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DOCÊNCIA EM

TOXOLOGIA AMBIENTAL
SAÚDE
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Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842st Toxologia ambiental / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação,


2012.

121p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-555-9

1. Meio ambiente. 2. Toxologia – Substâncias tóxicas. 3. Poluição


ambiental. I. Portal Educação. II. Título.

CDD 363.731
SUMÁRIO

1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS EM PERSPECTIVA ........................................................................5

2
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL .........................................................................5

1.2 ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................... .11

1.3 OS RISCOS DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS – DESTINO DOS CONTAMINANTES NOS

ECOSSISTEMAS E NOS ORGANISMOS ...........................................................................................17

1.4 CAUSAS DE MORTE E ENFERMIDADES ...............................................................................18

2 A LINGUAGEM DOS TÓXICOS ...............................................................................................27

2.1 UNIDADES PARA COMPOSTOS TÓXICOS ............................................................................27

2.2 AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS TÓXICOS ...........................................27

2.3 OS TÓXICOS NO ORGANISMO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA .............................31

2.4 AS QUATRO MAIORES PRODUTORAS DE TÓXICOS ...........................................................34

2.4.1 Os tóxicos no ar .........................................................................................................................34

2.4.2 Os tóxicos na água ....................................................................................................................37

2.4.3 Tóxicos nos alimentos ...............................................................................................................37

2.4.4 Tóxicos nos produtos de consumo ............................................................................................39

3 OS TÓXICOS E O MEIO AMBIENTE .......................................................................................43

3.1 MOVIMENTOS DOS TÓXICOS POR MEIO DO MEIO AMBIENTE ..........................................43

3.2 OS EFEITOS GLOBAIS DOS TÓXICOS...................................................................................51

3.2.1 O efeito estufa ...........................................................................................................................51


3.2.2 A destruição da camada de ozônio............................................................................................55

3.2.3 A chuva ácida ............................................................................................................................58

3.3 INTERAÇÃO DE POLUENTES OU BIOTOXINAS COM A BIOTA............................................60

3.3.1 Bioconcentração ........................................................................................................................60

3.3.2 Bioacumulação ..........................................................................................................................61 3

3.3.3 Biomagnificação ........................................................................................................................62

3.3.4 Biotransformação ......................................................................................................................63

3.3.5 Biodegradação ..........................................................................................................................65

3.3.6 Detoxificação .............................................................................................................................65

3.3.7 Eliminação .................................................................................................................................65

3.4 ORGANISMOS COMO INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL ...................................66

3.4.1 Bioindicadores ...........................................................................................................................67

3.4.2 Biomonitores..............................................................................................................................73

3.4.3 Biomarcadores ..........................................................................................................................74

3.5 MONITORAMENTO ECOLÓGICO ............................................................................................76

3.6 AVALIAÇÃO DO RISCO ECOLÓGICO E PARA POPULAÇÕES HUMANAS...........................77

4 OS PRINCIPAIS GRUPOS TÓXICOS – XENOBIÓTICOS E TOXINAS ...................................81

4.1 OS METAIS PESADOS .............................................................................................................81

4.2 OS PRODUTOS INDUSTRIAIS.................................................................................................85

4.2.1 Os solventes ..............................................................................................................................85

4.2.2 Os defensivos agrícolas ............................................................................................................86

4.2.3 Petróleo e seus derivados .........................................................................................................89


4.3 AS DIOXINAS E OS FURANOS ................................................................................................92

4.4 A RADIOATIVIDADE .................................................................................................................94

5 FASES TOXODINÂMICA E TOXOCINÉTICA ..........................................................................95

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS ............................................................................95

5.2 VIAS DE ENTRADA DOS PRODUTOS TÓXICOS ...................................................................97 4

5.3 BIOMONITORAMENTO ...........................................................................................................103

5.4 TESTES DE TOXICIDADE EM OGANISMOS AQUÁTICOS....................................................111

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................118
1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS EM PERSPECTIVA

5
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL

Os problemas relacionados ao ambiente é uma preocupação contemporânea da


humanidade, fato jamais assumido ao longo da história. Dessa forma, tal preocupação cresce a
cada dia, uma vez que a disponibilidade de muitos recursos naturais já se encontra
comprometida devido à contaminação ambiental.

A contaminação ambiental ocorre de forma intencional ou acidental em decorrência


das atividades humanas. Substâncias químicas são lançadas nos diversos compartimentos do
ambiente, favorecendo o desequilíbrio ambiental, causando danos a diversas espécies, incluindo
a espécie humana; consequência direta do crescimento populacional, da industrialização, do
desenvolvimento tecnológico e do uso de agrotóxicos na agropecuária.

A compreensão do processo de contaminação ambiental é representada pela análise


da interação entre as ecologias natural e humana. Assim que houve o surgimento da biosfera, o
ser humano pôde conquistar novos habitats, criar novos nichos e nesse processo de evolução,
passou a considerar o ambiente como sendo parte externa e não como elemento componente.
Já como consumidor, o homem criou o ciclo humano de materiais, ciclo este à parte dos ciclos
naturais. Porém, a manutenção desse ciclo humano depende da manutenção dos ciclos naturais,
pois todas as “entradas” no ciclo de produção de bens para satisfazer o consumo humano vêm
dos ecossistemas naturais e todas as “saídas” do ciclo humano se convertem em “entradas” no
ciclo natural de materiais (Figura 1).
FIGURA 1 - INTERAÇÃO DAS ESCOLOGIAS NATURAL E HUMANA

FONTE: EDMUNDS & LETEY, 1975.

Analisando o ciclo natural, na figura 1, constata-se que além dos resíduos naturais que
retornam a sua base biológica, estão os manufaturados, advindos da atividade produtiva do
homem, acrescidos daqueles provenientes do seu próprio metabolismo. Esses resíduos, para
voltarem ao processo produtivo dependem da capacidade de reciclagem dos ciclos naturais.
Muitos deles são substâncias inorgânicas e o resto são compostos orgânicos, alguns dos quais
não biodegradáveis, que se convertem em contaminantes da base biogeoquímica e, seja pela
quantidade ou pela qualidade, contribuem para a degradação do ambiente. Por outro lado, as
“saídas” dos ciclos naturais para abastecer os ciclos humanos por meio da mineração,
desmatamento, queimada, construção de hidrelétricas, agricultura e pecuária intensiva, etc.,
causam pressões que contribuem para a degradação do ambiente. Como resultado da soma das
pressões sobre o meio ambiente tem-se a poluição ambiental.
O nível de contaminação ambiental pode ser medido por meio de análises físicas ou
químicas sensíveis, dependendo do nível de observação do ambiente. A dificuldade é que
alguns contaminantes são substâncias estranhas ao sistema natural, porém outros estão

presentes naturalmente no ambiente e são tóxicos apenas quando presentes na forma errada,
lugar ou concentração. O que torna ainda mais complicado o estudo da contaminação ambiental.

7
A Toxicologia Ambiental é a ciência que estuda os efeitos nocivos das substâncias
químicas presentes no ambiente nos organismos vivos. Ou seja, estuda os seus efeitos nas
espécies, em especial, na espécie humana. O termo toxicologia ambiental é muitas vezes
confundido com Ecotoxicologia. A ecotoxicologia é a ciência responsável pelo estudo dos
impactos das substâncias químicas sobre as espécies que constituem os ecossistemas. Como
podemos observar, há uma grande diferença nesses conceitos e a partir de agora não será
permitido esse tipo de confusão.

Para garantir um estudo toxicológico eficiente do ambiente é necessário conhecer as


fontes de contaminação, ou seja, é imprescindível o conhecimento das fontes poluidoras;
conhecer a interação dos contaminantes com os componentes da atmosfera; conhecer os
mecanismos naturais de remoção e fatores geográficos que aumentam ou diminuem o risco.

Na toxicologia ambiental, métodos bioquímicos e fisiológicos são ferramentas


indispensáveis, uma vez que servem como alerta antecipado de alterações ambientais induzidas
por poluentes.

O crescente conhecimento adquirido a respeito da questão de poluição ambiental vem


influenciando mudanças de atitudes para com o meio ambiente em muitos países. Esse novo
comportamento foi favorecido por legislações, as quais reforçam as exigências de estudos de
impactos ambientais e um constante monitoramento ambiental com relação à emissão de
poluentes.

Praticamente toda atividade humana constitui uma fonte potencial de contaminantes


aos ecossistemas. Há muito ainda que se descobrir a respeito desse assunto. Muito pouco se
sabe sobre as relações dose/resposta e de apenas poucos agentes tóxicos e organismos
chaves, e somente com pesquisas científicas avanços poderão ser feitos na direção do estado
ideal de conhecimento. O avanço do conhecimento sobre o efeito dos poluentes nos
ecossistemas construíra uma base mais sólida para a avaliação, o entendimento e a predição
dos impactos ambientais.

Definições: poluentes e contaminantes e inter-relações dos contaminantes entre os diversos


compartimentos do meio ambiente.
A diferenciação entre os conceitos de poluição e contaminação é de fundamental 8
importância para o entendimento das questões ambientais.

Originalmente, poluição significa sujeira (do latim poluere = sujar). Porém, atualmente,
é mais que isso. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/81), é a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lancem matérias ou energias em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos.

Como pode ser observado, o conceito atual de poluição é bem antropocêntrico, visto
que coloca o homem como centro, já que a utilização do ambiente está intimamente relacionada
à manutenção do ciclo humano de materiais. Por outro lado, é um conceito bem prático, já que a
composição e características do ambiente podem ser avaliadas conferindo um nível de qualidade
ao ambiente ou a um dado recurso ambiental, assegurando seu uso.

Em uma análise minuciosa da figura 1, observa-se que quanto maior a população,


maior o consumo de alimentos, energia, água, minerais, etc., e, consequentemente, maior a
pressão sobre os ecossistemas naturais, além da maior degradação da bioesfera, ou seja, maior
a poluição ambiental. Portanto, conclui-se que o crescimento populacional pode ser considerado
como a maior causa da degradação ambiental. A população não pode crescer indefinidamente,
pois está limitada à capacidade de suporte do planeta. A capacidade suporte para a vida
humana varia de acordo com a forma como o homem maneja os recursos naturais, podendo ser
melhorada ou piorada pelas atividades antrópicas. Cria-se assim um ciclo vicioso, em que a
população crescente polui o ambiente e o ambiente assim degradado vai perdendo a sua
capacidade de suporte.
A poluição pode ser dividida em três fases distintas:

 1ª fase: fase de geração e emissão de poluentes pelas diversas fontes


poluidoras existentes;

 2ª fase: fase de transporte e difusão de poluentes no ambiente. Nesta fase, as


águas e os ventos, dentre outros fatores, têm papel preponderante;
 3ª fase: fase em que ocorre o contato dos poluentes com o homem, os animais,
9
os vegetais, os bens materiais, etc.
Vários são os programas relacionados ao controle da poluição. Estes programas
devem, sempre que possível, atacar o problema da poluição em sua primeira fase, ou seja,
devem sempre tentar controlar as fontes poluidoras. Fonte poluidora é qualquer equipamento,
processo ou atividade capaz de gerar ou emitir poluentes.

Portanto, poluição ambiental é considerada sinônimo de impacto ambiental. De acordo


com esse conceito, inúmeras atividades antrópicas resultam em poluição do meio ambiente.
Porém, nem toda poluição representa necessariamente um risco ambiental. Nesse contexto,
para que haja risco, a concentração do poluente deve exceder determinado nível, considerado
nível de toxicidade, representativo do padrão de qualidade. Por exemplo, um lançamento de uma
pequena carga de esgoto doméstico em um rio provoca a diminuição do teor de oxigênio de suas
águas. Mas se esta diminuição de oxigênio não afetar a vida dos peixes nem dos seres que lhes
servem de alimento, então o impacto ambiental provocado pelo esgoto lançado no rio não é uma
poluição; caso afete, esse fato torna-se uma poluição.

Portanto, um poluente é caracterizado como toda substância de origem natural (metais,


petróleo, nitrato) ou antrópica (solventes, agrotóxicos) que, quando em concentrações superiores
aos níveis aceitáveis, modifica o equilíbrio natural do ambiente. Há vários tipos de poluição,
como: poluição atmosférica, poluição hídrica, poluição do solo, poluição sonora, poluição visual,
poluição térmica, poluição luminosa e poluição radioativa.

Muitas vezes, utiliza-se a palavra contaminação de forma equivocada no sentido de


poluição. A contaminação ocorre quando a concentração de poluentes atinge níveis tóxicos à
fauna, flora e ao homem. Porém, se essas substâncias não alterarem as relações ecológicas
existentes ao longo do tempo, esta contaminação não é considerada uma forma de poluição.
Diante do exposto, nem sempre contaminação é considerado sinônimo de impacto ambiental.
Por exemplo, se estivermos falando em contaminação da atmosfera: o ar contaminado tem
consequências diretas na vida do homem, devendo, neste caso, ser considerada também como
poluição. Outro exemplo é o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera. Neste
caso, é apenas poluição, já que este gás não é potencialmente tóxico.

Como pode ser observado, o impacto ambiental está relacionado diretamente com os
níveis de toxicidade dos contaminantes/poluentes.

10
Toxicidade é quando o nível ultrapassa os valores aceitáveis aos padrões ambientais,
acarretando em riscos para a saúde da flora, fauna e, principalmente, acarretando riscos à saúde
humana.

O meio ambiente é caracterizado por cinco compartimentos distintos, porém


intimamente interligados. São eles: a atmosfera, a hidrosfera, a litosfera, a biosfera e os
sedimentos. O termo compartimento é largamente utilizado na Ecologia como parte de um
ecossistema complexo que pode ser descrito e definido por meio de concentrações materiais,
processos de transformação e mecanismos de transporte entre áreas-limite. Geralmente, há
equilíbrio entre as diversas substâncias que compõem um compartimento.

Embora para fins de didática, muitas vezes as questões ambientais são discutidas
levando em consideração essa compartimentalização, porém, não se deve esquecer que há um
dinamismo neste processo, ou seja, há uma constante troca de energia e matéria entre esses
compartimentos (Figura 2).

FIGURA 2. VIAS DE TRANSFERÊNCIA ENTRE COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS


11

FONTE: Azevedo & Chasin, 2003.

Portanto, como há um constante fluxo de energia e matérias entre os diversos


compartimentos ambientais, é plausível que os contaminantes também façam parte desse
dinamismo. Assim, há uma grande inter-relação entre os contaminantes nos diferentes
compartimentos do ambiente, pois estes podem ser transportados e propagados por diversas
vias. Essa migração pode alterar as características naturais ou qualidades do meio ambiente,
determinando impactos negativos e/ou graves riscos.

Diante do exposto, para que se tenham condições de entender as questões


relacionadas ao meio ambiente, é necessário que haja conhecimentos básicos dos meios físicos
e biológicos, para que sejam possíveis suas inter-relações com o meio antrópico.

1.2 ORIGEM DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL.

A poluição ambiental tem origem no tempo em que o homem começou a utilizar a


agricultura para a sua sobrevivência. Inicialmente, essa relação era equilibrada. O homem era
apenas coletor e caçador, vivendo de forma integrada aos ecossistemas. Dessa forma, os
recursos naturais eram mantidos intactos sob a ótica da intervenção humana, ficando apenas a
mercê dos fenômenos naturais.

Com o passar do tempo, a atividade da agricultura tomou novas proporções. Era


necessário mais que o básico para garantir a subsistência e, assim, o homem passou a interferir
no equilíbrio ambiental. Para garantir mais produção, era necessário mais espaço físico, o que
levou o homem às práticas de queimadas e derrubadas de florestas.
12
Juntamente com a agricultura, a criação de gado (pecuária) também contribuiu para a
instalação do desequilíbrio ambiental. O que o ambiente oferecia já não era suficiente.
Adicionalmente, mais florestas foram derrubadas, a fim de plantar grãos necessários à
alimentação desses rebanhos.

Porém, foi com a Revolução Industrial, que a influência do homem sobre os recursos
naturais atingiu níveis preocupantes. A Revolução Industrial permitiu o crescimento das diversas
indústrias, que não só contribuíram para aumentar a qualidade de vida das pessoas, mas
também permitiu o crescimento populacional, influenciando de forma negativa o meio ambiente.
Nesse contexto, a explosão demográfica e seus decorrentes problemas sociais fizeram com que
a poluição ambiental emergisse de forma acentuada e perigosa. São sérios problemas e
desastres ambientais, provocados principalmente pela forma de produção humana, ou seja, pela
maneira com que a sociedade passou a se relacionar com os recursos naturais após a
Revolução Industrial.

No estudo da poluição ambiental, são vários os poluentes ambientais, porém, alguns


se destacam pela sua presença em todo mundo e também pelas suas consequências. Os
poluentes são relacionados com a sua respectiva origem na Tabela 1.

TABELA 1. PRINCIPAIS POLUENTES AMBIENTAIS


Poluentes Origem

Dióxido de Carbono Combustão de produtos carbonados diversos, em usinas


termoelétricas, indústrias e aquecedores domésticos.

Monóxido de Carbono Resultante da combustão incompleta de materiais fósseis,


tais como petróleo e carvão, em metalúrgicas, refinarias de
13
petróleo e veículos automotores.

Dióxido de Enxofre Emanações de centrais elétricas, indústrias, veículos


automotores e combustíveis domésticos frequentemente
carregados de ácido sulfúrico.

Óxidos de Nitrogênio Provêm de motores a combustão, aviões, incineradores, do


emprego excessivo de certos fertilizantes, de queimadas e
de instalações industriais.

Fosfatos Encontrados em esgotos, provenientes principalmente de


detergentes. Encontrados também em águas que escoam de
terras excessivamente tratadas com fertilizantes e de terras
onde se pratica a pecuária intensiva. Fator principal
(eutrofizante) da degradação das águas de lagos e rios.

Mercúrio Provém de combustíveis fósseis, da indústria de cloro-álcalis,


de fábricas de aparelhos elétricos e de tintas, de atividades
de mineração e refino e da indústria de papel. O mercúrio é
forte contaminante de alimentos, principalmente peixes e
crustáceos.
Chumbo Proveniente principalmente de usinas de refinação de
chumbo, de aditivos antidetonantes da gasolina, de indústrias
químicas e de pesticidas.

Petróleo Poluente originado, principalmente, de descargas ou


acidentes com navios petroleiros e, da extração e do refino
de petróleo. 14

DDT e outros pesticidas Proveniente, principalmente, do uso na agricultura e em


campanhas de saúde pública.

Radiações Produzidas principalmente pela utilização da energia nuclear,


tanto para fins industriais como bélicos.

CF (clorofluorcarbono) – Provém de produtos em spray (inseticidas, desodorantes,


FREON tintas, etc.), circuitos de refrigeração (geladeiras, ar
condicionado), indústria de embalagens (isopor) e da
indústria eletrônica (solvente).

FONTE: Organização Mundial da Saúde (OMS).

A poluição ambiental é uma questão bastante discutida na atualidade e pode ser


estudada sob diversos aspectos e perspectivas. A poluição é classificada de acordo com o meio
em que ocorre. Assim, as alterações que ocorrem na água, no ar e no solo, classificam-se,
respectivamente, como poluição da água ou hídrica, do ar ou atmosférica e do solo. Nos vários
ambientes em que a poluição pode ocorrer, essa pode ser variável, de acordo com o tipo de
contaminante presente o que a classifica em: Química, Térmica, Biológica, Radioativa e
Mecânica.
a) Poluição Química
A Poluição Química é dividida em Poluição Química Brutal e Poluição Química
Insidiosa ou Crônica.

A Poluição Química Brutal ocorre pelos lançamentos maciços de dejetos industriais no


meio ambiente, tais como ácidos, álcalis, metais pesados, hidrocarbonetos, fenóis, detergentes,
dentre outros. Caracteriza-se pelos seus efeitos brutais sobre ao ambiente. Já a Poluição 15
Química Insidiosa ou Crônica ocorre de maneira mais ou menos sistemática, com menor
quantidade de poluentes. Seus efeitos são frequentemente intensificados devido à mistura de
vários tipos de poluentes, que são bem mais nocivos quando agem sinergicamente com outros

do que quando agem separadamente. Nesta categoria, estão incluídos os detergentes sintéticos,
os subprodutos do petróleo, os pesticidas e resíduos químicos diversos.

b) Poluição Biológica ou Orgânica


A Poluição Biológica ou Orgânica é o tipo de poluição cujos poluentes se caracterizam
por serem materiais orgânicos fermentáveis. Nesta categoria, são fontes poluidoras,
principalmente, os esgotos domésticos, as indústrias de lacticínios, os curtumes, os matadouros,
as indústrias têxteis e de celulose.

c) Poluição Térmica
A Poluição Térmica decorre da elevação da temperatura média do ambiente. Mais
comum nos ambientes aquáticos, tem sua origem no aquecimento das águas utilizadas no
resfriamento de reatores de usinas térmicas, nas centrais elétricas, nas refinarias de petróleo,
destilarias, etc.

d) Poluição Mecânica
A Poluição Mecânica é decorrente de grandes quantidades de argila, areia, calcário e
escórias derivadas da dragagem de corpos d’água, da indústria de mineração, da abertura de
estradas.

e) Poluição Radioativa
A Poluição Radioativa origina-se nas explosões atômicas, em acidentes de usinas
nucleares e no lixo atômico. As águas utilizadas no resfriamento dos reatores atômicos, além de 16
poluírem termicamente, são capazes de arrastar resíduos radioativos para rios e mares. Esse
tipo de poluição é caracterizado por promover riscos irreversíveis aos organismos e meio
ambiente.

A poluição é um problema mundial e também reflete o aspecto socioeconômico de uma


região. Por exemplo, em regiões com baixos índices de desenvolvimento, o tipo de poluição

frequente é a chamada poluição “da miséria”, ou seja, aquela relacionada à deficiência de


saneamento básico. Já em regiões desenvolvidas, dotadas de uma economia estável, outro tipo
de poluição está presente, é aquela denominada poluição “tecnológica”. A poluição tecnológica,
considerada bem mais violenta, é representada pelo uso indiscriminado de pesticidas e muitos
outros produtos industriais responsáveis por enormes danos ao ambiente.

Atualmente, devido à preocupação crescente da sociedade com relação às questões


ambientais, principalmente às questões de poluição, várias estratégias têm sido utilizadas na
precaução dos riscos, uma delas é a avaliação da poluição ambiental. Nesse contexto, dois
conceitos devem ser ressaltados: o indicador de poluição e o padrão de qualidade ambiental.

 Indicador de poluição
O indicador de poluição é caracterizado como um parâmetro ou um conjunto de
parâmetros utilizado para mensurar o nível de poluição, quer seja da fonte poluidora ou do
ambiente. Para a realização desse procedimento são utilizados diversos tipos de indicadores.
Um exemplo é a utilização de liquens como indicadores de poluição atmosférica em alguns
países.
 Padrão de qualidade
É um parâmetro ou grupo de parâmetros utilizado para diagnosticar a poluição
ambiental.

Essa ferramenta é responsável por fixar a quantidade ou a concentração aceitável de


determinado poluente no ambiente. Esses valores são fixados por órgãos internacionais e
também por órgãos de controle ambiental nacional. 17

Como forma de facilitar os estudos de avaliação da poluição ambiental propõe-se o


seguinte roteiro básico:

1. Identificar as fontes poluidoras;


2. Associar poluentes às fontes poluidoras;
3. Escolher os indicadores de poluição que melhor representem os poluentes;

4. Comparar os indicadores de poluição com os padrões de qualidade ambiental


esperado ou desejado para aquele ambiente;
5. Estabelecer o parecer sobre as condições ambientais avaliadas, isto é, sobre o
grau de poluição no ambiente estudado.

1.3 OS RISCOS DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS – DESTINO DOS CONTAMINANTES NOS


ECOSSISTEMAS E NOS ORGANISMOS

O risco se expressa a partir do ponto de vista da probabilidade, primeiramente porque


os organismos não são idênticos e, portanto, não respondem da mesma forma a exposições
semelhantes. Isso ocorre pelo fato desses organismos apresentarem idades diferentes, formas
de vida diferentes, metabolismos diferentes e também viverem em ambientes diferentes. Por
exemplo, os níveis de poluição do ar podem variar conforme o local da cidade, os contaminantes
da água podem não estar uniformemente misturados, fatos que acarretariam em uma diferença
de exposição aos riscos.
No momento em que determinada substância tóxica entra em contato com o organismo
pelas vias de exposição e atingem os seus epitélios de revestimento, considerados barreiras
físicas aos agentes estranhos, chegando à corrente sanguínea, diz-se que o tóxico penetrou no
organismo. O sangue é o veículo responsável pelo transporte dessas substâncias aos diversos
órgãos, podendo acarretar danos permanentes a vários deles.

Uma questão importante a ser considerada é que a quantidade da substância


penetrante nem sempre coincide com a quantidade da ingerida e/ou inalada. Isso ocorre porque
18
nem sempre o tóxico é 100% biodisponível. Por exemplo, é o que acontece com a contaminação
de solo e de água por arsênico. O arsênico apresenta maior biodisponibilidade em água, ou seja,
ele é mais bem absorvido quando dissolvido em água. Portanto, para um melhor entendimento e
conhecimento do transporte, das modificações e do destino das substâncias que causam danos,
é necessário determinar suas concentrações e mensurar a magnitude dos danos causados por
elas.

Outra questão que influencia bastante a viabilidade das substâncias tóxicas é a


velocidade com que estas penetram no organismo. De acordo com estudos, a velocidade de
penetração depende das propriedades físico-químicas das substâncias, das condições presentes
na área de contato (tamanho da área, permeabilidade da membrana) e também da magnitude do
fluxo sanguíneo da região. A substância, ao penetrar no organismo, começa a ser transformada
por diferentes tipos de enzimas; o tempo de contato e a concentração influenciam fortemente na
magnitude dos danos causados aos diferentes órgãos.

Os danos causados pelas substâncias tóxicas podem ser de dois tipos: os reversíveis
e os irreversíveis. Os reversíveis contam com a capacidade que as células apresentam de
repará-los e os irreversíveis, produzem uma transformação permanente, incluindo a morte
celular, representando, neste caso, uma resposta tóxica.

1.4 CAUSAS DE MORTE E ENFERMIDADES


O Meio Ambiente sempre foi essencial para a vida. Porém, a preocupação com as
questões ambientais só assumiu dimensões internacionais a partir da década de 50.

As substâncias tóxicas são responsáveis por inúmeros danos ao meio ambiente e,


principalmente, aos seres humanos. Nas últimas décadas, devido ao processo de
industrialização e crescimento populacional, tem sido possível observar uma crescente presença
dessas substâncias no meio ambiente, que provocam, por exemplo, a poluição atmosférica nos
19
grandes centros urbanos e a poluição das águas pela degradação dos rios e mares devido ao
lançamento de efluentes não tratados, ao vazamento de petróleo, etc.

Como pode ser observado, a poluição está cada vez mais frequente no cotidiano
humano e várias são as suas consequências, desde alergias até a ocorrência de mortes. São
vários os tipos de poluição e consequentemente dos danos causados ao ambiente e aos seres
que nele habitam.

Nas últimas décadas, vários avanços relacionados ao controle da poluição foram


obtidos, principalmente referentes à poluição atmosférica nos países desenvolvidos. Porém,
ainda são altos os níveis de poluição.

Em muitos estudos, foram associados níveis diários de inalação de contaminantes aos


efeitos na saúde que vão desde mortalidade total da população até malformações congênitas ou
menor ganho de peso durante a gestação. Atualmente, vários estudos são realizados na busca
de um entendimento entre a existência de poluição e a ocorrência de doenças. Abaixo estão
relacionados alguns trabalhos referentes aos vários tipos de poluição e suas relações com a
saúde humana.
20

Neste trabalho, buscou-se analisar a associação entre a exposição à poluição


atmosférica e internações hospitalares para causas específicas de doenças respiratórias e
cardiovasculares em idosos e crianças na cidade de São Paulo. Como resultados, pôde ser
observado que houve uma associação estatística significativa entre o aumento do nível de
poluentes na atmosfera e o número de hospitalizações nos dois grupos etários estudados. Esse
estudo permitiu confirmar a influência da qualidade do ar na qualidade de vida da população.

Neste outro trabalho, também realizado na cidade de São Paulo, várias conclusões
foram tiradas a respeito da influência da poluição atmosférica na qualidade de vida da
população. Dentre elas, as mais importantes foram:
 As concentrações de poluentes dos grandes centros urbanos provocam
afecções agudas e crônicas no trato respiratório, mesmo quando as concentrações estão abaixo
do padrão de qualidade do ar;
 A poluição do ar em São Paulo induz a mutações no DNA, favorecendo o
surgimento de tumores pulmonares malignos em humanos e animais, podendo levar esses
organismos à morte;
 Nos períodos de inversão térmica, por ocorrer o acúmulo de poluentes, ocorre
aumento de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares; 21
 O material particulado PM10 e PM2,5 são os dois poluentes mais associados com
danos à saúde, e frequentemente são associados com casos de mortalidade por doenças
cardiovasculares.
 Verificou-se a associação existente entre o consumo de combustíveis (etanol,
gasolina e diesel) com a mortalidade por doenças respiratórias em idosos.
 Constatou-se a inexistência de um nível de segurança para os poluentes, um
nível seguro de poluição, abaixo do qual não se tenha efeitos sobre o ser humano. Os índices de
qualidade do ar preservam sim, de certa maneira, a saúde, mas somente da média da
população.
 Houve constatação de que o aumento na mortalidade intrauterina está de certa
forma, associada com aumentos de concentrações de dióxido de nitrogênio e de monóxido de
carbono.
 Quanto mais poluída é a cidade, maior é o risco de abreviação da vida.
Neste outro estudo, várias conclusões foram tiradas a respeito da qualidade do ar
como influência na saúde do ambiente:

 As emissões feitas por veículos são consideradas como maior fonte causadora
da mortalidade por enfermidades cardiovasculares, pulmonares obstrutivas crônicas (bronquite
crônica, asma e enfisema pulmonar) e por câncer do pulmão;
 O material particulado além de ser prejudicial por si só é um agente
potencializador de danos ao aparelho respiratório, na medida em que pode ter a ele incorporado
22
outros poluentes como sulfatos, nitratos, metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos; sendo já
atestada a correlação entre problemas de bronquite e asma com concentrações de sulfatos e
nitratos em partículas respiráveis;

Neste estudo, as conclusões foram as seguintes:

 Todos os poluentes atmosféricos estão positivamente correlacionados entre si.


 Há uma relação inversamente proporcional entre os poluentes, à temperatura
mínima e a umidade relativa do ar;
 Há um efeito cumulativo da exposição aos poluentes do ar;
 O NO2 foi o único poluente atmosférico que não ultrapassou os limites
estabelecidos da qualidade do ar, embora tenha sido correlacionado positivamente com as
doenças respiratórias. Esse fato reforça a hipótese de que mesmo quando os poluentes não
ultrapassam o limite permitido podem provocar efeitos nocivos à saúde;
 Os níveis de poluição do ar em Curitiba, apesar de não serem tão altos ou
mesmo quando não ultrapassam o padrão de qualidade do ar, como no caso do NO 2, interferem
no perfil da morbidade respiratória da população infantil da cidade.

23

Neste estudo realizado em São José dos Campos – SP, os autores puderam concluir
que:

 A distribuição dos poluentes atmosféricos apresenta aspectos sazonais;


 A modelagem do ozônio é mais complexa, pois apresenta picos de concentração
tanto nos períodos quentes como frios. Tal fato explica-se pela maior insolação dos dias de

verão e pela maior permanência de precursores oxidantes na atmosfera no inverno, devido às


piores condições de dispersão.
 Os municípios de médio porte, com grande parque industrial podem ser afetados
pelas variações da poluição atmosférica, interferindo no perfil de morbidade respiratória infantil.
Portanto, este não é um problema específico das grandes regiões metropolitanas.
24
Neste, as conclusões foram as seguintes:

 Há efeitos da poluição do ar, especialmente do material particulado fino, na


morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares (cardíacas, arteriais e
cerebrovasculares).
 O aumento da poluição do ar tem sido associado ao aumento da viscosidade
sanguínea, de marcadores inflamatórios (proteína C reativa, fibrinogênio) e da progressão da
arteriosclerose, a alterações da coagulação, à redução da variabilidade da frequência cardíaca
(indicador de risco para arritmia e morte súbita), à vasoconstricção e ao aumento da pressão
arterial, todos os fatores de risco para doenças cardiovasculares.
 Indivíduos idosos e portadores de doenças cardiovasculares prévias, situações
cada vez mais frequentes na sociedade contemporânea, constituem populações mais
suscetíveis, reforçando que, além do tabagismo, sedentarismo e dieta, a poluição do ar é um
importante fator de risco a ser controlado.
25
O câncer é umas das mais graves doenças da atualidade. Neste estudo, os autores
investigaram a influência da poluição do ar na cidade do Rio de Janeiro na ocorrência do câncer
de pulmão. A conclusão foi a seguinte:

 A exposição ao monóxido de carbono se mostrou associada ao aumento


de óbitos por câncer de pulmão;
Da mesma forma que a poluição atmosférica, a poluição hídrica também traz inúmeras
consequências devido aos múltiplos usos da água pelo homem, os quais geram degradação
ambiental significativa e diminuição considerável na disponibilidade de água de qualidade.

Cada uma das atividades exercidas pelo homem, seja doméstica, comercial ou
industrial, gera poluentes característicos que implicarão na alteração da qualidade do corpo
receptor.

De acordo com a legislação atual em vigor, poluição hídrica é “qualquer alteração nas
características físicas, químicas e/ou biológicas das águas, que acarrete em prejuízos à saúde, à
segurança e ao bem-estar da população e, ainda, possa comprometer a fauna, a flora e a
utilização das águas para fins comerciais, industriais, recreativos e de geração de energia.”

A poluição hídrica apresenta várias causas:

 Alto grau de urbanização;


 Falta de saneamento básico;
 Lançamentos de dejetos industriais;
 Maior produção agrícola – maiores níveis de pesticidas e fertilizantes utilizados;
Vários estudos mostram as consequências da poluição dos corpos d’água na saúde
dos ecossistemas e seres humanos. Dentre eles, alguns podem ser discutidos abaixo:

26

Neste trabalho, os autores buscaram definir os impactos ambientais causados pelo


lançamento de inseticidas agrícolas, um dos principais fatores de intoxicação humana. As
conclusões foram as seguintes:

 O nível de intoxicação por esse tipo de substância química está diretamente


relacionado à idade, assistência técnica e ao desconhecimento da tecnologia utilizada. Portanto,
os agricultores mais velhos, que não detinham de assistência técnica e conhecimento das
formas de utilização e atuação do produto, foram os mais intoxicados;

Neste estudo, os autores relataram as principais consequências da toxicidade dos


agrotóxicos em ambientes aquáticos. Dentre essas, destacam-se:

 Os peixes e invertebrados presentes nos corpos d’água podem acumular os


agrotóxicos em concentrações muito acima daquelas encontradas nas quais eles vivem, pois

esses compostos podem se ligar ao material particulado em suspensão se ingeridos pelos
organismos aquáticos;
 Indivíduos jovens ou imaturos geralmente são mais suscetíveis aos agentes
químicos do que os adultos;
 Os agrotóxicos contaminam os alimentos, ocasionando intoxicações sérias nos
seres humanos; intoxicações que podem ser agudas ou lentas.
 Os principais sintomas de uma intoxicação são: perda da visão, mutações,
câncer, asfixia, paralisias, dores de cabeça, enjoos, tonteiras e até a morte. 27
2 A LINGUAGEM DOS TÓXICOS

2.1 UNIDADES PARA COMPOSTOS TÓXICOS

28

As unidades utilizadas para expressar as quantidades das substâncias tóxicas não são
complicadas, apenas menos familiares. As unidades usadas dependem se a substância está
dissolvida em água, em um tecido do corpo ou se a substância está no estado líquido, gasoso ou
sólido. Dependem também se o contaminante está sendo emitido diretamente de uma fonte, se
está no ambiente ou se está sendo absorvido pelo corpo.

Por exemplo, contaminantes atmosféricos são medidos em toneladas por dia (t/dia),
gramas (g) e quilogramas (Kg). Os contaminantes dissolvidos em água são normalmente
expressos pelo peso do contaminante dividido pelo volume da água ou pelo peso do
contaminante dividido pelo peso da água. As unidades mais utilizadas neste caso são: os
centímetros cúbicos (cm3), litro (L), mililitro (ml), o metro cúbico (m3), miligrama por m3 (mg/m3) e
o micrograma por litro (µg/L). São utilizadas também as partes por milhão (ppm), as partes por
bilhão (ppb).

2.2 AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS TÓXICOS

A avaliação dos compostos tóxicos e de seus riscos tem-se demonstrado uma


importante estratégia no controle e exposição dos organismos aos agentes tóxicos presentes no
ambiente.
A avaliação consiste em um conjunto de ações que possibilitam avaliar e estimar o
potencial de danos causados por determinados agentes químicos, constituindo uma forma de
aprofundamento do conhecimento dos problemas ambientais responsáveis pelos efeitos
indesejáveis sobre a saúde.

A avaliação inicia-se quando dados ambientais e/ou dados de saúde indicam a


presença de compostos tóxicos no ambiente. A avaliação é necessária, pois permite ao
responsável garantir estratégias de gerenciamento dos riscos causados por esses agentes
29
tóxicos.

A compreensão das inter-relações entre os níveis de exposição dos agentes e seus


efeitos na saúde é de fundamental importância. São necessários conhecimentos acerca das vias
de exposição, da população exposta e dos efeitos na saúde.

As substâncias tóxicas podem ser classificadas de acordo com várias características.


Abaixo serão descritas as classificações mais relevantes:

a) Quanto às características físicas


A classificação de acordo com a característica física é feita com base na forma física
que a substância se encontra. De acordo com esta classificação, as substâncias podem ser:

 Gases: correspondem a fluidos que não possuem forma e que permanecem em


estado gasoso em condições normais de temperatura e pressão.
Exemplos: Monóxido de carbono (Co); ozônio (03).

 Vapores: representam as formas gasosas das substâncias líquidas e sólidas.


Exemplos: Vapores resultantes da volatilização de solventes orgânicos como: benzeno,
tolueno, etc.

 Partículas ou aerodispersoides: representadas por partículas de tamanho


microscópico, no estado sólido ou líquido, dispersos no ar atmosférico.
Exemplos: Poeiras, fumos, fumaças e névoas.
b) Quanto às características químicas
Neste tipo de classificação as substâncias são agrupadas de acordo com as suas
estruturas químicas. Desse modo, as categorias são:

 Compostos Inorgânicos de O, N e C;
 Hidrocarbonetos alicíclicos, alifáticos, aromáticos e halogenados;
 Fenóis e compostos fenólicos;
 Álcoois, glicóis e derivados;
30
 Compostos epóxi;
 Éteres;
 Cetonas;
 Aldeídos;
 Ácidos orgânicos e anidridos;
 Ésteres;
 Fosfatos orgânicos;
 Cianetos e nitrilas;
 Compostos de Nitrogênio;
 Metais.

c) Quanto às características tóxicas (toxicidade)


Quanto à toxicidade, as substâncias tóxicas podem ser: muito tóxica, tóxica, pouco
tóxica e praticamente não tóxica. Essa classificação é feita de acordo com a DL50 para toxicidade
aguda, em laboratório, que pode ser oral, dérmica e por inalação.

A DL50 para toxicidade aguda oral é a dose de substância tóxica ministrada oralmente e
que tenha a maior probabilidade de causar, num período de quatorze dias, a morte de metade de
um grupo de cobaias testadas. O resultado é expresso em miligramas por quilograma de massa
corporal.

A DL50 para toxicidade aguda dérmica é a dose de substância tóxica que ministrada
por contato contínuo com a pele de cobaias testadas por um período de 24 horas, tenha a maior
probabilidade de causar, em um prazo de quatorze dias, a morte de metade das cobaias
testadas. O resultado é expresso da mesma forma que no item anterior.
Já a CL50 para toxicidade aguda por inalação é a concentração de vapor, neblina ou pó
que, ministrada por inalação contínua, durante uma hora, às cobaias, tenha a maior
probabilidade de provocar em um prazo de quatorze dias, a morte de metade das cobaias
testadas. Nesse caso, o resultado é expresso em miligramas por litro de ar para pós e neblinas,
ou em mililitros por metro cúbico de ar (partes por milhão) para vapores.

De acordo com o exposto, a classificação das substâncias tóxicas é descrita na Tabela


2.
31

TABELA 2. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

Categoria de toxicidade DL50 oral DL50 dérmica CL50 por inalação

(mg/Kg) (mg/Kg)

(mg/l de poeira (ppm/ vapor ou


gás)
Muito Tóxica 50 50 2
200
Tóxica 50 - 500 200 - 2000 2 - 20
200 - 2000
Pouco Tóxica 500 - 5000 2000 - 20000 20 - 200
2000 - 20000
Praticamente Não Tóxicas > 5000 > 20000 > 200
> 20000

d) Quanto aos seus efeitos


As substâncias tóxicas são classificadas de acordo com os seus efeitos em:

 Irritantes ou corrosivas: causam ação inflamatória nas vias respiratórias.


 Asfixiantes: provocam uma deficiência de oxigenação sem interferirem no
mecanismo de ventilação.
 Anestésicos e narcóticos: provocam ação depressora do Sistema Nervoso
Central.
 Neurotóxicos: ação no sistema nervoso.
 Carcinogênicos: provocam o aparecimento de tumores.
 Alergizantes: promovem reações alérgicas.
 Mutagênicos: causam mutações em nível de DNA.
 Teratogênicos: provocam o aparecimento de malformações congênitas.
 Inflamáveis ou explosivos: provocam queimaduras. 32

2.3 OS TÓXICOS NO ORGANISMO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA

O organismo humano representa, na atualidade, um repositório de substâncias tóxicas.


Acredita-se que cada um tem a possibilidade de estar contaminado com até 200 dessas
substâncias, sendo que a cada ano novas substâncias são acrescentadas a essa mistura.

As substâncias tóxicas podem causar danos à saúde humana quando ingeridas,


inaladas ou quando em contato com a pele. Quando um tóxico corrosivo entra em contato com a
pele, seu efeito é visível. Os vapores gerados por essas substâncias corrosivas também afetam
diretamente os tecidos pulmonares, causando inúmeros danos à saúde humana. Porém, os
efeitos causados por tóxicos que são transferidos pela corrente sanguínea são mais difíceis de
serem quantificados, pois se deve levar em consideração a suscetibilidade de cada órgão a
determinado tipo de substância. O órgão suscetível é chamado de órgão-alvo. O órgão-alvo não
é o local onde se encontra grande quantidade da substância, mas sim o local onde essa
substância causa maiores danos.

A quantidade de substância tóxica que entra em contato com o organismo vai


depender da via de exposição desse organismo às substâncias. Como já foi dito anteriormente,
os tóxicos entram em contato com o organismo humano por três vias diferentes: por inalação,
pelo contato com a pele e pela ingestão. Neste capítulo daremos apenas uma breve introdução
das vias de exposição. Mais detalhes serão vistos no módulo V.

a) Exposição via inalação


A inalação é considerada uma importante via de exposição às substâncias tóxicas. Os
33
gases, vapores, partículas sólidas e aerossóis são facilmente inalados pela boca e nariz. Nem
todos os tóxicos causarão danos aos pulmões, porém a maioria deles causam sérios danos.

A quantidade de substância tóxica absorvida pelos pulmões vai depender das


características de cada substância, por exemplo, sua capacidade de dissolver na gordura do
corpo humano, e também da duração da exposição (tempo de exposição ao tóxico). Os danos
podem ser causados desde as vias respiratórias até os alvéolos pulmonares. Esse processo é
bastante rápido e responsável por diversos danos ao aparato respiratório.

As partículas finas inaladas, na maioria das vezes, são rapidamente exaladas. Mas
pode ocorrer de algumas ficarem agregadas às paredes dos alvéolos, causando infecções
graves. Exemplos são as doenças causadas pela presença nos alvéolos de sílica fina polvilhada
e fibras de amianto.

A quantidade de substância tóxica inalada vai depender da quantidade de ar inalado


pela pessoa e da concentração da substância no ar.

b) Exposição via ingestão


A absorção de substâncias tóxicas ingeridas depende das suas características e do
estado do sistema gastrointestinal (por exemplo, se a pessoa se encontra em jejum, a absorção
é maior). Portanto, a absorção pode ocorrer rapidamente, lentamente ou também não ocorrer.
Alguns tóxicos são rapidamente absorvidos sem sofrer qualquer tipo de modificação no
estômago, outros não são absorvidos em nenhum local do trato gastrointestinal, sendo então,
eliminados juntamente com as excreções.

Todas as substâncias que são absorvidas pelo sistema gastrointestinal, entram em


contato direto com o fígado antes de cair na corrente sanguínea. Por exemplo, se uma
determinada substância química for altamente tóxica ao fígado e for inalada ao invés de ingerida,
seus danos serão menores, pois ao ser inalada, ocorre sua diluição na corrente sanguínea e
consequentemente poderá ser eliminada pela ação dos rins. Já quando ingerida, pela ação
direta, causará danos maiores e possivelmente irreversíveis ao fígado.

Muitas vezes, quando ocorre ingestão de tóxicos acidentalmente, os danos podem ser
impedidos ou minimizados pela indução de vômito ou mesmo uma lavagem estomacal. Porém, 34
essas estratégias somente serão válidas se o tóxico ingerido não apresentar capacidade
corrosiva.

A absorção das substâncias tóxicas é diretamente influenciada pelo tipo de


alimentação. Por exemplo, em uma dieta rica em água e fibras, a velocidade com que o bolo
alimentar chega ao intestino é bem maior, reduzindo assim a quantidade de substâncias tóxicas
que podem ser absorvidas.

c) Via de exposição pela pele


A pele, considerado o maior órgão do corpo humano, representa uma barreira física
bastante eficiente contra danos causados ao corpo humano, porém, apresenta falhas. A pele
apresenta um suprimento de sangue bastante rico, o que acarreta, em caso de contato com
substâncias tóxicas, seu rápido transporte para todo o corpo. Quando uma substância química
entra em contato com a pele e acarreta alguma inflamação em alguma extremidade do corpo,
significa que o produto foi absorvido pela corrente sanguínea e produziu uma reação no sistema.

Principais reações da pele causadas por substâncias tóxicas são:

1) Queimação;
2) Queimaduras;
3) Lesão;
4) Perda de pelos;
5) Inchaços;
6) Mudanças de pigmentação.
2.4 AS QUATRO MAIORES PRODUTORAS DE TÓXICOS

2.4.1 Os tóxicos no ar

35

A contaminação do ar tornou-se um dos maiores problemas ambientais no mundo


todo, causando danos irreparáveis à saúde humana e ao meio ambiente.

De acordo com o CONAMA, um contaminante atmosférico é qualquer forma de matéria


ou energia, com intensidade, concentração, tempo e características diferentes aos níveis
estabelecidos, tornando o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem-estar
público; danoso aos materiais, à fauna e à flora e prejudicial à segurança, ao uso e gozo da
propriedade e às atividades normais da população. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte,
Tóquio e Nova Iorque estão na relação das mais poluídas do mundo.

Os agentes contaminantes do ar são lançados na atmosfera, principalmente, por


automóveis, motocicletas, aviões, indústrias, queimadas, centrais termoelétricas, geradores
movidos a combustíveis fósseis, vulcões, cigarros e diversas outras fontes. Dentre os diversos
poluentes, encontramos o carvão mineral e os derivados do petróleo. A queima desses produtos
libera um alto nível de monóxido de carbono e dióxido de carbono na atmosfera, responsáveis
pelos diversos danos ao meio ambiente e à saúde humana.

Os maiores responsáveis pelos altos níveis de poluentes lançados na atmosfera são os


automóveis. Esses liberam, durante a combustão, grandes quantidades de monóxido de carbono
(CO) e dióxido de enxofre (SO2), além de diversos outros gases tóxicos responsáveis desde
danos aos pulmões humanos ao retardamento do crescimento das plantas (Tabela 3).

São várias as doenças respiratórias causadas por este tipo de poluição. Além de danos
à saúde, a poluição atmosférica tem causado diversos danos ao meio ambiente como, por
exemplo, aos fenômenos de chuva ácida, efeito estufa, dentre outros, que serão abordados no
capítulo seguinte.

Na época do inverno, este tipo de poluição aumenta assustadoramente por causa da


inversão térmica, fenômeno responsável pela dissipação dos poluentes na atmosfera. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde, as milhares de mortes anuais, 800 mil têm como causas
os problemas respiratórios e cardiovasculares advindos da poluição do ar. 36

TABELA 3. PRINCIPAIS TÓXICOS LIBERADOS PELOS AUTOMÓVEIS

Os efeitos da poluição do ar na saúde humana podem ser divididos em quatro grupos:

a) Efeitos agudos
Os efeitos agudos são aqueles que ocorrem de forma repentina, sendo de curta
duração (horas ou dias).

São efeitos agudos alguns exemplos citados abaixo:

- Ataques asmáticos;

- Infecções respiratórias;

- Mudanças reversíveis nas funções pulmonares;


- Hiperatividade das vias respiratórias.

b) Efeitos crônicos
Os efeitos crônicos são aqueles que persistem por longos períodos de tempo (meses,
anos). São influenciados pelo período de tempo que o ser humano fica exposto ao contaminante.
37
São exemplos de efeitos crônicos:

 Síndrome de Obstrução Crônica Pulmonar: caracterizada por um conjunto de


enfermidades que causam dificuldades para respirar.
Exemplos: Bronquite crônica;

Enfisema pulmonar crônico;

 Mudanças no desenvolvimento e no envelhecimento dos pulmões;

c) O câncer de pulmão
O câncer de pulmão é uma doença que acomete tanto homens quanto mulheres e é o
tipo de câncer que mais mata, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS/2009).

Fatores determinantes para a ocorrência do câncer de pulmão são: a exposição a


tóxicos presentes na atmosfera e o ato de fumar.

Exemplos de tóxicos causadores do câncer:

 Cádmio;
 Arsênio;
 Fibras de amianto etc.

d) Efeitos não respiratórios


Alguns contaminantes do ar podem causar efeitos em outros órgãos do corpo ao
alcançarem a corrente sanguínea.

Exemplos: benzeno: causador da leucemia.


2.4.2 Os tóxicos na água

A água é um recurso natural de caráter renovável e indispensável à existência de vida


na Terra. A água será considerada poluída quando sofrer qualquer tipo de alteração, sendo ela 38
física, química ou biológica, tornando imprópria para o consumo.

As consequências do contato das substâncias tóxicas junto ao ambiente aquático


variam de acordo com as propriedades físicas e químicas dessas substâncias e dos produtos
resultantes de sua transformação; da concentração dos contaminantes no ecossistema; do
tempo de exposição e do tipo de descarga desses contaminantes; das propriedades intrínsecas
do ecossistema e da distância da fonte poluidora, ou seja, da fonte de lançamentos das
substâncias tóxicas.

Os principais contaminantes do meio aquático são:

 Metais pesados;
 Herbicidas e pesticidas;
 Sulfuretos;
 Cianetos;
 Dioxinas;
 Matéria Orgânica.

2.4.3 Tóxicos nos alimentos

Diversos estudos revelam a presença de substâncias tóxicas nos alimentos


consumidos no dia a dia da população mundial. A falta de algum nutriente e o excesso de
substâncias tóxicas é responsável por grandes riscos à saúde humana.
No Brasil, o órgão responsável pela fiscalização e registro de aditivos, pesticidas,
drogas veterinárias e demais substâncias tóxicas é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).

Os contaminantes alimentares podem ser divididos em categorias de acordo com suas


propriedades em:

39

a) Contaminantes inorgânicos

Exemplos: Metais pesados

b) Contaminantes orgânicos

Exemplos: Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos;

Dioxinas

Compostos Bifenilos Clorados (PCB’s).

c) Contaminantes produzidos por organismos vivos

Exemplos: Micotoxinas – produzidas por fungos (Aflatoxina, Ocratoxina, tricotecenos,


Zearalenona, Fumonisinas, Patulina etc.

Um grande problema de saúde pública na atualidade é o uso indiscriminado de


agrotóxicos e a contaminação dos alimentos por essas substâncias tóxicas.

De acordo com ANVISA (2010), os alimentos mais contaminados por agrotóxicos são:

1) Pimentão;
2) Uva;
3) Pepino;
4) Morango;
5) Couve;
6) Abacaxi;
7) Mamão;
8) Alface;
9) Tomate;
10) Beterraba.
Nos últimos anos, várias notícias tomaram a mídia relacionada à contaminação de
alimentos com diversos tipos de substâncias tóxicas. Algumas delas estão relacionadas abaixo:

 Benzeno é encontrado em refrigerantes: 40


O benzeno causa prejuízos à saúde por causa de uma reação que pode ocorrer dentro
do organismo. Vários estudos relacionaram a exposição ao benzeno à elevação potencial do
câncer. De acordo com esses estudos, o efeito do benzeno é lento, varia de acordo com o tempo
de exposição e a quantidade do composto no organismo.

 Bisfenol-A utilizado nas embalagens de alimentos pode ser tóxico ao organismo:


Foi comprovado em vários estudos que o Bisfenol-A, utilizado em embalagens de
alimentos para evitar a ferrugem, se desprende das embalagens, contaminando os alimentos.
Nesses estudos, comprovaram que a substância pode alterar o funcionamento da tireoide,
causar problemas neurológicos, câncer de mama, crescimento da próstata, anomalias no
sistema reprodutor e no comportamento sexual, pode afetar o coração, provocar aborto etc. Em
2011, a ANVISA proibiu a venda de mamadeira contendo o Bisfenol-A, porém vários produtos
ainda contêm a substância.

2.4.4 Tóxicos nos produtos de consumo

O desenvolvimento tecnológico trouxe uma infinidade de problemas ambientais, devido


à presença de substâncias tóxicas em diversos produtos de consumo humano. Tais substâncias
são responsáveis por alterações na natureza e, principalmente, a danos à saúde humana.
Um dos exemplos mais marcantes é o aumento crescente no consumo de pilhas e
baterias, que são compostas por substâncias tóxicas como o mercúrio, o cádmio, o chumbo, o
zinco, dentre outros. Essas substâncias representam um grande risco à natureza em geral, pelas
suas capacidades de migração, bioacumulação e biomagnificação, conceitos que serão
discutidos no próximo capítulo. Essas características inerentes aos metais pesados são
responsáveis por diversos danos causados ao homem (Tabela 4).
41

TABELA 4. EFEITOS À SAUDE HUMANA DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS METAIS


PESADOS PRESENTES EM PILHAS E BATERIAS.

Metal Efeitos à saúde humana

Cádmio (Cd) Câncer

Disfunção renal

Disfunções digestivas (náuseas, vômitos e diarreia)

Problemas pulmonares

Pneumonite (quando inalado)

Mercúrio (Hg) Congestão, inapetência, indigestão

Dermatite

Diarreia (com sangramento)

Dores abdominais

Elevação da pressão arterial


Estomatites, inflamação da mucosa da boca, ulceração da faringe e do esôfago.

Lesões renais

Lesões no tubo digestivo

Gengivite

42
Salivação

Insônia

Dores de cabeça

Colapsos

Delírio

Convulsões

Lesões cerebrais e neurológicas provocando desordens psicológicas

Chumbo (Pb) Anemia

Disfunção renal

Dores abdominais (cólica, espasmos e rigidez)

Encefalopatia

Manias

Delírio

Sonolência

Manganês (Mn) Disfunção do sistema neurológico

Efeitos neurológicos diversos

Gagueira
Insônia

Zinco (Zn) Alterações no quadro sanguíneo

Problemas pulmonares

FONTE: Agência Ambiental dos Estados Unidos (EPA).


43

Outro exemplo de contaminação de produtos de consumo é a presença de substâncias


tóxicas em cosméticos (xampu, condicionador, desodorantes, hidratantes, perfumes,
maquiagens etc).

Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pela FDA (Food and Drud
Administration), verificou a presença de chumbo em 20 marcas de batom. O chumbo é
responsável por danos à saúde humana como: distúrbios de aprendizagem, linguagem e
problemas comportamentais. Outra substância bastante tóxica encontrada em protetores
solares, hidratantes é a oxibenzona, responsável por disfunções hormonais graves. A presença
de Fluoreto em pastas de dente e na água tratada, forma iônica do Flúor, tem efeito neurotóxico
e potencialmente tumorigênico se engolido.

Outro estudo realizado pelo The Mount Sinai School of Medicine, de Nova Iorque,
testou o sangue e a urina de voluntários e verificou a presença de 167 componentes químicos
industriais, aproximadamente 91 por pessoa. Esse fato indica a grande capacidade de
acumulação, no organismo humano, dessas substâncias.
3 OS TÓXICOS E O MEIO AMBIENTE

3.1 MOVIMENTOS DOS TÓXICOS POR MEIO DO MEIO AMBIENTE

44

Os agentes tóxicos alcançam o meio ambiente por meio de inúmeras atividades


realizadas pelo homem como: a mineração, a energia nuclear, a agricultura, a eliminação de
resíduos industriais e domésticos, dentre outras.

O transporte e a persistência desses agentes no ambiente dependem de vários fatores,


dentre eles: do tipo de compartimento ambiental, das características físico-químicas das
substâncias em questão e da concentração dessas substâncias no compartimento.

A eliminação de gases contaminantes pelas indústrias e automóveis, a deposição de


resíduos industriais e domésticos em locais inadequados e várias outras atividades podem
promover a poluição, acarretando em sérios danos ao ambiente e à saúde humana.

Para entendermos como as substâncias tóxicas se movimentam no ambiente desde a


fonte emissora até alcançarem ao homem, precisamos entender quais características dessas
substâncias influenciam no movimento.

As principais características são:

a) Solubilidade em água
A propriedade de solubilidade em água representa a capacidade de uma determinada
substância misturar-se em água à temperatura ambiente. Essa propriedade é referente à
máxima quantidade dessa substância que se dissolve em uma quantidade definida de água
pura.
A solubilidade em água sofre a influência de vários fatores como, por exemplo, a
temperatura. A solubilidade da maioria das substâncias sólidas e líquidas em água, geralmente,
aumenta com o aumento da temperatura, já que há o aumento da energia cinética das suas
moléculas. Já para as substâncias na forma gasosa o contrário é observado.

b) Pressão de vapor
45
A pressão de vapor é um parâmetro responsável por mensurar a volatilidade de um
agente químico em estado puro. A volatilidade de determinada substância é a capacidade de
evaporar-se e é influenciada por fatores como:

 Temperatura;
 A velocidade dos ventos no ambiente em questão;
 As condições ambientais gerais.
Dessa forma, as substâncias químicas com pressão de vapor relativamente baixas e
uma alta afinidade por solos ou água, têm menores probabilidades de volatilizarem-se, ou seja,
evaporarem-se.

c) Constante da Lei de Henry (H)


A constante da Lei de Henry (H) é responsável pela indicação do grau de volatilidade
de determinado agente químico em solução. Para isso, é necessário o conhecimento do peso
molecular, da solubilidade e da pressão de vapor.

Considerando uma solubilidade relativamente alta de um agente tóxico em água em


relação à pressão de vapor, indica que este agente se dissolverá principalmente em água. Já
uma pressão de vapor relativamente alta quando comparada à solubilidade em água, indica que
o agente se evaporará preferencialmente em ar.

Na tabela 5 estão disponíveis as faixas de volatilidade segundo a constante da Lei de


Henry.
Tabela 5. Volatilidade segundo faixas da constante da Lei de Henry.

46
FONTE: ATSDR (1992).

d) Coeficiente de partição de carbono orgânico (KOC)


O coeficiente de partição do carbono orgânico (KOC) também chamado de coeficiente
de adsorção representa a medida da capacidade de um agente tóxico ser adsorvido por solos e
sedimentos. O conceito de adsorção será abordado ainda neste capítulo

Este coeficiente apresenta alta especificidade de acordo com cada substância e seus
valores variam de 1 a 10.000.000. Determinado agente tóxico que possua KOC alto indica que
este agente se fixa com firmeza ao solo e sedimentos, resultando em baixa mobilidade nas
águas superficiais ou aquíferos (lençóis freáticos). Já um agente com baixo KOC sugere uma
maior mobilidade nos corpos d’água (Tabela 6).

TABELA 6. INTERVALOS DE VALORES DE KOC E ADSORÇÃO AO SOLO

FONTE: ATSDR (1992).


e) Coeficiente de partição octanol/água (KOW)
O octanol é um representante das gorduras.

O coeficiente de partição octanol/água estima o potencial de determinado agente tóxico


de acumular-se na gordura animal. Geralmente são acumulados compostos com altos valores de
KOW. Portanto, o valor de KOW é usado para mensurar a tendência das substâncias químicas a
bioconcentrar-se na biota, estando inversamente relacionado à solubilidade em água. 47

Portanto, quanto maior os valores de KOW das substâncias tóxicas, maior a capacidade
de acumularem-se nos solos, sedimentos e na biota e consequentemente serem transferidos ao
homem pela cadeia alimentar. Já compostos químicos com baixos KOW tendem a distribuírem-se
na água e no ar.

f) Fator de bioconcentração (FBC)


O conceito de bioconcentração será descrito no próximo item deste capítulo. Porém, o
fator de bioconcentração (FBC) reflete a magnitude da distribuição química em relação ao
equilíbrio entre o meio biológico e um meio externo, por exemplo, a água. Esse fator é
determinado dividindo-se a concentração de equilíbrio de um determinado agente tóxico no meio
biológico (tecido, organismo), pela concentração do agente tóxico no meio externo.
Normalmente, compostos com valores altos de KOW apresentam um valor elevado do FBC.

g) Velocidade de transformação e de degradação


A velocidade de transformação e de degradação sofrem influências de diversas
variáveis, como por exemplo, variáveis químicas, físicas e biológicas. Portanto, é difícil prever e
mensurar tais velocidades com precisão.

Para um entendimento preciso a respeito do transporte dos agentes tóxicos no


ambiente, é necessário avaliar também algumas características do ambiente em questão, como:
a) Taxa de precipitação
A taxa de precipitação refere-se à quantidade de chuva que normalmente acomete o
local. Essa taxa interfere, pois a precipitação leva ao arraste do solo pelo escoamento.

b) As condições de temperatura do local


48
As condições de temperatura são responsáveis por alterarem os níveis de volatilidade
dos compostos químicos.

c) Velocidade e direção dos ventos.

d) Características geológicas e geomorfológicas.

e) Características do solo.

f) Cobertura do solo.

g) Flora e a Fauna.

h) Obras públicas, etc.

Diante das características físico-químicas dos agentes tóxicos e das características


externas, para determinar a movimentação desses agentes devemos identificar os cinco
elementos constituintes da rota de exposição. São eles:

 A fonte de contaminação;
 O compartimento ambiental;
 O ponto de exposição;
 As vias de exposição de acordo com as substâncias tóxicas;
 A população receptora.
Diante do exposto, o transporte das substâncias tóxicas é controlado pelos seguintes
processos:
a) Processos físicos
 Advecção
No processo por advecção o transporte da substância tóxica ocorre pelo fluxo de água
no solo.
 Difusão Molecular
Este tipo de transporte ocorre devido a ocorrência de um gradiente de concentração
em um fluido. A substância tóxica em questão está dissolvida em água e desloca-se de uma 49
área de maior concentração para uma de menor.

Devido à tortuosidade existente nas trajetórias que o fluido percorre no solo, é


calculada a difusão efetiva, dada pela fórmula abaixo:

Em que:

D* = difusão efetiva

ω = coeficiente de tortuosidade

D0 = coeficiente de difusão.

 Dispersão
O transporte por dispersão pode também ser chamado de mistura mecânica. Como o
próprio nome indica, a dispersão retrata o espalhamento da substância tóxica no fluido (Figura
3). A dispersão pode ser: dispersão longitudinal, quando o espalhamento da substância ocorre
na mesma direção do fluxo; e dispersão transversal, quando o espalhamento da substância
ocorre na direção transversal do fluxo.
FIGURA 3

Dispersão. (a) Dispersão normal ou mistura mecânica, (b) dispersão em canais individuais e (c) 50
tortuosidades, reentrâncias e interligações.

 Dispersão hidrodinâmica
É a soma de Difusão Molecular e Dispersão Mecânica. É utilizada quando o fluido
percorre meios porosos.

b) Processos Químicos e Biológicos

 Efeitos de retardamento ou aceleração


 Adsorção/ Dessorção
O processo de adsorção consiste na adesão do soluto às superfícies dos sólidos. Esse
processo representa o mecanismo de maior importância de retenção de moléculas polares, íons
e metais.

Pode ocorrer a reversibilidade do processo, ou seja, a dessorção.

 Sorção hidrofóbica
A sorção hidrofóbica é um processo típico de retenção de substâncias orgânicas,
especialmente orgânicas apolares, pelo processo de partição.

 Precipitação/dissolução
A precipitação é o processo pelo qual há o desprendimento das substâncias,
inicialmente em solução por exceder o seu grau de solubilidade. É um processo reversível e
contrário ao processo de dissolução.
 Cossolvência
O processo de cossolvência consiste na dissolução do soluto em mais de um solvente. A
mistura de determinado solvente com a água aumenta a mobilidade das substâncias.

 Complexação
O processo de complexação consiste na formação de complexos, devido à ligação
formada, que pode ser covalente ou eletrostática. De acordo com vários estudos, os complexos 51
formados com ligantes inorgânicos são mais fracos que os formados com ligantes orgânicos.

 Ionização
Os ácidos orgânicos são capazes de doar elétrons em solução aquosa, aumentando
assim a solubilidade, já que se transformam em ânions.

 Efeitos de degradação
 Oxidorredução
Reações de oxidação: perda de elétrons.

Reações de redução: ganho de elétrons.

Toda oxidação é acompanhada de uma redução e vice-versa. Esses tipos de reações


ocorrem no ambiente e podem ser catalizadas por microrganismos.

 Volatilização
Volatilização é um processo de difusão pelo qual há uma mudança do estado de uma
substância, que passa de seu estado sólido ou líquido para o estado gasoso.

 Metabolização
Metabolização é a transformação de moléculas orgânicas em moléculas menores,
decorrente da atividade metabólica dos microrganismos presentes no solo. Pode ser também
chamada de biodegradação, conceito que será abordado ainda neste capítulo.

 Sorção
Sorção é o processo de retenção de substâncias no solo pela transferência do fluido
para a parte sólida, causando o chamado efeito de retardamento da frente de contaminação.
Esse efeito se dá pela redução da velocidade de contaminação quando comparada à velocidade
do fluido.
3.2 OS EFEITOS GLOBAIS DOS TÓXICOS

3.2.1 O efeito estufa

52

A atmosfera é uma camada gasosa que envolve a Terra, com aproximadamente 600
Km de altitude, que se mantém junto à Terra devido à força da gravidade. Ela é constituída de
vários gases, que são divididos em permanentes e variáveis.

Nas tabelas 7 e 8, estão descritos os gases constituintes da atmosfera.

TABELA 7. COMPONENTES PERMANENTES DA ATMOSFERA

Gases Símbolo Porcentagem

(por volume) ar seco

Nitrogênio N2 78,08

Oxigênio O2 20,95

Argônio Ar 0,93

Neônio Ne 0,0018

Hélio He 0,0005

Hidrogênio H2 0,00005

Xenônio Xe 0,000009
TABELA 8. COMPONENTES VARIÁVEIS DA ATMOSFERA

Gases e partículas Símbolo Porcentagem Partes por milhão

(por volume) (ppm)

53
Vapor d’água H2O 0a4 -

Dióxido de carbono CO2 0,384 384

Metano CH4 0,00017 1,7

Óxido nitroso N2O 0,00003 0,3

Ozônio O3 0,000004 0,04

Partículas 0,000001 0,01

Clorofluorcarbonos (CFCs) 0,00000001 0,0001

Como pode ser observado na tabela 7, o nitrogênio (N2) e o oxigênio (O2) compõem
aproximadamente 99% da atmosfera, sendo considerados os seus principais gases. As
porcentagens desses gases mantêm suas porcentagens constantes, pois há um balanço entre a
produção e a destruição desses. Veja abaixo como ocorre esse balanço:

 Oxigênio (O2)

Removido: pela decomposição de matéria orgânica ou quando se combina na


formação de óxidos.

Retorno à atmosfera: por meio do processo de fotossíntese.


LUZ + CO2 H2O + O2

 Nitrogênio (N2)

Removido: pelos processos biológicos no solo (bactérias).


54
Retorno à atmosfera: decomposição de material vegetal e animal.

O vapor d’água juntamente com o CO2 promove o chamado efeito estufa. O efeito
estufa é um fenômeno natural, ou seja, esses gases formam uma camada protetora que possui a
propriedade de permitir que as ondas eletromagnéticas que chegam do Sol atravessem a
atmosfera e aqueçam a superfície da Terra. Essa mesma camada dificulta a saída da radiação
infravermelha emitida pela Terra. Esse fato impede que ocorra a perda demasiada de calor
irradiado para o espaço, especialmente à noite, mantendo assim, a Terra aquecida. Esse
fenômeno é de extrema importância, pois sem ele a Terra estaria a uma temperatura de 33º C
mais baixa e a vida na Terra não seria possível.

Vários outros gases encontrados em menores quantidades também contribuem para o


efeito estufa (Figura 4).

FIGURA 4. GASES DA ATMOSFERA QUE MAIS CONTRIBUEM PARA O EFEITO ESTUFA,


ALÉM DO VAPOR D’ÁGUA

FONTE: Arquivo pessoal do autor


As atividades antrópicas têm contribuído com emissões adicionais desses gases de
efeito estufa, ocasionando em um incremento da capacidade da atmosfera em reter calor,
originando o que chamamos de Aquecimento Global. O aquecimento global poderá ter
consequências sérias para a vida na Terra em um futuro próximo. O esquema do efeito estufa
pode ser visto na figura 5.

55

FIGURA 5. ESQUEMA DO EFEITO ESTUFA

FONTE: Arquivo pessoal do autor

O aquecimento global terá várias consequências, dentre elas, as mais importantes


serão:

 Aumento da temperatura da superfície da Terra;


 Derretimento das calotas polares e das camadas de gelo existentes nas
montanhas;
 Aumento do nível médio da água do mar;
 Desaparecimento de territórios pelo avanço das águas;
 O aumento da temperatura da Terra acarretará no aumento da evaporação e
consequentemente no aumento da pluviosidade que favorecerá o aumento da erosão dos solos;
 Aumento da desertificação, ocasionando o empobrecimento dos solos, tornando
assim impossível a prática da agricultura;
 Desaparecimento de espécies;

Várias medidas têm sido adotadas para amenizar este fenômeno. As principais são: 56

 Diminuição da liberação de gases pelas indústrias e automóveis;


 Utilização de energias renováveis;
 Proteção das florestas;
 Reformulação das redes de transportes.

3.2.2 A destruição da camada de ozônio

A atmosfera terrestre é constituída de diversas camadas (Figura 6). São elas:

 Troposfera: é a camada em que vivemos. Possui uma altura de 0 Km a 12 Km.


Nesta camada é que ocorrem os fenômenos climáticos e a poluição.
 Estratosfera: é a camada que vai de 12 Km a 50 Km de altura. Nesta camada
localiza-se a Camada de Ozônio.
 Mesosfera: é a camada que vai de 50 Km até 80 Km.
 Termosfera: é a camada que vai de 80 Km até 600 Km.
 Exosfera: é a camada que vai de 600 Km até o espaço.
FIGURA 6. CAMADAS DA ATMOSFERA TERRESTRE

57

FONTE: Arquivo pessoal do autor

Como pôde ser observado, a Camada de Ozônio (região onde há maior concentração
de Ozônio) se encontra na estratosfera terrestre. A camada de Ozônio corresponde a um filtro
natural da Terra.

O ozônio estratosférico é um gás, formado por três átomos de oxigênio (Figura 7).

FIGURA 7. FORMAÇÃO DO OZÔNIO ESTRATOSFÉRICO

FONTE: Arquivo pessoal do autor


O ozônio estratosférico é formado pela ação fotoquímica dos raios ultravioletas sobre
as moléculas de oxigênio.

A camada de Ozônio tem a capacidade de absorver as radiações ultravioletas do Sol,


graças ao formato e tamanho das moléculas de ozônio que a constitui. Portanto, o ozônio
estratosférico é considerado como “bom ozônio”. Já o ozônio troposférico é um gás tóxico aos
seres vivos. Dessa maneira, a sua presença na Troposfera, onde vivemos, é muito perigosa. 58

As principais fontes de ozônio estratosférico são as atividades humanas, nas quais


ocorre emissão de gases contendo Cloro e Bromo. Esses elementos não são reativos e são
lentamente removidos da atmosfera, havendo uma alta concentração destes na troposfera.

Quando esses elementos atingem a estratosfera, sofrem rapidamente a ação


fotoquímica da radiação ultravioleta, liberando radicais livres que reagem com o ozônio,
formando além das moléculas normais, o óxido de cloro (ClO), acarretando na destruição da
Camada de Ozônio.

O ClO apresenta vida curta e reage rapidamente com um átomo de oxigênio livre,
liberando novamente o radical livre que volta a destruir uma molécula de ozônio. Um único
radical livre de cloro é capaz de destruir 100 mil moléculas de ozônio (Figura 8).

FIGURA 8. MECANISMO DE DESTRUIÇÃO DO OZÔNIO

FONTE: Arquivo pessoal do autor


Exemplos de fontes de Cloro e Bromo:

 CFC’s: triclorofluorcarbono, usados em refrigeradores, aerossóis, ar-


condicionado, solventes de limpeza, etc.
 Brometo de Metila, Halons.
Principais consequências da destruição da Camada de Ozônio para a saúde humana e
para o meio ambiente: 59

 Câncer de pele;
 Envelhecimento precoce;
 Queimaduras na pele;
 Inflamação aguda da córnea, podendo levar à cegueira;
 Desenvolvimento de catarata;
 Extinção das respostas imunológicas;
 Alergias;
 Alterações nas relações entre plantas, entre animais e entre plantas e
animais;
 Aumento de pragas e doenças de plantas;
 Destruição do plâncton (fitoplâncton e zooplâncton).
 Elevada mortalidade de peixes.
Há a previsão de que haja a recuperação da Camada de Ozônio caso as ações
propostas pelo Protocolo de Montreal sejam cumpridas.

O Protocolo de Montreal é um tratado internacional no qual vários países propuseram a


adoção de medidas que reduzissem ou eliminassem a emissão de substâncias que destroem a
Camada de Ozônio.

3.2.3 A chuva ácida


A chuva ácida é um fenômeno natural. Normalmente, a água que evapora do meio
ambiente possui o pH neutro (pH=7). Porém, pode ocorrer do vapor d’água reagir com gases
atmosféricos, como por exemplo, o CO2. Dessa forma, a chuva se torna ligeiramente ácida pela
formação do ácido carbônico, podendo atingir valores de pH em torno de 5,2 e 5,4. Porém,
normalmente este fenômeno tem origem em ácidos orgânicos, que são ácidos fracos e, portanto,
não geram danos ao meio ambiente.
60
Porém, com o aumento da poluição atmosférica, esse fenômeno passa a ser perigoso,
pois o pH das chuvas podem atingir valores em torno de 4,9 a 1,9.

A chuva ácida, então, torna-se um fenômeno extremamente perigoso, já que a emissão


de gases como dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx), ao reagirem com os
vapores d’água gerarão ácidos extremamente fortes. As reações que normalmente ocorrem
podem ser vistas abaixo:

SO2 + ½ O2 + H2O H2SO4

(Dióxido de Enxofre) (ácido sulfúrico)

NO + NO2 + O2 + H2O 2(HNO3)

(Óxidos de nitrogênio) (Ácido nítrico)

Porém, pode haver a formação desses dois ácidos a partir de outras reações como:

 Radical hidroxila (OH)


SO2 + (OH) HSO3-

(Radical bissulfito – instável)

Com a luz solar, o HSO3- é oxidado a bissulfato = HSO4- 61

NO2 + (OH) HNO3

As consequências da chuva ácida são:

 Contaminações com metais tóxicos que estavam presentes no solo;


 Corrosão de estruturas prediais, de casas, de usinas, etc.
 Acidificação dos corpos aquáticos;
 Desmatamentos;
 Destruição de plantações.

3.3 INTERAÇÃO DE POLUENTES OU BIOTOXINAS COM A BIOTA

3.3.1 Bioconcentração
O processo de bioconcentração representa o aumento da concentração de
determinada substância tóxica nos organismos, comparado ao meio abiótico. Ou seja, é quando
a velocidade de absorção da substância tóxica por meio da água excede a velocidade de
eliminação do mesmo, gerando dessa forma, um acúmulo nos tecidos dos organismos.

Portanto, a bioconcentração depende da concentração da substância tóxica no


ambiente e do tempo de exposição do organismo ao agente tóxico. 62

3.3.2 Bioacumulação

A bioacumulação é um processo ativo, portanto, mediado metabolicamente. É o


processo no qual os seres vivos absorvem e acumulam as substâncias tóxicas. A bioacumulação
pode ser direta, por meio do ambiente que envolve os organismos (bioconcentração) ou de
forma indireta, por meio da cadeia alimentar.

Portanto, a bioacumulação exige atividade metabólica das células e é influenciada por


diversos fatores como:

 pH;
 Temperatura;
 Aeração;
 Presença de outros poluentes, etc.

A absorção no caso da bioacumulação inclui todas as vias de exposição e todos os


compartimentos em que os contaminantes estejam no meio aquático (sedimentos, água ou
outros organismos) (Figura 9).
FIGURA 9. PROCESSO DE BIOACUMULAÇÃO

63

FONTE: Arquivo pessoal do autor

3.3.3 Biomagnificação

No processo de biomagnificação ocorrem as transferências dos contaminantes de um


nível trófico a outro, de forma que as concentrações são geralmente crescentes à medida que
passam para níveis mais elevados da cadeia alimentar (Figura 10).

FIGURA 10. ESQUEMA DA BIOMAGNIFICAÇÃO

FONTE: LINHARES & GEWANDSZNAJDER, 2003.


3.3.4 Biotransformação

O processo de biotransformação é a transformação química (reações químicas) das


substâncias tóxicas dentro dos seres vivos. Esse processo geralmente é catalisado pela ação de 64
enzimas.

O objetivo principal da biotransformação é transformar a substância tóxica em um


metabólito mais hidrossolúvel, para facilitar a sua excreção.

O processo de biotransformação é constituído de quatro etapas, que serão descritas


abaixo:

a) Absorção
A absorção é a etapa em que as substâncias tóxicas (xenobióticos) rompem as
barreiras do corpo e as membranas celulares e atingem a corrente sanguínea.

b) Distribuição
A distribuição é a etapa em que os xenobióticos, já na corrente sanguínea, atingem
seus órgãos-alvo.

c) Biotransformação
O processo de biotransformação ocorre por meio de reações químicas nos
organismos. Os principais locais onde ocorrem essas reações são: fígado, pele, rins, pulmões e
epitélio gastrintestinal; sendo o fígado o principal órgão envolvido no processo.

A biotransformação no fígado ocorre por meio de duas fases:

 Reações de fase I ou metabolismo de fase I


 Oxidação
 Redução
 Hidrólise
Diversas enzimas do fígado participam dessa fase. Uma delas é o sistema citocromo
P-450. Esse sistema é constituído de um grupo de isoenzimas que apresentam em suas
estruturas átomos de ferro (Fe). Esse elemento é responsável por ativar o oxigênio molecular,
deixando-o na forma ideal para interagir com substratos orgânicos. Dessa forma, realiza a
catálise de diversas reações oxidativas envolvidas na biotransformação da substância.
65
Após a realização dessas reações que constituem a fase I, ou o metabólito está pronto
para ser excretado ou será necessária à ocorrência da fase II.

 Reações de fase II ou metabolismo de fase II


As reações que ocorrem na fase II envolvem a conjugação. A conjugação resulta em
metabólitos facilmente excretáveis.

As principais reações de conjugação são:

 Acetilação;
 Sulfatação;
 Amidação;
 Glicuronidação ou glicuronização: é a mais comum e a mais importante.
Vários fatores influenciam a biotransformação. Dentre eles, os mais importantes são:

 Idade
Os fetos, animais recém-nascidos e idosos apresentam uma menor capacidade de
metabolização.

 Sexo
Este parâmetro é conhecido apenas na espécie de ratos.

A capacidade de biotransformação é maior nos ratos que em ratas.

 Indução
Fenômeno que aumenta a velocidade da biotransformação;
 Doenças
Patologias ou disfunções hepáticas que alteram a biotransformação.
3.3.5 Biodegradação

A biodegradação é o processo pelo qual os xenobióticos são degradados pela ação de


organismos vivos, principalmente microrganismos heterotróficos, por meio de suas enzimas. 66

A biodegradabilidade é a suscetibilidade do xenobiótico em sofrer ação dos


microrganismos. Ela depende de vários fatores como: a composição química e física do agente
tóxico e da disponibilidade de microrganismos degradadores.

3.3.6 Detoxificação

A detoxificação é um tipo de biotransformação pelo qual uma determinada substância


tem seu efeito tóxico inativado pelo metabolismo por enzimas. Esse processo resulta em uma
hipertrofia do retículo endoplasmático das células do fígado, rins, pulmões, etc.

3.3.7 Eliminação

A eliminação é o processo pelo qual um agente tóxico ou seu metabólito é eliminado


do organismo.

Esse processo é realizado pelas seguintes vias:


 Rins;
 Sistema hepatobiliar;
 Pulmões;
 Glândulas sudoríparas, salivares e mamárias;
 Intestino.

67

3.4 ORGANISMOS COMO INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL

Avaliar a qualidade do meio ambiente não é uma tarefa simples, exige bastante
conhecimento prático e teórico, além de muita sensibilidade por parte dos profissionais da área.

O aumento da população, o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da produção


industrial, principalmente a produção relacionada a fertilizantes, inseticidas e herbicidas, tem
acarretado um aumento no nível de substâncias tóxicas lançadas nos ecossistemas,
contribuindo assim, para a diminuição da qualidade dos diversos compartimentos do ambiente e
consequentemente influenciando na saúde dos seres vivos que habitam esses ecossistemas.

Portanto, o processo de avaliação ambiental é de fundamental importância para


garantir um ambiente saudável, ou seja, livre de todos os tipos de contaminação. Porém, o
tempo excessivo gasto e o alto custo são entraves para a realização desse processo de
inventário ambiental. Para facilitar, são utilizadas estratégias de previsão, ou seja, estratégias
visando à análise precoce da integridade ambiental, utilizando organismos vivos como
bioindicadores, biomarcadores e biomonitores. Dessa forma, a biota representa uma forte aliada
do homem e da natureza, mostrando quando o ambiente está sendo contaminado e/ou
destruído, ou seja, o diagnóstico ambiental.
3.4.1 Bioindicadores

De acordo com diversos autores, o termo bioindicador representa qualquer forma de


vida capaz de quantificar e monitorar propriedades dos ecossistemas. Ou seja, são espécies 68
que, precocemente, indicam alterações ambientais; possibilitando a intervenção antes que essas
se agravem.

FIGURA 11. AS FUNÇÕES DOS BIOINDICADORES EM CADA CATEGORIA

FONTE: McGeoch (1998).

Como pode ser observado na figura 11, os bioindicadores são divididos de acordo com
os objetivos de cada projeto em:

a) Indicadores ou bioindicadores ambientais;


São considerados indicadores ou bioindicadores ambientais espécies ou conjunto
delas com capacidade de reagirem aos distúrbios ambientais, incluindo as alterações no
ambiente. Esse tipo de bioindicador é utilizado na mensuração de fatores abióticos, como por
exemplo, a mensuração da poluição nos diversos compartimentos ambientais.

b) Indicadores ou bioindicadores ecológicos;


Um indicador ou bioindicador ecológico pode ser representado por uma espécie, um
69
conjunto de espécies ou determinado táxon que se mostra sensível aos processos ocorridos no
ambiente. Servem de sinal de alerta precoce de mudanças ambientais, além de poderem ser
usados no diagnóstico de problemas no ambiente.

c) Indicadores ou bioindicadores de biodiversidade.


São considerados indicadores ou bioindicadores de biodiversidade um grupo de taxa,
representado por gênero, tribo, família ou ordem; ou mesmo um grupo de espécies considerado
medida da diversidade de um grupo mais amplo no ambiente. Assim, os dados obtidos por esse
grupo são extrapolados a toda diversidade da espécie avaliada.

Os bioindicadores também podem ser divididos em bioindicadores de acumulação e de


reação. De acordo com a literatura, um bioindicador de acumulação, também chamado de
organismo resistente, é aquele que reage ao estresse pela acumulação de substâncias tóxicas
nos tecidos; já um bioindicador de reação é considerado um organismo sensível, pois reage ao
estresse por alterações morfológicas, fisiológicas, genéticas e etológicas.

A utilização de organismos vivos, ou seja, bioindicadores permite que sejam


verificadas:

 A atividade fisiológica de substâncias nocivas;


 A ocorrência de intoxicações crônicas de exposições prolongadas;
 Pesquisa de áreas extensas e em períodos prolongados.
Muitos estudos utilizando bioindicadores estão sendo conduzidos no Brasil, utilizando
pelo menos um dos três tipos de bioindicadores descritos anteriormente – ambiental, de
biodiversidade e ecológico. Desses estudos, 73% utilizaram invertebrados como bioindicadores,
18% utilizaram plantas e 15% utilizaram vertebrados. Em alguns estudos houve a associação de
dois ou mais bioindicadores (Tabela 9)
Tabela 9. Análise percentual de trabalhos científicos utilizando as categorias de bioindicadores

70

FONTE: Portal Scielo.

De acordo com o exposto, os invertebrados foram os menos utilizados nos estudos de


bioindicação e as plantas as mais utilizadas. Uma explicação possível para isso, de acordo com
os autores, é que as plantas apresentam respostas mais rápidas e eficientes quando
comparadas aos invertebrados.

Abaixo serão mostrados alguns exemplos de estudos utilizando bioindicadores. Mais


informações poderão ser encontradas nos respectivos artigos citados nas referências
bibliográficas. Aqui serão abordadas apenas questões relativas às conclusões dos estudos.

Em primeiro lugar, serão mostrados trabalhos em que foram utilizados vegetais como
bioindicadores. Esses são utilizados por meio de dois métodos:

 Método passivo, quando são utilizados vegetais que já fazem parte do


local do estudo;
 Método ativo, quando os vegetais são introduzidos de forma controlada
no local a ser avaliado.
De acordo com relatos na literatura, os contaminantes químicos são assimilados pelas
plantas por meio de três vias: por translocação, a partir do solo, pela ação das raízes; por
assimilação de substâncias presentes na fase gasosa e; por assimilação de deposições
atmosféricas.

A resposta das plantas à exposição de poluentes tóxicos pode ser usada como método
de verificação da toxicidade ambiental. As plantas podem apresentar sinais em curto prazo
como: injúrias nas folhas, perda de folhas, redução do crescimento e/ou alterações nos padrões
de floração; bem como alterações a médio e longo prazo, como: composição química,
modificações nos processos fisiológicos e alterações genéticas. Portanto, as alterações podem
ser visíveis ou necessitarem de análises laboratoriais que comprovem a presença desses
poluentes em seus tecidos.

Alguns exemplos de utilização de plantas como bioindicadores de contaminação 71


ambiental:

Neste trabalho, as espécies de bromeliáceas Tillandsia pohliana Mez. e Tillandsia


streptocarpa Baker foram testadas como bioindicadoras da qualidade do ar. Verificaram então
que essas espécies são boas bioindicadoras por serem capazes de absorverem metais pesados.
Portanto, foram indicadas para estudos de biomonitoramento da poluição atmosférica em regiões
de atividades industriais intensas e/ou com grande circulação de veículos automotores.

Neste trabalho foram utilizadas algas como bioindicadoras da qualidade das águas de
uma represa, já que, segundo encontra-se na literatura, as algas apresentam grande capacidade
de tolerar a poluição orgânica. Atualmente, as algas também estão sendo utilizadas como
bioindicadoras de poluição por pesticidas e metais pesados. Os resultados obtidos permitiram
comprovar a hipótese inicial de que as algas permitem realizar previsões sobre efeitos de
alterações ambientais.

Outros bioindicadores utilizados são os invertebrados:

72

Neste estudo foram testados como bioindicadores os macroinvertebrados bentônicos


para mensurarem a qualidade da água. Com base nos resultados obtidos, verificaram que os
macroinvertebrados bentônicos são bons bioindicadores da qualidade de água porque são
geralmente mais permanentes no ambiente, já vivem de semanas a alguns meses no sedimento.
Por esse motivo, o seu monitoramento torna-se mais eficiente que o monitoramento baseado
apenas na mensuração de parâmetros físicos e químicos.

Neste estudo, foram testadas como bioindicadoras as moscas. De acordo com os


resultados, verificaram a grande eficiência no processo da bioindicação, pois, por se criarem no
esterco, em carcaças e no lixo que apodrece, grandes populações de moscas são os indicadores
biológicos de que esses resíduos estão sendo deixados no ambiente sem cuidados adequados.

Outros bioindicadores bastante utilizados são os peixes como ferramenta para a


mensuração da qualidade das águas.
Neste estudo, verificaram que os peixes são bons indicadores da qualidade da água por
73
serem capazes de acumular metais pesados em seus tecidos.

Os microrganismos também são considerados bioindicadores da qualidade das águas,


como pode ser comprovado no artigo abaixo:

Neste artigo foram utilizadas comunidades bacterianas na avaliação da qualidade da


água.

De acordo com o exposto, um bioindicador ideal deve apresentar as seguintes


características:

 Ter reconhecimento fácil por não especialistas;


 Distribuição na maior parte do globo, para ser facilmente comparado regional e
internacionalmente;
 Possuir indivíduos de diversos grupos taxonômicos, com diferentes reações de
sensibilidade a mudanças ambientais;
 Possuir grande quantidade de organismos e ter grandes dimensões;
 Ser facilmente amostrável com técnicas diversas;
 Baixo custo de amostragem;
 Pequena mobilidade para representar condições locais;
 Ciclo de vida longo constituindo-se um testemunho da qualidade ambiental no
passado e no presente;
 Ser conhecido ecologicamente e utilizável em experimentos laboratoriais;
 Não ser muito sensível ou resistente a mudanças ambientais;
 Ser de fácil manipulação e tratamento;
 Ter condições de padronização de metodologias, para que haja conhecimento 74
das condições que provocam respostas, sendo possível identificar e quantificar os efeitos da
alteração e avaliação das respostas;
 Ter possibilidade de uniformidade genética e possibilidade de avaliar as
respostas.

3.4.2 Biomonitores

Os biomonitores são organismos que respondem às modificações ocorridas no meio


ambiente, devido a sua alta capacidade de acúmulo de substâncias tóxicas. São organismos
mais qualificados como biomonitores aqueles que possuem seu metabolismo associado à
atmosfera, não necessitando de substrato para nutrição.

Por exemplo, considerando a poluição atmosférica, há uma grande diferença entre os


bioindicadores e biomonitores. Os bioindicadores fornecem informações sobre a qualidade do ar
e os biomonitores quantificam as respostas do ambiente. Portanto, todos os biomonitores são
bioindicadores, porém nem todos os bioindicadores têm a capacidade de serem biomonitores.

Os biomonitores podem ser classificados em:

 Passivos: são aqueles que já habitam a área de estudo e refletirão a exposição


em longo prazo;
 Ativos: são aqueles incorporados no local de estudo.
Exemplos de biomonitores: os líquens
3.4.3 Biomarcadores

Os biomarcadores são considerados modificações biológicas que expressam a


exposição e/ou o efeito tóxico de poluentes presentes no ambiente. Várias são essas alterações 75
como consequência da interação entre o agente tóxico e seus produtos juntamente com os
organismos vivos. Porém, a determinação dessas alterações só será possível caso exista
correlação entre a intensidade da exposição e/ou efeito biológico do agente.

Um biomarcador eficiente deve apresentar as seguintes características:

 Baixo custo de análise;


 Relativa especificidade;
 Boa sensibilidade;
 Suscetibilidade.

Os objetivos da utilização de biomarcadores dependem da finalidade do estudo e do


tipo da exposição química. São eles:

 Avaliar a exposição (quantidade absorvida ou dose interna);


 Avaliar os efeitos das substâncias químicas;
 Avaliar a suscetibilidade individual;
 Elucidar a relação de causa-efeito e dose-efeito na avaliação de risco à saúde;
para fins de diagnóstico clínico; para fins de monitorização biológica;
 Fornece uma ligação crítica entre a exposição e à substância química, entre a
dose interna e prejuízo à saúde.

Os biomarcadores são utilizados como ferramentas do Monitoramento Ambiental,


juntamente com os bioindicadores.

Podem ser classificados em três categorias:


a) Biomarcadores de Exposição
Os biomarcadores de exposição são utilizados para confirmar e avaliar a exposição
individual ou de um grupo, para determinada substância, estabelecendo uma ligação entre a
exposição externa e a quantificação da exposição interna.

Exemplos: benzeno no sangue; ácido hipúrico, cádmio e 2,5-hexanodiona na urina.

76
b) Biomarcadores de efeito
Os biormarcadores de efeito são utilizados com o objetivo de relatar as alterações pré-
clínicas ou efeitos adversos à saúde, decorrentes da exposição e absorção do agente químico.

Exemplos:

A carboxiemoglobina (COHb): e reflete a dose interna do monóxido de carbono ligado


ao tecido alvo;

Colinesterases: a determinação da atividade das enzimas colinesterase eritrocitária e


colinesterase plasmática em indivíduos expostos aos inseticidas organofosforados e/ou
carbamatos é utilizada também para o diagnóstico e o tratamento das intoxicações;

Enzima ácido delta amino-levulínico (ALA-D) nos eritrócitos: esta enzima é altamente sensível à
inibição pelo chumbo. Por isso, representa um adequado indicador de efeito para exposição
ambiental ao chumbo.

Ácido delta amino-levulínico (ALA) na urina: devido à inibição da ALA-D pelo chumbo, o ALA se
acumula nos tecidos e é excretado em grande quantidade na urina. Por isso, é considerado mais
adequado para avaliar a exposição ocupacional a este metal.

c) Biomarcadores de suscetibilidade
Os biomarcadores de suscetibilidade são utilizados, pois permitem elucidar o grau de
resposta da exposição provocada nos indivíduos. Exemplos podem ser vistos na tabela 10.
TABELA 10. EXEMPLOS DE BIOMARCADORES DE SUSCETIBILIDADE

77

3.5 MONITORAMENTO ECOLÓGICO

O monitoramento ecológico ou monitoramento ambiental é uma ferramenta utilizada


para mensurar de forma contínua determinada variável em um determinado período de tempo.

O monitoramento ecológico ou ambiental pode ser dividido em quatro tipos:

 Monitoramento químico
O monitoramento químico avalia a exposição, mensurando os níveis de contaminantes
bem conhecidos nos compartimentos ambientais.

 Monitoramento por bioacumulação


O monitoramento por bioacumulação avalia a exposição, levando em consideração os
níveis de contaminantes na biota no local de interesse (bioacumulação).

 Monitoramento do efeito biológico


O monitoramento do efeito biológico avalia a exposição e o efeito determinando as
primeiras alterações adversas que são parcial ou totalmente reversíveis (biomarcadores).

 Monitoramento dos ecossistemas


O monitoramento de ecossistemas avalia a integridade de um ecossistema, por meio
de um inventário ecológico.

3.6 AVALIAÇÃO DO RISCO ECOLÓGICO E PARA POPULAÇÕES HUMANAS 78

Na atualidade, a avaliação dos riscos dos compostos químicos é de fundamental


importância para a garantia da saúde ambiental. A avaliação de riscos é uma etapa intermediária
entre a pesquisa e o gerenciamento de riscos (Figura 12).

FIGURA 12. ETAPAS DA AVALIAÇÃO E DO GERENCIAMENTO DE RISCOS

FONTE: Arquivo pessoal do autor


De acordo com o descrito na figura 12, “a avaliação de riscos é utilizada para sintetizar
as informações disponíveis e os julgamentos sobre elas com o objetivo de estimar os riscos
associados à exposição aos agentes perigosos”.

São objetivos da avaliação de riscos:


79
1) Proporcionar completa informação aos responsáveis pelo controle dos riscos,
principalmente aos que estabelecem políticas e normas.
2) Determinar a possibilidade de efeitos adversos em seres humanos, outras

espécies e ecossistemas expostos aos agentes tóxicos.

Serão detalhadas abaixo as etapas básicas do processo de avaliação de riscos:

a) Identificação do perigo
Nesta etapa do processo são avaliadas as propriedades tóxicas inerentes à substância
e os possíveis danos causados por essa substância. Essas informações podem levar em
consideração os efeitos nos organismos bem como as suas interações dentro do corpo.

As informações nesta etapa são obtidas por meio de estudos em animais, estudos
epidemiológicos controlados em populações humanas e estudos clínicos de seres humanos
expostos. Podem também ser obtidas por meio de experimentos, envolvendo sistemas não
completos (por exemplo: órgãos isolados, células, tecidos), além do estudo da estrutura
molecular das substâncias. Portanto, as informações são obtidas a partir de quatro fontes:

1) Estudos epidemiológicos;
2) Estudos de correlação, em que as taxas de doença em populações humanas
estão associadas a diferenças de condições ambientais;
3) Informes de casos preparados por equipes de saúde (estudos clínicos);
4) Resumo dos sintomas informados pelas próprias pessoas expostas;

b) Avaliação da relação dose-resposta


Nesta etapa são estabelecidas as relações existentes entre a dose e a resposta para
as diversas formas de toxicidade mostradas pela substância em questão. As informações são
obtidas por meio de estudos realizados em animais. Para a extrapolação das informações
obtidas em animais para os seres humanos, deve-se levar em consideração que a população
humana é bastante heterogênea, ou seja, alguns indivíduos são mais suscetíveis que a média e
os animais se diferem dos humanos no tamanho e metabolismo. Esses fatos são considerados
80
sérios problemas na condução desse tipo de estudo.

Nesta etapa, a premissa básica é de que a cada nível de dose corresponderá a uma
determinada resposta ou efeito no organismo. Diante do exposto, torna-se necessário o
estabelecimento dos níveis críticos para cada substância, a partir dos quais os danos são
classificados em reversíveis ou irreversíveis, dependendo da suscetibilidade de cada organismo
à substância.

c) Avaliação da exposição
Exposição é o contato de uma pessoa a determinado tipo de agente tóxico ao nível dos
limites exteriores do seu organismo durante determinado período de tempo.

A avaliação da exposição é caracterizada pela determinação ou estimativa da


magnitude, da frequência, da duração, da quantidade de pessoas expostas e da identificação
das vias de exposição. Por meio dessa etapa é garantida a saúde pública.

A avaliação de exposição em seres humanos é orientada por várias questões, dentre


as principais se encontram:

1) Onde se encontra a substância?


2) Como as pessoas se encontram expostas?
3) Quais são as vias de exposição?
4) Qual o grau de absorção pelas diversas vias de exposição?
5) Quem está exposto?
6) Há grupos de alto risco?
7) Qual a magnitude, a duração e a frequência da exposição?
d) Caracterização dos riscos
A caracterização dos riscos constitui a etapa mais importante, pois inclui a análise
integrada de todo o processo, levando em consideração os resultados mais importantes.

É a etapa responsável por integrar e reunir as informações das etapas anteriores


detalhadamente e fazer estimativas do risco para os cenários de exposição de interesse.

81

Apresenta como objetivos principais:

1) Integrar e resumir a identificação do perigo, a avaliação da relação dose-


resposta e a avaliação de exposição;
2) Desenvolver estimativas de riscos para a saúde pública;
3) Desenvolver um marco para definir o significado do risco;
4) Apresentar as suposições, incertezas e juízos científicos.
Como resultado final da avaliação de riscos é gerado um relatório, apresentando o
perfil qualitativo e quantitativo do excesso de risco em seres humanos provocados pela
exposição a substâncias tóxicas.
4 OS PRINCIPAIS GRUPOS TÓXICOS – XENOBIÓTICOS E TOXINAS

A toxicidade representa um parâmetro no estudo das substâncias químicas que retrata


a capacidade que essas possuem de causar toxidez, ou seja, danos ao ambiente e aos 82
organismos vivos. Vários estudos têm buscado respostas para esses efeitos causados aos
ecossistemas por esses xenobióticos.

Os xenobióticos, agentes tóxicos ou toxicantes são substâncias químicas estranhas ao


organismo ou sistema biológico. A maioria dessas substâncias é exógena e sem papel
fisiológico. Muitos relacionam o conceito de xenobióticos ao de toxinas; porém, toxinas são
substâncias tóxicas produzidas por organismos vivos, capazes de causar danos a outros seres.
Portanto, neste estudo, serão abordados apenas assuntos relacionados à contaminação
ambiental por xenobióticos.

Os agentes tóxicos ou xenobióticos podem ser de vários tipos. Abaixo serão


especificados e descritos cada um desses tipos.

4.1 OS METAIS PESADOS

O conceito de metal pesado tem sido bastante discutido na atualidade, já que engloba
aspectos ambientais e toxicológicos. De acordo com relatos de diversos autores, dos 80 metais
conhecidos, aproximadamente 30 são tóxicos ao homem.

Muitos metais são ditos essenciais à vida, porém, são sempre requeridos em baixas
concentrações. Quando em altas concentrações causam danos irreparáveis aos organismos por
serem muito reativos e bioacumulativos. Dessa forma, o organismo não é capaz de eliminá-los
de uma forma rápida e eficaz.

Os metais pesados são definidos quimicamente como o grupo de elementos


compreendido entre o Cobre (Cu) e o Chumbo (Pb) na tabela periódica. (Figura 13)

83

FIGURA 13. TABELA PERIÓDICA ATUALIZADA (2012)

FONTE: Disponível em: http://dicasgratisnanet.blogspot.com.br/2011/06/tabela-periodica-completa-para-


imprimir.html. Acesso 21 Ago. 2012.

Esses elementos são chamados de metais pesados por apresentarem as seguintes


propriedades:

 Massa específica elevada;


 Massa atômica elevada: sendo o elemento Sódio usado como referência, massa
atômica igual a 23;
 Número atômico elevado: sendo o elemento Cálcio (número atômico igual a 20),
usado como referência;
 A formação de sulfetos e hidróxidos insolúveis;
 A formação de sais que geram soluções aquosas coloridas;
 A formação de complexos coloridos.

84
Os metais podem ser classificados da seguinte forma:

 Elementos essenciais: Sódio, Potássio, Cálcio, Ferro, Zinco, Cobre, Níquel e


Magnésio;
 Microcontaminantes ambientais: Arsênio, Chumbo, Cádmio, Mercúrio, Alumínio,
Titânio, Estanho e Tungstênio;
 Elementos essenciais e microcontaminantes: Cromo, Zinco, Ferro, Cobalto,
Manganês e Níquel.
Há metais que não existem naturalmente em nenhum organismo. Esses são adquiridos
pelo consumo habitual de água e alimentos – como peixes contaminados. Exemplos desses
metais são: Mercúrio, Cádmio e Chumbo. Esses agentes são lançados no ambiente e absorvidos
pelos tecidos dos organismos, contaminando os ecossistemas, entrando dessa forma na cadeia
alimentar.

Quanto aos efeitos dos metais tóxicos, cada metal é conhecido pelos seus danos
específicos ao organismo. A toxicidade dependerá da biodisponibilidade e da espécie química
em questão.

A biodisponibilidade é um parâmetro que mede a capacidade de determinado elemento


químico em ser absorvido pelos seres vivos. Dessa forma, a acumulação de metais pesados
depende da fração de elementos biodisponíveis no meio. A biodisponibilidade está associada
também com a espécie química do elemento. Já a espécie de um metal representa a forma
química que o elemento se encontra. Levando em consideração este fato, a forma mais tóxica de
um metal não é a metálica e sim quando este se encontra como cátion ou ligado a cadeias
carbônicas.

O principal mecanismo de ação tóxica dos metais é a afinidade pelo elemento enxofre.
Dessa forma, quando presentes no organismo nas suas formas ideais, eles reagem com os
radicais sufidrilas presentes na estrutura proteica das enzimas, alterando assim, o metabolismo
dos seres vivos.

Como pode ser observado, o perigo está em toda parte, já que os metais pesados são
muito usados em indústrias e estão presentes em diversos produtos. O desenvolvimento dos
efeitos tóxicos são dependentes da dose e do tipo de exposição ao agente.

85
Serão apresentados na tabela 11, os principais metais pesados utilizados, suas fontes
e seus riscos à saúde.

TABELA 11. PRINCIPAIS METAIS PESADOS UTILIZADOS PELAS INDÚSTRIAS, SUAS


FONTES E SEUS EFEITOS NA SAÚDE

FONTE: CUT-RJ. Comissão de Meio Ambiente.


4.2 OS PRODUTOS INDUSTRIAIS

4.2.1 Os solventes

86

Os solventes são agentes químicos ou mistura líquida de agentes químicos com


capacidade de dissolver outro material de utilização industrial.

Os solventes podem ser classificados de acordo com:

 A constituição química;
 As propriedades físicas;
 O comportamento ácido-base;
 As interações específicas, soluto solvente.
Normalmente, os solventes possuem natureza orgânica e composições químicas
diversas, porém apresentam propriedades comuns como:

 São líquidos em temperatura ambiente;


 São lipossolúveis;
 Apresentam alta volatibilidade;
 São inflamáveis.

Os solventes estão distribuídos em categorias como:

a) Os álcoois
Exemplos: metanol; etanol;

b) As cetonas
Exemplos: Acetona; 2- butanina; 2-hexanona; cicloexanona.

c) Os hidrocarbonetos
 Os hidrocarbonetos alifáticos
Exemplos: pentano; hexano; heptano; decano;
 Os hidrocarbonetos alicíclicos
Exemplos: cicloexano; metilcicloexano; alfa-pireno;

 Os hidrocarbonetos aromáticos
Exemplos: Benzeno; Tolueno; Estireno; Etilbenzeno;
87
 Hidrocarbonetos halogenados
Exemplos: Clorofórmio; Cloreto de Metileno; Tetracloreto de Carbono; Freons;
Tetracloroetileno;

d) Éteres
Exemplos: 2-Metoxietanol; Etoxietanol;

e) Ésteres
Exemplos: Metacrilato de metila; Acetato de metila; Acetato de Etila;

Os solventes quando inalados praticamente agridem apenas o cérebro, em detrimento


de outras partes do corpo. Porém, um efeito bastante perigoso relacionado aos solventes é a
capacidade que esses produtos possuem de tornar o coração humano mais sensível à
adrenalina. Dessa forma, se uma pessoa inala o solvente e logo após realiza algum tipo de
exercício físico, o coração dessa pessoa poderá sofrer danos. Seus efeitos no cérebro vão
desde a excitação, depressão profunda, até lesões irreversíveis, como a morte dos neurônios,
acarretando déficit de memória e dificuldade de concentração.

4.2.2 Os defensivos agrícolas


Com o crescimento populacional e consequentemente o desenvolvimento da
agricultura, a utilização de defensivos agrícolas (os agrotóxicos) passou a ser uma atividade
constante nos campos de produção em todo o mundo. São substâncias utilizadas no controle de
pragas como: fungicidas (utilizados no controle de fungos); bactericidas-fumigantes (utilizados no
controle de bactérias); acaricidas (utilizados no controle de ácaros); herbicidas (utilizados no
controle de plantas invasoras); inseticidas (utilizados no controle de insetos) e nematicidas
88
(utilizados no controle de nematoides).

Os agrotóxicos são classificados de acordo com a toxicidade nas categorias descritas


na tabela 12.

TABELA 12. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS DE ACORDO COM OS


EFEITOS À SAUDE HUMANA

FONTE: Peres 1999.

São vários os impactos causados ao ambiente pela utilização indiscriminada de


agrotóxicos como:

 Contaminação dos alimentos;


 Poluição dos rios;
 Erosão dos solos e desertificação;
 Lixiviação dos solos;
Já os efeitos para a saúde humana são diversos e podem ser vistos na tabela 13.

TABELA 13. EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AOS AGROTÓXICOS

Classificação Grupo Químico Intoxicação aguda Intoxicação crônica 89

Organofosforados Fraqueza Efeitos neurológicos


e carbamatos retardados
Cólica abdominal
Alterações
Vômito
cromossomais
Espasmos musculares
Dermatites de contato
Convulsão

Inseticidas

Organoclorados Náusea Arritmias cardíacas

Vômito Lesões renais

Contrações Neuropatias periféricas


musculares

Piretroides Irritação das Alergias

sintéticos conjuntivas Asma brônquica

Espirros Irritação das mucosas

Excitação Hipersensibilidade

Convulsão

Ditiocarbamatos Tonteira Alergias respiratórias

Vômito Dermatites
Tremores musculares Doença de Parkinson

Fungicidas Dor de cabeça Cânceres

Fentalamidas - Teratogênese

Dinitrofenóis e Dificuldade respiratória Cânceres


pentaclorofenol
Hipertemia Cloroacnes
90
Convulsão

Fenoxiacéticos Perda de apetite Indução da produção


de enzimas hepáticas
Enjoo
Cânceres
Vômito
Teratogênese
Herbicidas Fasciculação muscular

Dipiridilos Sangramento nasal Lesões hepáticas

Fraqueza Dermatites de contato

Desmaio Fibrose pulmonar

Conjutivites

FONTE: Peres 1999.

4.2.3 Petróleo e seus derivados

Literalmente, a palavra petróleo significa óleo de pedra, por ser extraído de rochas
denominadas de Rocha Reservatório. O petróleo é formado a partir da decomposição da matéria
orgânica depositada no fundo de mares e lagos quando submetidos a altas pressões.
O petróleo é constituído de uma mistura de hidrocarbonetos, compostos oxigenados,
nitrogenados, sulfurados e metais pesados. Porém, a maior fração é dada aos hidrocarbonetos
(Tabela 14).

TABELA 14. COMPOSIÇÃO ELEMENTAR DO PETRÓLEO


91

Elemento Químico % em peso

Hidrogênio 11 a 14

Carbono 83 a 87

Enxofre 0,06 a 8

Nitrogênio 0,11 a 1,7

Oxigênio 0,1 a 2

Metais Até 0,3

FONTE: Thomas (2004).

O petróleo apresenta em sua constituição as chamadas impurezas, representadas pelo


enxofre, os metais e o oxigênio.
O mundo atual está cada vez mais dependente do petróleo e dos seus derivados
(Figura 14), o que acarreta derramamentos acidentais em seu manuseio, transporte e uso. Esse
fato leva a contaminações em rios, solos e lençóis freáticos.
FIGURA 14. DERIVADOS DO PETRÓLEO APÓS REFINO

92

A contaminação dos ecossistemas por petróleo e seus derivados é responsável por


inúmeros danos ao ambiente e à saúde humana. Alguns efeitos são descritos abaixo:

Tabela 15. Efeitos na saúde humana dos contaminantes derivados do petróleo


Produto Efeitos na saúde humana
Depressor do Sistema Nervoso Central
Gasolina e querosene Irritação nos olhos, na pele e no sistema
respiratório
Metanol Intoxicação
Benzeno Intoxicação
Depressor do Sistema Nervoso Central
Tolueno Confusão mental
Fadiga
Irritação respiratória e ocular
Intoxicação
FONTE: Organização Mundial da Saúde (OMS).
4.3 AS DIOXINAS E OS FURANOS

Os dibenzo-p-dioxinas policlorados (PCDDs) e dibenzofuranos policlorados (PCDFs)


representam as classes químicas conhecidas respectivamente por dioxinas e furanos. 93

As dioxinas são compostos policlorados cujo núcleo é formado por dois anéis de
benzeno ligados por dois átomos de oxigênio que formam um terceiro anel central. Já os furanos
apresentam como estrutura básica dois anéis aromáticos unidos por um átomo de oxigênio com
diferentes graus de substituição por átomos de cloro. Os furanos têm suas toxicidades
determinadas pelo grau de cloração dos anéis e a posição dos átomos de cloro. São estruturas
bastante semelhantes, como pode ser observado na figura 15.

FIGURA 15. ESTRUTURAS DAS DIOXINAS (A) E FURANOS (B)

(A) (B)

FONTE: Arquivo pessoal do autor

O grau de toxicidade aumenta de acordo com o número de substituintes de cloro.


Quanto mais substituintes, mais tóxicos serão os compostos.

Muitos processos industriais, que utilizam o cloro, lançam esses compostos no


ambiente. Algumas fontes desses compostos serão citadas abaixo:
 Indústrias de agrotóxicos;
 Geração de energia por meio da combustão, principalmente de carvão e gás
natural;
 Combustão de lixo doméstico contendo carvão;
 Fundição, refino e processamento de metais;
 Indústria de papel e celulose;
94
 Fábrica de tintas;
 Fornos de cimento e carvão;
 Refinarias de petróleo;
 Incineradores de lixo hospitalar;
 Combustão de pneus;
 Fumaça de cigarro;
 Crematórios;
 Usinas de asfalto;
 Fábricas de velas.

Os organismos são contaminados por esses compostos pelas várias vias de exposição
e os principais efeitos tóxicos são:

 Imunossupressão;
 Vômitos;
 Alterações na diferenciação dos linfócitos T;
 Problemas cognitivos e de desenvolvimento psicomotor;
 Neurotoxicidade;
 Endometriose e problemas de reprodução;
 Perda de peso;
 Alteração do metabolismo das gorduras e da glicose;
 Atrofia testicular;
 Diabetes;
 Síndrome do desgaste etc.
4.4 A RADIOATIVIDADE

Um elemento radioativo é aquele capaz de emitir radiação, ou seja, capaz de emitir e


propagar energia de um ponto a outro. Há vários tipos de radiação, porém, os mais conhecidos 95
são: as radiações alfa, beta e gama.

As pessoas costumam associar a radiação a algo perigoso, porém, o que muitas


dessas pessoas não sabem é que estamos constantemente expostos à radiação.

Quando falamos de contaminação radioativa, estamos falando de um aumento desse


índice normal de radiação, seja pela atividade humana ou dela decorrentes como:

 Extração e processamento de materiais radioativos;


 Produção, armazenamento e transporte de combustível nuclear;
 Produção, uso e testes de armas nucleares;
 Operação de reatores nucleares;
 Uso de materiais radioativos na medicina, indústria e na pesquisa.

A letalidade da radiação depende da intensidade da exposição e da natureza da


radiação. A contaminação por elementos radioativos tem vários efeitos na saúde humana, como:

 Mutações genéticas;
 Cânceres;
 Necroses;
 Alterações no metabolismo;
 Alterações neurológicas.
5 FASES TOXODINÂMICA E TOXOCINÉTICA

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS

96

Após interagirem no organismo, os agentes tóxicos são capazes de acarretarem


inúmeros efeitos. A intensidade desses efeitos vai depender de algumas características como:
 A dose (representa a quantidade de substância química que penetrou no organismo);
 O tipo de substância penetrante (sua toxicidade e natureza);
 A frequência e o tempo de duração da exposição ao agente tóxico;
 A via de entrada do agente tóxico no organismo;
 As características individuais da pessoa exposta ao agente tóxico:
- Idade;

- Sexo;

- Estado de saúde;

- Metabolismo;

- Peso, índice de massa corporal;

- Informação genética, etc.

 Existência de interações químicas, que são capazes de acentuar ou atenuar os efeitos


dos agentes tóxicos.
Os efeitos tóxicos podem ser classificados de acordo com várias propriedades. As
mais importantes estão descritas abaixo:

a) Classificação de acordo com o tempo de manifestação


De acordo com o tempo de manifestação dos efeitos, eles podem ser classificados em:

 Efeito agudo: os efeitos são manifestados rapidamente após a exposição ao agente


tóxico;
 Efeito crônico: os efeitos são manifestados em um maior período de tempo após a
exposição ao agente tóxico;

 Efeito crônico retardado: os efeitos crônicos retardados apresentam um período de


latência.
b) Classificação de acordo com a abrangência de atuação
Quanto à abrangência de atuação os efeitos dos agentes tóxicos são classificados em: 97

 Efeito local: ocorre no local onde houve o primeiro contato do agente tóxico no
organismo;
 Efeito sistêmico: é necessária a distribuição até atingir o órgão-alvo, diferente do local de
penetração.
c) Classificação de acordo com a reversibilidade
Os efeitos tóxicos podem ser classificados quanto à reversibilidade do tecido afetado
em:

 Efeito reversível: o órgão afetado tem a capacidade de regeneração, causando um dano


reversível;
 Efeito irreversível: o órgão afetado não possui a capacidade de regeneração, causando
um dano irreversível.
d) Classificação de acordo com a interação dos agentes tóxicos
Quanto à interação dos agentes tóxicos, os efeitos podem ser classificados em:

 Efeito aditivo: o efeito final da combinação é igual a soma dos efeitos individuais dos dois
agentes tóxicos.
 Efeito sinérgico: o efeito final da combinação é maior que a soma dos efeitos individuais
dos dois agentes tóxicos.
 Efeito de potenciação: ocorre quando um agente tóxico que não possui ação sobre
determinado órgão, aumenta a ação de outro agente tóxico neste mesmo órgão.
 Efeito antagonista: o efeito antagonista ocorre quando os agentes tóxicos interferem na
ação um do outro, diminuindo o efeito final.
5.2 VIAS DE ENTRADA DOS PRODUTOS TÓXICOS

Para que um agente tóxico seja capaz de produzir danos aos organismos, são
necessários vários fatores agindo em conjunto, ou seja, é necessário que haja uma interação
entre eles. Esses fatores são:
98
 O tempo de exposição
Um dos fatores mais importante está relacionado ao tempo de duração da exposição
dos organismos ao agente tóxico. De acordo com relatos na literatura, quanto maior a duração
da exposição a certo agente tóxico, maior a probabilidade deste organismo a sofrer algum tipo
de dano.

 A concentração da substância
Outro fator de grande importância e que influencia na ocorrência de danos à saúde é a
concentração do agente tóxico. Dessa forma, quanto maiores às concentrações a que os
organismos estão submetidos, maiores serão as probabilidades de ocorrerem danos à saúde.

 O tipo de substância
Um fator que influencia também na intensidade dos danos causados à saúde é o tipo
de substância que o organismo está exposto. Há substâncias que apresentam um grau de
toxicidade maior quando comparadas a outras.

 A forma que a substância tóxica se encontra


A forma como a substância tóxica se encontra no ambiente também é de grande
importância. Esse fato vai facilitar a penetração no organismo e consequentemente a ocorrência
de danos à saúde.

 A capacidade de absorção dos organismos


A capacidade de absorção dos organismos reflete a eficiência de determinada
substância tóxica em causar danos à saúde. Há substâncias que só são capazes de penetrar no
organismo pela pele ou por inalação. A eficiência dessas substâncias vai depender da
capacidade de absorção dos organismos. A absorção é a passagem de uma substância do local
de contato, no organismo, para a corrente sanguínea. Nessa passagem, os agentes tóxicos
atravessam várias barreiras, que são as membranas biológicas.

Como já foi colocada anteriormente, a penetração dos agentes tóxicos no organismo


pode ocorrer por três formas: pela inalação, pela ingestão e pelo contato com a pele. Falaremos
agora sobre cada uma dessas vias de exposição das substâncias tóxicas.

99

a) Via de exposição por inalação


As substâncias tóxicas que se encontram na forma de gases, poeiras, vapores,
fumaças, fibras, etc., são capazes de penetrar nos organismos por meio da inalação, tanto pelas
vias aéreas superiores quanto pelos alvéolos.

O sistema respiratório é constituído pelas vias aéreas superiores e os pulmões (Figura


16).

FIGURA 16. SISTEMA RESPIRATÓRIO HUMANO

FONTE: Disponível em: http://www.infoescola.com/sistema-respiratorio/. Acesso 21 Ago. 2012.


O caminho percorrido pelas substâncias tóxicas pelo sistema respiratório vai depender
da reação do organismo a esses agentes. Muitas vezes, as substâncias tóxicas se agrupam em
partículas e dependendo do tamanho dessas, nem chegam a percorrer todos os compartimentos
respiratórios.

As substâncias ao serem absorvidas pelas mucosas nasais, não chegam a atingir os


pulmões. Essa capacidade de absorção pelas vias superiores está ligada a hidrossolubilidade da 100
substância. Quanto maior a sua solubilidade em água maior será a sua capacidade de ser retida
no local. Portanto, a constante umidade das mucosas nasais quase sempre pode ser
considerada como uma proteção natural do organismo. Porém, podem ocorrer reações locais
com o auxílio da água, gerando compostos tóxicos ao organismo, causando irritações nas
mucosas e consequentemente aos alvéolos pulmonares. Portanto, a umidade não é um sistema
protetor livre de falhas.

Dessa forma, ou a substância fica retida nas mucosas nasais ou elas chegam aos
pulmões, especificamente nos alvéolos pulmonares, de onde alcançam a corrente sanguínea.
Nesse caso, podem ocorrer danos aos pulmões e a distribuição da substância tóxica para
diversos outros órgãos.

b) Pela ingestão
Uma vez no trato gastrintestinal, um agente tóxico poderá sofrer absorção desde a
boca até o reto, geralmente pelo processo de difusão passiva. Poucas substâncias sofrem a
absorção na mucosa oral, pois o tempo de contato é pequeno nesse local.

A absorção via trato gastrintestinal ocorre devido a vários processos, que serão citados
abaixo:

 Endocitose
O processo de endocitose é típico de organismos unicelulares. É a forma pelo qual
esses organismos realizam sua nutrição. Porém, nos chamados seres multicelulares ou
pluricelulares, este processo também pode ocorrer, porém, como estratégia de defesa contra
agentes estranhos ao organismo. A endocitose é dividida em dois tipos: a pinocitose e a
fagocitose (Figura 17).

 Pinocitose
É o processo pelo qual determinadas células englobam líquidos pela invaginação das
suas membranas plasmáticas, formando canais por onde esses líquidos escoam. Ao fecharem 101
esses canais dá-se origem ao pinossomo, uma espécie de bolsa membranosa.
 Fagocitose
É um processo semelhante ao de pinocitose, porém as células englobam líquidos pela
invaginação das suas membranas plasmáticas, formando pseudópodes – formando o
fagossomo.

FIGURA 17. PROCESSOS DE FAGOCITOSE E PINOCITOSE

FONTE: Disponível em: http://www.biologia.blogger.com.br/. Acesso em: 21 Ago. 2012.

Em razão à formação do pinossomo e fagossomo, pelo processo de endocitose, as


substâncias nocivas ao organismo podem ser eliminadas de dentro das células. Após a
formação dessas estruturas, elas se aderem à membrana plasmática e sofrem exocitose, que é
o processo de eliminação para o meio externo (Figura 18).
FIGURA 18. PROCESSO DE ENDOCITOSE EXOCITOSE

102

FONTE: Disponível em: http://www.biologia.blogger.com.br/. Acesso em: 21 Ago. 2012.

 Transporte passivo
O transporte passivo é aquele que ocorre sem o gasto de energia. Pode ser por
difusão ou por difusão facilitada.

 Difusão
A difusão é o processo pelo qual as substâncias passam de um local onde elas estão
em maior quantidade para outro onde elas estão em menor quantidade.

 Difusão facilitada
O transporte facilitado ocorre quando a substância atravessa a membrana ligando-se a
uma molécula que facilite a sua passagem.

 Transporte ativo
Transporte ativo é caracterizado pela passagem da substância pela membrana por
meio da ocorrência de gasto energético.
103
Algumas propriedades interferem na absorção da substância nociva pelo trato
gastrintestinal. As principais são:

 Tamanho e peso molecular da substância


Quanto maior o tamanho e peso molecular de uma substância tóxica mais difícil será
sua absorção e distribuição pelo organismo.

 Ionização da substância
Esta propriedade está relacionada ao pH do meio de absorção. Quando a substância
encontra-se ionizada no meio de absorção ela dificilmente é absorvida. Quando se encontra não
ionizada ela é facilmente absorvida pela membrana.

 Solubilidade da substância no meio de absorção


A substância tóxica para circular pelo organismo deve ter um equilíbrio entre
hidrossolubilidade e lipossolubilidade, podendo assim atravessar a membrana e solubilizar-se na
corrente sanguínea.

Outros fatores relacionados ao indivíduo também podem influenciar na absorção das


substâncias nocivas como: o estado de plenitude gástrica do indivíduo; o tempo de permanência
da substância nos diferentes compartimentos do trato gastrintestinal; a idade do indivíduo, dentre
outras.

c) Pelo contato com a pele


A pele é um órgão formado por múltiplas camadas de tecidos e contribui com cerca de
10% para o peso corpóreo. No estado íntegro, a pele constitui uma barreira efetiva contra a
penetração de substâncias químicas exógenas. No entanto, algumas substâncias podem sofrer
absorção cutânea.
As substâncias químicas podem ser absorvidas, principalmente, pelas células
epidérmicas ou folículos pilosos.

Diferentes fatores podem influenciar na absorção de uma substância:

 Fatores ligados ao organismo: a superfície corpórea; volume total de água corpórea;


abrasão da pele; fluxo sanguíneo pela pele; queimaduras químicas ou térmicas; e
104
pilosidade;
 Fatores ligados ao agente químico: volatilidade e viscosidade; grau de ionização; e
tamanho molecular;
 Fatores ligados à presença de outras substâncias na pele: Vasoconstritores; veículos;
água; agentes tenso-ativos; e solventes orgânicos.
 Fatores ligados às condições de trabalho: tempo de exposição; temperatura do local de
trabalho; o sexo do indivíduo, etc.

5.3 BIOMONITORAMENTO

O biomonitoramento é um processo bastante utilizado na atualidade e consiste na


utilização de seres vivos, parte de seres vivos ou comunidade de seres vivos, como ferramenta
para mensurar a qualidade ambiental, baseando nas respostas dessas às alterações do
ambiente. É um método que tem se mostrado eficiente, porém deve ser usado apenas como
fonte de informações adicionais aos métodos tradicionais de avaliação.

O biomonitoramento é, portanto, uma técnica de observação contínua de determinada


área com auxílio de bioindicadores, que neste caso, são chamados de biomonitores.

De acordo com estudos realizados, há três situações que levam à realização de um


biomonitoramento:

 A ameaça verdadeira a determinada espécie nativa;


 Quando há o consumo humano de organismos potencialmente contaminados;
 Quando há o interesse em se conhecer a qualidade do ambiente em questão.
O biomonitoramento é classificado em passivo ou ativo. No biomonitoramento passivo
são utilizados biomonitores já existentes no local a ser avaliado; já no biomonitoramento ativo, os
biomonitores são introduzidos em condições controladas. Dessa forma, o biomonitoramento é
uma ferramenta usada em uma escala de tempo e espaço bem definidos.

O biomonitoramento apresenta algumas vantagens quando comparado aos métodos


105
de monitoramento convencionais, como as descritas a seguir:

 Permite a avaliação de riscos impostos por poluentes em ecossistemas;


 Permite detectar níveis crônicos ou agudos de contaminação do ar;
 Integra fatores endógenos os organismos que podem influenciar a resposta à poluição;
 Integra fatores externos demonstrando efeitos sinérgicos e aditivos;
 Amplia a área monitorada, pelo seu menor custo;
 Apresenta diferentes sensibilidades e taxas de recuperação (avaliação de degradação e
recuperação ambiental);
 Capacidade de concentrar e armazenar substâncias em seus tecidos, as quais muitas
vezes não são detectadas por meios químicos.
 Não utilização de energia elétrica para a exposição;
 Os organismos usados nos estudos, os chamados biomonitores, apresentam uma
relação intrínseca com o ambiente;

As espécies usadas no biomonitoramento, as biomonitoras, são classificadas de


acordo com suas capacidades, em:
 Espécies biomonitoras sentinelas: são utilizadas apenas para indicação;
 Espécies biomonitoras detectoras: ocorrem naturalmente no local e respondem ao
estresse de forma capaz de ser medida.
 Espécies biomonitoras exploradoras: são espécies que reagem positivamente ao
distúrbio ou agente estressor no ambiente.
 Espécies biomonitoras acumuladoras: são espécies capazes de acumular as
substâncias nocivas, permitindo a análise da bioacumulação.
 Espécies biomonitoras bioensaios: são espécies usadas nas experimentações
laboratoriais.
A partir da identificação do tipo e do nível das alterações sofridas pelas espécies e do
comportamento delas frente ao agente agressor, é possível construir uma metodologia de
biomonitoramento em cada situação ambiental específica.

Diante do exposto, veremos agora as principais aplicações do biomonitoramento:

106
 Biomonitoramento da qualidade da água
O biomonitoramento do ambiente aquático é indicado na detecção do nível de
comprometimento da vida aquática e também na avaliação do nível de degradação ambiental.

O nível de substâncias nocivas no ambiente aquático vem aumentando de uma forma


assustadora nas últimas décadas devido às atividades humanas, acarretando na redução da
qualidade do ecossistema. São várias as fontes emissoras de poluição ao sistema aquático,
como: a descarga de lixos tóxicos industriais, os derrames acidentais de lixos químicos, o
lançamento de esgoto doméstico, os processos de drenagem agrícola, o derrame acidental de
compostos da indústria petroquímica, a contaminação por metais pesados, agrotóxicos e vários
outros agentes tóxicos.

Várias espécies têm sido utilizadas no biomonitoramento do ambiente aquático, porém


os macroinvertebrados bentônicos (anelídeos, moluscos, crustáceos e insetos) estão sendo
largamente utilizados por apresentarem diversas características favoráveis aos estudos de
avaliação da sanidade ambiental aquática. Dentre as características mais importantes estão as
seguintes:

 Apresentam o ciclo de vida longo, podendo viver semanas, meses ou anos;


 São organismos grandes;
 São organismos sésseis ou de pouca mobilidade;
 São de fácil amostragem;
 Baixos custos;
 Elevada diversidade taxônomica e de fácil identificação;
 São organismos sensíveis a diferentes concentrações de poluentes no meio.
De acordo com vários estudos já realizados, existem espécies de macroinvertebrados
bentônicos que são tolerantes à poluição e outras que são intolerantes.

Exemplos:

 Tolerantes: família Chironomidae (Diptera).


 Intolerantes: ordens de insetos (Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera).
107

As tolerantes são espécies com grande capacidade de adaptação às novas condições


do ambiente. São largamente encontradas em locais eutrofizados, já que desenvolveram
mecanismos para viverem em locais pobres em oxigênio dissolvido.

 A eutrofização
A eutrofização é um fenômeno decorrente da poluição das águas com esgoto
doméstico, fertilizantes, caracterizando no aumento da concentração de minerais (nitratos e
fosfatos, principalmente). Essa maior concentração faz com que haja a proliferação de algas
microscópicas que passam a localizarem-se nas superfícies dos corpos aquáticos, impedindo a
realização da fotossíntese pelos organismos presentes nas camadas mais profundas.

Assim, há uma diminuição da concentração de oxigênio e a proliferação de bactérias


decompositoras. A falta de oxigênio gera a mortandade das espécies e a decomposição passa a
ser anaeróbica causando a liberação de gases tóxicos, como o sulfúrico, que causa o cheiro
forte típico do fenômeno (Figura 19).
FIGURA 19. FENÔMENO DA EUTROFIZAÇÃO

108

FONTE: Disponível em: http://www.infoescola.com/ecologia/eutrofizacao/. Acesso em: 21 Ago. 2012.

Além da utilização da fauna, o fitoplâncton também é uma ferramenta utilizada no


biomonitoramento. Outras espécies utilizadas são as macrófitas aquáticas, por apresentarem
uma excelente capacidade de bioacumulação. Há exemplos de estudos em que foram utilizados
peixes, porém, as espécies citadas anteriormente são as mais utilizadas.

Abaixo serão apenas citados exemplos de biomonitoramento aquático.


Neste estudo foram utilizadas populações de tilápias (peixes) no biomonitoramento da
Lagoa Grande, em Patos de Minas – MG. A hipótese do estudo era que a respectiva lagoa
estaria sendo contaminada pela lavagem de filtros da Companhia de água e Esgoto da cidade,
bem como pelo recebimento de água de outras nascentes. Escolheram as tilápias por serem
espécies altamente sensíveis às adversidades ambientais e serem de fácil manipulação em
laboratório. De acordo com os resultados obtidos, os peixes realmente estavam expostos a
109
agentes tóxicos com elevado potencial genotóxico.

Neste estudo foram utilizadas diversas espécies de macroinvertebrados


bentonicosmno biomonitoramento do Reservatório Ituparanga. Com os resultados foi possível
concluir que a bacia encontra-se em um estado aceitável, apesar de algumas evidências de
contaminação.
Neste estudo também foram utilizados macroinvertebrados bentônicos no
biomonitoramento da Bacia dos Sinos. Foram obtidos diversos índices de diversidade e
encontraram uma forte correlação entre esses índices e a qualidade da água e o grau de
degradação ambiental. Confirmando, assim, que os macroinvertebrados bentônicos são
excelentes espécies bioindicadoras da qualidade ambiental.

110

Neste trabalho foram utilizados peixes no biomonitoramento para elucidar a extensão


da poluição causada por efluentes de um curtume, ricos em cromo e chumbo, descartados em
ambiente aquático localizado em Guarapuava – PR, Brasil. Após os resultados obtidos,
verificaram a ampla extensão da poluição com os metais.

 Biomonitoramento da qualidade do ar
O biomonitoramento do ar objetiva mensurar os danos causados aos seres vivos pela
poluição atmosférica.

Várias espécies são utilizadas no biomonitoramento atmosférico, porém as mais


utilizadas são as plantas. Essas foram divididas em dois grupos:

 Plantas de acúmulo: são plantas que apresentam a capacidade de bioacumulação, ou


seja, a acumulação em seus tecidos das substâncias nocivas.
 Plantas de alteração: são plantas que apresentam mutações genéticas em sua
formação.
As principais espécies de plantas utilizadas nos estudos de biomonitoramento da
qualidade do ar são:
 O tabaco - Nicotina tabacum
 O choupo - Populus nigra
 A Trandescatia - híbrido entre Trandescatia subicaulis e T. hirsutifolia
 As gramíneas - Lolium multiflorum
 A couve - Brassica oleracea
Os principais agentes tóxicos biomonitorados por essas espécies são: o ozônio
111
troposférico (O3); o dióxido de carbono (CO2); o dióxido de enxofre (SO2); metais pesados;
hidrocarbonetos aromáticos; compostos halogenados e NO2.

Daremos alguns exemplos de biomonitoramento da qualidade do ar:

Foram realizadas pesquisas com a briófita Sphagnum sp. para avaliar a presença de
metais e elementos tóxicos presentes no ar. Foram analisados os teores de metais no ar e
comparados aos teores obtidos nas amostras de regiões mais próximas e mais distantes das
principais indústrias metalúrgicas da região. Foi possível assim comprovar a eficiência da
bioacumulação de metais pelas amostras de briófitas, podendo utilizá-las em um
biomonitoramento extensivo da poluição atmosférica em regiões industriais.
Neste estudo, foi utilizado o tabaco (Nicotiana tabacum L.) para o biomonitoramento da
poluição atmosférica no município de Uruguaiana, RS.

O tabaco é um bioindicador do ozônio. O ozônio troposférico é altamente tóxico,


mesmo em baixas concentrações. As folhas de tabaco foram analisadas visualmente quanto à
presença de necroses foliares, padrão de crescimento e teor de clorofila. Esses sintomas são
resultantes da interação do ozônio com alguns componentes da célula do tecido foliar; colapso 112
da célula e água concentrada na vizinhança da interação; branqueamento da clorofila dentro da
célula injuriada e colapso da estrutura foliar em torno da célula danificada.

5.4 TESTES DE TOXICIDADE EM OGANISMOS AQUÁTICOS

Os testes de toxicidade são realizados para complementar as análises físico-químicas.


São estabelecidos, a partir desses testes, padrões de emissão visando a identificação de
problemas de poluição aquática, bem como o gerenciamento de planos de controle e
monitoramento dos ecossistemas.

O teste de toxicidade é uma ferramenta utilizada para avaliar os danos causados aos
organismos aquáticos. Para isso, são utilizados organismos representativos do ecossistema
aquático e estes são submetidos a diferentes concentrações de um ou mais agentes nocivos, por
um período de tempo predeterminado.

Nos testes de toxicidade são utilizados vários representantes da cadeia alimentar da


biota aquática como forma de garantir os resultados.

Os testes de toxicidade são classificados de acordo com diversos critérios. Os mais


importantes são:

 Classificação de acordo com a intensidade do efeito


 Testes de toxicidade aguda
A toxicidade aguda é a resposta severa e rápida dos organismos aquáticos a um
estímulo que pode se manifestar em um período de até 96 horas. É responsável por provocar
quase sempre a letalidade.

O objetivo do teste de toxicidade aguda é determinar a Concentração Letal Média


(CL50), a que metade dos indivíduos morre depois de determinado tempo de exposição ao 113
agente tóxico.

 Testes de toxicidade crônica


Os testes de toxicidade crônica dependem diretamente dos resultados dos testes de
toxicidade aguda, uma vez que as concentrações subletais são calculadas a partir da CL 50. O
efeito crônico é definido como sendo a resposta a um estímulo que continua por um longo
tempo.

No ambiente aquático, observam-se os efeitos crônicos, quando os efluentes


industriais “tratados“ são lançados continuamente nos corpos receptores. Dessa forma, os
organismos se expõem a baixas concentrações de determinados poluentes durante longos
períodos de tempo, ocasionando efeitos crônicos a níveis subletais e até mesmo letais ao longo
do tempo.

 Classificação de acordo com a duração


 Curta duração;
 Duração intermediária;
 Longa duração.

 Classificação de acordo com o método de adicionar a solução teste

 Sistema estático;
 Sistema semiestático;
 Fluxo contínuo.
 Classificação de acordo com o propósito

 As condições ambientais do meio ambiente para a vida aquática;


 Variáveis ambientais favoráveis ou não favoráveis tais como oxigênio dissolvido
(OD), potencial hidrogênionico (pH), temperatura, salinidade ou turbidez;
 Efeitos das variáveis ambientais em presença de resíduos tóxicos; 114
 A toxicidade de resíduos a determinadas espécies;
 A sensibilidade relativa de organismos aquáticos a um efluente ou a um
composto e/ou substância tóxica;
 Tipo e extensão que um tratamento de resíduos necessita para alcançar os
limites ou requerimentos do controle de poluição aquática;
 Eficácia de métodos de tratamento de resíduos;
 Estimar o descarte permissivo de resíduos;
 Compilação dos parâmetros para a qualidade de águas e padrões de lançamento de
efluentes.

São exemplos de algumas espécies mais utilizadas em testes de toxicidade, de acordo


com o nível trófico:

 Algas de água doce: Chlorella vulgaris; Scenedesmus quadricauda;


Scenedesmus subspicatus; Pseudokirchnerilla subcapitata.
 Algas de água marinha: Phaeodactylum tricornutum; Asterionella japonica;
Dunaliella tertiolecta; Champia parvula.
 Microcrustáceos de água doce: Daphnia magna; Daphnia similis; Ceriodaphnia
dúbia; Hyalella azteca; Hyalella meinerti.
 Microcrustáceos de água marinha: Mysidopsis Bahia; Mysidopsis juniae;
Leptocheirus plumulosus; Tiburonella viscana; Artemia salina.
 Moluscos de água marinha: Mytilus edulis; Crassostrea rhizophorae.
 Equinodermos: Arbacia lixula; Arbacia punctulata; Lytechinus variegatus;
 Peixes de água doce: Pimephales promelas; Danio rerio; Poecilia reticulata;
Oncorhynchus mykiss; Lepomis macrochirus.
 Peixes de água marinha: Menidia beryllina; Menidia menidia; Cyprinodon
variegatus.
 Insetos de água doce: Chironomus sp; Hexagenia sp.
 Bactérias de água doce: Spirillum volutans; Pseudomonas fluorescens.
Salmonella typhimurium.
 Bactérias de água marinha: Vibrio fischeri (anteriormente denominada
Photobacterium phosphoreum). 115

Dentre os diversos métodos de testes de toxicidades com organismos aquáticos, os


mais utilizados são:

 Para algas

 Teste de inibição de crescimento algal para Chlorella vulgaris (toxicidade


aguda)
A Chlorella vulgaris é uma espécie de alga verde. Ela é mantida em meio de cultura
apropriada e condições controladas de temperatura e luminosidade.
O método consiste na exposição da cultura da alga a várias concentrações do agente
químico, por um período de exposição de 72 horas.

Objetivos: avaliação da toxicidade de agentes químicos sobre o crescimento da cultura


mono específica de algas. Ou seja, determinar a concentração efetiva do agente tóxico.
 Teste toxicidade crônica por método de ensaio com algas (Chorophyceae)
As espécies utilizadas são: Chlorella vulgaris, Scenedesmus subspicatus e
Pseudokirchneriella subcaptata, anteriormente denominada de Selenastrum capricornutum.

Objetivo: determinar se a amostra exerce um efeito algicida ou algistático sobre as


células, por um período de 96h. O efeito tóxico é determinado pela inibição do crescimento da
biomassa das algas.

 Teste de inibição do crescimento e da fluorescência de Scenedesmus


subspicatus
Teste de natureza crônica.
Objetivo: determinação do efeito tóxico a partir da comparação da reprodução das
algas nas diluições-teste em relação ao controle onde não há presença da amostra, por um
período de 96h sob condições definidas.
O efeito observado é a redução da fluorescência das algas sob presença da substância
teste, substância tóxica diluída.

 Para microcrustáceos 116

 Teste de inibição da capacidade natatória de Daphnia magna


Teste de natureza aguda.
Objetivo: determinação do efeito danoso na capacidade natatória dos organismos, ou
seja, sua motilidade.
O método consiste na exposição de indivíduos jovens do organismo-teste, por um
período de 24h a 48h a várias diluições de uma amostra
 Teste de toxicidade aguda para Daphnia similis
Objetivo: avaliar a toxicidade aguda de agentes químicos para o microcrustáceo
Daphnia similis, por meio da sua motilidade.

O método consiste na exposição de indivíduos jovens de Daphnia similis a várias


concentrações do agente químico, por um período de 48 horas, nas condições prescritas.
 Teste de toxicidade crônica para Daphnia similis
Objetivo: avaliar a toxicidade crônica de agentes químicos, durante a exposição de
uma geração de Daphnia similis a diferentes concentrações do agente químico, por um período
de 21 dias de exposição.
Avalia-se os efeitos da substância nociva sobre a sobrevivência, crescimento e
reprodução.
 Teste de avaliação da toxicidade crônica para Ceriodaphnia dubia
Objetivo: avaliar a toxicidade crônica de agentes químicos à Ceriodaphnia dubia por
meio da exposição de fêmeas a várias concentrações da substância, por sete dias.
Avalia-se o número médio de jovens produzidos partenogenicamente, por fêmea, e o
número de fêmeas adultas sobreviventes.

 Para peixes
 Testes de avaliação de toxicidade aguda para peixes
Objetivo: avaliar a toxicidade aguda de agentes químicos para espécies de peixes, pela
exposição a várias concentrações do agente químico, em um sistema de fluxo contínuo, por um
período de 96 horas de exposição.
Espécies mais utilizadas: da família Characidae; as espécies Pimephales promelas e
Danio rerio, Brachydanio rerio; da família Cyprinidae e a espécie Poecilia reticulata da família
Poecilidae. 117
 Teste de avaliação da toxicidade crônica para peixes
Objetivo: avaliar a toxicidade crônica de agentes químicos durante os estágios larvais
de peixes.
O método consiste na exposição de larvas de peixes recém-eclodidas a várias
concentrações do agente tóxico, em sistemas de fluxo contínuo, por um período de 7 a 28 dias
de exposição.
Avaliam-se os efeitos deletérios do agente tóxico à sobrevivência e/ou crescimento dos
organismos.
Espécies mais utilizadas: Pimephales promelas e Danio rerio, Brachydanio rerio.
 Teste de avaliação da bioconcentração em peixes
Objetivo: avaliar o grau de bioconcentração de agentes químicos em peixes.
O método consiste na exposição de espécies de peixes a diferentes concentrações da
substância teste durante certo período de tempo.
A partir destes dados é calculado o fator de bioacumulação no estado de equilíbrio e as
constantes de assimilação e depuração do agente em estudo.
A este método se aplica as espécies de peixes de águas continentais e marinhas.

 Para bactérias

 Teste de inibição de bioluminescência de bactérias


O ensaio biológico de inibição de bioluminescência de bactérias é um teste de inibição
metabólica que utiliza uma suspensão padronizada de bactérias luminescentes como organismo-
teste sob condições padronizadas. Esta metodologia de teste proporciona um rápido, confiável e
conveniente meio de determinar a toxicidade aguda. O método de ensaio consiste na exposição
de bactérias bioluminescentes vivas, Vibrio fischeri (anteriormente denominadas Photobacterium
phosphoreum), a uma amostra teste por um período de 15 min à 2h.
O efeito tóxico é mensurado pela medição comparativa de emissão de luz de bactérias
reidratadas e liofilizado depois da exposição a uma série de diluições específicas de uma
amostra e compara se com a luz emitida de um controle branco (p.e, células bacterianas em
suspensão em diluente apenas).
 Teste de citotoxicidade (Teste de Ames)
Objetivo: detectar os efeitos tóxicos crônicos de um poluente ambiental sobre os
organismos vivos expostos aos mesmos. 118
O método consiste na exposição do organismo-teste, Salmonella typhimurium a
diluições da amostra por um período de 2 a 3 dias.
O efeito tóxico pode ser detectado por uma redução no número de colônias, um
clareamento ou por uma diminuição do halo de fundo, ou pelo grau de sobrevivência de culturas
tratadas.
 Teste de genotoxicidade (Umu teste)
O Umu teste é baseado no uso da bactéria geneticamente projetada Salmonella
typhimurium.
O método de ensaio consiste na exposição do organismo a uma amostra por um
período de 30h (1 dia de preparo e 6h de exposição).
O efeito tóxico é mensurado pela medição da atividade de β-galactose nas culturas de
teste comparadas com o controle.
REFERÊNCIAS

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com peixes - Parte I - Sistema estático. 15p. 1993.

119
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12715: Ensaio de toxicidade aguda
com peixes - Parte II - Sistema semiestático. 15p. 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12716: Ensaio de toxicidade aguda


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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15308: Toxicidade aguda - Método


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