Professional Documents
Culture Documents
TOXOLOGIA AMBIENTAL
SAÚDE
Copyright © Portal Educação
121p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-555-9
CDD 363.731
SUMÁRIO
2
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL .........................................................................5
3.4.2 Biomonitores..............................................................................................................................73
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................118
1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS EM PERSPECTIVA
5
1.1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA AMBIENTAL
Analisando o ciclo natural, na figura 1, constata-se que além dos resíduos naturais que
retornam a sua base biológica, estão os manufaturados, advindos da atividade produtiva do
homem, acrescidos daqueles provenientes do seu próprio metabolismo. Esses resíduos, para
voltarem ao processo produtivo dependem da capacidade de reciclagem dos ciclos naturais.
Muitos deles são substâncias inorgânicas e o resto são compostos orgânicos, alguns dos quais
não biodegradáveis, que se convertem em contaminantes da base biogeoquímica e, seja pela
quantidade ou pela qualidade, contribuem para a degradação do ambiente. Por outro lado, as
“saídas” dos ciclos naturais para abastecer os ciclos humanos por meio da mineração,
desmatamento, queimada, construção de hidrelétricas, agricultura e pecuária intensiva, etc.,
causam pressões que contribuem para a degradação do ambiente. Como resultado da soma das
pressões sobre o meio ambiente tem-se a poluição ambiental.
O nível de contaminação ambiental pode ser medido por meio de análises físicas ou
químicas sensíveis, dependendo do nível de observação do ambiente. A dificuldade é que
alguns contaminantes são substâncias estranhas ao sistema natural, porém outros estão
presentes naturalmente no ambiente e são tóxicos apenas quando presentes na forma errada,
lugar ou concentração. O que torna ainda mais complicado o estudo da contaminação ambiental.
7
A Toxicologia Ambiental é a ciência que estuda os efeitos nocivos das substâncias
químicas presentes no ambiente nos organismos vivos. Ou seja, estuda os seus efeitos nas
espécies, em especial, na espécie humana. O termo toxicologia ambiental é muitas vezes
confundido com Ecotoxicologia. A ecotoxicologia é a ciência responsável pelo estudo dos
impactos das substâncias químicas sobre as espécies que constituem os ecossistemas. Como
podemos observar, há uma grande diferença nesses conceitos e a partir de agora não será
permitido esse tipo de confusão.
Originalmente, poluição significa sujeira (do latim poluere = sujar). Porém, atualmente,
é mais que isso. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/81), é a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lancem matérias ou energias em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos.
Como pode ser observado, o conceito atual de poluição é bem antropocêntrico, visto
que coloca o homem como centro, já que a utilização do ambiente está intimamente relacionada
à manutenção do ciclo humano de materiais. Por outro lado, é um conceito bem prático, já que a
composição e características do ambiente podem ser avaliadas conferindo um nível de qualidade
ao ambiente ou a um dado recurso ambiental, assegurando seu uso.
Como pode ser observado, o impacto ambiental está relacionado diretamente com os
níveis de toxicidade dos contaminantes/poluentes.
10
Toxicidade é quando o nível ultrapassa os valores aceitáveis aos padrões ambientais,
acarretando em riscos para a saúde da flora, fauna e, principalmente, acarretando riscos à saúde
humana.
Embora para fins de didática, muitas vezes as questões ambientais são discutidas
levando em consideração essa compartimentalização, porém, não se deve esquecer que há um
dinamismo neste processo, ou seja, há uma constante troca de energia e matéria entre esses
compartimentos (Figura 2).
Porém, foi com a Revolução Industrial, que a influência do homem sobre os recursos
naturais atingiu níveis preocupantes. A Revolução Industrial permitiu o crescimento das diversas
indústrias, que não só contribuíram para aumentar a qualidade de vida das pessoas, mas
também permitiu o crescimento populacional, influenciando de forma negativa o meio ambiente.
Nesse contexto, a explosão demográfica e seus decorrentes problemas sociais fizeram com que
a poluição ambiental emergisse de forma acentuada e perigosa. São sérios problemas e
desastres ambientais, provocados principalmente pela forma de produção humana, ou seja, pela
maneira com que a sociedade passou a se relacionar com os recursos naturais após a
Revolução Industrial.
do que quando agem separadamente. Nesta categoria, estão incluídos os detergentes sintéticos,
os subprodutos do petróleo, os pesticidas e resíduos químicos diversos.
c) Poluição Térmica
A Poluição Térmica decorre da elevação da temperatura média do ambiente. Mais
comum nos ambientes aquáticos, tem sua origem no aquecimento das águas utilizadas no
resfriamento de reatores de usinas térmicas, nas centrais elétricas, nas refinarias de petróleo,
destilarias, etc.
d) Poluição Mecânica
A Poluição Mecânica é decorrente de grandes quantidades de argila, areia, calcário e
escórias derivadas da dragagem de corpos d’água, da indústria de mineração, da abertura de
estradas.
e) Poluição Radioativa
A Poluição Radioativa origina-se nas explosões atômicas, em acidentes de usinas
nucleares e no lixo atômico. As águas utilizadas no resfriamento dos reatores atômicos, além de 16
poluírem termicamente, são capazes de arrastar resíduos radioativos para rios e mares. Esse
tipo de poluição é caracterizado por promover riscos irreversíveis aos organismos e meio
ambiente.
Indicador de poluição
O indicador de poluição é caracterizado como um parâmetro ou um conjunto de
parâmetros utilizado para mensurar o nível de poluição, quer seja da fonte poluidora ou do
ambiente. Para a realização desse procedimento são utilizados diversos tipos de indicadores.
Um exemplo é a utilização de liquens como indicadores de poluição atmosférica em alguns
países.
Padrão de qualidade
É um parâmetro ou grupo de parâmetros utilizado para diagnosticar a poluição
ambiental.
Os danos causados pelas substâncias tóxicas podem ser de dois tipos: os reversíveis
e os irreversíveis. Os reversíveis contam com a capacidade que as células apresentam de
repará-los e os irreversíveis, produzem uma transformação permanente, incluindo a morte
celular, representando, neste caso, uma resposta tóxica.
Como pode ser observado, a poluição está cada vez mais frequente no cotidiano
humano e várias são as suas consequências, desde alergias até a ocorrência de mortes. São
vários os tipos de poluição e consequentemente dos danos causados ao ambiente e aos seres
que nele habitam.
Neste outro trabalho, também realizado na cidade de São Paulo, várias conclusões
foram tiradas a respeito da influência da poluição atmosférica na qualidade de vida da
população. Dentre elas, as mais importantes foram:
As concentrações de poluentes dos grandes centros urbanos provocam
afecções agudas e crônicas no trato respiratório, mesmo quando as concentrações estão abaixo
do padrão de qualidade do ar;
A poluição do ar em São Paulo induz a mutações no DNA, favorecendo o
surgimento de tumores pulmonares malignos em humanos e animais, podendo levar esses
organismos à morte;
Nos períodos de inversão térmica, por ocorrer o acúmulo de poluentes, ocorre
aumento de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares; 21
O material particulado PM10 e PM2,5 são os dois poluentes mais associados com
danos à saúde, e frequentemente são associados com casos de mortalidade por doenças
cardiovasculares.
Verificou-se a associação existente entre o consumo de combustíveis (etanol,
gasolina e diesel) com a mortalidade por doenças respiratórias em idosos.
Constatou-se a inexistência de um nível de segurança para os poluentes, um
nível seguro de poluição, abaixo do qual não se tenha efeitos sobre o ser humano. Os índices de
qualidade do ar preservam sim, de certa maneira, a saúde, mas somente da média da
população.
Houve constatação de que o aumento na mortalidade intrauterina está de certa
forma, associada com aumentos de concentrações de dióxido de nitrogênio e de monóxido de
carbono.
Quanto mais poluída é a cidade, maior é o risco de abreviação da vida.
Neste outro estudo, várias conclusões foram tiradas a respeito da qualidade do ar
como influência na saúde do ambiente:
As emissões feitas por veículos são consideradas como maior fonte causadora
da mortalidade por enfermidades cardiovasculares, pulmonares obstrutivas crônicas (bronquite
crônica, asma e enfisema pulmonar) e por câncer do pulmão;
O material particulado além de ser prejudicial por si só é um agente
potencializador de danos ao aparelho respiratório, na medida em que pode ter a ele incorporado
22
outros poluentes como sulfatos, nitratos, metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos; sendo já
atestada a correlação entre problemas de bronquite e asma com concentrações de sulfatos e
nitratos em partículas respiráveis;
23
Neste estudo realizado em São José dos Campos – SP, os autores puderam concluir
que:
Cada uma das atividades exercidas pelo homem, seja doméstica, comercial ou
industrial, gera poluentes característicos que implicarão na alteração da qualidade do corpo
receptor.
De acordo com a legislação atual em vigor, poluição hídrica é “qualquer alteração nas
características físicas, químicas e/ou biológicas das águas, que acarrete em prejuízos à saúde, à
segurança e ao bem-estar da população e, ainda, possa comprometer a fauna, a flora e a
utilização das águas para fins comerciais, industriais, recreativos e de geração de energia.”
26
28
As unidades utilizadas para expressar as quantidades das substâncias tóxicas não são
complicadas, apenas menos familiares. As unidades usadas dependem se a substância está
dissolvida em água, em um tecido do corpo ou se a substância está no estado líquido, gasoso ou
sólido. Dependem também se o contaminante está sendo emitido diretamente de uma fonte, se
está no ambiente ou se está sendo absorvido pelo corpo.
Por exemplo, contaminantes atmosféricos são medidos em toneladas por dia (t/dia),
gramas (g) e quilogramas (Kg). Os contaminantes dissolvidos em água são normalmente
expressos pelo peso do contaminante dividido pelo volume da água ou pelo peso do
contaminante dividido pelo peso da água. As unidades mais utilizadas neste caso são: os
centímetros cúbicos (cm3), litro (L), mililitro (ml), o metro cúbico (m3), miligrama por m3 (mg/m3) e
o micrograma por litro (µg/L). São utilizadas também as partes por milhão (ppm), as partes por
bilhão (ppb).
Compostos Inorgânicos de O, N e C;
Hidrocarbonetos alicíclicos, alifáticos, aromáticos e halogenados;
Fenóis e compostos fenólicos;
Álcoois, glicóis e derivados;
30
Compostos epóxi;
Éteres;
Cetonas;
Aldeídos;
Ácidos orgânicos e anidridos;
Ésteres;
Fosfatos orgânicos;
Cianetos e nitrilas;
Compostos de Nitrogênio;
Metais.
A DL50 para toxicidade aguda oral é a dose de substância tóxica ministrada oralmente e
que tenha a maior probabilidade de causar, num período de quatorze dias, a morte de metade de
um grupo de cobaias testadas. O resultado é expresso em miligramas por quilograma de massa
corporal.
A DL50 para toxicidade aguda dérmica é a dose de substância tóxica que ministrada
por contato contínuo com a pele de cobaias testadas por um período de 24 horas, tenha a maior
probabilidade de causar, em um prazo de quatorze dias, a morte de metade das cobaias
testadas. O resultado é expresso da mesma forma que no item anterior.
Já a CL50 para toxicidade aguda por inalação é a concentração de vapor, neblina ou pó
que, ministrada por inalação contínua, durante uma hora, às cobaias, tenha a maior
probabilidade de provocar em um prazo de quatorze dias, a morte de metade das cobaias
testadas. Nesse caso, o resultado é expresso em miligramas por litro de ar para pós e neblinas,
ou em mililitros por metro cúbico de ar (partes por milhão) para vapores.
(mg/Kg) (mg/Kg)
As partículas finas inaladas, na maioria das vezes, são rapidamente exaladas. Mas
pode ocorrer de algumas ficarem agregadas às paredes dos alvéolos, causando infecções
graves. Exemplos são as doenças causadas pela presença nos alvéolos de sílica fina polvilhada
e fibras de amianto.
Muitas vezes, quando ocorre ingestão de tóxicos acidentalmente, os danos podem ser
impedidos ou minimizados pela indução de vômito ou mesmo uma lavagem estomacal. Porém, 34
essas estratégias somente serão válidas se o tóxico ingerido não apresentar capacidade
corrosiva.
1) Queimação;
2) Queimaduras;
3) Lesão;
4) Perda de pelos;
5) Inchaços;
6) Mudanças de pigmentação.
2.4 AS QUATRO MAIORES PRODUTORAS DE TÓXICOS
2.4.1 Os tóxicos no ar
35
São várias as doenças respiratórias causadas por este tipo de poluição. Além de danos
à saúde, a poluição atmosférica tem causado diversos danos ao meio ambiente como, por
exemplo, aos fenômenos de chuva ácida, efeito estufa, dentre outros, que serão abordados no
capítulo seguinte.
a) Efeitos agudos
Os efeitos agudos são aqueles que ocorrem de forma repentina, sendo de curta
duração (horas ou dias).
- Ataques asmáticos;
- Infecções respiratórias;
b) Efeitos crônicos
Os efeitos crônicos são aqueles que persistem por longos períodos de tempo (meses,
anos). São influenciados pelo período de tempo que o ser humano fica exposto ao contaminante.
37
São exemplos de efeitos crônicos:
c) O câncer de pulmão
O câncer de pulmão é uma doença que acomete tanto homens quanto mulheres e é o
tipo de câncer que mais mata, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS/2009).
Cádmio;
Arsênio;
Fibras de amianto etc.
Metais pesados;
Herbicidas e pesticidas;
Sulfuretos;
Cianetos;
Dioxinas;
Matéria Orgânica.
39
a) Contaminantes inorgânicos
b) Contaminantes orgânicos
Dioxinas
De acordo com ANVISA (2010), os alimentos mais contaminados por agrotóxicos são:
1) Pimentão;
2) Uva;
3) Pepino;
4) Morango;
5) Couve;
6) Abacaxi;
7) Mamão;
8) Alface;
9) Tomate;
10) Beterraba.
Nos últimos anos, várias notícias tomaram a mídia relacionada à contaminação de
alimentos com diversos tipos de substâncias tóxicas. Algumas delas estão relacionadas abaixo:
Disfunção renal
Problemas pulmonares
Dermatite
Dores abdominais
Lesões renais
Gengivite
42
Salivação
Insônia
Dores de cabeça
Colapsos
Delírio
Convulsões
Disfunção renal
Encefalopatia
Manias
Delírio
Sonolência
Gagueira
Insônia
Problemas pulmonares
Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada pela FDA (Food and Drud
Administration), verificou a presença de chumbo em 20 marcas de batom. O chumbo é
responsável por danos à saúde humana como: distúrbios de aprendizagem, linguagem e
problemas comportamentais. Outra substância bastante tóxica encontrada em protetores
solares, hidratantes é a oxibenzona, responsável por disfunções hormonais graves. A presença
de Fluoreto em pastas de dente e na água tratada, forma iônica do Flúor, tem efeito neurotóxico
e potencialmente tumorigênico se engolido.
Outro estudo realizado pelo The Mount Sinai School of Medicine, de Nova Iorque,
testou o sangue e a urina de voluntários e verificou a presença de 167 componentes químicos
industriais, aproximadamente 91 por pessoa. Esse fato indica a grande capacidade de
acumulação, no organismo humano, dessas substâncias.
3 OS TÓXICOS E O MEIO AMBIENTE
44
a) Solubilidade em água
A propriedade de solubilidade em água representa a capacidade de uma determinada
substância misturar-se em água à temperatura ambiente. Essa propriedade é referente à
máxima quantidade dessa substância que se dissolve em uma quantidade definida de água
pura.
A solubilidade em água sofre a influência de vários fatores como, por exemplo, a
temperatura. A solubilidade da maioria das substâncias sólidas e líquidas em água, geralmente,
aumenta com o aumento da temperatura, já que há o aumento da energia cinética das suas
moléculas. Já para as substâncias na forma gasosa o contrário é observado.
b) Pressão de vapor
45
A pressão de vapor é um parâmetro responsável por mensurar a volatilidade de um
agente químico em estado puro. A volatilidade de determinada substância é a capacidade de
evaporar-se e é influenciada por fatores como:
Temperatura;
A velocidade dos ventos no ambiente em questão;
As condições ambientais gerais.
Dessa forma, as substâncias químicas com pressão de vapor relativamente baixas e
uma alta afinidade por solos ou água, têm menores probabilidades de volatilizarem-se, ou seja,
evaporarem-se.
46
FONTE: ATSDR (1992).
Este coeficiente apresenta alta especificidade de acordo com cada substância e seus
valores variam de 1 a 10.000.000. Determinado agente tóxico que possua KOC alto indica que
este agente se fixa com firmeza ao solo e sedimentos, resultando em baixa mobilidade nas
águas superficiais ou aquíferos (lençóis freáticos). Já um agente com baixo KOC sugere uma
maior mobilidade nos corpos d’água (Tabela 6).
Portanto, quanto maior os valores de KOW das substâncias tóxicas, maior a capacidade
de acumularem-se nos solos, sedimentos e na biota e consequentemente serem transferidos ao
homem pela cadeia alimentar. Já compostos químicos com baixos KOW tendem a distribuírem-se
na água e no ar.
e) Características do solo.
f) Cobertura do solo.
g) Flora e a Fauna.
A fonte de contaminação;
O compartimento ambiental;
O ponto de exposição;
As vias de exposição de acordo com as substâncias tóxicas;
A população receptora.
Diante do exposto, o transporte das substâncias tóxicas é controlado pelos seguintes
processos:
a) Processos físicos
Advecção
No processo por advecção o transporte da substância tóxica ocorre pelo fluxo de água
no solo.
Difusão Molecular
Este tipo de transporte ocorre devido a ocorrência de um gradiente de concentração
em um fluido. A substância tóxica em questão está dissolvida em água e desloca-se de uma 49
área de maior concentração para uma de menor.
Em que:
D* = difusão efetiva
ω = coeficiente de tortuosidade
D0 = coeficiente de difusão.
Dispersão
O transporte por dispersão pode também ser chamado de mistura mecânica. Como o
próprio nome indica, a dispersão retrata o espalhamento da substância tóxica no fluido (Figura
3). A dispersão pode ser: dispersão longitudinal, quando o espalhamento da substância ocorre
na mesma direção do fluxo; e dispersão transversal, quando o espalhamento da substância
ocorre na direção transversal do fluxo.
FIGURA 3
Dispersão. (a) Dispersão normal ou mistura mecânica, (b) dispersão em canais individuais e (c) 50
tortuosidades, reentrâncias e interligações.
Dispersão hidrodinâmica
É a soma de Difusão Molecular e Dispersão Mecânica. É utilizada quando o fluido
percorre meios porosos.
Sorção hidrofóbica
A sorção hidrofóbica é um processo típico de retenção de substâncias orgânicas,
especialmente orgânicas apolares, pelo processo de partição.
Precipitação/dissolução
A precipitação é o processo pelo qual há o desprendimento das substâncias,
inicialmente em solução por exceder o seu grau de solubilidade. É um processo reversível e
contrário ao processo de dissolução.
Cossolvência
O processo de cossolvência consiste na dissolução do soluto em mais de um solvente. A
mistura de determinado solvente com a água aumenta a mobilidade das substâncias.
Complexação
O processo de complexação consiste na formação de complexos, devido à ligação
formada, que pode ser covalente ou eletrostática. De acordo com vários estudos, os complexos 51
formados com ligantes inorgânicos são mais fracos que os formados com ligantes orgânicos.
Ionização
Os ácidos orgânicos são capazes de doar elétrons em solução aquosa, aumentando
assim a solubilidade, já que se transformam em ânions.
Efeitos de degradação
Oxidorredução
Reações de oxidação: perda de elétrons.
Volatilização
Volatilização é um processo de difusão pelo qual há uma mudança do estado de uma
substância, que passa de seu estado sólido ou líquido para o estado gasoso.
Metabolização
Metabolização é a transformação de moléculas orgânicas em moléculas menores,
decorrente da atividade metabólica dos microrganismos presentes no solo. Pode ser também
chamada de biodegradação, conceito que será abordado ainda neste capítulo.
Sorção
Sorção é o processo de retenção de substâncias no solo pela transferência do fluido
para a parte sólida, causando o chamado efeito de retardamento da frente de contaminação.
Esse efeito se dá pela redução da velocidade de contaminação quando comparada à velocidade
do fluido.
3.2 OS EFEITOS GLOBAIS DOS TÓXICOS
52
A atmosfera é uma camada gasosa que envolve a Terra, com aproximadamente 600
Km de altitude, que se mantém junto à Terra devido à força da gravidade. Ela é constituída de
vários gases, que são divididos em permanentes e variáveis.
Nitrogênio N2 78,08
Oxigênio O2 20,95
Argônio Ar 0,93
Neônio Ne 0,0018
Hélio He 0,0005
Hidrogênio H2 0,00005
Xenônio Xe 0,000009
TABELA 8. COMPONENTES VARIÁVEIS DA ATMOSFERA
53
Vapor d’água H2O 0a4 -
Como pode ser observado na tabela 7, o nitrogênio (N2) e o oxigênio (O2) compõem
aproximadamente 99% da atmosfera, sendo considerados os seus principais gases. As
porcentagens desses gases mantêm suas porcentagens constantes, pois há um balanço entre a
produção e a destruição desses. Veja abaixo como ocorre esse balanço:
Oxigênio (O2)
Nitrogênio (N2)
O vapor d’água juntamente com o CO2 promove o chamado efeito estufa. O efeito
estufa é um fenômeno natural, ou seja, esses gases formam uma camada protetora que possui a
propriedade de permitir que as ondas eletromagnéticas que chegam do Sol atravessem a
atmosfera e aqueçam a superfície da Terra. Essa mesma camada dificulta a saída da radiação
infravermelha emitida pela Terra. Esse fato impede que ocorra a perda demasiada de calor
irradiado para o espaço, especialmente à noite, mantendo assim, a Terra aquecida. Esse
fenômeno é de extrema importância, pois sem ele a Terra estaria a uma temperatura de 33º C
mais baixa e a vida na Terra não seria possível.
55
Várias medidas têm sido adotadas para amenizar este fenômeno. As principais são: 56
57
Como pôde ser observado, a Camada de Ozônio (região onde há maior concentração
de Ozônio) se encontra na estratosfera terrestre. A camada de Ozônio corresponde a um filtro
natural da Terra.
O ozônio estratosférico é um gás, formado por três átomos de oxigênio (Figura 7).
O ClO apresenta vida curta e reage rapidamente com um átomo de oxigênio livre,
liberando novamente o radical livre que volta a destruir uma molécula de ozônio. Um único
radical livre de cloro é capaz de destruir 100 mil moléculas de ozônio (Figura 8).
Câncer de pele;
Envelhecimento precoce;
Queimaduras na pele;
Inflamação aguda da córnea, podendo levar à cegueira;
Desenvolvimento de catarata;
Extinção das respostas imunológicas;
Alergias;
Alterações nas relações entre plantas, entre animais e entre plantas e
animais;
Aumento de pragas e doenças de plantas;
Destruição do plâncton (fitoplâncton e zooplâncton).
Elevada mortalidade de peixes.
Há a previsão de que haja a recuperação da Camada de Ozônio caso as ações
propostas pelo Protocolo de Montreal sejam cumpridas.
Porém, pode haver a formação desses dois ácidos a partir de outras reações como:
3.3.1 Bioconcentração
O processo de bioconcentração representa o aumento da concentração de
determinada substância tóxica nos organismos, comparado ao meio abiótico. Ou seja, é quando
a velocidade de absorção da substância tóxica por meio da água excede a velocidade de
eliminação do mesmo, gerando dessa forma, um acúmulo nos tecidos dos organismos.
3.3.2 Bioacumulação
pH;
Temperatura;
Aeração;
Presença de outros poluentes, etc.
63
3.3.3 Biomagnificação
a) Absorção
A absorção é a etapa em que as substâncias tóxicas (xenobióticos) rompem as
barreiras do corpo e as membranas celulares e atingem a corrente sanguínea.
b) Distribuição
A distribuição é a etapa em que os xenobióticos, já na corrente sanguínea, atingem
seus órgãos-alvo.
c) Biotransformação
O processo de biotransformação ocorre por meio de reações químicas nos
organismos. Os principais locais onde ocorrem essas reações são: fígado, pele, rins, pulmões e
epitélio gastrintestinal; sendo o fígado o principal órgão envolvido no processo.
Acetilação;
Sulfatação;
Amidação;
Glicuronidação ou glicuronização: é a mais comum e a mais importante.
Vários fatores influenciam a biotransformação. Dentre eles, os mais importantes são:
Idade
Os fetos, animais recém-nascidos e idosos apresentam uma menor capacidade de
metabolização.
Sexo
Este parâmetro é conhecido apenas na espécie de ratos.
Indução
Fenômeno que aumenta a velocidade da biotransformação;
Doenças
Patologias ou disfunções hepáticas que alteram a biotransformação.
3.3.5 Biodegradação
3.3.6 Detoxificação
3.3.7 Eliminação
67
Avaliar a qualidade do meio ambiente não é uma tarefa simples, exige bastante
conhecimento prático e teórico, além de muita sensibilidade por parte dos profissionais da área.
Como pode ser observado na figura 11, os bioindicadores são divididos de acordo com
os objetivos de cada projeto em:
70
Em primeiro lugar, serão mostrados trabalhos em que foram utilizados vegetais como
bioindicadores. Esses são utilizados por meio de dois métodos:
A resposta das plantas à exposição de poluentes tóxicos pode ser usada como método
de verificação da toxicidade ambiental. As plantas podem apresentar sinais em curto prazo
como: injúrias nas folhas, perda de folhas, redução do crescimento e/ou alterações nos padrões
de floração; bem como alterações a médio e longo prazo, como: composição química,
modificações nos processos fisiológicos e alterações genéticas. Portanto, as alterações podem
ser visíveis ou necessitarem de análises laboratoriais que comprovem a presença desses
poluentes em seus tecidos.
Neste trabalho foram utilizadas algas como bioindicadoras da qualidade das águas de
uma represa, já que, segundo encontra-se na literatura, as algas apresentam grande capacidade
de tolerar a poluição orgânica. Atualmente, as algas também estão sendo utilizadas como
bioindicadoras de poluição por pesticidas e metais pesados. Os resultados obtidos permitiram
comprovar a hipótese inicial de que as algas permitem realizar previsões sobre efeitos de
alterações ambientais.
72
3.4.2 Biomonitores
76
b) Biomarcadores de efeito
Os biormarcadores de efeito são utilizados com o objetivo de relatar as alterações pré-
clínicas ou efeitos adversos à saúde, decorrentes da exposição e absorção do agente químico.
Exemplos:
Enzima ácido delta amino-levulínico (ALA-D) nos eritrócitos: esta enzima é altamente sensível à
inibição pelo chumbo. Por isso, representa um adequado indicador de efeito para exposição
ambiental ao chumbo.
Ácido delta amino-levulínico (ALA) na urina: devido à inibição da ALA-D pelo chumbo, o ALA se
acumula nos tecidos e é excretado em grande quantidade na urina. Por isso, é considerado mais
adequado para avaliar a exposição ocupacional a este metal.
c) Biomarcadores de suscetibilidade
Os biomarcadores de suscetibilidade são utilizados, pois permitem elucidar o grau de
resposta da exposição provocada nos indivíduos. Exemplos podem ser vistos na tabela 10.
TABELA 10. EXEMPLOS DE BIOMARCADORES DE SUSCETIBILIDADE
77
Monitoramento químico
O monitoramento químico avalia a exposição, mensurando os níveis de contaminantes
bem conhecidos nos compartimentos ambientais.
a) Identificação do perigo
Nesta etapa do processo são avaliadas as propriedades tóxicas inerentes à substância
e os possíveis danos causados por essa substância. Essas informações podem levar em
consideração os efeitos nos organismos bem como as suas interações dentro do corpo.
As informações nesta etapa são obtidas por meio de estudos em animais, estudos
epidemiológicos controlados em populações humanas e estudos clínicos de seres humanos
expostos. Podem também ser obtidas por meio de experimentos, envolvendo sistemas não
completos (por exemplo: órgãos isolados, células, tecidos), além do estudo da estrutura
molecular das substâncias. Portanto, as informações são obtidas a partir de quatro fontes:
1) Estudos epidemiológicos;
2) Estudos de correlação, em que as taxas de doença em populações humanas
estão associadas a diferenças de condições ambientais;
3) Informes de casos preparados por equipes de saúde (estudos clínicos);
4) Resumo dos sintomas informados pelas próprias pessoas expostas;
Nesta etapa, a premissa básica é de que a cada nível de dose corresponderá a uma
determinada resposta ou efeito no organismo. Diante do exposto, torna-se necessário o
estabelecimento dos níveis críticos para cada substância, a partir dos quais os danos são
classificados em reversíveis ou irreversíveis, dependendo da suscetibilidade de cada organismo
à substância.
c) Avaliação da exposição
Exposição é o contato de uma pessoa a determinado tipo de agente tóxico ao nível dos
limites exteriores do seu organismo durante determinado período de tempo.
81
O conceito de metal pesado tem sido bastante discutido na atualidade, já que engloba
aspectos ambientais e toxicológicos. De acordo com relatos de diversos autores, dos 80 metais
conhecidos, aproximadamente 30 são tóxicos ao homem.
Muitos metais são ditos essenciais à vida, porém, são sempre requeridos em baixas
concentrações. Quando em altas concentrações causam danos irreparáveis aos organismos por
serem muito reativos e bioacumulativos. Dessa forma, o organismo não é capaz de eliminá-los
de uma forma rápida e eficaz.
83
84
Os metais podem ser classificados da seguinte forma:
Quanto aos efeitos dos metais tóxicos, cada metal é conhecido pelos seus danos
específicos ao organismo. A toxicidade dependerá da biodisponibilidade e da espécie química
em questão.
O principal mecanismo de ação tóxica dos metais é a afinidade pelo elemento enxofre.
Dessa forma, quando presentes no organismo nas suas formas ideais, eles reagem com os
radicais sufidrilas presentes na estrutura proteica das enzimas, alterando assim, o metabolismo
dos seres vivos.
Como pode ser observado, o perigo está em toda parte, já que os metais pesados são
muito usados em indústrias e estão presentes em diversos produtos. O desenvolvimento dos
efeitos tóxicos são dependentes da dose e do tipo de exposição ao agente.
85
Serão apresentados na tabela 11, os principais metais pesados utilizados, suas fontes
e seus riscos à saúde.
4.2.1 Os solventes
86
A constituição química;
As propriedades físicas;
O comportamento ácido-base;
As interações específicas, soluto solvente.
Normalmente, os solventes possuem natureza orgânica e composições químicas
diversas, porém apresentam propriedades comuns como:
a) Os álcoois
Exemplos: metanol; etanol;
b) As cetonas
Exemplos: Acetona; 2- butanina; 2-hexanona; cicloexanona.
c) Os hidrocarbonetos
Os hidrocarbonetos alifáticos
Exemplos: pentano; hexano; heptano; decano;
Os hidrocarbonetos alicíclicos
Exemplos: cicloexano; metilcicloexano; alfa-pireno;
Os hidrocarbonetos aromáticos
Exemplos: Benzeno; Tolueno; Estireno; Etilbenzeno;
87
Hidrocarbonetos halogenados
Exemplos: Clorofórmio; Cloreto de Metileno; Tetracloreto de Carbono; Freons;
Tetracloroetileno;
d) Éteres
Exemplos: 2-Metoxietanol; Etoxietanol;
e) Ésteres
Exemplos: Metacrilato de metila; Acetato de metila; Acetato de Etila;
Inseticidas
Excitação Hipersensibilidade
Convulsão
Vômito Dermatites
Tremores musculares Doença de Parkinson
Fentalamidas - Teratogênese
Conjutivites
Literalmente, a palavra petróleo significa óleo de pedra, por ser extraído de rochas
denominadas de Rocha Reservatório. O petróleo é formado a partir da decomposição da matéria
orgânica depositada no fundo de mares e lagos quando submetidos a altas pressões.
O petróleo é constituído de uma mistura de hidrocarbonetos, compostos oxigenados,
nitrogenados, sulfurados e metais pesados. Porém, a maior fração é dada aos hidrocarbonetos
(Tabela 14).
Hidrogênio 11 a 14
Carbono 83 a 87
Enxofre 0,06 a 8
Oxigênio 0,1 a 2
92
As dioxinas são compostos policlorados cujo núcleo é formado por dois anéis de
benzeno ligados por dois átomos de oxigênio que formam um terceiro anel central. Já os furanos
apresentam como estrutura básica dois anéis aromáticos unidos por um átomo de oxigênio com
diferentes graus de substituição por átomos de cloro. Os furanos têm suas toxicidades
determinadas pelo grau de cloração dos anéis e a posição dos átomos de cloro. São estruturas
bastante semelhantes, como pode ser observado na figura 15.
(A) (B)
Os organismos são contaminados por esses compostos pelas várias vias de exposição
e os principais efeitos tóxicos são:
Imunossupressão;
Vômitos;
Alterações na diferenciação dos linfócitos T;
Problemas cognitivos e de desenvolvimento psicomotor;
Neurotoxicidade;
Endometriose e problemas de reprodução;
Perda de peso;
Alteração do metabolismo das gorduras e da glicose;
Atrofia testicular;
Diabetes;
Síndrome do desgaste etc.
4.4 A RADIOATIVIDADE
Mutações genéticas;
Cânceres;
Necroses;
Alterações no metabolismo;
Alterações neurológicas.
5 FASES TOXODINÂMICA E TOXOCINÉTICA
96
- Sexo;
- Estado de saúde;
- Metabolismo;
Efeito local: ocorre no local onde houve o primeiro contato do agente tóxico no
organismo;
Efeito sistêmico: é necessária a distribuição até atingir o órgão-alvo, diferente do local de
penetração.
c) Classificação de acordo com a reversibilidade
Os efeitos tóxicos podem ser classificados quanto à reversibilidade do tecido afetado
em:
Efeito aditivo: o efeito final da combinação é igual a soma dos efeitos individuais dos dois
agentes tóxicos.
Efeito sinérgico: o efeito final da combinação é maior que a soma dos efeitos individuais
dos dois agentes tóxicos.
Efeito de potenciação: ocorre quando um agente tóxico que não possui ação sobre
determinado órgão, aumenta a ação de outro agente tóxico neste mesmo órgão.
Efeito antagonista: o efeito antagonista ocorre quando os agentes tóxicos interferem na
ação um do outro, diminuindo o efeito final.
5.2 VIAS DE ENTRADA DOS PRODUTOS TÓXICOS
Para que um agente tóxico seja capaz de produzir danos aos organismos, são
necessários vários fatores agindo em conjunto, ou seja, é necessário que haja uma interação
entre eles. Esses fatores são:
98
O tempo de exposição
Um dos fatores mais importante está relacionado ao tempo de duração da exposição
dos organismos ao agente tóxico. De acordo com relatos na literatura, quanto maior a duração
da exposição a certo agente tóxico, maior a probabilidade deste organismo a sofrer algum tipo
de dano.
A concentração da substância
Outro fator de grande importância e que influencia na ocorrência de danos à saúde é a
concentração do agente tóxico. Dessa forma, quanto maiores às concentrações a que os
organismos estão submetidos, maiores serão as probabilidades de ocorrerem danos à saúde.
O tipo de substância
Um fator que influencia também na intensidade dos danos causados à saúde é o tipo
de substância que o organismo está exposto. Há substâncias que apresentam um grau de
toxicidade maior quando comparadas a outras.
99
Dessa forma, ou a substância fica retida nas mucosas nasais ou elas chegam aos
pulmões, especificamente nos alvéolos pulmonares, de onde alcançam a corrente sanguínea.
Nesse caso, podem ocorrer danos aos pulmões e a distribuição da substância tóxica para
diversos outros órgãos.
b) Pela ingestão
Uma vez no trato gastrintestinal, um agente tóxico poderá sofrer absorção desde a
boca até o reto, geralmente pelo processo de difusão passiva. Poucas substâncias sofrem a
absorção na mucosa oral, pois o tempo de contato é pequeno nesse local.
A absorção via trato gastrintestinal ocorre devido a vários processos, que serão citados
abaixo:
Endocitose
O processo de endocitose é típico de organismos unicelulares. É a forma pelo qual
esses organismos realizam sua nutrição. Porém, nos chamados seres multicelulares ou
pluricelulares, este processo também pode ocorrer, porém, como estratégia de defesa contra
agentes estranhos ao organismo. A endocitose é dividida em dois tipos: a pinocitose e a
fagocitose (Figura 17).
Pinocitose
É o processo pelo qual determinadas células englobam líquidos pela invaginação das
suas membranas plasmáticas, formando canais por onde esses líquidos escoam. Ao fecharem 101
esses canais dá-se origem ao pinossomo, uma espécie de bolsa membranosa.
Fagocitose
É um processo semelhante ao de pinocitose, porém as células englobam líquidos pela
invaginação das suas membranas plasmáticas, formando pseudópodes – formando o
fagossomo.
102
Transporte passivo
O transporte passivo é aquele que ocorre sem o gasto de energia. Pode ser por
difusão ou por difusão facilitada.
Difusão
A difusão é o processo pelo qual as substâncias passam de um local onde elas estão
em maior quantidade para outro onde elas estão em menor quantidade.
Difusão facilitada
O transporte facilitado ocorre quando a substância atravessa a membrana ligando-se a
uma molécula que facilite a sua passagem.
Transporte ativo
Transporte ativo é caracterizado pela passagem da substância pela membrana por
meio da ocorrência de gasto energético.
103
Algumas propriedades interferem na absorção da substância nociva pelo trato
gastrintestinal. As principais são:
Ionização da substância
Esta propriedade está relacionada ao pH do meio de absorção. Quando a substância
encontra-se ionizada no meio de absorção ela dificilmente é absorvida. Quando se encontra não
ionizada ela é facilmente absorvida pela membrana.
5.3 BIOMONITORAMENTO
106
Biomonitoramento da qualidade da água
O biomonitoramento do ambiente aquático é indicado na detecção do nível de
comprometimento da vida aquática e também na avaliação do nível de degradação ambiental.
Exemplos:
A eutrofização
A eutrofização é um fenômeno decorrente da poluição das águas com esgoto
doméstico, fertilizantes, caracterizando no aumento da concentração de minerais (nitratos e
fosfatos, principalmente). Essa maior concentração faz com que haja a proliferação de algas
microscópicas que passam a localizarem-se nas superfícies dos corpos aquáticos, impedindo a
realização da fotossíntese pelos organismos presentes nas camadas mais profundas.
108
110
Biomonitoramento da qualidade do ar
O biomonitoramento do ar objetiva mensurar os danos causados aos seres vivos pela
poluição atmosférica.
Foram realizadas pesquisas com a briófita Sphagnum sp. para avaliar a presença de
metais e elementos tóxicos presentes no ar. Foram analisados os teores de metais no ar e
comparados aos teores obtidos nas amostras de regiões mais próximas e mais distantes das
principais indústrias metalúrgicas da região. Foi possível assim comprovar a eficiência da
bioacumulação de metais pelas amostras de briófitas, podendo utilizá-las em um
biomonitoramento extensivo da poluição atmosférica em regiões industriais.
Neste estudo, foi utilizado o tabaco (Nicotiana tabacum L.) para o biomonitoramento da
poluição atmosférica no município de Uruguaiana, RS.
O teste de toxicidade é uma ferramenta utilizada para avaliar os danos causados aos
organismos aquáticos. Para isso, são utilizados organismos representativos do ecossistema
aquático e estes são submetidos a diferentes concentrações de um ou mais agentes nocivos, por
um período de tempo predeterminado.
Sistema estático;
Sistema semiestático;
Fluxo contínuo.
Classificação de acordo com o propósito
Para algas
Para peixes
Testes de avaliação de toxicidade aguda para peixes
Objetivo: avaliar a toxicidade aguda de agentes químicos para espécies de peixes, pela
exposição a várias concentrações do agente químico, em um sistema de fluxo contínuo, por um
período de 96 horas de exposição.
Espécies mais utilizadas: da família Characidae; as espécies Pimephales promelas e
Danio rerio, Brachydanio rerio; da família Cyprinidae e a espécie Poecilia reticulata da família
Poecilidae. 117
Teste de avaliação da toxicidade crônica para peixes
Objetivo: avaliar a toxicidade crônica de agentes químicos durante os estágios larvais
de peixes.
O método consiste na exposição de larvas de peixes recém-eclodidas a várias
concentrações do agente tóxico, em sistemas de fluxo contínuo, por um período de 7 a 28 dias
de exposição.
Avaliam-se os efeitos deletérios do agente tóxico à sobrevivência e/ou crescimento dos
organismos.
Espécies mais utilizadas: Pimephales promelas e Danio rerio, Brachydanio rerio.
Teste de avaliação da bioconcentração em peixes
Objetivo: avaliar o grau de bioconcentração de agentes químicos em peixes.
O método consiste na exposição de espécies de peixes a diferentes concentrações da
substância teste durante certo período de tempo.
A partir destes dados é calculado o fator de bioacumulação no estado de equilíbrio e as
constantes de assimilação e depuração do agente em estudo.
A este método se aplica as espécies de peixes de águas continentais e marinhas.
Para bactérias
119
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12715: Ensaio de toxicidade aguda
com peixes - Parte II - Sistema semiestático. 15p. 1993.
BRASIL, 1987. Manual do IBAMA – parte D: Avaliação da toxicidade de agentes químicos para
microrganismos, microcrustáceos, peixes, algas, organismos do solo, aves, animais silvestres e
plantas. 1987.
MADOV, N.; GRECO, A.; SAMPAIO, F.; COUTINHO, L. O Planeta pede socorro. Revista Veja.
Editora Abril. ed. 1.765, 21 ago. 2002.
121