O câncer de vulva é relativamente raro hoje em dia, correspondendo em torno de
3% a 4% dos cânceres ginecológicos, comumente acometendo mulheres idosas na pós- menopausa e sua incidência tem permanecido estável na faixa etária mais avançada, porém tem sido observado um pequeno aumento na incidência nas mulheres mais jovens. Este último fato talvez se deva ao maior cuidado no exame da vulva, já que antes os médicos se preocupavam mais com o exame das mamas e do colo do útero e se esqueciam de vistoriar a vulva. Cerca de 40% dos casos são detectados em estágio avançado. Fatores de risco Commented [GM1]: HPV – 40 a 50% Outras DSTs Infecção pelo HPV, embora não seja tão relevante no câncer de vulva quanto no Diabetes, obesidade, imunossupressão Líquen escleroso, Hiperplasia epitelial escamosa / câncer de colo, já que nesse último quase 100% dos casos está relacionado à infecção Dermatoses vulvares Tabagismo por esse vírus, no câncer de vulva, o HPV está envolvido em 40% a 50% dos casos. Promiscuidade CA de colo / Neoplasias do TG Além disso, outras infecções, como DST o próprio HIV, herpes simples. Doenças crônicas como diabetes, obesidade e imunossupressão. Dermatoses vulvares como o liquem escleroso, hiperplasia epitelial escamosa além de outros, como tabagismo, promiscuidade e outras neoplasias do trato genital como o próprio câncer de colo, pois quem tem ou já teve CA de colo as estatísticas mostram que há maior incidência, mesmo porque entre esses dois tipos de câncer há fatores de risco coincidentes como a infecção pelo HPV e a promiscuidade. Tipos histológicos Há diversos tipos, porém 90% dos casos o tipo histológico é o carcinoma de células escamosas, chamado tembém de epidermoide ou bowenoide, os outros 10% se resumem ao melanoma e outros mais raros como o adenocarcinoma, o basocelular, doença de Paget e sarcoma. Quando se fala em câncer de vulva geralmente se fala em carcinoma de células escamosas ou carcinoma epidermoide, por ser este o mais comum. Vias de disseminação (ATENÇÃO) O câncer aparece inicialmente na vulva e se espalha principalmente por via linfática por ser a mais importante (risos). Esta é a via de pior prognóstico. A mais frequente não é a linfática e sim a via por contiguidade (mais risos), extensão direta, podendo comprometer a uretra e o ânus. Este último fato não piora muito o prognóstico da paciente, por ainda ser uma lesão ressacável. O problema ocorre mesmo quando o câncer se espalha por via linfática, invade os linfonodos inguinais, pélvicos quando a doença é considerada sistêmica e pior é o prognóstico. A mais importante é a linfática (em termos de prognóstico) e a mais frequente é por extensão direta. Existem outras mais raras como a hematogênica alcançando órgãos a distância como pulmão e fígado e são mais frequentes em outros tipos de câncer como o melanoma e no epidermoide é mais raro este tipo de disseminação. Quadro clínico Primeiro o local da lesão, já que esta primeiramente acomete principalmente o grande lábio em 60% dos casos, depois 20% das vezes é o pequeno lábio e vestíbulo vaginal. Geralmente é uma lesão única e tem padrão de cor, formato e tamanho variável. A paciente também pode referir prurido e dor locais. A lesão pode estar já um pouco ulcerada e produzir uma secreção vaginal e até mesmo sangramento e, se estiver próxima à uretra, pode provocar disúria. O mais importante. A sintomatologia tem que ser decorada mesmo. Diagnóstico Visualização da lesão (ver uma mancha, ferida ou lesão ulcerada) e deve ser feita a biópsia da lesão. Às vezes a paciente tem uma lesão há muito tempo, ou já nasceu com ela ou a tem desde a infância não precisa ser biopsiada (já que nesse caso se fosse câncer a lesão teria evoluido aumentando de tamanho e toda a corte de sintomas que acompanha o câncer vulvar). Nesses casos de lesão antiga, esta permanece no mesmo estágio. Já se for uma lesão de surgimento recente, ou se houver crescimento da lesão ou se for uma paciente de risco (diabética, hipertensa, com histórico de infecção por HPV e possui uma lesão na vulva, deve ser feita a biópsia. Existe também o exame de vulvoscopia, que auxilia muito a realização da biópsia e localiza o melhor local para a biópsia. Faz-se o teste de ácido acético (o mesmo realizado na colposcopia) que se tiver lesão a área ficara esbranquiçada e onde estiver mais branco é onde deve ser feita a biópsia. No teste de Collins (06:42) é aplicado o azul de toluidina (corante) e a área que ficar mais azul é a área a ser biopsiada, este teste hoje é obsoleto pois dá muito falso positivo. Usa-se mais teste de ácido. O diagnóstico se dá pela visualização de qualquer área suspeita na vulva, com característica de surgimento recente, crescimento, prurido, ulceração, sangramento, dor local e se for paciente de risco para câncer de vulva (sempre considerar todo o conjunto clínico). Se for uma lesão muito pequena ou muito inicial, faz-se a vulvoscopia para ver de forma mais nítida. Se for uma lesão grande não é necessário vulvoscopia. Estadiamento Estadio 0: não alcança a membrana basal; Estadio 1: restrito a vulva ou períneo menor ou até 2cm com linfonodos negativos; 1a: até 1 mm de invasão; 1b: mais de 1 mm de invasão; Estadio 2: ainda restrito à vulva e o períneo porém com mais de 2cm com linfonodos negativos; Estadio 3: tumor de qualquer tamanho porém já atinge e uretra inferior, vagina inferior, períneo ou o ânus ou os linfonodos inguinais estão unilateralmente comprometidos; Estadio 4 4a: tumor de qualquer tamanho porém atinge uretra superior, chega à bexiga, à mucosa do reto, osso ou tem linfonodos comprometidos dos dois lados; 4b: metástase à distância (víscera, fígado, rim, pulmão, cérebro) ou o que é mais frequente que é o comprometimento dos linfonodos pélvicos, que já é considerado metástase à distância Gilvan pergunta se ele cobra e ele reponde que não (vai lá saber). Tratamento De acordo com o estadiamento: 0 até 1a: basta apenas incisionar a lesão com margens; 1b incisão local com margem maior e o tto padrão é a linfadenectomia bilateral. Há uma exceção em que a linfadenectomia pode ser feita só de um lado se a lesão distar mais de 1 cm da linha média, pois há menor chance de haver metástase para os dois lados, se menor que 1 cm da linha média deve ser feito o esvaziamento dos dois lados. Estádio IB e II: Excisão local radical (2 cm de margem) + linfadenectomia inguinal bilateral. Estádio III: Você faz a vulvectomia radical, que é uma cirurgia bastante agressiva, você tem que retirar toda a vulva da mulher e hoje se faz por 3 incisões, dependendo do caso, se for lesões muito extensas, você faz quimiorradioterapia prévia (lesões extensas) + vulvovectomia radical. Estádio IV: Como já há um comprometimento muito extenso, você tem que analisar caso a caso, você pode tentar fazer a quimiorradioterapia prévia + vulvectomia radical ou se já estiver muito extenso mesmo fazer a exenteração pélvica + vulvectomia radical. A linfadenectomia serve pra estadiar e tratar, você tira os linfonodos e manda pra exame, se esses linfonodos estiverem comprometidos no anatomopatológico, aí você manda pra radioterapia inguinal pélvica, se não tiver, não precisa, a própria cirurgia é curativa. Fatores prognósticos: Metástase linfonodal: A própria disseminação linfática é mais importante Tamanho do tumor: Maior o tumor pior o prognóstico Disseminação à distância: Quando ocorre piora o prognóstico Grau de diferenciação: Menos diferenciado pior o prognóstico Envolvimento do espaço linfovascular: Quando ocorre piora o prognóstico Sobrevida em 5 anos: Estádio 0: 100% Estádio 1: 90% Estádio 2: 80% Estádio 3: 50% Estádio 4: 15% Por isso é muito importante o diagnóstico precoce e o exame da vulva, não desprezar a vulva antes de passar o espéculo. Recidiva: Geralmente ocorre na região vulvar, menos comum na região inguinal e na pelve. Metástases á distância são raras.
Recidiva local: ressecção cirúrgica (se for possível) ou radioterapia (se ela não tiver feito radioterapia antes). Recidiva sistêmica: Quimiorradioterapia, mas tem resultados ruins.
Câncer de Vagina
Raríssimo, menos de 1% dos canceres ginecológicos, a maioria dos tumores que
aparecem da vagina, não são primários da vagina, geralmente são metástases de outros órgãos, entre eles, a vulva e o colo do útero. A sua incidência vêm diminuindo e acredita-se que seja devido à detecção precoce de lesões pré-malignas e devido à critérios diagnósticos mais rígidos. Tipos histológicos: Carcinoma de células escamosas: 85% Adenocarcinoma: 6% Melanoma: 3% Sarcoma: 3% Misto: 3 % Pico de incidência: 50 -70 anos (média de 60 anos) Fatores de risco: Baixo nível socioeconômico Verrugas genitais Irritação vaginal crônica Citologia oncótica anormal (pacientes com NIC I, NIC II têm mais risco de ter câncer de vagina) Histerectomia prévia (Isso porque quando você faz histerectomia e o colo do útero tem NIC, você pode tirar o útero e pode deixar a cúpula vaginal comprometida com NIVA, por isso pacientes que realizaram histerectomia por doença maligna tem que ser acompanhadas para não evoluírem para câncer de vagina) Localização: 1/3 superior da vagina (parede posterior) Vias de disseminação: Extensão direta (Continuidade e contiguidade) mais comum: para vulva, bexiga, reto Linfática (Mais importante) Hematogênica Quadro clínico: Geralmente sangramento vaginal anormal (75%) Pode haver disúria Dor pélvica é mais raro Estadiamento: Estagio 0: carcinoma in situ Estagio I: Limitado a parede vaginal Estagio II: envolve tecido subvaginal sem chegar à parede pélvica Estagio III: estende-se até a parede pélvica Estagio IVa: extensão para órgãos pélvicos adjacentes (bexiga ou reto) Estagio IVb: metástases a distância Tratamento: Cirurgia, muito complicado de se fazer, pois o acesso é difícil, mas em lesões iniciais (estádio I) pode-se fazer: Se no 1/3 superior: histerocolpectomia + linfadenectomia pélvica Se no 1/3 inferior: colpovulvectomia + linfadenectomia inguinal bilateral Nos estádios II, III e IV faz-se radioterapia.