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A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ENFRENTANDO A PROBLEMÁTICA

EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEA

Revista da Faculdade de Educação, Vol. 32 N. 3, Setembro a


Dezembro 2006
http://www.scielo.br/pdf/ep/v32n3/a13v32n3.pdf

SEVERINO, A. J. A busca do sentido da formação humana: tarefa


da Filosofia da Educação. In: SCIELO. EM FOCO:

Fundamentos éticos

Em seu estudo, A busca do sentido da formação humana:


tarefa da Filosofia da Educação, Severino (2006), afirma que a
natureza da educação implica igualmente explicitar o lugar e o
papel da Filosofia da Educação, como esforço de interpretá-los
visando assim revelar o verdadeiro sentido da prática social. A
obra se trata de uma reflexão analítica e crítica sobre a
problemática da educação.

Compreende-se que o sentido da formação e da prática


humana sempre foi associado à educação pela reflexão filosófica.
Esta formação deveria ser integral: abranger mente e como o corpo,
e, no caso da mente, incluir o plano cognitivo, valorativo, afetivo
(ou emocional), volitivo (ou “deciditivo”), ativo e interpessoal
(social).

O objeto de preocupação e estudo da filosofia da educação,


são as condições reais de educação, tais como se desenham a cada
momento histórico.
Apreende-se três dimensões da educabilidade humana: 1)
ética, na época da antiguidade, visava a formação para que as
comunidades se tornassem mais justas; 2) política, durante a
modernidade, objetivando a integração do homem à sociedade; e
3) cultural, no período contemporâneo, o qual até hoje enfrenta
desafios e mantém diálogo com as outras duas visões anteriores.

Nos períodos da Antiguidade grega e da Medievalidade


latina – que a ética prevaleceu como matriz paradigmática da
formação humana, ou seja, o ideal humano era o aprimoramento
ético-pessoal e esta era a finalidade essencial da educação como
processo histórico-cultural e como processo de construção lógico-
conceitual.

Os preceitos éticos de constituição do sujeito, referenciavam


as dimensões social, política e comunitária da existência
humana, sendo que a dimensão política seria inteiramente
derivada da qualidade ética dos sujeitos, determinando o foco de
todo o investimento pedagógico.

Já num segundo momento, historicamente situado na Era


Moderna, o ideal humano se delineava como uma adequada
inserção da pessoa na sociedade. A política era a grande matriz.

No momento histórico recente da contemporaneidade, a reflexão


filosófica passa por uma inflexão no modo de se conceber a
própria idéia da formação humana e, conseqüentemente, também
transforma o modo de se ver a educação.

Mesmo sem a nitidez das perspectivas éticas e políticas da


educação anteriores, estabelecidas ao longo da tradição filosófica
ocidental; o que parece estar se delineando é uma dimensão do
processo de formação do sujeito ético ou cidadão, que se afirma,
nega e as supera.
O que está em pauta é a própria construção do sujeito
humano no tempo histórico e no espaço social, como sujeito
integralmente ético e político, pessoa-habitante de um universo
coletivo.

Para o olhar da contemporânea Filosofia da Educação, o


homem, ser em devir, ser inacabado e lacunar, não tem um ideal
a ser buscado ou a ser realizado, mas encontra-se condenado a
construir para si uma configuração própria não prevista nem
previsível, como se tivesse que dar a si mesmo uma destinação.

E assim tanto a ética como a política perdem suas, até então,


exacerbadas autonomia e preponderância como referências
básicas isoladas para a prática educacional. Agora, nessa prática,
o homem não se desenha mais como um ser pessoal,
desempenhando um modelo de ação, nem como puro ser social,
mas como membro devidamente adequado à sociedade.

O sentido da formação educacional moderna pressupõe os


indivíduos como parte integrante de um corpo social dependentes
de determinações de sua inserção na sociedade. Essa participação
do elemento social na natureza intrínseca do modo de ser humano
torna-se característica da antropologia.

A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo


grupo a partir dos quais se produz conhecimento: neles o
indivíduo é formado desde o momento de sua concepção nesses
mesmos códigos e, durante a infância, aprende os valores do grupo.
Por intermédio deles é mais tarde introduzido nas obrigações da
vida adulta, da maneira como cada grupo social as concebe.
A Antropologia caracteriza-se como o estudo das alteridades, no
qual se afirma o reconhecimento do valor inerente a cada cultura,
POIS CADA cultura tem suaS históriaS, condicionantes,
características, não cabendo qualquer classificação que sobreleve
uma em detrimento de outra. No sentido antropológico do termo,
afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no contexto de
uma cultura e, ao longo de sua vida, ajuda a produzi-la.

No Brasil, desde o final da década de 1990, o ensino escolar das


diferentes disciplinas vem sendo orientado pela proposta dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que, a despeito de seu
caráter não obrigatório, vem funcionando como uma espécie de
currículo nacional (SANTIAGO, 2007). No caso da formação ética,
podemos constatar que esta sempre esteve presente na escola (ainda
que mais como moral do que como ética), fazendo parte daquilo
que se conhece como o “currículo oculto”, isto é, um saber que se
transmite por meio das práticas, mas que não se declara como
conteúdo de ensino. A partir da elaboração dos PCNs, no entanto,
a ética se materializa como política explícita e geral do Estado,
integrando os chamados PCNs-Temas Transversais (BRASIL,
1997).

A questão da ética, assim, é situada, a princípio, entre o espaço


discursivo pedagógico e o social e histórico.
Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve
preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes na
sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os preceitos
éticos. .

A contribuição da escola na construção da democracia é a de


promover os princípios éticos de liberdade, dignidade, respeito
mútuo, justiça e eqüidade, solidariedade, diálogo no cotidiano; é
a de encontrar formas de cumprir os princípios constitucionais.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


curriculares nacionais : apresentação dos temas transversais, ética
/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF,
1997. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ética e Plur
alidade Cultural, Secretaria de Educação Fundamental. –
Brasília : MEC/SEF 1998.

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf

PEREIRA. L. M., F. Washington S. UNIVERSIDADE FEDERAL DO


RIO GRANDE DO SUL. ÉTICA E ENSINO: UMA ANÁLISE
DISCURSIVA DOS PCN. VI SEMINÁRIO DE ESTUDOS EM ANÁLISE
DO DISCURSO 1983 – 2013. Michel Pêcheux: 30 anos de uma
presença. Porto Alegre, de 15 a 18 de outubro de 2013
http://analisedodiscurso.ufrgs.br/anaisdosead/6SEAD/PAINEIS/E
ticaEEnsino.pdf

SEVERINO, A. J. A busca do sentido da formação humana: tarefa


da Filosofia da Educação. In: SCIELO. EM FOCO: A FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO ENFRENTANDO A PROBLEMÁTICA EDUCACIONAL
CONTEMPORÂNEA Revista da Faculdade de Educação, Vol. 32
N. 3, Setembro a Dezembro 2006
http://www.scielo.br/pdf/ep/v32n3/a13v32n3.pdf

A busca do sentido na formação humana: tarefa da Filosofia da


Educação. In: CIÊNCIAS HUMANAS, 4222., 1999. Disponível em
http://www.cienciashumanas.com.br/resumo_artigo_4222/artigo_
sobre_a_busca_do_sentido_na_formacao_humana:_tarefa_da_filosofi
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ZARGOLIN. P. R.. A formação humana e a Filosofia da Educação


logosgrafia registro de estudos e racionalizações. FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO · PEDAGOGIA · UFSCAR. 2 de junho de 2012
https://logosgrafia.com/2012/06/02/a-formacao-humana-e-a-
filosofia-da-educacao/

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