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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA
CURSO DE PEDAGOGIA

A LUTA COMO ATIVIDADE LÚDICA: Uma abordagem teórica como proposta de


aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental

São Luís-MA
2018
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho se inscreve com o título: “A luta como atividade lúdica: uma
abordagem teórica como proposta de aprendizagem no Ensino Fundamental”, tem como
objetivo apresentar alguns achados importantes sobre a luta na perspectiva lúdica. Cabe
ressaltar, que o lúdico está presente na história da humanidade desde o início dos tempos,
começando pelo berço da filosofia conhecido originalmente pelo significado da palavra ludus,
que significa, aquilo que se manifesta como aprendizagem, que traz clareza, que facilita o
trabalho desenvolvido. Para tanto, ao contribuir com este trabalho, mostrando a relação do
lúdico com a atividade de luta, ora esportiva, ora atividade de desenvolvimento cognitivo,
colabora para a construção de uma aprendizagem que abrangem tanto a educação infantil como
o ensino fundamental.
Pela educação infantil, a temática compreende o desenvolvimento de ações e
autonomia da criança, assim também visa a sua formação afetiva cognitiva, afetiva e social.
Além disso, Os Referenciais Curriculares Nacional da Educação Infantil – RCNEI, entende
como objetivo da pratica educativa como movimento do corpo, noções de espaço e lateralidade
bem como a sociabilidade das crianças com a família, comunidade e sociedade.
Para os Parâmetros curriculares Nacionais – PCNs, tem mostrado que o trabalho
em equipe, a relação do professor – aluno, da comunidade escolar, possibilita maior
conhecimento diante da aprendizagem como a assimilação do conteúdo. Aspectos de trabalho
corporal também são citados, ao se referir com atividades recreativas, jogos, artes, música e
entre outros.
Por isso, a atividade lúdica ao enfatizar a colaboração da atividade de luta, trabalha
nesses aspectos a relação do corpo, do cognitivo, da afetividade, como a relação social entre
todos. Sabe-se que os exercícios físicos são excelentes no que se refere a auxiliar o bom
funcionamento do organismo do ser humano. No entanto, quando se fala sobre atividades físicas
voltadas para o público infantil, e principalmente se forem em uma perspectiva que incentive
ou facilite o processo de aprendizagem das crianças, ainda é necessário esclarecer algumas
questões. Uma vez que são muitas as modalidades e cada uma possui objetivos diferentes,
tornando-se importante fazer algumas colocações em relação às mesmas.
Ao analisar a temática “cultura corporal do movimento nas serieis iniciais”
percebeu-se que a mesma exerce significativa relevância dentro do contexto escolar. Auxiliando
o desempenho físico da criança e, consequentemente intelectual da mesma, o que nos levou a
pesquisar o assunto.
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Dentro dessa temática o trabalho em questão discorrerá sobre “Luta” modalidade


esportiva que ainda causa questionamentos no que se refere aos seus benefícios dentro do
contexto escolar. E devido à importância da mesma objetiva-se discorrer de forma mais
aprofundada sobre a temática em questão, trazendo a discussão, primeiramente, alguns
conceitos a cerca do assunto como uma forma de subsidiar o entendimento do mesmo e em
seguida esclarecer, como já mencionado anteriormente algumas questões relacionadas ao
assunto, como: diferença entre luta e briga; porque essa modalidade deve ser inclusa dentro da
sala de aula, entre outras.
Considerando essas inquietações este trabalho discorrerá sobre a temática já citada
assim como sua relevância dentro do contexto escolar. Espera-se, portanto, que o mesmo sirva
como subsídio teórico para futuras produções que vierem a ser realizadas nessa área,
contribuindo assim para o enriquecimento da mesma.

2 A IMPORTÂNCIA DAS LUTAS NO DESENVOLVIMENTO LÚDICO DOS ALUNOS


NO ENSINO FUNDAMENTAL

A educação tem uma importante tarefa na vida de qualquer pessoa, seja na prepação
para a vida, o mundo do trabalho, das relações sociais, e da vivência democrática. Assim pensar
em educação não reflete apenas pensar em um aprendizado que se adquiri de qualquer forma,
ou que seja ministrado por pessoas altamente preparadas e sendo assim, não se aprende somente
na escola. Então pode-se dizer que se educação é um espaço muito amplo de se viver, de se
aprender, de mistura-se em meio a cultura. Seria possível compreender a educação enquanto
construção de sentidos práticos através de um esporte como a luta? Seria possível a luta
contribuir para o desenvolvimento de atividades educativas para os alunos do ensino
fundamental? Nessa perspectiva, o desafio lançado nesse contexto visa tratar da luta enquanto
atividade lúdica e mostrar que a mesma tem contribuído para o processo de ensino e
aprendizagem na educação de forma significativa e lúdica.
A partir de tais questionamentos feitos acima, vê-se que a luta tem se demostrado
nos últimos anos, como um importante meio de corroborar na educação através de atividades
que não somente podem ser realizadas de forma como uma educação física do corpo, de alto
defesa, de agilidade e em fim. A luta tem em sua história, uma relação muito profícua com o
que podemos chamar aprendizado dos sentidos. Um aprendizado que se adquire em
planejamento do corpo, da mente, mas também daquilo que será sua relação de confronto, de
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medo, de alegria, de dor, de sentimento. Ou seja, aprendizagem que requer saber a que ponto
quer chegar.
Existem diversos tipos de lutas como o boxe, a capoeira, Jiu-jitsu, e entre outras.
Ambas têm em si, uma filosofia que atravessa sua existência, sua prática de formação que é
tanto cultural, histórica como educativa. Não será, aqui, tratado de forma criteriosa cada uma
delas citada acima, mas, será mostrado o que cada uma pode ajudar a pensar na sua contribuição
para a educação. Para Bento (2006), as lutas podem ser divididas em esportes de luta com
agarre, com golpes e com implementos. Assim, concorda-se com Moreira (2003), que as lutas
mudam a partir da necessidade de redefinir práticas de aprendizagem e educação, tornando-se
fontes de novas pesquisas.
Trabalhar a luta como processo de construção do saber ainda parece ser uma tarefa
muito tênue tendo em vista as relações sociais que compõe a sua finalidade. A luta talvez assim
dizer, tenha inspirado ao longo dos anos um sentido meio que errôneo na transmissão de
conhecimento ao outro, porque parece que se trabalha apenas o corpo, e não é bem verdade. A
finalidade da luta enquanto um processo de aprendizado humano e corporal, advém de um
campo filosófico e estético de equilíbrio e racionalidade. Ainda assim, também cabe dizer que
suas perspectivas educativas não se caracterizam como um ato de dor, de vingança ou até
mesmo de crueldade. A luta tem se mostrado muito mais além daquilo que se revela ao
conhecimento de uma educação física.
Para Rufino e Darido (2012), a luta é uma arte, que se debruça nas relações sociais
de estratégias, de equilíbrio, de agilidade e prazer. A responsabilidade desse aspecto esportivo
que traz consigo diversos espaços para sua realização, a luta não está somente em pensar um
modo institucionalizado de regras e ações, mas sim de observar que ela pode estar presente em
qualquer espaço e lugar, assim como na educação. Todavia, seria difícil dizer que a luta não
educa as pessoas se elas não estivessem embasadas de uma filosofia moral e esportiva. Por isso,
elas ensinam modos de ser e de se comportar, de agir e pensar.

É importante que as bases teóricas e epistemológicas da pedagogia do esporte possam


também contribuir para a prática pedagógica das lutas, proporcionando compreensões
mais específicas e aprofundadas sobre estas atividades e permitindo que sejam
constituídos eminentes diálogos entre a pedagogia do esporte e as lutas, auxiliando no
desenvolvimento educacional e pedagógico destas práticas corporais. (RUFINO;
DARIDO, 2012, p. 283).

Na educação escolar, a atividade de luta tem ficado apenas a cargo dos professores
competentes dessa área, como de Educação Física. No entanto, compreende-se que atualmente,
muito tem ocorrido para que esse profissional não somente ele fosse considerado o mais
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adequado para realizar essa função, mais qualquer profissional que deseje assim manifestar seu
interesse em trabalhar essas questões. Assim em sala de aula, através de uma aula prática e
teórica, no pátio da escolar, competições intercalasse, ou até mesmo, nas aulas de artes e história
que agregar a interdisciplinaridade na construção de valores e de conhecimentos mais amplos
sobre a formação de cada modalidade de luta.
Conforme constatado em Paes (2006) é necessário uma prática pedagógica voltada
para além dos métodos e procedimentos tradicionais, onde se faz necessário, estimular o um
tratamento pedagógico que consista em organizar, sistematizar, aplicar e avaliza os
procedimentos do esporte como processo de ensino e aprendizagem.
Durante muito tempo, a luta tem assumido um viés de domínio também de homens,
principalmente por estar associado as ideias de sobrevivência, de ataque, de defesa e resistência
individual. A luta assim, tem ganhado outras perspectivas através de um olhar histórico onde
esse observa que a sua formação se deu através de um contexto de formação como pratica
pedagógica e lúdica. Percebe-se que o lúdico não está apenas presente nos artefatos, nos objetos
culturais educativo, mas na ação individual e coletiva que tenha coimo intuito ensinar um modo
de pensamento e cuja compreensão seja significativa.
Trabalhar o lúdico dentro de uma pratica esportiva como a luta, é possível quando
se tem como foco dinamizar o conhecimento, mostrando que antes mesmo de pratica-lo, é
preciso saber de que forma isso pode ajudar no desenvolvimento dos alunos nos processos de
ensino e aprendizagem. Como se vê, o professor tem uma responsabilidade fundamental nessa
proposta, pois assim não se concentrasse apenas na educação elaborada e explicativa, mas na
condução de um objetivo, de uma finalidade alcançar. Ou seja, os processos enquanto mediador
desse processo de ensino, busca através da luta mostrar aos alunos que atividades como esta
fortalece a autoestima, trabalha a coletividade e sua individualidade, educa para o respeito e
para as diferenças culturais, sexuais e religiosas. Ajudam na construção de valores que se
constitui como pratica humana e social.

2.1 Com a luta também se brinca?

O ato de brincar faz parte da vida de toda criança, isto integra todas as fases do
desenvolvimento, seja cognitivo, social, motor, afetivo, cultural ou biológico, onde ressalta-se
que as brincadeiras na infância cooperam para o desenvolvimento e construção do
conhecimento infantil (KISHIMOTO, 2011).
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Segundo Piaget (1971), é no ato de brincar e sobretudo em brincadeiras de faz-de-


conta que a criança assimila o mundo de seu modo, ao retratar situações do seu convívio social
onde adquire autonomia para mudar ou melhorar sua percepção no contexto em que está
inserido. Conforme aborda Lee (1977 apud MOYLES, 2002), o brincar situa a criança no
mundo como “a principal atividade da criança na vida; através do brincar ela aprende as
habilidades para sobreviver e descobre algum padrão no mundo confuso em que nasceu”. (LEE,
1977, p. 340).
Neste sentido, Moyles (2002) contribui ao dizer que no contexto da aprendizagem
a criança tem oportunidades de viver novas situações e reestrutura o conhecimento existente e
transfere habilidades e conhecimentos inerentes para novas situações e problemas, a fim de
encontrar soluções. A criança ao modificar as regras de um jogo ou produzir uma brincadeira
no âmbito escolar promove a retirada de um ensino tradicional e cria uma atividade lúdica,
oportunizando momentos de prazer, alegria, satisfação entre outros. (Maria et al, 2009)
Feitelsom (1977 apud MOYLES, 2002) diz que certos tipos de brincar podem ser mais afetivos
para desenvolver o tipo de aprendizagem escolar que os processos desejam promover, que a
tentativa de ensinar diretamente estas habilidades.
Neste sentindo, a escola tem o dever de promover aos educandos atividades de
desenvolvimento cognitivo e corporal. As lutas ou jogos de oposição, por exemplo, representam
um meio de educacional profícuo, onde objetiva uma educação coerente com a realidade do
aluno e este é levado a vivenciar as mais diversas manifestações da cultura corporal de maneira
crítica e consciente, estabelecendo relações com a sociedade em que vive. Deste modo o papel
do Educador é levar o aluno a um conhecimento de si mesmo e do mundo através da prática de
várias atividades. Partindo deste pressuposto, as lutas devem ser inseridas no contexto escolar,
pois propicia além do trabalho corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a
formação do ser humano em um aspecto mais ampliado.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998; 2001) tratam os conteúdos dança,
jogos, ginástica, esporte e lutas como uma representação corporal das diversas culturas humanas
que tenham como característica o lúdico. Partindo deste entendimento, as lutas devem ser
trabalhadas como estratégias metodológicas que não visem apenas à técnica pela técnica, mas
sim que a criança possa vivenciar os aspectos corporais das lutas de uma maneira que lhes
proporcione prazer e respeite suas características de crescimento, pois o organismo humano é
um laboratório biológico em constante transformação, transformações estas que são úteis a vida
e as adaptações ao mundo externo.
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Dentro de uma atividade prática, as lutas devem ser abordadas na escola de forma
reflexiva, direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver capacidades
e potencialidades físicas. As lutas não se resumem apenas a técnicas, elas também ensinam aos
seus praticantes a disciplina, valores tais como respeito, cidadania e ainda buscam o
autocontrole emocional, o entendimento da história da humanidade, a filosofia que geralmente
acompanha sua prática e acima de tudo, o mais importante, que é respeito pelo seu próximo.
Durante a vivencia dos jogos de luta, criança estará sendo estimulada a trabalhar
os aspectos cognitivo, sócio-afetivo e motor. Desta forma a atividade visa contribuir para o
desenvolvimento integral do aluno; Recursos motores: assegurar um bom desenvolvimento da
postura e base, controle do equilíbrio, coordenação dos movimentos, tirar, empurrar, apreender,
levar, tocar, arrastar, evitar, levantar, imobilizar, voltar; Cognitivos: elaborar estratégias,
construir e apropriar-se das regras de funcionamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer,
comparar; Sócio-afetivo: dominar as suas emoções, canalizar a sua agressividade, respeitar as
regras, aceitar a derrota, respeitar o outro.

3 METODOLOGIA

Quando se pretende trabalhar as lutas na sala de aula é importante que os


professores esclareçam a diferença entre luta e briga. As lutas são modalidades esportivas, sem
violência, que se caracterizam pela presença de regras e respeito pelo adversário. Já as brigas
se tratam de manifestações de agressividade desorganizadas. Da mesma forma que os jogos,
esportes, ginásticas e danças a luta também é uma modalidade importante dentro do ensino da
Educação Física.
É certo que quando se trabalha com luta o objetivo não é transformar os educandos
em lutadores profissionais, mas oportunizar a estes conhecimentos a cerca dessa modalidade,
isto é, as técnicas, o histórico, os equipamentos, vestimentas e em que países são praticadas,
como também vivenciarem e aprenderem movimentos básicos de cada luta, que são para o
desenvolvimento e o conhecimento do próprio corpo.
Sendo assim, e reafirmando a importância da utilização das lutas no espaço escolar,
descrevemos algumas propostas de atividades que os professores podem realizar com seus
alunos em sala de aula. Essas atividades envolvem os seguintes aspectos: força, flexibilidade,
equilíbrio e desequilíbrio e também agilidade que são alguns elementos básicos presentes em
qualquer luta.
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3.1 Quero ficar

Faz-se um círculo no chão, fica duas pessoas dentro com roupas de cores distintas,
ou alguma marcação como uma pulseira para diferenciar os participantes, uma delas tentar tirar
a outra para fora do círculo, enquanto o que está dentro do círculo se esforçar para permanecer
dentro.

OBJETIVO: é permanecer dentro do círculo.


CONTRIBUIÇÃO: nesta atividade o aluno estará fortalecendo sua musculatura, e a
percepção de espaço

3.2 A bola é minha

Duas pessoas pegam uma bola agarrando-a ao mesmo tempo com as duas mãos, ao
sinal dado pelo professor cada uma tem que tentar tirar a bola das mãos do colega adversário.

OBJETIVO: retirar a bola das mãos do colega e ficar com ela.


CONTRIBUIÇÕES: agilidade e força corporal

3.3 A garrafa é minha

Duas pessoas com os pés amarrados são colocadas em frente de duas garrafas à uma
certa distância, cada um vai tentar tocar na garrafa enquanto puxa o adversário a seu favor na
tentativa de tocar primeiro a garrafa.

OBJETIVO: é tocar na garrafa primeiro.


Contribuições: força, equilíbrio, noção de espaço e flexibilidade.

3.4 Mini sumô

Faz-se um círculo no chão com dois alunos dentro do círculo em forma de canguru, cada um
tem que tentar desequilibrar o colega ou empurrá-lo para fora do círculo.

OBJETIVO: tentar desequilibrar ou tirar o colega do círculo.


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Contribuições: equilíbrio, fortalecimento da musculatura da perna, força e agilidade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se portanto, o quanto essas lutas é uma forma

REFERENCIAS

BENTO, J.O. Da pedagogia do desporto. In: TANI, G.; BENTO, J.O.; PETERSEN, R.D.S.
Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p.26-40.

MOREIRA, S.M. Pedagogia do esporte e o karatê-dô: considerações acerca da iniciação e da


especialização esportiva precoce. 2003. 212f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) -
Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

PAES, R.R. Desenvolvimento das aulas de lutas: da compreensão teórica aos procedimentos
práticos. In: BREDA, M.; GALATTI, L.; SCAGLIA, J.A.; PAES, R.R. Pedagogia do esporte
aplicada às lutas. São Paulo: Phorte, 2010.
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RUFINO. L. G. B.; DARIDO S. C. Pedagogia do esporte e das lutas: em busca de


aproximações. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.26, n.2, p.283-300, abr./jun. 2012.

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