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O PAPEL DA CONTROLADORIA
COMO BUSINESS PARTNER
São Paulo
2016
Alexandre Daniel Roca Arenales
O PAPEL DA CONTROLADORIA
COMO BUSINESS PARTNER
São Paulo
2016
A681p Arenales, Alexandre Daniel Roca
O papel da controladoria como business partner / Alexandre
Daniel Roca Arenales - 2016.
86 f. : il. ; 30 cm
Bibliografia: f. 75-76
CDD 658.151
Alexandre Daniel Roca Arenales
O PAPEL DA CONTROLADORIA
COMO BUSINESS PARTNER
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar - Orientadora
Universidade Presbiteriana Mackenzie
_____________________________________________________________
Prof. Dr. José Carlos Tiomatsu Oyadomari - Examinador Interno
Universidade Presbiteriana Mackenzie
______________________________________________________________
Prof. Dr. Claudio Parisi - Examinador Externo
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
A minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Ana Maria Roux pela atenção e apoio despendido desde
o início da orientação.
Ao Prof. Dr. Oyadomari pela disponibilidade de sempre me ajudar, principalmente
naqueles momentos de dúvidas e incertas.
Aos Prof. Dr. Claudio Parisi e Dr. Formingoni, pelas críticas e sugestões no exame de
qualificação.
Aos gestores e colaboradores da BASF, que contribuíram para a realização deste
trabalho, em especial ao Roman Gebhardt e Anderson Villas Boas pelas valiosas discussões,
comentários e sugestões sobre o trabalho.
Aos vários professores que me inspiraram desde criança, em especial ao Prof. Dr.
Orlando Monteiro da Silva, meu orientador do curso de graduação, responsável por me
introduzir na pesquisa acadêmica.
Aos meus colegas do curso de Mestrado.
Aos meus amigos e familiares que me deram força nesta etapa.
E a todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para a conclusão deste trabalho.
Verba volant, scripta manent.
(As palavras voam, os escritos
permanecem).
(Provérbio em Latim. Autor desconhecido)
RESUMO
The traditional view and the stereotype of controlling as bean-counter, book keeper, watchdog,
number crunching and scorekeeping, which often had an exclusive focus on financial analysis
of the past, have gradually been replaced by a closer business partnering role, leading to new
terms such as the business oriented, change agent, internal consultant, co-pilot and business
partner. At BASF, the role as business partner in controlling, started in 2006 with the
implementation of the Controller Mission concept, consolidating its position in 2009 with the
Business Partnering Initiative. The overall objective of this research, attending the demands and
needs of BASF, was to evaluate the business partnering level in controlling with its internal
customers. The specific objectives aimed to verify the difference in the evaluation of controlling
business partnering level: 1) between controlling group and its internal customers; 2) between
the different locations; 3) according to the different internal controlling customers areas. A
survey was conducted with controlling employees and with BASF managers in South America.
A metric scale of four point was used to assess the frequency of controlling acting as business
partners, according to the 36 skills provided by BASF in three major perspectives personal
requirements, interaction skills and commercial attitude. The survey results showed that, in
general, there is a positive evaluation of the controlling business partnering role in BASF.
Among the respondents, 82% positively evaluated the controlling business partnering role, with
31% and 51% said that “Always” and “Often”, controlling is business partner respectively. The
minority (2%) assessed that controlling "Never" acts as a business partner and 15% of the
respondents assessed that controlling "Seldom" acts as a business partner. Among the
characteristics best evaluated: controlling act in compliance with established policies /
standards; controlling is open and a loyal approach to the people; controlling build or actively
maintain trustful relationships / networks. On the other hand, the characteristic with low
evaluation by the respondents: comparison of BASF's performance with competitors;
anticipation of externalities as new opportunities and risks; business status overview in a
minute; refer regularly to the BASF strategy; and translating complex issues into simple
language. It was found that controlling area has a more positive self-assessment as its business
partner performance, in comparison to assessment by its internal customers, showing a gap
between the assessments of the two groups. In addition, there was a less positive assessment
from the respondents in Brazil, compared with the assessment made by the respondents in other
countries in South America. However, as the evaluated characteristics were similar between the
locations, it is possible to implement regional measures to improve business partnering level.
Finally, the results confirmed that there is a difference between the business partnering level
according to the different areas of its internal customers, although, in general, the points of
improvements and strengths, were concentrated on the same characteristics raised.
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................16
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...........................................................................16
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA..........................................................................................18
1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................. 18
1.3.1 Objetivo Geral...........................................................................................................18
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................ 18
1.4 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES......................................................................18
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 23
2.1 DO ESTEREÓTIPO DE BOOK-KEEPER E BEAN-COUNTER PARA
O PAPEL DE BUSINESS PARTNER.................................................................................. 25
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO..................................................................... 30
3.1 MÉTODOS E TIPOS DE PESQUISA.......................................................................... 30
3.2 SEGUNDO A ABORDAGEM DO PROBLEMA........................................................ 30
3.3 SEGUNDO O OBJETIVO GERAL.............................................................................. 30
3.4 SEGUNDO O PROPÓSITO..........................................................................................30
3.5 SEGUNDO O PROCEDIMENTO TÉCNICO..............................................................31
3.6 POPULAÇÃO E AMOSTRA....................................................................................... 31
3.7 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS........................................................................33
3.7.1 Personal Requirements (Requerimentos Pessoal) ..................................................37
3.7.2 Interactive Skills (Habilidades de Interação)..........................................................40
3.7.3 Commercial Attitudes (Atitudes Comercial) ...........................................................42
3.8 ANÁLISE DE DADOS................................................................................................. 44
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................46
4.1 PERFIL DOS PARTICIPANTES..................................................................................46
4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS QUESTÕES, CONSTRUTOS, COMPETÊNCIAS
E VARIÁVEIS....................................................................................................................48
4.3 ANÁLISE DESCRITIVA DADOS GERAIS (CONTROLADORIA E
GESTORES AGRUPADOS) E VARIÁVEIS.....................................................................51
4.4 ANÁLISE DESCRITIVA DA DIFERENÇA DE AVALIAÇÃO ENTRE O
GRUPO DE CONTROLADORIA E O GRUPO DE GESTORES.....................................59
4.5 ANÁLISE DESCRITIVA DAS DIFERENÇAS DE AVALIAÇÃO ENTRE AS
DIFERENTES LOCALIDADE.......................................................................................... 62
4.6 ANÁLISE DESCRITIVA DAS DIFERENÇAS DE AVALIAÇÃO NOS
DIFERENTES GRUPOS DE GESTORES......................................................................... 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 70
5.1 LIMITAÇÕES SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS.................................. 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................75
APÊNDICE A......................................................................................................................77
APÊNDICE B...................................................................................................................... 78
APÊNDICE C...................................................................................................................... 79
APÊNDICE D......................................................................................................................80
APÊNDICE E...................................................................................................................... 81
APÊNDICE F...................................................................................................................... 84
16
1 INTRODUÇÃO
Controllers as Business Partners do not only have the appropriate competencies but
also take responsibility for the economical success and ensure that the organization
follows the strategic path. So Controllers foster not only economical transparency
within the organization but also take the role as a co-pilot who supports the general
management and additionally are part of the management teams. Additionally a
Controller challenges proactively assumptions, pre-decisions and business ideas, and
even takes the role as advocatus diabolic.
(Controllers como parceiros de negócios não só têm as competências adequadas, mas
também assumem responsabilidades pelo sucesso econômico e asseguram que a
organização siga o caminho estratégico. Então Controllers fomentam não só a
transparência econômica dentro da organização, mas também assumem o papel como
de um copiloto que apoia a direção geral e, adicionalmente, fazem parte do time
gerencial. Além disso, o Controller desafia proativamente premissas, pré-decisões e
ideias do negócio, e até mesmo assume o papel de advogado do diabo).
1.3 OBJETIVOS
Tendo por base os aspectos até aqui apresentados, especificou-se como objetivo principal do
trabalho: avaliar o nível percebido de Business Partnering da controladoria junto a seus clientes
internos. Neste trabalho definiu-se como clientes internos da controladoria todo o corpo
gerencial da BASF na América do Sul, isto é, colaboradores com cargos de Gerência, Gerência
Sênior, Diretoria, Vice-Presidência, Vice-Presidência Sênior e Presidência das áreas de
negócios e áreas funcionais.
Dado que a BASF já possui identificado e classificado 36 itens-chave para o efetivo Business
Partnering da controladoria junto a seus clientes na BASF:
a) Verificar a diferença na avaliação do nível de Business Partnering entre a área
de controladoria e seus clientes internos;
b) Verificar a diferença na avaliação do nível de Business Partnering entre as
diferentes localidades;
c) Verificar se existe diferença na avaliação do nível de Business Partnering de
acordo com a área de atuação dos clientes internos da controladoria.
Legenda: 1) guiar, desafiar, aconselhar a organização no sentido da tomada de decisão econômica e geração de
valor; 2) fomentar o diálogo e compreensão abrangente em áreas cruzadas dentro da organização; 3) fazer
cumprir o compliance com os procedimentos de comunicação do grupo; 4) garantir o entendimento econômico
da administração sobre a situação econômica da BASF.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A busca foi realizada individualmente em cada um dos seis periódicos por meio da
leitura do título e do resumo de cada trabalho. A palavra chave utilizada na busca, denominado
filtro preliminar, identificou trabalhos que discutiam as funções e/ou papel da controladoria ou
contabilidade gerencial, resultando num total de 29 trabalhos. Aplicando-se o segundo filtro,
buscou-se identificar especificamente trabalhos que discutiam o papel de Business Partnering
da controladoria ou contabilidade gerencial, resultando num total de apenas oito trabalhos.
Quatro dos seis periódicos analisados, dos quais estão os dois periódicos nacionais,
não foi encontrado nenhum trabalho relacionado ao tema proposto pelo estudo. O número total
de artigos que discutiram o tema proposto foi de oito de um total de 1551 artigos analisados, o
que representa pouco mais de 0,5% do resultado. A Tabela 1, apresenta o resumo dos resultados
dos periódicos levantados.
Tabela 1: Resumo das fontes de dados levantadas de janeiro de 2005 a setembro de 2015
Nº de Nº de Artigos
Nome do Periódico %
Artigos Business Partnering
European Accounting Review 280 6 2%
Management Accounting Research 209 2 1%
Accounting, Organizations and Society 402 0 0%
American Accounting Association 145 0 0%
Congresso USP de Contabilidade e Controladoria 285 0 0%
Revista de Contabilidade e Finanças 230 0 0%
Total 1551 8 1%
Fonte: Elaborado pelo autor.
A etimologia da palavra controlling (controladoria), por um lado, tem sua origem do inglês, do
verbo to control (controlar), que por sua vez apresenta diferentes significados, como, por
exemplo: a) direcionar, comandar, guiar; b) regular, ajustar; c) checar; d) supervisionar, colocar
limites; e e) planejar. A palavra tem também como origem o termo counter-roll (do inglês) e
contre-rôle (do francês), que têm como significado verificar o status atual de ativos baseados
em determinada especificação (ROMAN, 2014).
Segundo Lunkes, Schnorrenberger, Gasparetto e Vicente (2009) em seu estudo sobre
o papel da controladoria, a institucionalização da função da controladoria ocorreu em função
do processo de industrialização ocorrido nos Estados Unidos na segunda metade do século XIX.
Segundo eles, em 1982, a General Eletric Company tornou-se a primeira indústria a
formalmente registrar a posição de Controller.
O estudo sobre o antigo estereótipo do papel da controladoria como o de Book-keeper
(guardador de livros) e Bean-counter (contador de feijão) começou com o trabalho denominado
Role Conflicts of Management Accountants and Their Position within Organization Structures,
de Hooper, em 1980. O trabalho foi baseado no estudo anterior de Simon et al (1954), em que
os autores sugeriam três papéis distintos para a controladoria: Scorekeeping, Attention
Directing e Problem-solving, isto é, registro de informações, direcionamento da atenção e
resolução de problemas (VOIPIO, 2014).
Estes papéis foram baseados nas distintas interações e informações levadas aos
gestores em diferentes níveis dentro da empresa. Dados rotineiros financeiros poderiam ser
utilizados como medidas de desempenho de uma unidade de negócio, levando assim ao papel
de Scorekeeping. Essa mesma informação financeira poderia destacar um problema de
produção, resultando, assim, no papel de Attention Directing. Finalmente, os gestores poderiam
solicitar informações financeiras customizadas para resolver um problema do seu
departamento, evidenciando assim o papel de Problem-solving (VOIPIO, 2014).
No mesmo sentido, Hopper (1980) propôs dois papéis fundamentais para a
controladoria, o Book-keeper e o Service-aid (de prover auxílio). Ao utilizar as duas
características da controladoria de Scorekeeping e Attention Directing elaboradas por Simon et
al (1954), ele definiu o conceito de Book-keeper como o de responsável pelos sistemas
financeiros, sistemas de medição de desempenho e controle organizacional por meio da
distribuição de informações da contabilidade gerencial. Na capacidade de Book-keeper,
26
interação com a gestão operacional não era vista como alta prioridade pela controladoria das
empresas (VOIPIO, 2014).
Para Granlund e Lukka (1997), esta imagem ou estereótipo de Book-keeper e Bean-
counter da controladoria foram criados pelo fato dela concentrar-se majoritariamente no
fornecimento de informações financeiras, isto é, na preparação de relatórios para os gestores,
mas que, no entanto, não necessariamente agregavam valor para a tomada de decisão.
Pierce e O’Dea (2003) complementam afirmando que a concentração apenas na
preparação dessas informações, sem necessariamente interpretá-las ou compreendê-las em um
contexto operacional, faz com que elas não auxiliem no apoio à tomada de decisão e na
resolução dos problemas. Consequentemente, isso pode levar com que a gerência das operações
e dos negócios considerem e avaliem a informação recebidas como sendo de pouca relevância.
Järvenpää (2001) explica que essa percepção sobre a irrelevância das informações
financeiras fornecidas pela controladoria aos gerentes de negócio tem sido associada a várias
causas como, por exemplo, o baixo conhecimento sobre o negócio em si por parte da
controladoria, expectativas conflitantes sobre a interpretação dos dados a serem apresentados e
divulgados entre a controladoria e suas contrapartes nos negócios e, muitas vezes, devido à
baixa capacidade de utilização das ferramentas e práticas em uso da organização.
Outro aspecto importante do estereotipo de Book-keeper e Been-counter é a
perspectiva de controle em que está intimamente ligada com a prestação de informações.
Responsabilidades, tais como de avaliações financeiras e análises de variedade de resultados
com base em relatórios financeiros mensais, são geralmente realizadas fora das funções de
negócio, o que às vezes pode dar uma impressão negativa sobre a posição da controladoria, uma
vez que há conotação de monitoramento, controle e de vigia, o que foi conceituado com os
termos de Watchdog (cão de guarda), Number crunching (triturador de números) e Corporate
Police (polícia corporativa) (GRANLUND; LUKKA, 1997), (YAZDIFAR; TSAMENYI,
2005), (VAIVIO; KOKKO, 2006).
No Quadro 1, está o resumo com os principais termos relativos ao antigo estereotipo
de Book-keeper e Been-counter da controladoria feito pelos autores referenciados na revisão
bibliográfica deste trabalho.
27
No entanto, diante das alterações dos fatores organizacionais e contextuais, tais como
o aumento da concorrência de mercado, mudanças na estratégia, complexidade das operações
e transições da estrutura das operações, estas impactaram nas expectativas quanto ao papel
definido para a controladoria (BURNS; BALDVINSDOTTIR, 2005).
A concorrência global de hoje e as novas necessidades dos gestores de negócios têm
facilitado a transição para um novo papel de Business Oriented (orientação para os negócios)
por parte da controladoria. Da mesma forma, o foco reemergente na competitividade de custos
reforçou importância organizacional da controladoria por meio de sua expertise em análise de
controle de custos (JÄRVENPÄÄ, 2001).
Adicionalmente, tem-se percebido também recente tendência de descentralização da
função da controladoria, o que tem trazido a controladoria mais próxima das operações, além
de formar cada vez mais equipes multifuncionais. Esta criação de equipes multifuncionais tem
favorecido a melhor cooperação e interação entre a controladoria e suas respectivas contrapartes
nos negócios. Especialmente, a proximidade física da controladoria com os gestores de negócio
tem auxiliado no melhor entendimento das necessidades de informação das outras funções
(BURNS; BALDVINSDOTTIR, 2005).
Além disso, com as constantes inovações e com o próprio processo de descentralização
da controladoria, fez-se que a própria atividade da controladoria não estivesse com exclusiva
responsabilidade da controladoria. Em vez disso, os gerentes de negócios cada vez mais têm a
possibilidade de executar atividades de controladoria graças às novas ferramentas disponíveis,
como, por exemplo, pode-se constatar no processo de orçamento, isto é, tem ocorrido um
relativo processo de dispersão das atividades e do conhecimento da controladoria dentro das
organizações (BURNS; VAIVIO, 2001).
28
suas contrapartes tende a elevar a satisfação e compreensão das informações recebidas por parte
dos gerentes operacionais e gerentes de negócio.
No Quadro 2, é apresentado um resumo com os principais termos relativos ao novo
papel de Business Partner da controladoria de acordo com os autores referenciados na revisão
bibliográfica deste trabalho.
Por meio do quadro pode-se observar claramente que os termos relacionados ao novo
papel da controladoria de Business Partnering são caracterizados pelas palavras de business,
isto é, negócio, representando assim a necessidade de maior aproximação da controladoria das
atividades operacionais e dos negócios.
30
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
A estratégia adotada para este trabalho é de natureza quantitativa, o que, segundo Diehl e Tatim
(2004), objetiva alcançar a assertividade sobre os resultados a evitar distorções das análises e
interpretações, garantindo, assim, maior segurança quanto às inferências sobre o objeto de
estudo.
O objetivo geral deste trabalho é de caráter descritivo, o que tem como característica principal
a descrição dos eventos ou características de determinada população - Diehl e Tatim (2004).
No mesmo sentido, Mattar (2012) afirma que a pesquisa descritiva deve ser aplicada quando o
propósito do trabalho é de estimar a proporção de elementos numa população específica que
tenham determinadas características ou comportamentos, descrevendo as características de
determinados grupos ou verificando a existência de relação entre as variáveis estudas.
Tendo em vista a necessidade de analisar os fatos do ponto de vista empírico, o presente estudo
foi realizado por meio de uma pesquisa de levantamento. As pesquisas desse tipo são
caracterizadas pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento ou opinião se deseja
entender. De um modo geral, realizam-se questionamentos de informações a um grupo
significativo de pessoas sobre o tema a ser estudado e, por meio de uma análise quantitativa,
obtêm-se as conclusões relativas aos dados coletados (DIEHL; TATIM, 2004).
Os pontos positivos deste tipo de procedimento técnico são: conhecimento direto da
realidade estudada, economia, agilidade e possibilidade de quantificação. Por outro lado, as
principais limitações são: ênfase nos aspectos perceptíveis, baixa profundidade no estudo
proposto e limitada apreensão do processo de mudança. Nesse sentido, Diehl e Tatim (2004)
recomendam que este tipo de procedimento seja aplicado em estudos descritivos, o que está
alinhado com o presente trabalho de pesquisa.
Existem três definições que devem ser entendidas sobre o plano de amostragem de um estudo
científico: população, amostra e amostragem (MATTAR, 2012).
Diehl e Tatim (2004) definem população ou universo como um conjunto de elementos
passíveis de serem mensurados em relação às variáveis que se pretender estudar, o que pode ser
eventualmente formada por pessoas, famílias, empresa, ou qualquer outro tipo de elemento, de
acordo com os objetivos do estudo.
No mesmo sentido, Richardson (2009) explica que sob a perspectiva estatística,
população pode ser o conjunto de pessoas ou indivíduos que trabalham numa mesma empresa,
ou os estudantes de uma mesma escola ou universidade ou a produção em uma indústria de
bens de consumo, dentre outros tipos de situações.
32
população. Considerando o somatório dos dois grupos, obteve-se um total 27% de taxa de
resposta, isto é, 181 de indivíduos que responderam ao questionário de um total de 678
colaboradores pesquisados. Conforme Diehl e Tatim (2004), em média, os questionários
expedidos pelo pesquisador alcançam 25% de devolução, o que demonstra que os resultados
alcançados neste estudo estão dentro da média esperada de participação.
Os dados em pesquisas são classificados em dois grandes grupos: dados primários são aqueles
que ainda não foram coletados, estando em poder dos pesquisados e que serão coletados para
atender às necessidades específicas de determinado estudo. Já os dados secundários são aqueles
que já foram previamente coletados, tabulados, ordenados, e até mesmo analisados, estando
assim catalogados e disponíveis aos interessados (MATTAR, 2012). Desta forma, os dados
deste trabalho são de características primárias, já que os mesmos foram colhidos e registrados
em primeira mão pelo pesquisador.
O instrumento de pesquisa utilizado para este trabalho foi o do questionário, com vistas
a garantir fundamentação empírica para as conclusões da pesquisa baseada na fundamentação
teórica.
De acordo com Diehl e Tatim (2004), o questionário é um instrumento de coleta de
dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito
e sem a presença do entrevistador. Adicionam ainda que com o questionário deve ser enviada
uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância, e o porquê da
necessidade da obtenção das respostas. Assim, espera-se despertar o interesse do respondente,
estimulando-o a preencher e devolver o questionário enviado (vide Apêndice A).
No mesmo sentido, Hill e Hill (2008) afirmam que a elaboração de um questionário
deve refletir os objetivos desejados da pesquisa por meio de questões específicas, isto é, deve
traduzir cuidadosamente o objetivo geral do trabalho. Dessa forma, o seu resultado deve
garantir o acesso a informação que se pretendia pesquisar.
De acordo com Mattar (2012), dentre as principais vantagens desse tipo de instrumento
de pesquisa estão a economia de tempo, obtenção rápida das respostas, segurança nos dados,
menor risco de distorção e maior abrangência da pesquisa. Dessa forma, para a elaboração do
questionário, foram consideradas as seguintes características:
a) Identificação dos dados e variáveis fundamentais que compuseram as
perguntas;
34
Também por solicitação da própria empresa, a escala adotada para o questionário foi
fechada e se deu com as seguintes possibilidades de respostas: 1 – Never, 2 – Seldom, 3 – Often
and 4 – Always, em uma tradução literal para o português: 1 – Nunca, 2 – Raramente, 3 –
Frequentemente e 4 – Sempre. O objetivo de disponibilizar apenas quatro alternativas possíveis
foi com o intuito de obrigatoriamente fazer com que os respondentes avaliassem cada item
como negativo (respostas 1 e 2) ou positivo (respostas 3 e 4), isto é, que não existisse meio-
termo nas possibilidades de resposta.
Além da avaliação das características previamente identificadas pela BASF, o
questionário possuía uma questão fechada referente à localidade do respondente, o que poderia
ser respondido como 1 - Brazil ou 2 – Business Centers (BCS, BCN, BCW), sendo que o BCS
- Business Center South: o que corresponde aos países Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai;
BCN - Business Center North: o que corresponde aos países Colômbia, Equador e Venezuela e
BCW – Business Center West: o que correspondente aos países Chile e Peru.
Finalmente, adicionou-se mais uma questão fechada apenas para o grupo de gestores
da BASF, relacionada à identificação da área de atuação do respondente, objetivando-se, assim,
responder à questão se existe diferença na avaliação do nível de Business Partnering de acordo
com a área de atuação dos clientes internos da controladoria. Foram levantados 15 clusters de
áreas de acordo com classificação fornecida pela área de Recursos Humanos da BASF e
disponibilizados para seleção no questionário, conforme o Quadro 3.
Conforme Oyadomari (2008), dois pontos foram levados como críticos para não
inviabilizar a pesquisa, sendo o primeiro deles relacionado à extensão do questionário, pois é
de comum conhecimento sobre a limitação de tempo dos gerentes nas organizações e o segundo
em relação à garantia de confidencialidade da pesquisa, pois existem cada vez mais cláusulas
de confidencialidade que impedem a divulgação ou apresentação de informações.
Para se obter um melhor resultado do questionário, ele foi pré-validado pelo diretor de
controladoria da BASF América do Sul e por um Controller de uma Unidade de Negócio da
empresa, ambos com experiência em pesquisas surveys na BASF. Além disso, foi realizado um
pré-teste com um Analista de Planejamento e Controle Sênior de uma área de Negócio a fim de
averiguar-se sua percepção acerca do questionário.
Modificações foram realizadas no layout do questionário, como por exemplo, a
substituição de campos selecionáveis no formato de drop down list (lista suspensa), por campos
selecionáveis no formato check box (caixa de seleção), garantindo assim maior velocidade no
preenchimento das respostas e um layout mais enxuto do questionário. Além disso, foi retirada
a questão relacionada a área/divisão de negócio do respondente, pois a utilização desta poderia
gerar em alguns casos a identificação do entrevistado.
Finalmente o questionário foi disponibilizado de forma eletrônica na intranet da
empresa por meio de uma plataforma da própria BASF para a realização de pesquisas do tipo
survey. A comunicação foi realizada via dois correios eletrônicos enviados pelo diretor de
controladoria da BASF na América do Sul na forma de uma carta-convite com um caminho
eletrônico (link) para o questionário da pesquisa para os respectivos grupos de pesquisa, o grupo
de controladoria e o de gestores da BASF. O envio do questionário foi realizado no dia 13 de
novembro e teve o prazo-limite para respostas do questionário como sendo o dia 30 de
37
novembro de 2015. A lista de e-mails de ambas as populações foi fornecida pela área de
Recursos Humanos da empresa.
Os constructos que orientam a elaboração dos questionários foram baseados nos
construtos previamente identificados pela BASF e submetidos para validação e revisão no pré-
teste realizado:
1) Personal Requirements (Requerimentos Pessoal):
a. Analytical excellence (Excelencia analítica);
b. Integrity & objectivity (Integridade & objetividade);
c. Standing & backbone (Posicionamento firme);
d. Reflection & learning (Reflexão & aprendizagem) .
2) Interactive Skills (Habilidades de Interação):
a. Concise communication (Comunicação concisa);
b. Constructive challenging (Desafiar construtivamente);
c. Ability to convince (Capacidade de convencer);
d. Trusted relationship (Relação de confiança).
3) Commercial Attitude (Atitudes Comercial):
a. Value oriented mindset (Pensamento orientado para o resultado);
b. Forward looking & external awareness (Perspectiva de futuro & consciência
de externalidades);
c. Business acumen & responsibility (Perspicácia & responsabilidade sobre o
negócio);
d. Initiative and drive change (Iniciativa e unidade de mudança).
Cada competência foi desmembrada em quatro grupos com três afirmações cada, de
modo a representar as características identificadas pela BASF como necessárias para a atuação
da controladoria como Business Partner.
O primeiro construto buscou avaliar o business partner apresentado sob a ótica das habilidades
analíticas e competências da controladoria. Para tanto, foi realizado o seguinte questionamento
para o grupo de controladoria: Please read each statement and select 1 – Never, 2 – Seldom, 3
– Often and 4 – Always to reflect how you see your own performance, isto é, numa tradução
literal para o português: por favor leia cada uma das afirmações e selecione 1 – Nunca, 2 –
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favor leia cada uma das afirmações e selecione 1 – Nunca, 2 – Raramente, 3 – Frequentemente
e 4 – Sempre – para refletir como você vê o desempenho da controladoria.
O segundo construto buscou avaliar o business partner apresentado sob a ótica das interações
comportamentais e de comunicação da controladoria. Para tanto, foi realizado o mesmo
questionamento para o grupo de controladoria: Please read each statement and select 1 – Never,
2 – Seldom, 3 – Often and 4 – Always to reflect how you see your own performance, isto é,
numa tradução literal para o português: Por favor leia cada uma das afirmações e selecione 1 –
Nunca 2 – Raramente 3 – Frequentemente e 4 – Sempre, para refletir como você vê seu próprio
desempenho.
O terceiro construto buscou avaliar como o business partner contribui para a geração de valor
e para a tomada de decisões orientadas ao mercado. Para tanto, foi realizado o mesmo
questionamento de antes para o grupo de controladoria: Please read each statement and select
1 – Never, 2 – Seldom, 3 Often 4 – Always to reflect how you see your own performance, isto
é, numa tradução literal para o português: Por favor leia cada uma das afirmações e selecione 1
– Nunca 2, – Raramente 3, – Frequentemente e 4 – Sempre, para refletir como você vê seu
próprio desempenho.
A análise deste estudo foi realizada de forma quantitativa e consistiu na preparação do banco
de dados em planilha de Excel. Nas colunas foram consideradas as variáveis avaliadas (36
questões ou características consideradas pela BASF) e identificado o grupo de respondentes,
isto é, o grupo de controladoria e o grupo de gestores da BASF. Além disso, foi inserido uma
coluna com a identificação da localidade dos respondentes e uma outra coluna apenas para o
grupo de gestores, com a identificação da área de atuação das mesmas. Nas linhas foram
inseridas as respostas de cada um dos respondentes com a devida codificação/ordenação de
cada uma. Em seguida os dados foram transportados para o software SPSS versão 15.0 para se
proceder às análises estatísticas.
Posteriormente, foram realizadas análises descritivas dos dados por meio da medição
da frequência dos tipos de respostas para cada item. Além disso, fez-se um agrupamento das
respostas por construto (Personal Requirement, Interactive Skills e Commercial Attitudes)
utilizando-se escala somada, mensurando o resultado total de cada um dos dois grupos.
Além disso, foi realizada uma comparação entre o nível de frequência das respostas
entre os dois diferentes grupos, objetivando, assim, verificar o GAP entre a avaliação do grupo
de controladoria e do grupo de gerentes da BASF. Para o grupo de gerentes, adicionalmente foi
45
realizada uma análise de acordo com a área dos respondentes a fim de se verificar o diferente
nível de avaliação de cada área por construto. Finalmente, foi analisado as avaliações dos
respondentes do Brasil e dos Business Centers, a fim de se verificar o GAP ou diferenças entre
as avaliações dos dois grupos.
46
Analisam-se nesta sessão os dados obtidos na pesquisa por meio das respostas obtidas nos
questionários enviados aos grupos de controladoria e gestores da BASF. Os resultados
apresentados são fundamentados por análise descritiva dos resultados obtidos.
Nível de Representatividade
Grupo Questionários Questionários
Participação % do grupo na
Pesquisado Enviados Respondidos
% pesquisa
Controladoria 117 74 63% 41%
Gestores 561 107 19% 59%
Total 678 181 27% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nível de Representatividade
Questionários Questionários
Localização participação % da localidade na
enviados respondidos
% pesquisa
Brasil 548 152 28% 84%
Business Centers 130 29 22% 16%
Total 678 181 27% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nível de Representatividade
Questionários Questionários
Grupo participação % do grupo na
enviados respondidos
% pesquisa
Controladoria 87 63 72% 41%
Gestores 461 89 19% 59%
Total 548 152 28% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
48
Nível de Representatividade
Questionários Questionários
Grupo participação % do grupo na
enviados respondidos
% pesquisa
Controladoria 30 11 37% 38%
Gestores 100 18 18% 62%
Total 130 29 22% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 11: Questões (características), competências e variáveis do construto Interactive Skills (Habilidades de
Interação)
Competência Característica avaliada Variável
...communicate clearly and tailor it to my / their counterpart
V5
(…comunica com clareza e adapta a comunicação para a contraparte)
Concise
communication ...translate complex issues into easy language
V17
(Comunicação (...traduz temas complexos em uma linguagem simples)
concisa)
...focus on quintessence and recommendations
V29
(...foca em quintessência e recomendações)
...actively challenge performance / inconsistencies
V6
(...ativamente desafia desempenho / inconsistências)
Constructive
challenging ...argue constructively without necessarily avoiding conflicts
V18
(Desafiar (...defende construtivamente sem necessariamente evitar conflitos)
construtivamente)
...can deal with adequate persistency
V30
(…pode lidar com persistência adequada)
Ability to ...assertively present / convincingly justify proposals
V7
convince (...assertivamente apresenta / convincentemente justifica propostas)
50
Quadro 12: Questões (características), competências e variáveis do construto Commercial Attitudes (Atitudes
Comercial)
Competência Característica avaliada Variável
...clearly orientate myself / themselves towards the VBM principles
V9
(…se orienta claramente pelos princípios de VBM)
Value oriented
mindset ...focus on key measures with significant impact
V21
(Pensamento (...concentra em medidas chaves que tenham impacto significativo)
orientado para ...help my / their Business Partner to understand economic impact of
resultado) alternatives
V33
(...ajuda o parceiro de negócios a entender o impacto econômico de
alternativas)
Forward looking ...anticipate external into as new opportunities and risks
V10
& external (...antecipa externalidades como novas oportunidades e riscos)
awareness
...identify key issues and trends when analyzing data
(Perspectiva de V22
(...identifica as principais questões e tendências ao analisar os dados)
futuro &
consciência sobre ...compare competitor' with BASF performance
V34
externalidades) (...compara o desempenho de competidores com o da BASF)
...regularly refer to our strategy
V11
Business acumen (...refere-se regularmente para a nossa estratégia)
& responsibility
...can summarize our business status in one minute
(Perspicácia & V23
(...pode resumir nosso status de negócio em um minuto)
responsabilidade
do negócio) ...share responsibility for a specific task with other functions
V35
(...compartilha responsabilidade por uma tarefa específica com outras funções)
...follow up on action items without being asked to do so
V12
Initiative and (...acompanha tarefas sem ser solicitado para fazê-lo)
drive change ...drive the implementation of actions by continuous follow-up
(Iniciativa e (...conduz a implementação de ações por meio de contínuos V24
agente de acompanhamentos)
mudança) ...proactively initiate an improvement
V36
(...proativamente inicia melhorias)
51%
55% 51%
48%
20%
13% 14% 15%
1% 1% 4% 2%
Personal Requirements Interactive Skills Commercial Attitudes Geral
(Requerimentos Pessoais) (Habilidades de Interação) (Atitude Comercial)
Por meio de uma análise mais detalhada dos construtos foi possível identificar quais dos
quatro grupos de competências dos respectivos três construtos tiveram maior frequência de
avaliações positivas e negativas, o que possibilitou diagnosticar com maior profundidade cada
construto e competência.
24%
35% 40% 37%
50%
57%
54% 42% 48%
41%
56%
60% 57%
55%
46%
19%
13% 16% 14%
6%
2% 1% 1% 2% 1%
Concise Constructive Ability to convince Trusted relationship Interactive Skills
communication challenging (Desafio (Capacidade de (Relação de (Habilidades de
(Comunicação construtivo) convencer) confiança) Interação)
concisa)
44%
52% 51%
53%
53%
29%
22% 17% 20%
11% 8%
1% 3% 3% 4%
Value oriented Forward looking & Business acumen & Initiative and drive Commercial Attitudes
mindset (Pensamento external awareness responsibility change (Iniciativa e (Atitude Comercial)
orientado para (Perspectiva de futuro (Perspicácia & agente de mudança)
resultado) & consciência responsabilidade do
externa) negócio)
Segundo ele, a obtenção de conhecimento externo poderia ser aplicada no próprio negócio
trazendo assim melhorias na relação de Business Partnering.
Além disso, outra característica não tão bem avaliada é em relação à antecipação da
controladoria a externalidades, no que se refere, por exemplo, a oportunidades e riscos. Mais
de um terço dos pesquisados (34%) avaliou negativamente esta questão, o que a torna a segunda
pior questão avaliada dentre todos as 36 da pesquisa.
A terceira competência avaliada neste construto, foi o de Business acumen &
responsibility (Perspicácia & responsabilidade do negócio), que obteve cerca de um quarto das
avaliações negativas, o que correspondeu a segunda pior avaliação dentre as doze competências
avaliadas no trabalho. O principal impacto está relacionado a avaliação negativa de 30% dos
pesquisados em relação a questão da capacidade da controladoria em resumir em um minuto a
situação do negócio. Este item pode estar intimamente ligado ao tema de alta complexidade da
BASF, que também foi negativamente avaliado nas competências anteriores. Além disso, para
27% dos entrevistados, a controladoria, “Nunca” ou “Raramente” se refere a estratégia da
BASF, o que foi inesperado, uma vez que a controladoria é uma das áreas responsáveis por
elaborar, monitorar e divulgar o tema dentro da organização. Já o item de compartilhamento
das atividades junto a outras funções e áreas da BASF, teve uma avaliação bastante positiva,
com mais de 83% do resultado.
Initiative and drive change (Iniciativa e agente de mudança) foi a quarta e última
competência avaliada, obtendo pouco mais de 80% de avaliações positivas na pesquisa. Os
dois quesitos, acompanhamento das tarefas sem ter sido solicitado para fazê-lo e o de
proativamente inicia melhorias, tiveram avaliações muito similares, com um resultado positivo
superior a 80%, com uma avaliação de “Sempre” de cerca de 30% em ambos os casos.
Na Tabela 6, é mostrado o resumo da avaliação com a frequência média das respostas
das 36 questões do estudo.
Nesta sessão foram analisadas as diferenças das avaliações entre o grupo de controladoria e dos
gestores, de modo, a se responder à questão: “Verificar a diferença na avaliação do nível de
Business Partnering entre a área de controladoria e seus clientes internos”.
Por meio da soma das escalas das avaliações de cada grupo, obteve-se a comparação
das avaliações de ambos os grupos por construto, conforme é apresentado na Tabela 7.
Segundo Roman (2014), a avaliação da atuação controladoria, é baseado tanto pelo
aspecto de desejo de determinado serviço ou comportamento, quanto também pela necessidade
de determinado serviço ou comportamento. Nesse caso, o nível de satisfação será positivo
quando a percepção sobre o serviço é superior ao nível previamente esperado e vice-versa. Os
resultados da Tabela 7, mostram que a avaliação do grupo de controladoria é superior em
relação a avaliação do grupo de gestores, o que significa que grupo de controladoria se auto
avalia com um nível superior de Business Partner do que é percebido pelo grupo de gestores.
A avaliação mais positiva da controladoria em relação ao grupo de gestores, ocorreu em
todos os construtos, sendo que a maior diferença ou GAP das avaliações encontra-se no
primeiro construto de Personal Requirements (Requerimentos Pessoal), seguido do segundo
construto Interactive Skills (Habilidades de Interação) e do terceiro construto Commercial
Attitudes (Atitudes Comercial).
Tabela 7: Comparativo de avaliação e GAP entre o grupo de controladoria e gestores por construtos
Tabela 8: Comparativo e avaliação do GAP entre o grupo de controladoria e gestores no construto Personal
Requirements (Requerimentos Pessoal)
Tabela 9: Comparativo e avaliação do GAP entre o grupo de controladoria e gestores no construto Interactive
Skills (Habilidades de Interação)
Tabela 10: Comparativo e avaliação do GAP entre o grupo de controladoria e gestores no construto (Atitude
Comercial)
Diferença
Competências Controladoria Gestores
(GAP)
Value oriented mindset (Pensamento
3.43 3.05 0.37
orientado para o resultado)
Forward looking & external awareness
(Perspectiva de futuro & consciência de 2.93 2.62 0.31
externalidades)
Business acumen & responsibility
(Perspicácia & responsabilidade sobre o 3.09 2.87 0.21
negócio)
Initiative and drive change (Iniciativa e
3.38 2.83 0.55
unidade de mudança)
A Tabela 10, mostra que o maior GAP, entre as avaliações da controladoria e gestores
em relação as competências do terceiro construto Commercial Attitudes (Atitudes Comercial),
é referente a quarta competência, Initiative and drive change (Iniciativa e unidade de mudança).
Basicamente, o GAP é consequencia das avaliações das questões sobre o acompanhamento da
controladoria das tarefas sem ser solicitado para faze-lo (GAP = 0.57); e se a controladoria
proativamente inicia melhorias (GAP = 0.68).
Nesta sessão foram analisadas as diferenças entre as avaliações das duas diferentes localidades,
Brasil e Business Centers, de modo, a se responder à questão: “verificar a diferença na avaliação
do nível de Business Partnering entre as diferentes localidades”.
Por meio da soma das escalas das avaliações de cada localidade, obteve-se a comparação
das avaliações de ambos as localidades por construto, conforme é apresentado na Tabela 11.
63
Tabela 11: Avaliação do GAP entre a Brasil e Business Centers por construto
A Tabela 11, mostra que de um modo geral, em todos os três construtos avaliados os
Business Centers, apresentaram uma avaliação superior em relação a avaliação realizada pelos
respondentes no Brasil. A principal diferença se deu no segundo construto, Interactive Skills
(Habilidades de Interação), onde houve -0.18 de diferença de avaliação entre as duas
localidades.
Na Tabela 12, é apresentado o resultado das avaliações das competências do primeiro
construto Personal Requirements (Requerimentos Pessoal) pelas duas localidades, Brasil e
Business Centers, além das diferenças ou GAPs entre elas.
Tabela 12: Avaliação do GAP entre localidades: Personal Requirements (Requerimentos Pessoal)
Da mesma maneira que ocorreu na avaliação geral dos construtos, a Tabela 12, mostra
que os Business Centers, também tiveram uma avaliação mais positivas em todas as quatro
competências do construto Personal Requirements (Requerimentos Pessoal), tendo a maior
64
Tabela 13: Avaliação do GAP entre localidades: Interactive Skills (Habilidades de Interação)
Observa-se na Tabela 13, que há uma diferença ou GAP relativamente alto (GAP maior
do que - 0.20) em três competências (primeira, terceira e quarta), onde observa-se uma melhor
avaliação do nível de Business Partnering por parte dos Business Centers comparado a
avaliação dos respondentes no Brasil. A segunda competência também apresenta GAP negativo
entre a avaliação do Brasil e a dos Business Centers, porém em menor escala (GAP = - 011).
Dentre as características que mais explicam este GAP, estão as seguintes questões avaliadas: se
a controladoria comunica com clareza e adapta a comunicação para a sua contraparte (GAP = -
0.29); se a controladoria enfatiza mensagens positivas, oportunidades e benefícios (GAP = -
0.29); e se a controladoria considera a perspectiva do parceiro de negócios em seus próprios
argumentos (GAP = - 0.27).
65
Por fim, a Tabela 14 apresenta o resultado das avaliações e GAPs, por competência do
último construto Commercial Attitudes (Atitudes Comercial), pelas duas localidades avaliadas.
Tabela 14: Avaliação do GAP entre localidades: Commercial Attitude (Atitude Comercial)
Business Diferença
Competências Brasil
Centers (GAP)
Value oriented mindset (Pensamento orientado para o
3.17 3.41 - 0.25
resultado)
Forward looking & external awareness
2.76 2.67 0.10
(Perspectiva de futuro & consciência de externalidades)
Business acumen & responsibility
2.94 3.07 - 0.13
(Perspicácia & responsabilidade sobre o negócio)
Initiative and drive change (Iniciativa e unidade de
3.01 3.31 - 0.30
mudança)
Geral 2.97 3.11 - 0.15
Fonte: Elaborado pelo autor.
Infere-se da Tabela 14, que apenas a segunda competência Forward looking & external
awareness (Perspectiva de futuro & consciência de externalidades) apresentou resultados onde
o Brasil avalia melhor o nível de Business Partnering em relação a avaliação dos Business
Centers, ou seja, todas as demais três competências apresentaram resultados que demonstraram
que a controladoria exerce com maior frequência seu papel de Business Partner nos Business
Centers em comparação com a avaliação do Brasil.
52%
58% 55%
54%
25%
18% 20% 21%
2% 2% 6% 3%
Personal Requirements Interactive Skills Commercial Attitudes Geral
(Requerimentos Pessoais) (Habilidades de Interação) (Atitude Comercial)
Figura 9: Frequência de avaliação geral do grupo gestores adaptados por área de atuação
7% 11%
20% 14%
21% 24% 25% 27% 21%
44%
63%
52% 65% 54% 55%
53% 56% 56%
31%
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASF, 2015.
DIEHL, A. A.; TATIM, D. C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São
Paulo: Pearson, 2004.
GREEN, B. P.; KAPLAN, J. Controllership: The Other Accounting Career. New Account,
2004.
HILL, M. M.; HILL, A. Investigação por questionário. (Vol., 1. 2 ed.). Lisboa: Sílabo, 2008.
KURT, Salmon. How Effective is Your Finance Business Partnering? Retrieved May 01, 2015.
2013. Disponível em: <http://www.kurtsalmon.com/uploads/How-Effective-Finance-
Business-Partnering.pdf>.
PIERCE, B.; O'DEA, T. Management Accounting Information and the Needs of Managers:
Perceptions of Managers and Accountants Compared. 35, 257-290. The British Accounting
Review, 2003.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. Vol., 1. 3ª. ed. São Paulo: Atlas,
2009.
VOIPO, J. Management Accountant's Modern Role and Barriers to Role Change - Case Tech
Inc. Dissertação de Mestrado. Espoo: Aalto University, 2014.
VAIVIO, J.; KOKKO, T. (2006). Counting Big: Re-examining the Concept of the Bean Counter
Controller. 55(1), 49-74. The Finnish Journal of Business Economics, 2014.
YAZDIFAR, H.; TSAMENYI, M. Management Accounting Change and the Changing Roles
of Management Accountants: A Comparative Analysis Between Dependent and Independent
Organizations. 1(2), 180-198. Journal of Accounting & Organizational Change, 2005.
77
APÊNDICE A
APÊNDICE B
APÊNDICE C
Dear Controllers,
In line with the master thesis of one of our colleagues in Controlling, we are conducting a survey to
evaluate the maturity level of Business Partnering of Controlling in BASF South America.
This is an important initiative aiming to fulfil the Controlling Mission at BASF. As Business Partners
@ BASF controlling, we work jointly & proactively with business as trusted partners &
challengers.
Please take a few minutes (5-10 min) to respond the questionnaire until 30/11. Click HERE to answer.
The system will ask you the login and password to get access. Any inconvenient, please inform us.
We count on you!
Roman Gebhardt
APÊNDICE D
In line with the master thesis of one of our colleagues in Controlling, we are conducting a survey to
evaluate the maturity level of Business Partnering of Controlling in BASF South America.
This is an important initiative aiming to fulfil the Controlling Mission at BASF. As Business Partners
@ BASF controlling, we work jointly & proactively with business as trusted partners &
challengers.
Please take a few minutes (5-10 min) to respond the questionnaire until 30/11. Click HERE to answer.
The system will ask you the login and password to get access. Any inconvenient, please inform us.
We count on you!
Roman Gebhardt
APÊNDICE E
https://apps6.northamerica.basf.net/survey/svServlets?request=takesurvey&SURVEY_I
D=14763
https://apps6.northamerica.basf.net/menu/login.jsp?source=/survey/svServlets?request=
takesurvey&SURVEY_ID=request=takesurvey&SURVEY_ID=14763
82
83
84
APÊNDICE F
https://apps6.northamerica.basf.net/survey/svServlets?request=takesurvey&SURVEY_I
D=147634
https://apps6.northamerica.basf.net/menu/login.jsp?source=/survey/svServlets?request=
takesurvey&SURVEY_ID=request=takesurvey&SURVEY_ID=147634
85
86