CADEnNOSFUNDAP Sáa Pavio.Anda Nçi6.págs.ls-z4-jun.
íl08e
Introdução: a evolução das políticas ambientais
noBrafil
A recente aprovação de um capÊulosobre meio ambiente na
nova Consüuição vem coroar um processo de evoluçãodas
polRicas amUentals brasileiras, no cursa das últimas déca-
das. Essa evolução retlete as diferentes concepções e es-
tratégias do Estado quanto ao tratamento da questão ar»
biental no contexto do desenvolvimento brasileiro.
Como indica MorÉein(1981). a economia brasileira. desde
os tempos coloniais. caracterizou-se hislalicamenle por "cb
elos" que enfatizavam a exploração da detentninadosrecur-
sos naturais. Assim, a percepção e o valor atübuldos aos re-
cursos naturaisleriam um papel mais decisivo nos proces-
sos de lomada de decisões do que a percepção clentN+cado
ambiente.
A$ estratégias de desenvolvimento adoradas desde os anos
SO também assumem essas características ao privilegiar Q
crescimento económico a curto prazo, mediante a madorni-
zação maciça e acelerada dos meios de produção. A induz.
triallzação. a implantação de grandes projetos de tnfra-estro.
tunae a exploração de'recursos minerais e agropecuárias pa
ra fins de exportaçãofazem partedessas estratégias,que
lêm produzida importantes impactos negativos no meio am-
biente,Estes assumem as mais variadas forma. tais como a
superexploração de recursos naturais. a.poluição do ar. da
águae do solo,problemas
de erosãoe assoreamento
de
Políticas ambientais e
desenvolvimento no Brasil
Ellz8b8th MQlta80W6kl
ConsplDrBemp/amHmenD4/nÓfenrai
cursos d'agua. o desmatamento Indiscdmlnadaetc. A escala
crescente desses Knpactos cria deseconomias globais que,
a longo prazo. poderão vir a çampnmeter a base mateóatdo
desenvolvimento.
Por outro leda, o processo acelerado de urbanizaçãopromo-
veu uma grande concenbação da população e a conse-
qüonte ínetropolizaçãodas grandes cidades brasileiras.A
rara de uma palRiça urbana e de investimentos em equipe
mentes e serviços para o atendimento às necessidades cria-
das por essas populações conduziu a uma profunda degra-
dação do ambiente urbano. Assim, acentuararneseos desnG
fieis sociais. decorrentes de condições de vida $ubumanas
Que afetam a grande maloúa das populações metropolitanas:
a$ más condiçõesdDtrabalhoe habRação.
o desempregoe
subomprego endémicos. os riscos para a saúde resultaMes
da baila de saneamento etc.
A evolução das polRlcasamühntais coloca-se também no
quadro de uma preocupação social crescente com a questão
ambiental na Brasil. que se manifosÉa cnnünuamente nas úb
umas décadas, como o indicam a criação de numerosas as-
mciações de ploteçáo à natureza. os protestos e manifesta-
ções populares ou o destaque dado à questão pelos meios
de comunicação.
A problemática das consequências ambientais de pdRicas de
desenvolvimento representa um campo de discussão vasto
e. sem dúvHa. essencial à cornpíeensão da questão arn
biental no Brasil. permeando áreas tão diversas como o plP
'-''t polRicas ambierilais e desenvalvlmBnb no Bra
nejamento eneQétíco, o programa nuclear. a questão indlge.
na. a reforma agrária ou a exploraçãode recursos minerais.
Neste artigo. no entanto. dadas a abrangência e a complexa
dado do tema. nos !imttaremQ$
à discussão das.chamadas
polRicas ambientais, aqui enbndidas Gamoas que apresen-
tam uma preocupação explicita quanto a proteção. conserva-
ção e uso dos recursos naturais e do meio ambiente. Esses
políUcas,expressas na legislaçãoe na organizaçãoinstlu-
çbnal correspondente. dehnem o$ instrumentos de interven-
ção do Estado na administraçãodos recursos e da qualidade
do meio ambiente.
Podemos distinguir quatro abordagens estratégicas básicas
nas polnlcas ambientais brasileiras=a adminisbação dos re-
cursos naturoís. o controle da poluição industrial, o planefa-
meüo terütorial e a gestão integrada de recursos. expressa
na PolRica Nacónal do Meio Ambiente. Essas abordagens
correspondem a diferonlos concepções do meb ambiente e
de seu papel em relação à$ slratégias de deseavolvirniento
económica adoradas paio Estado. acompanhando "grosso
modo" a evolução destas primas. Elas correspondem tam-
bém H mudanças significativas do quadro instüucbnal para a
aplicaçãodas polMçasambientais.
Para o exame dessas abordagens. propomos uma categotb
cação segundo seus objetivos principais. sem perdermos de
vista sua evolução histórica. Isso porque a estabelecimento
dessas categorias. segundo um crltérb puramente cronológi-
co. não refletiria uma de suas principais caíacterlslicas: a
sua'permanência. no sentido de.que muitas dessas estraté-
gias continuam a ser aplicadas. superpondpse num preces
se cumulativo.
A administração de recursos mturais
A adição. em 1934. do Código das Aguas. do CÓdIgoda Mib
Relação e do Código Fbíestal. e tamb&n a criação. em 1937.
do Parque Nacional de ttaüaia e da legislação de proteção do
patrimõno histórico e arHstiço nacional marcam o inicio das
açóes governamentais no campo das polRicas ambientais.
Esse porhdo corresponde também ao pdncrpio da industrlall.
cação brasileira, Iniciada çam Q esforço de guerra e cansolb
Dada8 seguir. nos anãs sO. corri Q Plano de Metas da Go
demo de JuscelÉru Kubitschek. O objetivo principal da indus-
Malização seria substituir as importações de bens de con-
sumo corrente por uma pmduçâo local A iniciativa privada
foi, assim, privilegiada e o Estado assumiu Q papel de forne-
cedor d8s intra-estruturas. A indústria automobilística foi es-
colhida como Q agente catalisador da desenvolvirnenloin
dusnai; por suas cancterTstioasde Integraçãoda produção
ndusthal. ela favoreceu a criação de pübs industriais e a
concentração espacial da população e de sewiços.
16
A abordagemestratégicaaditada nessa fase ê a da adr
nistraçâo dos recursos naturais. A legislação amhental
época caracbriza-se por uma preocupação. de um lado
racbnalizaro uso e a exploraçãodos recursosnaturais
água. a Hora, a fauna) 9 regulamentar as atividades extratv
ja pesca, a exploraçãomineral)e. de outro. de definir
áreas de preservação permanente. Seu objetivo principal é
de regulamentar
a apropriação
de cadarecursonatural
âmbito nacional, tendo em vista a$ necessidades d8 inda
trialização nascente. Destacam-se, dentre os pdnçipais ir
Irumentos legàs adotados
o Código das Águas. que desde o$ direitos de propriedai
e uso dos recursos hídricospara o abastecbneMo.
a ír
gaçãa. a nlavegaçéa. os usos industriais e a produção
energia. e as normas para a proteção da quanbdade
qualidadedas águas territoriais; l
o Código Florestal. que caracteúza as florestas e a veg
taçâo como bens de interesse comum, submetidos. pc
tanto, a limüações quanto aos direitos de propriedade. e
tabelecendo também os critérios para a delimitação di
áreas de preservação permanente de vegetação. a cri
ção de parques e reservaqbiológícas. a exploração de fl
restose Qdesmatamental2
a Código de Mineração. que devir» os princípios para
prospecçãoe a exploraçãodm jazidase. em especk
dissocia o direüa de propriedadedas leiras do direita c
exploração d)s ncursos do subsolo; 3
o Códigode Pesca, qw declarapertencentesao domín
público todos os animais e vegetais das aguas teniloria
brasileiras e lxa os prlncrNos e as rnodalHados para
pesca e a exploração dos recursos biológicos da água; 4
o Estatutoda Terra.que determinaos çútériose as made
lidades de dosapíopriação e do distribuição de terias. a
condiçõesde taxação. a$ normaspara a colmização pC
blica e privada e para a implantaçãodas infra.estrutura
de apoia à atividade oral; 5
a legislação para a píobção do patdmânio ttistórloo B a
tlstico nacional que prevê a preservaçãodas objetos
VQrDeaelD nç 24.643. de l0/07/34. LBIn94.904. de 17/12/65.p De
Grelong 58.076. de 24/0&'66.
2 A VFer$ão
original da 1934{DecBlo ng2&793. de2#01.r34) bi6ub$b
Eurd8pela LBI n94.77T. de 15/0965i ver aüida o Düaeio rP 289. d
2NOa67.
3 A vergão odgjnRI {Dnrelo n? 1.9B5. de 29/01/40} bi sub3tluma pe
Decreb-lel ne 227, d9 2w02/67
4 A yenâo DÓgin&l{Decr8b n9 794. de 19/1a38) 10i $ubsiurda pek
Deaeb-lei ne221, de 28/02f67; verümb&n a Lej DelegadanEl D,dÊ
tl/fQr62. madHçHda pelo DBcreb n9 73.632. de 13r02r74. e a De
cr8ton?6ü.459.de01/04/71
5 Leing4s04. de 30fl i/64
polRicasambientais Qdnen\iqlvimBnlo no Brasll
dos imóveis(inclusive sítios naturais e paisagens) de ante
reste público. por seu.major arqueológico, etrngráficc, bi
bliográticoou artístico.o
Essa legislação jú apresenta algumas preocupações quanto
à preservação ambiental. Por exemplo, o Código Florestal
prevê a aplicação de penas fiscais ou de pHsãoem casos de
destruição de florestas de preservação permanente.extração
ão autoüzada de essências a recursos mineral ou uso do
bgo para desmalamento.As disposiçõesquanb à protecáo
da fauna aquática. no Código de Pesca, Incluemo çontíole
da poluição das águas. No entanto, talvez Q mais importante
desses instrumentos seja o que estabelece o princípio da
função social da propriedade fundiária nioEstatuto da Terra: a
onseívação dos recursos naUrais é consideradade inte-
osse social, seja 8m caso de desapropüação,sela pam a
concessão de incentivos fiscais lesse princípio seria aditado
posteriormente pela nova Constituição de 1 988).
A estratégia de admlmstraçãc das recursos naturais oóginou
ainda a cüação, em nível loderal. das agências setoriais para
Q desenvolvimeHO da pesca, das atividades Horestais, da
agua e da eletricidade, e da exploração de recursos minerais,
que caracterizam a atual estrutura gerencialde recursos na-
hlrais no Brasil. Assim. ao longo da década dos 60 Foram
criados, respectivamente:
a Ministério das Minas B Energia (MME} e o Departamento
Nacional de Aguas o Energia Elétíica (DNAEE}, para a
execução da Código das Aguas e a promoção Qdesen-
volvimentoda produção de enoígia elétrical
o Instituto Brasilelío de Desenvolvimento Flonstal(IBDF),
vinculado ao Ministério da AgricuRura,para a fomlulação e
a execução da polRicaflorestal, a aplicação da Código Fio-
estal B a coordenaçãodo uso raconal e da provaçãoe
conservação dos recursos naturais renováveis, incluindo
afaunaterrestre;
o Departamento Nacional de Prospecção Mineral {DNPM).
anualmentevinculado ao RIME.responsável pela aplicação
da polRicade recursos minerais;
a Superintendência
de Desenvolvimento
da Pesca(SU-
DEPE). no quadro do Ministério da Agricultura. para a for-
mulação e a execução do Plana Nacional de Desenvolvi-
mento da Pesca e.a nscalizaçáo das atividades de pesca
rn mar territorial brasileiro. responsabilidade essa partilha-
da com o Ministérioda Marinha.com o apoiodo Ministério
da Aeronáutica;
o Insbüito do Fletrimõnia Histórico e Artístico Nacional
atuatmente vinculado ao Ministério da Cultura. para o con-
trole sobre a transmissão e a conservação dos bens tom-
bados;
o Instituía Nacional de Colonização e Reforma Agrária
jINCRA]. que reagrupoutrês instituiçõesinicialmentecrla-
6 DecrebnQ25. de 3a/llf37.
das no quadro do Ministério da Agricultura pna a implan-
tação da polaca agrária Qfundiária;o Instituto Brasilelto de
Retoma Agrária(IBRA}, o InstihitoNacionaldo Desenvol.
pimento Agrário LINDA) 8 0 Grupo Executivo da Reforma
Agrária(GERA). Anualmente.o INCHA está vinculadoao
Ministério da Reforma Agrária. ceado em 1984.7
As instituições governamentais enumeradas acima exercem
suas atribuições e competências sobre a totalidadedo territb
rio nacional. Elas definem suas estratégias de modo inde-
pendente B segundo diferentes prioridades. o que conduz a
ações isoladas. não-coordenadasg às vezes até mesmo
oarüitantes. A muRÜllcaçãoe a supeíposição de competên-
cias e a disputa por recursos geralmente escassos propiciam
o estabeleclrUenta de conflitos de poder entre a$ dibrentes
instituiçõesgovernamentais,com consequênciasimportantes
sobre a implantação das polRlcas ambientais.
Um exemplo dessa superposição:a praEeçãoda qualidade
das águas ê regulamentadapor uma dezena de textos. se
mente rn legislação federal. Segundo rompeu t1070}, as se-
guin!es instituições federais têm competência legal definida
para a gestão das águas: QDepartamento Nacional de Obras
e Saneamento tDNOS), o DqaRamento Nacional de Obras
Contra a$ Socas(DNOCS). o DNAEE. a Secretaria Especial
de Meio Ambiente(SEMA}. o. IBDF, o INCRA, a SUDEPE. o
DNPM. as Minisléíios Miltlares. o Ministério da Fazenda e a
Presidênciada República.A isso se acrescentama$ legisla
iões e Q quadro institucional dos estados B municípios. e a
intervenção dos comités interinstituconais. tais como o Co-
rütê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidngráfiças
(CEEIBH)
Conforme Indicamos anteriormente,o segundo eixo da estra-
tégia de adminis&ação de recursos maioraisé a definiçãode
áreas de preservação pemaneMe. Assim. a criação e a de-
limitação de zonas pntogidas foi íncenüvada, sendo estas
selecionadas segundo sou inbresse cultural ou cbnHico.
Com Q passar dos anos, grande número do parques nacio-
nais e de reservas florestas foram criados. distóbuHos por
todo o território nacional, dentre os quais podemos ainda
destacar os Parques Nacionais do lguaçu(1939} e de Serra
dos Órgãos t1939) e a Floresta Nacionalde Araripe-Apodi
(1946). Em 1959, foram criados o Parque Nacional de Ubaja-
r% a Floresta Nacional de Juba. Q Parque Nacional de Ap+
aços da Serra e o Parque Nacional do Ataguaia; em 1961.
os Parques Nacionais das Emas, do Tocantins. do Xingu, de
Caparaó, de Sete Quedas B de São Joaqulm o as reservas
fluestais de Jam. Pedras Negras. Gurupi, Juruena. Rio Ne-
gro, Gaíaüre. Mundurucaia. Paómã e Tumucumaque. A polRl-
ca de criação de parques e reservas biológicas continua
sendo aplicada atualmente e consiste num dos eixos princi-
pais da polaca ambiental brasileira mais de SOparques e re-
wwas biológicas foram criadas ao longo dos últimos 25
anos, somente om nhet federal.
7 Nota ü) aunn Esu Mini8léÓofQiexlnb em 19B8 o $uM hlngÓH re
di$tÓbuba$ erige 03 F#nlst&los da ht«lor e da A9íiwlüm. Isso Indica
que as mudanças in5ülucionai$ no Brasll ooairBm cam uma rapidez
que d@alla a anãiw çrrbn.
 PolHcn arnb»rHal$e dennvoNirnenlono DIAS
A$ dHculdades e olhitos r» delimitação e mano» dessas
áreas. que têm sido objeb de continuas invasões. poderiam
hdicw uma eontradlção em mlaçáa à esbalégla de àdMniv
balão de ncurso$ naturaisaqü cnacterlzada.No entanto,
essa mnlradição é apenas aparente;com íreqOência,as
pressões contrárias à Implantação de parques e reserva
são a expressão de interesses bcais e regionais dmtamenle
8fetados. Em nível de polfUcanadonal a criação de algumas
reservas ecológicas Q de "área-santuário' para a pesquisa
dentHlca ou como testemunln pára a$ futuras gerações ape-
nas acentuaíia o caráter de disponibilidade à epropdação do
terMório nmanescente e de seus recursos naturais para o
desenvolvimentoda aüvidadeeconómica.
0 controleda poluiçãoiodustrial
Inspiradapela pHmeiraConfedncia das Nações Unidas so-
bre o Meio Ambiente(Estocokm, 1972). a criação da Secre-
tãíb Especial do Meio Ambiente inaugurou lona nova fase.
arde se marüfesta uma vontade polRicano üvatamen©expli-
cito da prablemáücaambiental enquanto "suporte de vida'. B
não apenastonte de recursos.
Essa vontade porca se manifesDU num quadro conjuntural
pàrticulac primeiro. Q modelo de desenvolvimento aditado no
Brasil. baseado em uma industrialização rápida B concentra-
da. criou suas primeins deseconomias do escala. Estas se
manifestaram pela agravação de certos problemas urbnnlas,
em especial o cíescimenb da poluição indusHal. a falta de
$Bneamentoe os problemas de ab8stecimenb de água. que
alegama popubção das principais cidades do Pais.
Em conseqüênçia. esse perbdo conhece também uma $en-
slbiJlzação e uma organização do movimenb soçiõl sobre a$
questões ambientes. om razão da degradaçãodas condi-
ções de vida nio meio urbano, como indicaram os rasurados
des pesquisas de opirüãorealizadas em Sáo Paulo em 1975.
De acordo com essas pesquisas,a maioriada população
wnsldera a poluição ambientalcomo $eu maior ptoblana,
póoritárb até mesmo em rebçâo às questões económicas.
De fato, essa organização.em parteespontânea,
servirá
também a alguns grupos sociais para exprimir. de modo inda
reb. $ou desooritentan»nb e sua oposiçãoà$ ações de um
govemo aubíilário. Isso poderá explicar Qenomle Interesse
$ suscitado pelo debate sobro Qmeio ambiente. sobreüido na$
grandescidades.
ã Por outro lado. o Governo rolem. e mesmo incita, a discus-
] são das questõesambientaiscomo um meb de desviar a
abnçáo da opinião pública dos problemaseconómicos 6 polo.
tacos,provenientes do Im da 'mllagn brasileira'. Além disso.
a proteçâo do mob ambiente. tratada como questão técnica.
permlürádemonstrarum certo grau de e$ciênch,além do
elaborei um discurso çotlsensual ern relação a unia aspjía-
ção soclalespecflica.
18
Enõm. não sa pode negllgenciw Q pna da derrota da posição
brasileira na Conferênda do Estocolmo. O Bresil sustentava
a tese de que a proteçao do meb ambienteseria um oyetivo
secundário e náo priorRárb para os partes em vias de de-
wnvolvimento. e em eonRib com o objetivo central e imediato
do cresdmenb oçonõmiço. O$ eçursos naturaisdo Terceiro
Mundo seriam ainda subutilizados e algumas décadas pode-
riam tmn$cQrrêrartes que os invesümenlos para oontlolar as
degradaçõos amblentás se tornassem necessárias. A prote-
çêo do meb ambienteseria, portanto.mais um obstáculo ao
dpsonvolvimento(Almoida. 1972). Ewa argumentaçãoe a
palavra de ordem "poluição = progresso'. l8nçadena oca-
slãa. foram multo negatlvm pam a imagem internacionaldo
Pala. Assim. a criação da GEMA responderia também a urna
r»cessidadediplomática.
A Secretaria Especial de Meb AinbleMe(SEMA}, coada em
1973 peb Decreto ng 73.030. de 30 de outubn. encarrega-se
da çonsewação do meio ambientee do u$o racionaldos re-
cursos naturais. Dentre suas abibuições.rnulb extensas.
estãoInclusos
o acanpanhamentodas bansfomaçõesdo meh ambien-
te. IdeótlRcandoas mudanças adversas e agindopara sua
oorreçao;
o estabelwimmD do norma e parâmetro para a prever
fiação. do meio ambiente e, em particular. para o$ recursos
hülricos;
o controle e a fiscalização dessas norma e parâmetros
a presewaçãode espéciesmlmals e vegetdsem perigo
de extinção e a manuteçã0 8 esloagem de material gert&
llCC
a fomnção de quadros técnicos especializados nlocampa
da probção do meb ambiente;
a educação pública pam o u$o adequado dos ncursos
naturais e a conservação do meb ambbnte.
A GEMA tambémleda o papelde coordenaras ações dos
&gãos govemamenlais em todos os níveis. porá a pesquisa,
o planejamento.
o controlee a localizaçãoparaa conserva-
ção do meio ambienb 8 Qu$o racional dos rnur$o$ naturais.
No entanto, desde o início de sua atueção+constola.se uma
defasagem entre as tarefas atribuüas à SOMA B os meios
dos quais ela fd dotada para sua nalização. A GEMA dspóe.
oté Q presume. de um número reduzido de quadros técnicos
e de um oíçamenb insuficiente. aos quais w acnscentam a
Faltade Instalações e de laboratórios.
Além disso. a SECA esteve. iniclalmeMe. suboMinada ao
Minlstérb do Interin, um dos principàs responsáveis pela
hPantação da estratégia de cresclmenlo económico acele-
rado. 8m flagrante contradição com © atribuições e objetivas
do controle ambiental.Asslrn, a atuaçãoda SERÁ assume
 pQlhcBSambientais BdQ@nwlvlmenlo no Brasl
prioridade secundária em relação às demais atividades do
Ministério.8
É compreensível que. nesse contexto, o papel e Q alcance
das polRicas ambientais sejam bastante limitados. As ostra.
ténias adoradas nesse momento atacam feros efeitos do
modelo de desenvolvimento. sam no entanto questiona-lo:
seu oHetivo é reduzir as degradações ambbMais. que pode-
riam comprometer. em certas áreas. Q bom andamento das
atividades produtivas. Essa abordagem procura também res-
ponder a uma pressão da opinião Pública,sensibilizada pela
degradação do ambiente urbano.
O SegundoPlanoNacionalde Desenvalvünento
+ PND para
o peílódo 1975f'79,em seu caprtub sobre o desenvolvimento
urbano, controlo da poluição e preservação do meio ambien-
le. define uma prioridade para o conbolB da pohpiçãoindus-
Mal, através da adição da normas antipoluição e de uma pa-
IRicade localização industrial nas regiões densamente urbe.
nlzadas. São também dehnidas as áreas crRicas de paluiçãa.
compreendendoas regiões metropalRanasdo São Paulo, Rio
de Janeiro. Belo HoHzonte.Recite. Salvadore Porto Ale-
gre. as regiões industriais de Cubatão e Vara Fledonda. as
bacias hidrográhcas do Tietê, do Paraíbado Sul e do Jacul. o
estuário de Guaba 8 ainda as bacias hldroarâficas de Per-
nambuco.
Essa abordagemesuatégica foi cansdidada pelos Decretos
nv 1.4}3. do 14i08l75. e n?76.389. de 03 '10.'75.que de6nem
as medidas de prevenção e console da poluição indusuial.A
legislação autoriza a criação de sistemas de licenciamento
nos estados e municípios para a instalação e o funciona.
mento das atividades Industriais potencialmente poluidoras.
As penalidades pela não.obs rvação das normas estabeleci-
das incluem as restrições de incentivos hscais e de finan-
ciamentos governamentais. e até mesmo a suspensão das
atividades industüats. No entanto. esta última medida ê uma
atribuição exclusiva do Presidente da República. salvo em
casos de urgência. com graves riscos à vida humana. Nes-
sas circunstancias. os governos estaduais podem determb
nar a redução ou a paralisação temporáriadas atividades
poluidoras.
O controle do funçbanamenta das atividades consideradas de
nteresse da desenvolvimento e da segurança nacioriaf' é
atribuição exclusiva do Governo federal. Elas incluem lodos
as empresas públicas, a$ concessionárias de serviços públi.
cos federais e as indústrias de armamentos. as relnarias de
petróleo. as Indústrias química o petroquímica. de cimento.
siderúrgica. material de transportes. celulose. fertilizantes e
defensivos agrícolas. mecânica pesada e processamento dc
metais não-ferrosos(Decreto ng õt.I07. de 22/12.r77).Ob-
B Rale.$eque somonleem1985a quesHoambientalpas80ua$«ge-
mnclada gm nlwl miniseóal, cmi a criação dD MlniaérlQda De$en.
volvimenloUrbanoo Meio Amblenb. aa qual se vlnçulaua SEMAaié
Bcenlemente. No entanto. «n setombro dB 19B8. eSSeMlnlgério fai
exÍmIo e as aülbuüçãg$da SEFilAvollararn ao 8rnbüo do MinisléHo do
nbriQr. Em Janeiro de 1989. 1DIcriado a In$bbb Nacional dQ n4Bho
Ambiente e RocuBos Flomslai8 {INhlARF). agB9ando a SECA e o
19
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y'E'""-
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serva-se, portanto. que a competência quanto a decisões
que possam alegara$ aividades industriaisde base. ou as
empresas estatais. é centralizada na própria Presidência da
República. excluindo-se assim, de certa forma, os órgãos
setoriais de controle ambiental.
São ainda adorados uma classi$caçâo das aguas iMeriores
segundo seu uso e os pmãmetras de qualidademínima das
águas para os diferentes usos previstos {Resolução Minis-
terial GM.ng 0013, do 15 01/76) e estabelecklos paràmo'
tios de emissão de efluentes e normas para o tratamento de
esgotos.
Parâmetosde qualidadedo ar sâo tambémdohnidos.em
teKrtlosde concentrações máximas admitidas para partículas
em suspensão. dióxido de enxofn. monóxido de carbono e
oxidantes fotoquTmicos {Resolução Ministeúal ng 231. de
27/04/76}.
Privilegiaram-se. assim. um problema(a poluição industrial).
um agente(a Indústria) B uma responsabilidadede controb {o
Estado). A estratégia adotada consiste em reduzir as emls-
}ões de poluentes peb instalação de equipamentos de coB
rale, de modo a atingir os padrões de qualidade do ar e da
águafixados nalegislação.
Essa abordagem se caracteHza por uma negociação restdla
entre as empresas privadas Q o órgão do Estado, negociação
essa que se concentra sobre os meios técnicos do çontrob
da poluição, sem um questk)namento maior quanto ao modem
de industrialização. à localização industrial ou às tecnologias
utilizadas.
A anão de controle matou-se prioritariamente ao problema da
poluiçãoindustrial que se manifestaa curo prazo e que
dela áreas limitadas. em especial as regiões metropolitanas.
Essa escolha está. sem dúvida. ligada à existência de uma
concentração populacional importante. afetada pela problema
e dispondo de alguns meios de pressão polRlca.
No entanto. os efeitos amUentais a longo prazo são relega-
dos a segundo plano. mesrnn sendo irreversíveis ou de gran-
des dimensões. Também as regiões menos povoadas sáo
excluídas do campo de intervenção. Dessa ética, aqe.se se
bre um espaço fagmentado, considerado como uma suces-
são de ponbs isolados, onde intervêm athidades humanas
igualmente isoladas.
OUros efeitos, provenientesdos estilos de consumo ou de
outras atividados proaiüvas, foram !ambém excluHos das
ações de geonciamento ambiental. Por exemplo, nessa fase,
a poluição do ar provocada pek)s automóveis náo é idontifi-
mda como problema que nquer soluções, mas como "peça
do progresso' e. em consaqüência, socialmente aceitável.
Um outro exemplo é a falta de atenção dada aos pnblemas
criados pela agdcuRuraintensiva: a poluição do solo pw ferth
lizantes químicos, denunciada por Lutzemberger t1975), não
é objeto de ação governamental.
Um comportamento unifonne é atribuiu ao meio ambiente.
sem se considerar a variação da capacidade de assimilação
?/.
polRlcnarnbbrúal$8de3BnwlvlmenbnDBmsll
dos diferentes ecossistemas. devido às características es-
peçüicas do meio natural o de seu modo de apropriação pe-
bs aüvidndes humanas. Esse çaráter indifennciado se ex-
prkne também na escolha dos critêrbs. Por exeínpb. os .pa'
râmetros de emissão de certos poluentes não são o produto
de uma experiência endógena apoiada em estudos epide-
rNo1ógicos.ma$ são emprestados à legislação americana
(EPA). No eniartlo. os pwàmelros americanos foram esta-
belecidos em condições sociais e ecológicas bastante dis-
tintas {Hahn et alli. 1984). Esse é o caso dos parâmelnosde
emissão para o$ materiais em suspensão e do dióxido de
enxobe. adotados primeiro no Estado de São Pauboe. em
seguida, aplicados indlst nlamenle, pelo Govomo federal. a
todo o bríitório nacional. p
Par outro lado. o$ limites espaciais de aplicação desses cb
térios são definidos segundo 8 divisão polaco'administrativa.
Uma vez definida a região-problema,os padrões de qualida-
de das águas e do ar w os parâmetros de emissão das po-
luentes são adotados indistintamente para o cmjunto do ter-
ritório considerado. Em conseqüêncla, as zonas mais sonsa'
vela, seja pelas caracteífsticas desfavoráveisdo meio, seja
pela concentração das atlvidades humanas, sao mas seria'
mente õtingldas e exigem investimentos crescentes pala &
recuperação da qualidade da meio. quando isso é pessNel.
Além disso, são perdidas as vantagens comparativas da to.
calização das atividades industriais ern áreas mais prophias
à absorção de poluentes, o que permitiria uma redução.das
custos sociàs. Essa CHacterização abstrata e ind#orenciada
do rnoio ambiente reforçou as tendências observadas à con-
centração de ativldades. agravando os problemas dos gran-
des centrosindustrlals.
0 planejameMOterritorial
Os anos 70 foram caracterizados por uma estratégia de de-
senvolvimento baseada na implantação de grandes projelos
de infraestrutura ou de exploração de recursos naturais. Ao
lado dês mulünacionals.o Estado mostra-se o único parceiro
nacional que dispõe de capacidade económica para a im'
plantação desses píoietos. A prioridade é dada à unificação
do espaço nacional. da qud os símbolos mais tocantes são
os eslüiços de ocupaçãodo cerradoe da Amazünia.Parou-
tro lado, esse pedodo conheceu uma urbanização intensiva e
um cre$cimenta muito acentuadodas regiões metropolitanas,
onde as condições de vida atingem níveis crRlcos.
A adição do concebode áreacrlücade poluiçãointroduz
uma primeira diferenciação espacial na regulação do medo
de apropriação do meb ambiente. Embora esse concoho já
houvesse sido definido no ll PND. em t974. sua apliçaçõa
wr nR/nea231.de27/mivÜ. demão pavio-+pana a
prática se deu somente em 1980. quando da promulgoçgoda
lel que estabelece as direhzes de zoneamento hdustrlal(Lei
ng6.803.de 02/07).
Em certas áreas do teMlório nacional, como as regiões me'
trQpolitanas,o$ recursos naturais se tornaram bens escas-
sos. sela em quantidadeou em qualidade,e portantomus
caos'. A ordernçâo do território adquire então uma impor-
tânciacnscente dente os instrumentos
de uma polnicapre-
ventiva dos Impactos soba o meb arnbleíile. A indúsna.
8nteóormonte nnslderada enquanto um fenómeno isolado.
nsore-se agora no contexD da urbanização. Nossa aborda.
gem.critéãosecdógicos são uüllzadosparaa deRniçãaB a
denmitação das áreas Industüais e para a bçalizaçâo das
atividades poluidoras nas principais regiões metropolitanas.
As leis metropolitanas de zoneamento industrial e de prole"'
çâo de mananciais e as planos de zoneamento de u$o do
solo para a proteçãode bacias hidrográficassâo exemplos
representativosdessas estratégias. Destacam»se,em para'
Guiar. e$ trabalhos desenvolvidos peb Comité Especial de
Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas {CEEIBH) para
a classificação dos cursos d'água sob jurisdição federal e pa-
a o planejaíntentodo uso dos recursos hídricos das bacias
interestaduais.I"
Padeiros notar. em primeiro lugar. que as ações de controle.
nessa abordagem. votam-se fundamentalmente para as atl-
vidades do selar privado. As estratégias governamentais não
são óbjeto do çontrde, excouando-se as ativldadesde al-
guns setores, em função de pressões externas. Assim, as
mod#icações provocadas pelos grandes projetos da trans-
brmação da natureza são objeto de uma preocupação mar-
ginal, mais influenciada pelas praticas das agênclag interna-
;ioÜis da que p« uma'd;ci:ào p.lítica mciona}. É o caso,
por exemplo. das primeiras aplicações da avaliação de im-
pactos ambentais (AIA). nn análise de pmjetos que depen-
dem de fundos internacionais para sua implantação.Uma vez
que os procedimentos do Bando Mundial passaram a exIgIr a
realização de uma AIA para o financiamento de grandes prc-
ietos hídricos, a ELETROBRÀ$ instituiu,desde 1974.a exh
gênçla desse üpo de estudos para a Implantaçãode urinas
hidrelélriças.
No entanto. apesar dessas Inlciaüvas sobrids isoladas. a$
polRicas ambientais continuam urbanas. O conceito de açõo
porÉualestendeu-sea um conceitode área cínica de poluo
ção; no entanto, o espaço de intervenção continua fragnen-
todo e descontínuo. Os efeibs sobre o meio ambiente cau.
fados peb procesw de apropriaçãoe de alteraçãodas foi
mas de utilização do espaço rural - desmatamento. erosão,
mudanças climáticas. poluição dos rias por fertilizantes e
heíblcidas problema pna essa polaca. Se Q es-
paço urbarn ê objeto de uma regulação. o espaço oral per-
manece abeto a todas a$ formas de apropriação, Q meio
ambiente coMinua sendo apenas um recurso pua o desen-
volvhneMo.
i' E"' .asest«dmpaaê::: asasõ rlospar'hajas«hPa'
 pafRicRSambientais e dBnnwlvlnnnb niDBms
Essa aparenU omissão se explicaria pelos diferentes papéis
que assumem esses espaços no conloxto económico. A
área crRica de poluição 6 um espaço onde as principais deci-
sões quinto a $ua organização já foram tomadas. a partir da
racionalidade dominarüe. Assim, a possibilidade de $e pro-
moverem modlficeções estruturais mais eficazes do ponto de
vista ecológico. mesmo a preço de uma menor eficiência
econ&nica. ê extremamente limRada. Nesse contexto. as
estratégias atoladas têm por ob#etivapromover uma anão de
atenuação dos efeitos negativos mais evidentes do modem)
de desenvolvimeNOadorado.
Ao contráüo, o ambiente rural, especialmente nes frentes
pioneiras. deverá ficar fora de qualquer controle. para que
seus recursos se prestem às formas de apropriaçãomais
rentáveis a curto prazo. Assim. a racionalidade económica
hstrumeMal. baseada no livre jogo das forças de mercado.
podorâ manHestar-se em toda sua amplitude. em detrimento
da consideração das perspectNas de longo prazo. caracteó-
zando uma racionalidade ambiental Ern prima instância, as
palRicas
ambientescontinuamatacandoaspectosconside-
rados marginais em relação às esbatégias governamentais
do desenvolvimento.
A Política llacional de RleioAmbiente
Uma nova fase inicia-se em 1981. mm a lei da Pollüca Na-
cional .de Meb Ambiente e com sua regulamentação em ju-
nho de 1983. 11 Nesse texto legal se consolidam as estrato
alas atueuse os arranjas inslRucünais vigores niotratameMO
da questãoambiental Essa consolidaçãoê completadapela
criação. em 1985. do Ministério de Desenvolvimento Urbano
B Meio Ambiente,que assumea definiçãodas po#Ricas
ea
coordenação das atividades governamentaisna área am-
biental
O abjeüvo principal dessa pdRica é a "presewação. melhoria
e recuperação da qualidade ambientalpropícia à vida visando
assegurar. no País. condições ao desenvolvimento sócio-
econõmlco. aas inbresses da segurança nacional e à píotê
çâo da dignidade da vida humana" tartigo 2q.. Os objetivos
nacionais sobre a questão ambiental são definidos buscando-
se levar em consideraçãoas desigualdades
e especílcida-
des regionais e propondo novos instrumenbs técnicos e ins-
titucionais.
Dente as principais inovações dessa Id. duas se destacam.
em nível Institucional;
a criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA}. diretamente vinculado ao Presidente da Re-
públicae encarregadoda formulaçãodas polacasar»
11 LBIn9&93B. de 31/0B/BI. e DBaeb n?8&351/83.
21
bientals. Uma nova instância polaca de decisões é assim
definida. A criação do CONAMA 8 dos consellns am-
bientais estaduais propiciada a integração e a cooldena-
çâo das ações de düerenles setores governamentais.A
participação pública nas decisões é contemplada.embora
de toma limitada. através da inclusão de organizações re-
presentativas da sociedade civil entre os 72 membros do
Conselho;
a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA),tendo por instânciasuporbr o CONAMA O
SISNAMA inclui o conjunto das instituições governamen-
tais que se ocupam da prateção e da gestão da qualidade
ambiental, em nível federal. estadml e municipal. e tam-
bém o$ Órgãos da AdminisBaçãe Pública federal. cujas
atlvidades afetem dlretamente o meio ambiente.
A PolRica Nacionlal de Meio Ambiente propõe. igualmente. al-
gumas inovações quanto aos instrumentos e estratégias de
sua implantação. Dentre os setores prioritários para ação go.
vernamental. incluem-se:
o estabelecimentode critérios e padrões de qualidade.
bem como de diretrlzes para â aproprbção dos recursos
naturais
a pesquisa a difusão de tecnologias apropriadas à ges.
tão do meio ambiente;
o lamecimentode dados 8 infomações para a formação
de uma consciência coleüva votada à preservação da
qualidadeambiental.
Segundo essa palRiço, os ncursos naturais devem ser pre-
servados e recuperados para garanórsua úilização racional
e sua dsponibtlidade permanente; os poluidores e predada
res são obrigados a reparar ou indenizn as degradações
provocadas; o usuádo deve trazer uma contribuição para a
utilização económica dos recursos naturais.
Dentre os instrumentos adotadas poí essa legislação pam
aplicar a PolRica Nacional do Meio Ambiente. destacam.se.
por seu caráter inovador o zoneamento ambiental; a avalia-
ção de impactos ambientais; os Incentivos a produção e ins-
talação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnQ-
bgla. voltados para a melhoria da qualidade ambientatlo C#
destro Técnico Federal de Atividades e InstmmenlQ$de Dp
lesa Ambiental; e as penalidades discplinues ou compen'
satórias ao não-cumprimentodas medias necessárias à
preservação ou correção da degradação ambiental.
Uma das mais importantes abordagens estratégicas adora
das ê a responsabilização do Estado em relação a suas pr&
pias ações. ao se exigir que as atividadespúDócas e priva-
das sejam exercidas conforme os princbios da legislação
ambiental. Essa é uma inovação importante, em especial no
que $e refere aos grandes projotos de transformação da na-
tureza, que até Q momonb estavam fora do controle das
agências governamentaispara a proteção ambiental.
 pdRlcasambientaise dennvolvinenb noBTMÉI
Também 6 introduzida a responsabilização cómlnal para as
degradações ambientais, cubo proceda)entes são definidos
e regulamentadospela Lel n9 7.347. do 03/06/B5. Essa le
cria a açâo civil pública de responsaUlidade para os prejuh
zo$ provocados no meio ambiente ao çonsumldar e a bens
aítístiços. estéticos, históricos B urrsücos.
A estratégia do pbnolamenlo amóíen18fó adorada através de
dois instrumentos: o zoneamenlo ambiental g a avaliação de
mpactos ambientais. O zoneamenb definiria. em termos ge-
rais. as diretrizes de uso e ocupação do solo e de apiopHa-
çêo de recurso?naturais, pera as diversas regiões. A avalie
ção de Impactos ambientais $e aplicaria ao estudo das pos-
síveis consequênciasambientaise sociais de pmjetospübh
ms e privados.
A participação pública nas decisões da polHça ambiental ê
contemplada através de representação no CONAMA e con-
wlhos estaduais. e também no processo de licenciamento de
atividados.Em ospntal. a regulamentação
da AIA(Resalu.
çâo CONAMA nq 001/86) prevê a possibilidadede convoca-
ção de audi6nd8s públicas para a discussão de proletos.
abrindo assim um espaço do negociação social no pncesso
detomadade d cisões.
A inclusão de um capRulosobreo meio ambientena nova
Constituição brasileira e de ume série de disposkivos legais
correlatos vem consoUdn os princípios. diretrlzes e instru-
rr»ntQS anteriormenb anotados pela PdRica Nacbnal de
MeioAmbiente.caracterizando
e delimitandoo canpo de
responsabilidades do Estado e da sociedade em relação à
questão ambiental.
Nesse capRub, são também incorporados alguns novos Ins-
!omenüs e estratégias. destacando-se=
a poRica de presewação da pathmõnio gené$eo e de con
trote da pesquisa e manipulação de matinal genético
a caracterização da floresta amazónica, da mata atlântica.
da serra do Mar. do pantanalmato-grossenseo da zona
wsbira wmo áreas de património nacional;
Qcontrole do risco ambieNal
Observamos que a abordagem esbatégica proposta na Poli
tida Nacional de Meb Ambiente é praticamente a mesma
aditada pelo capRulo sobre o meio ambiente nia nova Cons-
tituição. Essa abordagem se cnactçriza enquanto polRlcade
profeçáo do meio ambiente.de cuáter marcadamentecen-
servacionista. Assim, são enfatizadas os aspmtos de restrb
R ção ao uso de ddermlnados recursos e espaços, e pouco
elaborados os de utilização do meb ambiente para o deserb
Ü volvhnento. Deve-se ressaltar que a ptoblemâtica ambiental
compnece implicitamente an ouros capRulos referentes ao
uso de recursos naturais (mergi% solo. mineração. píoprle-
dade fundláda. programa nuclear). Desloca-se, em especial.
a inclusão do çritédo de pmteção ambiental na definição de
mnceito de interesse soclâ/ da prwüedad9 para üns de de-
nproprlaçâo.
PQroutro lado. mantém-se Q diacronismo ern relação às polf-
Ucas de desenvolvimenb: basicamente, as medidas propos-
tas continuama não acompanhare/ou orientaro plmeja-
mento económico. constituindo-senuma reação ms seus
eleitos. Essa dafasagom. que tambémmarcou a$ aborda-
gens anteriores. üca evideMe no caso da AIA. em cuja regu-
lamentação náo estão incluídos procedimentos que tornem
real a obrigaçãode sua inclusãodesde Qinblo do ciclo da
prometo.ou a utilização de seus resultados no gerenclamenla
deste. Assim. a AIA continua sendo proposta como um 'a-
derido" ao processo de licenciameNO,correndo o risco de se
transformar em apenas uma tonalidade burocrática,ou piar.
em uma iusüRcaüva de decisões já tomadas e. por vezes.
inadequadas(Morwnwsk1. 1986).
Ainda é cedo para se avaliarem o$ sugados e consequên-
cias dessa abordagemestralégiça. uma vez que muros dos
Instrumentos propostos ou estão em vias de implantação au
ainda não foram regulameMados. No entanto. dificuldades de
toda ordem estão ando enfrentados na implantação eleüva
dealgumas das mediam propostas.
Obsewamos que alguns instrumentos nâo estão sendo pos-
tos em prática por tara ou de capacklades técnicas B institu-
cionais ou de um interesse polRiooreal Esse seda o caso da
zoneamento ambiental ou da responsabilidade criminal pela
degradação do meio ambiente.
Outros sofrem uma çonfrantação com a realidade: sua apll-
cõçáo será mais ou menos bomsucedida segundo as condi-
ções políticas e insütucimais de cada órgão ambiental. Nes-
M sRuaçãa $e encontram a imHantação do sistema de licen
ciamenlo e do processo de análise dos Relatórios de Impac-
k)s Ambientais(RIMA), a criaçãodos ConselhosEsta
duais do Meio Ambiente ou o atendimeílb às decisões do
CONAMA.
A política ambiental brasileira
uma avaliação critica
Constata-se, a partir dessa retrospectiva, uma evolução $1g
nKicativa na concepção das polRicas ambientais brasileiras.
não acompanhada. na prática. porém. das resultados espo
Fadosquanto a manutenção B m thorla das condições de vb
da B preservação dos recursos naüirais. A seguir. analisa-
remos alguns temoresque vêm consütuindcpse em obstácubs
à aplicação dessas polfücas B autilização ehcaz dos instn-
mentos disponheis.
De modo geral, podemos abwrvar uma grande disparidade
ente retórica e realidade: a legislação ambiental brasileira
acompanhou a evolução da experiência internacional e da
tou-se de novos instrumentos. extremamente sofnücados.
Assim, essa legislação é das mais avançadas do mundo
 PaiRlcwambienhise desBnvolvinBnoniDBm$il
quanto a sua forma. No entanto, as condições e os meios
reais de sua aplicação se apresentam multo limRados.
Uma das possíveis causas dessas limitações seria a essa
ciação entre os oUeüvos das Mílcas amUentãs e as es-
fralygfas dp desenvobfrnurtfo ad)fadas. A Inserção de parâ-
metros ambientais no processo decisório depende de vonta-
de polRlca,que se exprlmiriaem todos os níveisda planaja-
mentoi au seja, no estabelecimento de polhicas. programas.
planos e profetas. nas leis e regulamentos e na partilha de
recursos. Uma voz que a gestão do meio ambientefoi consi-
derada um objetivo marginal e até mesmo conHltanteem rela-
ção a abjeNvos mais imediatas. cano Q crescimento eçonb
único,a questão ambiental se viu relegada a segundo plano
ngs prioridadesgavernamontais.
Outros falares polRicos deverão também ser considerados.
em especial os referentes à capacidade de cúnfrde sacia/
das decisões que afetam Q meio ambiente. O primeiro des-
ses fak)res seria a asslínuú7ade poder, gerada pelo peso
dos poderes públicos em relação aos demais atires sociais.
nos processos de decisão de grandes projetos de desenvol-
vimento. Assim. os interesses do Estado nacional $e sobre-
pariam aos interesses locais e regionais. promovendo desi-
gualdade na partilha espacial dos cusbs 9 benefícios; en-
quank) os benefícios do desonvalvimenlo seriam teorica-
mente distribuhos pelo conjunto do espaço nacional, os seus
custos ambientais e sociais seriam apropriados. em primeira
instância, pelas populações locais..
A presença do interesses sociais caófrpdHór©s também de-
ve ser considerada Por um lado, há interesse, por parte de
determinados amoressociais. em evâar a discussão das
custos sociais e ecológicos, pois a inclusão desses custos
pode eventualmente reduzir ceras nurgens de lucra. ou
mesmo inviabilizar alguns prajetos, Deve-se levar em conta
que a apropriaçãode bens sociais por setoresprivados tem
sdo uma caraçterlsüca marcante do modelo de desenvolvl-
menb adorado até o presente. Por ouço lado. a organização
dos copos socids e comunidadesafilados por palatos de
desenvolvimenb mostra-se ainda precária e incipianb na
maioria dos casos. O acesso aos meios de expressão e co-
municação desses abres sociais é ainda bastanb limitada.
assim como o acesso à inbrmação. Estas são restrições
signiücaüvas à sua pnticlpação no$ processos de negocia-
ção socialdos projetos.
Outro aspecto imporbnte diz respeito à inadequação da agua
quadro institucional pua Q planelamenb e o gerenciamento
ambóentd. Um dos principais falares dessa inadequação é a
presença de inlemsses satod s coníradMrüs, segundo as
atribuições de cada instância de governo: prefeituras. minis-
térios. empresas mistas etc. Como vimos anlorlormente.a
polaca de administração do recursos naturais pautou-se por
um carâter marcadamentesetorial.que teve profundasin-
fluências na organização insüucional pua D tratamento da
questão ambiental.Como conseqüêncu dessa polRica,ob.
serva-se uma tendênci% entre os ólgâos setoriais, à defini-
ção de suas esualêgias segundo uma racionalidadecoípora-
bvista e limitada. A dispaa por recursos e poder entre órgãos
setoíims conduziu a uma doida demarcação de competên-
23
das, tendo inclusive difiçuRadoas tentativas de coordenação
interinsbluclonal, noçessária à implementação de pdRicas
ambientaisintegradase abrangentes.
A superação desses eonflüos foi tentada através da cHação
de um Órgão "setoriaf' também para o meio ambíênte: Q Mi-
nistéHo de Habitação. Urbanismo e Meio Ambiente. No en-
tanto, as dlHculdades e a ineHcácia de um tr81amenlo setoHal
da questão ambiental, somadas à pouca força polRicado Mb
mistério em relação aos demais 8 à mngtnalizaçâo da área
de meb amNente dentro do própüo Ministêlia, culminaram
com sua recente desativação.
Outro fab a ser considerado é Q de qw as instituições exi+
lentos não estão aparelhadaspara garanlr a transparência
do processo decisório. Essa é uma das conseqüênclas de
uma .cultura polRica vigente. de caráter centralizador. que
conduz a uma falta de explicitação dos critériosde análise
e tomada de decisões, substituRia pw uma delegação de
nsponsabilidades aos üçnicos. Portanto, a dirnlensácpolniça
da definição dos critérbs de qualidade do mob ambiente é
diminadn estes são apresentadosenquantodeHvaçóeslógb
cas de um conhecimento çientRioo objetivo e independenb
das mplrações B intensses sociais. 12 É o caso. porexem-
plo, da avaliação de impactos ambientais(AIA). onde a con-
íiabilidade dos estudos e dos critérios de avaliação é supos-
tamente garantida peh exigência de 'uma equipe muhidisci-
pinar habilitada, não dependeMe direta w indiretamente do
proponeMedo praceta' {Resolução CONAMA'tP QD1/86).
Haveria ainda a necessidade de reforça institucional. espe-
cialmenteem nNel local e regbnal,que desse suportea um
modelo descentralizado de gerenciamenlo ambiental. À mo.
dadaque fossem bçalizados muitos iitpactos ambientais. po-
der-se-ia conseguir maior eficácia, caso a$ oamunidades
afetadas tivessem condições de intewir em seu gorencia-
mentoe controle.
Na prática, as diversas oposições à implantação de uma po-
lítica amUental eficaz traduzir»se numa mnsfanfe Jâlü de
recursos para a área amhbntaf- que $e remetenas condições
técnicas e materiais de trabalho dos órgãos governamentais
de meio ambioMe.Assim, a Implantaçãodas esüatêgiase
nstrumenlos propostos faz-se de maneira precária. na íalEa
de meios adequados de pesquisa. controle e fiscalização.
Soma-sea isso a Jâln de aapaaf8çãa fécdca d)s órgáas
ambientais para a ap#caçâodos novos üsRumenlos da M-
oca amNenlaf. Poí exemplo. há uma escassez generalizada
de quadros técnicos e gerenciais capacitados para a elabo-
ração e análise de RiMAs dentro das exigências legais. tanto
o selar público como no privado. Os esforços dos órgãos
ambientais na formação e &einamenb de pessoal têm se
mostrada Ineficazes. devüo ao fenOmenada evasão desses
especialistas para o selor privado. graças à oferta de salários
mais elevados e de melhores condições de kabalho.
le No enlanloi Comoindica Ualme(19e3). Q esiabelecinenudecrüó
ia$ e parâmetos amblenbb não é im processo mnânim, rnB9a
expns$ão de cor#lilosepbt8mológlcw. filHola$ de regulação.tm-
dlÇÕe9nacjonab, valom$ $odai9 e aHRJdes
pioflsslonal$.
r

FalHeM amblenuis e desenwlvimerib no Brwi

Conclusões Referências bibliografias

A evotuçãa das polacas ambientais brasileiras. aqui analisa- ALMEIDA.M.O.

da. caracterizou-se pela adição de grande número de estra- 19B2 Economia developmeM and the preservation of
tégias e instrumentos e por $ua pemlanência ao longo das envíronment In: Devefq)menuand
ÜKimasdécadas. No entanto.essas abordagensse acres- er v#onmpflr. ralis. Mwton.
centam $em um real questbnamento quanto à sua eHcácia. FBCN - Fundação Brasileira puro Conwrvação da Natureza
compatibilidade ou coerência. Por ocasião da elaboração da 1983 Leglsfação c» conservação d9 n18rweza. são
mva Constituiçãoe de $ua regulamentação.
faz-se oportuna Paulo.CESP.
B recossâria uma revisão aprofundadadõs palRicasanil HAHN.C.etalii
bipntais brasileiras, no sentido de melhor adapta-las à rnva t984 A&fod)bgapam associação dp pafuenfps
realidadesocial. econõmic8. instüucbnal e juddlce do Pais. almas/#iws ccvnocausas da agrava â satid9.
São Paula, Fawldüdo de Saúde Pública. mima
MAIONE.G.
lsn Imp6ca uma reformui8ção das estratégias atuai$. rn 1983 $clence and tens-sclence in steítdad
smüdo de se adorarempolRlcasde desenvolvhnentoe meb setting. Scfertce.r8chnobgr& Human Ualues
umbleMO iMegradas e abrmgerHe$. envolvendo o planeja- g.n., wldor.
mento e gennclamento global de recursos amblentüis. 6 NONOSOWSKI. E.
também de $e criarem instrumentos 8 tornas de orgartizaçâo
t986 Avaliação de impacto ambiental; perspecllva8 de
adequadasaessesobjeüvos. aplicação
em paísesdoterceiromundo. Slílopses.
Sâo Paulo.jun.
MONTEiRQ. C. A. F.
Em parbçular. a adição continua de novos e mais soüsüca-
1981 4 quosfâaapnüertfafno
8rasit f%a-í980. São
dos instrumenbs para Q phnejainwnto e o gerenciamonto
PeDIa.rGBOG-USP.{Tesee monografias. 42}.
ambiental tamt)ém deveria ser reavaliada. Antes. deveriam
ser adequadamente compreendidas e expbradas as potes. ROMPEU. Cid Tomanik
cialldades 6 llmiteções dos instrumentos existentes. no con- 1978 Legislação amHenial aplicável às grandes
represas. eüsla DAF. São Paulo. ano 38. n.llfi
texto do planejamento para a desenvolvimento. Sua uülizaçâo PP.s&®.
ndiscdmlnada, enquanto um substituía à adição do estraté-
VAN ACKER. F. T. & GOUVEA. Y. M. G.
gias mais abrangentes. poderá comHometer a eficiência dos
1985 1.egos/açâa;regiões metrapQlüanas,proteçâo dos
nstrumentos. dada a fará de capacidades técnicas e geren- mananciaise zoneamentoIndustrial São Paul.
ciàs para $ua cometa aplicação. CETESB.