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O texto na linguística textual – Koch e Elias (2016)

A linguística de texto (LT) surgiu durante a segunda metade da década de 60 na


Alemanha e chegou ao Brasil nos anos 80, tendo como um de seus grandes expoentes
Marcuschi, Koch e Fávero.
Segundo Koch e Elias (2016), à princípio, a LT compreendia o texto era como a
unidade básica de comunicação e de interação social. Essa concepção foi se ampliando e o
texto passou a ser encarado como o resultado de uma multiplicidade de operações cognitivas
conectadas, assim como uma “entidade multifacetada”, e “fruto de um processo
extremamente complexo de interação social e construção social dos sujeitos, conhecimento
e linguagem” (Koch, 2004: 175).

TEXTO COMO OBJETO MULTIFACETADO: CONHECIMENTOS E INTERAÇÃO

O texto é feito por sujeitos que apresentam uma bagagem cognitiva, sociocultural,
histórica e interacional. Por tanto, é necessário entender para que o processamento textual
aconteça é preciso que o interlocutor/leitor mobilize um vasto número de conhecimentos
diversos. A superficie material do texto não revela todos os seus sentidos.
Para o processamento é preciso: identificar o intertexto, realizar a ligação entre o
intertexto e o texto, saber qual é o tipo de modelo textual e conectar o texto ao conhecimento
de mundo.
De acordo com Dascal (1999), quando alguém produz um texto, essa pessoa
compartilha parte de seu contexto mental com o interlocutor/leitor para tornar a
comunicação possível.
Por mais importante que a materialidade linguística seja para a apreensão dos
sentidos de um texto, ela sozinha não é suficiente para o processamento textual. A superfície
do texto, suas formas e estruturas revelam apenas a ponta do iceberg das informações
contidas em um texto.

TEXTO E PRINCÍPIO DE CONECTIVIDADE


Cada texto aciona diversos tipos de conhecimentos (de mundo, linguístico,
procedural, enciclopédico, interacional, social, entre outros), motivo que faz com que
Beaugrande (1997) considerar os princípios de textualidade (coesão, coerência,
situacionalidade, informatividade, intencionalidade, aceitabibilidade, e intertextualidade) as
mais importantes formas de conectividade, pois possibilitam a conexão entre o texto e os
contextos humanos em que ele ocorre.
O texto só é texto, pois existem conexões entre o texto, o sujeito e a sociedade.
Koch (2004, 170) afirma que as formas de conectividade são condições para uma ação
linguística, cognitiva e social.
A partir de uma abordagem pragmático-cognitiva da textualidade, Koch (2004)
entende que não há separação entre os princípios de textualidade, eles estão
simultaneamente centrados no texto e no usuário. Eles não são características encerradas no
texto e não podem ser critérios para julgar se um texto é coeso, ou coerente etc. Ela também
afirma que a coerência é a confluência de todos os princípios de textualidade, aliados a outros
processos cognitivos, como o conhecimento enciclopédico, o conhecimento compartilhado, o
conhecimento procedural etc.
As informações que um texto apresenta na maioria das vezes estão implícitas, assim
“[...] a coerência é uma construção “situada” dos interlocutores” (Koch, 2004: 47). Ele possui
um conjunto de instruções que indicam como ele deve ser assimilado, ajudando na sua
interpretação.

TEXTO E CONSTRUÇÃO DE SENTIDO

A coerência não é uma propriedade textual que possa ser localizada precisamente no
texto. Ela é resultado de um processo cognitivo complexo e fruto de colaboração entre o
locutor e o interlocutor ou entre o escritor e o leitor. Ela é construída quando o ouvinte/leitor
estabelece conexões entre o texto, o conhecimento de mundo e o conhecimento
sociointeracional.

TEXTO, CONTEXTO E SENTIDO

Pode ser entendido como um conjunto de elementos linguísticos, cognitivos e sociais.


Van Dijk (2012:11) afirma que os contextos são “constructos (inter)subjetivos
concebidos passo a passo e atualizados na interação pelos participantes enquanto membros
de grupos de comunidades”. Assim, ele se reconfigura a partir das interpretações feitas no
momento da interação.
O contexto é muito importante para que aconteça a coerência. Ele engloba
elementos linguísticos, a situação de interação imediata, aspectos sócio-político-históricos e
cognitivos, avaliando o que é pertinente na interação, esclarecendo enunciados, alterando o
que foi dito e preenchendo lacunas do texto causadas pela presença de referentes que exigem
a mobilização de informações compartilhadas.
A anáfora é um instrumento de referenciação que possibilita a continuidade tópica.
No caso da anáfora indireta, é preciso se ancorar no texto para construir sua interpretação.

ESTUDOS SOBRE O TEXTO: PERPECTIVAS FUTURAS

Recentemente a LT vem focando nos estudos sobre a referenciação, topicalização,


coerência, contexto e a hibridização da modalidade - escrita, a multimodalidade e a
hipertextualização.
O hipertexto é formado por links e apresenta marcas características do contexto no
qual é vinculado.
Assim, é necessário que os modelos teóricos-analíticos sempre se reconfigurem e
atualizem para conseguir compreender os textos, que estão cada vem mais complexos.

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