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ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
DISCENTE: Leonardo Botelho Dória DRE: 114153329
DOCENTE: Rodrigo Almeida Cruz DISCIPLINA: Legislação e Ética
TURMA: Publicidade e Propaganda SEMESTRE: 2017.1
Apesar de ser categorizado como uma comédia, o filme “Obrigado por fumar”
(2005) traz em seu enredo uma discussão pertinente e bastante importante nos dias
atuais: a influência da publicidade nos hábitos de consumo das pessoas. Focado mais
diretamente na indústria do tabaco, a crítica apresentada no longa pode também ser
aplicada às indústrias do álcool e das armas de fogo, além, é claro, da grande mídia e do
governo que, direta ou indiretamente, exercem influência nesse ciclo vicioso.
A forma como o personagem Nick Naylor age por conta da sua profissão traz à
tona uma discussão em torno do quão ético são suas atitudes. Como o mesmo menciona
no filme, ele tem o papel de “vender morte”, muito embora utilize a premissa de que
exista uma liberdade de escolha por parte dos consumidores, já que nada é imposto,
ainda que haja uma manipulação pautada no convencimento. O seu modo de agir
aparenta, num primeiro instante, não ser uma atitude ética, mas se analisado
cuidadosamente, percebe-se que ele não fere os princípios éticos, pois está vendendo
apenas um produto – assim como uma empresa vende um celular, por exemplo – e as
pessoas optam por consumi-lo ou não, mesmo tendo noção dos malefícios que isso pode
trazer à sua saúde.
Desse modo, Naylor não age contra a ética ou valores morais, ele apenas já está
acostumado a lidar com essa situação que sua profissão exige, tendo, portanto, uma
frieza já naturalizada. O personagem traça uma comparação no próprio filme ao
exemplificar o papel de um advogado ao defender um assassino, pois aparenta ser um
absurdo perante os princípios éticos, mas é preciso lembrar que existe a possibilidade
dele não ser um assassino. Assim, Naylor cumpre o seu papel de vender um produto por
meio de suas técnicas argumentativas, mas a responsabilidade de consumi-lo parte de
cada um. Por mais prejudicial que seja o consumo do cigarro, trata-se de um produto
cuja venda é permitida, portanto, não descumpre a legalidade.
O que se pode notar, entretanto, é que a ética de uma sociedade vai se moldando
com o tempo, onde algo que antes era visto com bons olhos, pode simplesmente ferir a
moral e os bons costumes (e vice-versa). O próprio cigarro por um bom tempo foi
considerado objeto de requinte e glamour, sendo bastante utilizado em peças
publicitárias, filmes e novelas. Com o passar dos anos e com pesquisas comprovando os
malefícios do cigarro, aumentou-se o número de campanhas antitabagismo, tornando-o
um dos grandes males do século.