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ANÁLISE TÉRMICA DE UM TROCADOR DE CALOR COM O

AUXÍLIO DO MATLAB

Disciplina: Métodos Computacionais


Professora: Luciete Bezerra
Alunos: Caio Marcelo C. F. Saboya
Matheus José Araujo Oliveira
Rafael Vieira Doherty

Recife – Brasil
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................… 3
2. PROBLEMA PROPOSTO............................................................................................. 3
3. METODOLOGIA.......................................................................................................… 4
4. DESENVOLVIMENTO DA ROTINA.......................................................................... 5
5. RESULTADOS...........................................................................................................…. 8
6. CONCLUSÃO...........................................................................................................….. 9
7. REFERÊNCIAS........................................................................................................….. 9

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1. INTRODUÇÃO
Os problemas de transmissão de calor são imprescindíveis para compreender os sistemas térmicos
presentes no mundo da engenharia, podendo inclusive atingir um grau de complexidade que torna inviável
uma solução analítica para a questão. Dessa forma, é necessário aplicar métodos numéricos para encontrar
uma solução aproximada. Para tanto, também precisa-se de um software para desenvolver um código que
execute a solução numérica nas equações propostas.
Neste trabalho, buscou-se aplicar essa metodologia na resolução de um problema de condução de calor
bidimensional e estacionário contido no capítulo 4 do livro Fundamentos da Transferência de Calor e Massa
[1]. Utilizou-se do software MATLAB para desenvolver a rotina de resolução do problema e executá-la,
buscando a convergência dos valores requisitados. Por fim, os resultados foram computados e analisados
quanto à sua coerência e significado físico.

2. PROBLEMA PROPOSTO

Foi proposto para a equipe de alunos a resolução do problema 81, capítulo 4 do livro Fundamentos da
Transferência de Calor e Massa, 6ª edição. O seu enunciado é o seguinte:

“Uma chapa com condutividade térmica k = 15 W/(m.K) é aquecida pelo escoamento de um fluido
quente através de canais de lado L = 20 mm em seu interior, com T∞,i = 200 ºC e hi = 500 W/(m2.K). A
superfície superior da chapa é usada para aquecer um fluido de processo a T∞,e = 25 ºC, com coeficiente
convectivo de he = 250 W/(m2.K). A superfície inferior da chapa é isolada. Para aquecer o fluido de
processo uniformemente, a temperatura da superfície superior da chapa deve ser uniforme dentro da
tolerância de 5 ºC. Use um método de diferenças finitas ou elementos finitos para obter os resultados a
seguir.
a) Determine o espaçamento máximo permitido, W, entre os eixos centrais dos canais que irá
satisfazer a exigência de uniformidade de temperatura especificada.
b) Qual é a taxa de transferência de calor por unidade de comprimento correspondente em um canal
de escoamento?”

Figura 1 – Esquematização do problema


Fonte: [1]

A necessidade do próprio problema requerer uma solução através de um método numérico (diferenças
finitas ou elementos finitos), levou-nos a não desenvolver uma solução analítica para o problema, uma vez

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que esta não seria viável pela sua natureza. Com isso, partiu-se para a determinação da metodologia de
resolução do problema em questão.

3. METODOLOGIA

Primeiramente, foi escolhido utilizar o software MATLAB para desenvolver o código da rotina de
resolução do problema, uma vez que foi determinado aos alunos que realizassem a resolução da situação em
um software de programação. Devido à familiaridade dos membros da equipe com a linguagem de
programação utilizada pelo programa, este se mostrou uma escolha adequada para desenvolver a rotina.
Por conta dessa escolha pelo MATLAB, também decidiu-se por utilizar do método das diferenças
finitas para a resolução numérica das equações, por conta de sua simplicidade e facilidade de desenvolver o
código no programa.
Para resolver o item “a” do problema, equacionou-se a temperatura de diversos pontos de acordo com
as suas configurações de acordo com a Tabela 4.2 de [1], que tem como base a resolução das equações de
balanço de energia no ponto. Assim, fez-se necessário dividir os pontos por zonas com condição de contorno
similares, como pontos da fronteira superior na interface fluido/chapa, pontos na chapa, pontos da fronteira
na interface chapa/canal, pontos no canal e pontos da fronteira inferior na interface chapa/isolante (uma vez
que só criou-se pontos até essa posição, devido à simetria do problema), Figura 2. O caso utilizado para cada
grupo de pontos, de acordo com a Tabela 4.2 de [1], está presente na Tabela 2.

Figura 2 – Distribuição de pontos, origem (0,0) no ponto superior esquerdo


Fonte: Arquivo pessoal

Tabela 2 – Casos da Eq. de Diferenças Finitas para cada grupo de pontos

(x,y) Caso da Eq. de Diferenças Finitas


(i,0) Caso 3 (nó em superfície plana com convecção)
(i<L/2,L) Caso 3
(L/2,L) Caso 2 (nó em um vértice interno com convecção)
(L/2<i≤W/2, L) Caso 1 (nó interior)
(L/2,L<j<2L) Caso 3
(W/2,L<j<2L) Caso 1
(i<L/2, L<j<2L) T = T∞,i = 200 ºC

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(L/2<i<W/2, L<j<2L) Caso 1
(i<L/2,2L) Caso 3
(L/2,2L) Caso 2
(W/2,2L) Caso 1
(L/2<i≤W/2, L) Caso 1
(i,5L/2) Caso 1
Demais (i,j) Caso 1

Quanto ao método de resolução, foi utilizado o método iterativo Gauss-Seidel [2], uma vez que utilizar
inversão de matriz resultaria em um alto custo computacional. O critério para considerar o resultado da
iteração aceitável (além de cumprir os requisitos da questão) é que |TKi,j – TK-1i,j| ≤ 0,2. A hipótese para a
temperatura inicial de todos os pontos foi definida como sendo (T∞,i + T∞,e)/2, que foi considerada uma
estimativa razoável para iniciar o processo iterativo.
Por seu turno, o item “b” foi resolvido a partir dos resultados do item “a” ao montar a equação de
transferência de calor em regime estacionário por unidade de comprimento [1] em cada ponto da fronteira
superior, aonde a chapa está em contato com o fluido externo.
A coerência dos resultados foi conferida ao montar um mapa de calor de todos os pontos,
demonstrando que os pontos da superfície superior estariam conforme a tolerância de 5ºC. Com isso,
capturou-se os valores obtidos para W (espaçamento máximo entre canais), q (transferência de calor por
unidade de comprimento) e, então, configurou-se estes como saída da rotina desenvolvida.

4. DESENVOLVIMENTO DA ROTINA

A primeira etapa da rotina consistiu em criar as variáveis fixas com valores já definidos pelo
enunciado da questão (os dados do sistema), em que o fluido externo foi definido como o “fluido 1” e o
interno como o “fluido 2”:
%dados do sistema
k = 15; %condutividade térmica da chapa (W/(m.K))
L = 0.020; %lado do canal de escoamento do fluído 1 (m)
T_f1 = 25+273; %temperatura do fluído 1 (K)
h_1 = 250; %coeficiente convectivo do fluído 1 (W/(m^2.K))
T_f2 = 200+273; %temperatura do fluído 2 (K)
h_2 = 500; %coeficiente convectivo do fluído 2 (W/(m^2.K))

Em seguida, foi definido o espaçamento (dimensão em metros) entre cada ponto em ambos os eixos
(dX e dY), sendo iguais para poder simplificar as equações de balanço de energia. A variável Y foi
considerada a distância entre a superior e a inferior, consequentemente, limita o domínio analisado na
coordenada y:

dX=0.002;
dY=dX;
Y=0.05;

h. Δ x
Também foram definidos dois coeficientes para resumir o termo presente frequentemente
k
nas equações de temperatura:

c_1=h_1*dX/k;
c_2=h_2*dX/k;

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A segunda etapa consistiu em criar a matriz de temperaturas e preparar variáveis para auxiliar a parte
iterativa. As dimensões da matriz foram definidas a partir da quantidade de pontos em cada dimensão (v em
x e V em y). Quanto às variáveis auxiliares, K indica o número da iteração e é a terceira dimensão da matriz
de temperaturas; já os termos “e” e “P” são bandeiras para controlar o processo iterativo:

V=(Y/dX)+1;
v=10;

T=ones(V,v)*((T_f1+T_f2)/2);
K=1;
w=(v-1)*dX;
e=1;
P=0;

Dessa forma, iniciou-se a terceira etapa, que consiste no loop de resolução contendo uma série de
funções iterativas. Dentro desses loops, as variáveis m e n representam as coordenadas de um ponto qualquer
em y e x, respectivamente. Assim, enquanto P=0 e e=1, a rotina executará um conjunto de duas funções for
que, primeiro, fixam as coordenadas y e x e determinam a temperatura de acordo com a posição do ponto e
as instruções da Tabela 2. Após resolver para o ponto em questão, a função determina um novo ponto e
resolve a nova equação múltiplas vezes até satisfazer |TKi,j – TK-1i,j| ≤ 0,2; após conferir o critério de erro, a
rotina confere o critério de uniformidade de temperatura. Caso este último não seja satisfeito, a variável “e”
retorna ao valor 1 e o loop de resolução é retomado. Se ambos os critérios forem satisfeitos, encerra-se o
loop ao definir P=1, com a variável O arquivando a distribuição final de temperaturas:

while P==0 %restrição superior


while e==1 %restrição inferior
K=K+1;
T(:,:,K)=T(:,:,K-1);
for i=1:V
m=(i-1)*dY;
for j=1:v
n=(j-1)*dX;
if (m>0&&m<0.02)||(m>0.04&&m<0.05) %pontos da chapa metálica fora das fronteiras
if n>0&&n<w
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+T(i,j-1,K)+T(i,j+1,K))/4;
elseif n==0
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j+1,K))/4;
else
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j-1,K))/4;
end
elseif m>0.02&&m<0.04 %pontos dentro do canal e fronteira lateral entre chapa/canal
if n>0.01&&n<w
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+T(i,j-1,K)+T(i,j+1,K))/4;
elseif n==0.01
T(i,j,K)=(2*c_2*T_f2+T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j+1,K))/(2*(2+c_2));
elseif n<0.01
T(i,j,K)=T_f2;
else
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j-1,K))/4;
end
elseif m==0 %pontos da fronteira superior
if n>0 && n<w
T(i,j,K)=(2*c_1*T_f1+2*T(i+1,j,K)+T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/(2*(2+c_1));
elseif n==0
T(i,j,K)=(c_1*T_f1+T(i+1,j,K)+T(i,j+1,K))/(2+c_1);

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else
T(i,j,K)=(c_1*T_f1+T(i+1,j,K)+T(i,j-1,K))/(2+c_1);
end
elseif m==0.02 %pontos da fronteira chapa/canal superior
if n>0.01&&n<w
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+T(i,j-1,K)+T(i,j+1,K))/4;
elseif n>0&&n<0.01
T(i,j,K)=(2*c_2*T_f2+2*T(i-1,j,K)+T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/(2*(2+c_2));
elseif n==0
T(i,j,K)=(c_2*T_f2+T(i-1,j,K)+T(i,j+1,K))/(2+c_2);
elseif n==0.01
T(i,j,K)=(2*c_2*T_f2+T(i+1,j,K)+2*T(i-1,j,K)+2*T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/(2*(3+c_2));
else
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j-1,K))/4;
end
elseif m==0.04 %pontos da fronteira chapa/canal inferior
if n>0.01&&n<w
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+T(i,j-1,K)+T(i,j+1,K))/4;
elseif n>0&&n<0.01
T(i,j,K)=(2*c_2*T_f2+2*T(i+1,j,K)+T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/(2*(2+c_2));
elseif n==0
T(i,j,K)=(c_2*T_f2+T(i+1,j,K)+T(i,j+1,K))/(2+c_2);
elseif n==0.01
T(i,j,K)=(2*c_2*T_f2+T(i-1,j,K)+2*T(i+1,j,K)+2*T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/(2*(3+c_2));
else
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i+1,j,K)+2*T(i,j-1,K))/4;
end
elseif m==0.05 %pontos da fronteira inferior
if n>0 && n<w
T(i,j,K)=(2*T(i-1,j,K)+T(i,j+1,K)+T(i,j-1,K))/4;
elseif n==0
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i,j+1,K))/2;
else
T(i,j,K)=(T(i-1,j,K)+T(i,j-1,K))/2;
end
end
end
end
E=abs(T(:,:,K)-T(:,:,K-1)); %critério erro do método Gauss-Seidel
if all(E(:)<0.02)==true
e=0;
end
O=T(:,:,K);
end
if abs(O(1,1)-O(1,v))<5 %critério de uniformidade de temperaturas
v=v+1;
T=ones(V,v)*((T_f1+T_f2)/2);
K=1;
w=(v-1)*dX;
e=1;

FIM=O; %matriz de distribuição de temperaturas


else
P=1;
end

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end

Após terminar o loop, a rotina confere se a variável FIM possui valor. Se não possuir, isso significa
que o programador definiu um valor muito grande para a variável “v”, o que fez com que abs(O(1,1)-O(1,v))
fosse de primeira maior do que 5, quebrando direto o loop e zerando FIM. Com isso, exibe-se uma
mensagem de erro e pede-se que o programador defina um novo valor de “v”:

if FIM==0
disp('ERRO: Defina um chute inicial do número de nós menor.')

Caso FIM possua valor, a rotina prossegue para resolver o item “b” da questão. A função “for”
presente nessa sessão serve para selecionar os diferentes pontos da fronteira superior e resolve a equação de
condução de calor para cada um destes:

else

q=0;
for j=1:(v-1)
if j>1&&j<v-1
q=q+2*h_1*dX*(T_f1-FIM(1,j));
else
q=q+2*h_1*(dX/2)*(T_f1-FIM(1,j));
end
end

Com essas etapas cumpridas, o problema está resolvido. Nesse momento, a função armazena a
variável “W” (distância entre os centros dos canais), definida como a dimensão final em x menos um da
matriz FIM, sendo este multiplicado por 2*dX. Também armazena-se o mapa de calor do domínio a partir da
função “heatmap(var)”. No fim, exibe-se na tela as respostas de ambos os itens:

W = 2*(size(FIM,2)-1)*dX;

heatmap(FIM)

disp('Resposta da letra A:')


disp(W)

disp('Resposta da letra B:')


disp(q)
end

5. RESULTADOS

Com a rotina totalmente desenvolvida, foi obtido um valor de W = 76 mm para a distância entre os
canais que satisfaz o item “a”. Para o item “b”, obteve-se um q = 1,5.103 W/m, para a condução de calor por
unidade de comprimento no domínio analisado. O mapa de calor obtido demonstrou que as temperaturas dos
pontos chapa na superfície superior foram uniformes dentro da tolerância de 5ºC, conforme requerido pelo
enunciado da questão, Figura 3, como também se mostraram coerente com a física do problema, onde na
região inferior da chapa e nas proximidades do canal de aquecimento houve maiores temperaturas devido ao
isolamento com o meio e à fonte de calor, respectivamente, enquanto que, na região superior da chapa,
observou-se menores temperaturas devido à troca de calor com o fluido.

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Figura 3 – Mapa de distribuição de temperaturas
Fonte: Arquivo pessoal

6. CONCLUSÃO

A rotina desenvolvida mostrou-se como adequada para resolver o problema sem erros. A distância
“W” encontrada mostrou-se consistente com a distribuição de temperatura desejada, com uma variação exata
de 5ºC entre os pontos de cada extremidade. Assim, devido à simetria do problema, isso significa que essa
condição se mantém ao longo da superfície em contato com o fluido externo.
A escolha do método de diferenças finitas para discretizar o problema mostrou-se adequada para
definir as equações do problema e realizar uma implementação simples no MATLAB. Por sua vez, o método
de resolução iterativo Gauss-Seidel mostrou-se de baixo custo computacional, com a rotina podendo ser
executada em um computador modesto de uso pessoal em 12,7s, sendo 10,7s para construir o mapa de calor
da chapa.
Com isso, a equipe conseguiu cumprir o desafio proposto de forma eficiente e rápida, em uma
linguagem de programação acessível e capaz de gerar resultados confiáveis.

7. REFERÊNCIAS
[1] INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P.; BERGMAN, Theodore L.; LAVINE, Adrienne.
Fundamentos da Transferência de Calor e Massa. 6ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
[2] FORTUNA, Armando de Oliveira. Técnicas Computacionais para Dinâmica dos Fluidos.
2ª edição. São Paulo: EDUSP, 2012.

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