Professional Documents
Culture Documents
1
I - Sistema de Estados e Limites Internacionais
1
Departamento de Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Pesquisadora CNPq.
2
reconhecimento de direitos mútuos, sujeitos a uma lei comum no interior de um território,
abrindo caminho para a identificação do ‘povo’ com o Estado. O processo de identificação
do povo com o Estado (“o consentimento ativo dos governados”, na expressão de Antonio
Gramsci) exigiu a mobilização da antiga noção de nação como elemento de mediação entre
um e outro. Estado-nação é o estado que faz do nascimento (o nativo) o fundamento de sua
própria soberania (Agamben, 2000:20).
Sobre a nação e seu papel na determinação dos limites do estado moderno, o
filósofo Christopher W.Morris (1998) argumenta que a idéia de identificação é crucial,
tanto mais quando um dos principais aspectos da modernidade é a instabilidade, a posição
do indivíduo no mundo tornando-se cada vez mais fluida. Enquanto no passado a
identidade de uma pessoa era determinada por seu lugar na comunidade em relação às
hierarquias sociais e cosmológicas, em tempos modernos a sociedade de massa foi sendo
tecida por redes diversas de identidade. A nacionalidade como fonte da identidade teria
surgido da necessidade das comunidades modernas serem reconhecidas e terem algum
conforto frente a um mundo instável e indiferente, ou seja, compartilhar língua, cultura,
tradições, história permite que pessoas reconheçam umas as outras, com a vantagem
adicional de facilitar a cooperação e a proteção.
Numa interpretação original, R.H. Crossman (1969) sugere que a mística da unidade
nacional e da igualdade social suficientemente forte para unir o povo a uma nova sociedade
capitalista que tinha muito poucos benefícios para oferecer-lhe foi conseguida por
Napoleão na França pós-revolucionária. Pesquisas recentes demonstram, no entanto, que
mesmo na França, considerada o paradigma do estado-nação, setores da população não se
consideravam membros da nação francesa até a primeira guerra mundial (Morris apud E.
Weber, p. 237). A pesquisa de Eugen Weber, aliás, nega a difundida crença de que o Brasil
seria um caso excepcional por ter o ‘estado sido criado antes que a nação’.
Seria a nacionalidade que determinaria a norma para a legitimidade das unidades
políticas no mundo moderno, segundo Ernest Gellner (1983), mas também, um século antes,
Johann Fichte (1807-08). Para Fichte, de certo modo seguindo a G.Herder (1772), os
primeiros, os originais, e verdadeiramente naturais limites dos estados são os limites
internos, que emergem dos laços invisíveis gerados pela mesma ascendência e a mesma
língua, em outras palavras, pela totalidade de uma cultura. Enquanto Fichte afirma a
3
superioridade da ‘lei natural’ da língua e da cultura sobre a ‘lei natural’ dos rios e
montanhas, o francês Ernest Renan (1882) considerava o ‘espírito da nação’ como a
principal condição da identidade nacional, um princípio espiritual gerado por um legado de
memórias comuns e pelo consentimento ativo, o desejo de viver em comum. A percepção
abstrata da identidade é encontrada também na obra de P.Vidal de la Blache,
contemporâneo de Renan, com sua noção de ‘tipo nacional’, e seu corolário, o “tipo
regional”. Segundo Vidal, o sentimento de identidade poderia ser expresso, em termos
geográficos, como um território específico que é objeto das projeções espaciais de um povo.
Por certo, a noção de ‘tipo nacional’ foi mais tarde desenvolvida pelo também geógrafo
Jean Gottmann (1952) no conceito menos folclórico de iconografia.
O segundo processo constitutivo do atual sistema de estados nacionais é de natureza
econômica. Giovanni Arrighi (1996), por exemplo, atribui o moderno sistema interestatal, e
com ele um novo sistema mundial de governo, à coalizão de Estados dinásticos liderados
pelos holandeses e ratificado no Tratado de Vestfália (1648), que aboliu a existência de
uma autoridade ou organização acima dos Estados soberanos, além de legitimar os direitos
absolutos do soberano sobre territórios mutuamente excludentes2. Vestfália também teria
tido um objetivo social, ao estabelecer o princípio de que os civis não estavam
comprometidos com as disputas entre os soberanos, o que veio a garantir a liberdade do
comércio e de intercâmbio entre as classes cultas dos principais países europeus mesmo em
tempo de guerra entre eles (princípio que, com algumas adaptações, foi mais tarde
incorporado ao Tratado de Madrid, 1750). Ainda para Arrighi a reorganização do espaço
político a bem da acumulação de capital marcou o nascimento não só do moderno sistema
interestatal, mas também do capitalismo como sistema mundial.
Podemos afirmar, assim, que no âmbito do sistema interestatal e do sistema
capitalista, o limite internacional é um princípio organizador do intercâmbio, seja qual for
sua natureza, não só para os territórios que delimita como para o sistema interestatal em
seu conjunto. É nesse sentido que vários autores atribuem ao limite internacional o papel de
regulador das relações interestatais.
Quais os tipos de intercâmbio mediados pelos limites internacionais? O cientista
político Friedrich Kratochwil (1986) sugere uma abordagem sistêmica à questão, ao partir
4
da premissa que os estados modernos constituem um sistema (entre outros) de organização
social, caracterizando-se por pertencer a uma ordem de tipo territorial. No âmbito desse
sistema, distingue três tipos de intercâmbio. No plano mais fundamental está o intercâmbio
entre a unidade territorial delimitada e seu ambiente, o conceito de ambiente servindo como
uma categoria residual que compreende todos os fatores relevantes não incluídos sob o
conceito de unidade. Mudanças significativas na função dos limites ocorrem a partir de
mudanças no ambiente. Um segundo tipo seria o intercambio entre a unidade territorial
delimitada e outras unidades. A natureza e amplitude do intercambio é influenciado pelo
agente que mantém os limites de cada unidade, o estado-governo. O terceiro tipo de
intercambio é entre o centro da unidade e sua periferia, onde implícita é a questão da
percepção e aspirações dos habitantes da periferia em relação ao centro e vice-versa. A
abordagem sistêmica apresenta outras vantagens além daquela de permitir compreender a
relação entre redes de intercambio e território, como veremos adiante.
A simbiose entre o sistema interestatal e o sistema de acumulação capitalista
recobre relações [de intercambio] dinâmicas. A evolução atual dessas relações sugere que o
poder organizador e regulador dos limites interestatais ou, mais concretamente, o poder
organizador e regulador dos estados nacionais está sendo solapado, desde dentro e desde
fora de cada estado, pelo aumento de intensidade e complexidade dos intercâmbios não-
estatais. Indivíduos, comunidades, corporações, organizações, redes de solidariedade, redes
de informação, baseados nos interesses mais diversos, constituem hoje uma teia em escala
planetária difícil de ser manipulada ou mesmo controlada por cada estado, por mais
poderoso que seja. Pode ser uma situação de curta duração caso as tecnologias de poder dos
estados acompanharem essa evolução. Por ora, o que é interessante nessa teia é que ela não
é só econômica, no sentido estrito do termo, mas inclui intercambio de símbolos e imagens
que competem com a iconografia do estado-nação.
Há uma extensa bibliografia sobre essas mudanças, mas a nós importa particularizar
um aspecto delas, devido aos seus efeitos sobre o fundamento legal dos limites interestatais.
É a crescente e avassaladora onda de ‘ilegalidades’ observadas tanto no âmbito interno
como externo aos estados nacionais. Não estamos nos referindo aqui à corrupção ou a
2
O Tratado dos Pireneus (1659), que criou uma comissão conjunta para decidir a linha de demarcação entre
Espanha e França, inaugurou o primeiro limite oficial no sentido moderno.
5
outras atividades criminosas e sim às ações e comportamentos situadas em paralelo às leis
de cada estado e mesmo às leis internacionais.
É no campo econômico onde a visibilidade dessa crescente ambigüidade do
legal/ilegal é maior. O que é evasão fiscal para o Estado (dinheiro sem registro, que cruza
os limites do estado), por exemplo, é visto como proteção contra a desvalorização, ou busca
de valorização de capitais para seus cidadãos ou empresas, ou ainda uma legítima bolsa de
capitais para outros tantos. O que é considerado atividade ‘informal’ pelo Estado, no
sentido estrito de não obedecer às leis vigentes, pode sustentar a economia de cidades,
regiões e países. Os contrabandos instituídos, que operam redes de distribuição de
mercadorias legal ou ilegalmente produzidas, perpassando os controles localizados nos
limites de cada Estado ressurgem em seu interior como mercadoria nacional ou mesmo
importada, alimentando um mercado paralelo à balança (formal) de importação/exportação,
uma situação tolerada por governos e por cidadãos mundo afora. O mercado paralelo de
moedas estrangeiras, tolerado pelo Estado, ou as moedas “sem estado” (stateless monies),
que transitam entre paraísos fiscais, porém sob a proteção do sistema interestatal são outros
exemplos bastante visíveis da ambigüidade entre o que é “legal” e o que é “ilegal”, uma
ambigüidade que podemos derivar da mutação dos fundamentos do sistema interestatal.
Ações que eram até passado recente associadas, pejorativa e exclusivamente, às
zonas limítrofes dos estados fazem parte hoje do cotidiano nacional/internacional. É o caso
das economias de arbitragem, onde lucros (e perdas) são obtidos devido a diferenciais de
câmbio e juros; diferenciais de legislação ambiental ou trabalhista; diferenciais de regime
político ou normas institucionais, todos explorando, legal e ilegalmente, a existência dos
limites internacionais (Machado, 1996; Anderson, O’Dowd, 1999).
Em síntese, no sistema interestatal os limites internacionais definem, do ponto de
vista formal, o perímetro máximo do controle efetivo exercido por governos centrais. Em
segundo lugar, os limites constituem um fator de separação entre unidades territoriais.
Terceiro, os limites do estado moderno tem caráter legal, fundamentado no conceito de
soberania. Quarto, a legitimidade desses limites é dada pelas leis internacionais, mas
principalmente pelos integrantes do estado, em nome de certos valores, lealdades e
identidades. Quinto, o limite territorial embora seja um conceito mais antigo que o sistema
capitalista passou a representar com a expansão deste não só o papel de regulador, mas de
6
produtor de redes de intercambio de todo tipo. Os efeitos dessa mudança sobre o estado
nacional (governo + sociedade civil + território) constituem hoje uma arena de debates
acirrados que ultrapassam em escala e intensidade qualquer tensão ou conflito nas regiões
limítrofes dos países.
7
casos mais famosos, a expansão para o oeste nos Estados Unidos do século XIX (Silva,
2001).
Ainda em relação ao tratamento da questão da fronteira pelos romanos, Friedrich
Kratochwil (1986) chama a atenção para a existência jurídica do limite somente na esfera
privada legal, ou seja, no governo dos direitos de propriedade. A ager publicus ou domínio
público não tinha limites; terminava em algum lugar, mas o fim não era especificado por
nenhuma linha legalmente relevante (a expressão usada era fines esse). Por conseguinte, o
limite era essencialmente uma zona fluida onde tribos tributárias e legiões romanas com
seus recrutas bárbaros eram usadas para garantir a paz. Foi precisamente na esfera privada
legal consubstanciada no Direito Civil romano que os idealizadores do Tratado de Madrid
(1750) foram buscar, nos capítulos consagrados ao direito de propriedade e posse sobre
terras, a noção de uti possidetis, deslocando-o para o campo do Direito Público, de modo a
resolver a questão da expansão das fronteiras de povoamento. (Machado, 1989). 3
A associação entre impérios e processos de expansão é reencontrada na apreciação
que faz o alto funcionário britânico, Lorde Curzon de Kedleton, sobre a evolução do
conceito de fronteira sob a ótica da Pax Britannica. As guerras modernas, afirma Curzon,
serão guerras de fronteira, causadas pela expansão de estados e reinos, ou para recuperação
de uma ‘fronteira nacional’, ou pela revolta de povos de fronteira. Mesmo no âmbito das
possessões européias na Ásia e na África, a questão do direito de posse sobre uma fronteira
contígua continuava a causar tensão entre as potencias imperiais, e lutas entre eles e os
povos ou tribos de fronteira. Não obstante, afirma Curzon, o ímpeto expansionista
estimulado pelo rápido crescimento populacional e a busca por novos mercados que
caracterizava as ações das grandes potencias anunciava um regime internacional de
estabilização das fronteiras. Fatores novos, como a contração dos espaços ‘vazios’ no globo,
multiplicação de punições, neutralização dos estados mais fracos, divisão do mundo em
esferas de influencia das grandes potencias, tenderiam a criar um 'equilíbrio', mesmo que
instável, entre as potências.
A influencia da Geografia Política (1897) de F.Ratzel aparece em muitos trechos do
texto de Curzon, apesar deste ponderar que posição geográfica, caráter do povo e agentes
3
Uti possidetis se traduz no direito de posse efetiva adquirida por ocupação e uso do território, e foi aplicado pelos
castelhanos e portugueses antes da formação de estados nacionais na América Meridional. O mesmo principio foi
8
físicos não eram as únicas causas atuantes no desenho das fronteiras. A despeito das
inúmeras críticas dirigidas ao geógrafo alemão em vida e depois de morto -- ser um
convicto nacionalista, um entusiasta do império alemão, ter buscado leis onde elas não
existem, ou ainda fazer uso de determinismos sem fundamento, Ratzel conseguiu captar na
noção de ‘espaço vital’, e na metáfora do estado como ‘organismo vivo’, os movimentos de
expansão da fronteira territorial do sistema capitalista no século XIX.
Um primeiro movimento seria de expansão das ‘fronteiras’ externas de alguns
estados sobre territórios contíguos e não-contíguos (as colônias dos impérios), envolvendo
primordialmente as potencias européias em suas lutas hegemônicas; o segundo movimento,
a expansão das ‘fronteiras’ internas do estado, o exemplo paradigmático sendo a ‘fronteira
móvel’ norte-americana. O que Ratzel não poderia prever é a existência de um terceiro
movimento, a expansão não territorial e sim sistêmica das ‘fronteiras’ do regime capitalista,
ao incorporar as ‘mentes e corpos’ dos povos. Neste sentido sua teoria já nasceu manca, ao
reduzir exclusivamente ao território e ao Estado a ‘teoria’ do espaço vital 4. As abordagens
de tipo geopolítico, as lutas por domínio de mercados e de zonas de influencia, ou a
'segurança nacional' de um estado não estão muito distantes do espaço vital em seus
argumentos e justificativas, somente o vocabulário é mais sutil e não aparece sob a forma
de teoria e sim de doutrinas.
‘Espaço’ não é território, do ponto de vista teórico. Donde a expansão e domínio de
redes de intercambio e de poder por estados, corporações ou organizações supõe um
processo de incorporação de espaços econômicos, políticos e simbólicos, e não somente do
espaço geográfico no sentido de anexação de territórios pertencentes a outros estados. Por
conseguinte, se é certo que não há lugar para a ‘teoria’ do espaço vital na perspectiva de
estabilidade do sistema interestatal, desde logo existe um lugar para ela quando a
estabilidade é vista como contingência, não como determinação. Situações de instabilidade
e não de estabilidade caracterizam o sistema interestatal, uma derivação da propriedade de
ser um ‘sistema aberto’, submetido às flutuações das redes de intercambio e sujeito a
agressões e conflitos de interesse entre seus componentes, os estados nacionais. Em
princípio, cada estado pode definir (mas não legitimar) aquilo que é ‘vital’ a sua
aplicado depois da constituição do estado nacional do Brasil na resolução da maior parte dos processos de delimitação do
território brasileiro, inclusive o do Acre, devido, sem dúvida, aos conhecimentos e visão global do barão de Rio Branco.
9
permanência. É nesse sentido que a ‘teoria’ do espaço vital é ainda congruente com o
sistema capitalista atual.
Os cunhos militares, imperiais, ou imperialistas dados aos processos de expansão de
fronteiras territoriais não dão conta de outros processos territoriais - de povoamento,
colonização e interação – vinculados à noção de fronteira. Quando empregada para
designar tais processos é que se torna apropriado associar “fronteira” às noções de ‘zona’
ou ‘região’ como entidades geográficas. Por outro lado, a zona ou região de fronteira
internacional apresenta uma posição geográfica singular, a saber, sua proximidade à linha-
limite que divide estados soberanos. No sentido mais geral, a noção de fronteira
internacional como lugar de interação, de comunicação, de encontro, de conflito, advém da
premissa de que estamos na presença de sistemas territoriais diferentes e de nacionalidades
distintas. A vida de fronteira’, como concebida em autores clássicos como Isaiah Bowman
(“pioneer fringe”) ou F.J.Turner (“frontier spirit”), ou no mais recente ‘identidade de
fronteira’, o a priori é a diferença da fronteira em relação ao hinterland, ou seja, ao espaço
consolidado do estado nacional, a fronteira como lugar das possibilidades em oposição aos
espaços já apropriados e estruturalmente refratários à mobilidade.
4
A mesma metáfora usada por F.J.Turner [1893] (1920) para descrever a fronteira móvel norte-americana; ao contrário de
10
III - Zona de Fronteira e Cidades-Gêmeas
Ratzel, para Turner não é o Estado e sim o povo o ‘organismo vivo’ que, em sua expansão, funda a nação e uma cultura.
11
desperdício de recursos. É também reflexo de uma concepção de zonas de fronteira como
regiões defensivas, fechadas e orientadas para dentro. Paradoxalmente, mesmo que
permaneçam concorrentes essas regiões são levadas a formar alianças, ainda que para
competir com outras díades – ou tríades - de seus próprios países ou de países limítrofes.
12
esses motivos é que as cidades-gêmeas devem constituir-se em um dos alvos prioritários
das políticas públicas para a zona de fronteira.
13
concentradas na orla Atlântica e nos altiplanos andinos. A localização geográfica das
existentes decorre de diversos fatores, entre eles, a disposição dos eixos de circulação
terrestre sul-americanos, a densidade do povoamento (caso da Bacia Amazônica), a
presença de grandes obstáculos físicos (caso da Cordilheira Andina) e a história
econômico-territorial da zona de fronteira (importante nos Arcos Central e Sul da fronteira
brasileira).
Como de se esperar, o quadro indica que o predomínio de vias fluviais como linha
fronteiriça embora não seja fator impeditivo para o aparecimento de cidades geminadas,
inibe em muitos casos seu potencial de crescimento. O maior número e as mais importantes
cidades-gemeas ou estão localizadas em fronteira seca ou estão articuladas por pontes, seja
de grande ou pequeno porte. O predomínio de linhas de fronteira fluviais exigirá dos
Estados limítrofes disposição política e investimentos importantes na construção de pontes
e estradas que facilitem e promovam a articulação e a integração sul-americana.
Três aspectos devem ser ressaltados na geografia das cidades-gêmeas na fronteira
brasileira com outros países da América do Sul. O primeiro é que a posição estratégica em
relação às linhas de comunicação terrestre embora possa explicar a emergência de muitas
cidades-gêmeas não garante nem o crescimento nem a simetria urbana das cidades, muitas
vezes reduzindo-se a povoados locais. É o caso das estratégicas aglomerações de Oiapoque
- Saint George (GF) na subregião Oiapoque-Tumucumaque, a nordeste da Amazônia
brasileira, ambas não ultrapassando 10.000 habitantes; ou dos povoados de vila Bittencourt
e La Pedrera (CO) distanciados pelos meandros do rio Japurá-Caquetá; de Brasiléia
(subregião do Alto Acre) e Cobija (BO), onde a última tem o dobro da população da
primeira por ser capital de Departamento de Pando; ou de Corumbá (subregião do Pantanal)
e Puerto Suárez (BO), a primeira quase cinco vezes maior do que a última apesar da
fronteira seca; ou ainda de São Borja (BR) e San Tomé (AR), a primeira sendo quatro vezes
maior que a segunda apesar de articuladas por ponte sobre o rio Uruguai.
Tais assimetrias são interessantes por indicar, além de diferenças de grau de
desenvolvimento econômico dos países, tipos diferentes de economia regional, e dinâmicas
distintas de povoamento fronteiriço. Inserções mais favoráveis no espaço-rede nacional,
condições geoambientais desfavoráveis ao povoamento, ausência de infra-estrutura de
articulação entre as aglomerações vizinhas e os centros nacionais, relações políticas entre as
14
unidades administrativas locais e o governo central são outros fatores que influem sobre a
evolução urbana das cidades fronteiriças.
O segundo aspecto, em parte resultante do anterior, é que a disposição geográfica
das cidades e seu tamanho urbano devem muito à ação intencional de agentes institucionais
(unidades militares, eclesiásticas, jurídico-administrativas). O caso de Tabatinga
exemplifica bem a questão. Escolhida como lugar estratégico pelos portugueses (século
XVIII), lá construíram uma fortificação a margem do rio Solimões, posteriormente
abandonada. No século XX voltou a ser considerada lugar estratégico pelo governo
brasileiro, abrigando hoje importante infra-estrutura militar que ocupa, por certo, boa parte
da área do município. A fronteira seca entre Tabatinga e Letícia e a presença militar
brasileira levou os colombianos a transformar Letícia em capital do Departamento do
Amazonas, o que lhe proporciona infra-estrutura institucional razoável, incluindo uma
unidade importante de comando militar e um aeroporto internacional. Mais recentemente, a
luta colombiana contra as FARC e o tráfico de cocaína (Plano Colômbia) reforçou o
aparato militar com campos de treinamento especializados na luta anti-guerrilha.
Um tipo de diferente de ação institucional se observa em Guajará-mirim (subregião
Fronteira do Guaporé). A Igreja Católica em Guajará-mirim e ao longo da linha de fronteira
do Guaporé até Mato Grosso promoveu e administra hospital, escolas, seminários, ações
sociais, doação de áreas para construção de unidades habitacionais, inclusive para
imigrantes bolivianos. A ação transfronteira da Igreja tem reforçado a integração com a
cidade-gêmea de Guayaramirin (Bol.), apesar da ausência de ponte sobre o rio Guaporé,
contribuindo senão para o desenvolvimento econômico subregional certamente para a
estabilidade da cidade brasileira, apesar dos anos de domínio das redes de tráfico de drogas
na fronteira do Guaporé.
O terceiro aspecto a ser destacado na geografia das cidades-gêmeas é a disjunção
entre o tipo de interação predominante na linha de fronteira e o tipo de interação que
caracteriza a cidade-gêmea nela localizada. Exemplos dessa disjunção são mais notáveis na
Amazônia, onde as zonas-tampão formadas por parques naturais e terras indígenas são
interrompidas por "corredores" de comunicação de tipo capilar ou sinaptico (Bonfim e
Pacaraima na subregião Campos do Rio Branco; o 'corredor' de Cucuí com a Colômbia, na
15
subregião Parima-Alto rio Negro; ou Tabatinga com Letícia (Col.), na subregião do Alto
Solimões).
a) Trabalho
Um dos fatores que apresenta efeitos mais concentrados nas comunidades
fronteiriças em zona de fronteira é o trabalho. As oportunidades que oferece o Estado mais
desenvolvido, sobretudo para a realização de tarefas pesadas descartadas pelos profissionais
qualificados desse mesmo Estado, acarretam ao longo do tempo fluxo de trabalhadores do
lado mais pobre para o lado mais rico do limite internacional. Esse fluxo pode ser
constituído por trabalhadores diaristas ou sazonais, sem qualificação ou semi-qualificados,
formais ou informais, atraídos pelas oportunidades de trabalho e, principalmente, pelos
possíveis pagamentos de assistência social no outro lado. Pelos mesmos motivos também
ocorre saída de trabalhadores qualificados e profissionais do Estado menos desenvolvido
para o mais desenvolvido. Se esse afluxo de trabalhadores reduz as pressões demográficas e
o desemprego no Estado menos desenvolvido, pode também se converter em potencial para
grave exploração de trabalhadores ilegais na região de fronteira do mais desenvolvido.
No caso do Brasil, não existe um marco regulatório único para tratar fluxos de
trabalhadores transfronteira, em geral adotando-se uma política diferente segundo o lugar
geográfico, os interesses brasileiros e a relação com o país vizinho. Tal política se expressa
na preferência por acordos bilaterais em vez de adotar normas e regras aplicáveis a todas as
cidades-gêmeas. Embora justificada pelas diferenças entre cidades-gêmeas e entre países,
os efeitos dessa política são problemáticos em termos de administração e desenvolvimento
regional da faixa e da zona de fronteira, tendendo a reforçar em vez de modificar visões
preconcebidas e assimetrias hostis à integração subcontinental. Na fronteira entre o Rio
Grande do Sul e o Uruguai, por exemplo, um acordo bilateral criou o documento de
16
cidadão fronteiriço, que regulariza e facilita as interações transfronteiriças através da
expedição de permissão de trabalho e circulação para as cidades gêmeas localizadas neste
segmento fronteiriço. Enquanto isso, na extensa fronteira amazônica, a maioria esmagadora
dos trabalhadores encontra-se em situação ilegal, dependendo da tolerância das autoridades
locais. Por esse motivo, grande parte desses trabalhadores ilegais se dedica a atividades
informais de baixa qualificação no lado brasileiro.
Políticas públicas especificamente dirigidas à faixa de fronteira brasileira poderiam
adotar um marco regulatório único para as cidades-gêmeas no que se refere à mobilidade do
trabalho. Além de dificultar tratamento abusivo da mão de obra por parte de autoridades e
empresários nos dois lados da linha de fronteira, instituiria uma forma de controle e
aproveitamento mais eficaz da mobilidade do trabalho.
b) Fluxos de Capital
Mais difíceis de mensurar, devido à relativa imobilidade comparada à alta
mobilidade dos trabalhadores, são os fluxos de capital. Mesmo assim, aqui é necessário
distinguir o circuito 'superior' transnacional dos fluxos e o circuito local transfronteira. No
primeiro caso existem normas do Banco Central (Brasil) que legalizam a entrada e saída de
vultosos capitais estrangeiros (a conhecida CC-5 do BACEN). No circuito inferior, no
entanto, a legislação vigente para a faixa de fronteira, baseada em lei de segurança nacional
impedem que estrangeiros, na condição de pessoa física, possam ser proprietários de
empresas do lado brasileiro, mesmo quando a recíproca não é verdadeira.
Tal situação pode ser observada atualmente entre Ponta Porã (Subregião Cone-Sul-
Matogrossense) e Pedro Juan Caballero (Py). Faz poucos anos dois fatos, o primeiro a
comprovação de que bancos paraguaios naquela cidade eram usados por bancos brasileiros
em operações de lavagem de dinheiro e evasão fiscal, e o segundo, a redução pelo governo
brasileiro da quota de compras em zonas francas de países vizinhos em toda a fronteira
tiveram impacto negativo na economia urbana de Pedro Juan. Apesar dos significativos
investimentos de brasileiros do lado paraguaio, a busca de oportunidades de investimento
de residentes paraguaios em Ponta Porã não é permitida, o que não impede que empresas de
fachada brasileira recebam esses capitais.
17
Em vários lugares do mundo é comum investimento de empresários nos dois lados
da fronteira para se protegerem dessa instabilidade. Tal proibição, que penaliza diretamente
a livre-circulação de capitais nas cidades-gêmeas não incentiva o desenvolvimento
econômico local.
A mesma lei proíbe a instalação de empresas industriais com maioria de ações
pertencentes a estrangeiros, o que não impede, por outro lado, que investidores brasileiros
instalem unidades industriais e agroindustriais do lado menos desenvolvido em busca de
trabalho barato e desorganizado (inclusive trabalhadores brasileiros residentes em qualquer
uma das cidades-gêmeas), e de padrões ambientais menos rigorosos. Os lucros, no entanto,
são invariavelmente drenados através da fronteira para o Brasil.
Caso similar, porém mais complexo, ocorre entre as cidades-gêmeas de Foz do
Iguaçu (estado do Paraná) e Ciudad Del Este (Departamento do Alto Paraná) no Paraguai.
No campo financeiro, a cidade paraguaia abriga mais de uma dezena de bancos paraguaios
e estrangeiros utilizados por nacionais brasileiros e argentinos não só para transações
legítimas como também para operações de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Só que
essas operações são feitas por canais legais e por via eletrônica a partir das grandes cidades
da costa atlântica, não estando submetida à legislação aplicada à faixa de fronteira.
O que se conclui daí é que as coibições sobre movimento e investimento de capitais
aplicadas pela legislação vigente na faixa de fronteira estão completamente defasadas em
relação ao espaço-de-fluxo, característico do mercado de capitais no período atual. Ademais,
pouco contribui para a defesa da segurança nacional, fundamentada no espaço-dos-lugares
(Machado, 2003). Em lugar de defender acaba por penalizar os lugares da fronteira, além
de incentivar a emergência de sistemas de produção locais situados na zona cinza entre o
legal e o ilegal.
O sistema produtivo de fronteira que combina comportamentos legais e ilegais
também é encontrado na zona de fronteira entre Foz do Iguaçu e a Zona Franca de Ciudad
Del Este (ver figura abaixo). Esta última concentra empresas 'maquiladoras' que consomem
subprodutos de indústrias localizados no Brasil (São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul) sob
a forma de contrabando, voltando ao Brasil e sendo registrado como produto brasileiro ou
paraguaio ou mesmo de terceiro país, dependendo do câmbio e das mudanças na política
brasileira de impostos incidentes sobre importação e exportação.
18
SISTEMA PRODUTIVO DE FRONTEIRA
BR-369 p/
FOZ DO IGUAÇU – CIUDAD DEL ESTE – PUERTO IGUAZÚ Cascavel Londrina
P.IGUAZÚ
Exportação de
Prod.Industrias e
Alimentos
5
Segundo entrevistas realizadas em Trabalho de campo, setembro 2001.
19
comunidades paraguaias gerando divisas para o país vizinho, constitui uma fonte
permanente de tensão na medida em que os brasileiros se apropriam das melhores terras.
Na zona de fronteira onde estão situadas as cidades-gêmeas de Brasiléia (estado do
Acre) e Cobija (departamento de Pando, BO), muitos brasileiros trabalham ou migram para
o lado boliviano (legal ou ilegalmente) devido ao preço mais barato da terra e à baixa
restrição na proteção ambiental da extração de madeira nobre.
P/Assis Brasil
Rio Acre
BR-317
COBIJA BRASILÉIA
P/Rio Branco e
Xapuri
BR-317
Epitaciolândia
BOLÍVIA
BRASIL
Igarapé Bahia
Trabalhadores
diaristas/ estudantes
Trabalhadores legal-ilegais
Trabalhadores ilegais
(seringueiros, outros)
Madeira, borracha
Imigrantes
Compra de Gêneros
Serviço de Alimentícios
Consumo Coletivo
Zona de Bilingüismo
Recreação
Limite Internacional
Fonte: Trabalho de Campo, 2001. Lia Machado, Grupo RETIS,
UFRJ,CNPq
Vale ressaltar que exceto nos casos das zonas de fronteira com a Argentina e a
Colômbia, o lado brasileiro é mais "fechado" à imigração e trabalho transfronteira dos
países vizinhos do que estes em relação ao Brasil. Mesmo assim, na Argentina, onde antiga
legislação agrária proíbe a compra de terras por estrangeiros, a compra de terras por
brasileiros, mesmo em condições ilegais, tem sido registrada, como no município de
20
Bernardo de Irogoyen (Província de Misiones) (Sales, 1997). Embora na sede municipal de
Bernardo de Irogoyen, cidade-gêmea de Dionísio Cerqueira (SC) predomina a população
argentina, na área rural mais de 50% dos habitantes é brasileira (Sales apud Espínola, 1997).
Tal dinâmica sugere que as cidades-gêmeas podem atuar como trampolim para investidas
na região de fronteira do país vizinho sem modificar sua própria dinâmica migratória. Neste
sentido, a imigração e mesmo os interesses econômicos atuam sob a forma de redes, que
interligam as regiões de fronteira de países vizinhos sem alterar de forma significativa as
cidades-gêmeas em seu caminho.
São precisamente os interesses econômicos, a dinâmica do mercado de terras e a
fronteira 'móvel' de brasileiros que estão prestes a justificar investimentos em infra-
estrutura e boas relações de vizinhança por parte do Brasil.
21
adequada, e no caso dos colombianos, porque os serviços de saúde são particulares e
custosos. Por outro lado, a falta de pessoal médico é problema freqüente do lado brasileiro,
como observado em Guajará-mirim, o que estimula a vinda de profissionais do país vizinho
que, no entanto, não podem exercer sua atividade legalmente devido às exigências dos
Conselhos de Medicina.
Em diversas cidades-gêmeas é cada vez mais comum que os nacionais da cidade
vizinha queiram ter seus filhos do lado brasileiro de forma a garantir o atendimento
posterior, o que nem sempre é compreendido pelas prefeituras, gerando má-vontade de
parte a parte.
Já os fluxos transfronteiriços relacionados à educação variam muito de acordo com
nível de desenvolvimento das cidades-gêmeas e a presença de imigrantes brasileiros e seus
descendentes na região de fronteira do país vizinho. Diferenças de idioma, cultura, custos
altos e entraves burocráticos ao reconhecimento de diplomas coíbem muito a vinda de
estudantes estrangeiros e mesmo de brasileiros para as cidades vizinhas, principalmente no
ensino de 3º grau. A expansão do bilingüismo em diversos segmentos da zona de fronteira
tem atenuado alguns desses obstáculos. Cobija (BO) é pólo atrator para Brasiléia,
Epitaciolândia e áreas próximas devido à presença de universidades e cursos profissionais
dos qual o Alto vale do rio Acre é carente.
22
d) capilar; e) sinaptico. Para as cidades-gêmeas localizadas na zona de fronteira
compartilhada pelo Brasil com países vizinhos somente os três últimos modelos se aplicam.
O modelo frente faz uso do termo usualmente empregado para caracterizar frentes
pioneiras de povoamento, sem dúvida um tipo de frente cultural. Quando aplicado às
interações fronteiriças, o tipo “frente” pode designar além da frente cultural (afinidades
seletivas), as frentes indígenas, caracterizada pela mobilidade transfronteiriça indígena, e a
frente militar, quando existe apenas a presença de batalhões de fronteira, seja para assinalar
simbolicamente a presença do Estado, seja como núcleo logístico militar em casos de
conflito fronteiriço. Aglomerações proto-urbanas com interações transfronteiriças
intermitentes e investimentos institucionais reduzidos à perspectiva tática (prefeitura, posto
de saúde, aeródromo, batalhão de fronteira) caracterizam o modelo frente.
Na zona de fronteira brasileira somente no Acre as pequenas aglomerações de Santa
Rosa do Purus (Brasil) e Santa Rosa (Peru) mantêm interações do tipo frente indígena,
graças à mobilidade transfronteiriça de indígenas dos dois lados da divisória Nas cercanias
das aglomerações encontram-se diversas terras indígenas oficialmente reconhecidas, com
predominância dos grupos Ashanika, Kulina, e Kaxinawa (ISA, 2000). Grande parte dos
povoados que aparecem ao longo da fronteira brasileira, principalmente no Arco Norte,
mantêm interações de tipo frente, tanto indígena como militar (Normandia em Roraima;
Iauretê, Vila Bittencourt, Estirão do Equador no Amazonas; Foz do Breu no Acre, etc.).
As interações de tipo capilar são caracterizadas por trocas difusas que emergem
espontaneamente entre as aglomerações e que podem evoluir no sentido de integração sem
patrocínio governamental, seja na construção de infra-estrutura de articulação transfronteira,
seja na realização de acordos binacionais. Na zona de fronteira existem diversas cidades-
gêmeas que podem ser assim caracterizadas, tanto em situação geográfica de fronteira seca,
caso de Corumbá (MS) e Puerto Quijaro/Puerto Suárez na Bolívia, ou fluvial, caso de
Oiapoque (AP) e Saint George na Guiana Francesa, Porto Xavier (RS) e San Javier na
Argentina.
A interação transfronteira de tipo sinaptico constitui geralmente uma evolução de
interações de tipo capilar, principalmente em lugares estratégicos ou onde a consolidação e
expansão das redes de intercambio binacionais justifiquem investimentos institucionais. No
modelo sinapse as trocas entre as aglomerações urbanas são intensas e ativamente apoiadas
23
pelos Estados contíguos (infra-estrutura de articulação; mecanismos de apoio e
regulamentação ao comércio), sendo mais visível que no tipo capilar a justaposição de
fluxos comerciais internacionais e interurbanos. Ao longo da fronteira brasileira existem
vários casos de cidades-gêmeas que podem ser assim caracterizadas, sendo o mais famoso a
Tríplice fronteira formada por Foz do Iguaçu no Brasil, Ciudad del Este no Paraguai e
Puerto Iguazú na Argentina.
24
Quadro 1 - Cidades Gêmeas e Interações Transfronteiriças - 2004
GÊMEA Tipo de Interação
PopUrb e/ou PAÍS PopUrb Transfronteiriça
localidade
mais
UF LOCALIDADE Tipo 2000 próxima TIPO ** Articulação
Saint Fluvial
AP Oiapoque cidade 7.842 Georges GF cidade <10 mil s/ponte Capilar
Fluvial
RR Bonfim cidade 3.000 Lethen GU cidade 2.300 s/ponte Capilar
Santa Elena
RR Pacaraima cidade 2.760 de Uairén VZ cidade <10 mil Front. Seca Sinapse
Fluvial.
RR Uaicás povoado - VZ s/ponte -
25
GÊMEA Tipo de Interação
PopUrb e/ou PAÍS PopUrb Transfronteiriça
localidade
mais
F LOCALIDADE Tipo 2000 próxima TIPO ** Articulação
Fluv.s/pont
AC Capixaba cidade 1.521 - BO e -
Fluv.s/pont
AC Plácido de Castro cidade 6.979 - BO e -
Fluv.s/pont
AC Acrelândia cidade 3.506 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Abunã vila 427 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Araras Pov. 291 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Nova Mamoré cidade 7.247 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Iata Pov. 329 - BO e -
Guayaramerí cidad Fluv.s/pont
RO Guajará-Mirim cidade 32.225 n BO e 33.095 e Capilar
Fluv.s/pont
RO Surpresa pov 449 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Conceição vila - BO e -
Fluv.s/pont
RO Príncipe da Beira vila 380 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Costa Marques cidade 6.758 - BO e -
Fluv.s/pont
RO Santo Antônio vila - BO e -
Fluv.s/pont
RO Pedras Negras vila - BO e -
Fluv.s/pont
RO Laranjeiras vila - BO e -
Pimenteiras do Fluv.s/pont
RO Oeste cidade 1.398 - BO e -
Puerto cidad Fluv.s/pont
MS Corumbá cidade 86.144 Suarez BO e 14.263 e Capilar
povoad Fluv.s/pont
MS Porto Bush o - PY e -
Pto.Palma Fluv.s/pont
MS Porto Murtinho cidade 8.339 Chica PY pov. < 5 mil e Capilar
cidad Fluvial
MS Bela Vista cidade 18.023 Bella Vista PY e 5.066 c/ponte Sinapse
povoad
MS Campestre o - PY Front.Seca -
MS Antônio João cidade 6.297 - PY Front.Seca -
Pedro Juan cidad
MS Ponta Porã cidade 54.383 Caballero PY e 53.566 Front.Seca Sinapse
povoad
MS Sanga Puitã o - PY Front.Seca -
MS Aral Moreira cidade 3.271 - PY Front.Seca -
povoad
MS Vila Marques o - PY Front.Seca -
cidad
MS Coronel Sapucaia cidade 9.472 Capitan Bado PY e 4.213 Front.Seca Sinapse
cidad
MS Paranhos cidade 5.795 Ypeju PY e 1.827 Front.Seca Capilar
MS Sete Quedas cidade 8.999 - PY Front.Seca -
povoad
MS Jacaré o - PY Front.Seca -
MS Japorã cidade 1.205 - PY Front.Seca -
26
Guaira (BR);
Salto del
MS Mundo Novo cidade 13.612 Guayrá PY ponte -
povoad
MS Porto Gov. Fragelli o - PY - -
Salto del cidad Fluv.s/pont
PR Guaíra cidade 24.878 Guayra PY e 6.700 e Sinapse
Ciudad del cidad
PR Foz do Iguaçu cidade 256.524 Este PY e 223.350 ponte Sinapse
Puerto cidad
- Iguazu AR e 9.151 Front.Seca Sinapse
27
Referencias Bibliográfica
Arrighi, G. O Longo Século XX. Dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. S.Paulo: Ed.
UNESP, 1996 [1994]
Crossman, R.H.S. Biografia del Estado Moderno. Madrid, F.C.E. 1982 [1969]
Kratochwil, F. “Of Systems, Boundaries, and Territoriality: An Inquiry into the Formation
of the State System”. World Politics 34 (1): 27-52, 1986
Kristof, L. K. “The Nature of Frontiers and Boundaries”. Annals AAG 49:269-282, 1959
Machado, L.O. “Mitos e Realidades da Amazônia no contexto geopolítico internacional
(1540-1912). Barcelona: Universidade de Barcelona. Tese de Doutorado, 1989".
-------------------. “Comércio Ilícito de Drogas e a Geografia da integração financeira. Uma
simbiose? Em I. Castro et alli. Brasil. Questões Atuais da Reorganização do Território. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996”.
-------------------. "Região, cidades e redes ilegais. Geografias alternativas na Amazônia Sul-
Americana". Em M.F.Gonçalves, C.A.Brandão, A.C.Galvão (org.). Regiões e cidades,
cidades nas regiões. O desafio urbano-regional. São Paulo: Ed.UNESP / ANPUR, 2003, p.
695-707
Morris, C.W. An Essay on the Modern State. Cambridge, University of Cambridge Press,
1998
28
Pradeau, C. Jeux et Enjeux des Frontières. Bordeaux, Presses Universitaires de Bordeaux,
1994
Renan, E. Qu’est-ce qu’une nation? et autres essais politiques. Paris, Presses Pocket, 1992
[1882]
Sales, T. "Migrações de fronteira entre o Brasil e os países do Mercosul". Revista
Brasileira de Estudos de População 13, 1997.
Silva, L.O. “Fronteiras e outros Mitos”. Tese de Livre-Docência. Campinas: UNICAMP,
2001
29