,5
300 3,4 5,5 8,3
400 2,6 4,2 6,3
500 2,0 3,3 5,0
600 1,7 2,8 4,2
800 1,3 2,1 3,2
1000 1,0 1,6 2,5
Fonte: MAMEDE FILHO, 2013.

A corrente de magnetização não cresce proporcional à medida que cresce a corrente


primária e sim de acordo com a Figura 4.13.

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Figura 4.13 – Curva de magnetização.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Importante lembrar que um transformador de corrente não deve ter o seu circuito
secundário aberto, quando o primário está conectado à rede para que não ocorra a saturação e
não ocorra uma elevada força eletromotriz induzida nos enrolamentos secundários. Quando se
retirar os equipamentos ligados ao TC, os terminais do secundário devem ser curto-circuitados
a fim de se evitar um excesso de perdas Joule.
A tensão nos terminais secundários dos transformadores de corrente está limitada
pela saturação do núcleo. Mesmo assim é possível o surgimento de tensões elevadas
secundárias quando o primário dos TCs é submetido a correntes muito altas ou existe
acoplada uma carga secundária de valor superior à nominal (MAMEDE FILHO, 2013).
No momento em que a onda de fluxo senoidal está passando por zero, os valores
mais elevados de sobretensão ocorrem, pois, neste ponto se verifica máxima taxa de variação
de fluxo magnético no núcleo.
A equação 4.5 é usada para calcular a força eletromotriz induzida no secundário do
TC em função impedâncias da carga e dos enrolamentos secundários do transformador de
corrente.

𝐸𝑠 = 𝐼𝑐𝑠 × √[(𝑅𝑐 + 𝑅𝑡𝑐 )2 + (𝑋𝑐 + 𝑋𝑡𝑐 )2 ] (𝑉) (4.5)

Onde:
Ics- corrente que circula no secundário, em A;

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Rc- resistência da carga, em Ώ;


Rtc- resistência do enrolamento secundário do TC, em Ώ;
Xc- reatância da carga, em Ώ;
Xtc- reatância do enrolamento secundário do TC, em Ώ.

A tensão nominal pode ser obtida diretamente em função da carga padronizada do


TC e que é resultado do produto sua impedância pela corrente nominal secundária e pelo fator
de sobrecorrente, conforme mostra a Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Tensões secundárias dos TCs.

Tensão TC normalizado para proteção


Curva Secundária
(VA) (V) Classe A Classe B
C25 10 A10 B10
C5 20 A20 B20
C12,5 50 A50 B50
C25 100 A100 B100
C50 200 A200 B200
C100 400 A400 B400
C200 800 A800 B800
Fonte: MAMEDE FILHO, 2013.

Ou seja:

𝑉𝑠 = 𝐹𝑠 × 𝑍𝑐 × 𝐼𝑠 × (𝑉) (4.6)

Fs- Fator de sobrecorrente, padronizado em 20.

Fator térmico nominal é aquele em que se pode multiplicar a corrente primária


nominal de um TC para se obter a corrente que pode conduzir continuamente, na frequência e
com cargas especificadas, sem que sejam excedidos os limites de elevação de temperatura
definidos por norma. A NBR 6856 especifica os seguintes fatores térmicos nominais: 1,0 - 1,2
- 1,3 - 1,5 - 2,0.
Corrente térmica nominal é o valor eficaz da corrente primária de curto-circuito
simétrico que o TC pode suportar por um tempo definido, normalmente, igual a 1 s, estando

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com o enrolamento secundário em curto-circuito, sem que sejam excedidos os limites de


elevação da temperatura especificados por norma.
Fator térmico de curto-circuito é a relação entre a corrente térmica nominal e a
corrente nominal circula no primário do transformador (valor eficaz). É dado pela equação
5.7:

𝐼𝑡𝑒𝑟
𝑉𝑠 = (4.7)
𝐼𝑛𝑝

Onde:
Iter- corrente térmica do TC, em A;
Inp- corrente nominal primária, em A.

Corrente dinâmica nominal é o valor de impulso da corrente de curto-circuito


assimétrica que circula no primário do transformador de corrente e que este pode suportar, por
um tempo estabelecido de meio ciclo, estando os enrolamentos secundários em curto-circuito,
sem que seja afetado mecanicamente, em virtude das forças eletrodinâmicas desenvolvidas
(MAMEDE, 2013).
 Se as correntes circulantes são paralelas e de mesmo sentido, os condutores se
atraem;
 Se as correntes circulantes são paralelas e de sentido contrário, os condutores
se repelem;
 A corrente térmica é inferior a corrente inicial simétrica de curto-circuito,
conforme a equação 5.8.

𝐼𝑑𝑖𝑛 = 2,5 × 𝐼𝑡𝑒𝑟 (4.8)

Onde:
Idin= corrente dinâmica, em kA;
Iter= corrente térmica.

Os transformadores devem ser capazes de suportar as tensões de ensaio


discriminadas na tabela 4.6.

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Tabela 4.6 – Tensões suportáveis dos transformdores de corrente.

Tensão suportável nominal à


Tensão máxima do Tensão suportável nominal
frequência industrial durante de 1
equipamento de impulso atmosférico
min
kV kV ef kV ef
0,6 4
1,2 10 30,0
7,2 20 40 / 60
15,0 34 95 / 110
24,2 50 125 / 150
36,2 70 150 / 170 / 200
72,5 140 350,0
145,0 230 / 275 550,0
242,0 360 / 395 850 / 950
362,0 450 950 / 1050 / 1175
460,0 620 1425
Fonte: MAMEDE FILHO, 2013.

Os transformadores de corrente para medição e proteção são classificados de acordo


com a sua distinção no circuito onde estão operando.
Os transformadores de corrente para serviço de medição são capazes de carga em
uma relação geral de Ip/5, através desta consegue o registro dos valores pelos instrumentos
medidores. Além de representar uma elevada segurança aos operadores e leituristas, os
transformadores de corrente têm a finalidade de proteger os instrumentos de medida contra
sobrecargas ou sobrecorrentes de valores muito elevados (MAMEDE FILHO, 2013).
Conforme a equação 4.9, o seu núcleo é especificado para entrar em saturação para
correntes superiores à corrente nominal vezes o fator de sobrecorrente.

𝐼𝑝𝑠
𝐹𝑠 = (4.9)
𝐼𝑛𝑝

Onde:
Ips- corrente primária nominal de segurança;
Inp- corrente nominal primária do TC.

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A corrente primária nominal de segurança na equação 4.10.

𝐾𝑛 × 𝐼𝑠 ≤ 0,9 × 𝐼𝑝 (4.10)

Kn- relação nominal do TC;


Is- corrente que flui no secundário do TC;
Ip- corrente que flui no primário do TC.

O fator Fs , segundo a NBR 6856/81 deve ser decidido entre fabricante e comprador
desde que a equação 𝐾𝑛 × 𝐼𝑠 ≤ 0,9 × 𝐼𝑝 seja satisfeita, onde geralmente Fs varia entre
valores de 4 a 10.
Os aparelhos de medida são fabricados para suportar por um período de 1 s cerca de
50 vezes a sua corrente nominal, permitindo uma segurança extremamente grande para a
operação destes equipamentos. A IEC 185 nos especifica o fator de segurança desde que seja
atendida a equação 4.11.

𝐼𝑒
× 100 ≥ 10 % (4.11)
𝐼𝑛𝑠

Onde:
Ie- Corrente de excitação;
Ins- Corrente nominal secundária.

Para os transformadores de corrente que se destinam à medição de corrente, o


importante para se saber a precisão da medida é o erro inerente à relação de transformação.
Quando é necessário se proceder a uma medição em que é importante o defasamento da
corrente em relação à tensão, deve-se conhecer o erro do ângulo de fase (β) que o
transformador de corrente vai introduzir nos valores medidos.
O erro de relação de transformação fica registrado na medição de corrente com TC,
onde a corrente primária não corresponde exatamente ao produto gerado no secundário pela
relação de transformação nominal.
Esse erro pode ser corrigido através da equação 4.12 de correção de relação real.
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𝐼𝑠 + 𝐼𝑒
𝐹𝐶𝑅𝑟 = (4.12)
𝐼𝑒

Onde:
Is- corrente secundária de carga, em A;
Ie- corrente de excitação referida ao secundário, em A, pode ser determinado pela
curva da Figura 4.14.

Figura 4.14 – Curva de saturação de transformadores de corrente.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Para se obter a verdadeira relação de transformação, no caso, sem erro, é utilizada a


equação 4.13.

𝑅𝑇𝐶𝑟
𝐹𝐶𝑅𝑟 = (4.13)
𝑅𝑇𝐶

Onde:
RTCr- relação de transformação de corrente real;
RTC- relação de transformação de corrente nominal.

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O erro de relação pode ser calculado percentualmente através da equação 4.14.

𝑅𝑇𝐶 × 𝐼𝑠 − 𝐼𝑝
Ɛ𝑝 = × 100% (4.14)
𝐼𝑝

Onde:
Ip- corrente primária que circula no TC.

Ainda o erro de relação pode ser determinado pela equação 4.15.

Ɛ𝑝 = (100 − 𝐹𝐶𝑅𝑝 ) (%) (4.15)

Sendo Fator de Correção de Relação (FCRp) dado pela equação 4.16.

𝑅𝑇𝐶𝑟
𝐹𝐶𝑅𝑝 = × 100% (4.16)
𝑅𝑇𝐶

Os valores percentuais de FCRp no eixo das ordenadas podem ser encontrados nos
gráficos das Figuras 4.15, 4.16 e 4.17, respectivamente, para as classes de exatidão iguais a
0,3- 0,6 - 1,2.

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Figura 4.15 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 0,3.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Figura 4.16 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 0,6.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.


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Figura 4.17 – Exatidão dos transformadores de corrente classe 1,2.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

De acordo com a Figura 4.18 é o ângulo (β) que mede a defasagem entre a corrente
vetorial primária e o inverso da corrente vetorial secundária de um transformador de corrente.
Para qualquer fator de correção de relação (FCRp) conhecido de um TC, os valores
limites positivos e negativos do ângulo de fase (β) em minutos podem ser expressos pela
equação 4.17, em que o fator de correção de transformação (FCTp) do referido TC assume os
valores máximos e mínimos (MAMEDE FILHO, 2013):

𝛽 = 26 × (𝐹𝐶𝑅𝑝 − 𝐹𝐶𝑡𝑝 ) (4.17)

Onde:
FCTp- fator de correção de transformação percentual.

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Figura 4.18 –Diagrama fasorial de um transformador de corrente.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Esse fator é definido como sendo aquele que deve ser multiplicado pela leitura
registrada por um aparelho de medição ligado aos terminais de um TC, para corrigir o efeito
combinado do angulo de fase β e do fator de correção de relação percentual FCRp.
Considera-se que um TC para serviço de medição está dentro de sua classe de
exatidão nominal, quando os pontos determinados pelos fatores de correção de relação
percentual (FCRp) e pelos ângulos de fase β estiverem dentro do paralelogramo de exatidão.
De acordo MAMEDE FILHO (2013), com os instrumentos a serem ligados aos
terminais secundários do TC, devem ser as seguintes as classes de exatidão destes
equipamentos:
 Para aferição e calibração dos instrumentos de medida de laboratório: 0,1;
 Alimentação de medidores de demanda e consumo ativo e reativo para fins de
faturamento: 0,3;
 Alimentação de medidores para fins de acompanhamento de custos
industriais: 0,6;
 Alimentação de amperímetros indicadores, registradores gráficos, reles de
impedância, relés diferenciais, reles de distância, reles direcionais: 1,2;
 Alimentação de reles de ação direta, por exemplo, aplicados em disjuntores
primários de subestações de consumidor: 3,0.
A classe de precisão 3,0 não tem limitação de erro de ângulo de fase e o seu fator de
correção de relação percentual (FCRp) deve situar-se entre 103 e 97% para que possa ser

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considerado dentro de sua. classe de exatidão. Como o erro de um transformador de corrente


depende da corrente primária para ser determinada a sua classe de exatidão, a NBR 6856
especifica que sejam realizados dois ensaios que correspondem, respectivamente, aos valores
de 10% e 100% da corrente nominal primária.
Quanto maior for a corrente primária, menor será o erro de relação permitido para o
TC e quanto menor for a corrente primária, maior será o erro de relação permitido. A figura
4.19 fornece o erro do ângulo de fase em função do múltiplo da corrente nominal e a Figura
4.20 fornece também o erro de relação percentual, bem como o fator de correção de relação
em função do múltiplo da corrente nominal.

Figura 4.19 –Ângulo de fase de um TC para diferentes múltiplos de corrente.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

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Figura 4.20 –Ângulo de fase de um TC para diferentes múltiplos de corrente.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Os transformadores de corrente destinados a proteção transformam elevadas


correntes de sobrecarga ou de curto-circuito em pequenas correntes. Propiciam a operação dos
relés sem que estes estejam em ligação direta com o circuito primário da instalação,
garantindo segurança aos operadores, facilitando a manutenção dos seus componentes e
tornando-se aparelhos extremamente econômico, já que envolve reduzido emprego de
matérias-primas.
De acordo com MAMEDE FILHO (2013), ao contrário dos transformadores de
corrente para medição, os TCs para serviço de proteção não devem saturar para correntes de
elevado valor, tais como as que se desenvolvem durante a ocorrência de um defeito no
sistema. Caso contrário, os sinais de corrente recebidos pelos relés estariam mascarados,
permitindo, desta forma, uma operação inconsequente do sistema elétrico. Assim, os
transformadores de corrente para serviço de proteção apresentam um nível de saturação
elevado, igual a 20 vezes a corrente nominal, conforme mostra a Figura 4.21.

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Figura 4.21 –Saturação dos transformadores de corrente.

Fonte: MAMEDE FILHO, 1994.

Concluindo que jamais se deve utilizar transformadores de proteção em serviço de


medição. Deve-se levar em conta a classe de exatidão em que estão enquadrados os TCs para
serviço de proteção que, segundo a NBR 6856, podem ser de 5 ou 10 %.
Um TC tem classe de exatidão 10, quando o erro de relação percentual durante as
medidas efetuadas, desde a sua corrente nominal secundária até 20 vezes o valor da referida
corrente, é de 10%.
Este erro de relação percentual pode ser obtido através da equação:

𝐼𝑒
𝐸𝑝 = × 100 (4.18)
𝐼𝑠

Onde:
Is- corrente secundária em seu valor eficaz;
Ie- corrente de excitação correspondente, em seu valor eficaz.

Segundo a NBR 6856, o erro de relação do TC deve ser limitado ao valor de corrente
secundária desde 1 a 20 vezes a corrente nominal e a qualquer carga igual ou inferior à
nominal. Os transformadores de corrente com mais uma derivação no enrolamento secundário
tem a sua classe de exatidão relacionado com a sua operação na posição que leva o maior
número de espiras.
Os transformadores de corrente para serviço de proteção também são classificados
quanto a impedância:

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 Classe B: são aqueles cujo enrolamento secundário apresenta reatância que


ser desprezada. Nesta classe, estão enquadrados os TCs com núcleo toroidal
ou simplesmente TCs de bucha;
 Classe A: são aqueles cujo enrolamento secundário apresenta uma reatância
que pode ser desprezada. Nesta classe, estão enquadrados todos os TCs que
não se enquadram na classe B.

4.2 TRANSFORMADORES DE POTENCIAL (TP)

Os transformadores de potencial são equipamentos monofásicos que, ao contrário


dos transformadores de corrente, são conectados em paralelo com o sistema de potência, pois
o objetivo deste equipamento é reproduzir a tensão medida em seu circuito primário para o
circuito do enrolamento secundário (VERNEY, 2012).

Figura 4.22 –Transformadores de potencial.

Fonte: SILVA FILHO, 2016.

Normalmente os transformadores de potencial são padronizados em 115 V ou


115/√3, assim os instrumentos de proteção e medição são dimensionados em tamanhos
reduzidos com bobinas e demais componentes de baixa isolação.
O seu princípio de funcionamento é baseado nos transformadores de potência, pois o
fluxo magnético comum entre os dois circuitos magnéticos do transformador induz um campo

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magnético no enrolamento secundário, gerando assim uma tensão proporcional ao número de


espiras no enrolamento.
Os transformadores de potencial podem ser construídos a partir de dois tipos básicos:
TPs indutivos e TPs capacitivos.
Os TPs indutivos são a base para praticamente todos os transformadores de potencial
para utilização até 138 kV, pois possuem um custo de produção inferior aos TPs capacitivos.
Esse limite se explica, de modo que, se aumentar a tensão primária é necessário aumentar o
número de espiras fazendo cm que se reduza a seção dos condutores e aumentando a
espessura dos isolamentos, acarretando na possibilidade de rompimentos dos fios de espiras,
elevando os custos de fabricação.
Os TPs capacitivos são construídos basicamente com a utilização de dois conjuntos
de capacitores que servem para fornecer um divisor de tensão e permitir a comunicação
através do sistema carrier. Diferente dos TPs indutivos, são utilizados para uma tensão
superior a 138 kV (MAMEDE FILHO, 2013).
Os transformadores de potencial são divididos em 3 grupos:

 Grupo 1- projetados para ligação entre fases;


 Grupo 2- projetados para ligação entre fase e neutro em sistemas diretamente
aterrados;
 Grupo 3- projetados para ligação entre fase e neutro onde não se garante a
eficiência do aterramento.

A fabricação dos TPs é dada conforme o grupo de ligação requerido, com as tensões
primárias e secundárias necessárias e com o tipo de instalação. O enrolamento primário é
constituído de uma bobina de várias camadas de fio, submetida a uma esmaltação, de forma
geral é dupla, enrolada em um núcleo de ferro magnético sobre o qual também se envolve o
enrolamento secundário. O enrolamento secundário ou terciário é de fio de cobre duplamente
esmaltado e isolado do núcleo e do enrolamento primário por meio de fitas de papel especial
(MAMEDE, 2013).
Se o transformador for construído em epóxi, o núcleo com as respectivas bobinas é
encapsulado através de processos especiais de modo a evitar a formação de bolhas no seu
interior, o que para tensões elevadas, se constitui num defeito grave. A formação de bolhas

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pode resultar em descargas parciais, degradando a isolação do equipamento (VERNEY,


2012).
Entretanto se o transformador for construído em óleo, o núcleo com as respectivas
bobinas são secos sob vácuo e calor. O transformador é montado e é tratado à vácuo para em
seguida ser preenchido com óleo isolante. O tanque deve ser construído com chapa de ferro
pintada ou galvanizada a fogo. Na parte superior são fixados os isoladores de porcelana
vitrificada, dois para os transformadores de potencial do grupo 1 e apenas um para os do
grupo 2 e 3.
Os transformadores de potencial são equipamentos devem operar dentro de sua
classe de exatidão em nível de tensão entre 90% e 110% da tensão nominal e para valores de
carga nominal. O transformador de potencial permite aos instrumentos de medição e proteção
funcionarem adequadamente sem possuir tensão de isolamento para o nível de potencial da
rede à qual estão ligados.
A classe de exatidão dos TPs é 0,3 %, 0,6 % e 1,2 %, sendo a última a recomendada
para aplicação nos relés de proteção. Alimentam cargas cujas impedâncias normalmente são
muito elevadas e como a corrente secundária é muito pequena entende-se que operam
praticamente a vazio.
Quando destinados a serviço de medição de energia elétrica são empregadas letras
com seus índices H1 e H2, X1 e X2, respectivamente, para identificar os terminais primários e
secundários do transformador de potencial. Tem polaridade subtrativa quando a onda de
tensão atinge os terminais primários com a direção H1 para H2 e secundários na direção X1 e
X2, se for ao contrário diz-se que a polaridade é aditiva.
As aplicações dos transformadores de potencial são praticamente para serviços de
medição de faturamento ou para serviço de proteção.

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5 PROTEÇÃO DIGITAL DE TRANSFORMADORES DE FORÇA

Todo sistema, independente se é o principal ou não deve ser protegido. A proteção de


modo geral deve garantir a integridade dos equipamentos conectados a ele, sendo assim, a
proteção digital vem sendo a mais utilizada quando deve-se proteger um dos principais
equipamentos de uma subestação de energia. O transformador é o elemento chave na
transformação de energia de um nível alto para um nível baixo, ou vice-versa, desse modo, os
relés digitais vem sendo o melhor dispositivo tecnológico para proteger o transformador.
Os relés digitais começaram a ser estudados por volta de 1960, pois seria o próximo
campo promissor, mas esbarrava em problemas como a velocidade e o preço que chegava a
ser em torno de 10 a 20 vezes mais caro que um relé convencional.
Na época a área de maior interesse eram as linhas de transmissão de energia e era
esperado um desempenho no mínimo igual ao dos relés convencionais. Por volta de 1970
houve então um avanço, pois foi conseguido reduzir o tamanho, custo e consumo, e
aumentada a sua velocidade de processamento.
O relé digital hoje praticamente possui um mesmo preço de um relé convencional e
possui muito mais benefícios, pois ele é capaz de se auto-checar, isso quer dizer que pode ser
programado para monitorar seu próprio software e hardware, o que aumenta a sua
confiabilidade, por ser programável pode-se mudar as suas características podendo executar
diversas funções como a medição, localização de faltas, monitoramento.

5.1 SISTEMAS DE PROTEÇÃO

Todo sistema de energia, estudo, projeto e sua instalação da proteção nos direciona a
um cuidado maior, pois esse sistema é o responsável por abastecer milhares de consumidores
e ainda estar ligado a equipamentos muito caros. Os requisitos básicos para se ter um sistema
de proteção são (ARAÚJO, 2005):
 Seletividade: Se diz que o sistema é seletivo quando ocorre uma falta
transitória ou permanente, e o elemento de proteção mais próximo atua,
fazendo com que o restante do sistema permaneça em funcionamento.
 Coordenação: O sistema está coordenado quando durante a ocorrência de
um defeito, o elemento de proteção possa definir de imediato se o defeito é
transitório, então, se isola o menor trecho possível, se o defeito for
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permanente, atue no menor tempo possível eliminando a falta em qualquer


trecho fazendo com que seja possível fazer o religamento e reestabelecer a
energia do sistema.
 Sensibilidade: È a condição que se dá quando o dispositivo de proteção é
capaz de reconhecer com precisão a faixa de valores que permitem o seu
funcionamento ou não funcionamento. É considerado os ajustes mínimos de
curto-circuito a fim de se obter o menor valor de grandeza capaz de fazer com
que atue o dispositivo e proteção.
 Rapidez: O sistema é rápido quando se elimina as sobrecorrentes geradas em
um defeito a fim de evitar danos aos equipamentos.
 Segurança: O sistema se diz seguro quando não existir falhas na ocorrência
de defeitos e nem se deve atuar indevidamente durante sua operação.
 Economia: Por último e não menos importante o sistema de proteção deve
ser economicamente viável.
Um sistema de proteção possui, ainda, situações de operação que devem ser bem
definidas, bem como:
 Situação normal de funcionamento: Quando não existirem falhas na
operação, nos equipamentos e nenhuma falha aleatória.
 Situação anormal de funcionamento: Quando existir perda de sincronismo,
situações que podem provocar distúrbios na rede elétrica como por exemplo
as oscilações de tensão sem elevação da corrente elétrica a nível de curto
circuito.
 Situações de curto circuito: A mais preocupante, pois pode causar a
danificação do sistema de geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica.
Os relés de proteção são os principais dispositivos usados em uma subestação de
energia elétrica (SE), como o próprio nome diz, proteger, o elemento que está em curto ou em
funcionamento anormal.
De acordo com uma regra básica sobre a proteção, deve-se separar os equipamentos
de proteção em dois grupos:
 Proteção primária (principal): Se estabelece a zona de proteção individual,
de cada elemento.

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 Proteção secundária (retaguarda): Atua no caso de a proteção primária não


atuar em casos de anormalidade.
A Figura 5.1 explica a forma com que é feita uma proteção em sistema de alta tensão
a fim de estabelecer uma segurança e atender o que se é definido sobre um sistema de
proteção.

Figura 5.1 – Proteção de um sistema elétrico em alta tensão.

Fonte: ALMEIDA, 2008

5.2 PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

A proteção de transformadores é devida a sua importância junto ao sistema de


energia, pois é por ele onde é feita a elevação da energia a níveis de transmissão a longa
distância ou seu rebaixamento para distribuição aos consumidores. Então certos cuidados
devem ser tomados devido ao mesmo ser de uma funcionalidade imensa.
O principal problema para o transformador são as correntes diferencias que causam
grandes transtornos, e ainda existem as falsas correntes diferenciais que podem então causar
uma atuação indevida de uma proteção.

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5.3 RELÉS

A definição de relé é que é um dispositivo sensor que comanda a abertura do


disjuntor em situações anormais de funcionamento do sistema protegido, fazendo com que
isole a parte defeituosa.
A seguir será explicado o funcionamento dos relés para proteção diferencial.

5.3.1 Relé de Sobrecorrente

Entende-se por relé de sobrecorrente por ser aquele responde a um modulo de uma
corrente pré-ajustada para a proteção de um determinado elemento do sistema que se protege.
Ele é a mínima proteção que se deve ter em um sistema elétrico.

5.3.1.1 Relé de Sobrecorrente Diferencial

Os relés de sobrecorrente diferencial possuem na sua maioria de uma unidade de


sobrecorrente instantânea e de uma unidade de sobrecorrente temporizada na qual a unidade
instantânea deve ser ajustada para uma corrente elevada. Elas têm um limite de aplicação,
pois favorecem operações intempestivas devido as causas a seguir:
 Na energização do transformador, no caso a sua corrente de magnetização.
 Na saturação dos transformadores de corrente, nesse caso provocando
correntes que circulam no circuito diferencial.
Pode-se definir a corrente diferencial conforme MAMEDE FILHO (2013) como a
soma algébrica dos valores instantâneos das correntes que circulam pelas fases de mesmo
nome de todos os enrolamentos protegidos pelo equipamento.
Em um transformador com dois enrolamentos a corrente diferencial é calculada para
todas as fases pela Equação 5.1, da seguinte forma:

𝐼 𝐼
𝐼𝑑𝑓𝑎 = ( 𝐼1𝑎 + 𝐼2𝑎) × 𝐼𝑡𝑟𝑒𝑓 (5.1)
𝑡1 𝑡2

𝐼𝑑𝑓𝑎 – Corrente diferencial da fase A.


𝐼1𝑎 , 𝐼2𝑎 – Corrente que flui pela fase A dos enrolamentos 1 e 2 do transformador.

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𝐼𝑡1 , 𝐼𝑡2 - Valor da corrente dos enrolamentos primários dos transformadores de


corrente 1 e 2.
𝐼𝑟𝑒𝑓 – Corrente de referência dos secundários dos TCs.
Para um transformador com três enrolamentos a corrente diferencial é calculada para
todas as fases pela Equação 5.2, da seguinte forma:
𝐼 𝐼 𝐼
𝐼𝑑𝑓𝑎 = ( 𝐼1𝑎 + 𝐼2𝑎 + 𝐼3𝑎) × 𝐼𝑡𝑟𝑒𝑓 (5.2)
𝑡1 𝑡2 𝑡3

𝐼𝑑𝑓𝑎 – Corrente diferencial da fase A.


𝐼1𝑎 , 𝐼2𝑎 , 𝐼3𝑎 – Corrente que flui pela fase A dos enrolamentos 1, 2 e 3 do
transformador.
𝐼𝑡1 , 𝐼𝑡2 , 𝐼𝑡3 – Valor da corrente dos enrolamentos primários dos transformadores de
corrente 1, 2 e 3.
𝐼𝑟𝑒𝑓 – Corrente de referência dos secundários dos TCs.

5.3.1 Relé de Sobre-excitação

Durante a operação normal de um transformador, o fluxo magnético que percorre seu


núcleo tem comportamento praticamente senoidal. Se considerarmos um transformador
monofásico, o fluxo magnético máximo no núcleo diretamente proporcional a tensão no
enrolamento primário do transformador. Se há aumento na tensão da bobina, haverá aumento
do fluxo magnético, e consequentemente aquecimento não desejado do núcleo (VERNEY,
2012).
Recomenda-se este relé de proteção para os transformadores de grande porte que
estão acoplados a unidades geradoras, pois, ocorrem grande número de sobretensões nestas
unidades transformadoras. Isto ocorre devido a ocorrência de corte de carga ou com
problemas na excitação das máquinas síncronas podendo desviar a operação do gerador, no
caso de sua frequência nominal comprometendo o transformador
O ajuste da proteção de sobreexcitação é dado por uma curva de dano do
transformador em função da relação V/Hz, onde quanto maior for a relação, mais rápida será a
operação do relé, provocando o desligamento do disjuntor. O relé digital de sobre-excitação
permite ajustar a curva de atuação de um modo personalizado, sendo possível deslocar a curva
para evitar que o excesso de fluxo magnético cause prejuízos ao transformador (VERNEY,
2012).

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É importante associar esta função de proteção com a proteção diferencial nos relés
digitais, para proteger o transformador na presença de sobre-excitação.

5.3.2 Relé de Sobretensão

O relé de sobretensão, na forma mais simples de se explicar, atua quando a tensão


excede um determinado limite para que garanta a integridade dos equipamentos elétricos que
estão em operação. O mesmo pode ser fabricado para proteção monofásica e trifásica.
Os níveis máximos de tensão admitidos em um sistema de potência são:
 110 % do valor nominal.
 115 % para unidades temporizadas, não podendo ser inferior a esse valor.
 120 % para unidades instantâneas, não podendo ser inferior a esse valor.
Uma das tecnologias usadas para a construção dos relés de sobretensão é da forma
eletromecânica, constituídos de bobinas, peças móveis, contatos, de uma forma um tanto
robusta, atualmente não são mais fabricados, mas são utilizados em uma grande quantia de
subestações.
A outra tecnologia é a digital, a qual possui o princípio eletromecânico, mas com
muitas características adicionais de proteção para transformadores, motores e geradores.
Basicamente o relé de sobretensão digital recebe um sinal analógico, nesse caso um sinal de
sobretensão e o converte para valores digitais e ainda possui uma função de autoverificação
onde o próprio relé constata qualquer anormalidade, informa a central de controle o problema
e automaticamente faz o bloqueio de sua operação.

5.3.3 Relé de Subtensão

O relé de subtensão é destinado a atuar quando a tensão cai a certo valor, esse sendo
um valor mínimo que possa garantir o funcionamento dos equipamentos elétricos em
operação. O mesmo pode ser fabricado para proteção monofásica e trifásica.
Os níveis mínimos de tensão admitidos em um sistema de potência são:
 80 a 90 % do valor nominal.
 90 % para unidades temporizadas, não podendo ser inferior a esse valor.
 80 % para unidades instantâneas, não podendo ser inferior a esse valor.

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Assim como o relé de sobretensão sua tecnologia pode ser eletromecânica, que atua
em casos de subtensão por afundamento da tensão de serviço, transferência de cargas, ou
digital que funciona basicamente da mesma forma que o relé digital de sobretensão, no caso
recebendo valores de subtensão.

5.4 PROTEÇÃO DIFERENCIAL

5.4.1 Proteção Diferencial de Transformadores

Na operação dos sistemas elétricos de potência surgem, com certa frequência, falhas
nos seus componentes que resultam em interrupções no fornecimento de energia aos
consumidores conectados a esses sistemas, com a consequente redução de qualidade do
serviço prestado (MAMEDE, 2013).
A proteção como um todo não somente serve, como deve ser utilizada para que
assim, como de dever da empresa que possui a concessão ter por objetivo assegurar
integridade física tanto dos seus colaboradores, quanto dos consumidores. Para isso se
introduz como ferramenta não somente de apoio, mas de obrigação as proteções necessárias
para um ótima geração e transmissão de energia, a fim de evitar danos e consequentemente ter
uma melhora nos indicadores de qualidade.
Dentre os componentes de um sistema de uma subestação de distribuição o principal
deles é o transformador de força, no qual se faz necessário possuir uma proteção adequada
para evitar sua perda e o não fornecimento de energia. Então a utilização da proteção
diferencial como defesa faz-se necessário.
A proteção diferencial tem por base fazer a comparação de valores de corrente de
entrada e saída, onde, se a corrente de entrada for igual a corrente de saída o relé não deve
operar, e se o valor da corrente de entrada for diferente da corrente de saída a proteção deve
atuar, conforme mostra a Figura 5.2 que mostra o funcionamento de uma proteção diferencial
comum.

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Figura 5.2 – Figura representativa de uma proteção diferencial comum.

Fonte: MARCELINO, 2009

Entretanto um cuidado redobrado deve ser tomado se ocorrer algum defeito fora da
zona de proteção, pois quando um defeito ocorre fora da zona de protegida a proteção não
deve atuar.

5.4.2 Proteção Diferencial Percentual

No transformador ocorrem interrupções intempestivas que devem ser evitadas, parar


isso deve-se empregar aos relés certas restrições quanto às faltas externas que permitam um
ajuste mais sensível e com maior rapidez para as faltas internas no esquema diferencial
(MAMEDE, 2013).
Dependendo das condições de operação ocorrem as correntes diferenciais, devido a
isso é muito difícil que as correntes fornecidas pelo transformador sejam idênticas, tanto em
magnitude como em fase, e também devido as formas construtivas tem-se esse problema.
Se utiliza então a proteção diferencial percentual, pois, ela possui duas bobinas de
restrição, conforme mostra a Figura 5.3.

Figura 5.3 – Figura representativa de uma proteção diferencial comum.

Fonte: VERNEY, 2012


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Em uma condição normal de operação do sistema, a corrente de operação é igual a


zero, no caso de ocorrer uma falta na zona de proteção a corrente de operação é dada pela
seguinte equação:

𝐼𝑜𝑝 = (𝐼1 − 𝐼2 ) (5.3)

Já a corrente de restrição é regida pela equação abaixo:

𝐼 +𝐼
𝐼𝑟𝑒𝑠 = ( 1 2 2 ) (5.4)

Conforme a Figura 5.4, pode-se ver as zonas de operação e restrição em um plano de


correntes, onde SLP (do inglês slope) que é a inclinação da reta que compõem a característica,
já a 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘𝑢𝑝𝑚𝑖𝑛 é a corrente pela qual o relé começa a ser sensibilizado, sendo 𝐼𝑢 a corrente que
causa a operação da proteção independente do valor da corrente de restrição.

Figura 5.4 – Característica da proteção diferencial percentual.

Fonte: TAVARES, 2013

Então haverá a atuação da proteção diferencial percentual somente se as seguintes


condições forem atendidas:

𝐼𝑜𝑝 > 𝑆𝐿𝑃 ∗ 𝐼𝑟𝑒𝑠 (5.5)

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𝐼𝑜𝑝 > 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘𝑢𝑝𝑚𝑖𝑛 (5.6)

Ou se:
𝐼𝑜𝑝 > 𝐼𝑢 (5.7)

5.4.3 Proteção Diferencial Digital de Transformadores

Atualmente o relé digital se destaca entre os relés de proteção, pois, a ele podem ser
aplicadas várias funções para a simulação de proteções perante a condições de operação ou de
falta. Ainda que dependa de uma fonte de alimentação, o mesmo pode se auto monitorar,
fazendo com que se ocorrer alguma falha interna seja enviado um sinal de alerta ao centro de
operação ou ainda mesmo pode sair de funcionamento.
Devido a certas características particulares de condições de operação, a proteção
digital de transformadores está sujeita a falhas. Sendo assim, o relé digital deve possuir
algoritmos inseridos na lógica do relé de proteção para responder corretamente perante
presença de corrente de magnetização, que pode ser confundida como situação de falta interna
pela característica diferencial percentual. No caso de ocorrer uma sobreexcitação no circuito
magnético do transformador, o relé deve interpretar o conteúdo de harmônicos na corrente de
entrada para não operar indevidamente. Há também caso de saturação dos transformadores de
corrente, o que pode tornar o sistema de proteção sujeito a erros (VERNEY, 2012).
Para transformadores acima de 10 MVA deve-se utilizar a proteção diferencial
percentual com restrição harmônica, isso devido a sua importância no sistema de potência e
de grande relevância para a transmissão de energia. Perante as condições de operação do
transformador, como, sua energização, deve-se verificar a influência de frequências diferentes
da frequência fundamental no sinal de entrada, e alterar o grupo de ajuste de proteção no relé
diferencial. Isso é possível graças ao relé digital que permite a manipulação do sinal digital
empregando a lógica de proteção e usando filtros no sinal de entrada do relé.
Os relés digitais apresentam ainda algumas funções operacionais como, proteção de
sobrecorrente de neutro sensível, de tempo definido, de sobrecarga térmica, de restrição
contra saturação dos transformadores de corrente, dentre outras (MAMEDE FILHO, 2013).

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5.4.4 Proteção Diferencial com Bloqueio de Harmônicos

A proteção diferencial com bloqueio de harmônicos que possui habilitação do


bloqueio de trip é uma função que se aplica perante condições de energização do
transformador. Esta proteção utiliza uma lógica que bloqueia o elemento diferencial quando a
relação de um componente harmônico específico pela componente fundamental da corrente
diferencial estiver acima de um valor limite que esteja pré-ajustado.
O elemento diferencial usa a magnitude escalonada do componente de segundo e
quarto harmônico da corrente diferencial dos três elementos diferenciais de bloqueio de
harmônicos para bloquear a operação durante condições de correntes de inrush e faltas
externas com saturação do transformador de corrente. Este modo de operação é denominado
bloqueio comum de harmônicos. Alguns relés são projetados para restringir sua operação
enquanto a concentração de segundo harmônica ultrapassa 15% em relação à componente
fundamental. Alguns relés digitais também permitem bloquear a operação do relé quando a
taxa de componente harmônica de quarta ordem ultrapassar um valor percentual em relação a
componente fundamental (VERNEY, 2012).
As equações de (5.8) a (5.10), estão relacionadas às correntes constituintes de
componentes harmônicas, são fundamentais, pois, bloqueiam a proteção diferencial. As
equações (5.8) e (5.9) representam a condição de bloqueio da proteção quando a componente
harmônica de segunda ordem (𝐼2 ) ou de quarta ordem (𝐼4 ) multiplicadas respectivamente
pelas constantes 𝐾2 e 𝐾4 forem maiores que 𝐼𝑜𝑝 . As constantes 𝐾2 e 𝐾4 são relacionadas por
um valor de bloqueio perante harmônicas 𝑃𝐶𝑇𝑁 , onde N = 2 e 4, em unidade percentual
(VERNEY, 2012).

𝐾2 ∗ 𝐼2 > 𝐼𝑜𝑝 (5.8)

𝐾4 ∗ 𝐼4 > 𝐼𝑜𝑝 (5.9)

100
𝐾𝑁 = (𝑃𝐶𝑇 ) (5.10)
𝑁

O elemento de bloqueio de harmônicas pode ser ativado de forma comum ou de


forma independente. Para o modo comum, quando qualquer um dos elementos de bloqueio
esteja ativado, ele bloqueará os elementos de restrição de todas as fases que estejam
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sensibilizados, ou seja, não envia o sinal de trip para abrir os disjuntores. Para o modo
independente o sinal de trip será sensibilizado somente se as três fases estiverem
sensibilizadas, então, será enviado sinal de trip para ativar a proteção diferencial.

5.4.5 Proteção Diferencial com Elemento Diferencial de Restrição por Harmônicos

O elemento diferencial de restrição de harmônicos utiliza a componente harmônica


de segunda e quarta ordem da corrente medida pelo transformador de corrente para se
adicionar à corrente de restrição. Esta soma pode dessensibilizar o elemento diferencial de
restrição durante presença das correntes de inrush e faltas externas com saturação do
transformador de corrente, não sacrificando a confiabilidade da proteção diferencial para
faltas internas com saturação do transformador de corrente (VERNEY, 2012).
Quanto maiores as perdas do núcleo, maiores as concentrações de harmônicos de
segunda ordem, isso pode causar uma operação indevida durante a energização do
transformador. Para resolver isso, é adicionado a concentração de harmônicas de quarta
ordem na lógica de proteção de restrição, que normalmente é algo em torno de 40% da
componente harmônica de segunda ordem.
A equação (5.11) define a característica da proteção diferencial com elemento
diferencial de restrição por harmônicas, que é a comparação da corrente de operação 𝐼𝑜𝑝 e a
soma entre a proporção da declividade da curva SLP e corrente de restrição 𝐼𝑟𝑒𝑠 , e das
componentes harmônicas 𝐼2 e 𝐼4 , proporcionais a 𝐾2 e 𝐾4 , respectivamente. Se as equações
(5.11) e (5.12) forem satisfeitas, a proteção diferencial de restrição por harmônicos entrará em
operação (VERNEY, 2012).

𝐼𝑜𝑝 > 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘𝑢𝑝𝑚𝑖𝑛 (5.11)

𝐼𝑜𝑝 > 𝑆𝐿𝑃 ∗ 𝐼𝑟𝑒𝑠 + 𝐾2 𝐼2 + 𝐾4 𝐼4 (5.12)

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6 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

6.1 INTRODUÇÃO

Quando se quer chegar a resultados muito próximo dos reais, se utiliza a forma
computacional para realizar testes e chegar ao objetivo. Neste capítulo serão apresentadas as
simulações de energização do transformador a vazio, energização do banco de capacitores,
curto circuito trifásico, curto circuito monofásico, energização solidária, todas elas realizadas
no ATP.

6.2 ANÁLISE DE CASO – SUBESTAÇÃO SE-DEMEI

A análise de caso foi realizada simulando a SE-DEMEI conforme mostra o tópico


abaixo.

6.2.1 Dados Gerais da Subestação SE-DEMEI

Ijuí possui três subestações de energia de transformação rebaixadora não abrigadas,


sendo uma 230/69kV (IJUI 2), e duas para níveis de distribuição 69/23kV (IJUI 1 e SE-
DEMEI).
As linhas de transmissão que abastecem a subestação de distribuição do DEMEI
(classe de tensão 69kV) têm origem a partir da subestação 230/69kV IJUI 2, esta, localizada
ao lado da SE DEMEI e sendo administrada pela empresa ELETROSUL.
Quanto a classificação da subestação SE-DEMEI, possui função de transformação e
rebaixar os níveis de tensão considerados de transmissão para níveis de distribuição
(69kV/23kV), e com isso sendo uma SE de Alta Tensão com tensão nominal abaixo de
230kV, quanto a sua instalação é do tipo desabrigada, e sua operação é do tipo automatizada,
possibilitando o controle remoto da subestação através de sistemas de supervisão. A Figura
6.1 mostra a disposição da SE-DEMEI.

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Figura 6.1 – Disposição geral da SE-DEMEI.

Fonte: DEMEI

O transformador de força pode ser visto na Figura 6.2, sua capacidade de distribuição
é de 69/23kV com uma potência de 25 MVA.

Figura 6.2 – Transformador 69/23kV.

Fonte: DEMEI

Nas Figuras 6.3 e 6.4, representam respectivamente o barramento de 23kV e da


entrada da LT 69kV.

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Figura 6.3 – Barramento de 23kV.

Fonte: DEMEI

Figura 6.4 – Entrada LT 69kV.

Fonte: DEMEI

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Figura 6.5 – Banco de capacitores.

Fonte: DEMEI

6.2.2 Modelagem SE-DEMEI

A modelagem do transformador, LT, BC, foi realizada computacionalmente no


software ATP, conforme mostra a Figura 6.6.

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Figura 6.6 – Modelagem SE-DEMEI no ATP.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Os parâmetros do modelo da SE-DEMEI foram também acrescentados no ATP,


conforme mostram as Figuras 6.7, 6.8, 6.9 e 6.11, a Figura 6.10 representa a curva se
saturação do transformador.

Figura 6.7 – Parametrização.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)


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Figura 6.8 – Dados de linha de transmissão.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

O modelo de linha de transmissão depende do comprimento da mesma, nesse caso


foi utilizado o modelo de linha curta que corresponde a uma linha de até 80 km, onde que, a
capacitância da linha, por ser pequena, é desprezada, sendo a linha representada pelos
parâmetros série, ou seja, a resistência e a indutância.

Figura 6.9 – Dados do transformador.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)


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82

Figura 6.10 – Curva de saturação.

14.6 Urms [kV]

13.9

13.3

12.6

12.0 Irms [A]

0.7 2.0 3.2 4.5 5.8

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Figura 6.11 – Dados do banco de capacitores.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

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83

6.3 TESTES EXPERIMENTAIS

6.3.1 Energização do Transformador a Vazio

O primeiro teste realizado foi de energização do transformador a vazio, onde a


simulação tem seu resultado na Figura 6.12. Foi escolhido o transformador TR1 para a
realização da simulação.

Figura 6.12 – Correntes de energização do transformador a vazio.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Foi inserido para a verificação das correntes diferenciais um relé diferencial, onde o
mesmo verifica as correntes que circulam no transformador, conforme mostra a Figura 6.13.

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Figura 6.13 – Correntes de energização (pu) a vazio vistas do relé diferencial.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

A corrente de operação tem um valor de 0,58 pu, conforme a equação 5.3 para
calcular a corrente de operação:

𝐼𝑜𝑝 = (𝐼1 − 𝐼2 )

Iop = (0,58 − 0)

Iop = (0,58)pu

Já a corrente de restrição é regida pela equação 5.4 abaixo:

I1 + I2
Ires = ( )
2

0,58 + 0
Ires = ( )
2
Ires = (0,29)pu

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A distorção de harmônicos da corrente I2 é o caso mais crítico, na energização do


transformador, conforme mostra a Figura 6.14. Na tabela 6.1 são apresentadas as amplitudes
de cada harmônica até a e 5ª ordem. A THD (Taxa de Distorção Harmônica) é de 55,579%.

Figura 6.14 – Harmônicas da corrente I2.


MC's PlotXY - Fourier chart(s). Copying date: 16/06/2016
File simul_prot_dif.pl4 Variable m:IDIF2 [peak]
Initial Time: 2,98 Final Time: 3

0,20

0,16

0,12

0,08

0,04

0,00
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order
150

-150
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order

Tabela 6.1 – Harmônicas até a 5ª ordem

Harmonic Amplitude Phase


0 0,11745 0
1 0,19302 -143,19
2 0,10285 -9,6132
3 0,02118 112,12
4 0,014909 53,791
5 0,01087 144,6
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Realizadas todas as verificações foi realizado então a verificação para melhorar a


curva de ajuste do relé diferencial para níveis mais sensíveis, filtrando as harmônicas. Tendo
os valores de harmônicas a corrente de operação continuou a mesma com um valor de 0,58 pu

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e a corrente de restrição passou para um valor de 0,21 pu que é a soma das harmônicas 1 e 4,
pois o relé filtra automaticamente somente as harmônicas 2, 3 e 5.

6.3.2 Energização Solidária

O teste de energização solidária foi realizado com o TR1 em funcionamento e após


foi acionado o TR2, conforme mostra a Figura 6.15, com o resultado da simulação.

Figura 6.15 – Correntes de energização do transformador na energização solidária.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

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Figura 6.16 – Correntes de energização (pu) a vazio na energização solidária vistas do relé
diferencial.

onte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Figura 6.17 – Harmônicas da corrente I2.


MC's PlotXY - Fourier chart(s). Copying date: 16/06/2016
File simul_prot_dif.pl4 Variable m:IDIF2 [peak]
Initial Time: 0,48 Final Time: 0,5
0,30

0,25

0,20

0,15

0,10

0,05

0,00
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order
100

50 Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)


0

-50

-100

-150
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order

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Tabela 6.2 – Harmônicas até a 5ª ordem

Harmonic Amplitude Phase


0 0,17965 0
1 0,26407 -142,74
2 0,11688 -5,4576
3 0,012632 85,696
4 0,032278 52,832
5 0,010716 77,869
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Nas simulações realizadas para a energização solidária, a única alteração que se teve
foi com o valor de THD, com um resultado de 47,551%, e o valor de ajuste somando as
harmônicas 1 e 4 passou a ser de 0,29 pu.

6.3.3 Energização do Banco de Capacitores

Foi realizado nesse próximo caso a energização do banco de capacitores, conforme


mostra a Figura 6.18.

Figura 6.18 – Correntes de energização do banco de capacitores.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)


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Figura 6.19 – Correntes de energização (pu) na energização do banco de capacitores vistas do


relé diferencial.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Conforme mostra a Figura 6.19, o nível se corrente apresentado é 0,18 pu valor


utilizado inicialmente para esse caso como sendo de corrente de operação e o valor de
corrente de restrição como sendo 0,10 pu, sendo esse extraído da leitura do relé diferencial.

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MC's PlotXY - Fourier chart(s). Copying date: 16/06/2016


Figura 6.20 – Harmônicas da corrente I2.
File simul_prot_dif.pl4 Variable m:IDIF2 [peak]
Initial Time: 0,48 Final Time: 0,5

0,14

0,12

0,10

0,08

0,06

0,04

0,02

0,00

-0,02
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order
180

-160
0 5 Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)
10 15
harmonic order
20 25 30

Tabela 6.3 – Harmônicas até a 5ª ordem.

Harmonic Amplitude Phase


0 -7,0225E-03 0
1 0,12693 -153,16
2 0,044104 24,228
3 0,031429 40,108
4 0,020352 -74,171
5 8,6460E-03 -29,102
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Após a leitura dos valores das componentes harmônicas se obteve um valor de THD
de 48,95%. Somando as componentes harmônicas 1 e 4, o resultado obtido foi de 0,15 pu para
corrente de restrição, mantendo –se o valor da corrente de operação como sendo de 0,18 pu.

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6.3.4 Curto circuito Trifásico Fora da Zona de Proteção do Transformador

Foi realizada a simulação de um curto circuito trifásico para obtenção de valores de


corrente de curto circuito para ajuste do relé, conforme mostra a Figura 6.21.

Figura 6.21 – Curto circuito trifásico.

Instante de eliminação do
Instante de início
curto circuito
curto circuito

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Figura 6.22 – Correntes de curto circuito trifásico (pu) vistas do relé diferencial.

Instante de início
Instante de eliminação do
curto circuito
curto circuito

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

__________________________________________________________________________________________
Marcelo Cossetin (cossetin_ege@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2016.
92

Conforme a Figura 6.22 se verifica que o valor de corrente de operação se manterá


em 0,58 pu, porém com uma corrente de restrição de 28,49 pu.

Figura 6.23 – Harmônicas da corrente I2.


MC's PlotXY - Fourier chart(s). Copying date: 16/06/2016
File simul_prot_dif.pl4 Variable m:IDIF1 [peak]
Initial Time: 0,48 Final Time: 0,5

0,25

0,20

0,15

0,10

0,05

0,00
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order
200

-200
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order

Tabela 6.4 – Harmônicas até a 5ª ordem.

Harmonic Amplitude Phase


0 0,15474 0
1 0,21478 83,127
2 0,025566 59,431
3 0,048149 -115,54
4 0,022135 -118,66
5 5,2846E-03 152,76
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Após a verificação das componentes harmônicas se chegou a um valor de THD de


28,456%. Somando as componentes 1 e 4 das harmônicas se obteve um valor para corrente de
operação de 0,24 pu se mantendo o valor de corrente de restrição como sendo de 28,49 pu.

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6.3.5 Curto circuito Monofásico Fora da Zona de Proteção do Transformador

Foi realizada a simulação de um curto circuito monofásico para obtenção de valores


para ajuste do relé diferencial, conforme mostra a Figura 6.24.

Figura 6.24 – Curto circuito monofásico.

Instante de início
Instante de eliminação do
curto circuito
curto circuito

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Figura 6.25 – Correntes de curto circuito monofásico (pu) vistas do relé diferencial.
Instante de início Instante de eliminação do
curto circuito curto circuito

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

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De acordo com a Figura 6.25, o valor para corrente de operação deve ser de 3,9 pu
com um valor de restrição de 13,95 pu.

Figura 6.26 – Harmônicas da corrente I2.


MC's PlotXY - Fourier chart(s). Copying date: 16/06/2016
File simul_prot_dif.pl4 Variable m:IDIF2 [peak]
Initial Time: 0,48 Final Time: 0,5
0,15

0,10

0,05

0,00

-0,05

-0,10
0 5 10 15 20 25 30
harmonic order
80
40
0 Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)
-40
-80
-120
-160
0 Tabela5 6.5 – Harmônicas
10 até a 5ª ordem.
15
harmonic order
20 25 30

Harmonic Amplitude Phase


0 -0,067033 0
1 0,13947 -157,01
2 0,047309 73,052
3 0,046109 -7,4104
4 0,023063 -37,063
5 0,029536 -6,7998
Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

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95

Após a verificação das componentes harmônicas se chegou a um valor de THD de


60,106%. A soma das componentes harmônicas 1 e 4 para corrente de operação de 0,16 pu e
se mantém a corrente de restrição como sendo 13,95 pu.

6.3.6 Resultado Final

Após todas as simulações e resultados concluídos quanto a proteção diferencial foi


obtido o seguinte gráfico conforme mostra a Figura 6.27.

Figura 6.27 – Correntes de operação e restrição sem restrição percentual por harmônica.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Pode se verificar que as correntes de operação e restrição da energização a vazio e


energização solidária tem o mesmo valor, a corrente de curto circuito monofásico sendo ela
mais crítica e que deve ser ajustada de uma melhor forma para que não cause a operação
indevida do relé diferencial.
Os resultados obtidos com a utilização de restrição percentual por harmônicas serão
mostrados a seguir na Figura 6.28.

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Figura 6.28 – Correntes de operação e restrição com restrição percentual por harmônicas.

Fonte: (Elaborado pelo autor, 2016)

Neste caso, com a restrição de harmônicos, torna-se possível realizar um ajuste de


corrente de pick-up mínimo de 0,3 pu e uma declividade de 10%. Estes ajustes são,
significativamente, mais sensíveis, com relação aos ajustes ilustrados na Figura 6.27. Desse
modo, obtém uma proteção mais eficaz do transformador de força, com garantia que não
ocorram operações indevidas por transitórios de energização e curtos-circuitos.

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CONCLUSÕES

Este trabalho descreveu sobre as falhas em decorrências de interrupções no


fornecimento de energia que tem como origem o transformador, sendo elas, responsáveis
muitas vezes por funcionamento indevido do relé de proteção diferencial, fazendo com que
ele opere em um momento que não seria necessário. Para a verificação dessas falhas, utilizou-
se nos estudos de simulações o software ATP (Altenative Transient Program).
Dentre as simulações se obteve resultados sobre todos os transitórios que provocam a
operação indevida do relé diferencial, tendo como base de simulação a SE-DEMEI, sendo ela
uma subestação de energia de grande importância para o funcionamento da cidade de Ijuí. No
ATP foi realizada a modelagem da mesma e simulado então esses transitórios.
Em todas as simulações se constatou que a corrente I2 era a mais crítica, tendo
valores de harmônicas elevadas, sendo assim, na simulação da energização do transformador
a vazio e energização solidária se obteve um resultado muito parecido sendo que a diferença é
na restrição por harmônicas, tendo na energização a vazio um valor menor de restrição, mas
possuindo uma THD maior que na energização solidária.
Na energização do banco de capacitores se obteve valores menores quanto a
operação e restrição para os ajustes do relé diferencial sendo que a componente DC tendo o
menor valor dentre as simulações realizadas. Nos curtos circuitos tanto monofásico quanto
trifásico se percebe os valores elevados da corrente no momento do curto e a componente DC
presente em maior escala no curto circuito trifásico.
Constatou-se que a componente DC, assim como as componentes de 1ª a 5ª ordem
harmônica influenciam nas correntes de operação e restrição sendo elas responsáveis por
operações indevidas no relé diferencial e a THD maior encontrada foi no curto circuito
monofásico. Tendo apresentado todas as simulações e os resultados obtidos, tanto nos
gráficos de correntes e harmônicos, as restrições devem ser aplicadas ao relé diferencial para
um melhor funcionamento do sistema elétrico de potência.
Os gráficos finais com os resultados obtidos para o ajuste de declividade do relé
diferencial evidenciam que os ajustes mais finos devem ser aplicados tendo em vista que o
transformador de potência tem um custo elevado e sua proteção deve estar ajustada para que o
relé diferencial não opere de forma indevida principalmente por transitórios de energização e
curto circuitos.

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SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Após o término desse estudo realizado para obtenção do título de engenheiro


eletricista, fica claro que deve ser dado continuidade a simulação realizada e ainda aperfeiçoar
o método de verificação para resolver problemas quanto ao desligamento indevido de
transformadores e atuações indevidas do relé diferencial.
Um dos principais pontos a serem sugeridos como trabalhos futuros é a simulação de
curto circuitos dentro da zona de proteção do relé e a modelagem dos TCs para que a proteção
diferencial seja feita de uma forma muito mais correta e com um resultado ainda mais preciso.
A continuação de estudos referentes a proteção diferencial é muito interessante para
um projeto de pesquisa e com os resultados que podem ser obtidos tem um valor de
enriquecimento intelectual que pode ser aplicado tanto para uma empresa de projetos de
subestações quanto para se possível transferir o conhecimento para pessoas que estão
começando os estudos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SITES RELACIONADOS

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maio. 2016.

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Marcelo Cossetin (cossetin_ege@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2016.

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