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Português paraConcursos

Professor: Armando Sermarini


2017.2
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Índice

Para interpretar bem 004


Para escrever corretamente 005
Considerações sobre a noção de texto 005
Linguagem 011
Língua 012
Fala 014
Signo 017
Elementos da comunicação 018
Ruídos na comunicação 019
Tipologia textual 021
Prática de Redação 035
Funções da linguagem 040
Coesão textual 044
Coerência textual 047
Intertextualidade 049
Polifonia 050
As informações implícitas 050
Os pressupostos 051
Os subentendidos 053
Vocabulário Jurídico I 054
Semântica 055
Relação de alguns homônimos 056
Relação de alguns parônimos 057
Polissemia 057
Sinonímia 059
Denotação e conotação 061
Vocabulário Jurídico II 065
Vícios de linguagem 065
Vícios de linguagem ao nível da fraseologia 068
Figuras de linguagem 072
Figuras semânticas 073
Figuras fonéticas 078
Figuras sintáticas 079
Frase – Oração – Período 081
Período composto – a coordenação e a subordinação 081
A coordenação 084
A subordinação 084
Tipos de orações 084
Período composto por coordenação 085
Classificação das orações coordenadas sindéticas 087
Período composto por subordinação 091
Orações subordinadas substantivas 091
Classificação das orações subordinadas substantivas 092
Orações subordinadas adverbiais 096
Classificação das orações subordinadas adverbiais 097
Orações subordinadas adjetivas 099
2
Classificação das orações subordinadas adjetivas 100
Sintaxe de concordância 102
Concordância nominal 103
Regra dos nomes compostos 106
Expressões invariáveis 109
Outros casos de concordância nominal 109
Adjetivos adverbializados 111
Concordância verbal 112
Sintaxe de regência 117
Regência nominal (apresentação) 117
Regência verbal (apresentação) 117
Regência nominal 118
Regência verbal 120
Regência de alguns verbos 120
As frases e a pontuação 124
Dificuldades mais frequentes da Língua Portuguesa 132
Cuidado com as seguintes expressões 137
Questões importantes da Língua Portuguesa 139
Sintaxe de colocação 146
Crase 150
Glossário dos Verbos Jurídicos 158
A Correspondência Oficial 163
Guia Prático da Nova Ortografia 183
Bibliografia básica 192

3
Para interpretar bem
Todos têm dificuldades com interpretação de textos. Encare isso como algo normal,
inevitável. Importante é enfrentar o problema e, com segurança, progredir. Aliás,
progredir muito. Leia com atenção os itens abaixo.

1) Desenvolva o gosto pela leitura. Leia de tudo: jornais, revistas, livros, textos
publicitários, bulas de remédios etc. Enfim, tudo o que estiver ao seu alcance. Mas
leia com atenção, tentando, pacientemente, aprender o sentido. O mal “é ler por ler”,
para se livrar;

2) Aumente o seu vocabulário. Os dicionários são amigos que precisamos consultar.


Faça exercícios de sinônimos e antônimos;

3) Não se deixe levar pela primeira impressão. Há textos que metem medo. Na realidade,
eles nos oferecem um mundo de informações que nos fornecerão grande prazer interior.
Abra sua mente e seu coração para o que o texto lhe transmite, na qualidade de um amigo
silencioso;

4) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas ou três vezes, atentamente, antes
de tentar responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem,
entendê-lo como um todo, e isso não pode ser alcançado com uma simples leitura. Dessa
forma, leia-
-o algumas vezes. A cada leitura, novas ideias serão assimiladas. Tenha a paciência
necessária para agir assim. Só depois tente resolver as questões propostas;

5) As questões de interpretação podem ser localizadas (por exemplo, voltadas só para


um determinado trecho) ou referir-se ao conjunto, às ideias gerais do texto. No primeiro
caso, leia não apenas o trecho (às vezes um linha) referido, mas todo o parágrafo em que
ele se situa. Lembre-se: quanto mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma
questão de costume, e você vai acostumar-se a agir dessa forma. Então – acredite nisso
– alcançará seu objetivo;

6) Há questões que pedem conhecimento fora do texto. Por exemplo, ele pode aludir a
uma determinada personalidade da história ou da atualidade, e ser cobrado do
aluno ou candidato o nome dessa pessoa ou algo que ela tenha feito. Por isso, é
importante desenvolver o hábito da leitura, como já foi dito acima. Procure estar
atualizado, lendo jornais e revistas especializadas;

7) Quando um aluno ou candidato faz a interpretação de um texto, não dê sua resposta


de forma subjetiva, não é o que você pensa ou acredita ser a sua verdade, e sim o que o
texto está afirmando, mesmo que você não concorde com a opinião proposta pelo
autor como sendo fruto dessa verdade; a não ser que a questão esteja assim
direcionada: “Dê a sua opinião...”.

4
Para escrever corretamente:

1 - Vc. deve evitar abrev. etc;


2 - Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado,
segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de
esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico;
3 - Anule aliterações altamente abusivas;
4 - "não esqueça das maiúsculas", como já dizia dona loreta, minha professora
lá no colégio alexandre de gusmão, no ipiranga;
5 - Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz;
6 - O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário;
7- Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in;
8 - Chute o balde no emprego de gírias, mesmo que sejam maneiras, tá ligado?;
9 - Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa m...;
10 - Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro;
11 – Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva.
A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a
palavra se encontra repetida;
12 - Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: "Quem cita os outros
não tem ideias próprias.";
13 - Frases incompletas podem causar;
14 - Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto
é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo
a mesma ideia;
15 - Seja mais ou menos específico;
16 - Frases com apenas uma palavra? Jamais!;
17 - Em escrevendo, não se esqueça de estar evitando o gerúndio;
18 - Seja incisivo e coerente, ou não;
19 – Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém
sabe mais usar o sinal de interrogação;
20 - Quem precisa de perguntas retóricas?;
21 - Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas;
22 - Exagerar é cem bilhões pior do que a moderação;
23 - Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!";
24 - Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

Considerações sobre a noção de texto


O que é texto?

Para falar de texto, precisamos definir o que é um texto.

Podemos abraçar um conceito amplo, lato, de texto. Neste caso, incluiremos como texto,
produções nas mais diversas linguagens. Seriam tratadas como textos as produções feitas
com as linguagens das artes plásticas, da música, da arquitetura, do cinema, do teatro,
entre outras.

Definições que se enquadram nesse caso são:


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A palavra texto provém do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. (...) O texto
resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um
todo inter-relacionado. Daí poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de
relações que garantem sua coesão, sua unidade”. (INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto.
Curso prático de leitura e redação. Editora Scipione. São Paulo. 1991

“...em um sistema semiótico bem organizado, um signo já é um texto virtual, e, num


processo de comunicação, um texto nada mais é que a expansão da virtualidade de um
sistema de signo.” (ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo : T.A. Queiroz, 1984.
p.4.)

Nesse sentido, podemos entender a “leitura do mundo” de que fala Paulo Freire. É preciso
ler o mundo, compreender as diversas manifestações das muitas linguagens com as quais
temos contato o tempo todo.

Esse conceito lato de texto, apesar de aceito por muitos teóricos e de ser interessante por
se tratar de uma abordagem geral da compreensão (uma vez que essa depende da
conjugação de várias linguagens) é adequado a algumas situações, e ineficiente em outros
casos.

Se buscamos um objeto de estudo para fazermos ciência, a ampliação do conceito é


extremamente perigosa e indesejada. Se tudo que vemos e ouvimos pode ser um texto,
tudo pode ser texto, e o conceito se transforma em nada, pois é intratável, indefinível e,
portanto, não nos serve. Para fazer ou tentar fazer ciência na área dos estudos linguísticos
e literários, que é o nosso caso, precisamos distinguir os conceitos de leitura, escrita e de
texto. Lemos textos, escrevemos textos.

É a coerência que faz com que uma sequência linguística qualquer seja vista como um
texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que permite estabelecer relações
(sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os elementos da sequência
(morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, capítulos, etc.), permitindo
construí-la e percebê-la, na recepção, como constituindo uma unidade significativa
global. Portanto, é a coerência que dá textura e textualidade à sequência linguística,
entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência
linguística em texto. Assim sendo, podemos dizer que a coerência dá início à
textualidade.” (KOCH, I.V. & TRAVAGLIA L. C. A coerência textual. São Paulo,
Contexto, 1995. p.45)

Em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo
ou breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia sintagmática de
extensão muito variável, podendo circunscrever tanto a um enunciado único ou uma lexia
quanto a um segmento de grandes proporções. (GUIMARÃES, Elisa. A articulação do
texto. Série Princípios. Editora Ática. São Paulo. 1985).

Num conceito stricto, ler é ler textos verbais e escrever é produzir textos verbais (quando
falamos de alfabetização e letramento, estamos focalizando a aquisição e o domínio da
linguagem verbal).

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O estudo de propagandas e de outros textos publicitários da TV, revistas e jornais, inclui
necessariamente a análise de imagens. Podemos dizer que considerar o texto como sendo
verbal não implica excluir desse conceito a presença de outras linguagens. Nesse sentido
stricto, são textos aquelas produções que se utilizam da linguagem verbal associada ou
não a outras linguagens. Produções em outras linguagens sem o verbal não devem ser,
nessa abordagem, entendidos como textos. Sendo assim, dada a dificuldade de lidar com
um conceito que, pode ser tão amplo, mesmo considerando uma concepção restrita desse
termo, talvez o melhor (ou mais prático), seja lidar com a noção de gênero.

Os gêneros são formas relativamente estáveis dos enunciados, determinados histórica e


culturalmente. Isto é, toda vez que se produz um texto com determinadas intenções
comunicativas, o falante está se utilizando de um gênero do discurso, mesmo que não
tenha consciência disso. Os gêneros do discurso são como que famílias de textos que
possuem características comuns como, por exemplo: certas restrições de natureza
temática, composicional e estilística. O fato de estar num determinado suporte (no
outdoor ou no livro como no exemplo acima), ter uma dada extensão, um certo grau de
formalidade/informalidade, faz com que um texto se diferencie de outro. Uma resenha
escrita em um jornal, com o objetivo de divulgar um novo livro de literatura, será um
gênero discursivo diferente de uma resenha sobre o mesmo livro, escrita por um
acadêmico como um trabalho a ser apresentado em um congresso de literatura.

A carta é um gênero textual, assim como também o é a bula de remédios, o bilhete, a


carta, o cartaz, o horóscopo, a notícia, a conversa telefônica, o chat, a piada, entre muitos
outros.

Cada um deles tem uma determinada estrutura, mais ou menos flexível dependendo do
caso, mas, na maioria das vezes, reconhecível. Essa estrutura é um protótipo, um modelo,
fruto da função desse texto.

Os gêneros costumam ter uma estrutura ou organização muito regular. Alguns são mais
presos a essa estrutura (superestrutura) e outros aceitam maiores variações. Por isso, é
estranha a definição de Platão e Fiorin de que “um texto é um aglomerado de frases”. Eles
dizem mesmo isso? Texto não pode ser isso. Muitos aspectos diferem um texto de um
aglomerado de frases, ter estrutura, organização, propósito, coesão, caráter sócio
comunicativo, etc. Como diz Ingedore Koch: “Um texto não é simplesmente uma
sequência de frases isoladas, mas uma unidade linguística com propriedades estruturais
específicas”. (KOCH, 1989:11).

Mas é preciso ter cuidado, pois uma definição baseada na forma: ter começo, meio e fim,
seguir uma sequência cronológica ou lógica, ter frases completas e bem estruturadas,
seguir determinada organização ou padrão, também não se aplica ao conceito de texto,
apesar de, em alguns casos, poder ser um critério para se falar de gêneros textuais.

O texto não seria, então, aquilo que os gêneros têm em comum? Sim. Mas o que eles têm
em comum? A linguagem verbal. Ter função, propósito ou finalidade, ser dialógico e
hipertextual não são características definitórias de texto uma vez que são características
da linguagem.
É comum o sentido ser apontado como característica do texto. Em muitas definições de
texto que já vi e ouvi o sentido é critério que define o texto:
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“Texto é aquilo que faz sentido”
“é uma unidade de sentido”
“é qualquer coisa que a gente entende”
“é necessário que tenha interpretações variadas”
“é aquilo que cria sentido.”

“Texto é dotado de unidade de sentido” Qual a noção de sentido aqui? Como essa frase
está sendo entendida? Ter unidade de sentido é ter sentido? O sentido está no texto? Ter
unidade de sentido é girar em torno de um tema principal (recuperável pelo leitor), e não,
ser dotado de sentido intrínseco. Será que é isso que está sendo entendido?

O que é sentido e “onde” ele está? Ele poderia “estar” em pelo menos três “lugares”: no
autor, no texto ou no leitor.

O sentido está no texto?

Se está, por que um mesmo texto é entendido de formas diferentes por diferentes leitores?
Porque alguém entende um texto e outra pessoa pode não entender esse mesmo texto? Se
o sentido estivesse lá, não seria de se esperar que todos ou entendessem ou não
entendessem um determinado texto e, se entendessem, entendessem da mesma forma?

O sentido está na palavra? Está no texto?


Ex.: Eu martelei o dedo, pregando um quadro.
Infere-se que foi com um martelo.

Passei a noite martelando essa ideia na cabeça. / Passei a noite com essa ideia martelando
na cabeça.
Infere-se que foi com um martelo?

Quando dizemos que o sentido está no texto, na verdade, queremos dizer que há
elementos linguísticos que sinalizam um caminho para o leitor. Isso é feito pelas escolhas
lexicais e dos mecanismos gramaticais feitas pelo autor.

Por exemplo, quando dizemos:


(a) João é maconheiro ou (b) João é usuário de drogas, estamos dizendo coisas diferentes.

Em (a), João é marginalizado em (b), João é vítima.

O mesmo acontece nas escolhas morfossintáticas feitas abaixo:


(a) Cigarro, eu não fumo.
Eu não fumo cigarro.
Eu não fumo.
Eu ainda não fumo.
(b) Ela morreu.
Ela foi morta.

(c) Uma boa mulher


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Uma mulher boa.

Há, também, mecanismos lexicais e gramaticais de coesão utilizados pelo autor no


momento da escrita do texto, como pronomes anafóricos e outras formas de retomada,
artigos, elipse, concordância, correlação entre os tempos verbais, conjunções,
preposições, advérbios de sequência, etc.

Por hora, basta dizer que a coesão são mecanismos que ajudam o leitor a construir a
coerência do texto. O que significa isso? Significa que o texto traz vários elementos
linguísticos que devem ser inter-relacionados pelo leitor para construir a coerência ou
significado(s) para aquele texto, naquela determinada situação. Disso pode-se concluir
que:
- a coerência não está no texto, mas é construída pelo leitor;
- não há texto sem coesão;
- a coesão tem pelo menos duas faces:
- instruções que aparecem no texto;
- a realização dessas instruções pelo leitor.

Ex.: Paulo é um menino levado. Aquele pestinha quase afogou o gato da minha vizinha.
Para compreender essa frase, o leitor tem de realizar algumas operações de coesão
indicadas no texto. Uma delas é ligar “Aquele pestinha” a “Paulo”, uma vez que esse é o
antecedente provável. Outra é ligar “minha vizinha” como sendo a vizinha do narrador e
não de Paulo. Essas operações é que são, no final das contas, a coesão.

Vocês estão vendo de onde vem a confusão entre texto e sentido? Há uma confusão entre
texto (produto/físico) e leitura (processo/mental). Para muita gente, texto só é texto
quando faz sentido, no entanto, uma coisa é o objeto físico e outra coisa é o processamento
mental. Como diz o Prof. Milton do Nascimento: “texto é risco no papel e som no ar”. O
sentido não está no texto, ele precisa ser construído pelo leitor.

O sentido está no autor, é definido por ele?

É difícil e perigoso afirmar isso. O autor, no momento da produção do texto, tem um


sentido e um propósito em mente e procura escolher os elementos linguísticos que ele
presume que vão ajudar o leitor a recuperar algo o mais próximo possível do sentido
pretendido. Isso não garante que o leitor vá entender exatamente o que o autor pretendia.

O sentido está no leitor?

Tudo indica que quem constrói o(s) sentido(s) para o texto no momento da leitura é o
leitor, mas isso não significa que ele pode ler como bem quiser. Há, no texto, indicações
que ele não pode ignorar. Acreditar que qualquer leitura vale porque devemos respeitar a
interpretação feita pelo leitor, é jogar por terra dois processos ao mesmo tempo: a leitura
e a escrita. Se eu posso ler o que eu quero em qualquer texto, como autor, eu não preciso
me preocupar com os elementos que vão compor meu texto, porque o leitor vai entender
o que ele quer mesmo. Essa é uma visão extremamente perigosa.

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Isso nos leva à conclusão de que, para entender qualquer passagem de um texto, é
necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um
significado oposto ao que ela de fato tem.

Em outros termos, é necessário considerar que, para fazer uma boa leitura, deve-se sempre
levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida.

Entende-se como contexto uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade
linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo
encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda.

Uma observação importante a fazer é que, nem sempre, o contexto vem explicitado
linguisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor
pode vir implícito: os elementos da situação em que se produz o texto podem dispensar
maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa.

Para exemplificar o que acaba de ser dito, observe-se um minúsculo texto como este:
.
A nossa cozinheira está sem paladar.

Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto,


dependendo da situação em que foi produzido.

Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto
pode significar que a sopa está sem sal; dito para o médico, no consultório, pode significar
que a mesma pode estar acometida de alguma doença que esteja impedindo sentir o
paladar dos alimentos.

Para finalizar esta primeira consideração, convém enfatizar que toda leitura, para não ser
equivocada, deve, necessariamente, levar em conta o contexto que envolve a passagem
que está sendo lida, lembrando que esse contexto pode vir manifestado implicitamente
por palavras ou pode estar implícito na situação concreta em que foi produzido.

Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de


escala mais ampla.

Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualização de quem o


produziu. De certa forma ou de outra, constroi-se um texto para, através dele, marcar uma
posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na
sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade,
tem sempre alguma intenção por trás.

Observe, a título de exemplo, a passagem que segue, extraída da revista Veja do dia 1º
de junho de 1988, página 54.

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CRIME.
TIRO CERTEIRO.
Estado americano limita porte de armas.

No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. Entrou


numa loja de armas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo
com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com um Saturday Night Special
– nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e
de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele
ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça
de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady
desde então, está preso a uma cadeira de rodas.

Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o


risco de vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente.

Para comprovar essa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se


pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia.

O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que
pareça, manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em
debate.

Ao final desta lição, devem ficar bem plantadas as seguintes conclusões:


a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados, já que o significado
das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam;
b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás
do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão
qualquer.
Linguagem

É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e


sentimentos. A linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há
comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para
estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras
com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). Num
sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais
que se valem os indivíduos para comunicar-se.

Tipos de Linguagem
A linguagem pode ser:

Verbal: a linguagem verbal é aquela que faz uso das palavras para
comunicar algo.

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As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa
palavras para transmitir a informação).

Não verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as
palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a
linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.

Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam.

Língua

A língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que


possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes
permitam comunicar-se e compreender-se.

Por exemplo: falantes da língua portuguesa.

A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais


podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma
de expressão. Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros
falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a
língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas regras
socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um
exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da
seguinte maneira:

A família de Regina era paupérrima.

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Outro, no entanto, pode optar por:

A família de Regina era muito pobre.

As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da fala de


cada um. Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às regras gerais da
língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados incompreensíveis
como:

Família a paupérrima de era Regina

Língua Falada e Língua Escrita

Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação
distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais
espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é
acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A
língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais
disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom
de voz do falante.

No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da
língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:

Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da


região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também
há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há
diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada
por um cidadão do interior do estado.

Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também


são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada
utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos
encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que
usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.

Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas


formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas
formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos,
profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros
especialistas.

Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como
idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-
se em linguagem infantil e linguagem adulta.
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Fala

É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo,
para a manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém,
conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua
personalidade, o ambiente sociocultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da
unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais variados níveis da fala. Cada
indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é por
isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura,
embora nem sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.

Níveis da fala
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis:

Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia,
principalmente em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-
lo, não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou não com as regras formais
estabelecidas pela língua.

Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações


formais. Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às
regras gramaticais estabelecidas pela língua.

O autor de um texto, para criar um determinado efeito de sentido, pode escolher figuras
dentro de uma determinada região do léxico. Pode escrever seu texto em gíria, ou utilizar
um vocabulário regionalista, ou ainda fazer uso de muitos arcaísmos. O que importa, para
uma boa leitura, não é apenas identificar a escolha feita pelo autor, mas verificar qual é a
função que ela tem no sentido do texto.

Vejamos como Mário de Andrade explorou a seleção de vocábulos, analisando um


fragmento de seu livro Macunaíma.

“Senhoras:

Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-
nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com desagradável nova. É
bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo no dizer de seus
prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, senão pelo
apelativo de amazonas: e de vós se afirma, cavalgardes belígeros ginetes e virdes da
Hélade clássica (...)

Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita
pesou sobre nós (...) O que vos interessará mais, por sem dúvida, é saberdes que os
guerreiros de cá não buscam mavórticas damas para o enlace epitalâmico, mas antes as
preferem dóceis e facilmente trocáveis por voláteis folhas de papel a que vulgo chamará
dinheiro o “curriculum vitae” da Civilização a que fazemos honra em pertencermos.”
14
(Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. 18ª ed. São Paulo, Martins Fontes; Belo Horizonte, Itatiaia,
1981. p.59-60)

O trecho faz parte do capítulo “Carta pras Icamiabas”. O remetente dessa carta é o próprio
herói do romance; o lugar em que está é a cidade de São Paulo; o destinatário são as
Icamiabas, que quer dizer amazona, mulher guerreira que, segundo a lenda, vivia na
região hoje denominada Amazônia.

O texto surpreende no contexto do romance porque o herói rompe com a modalidade de


linguagem espontânea que vem utilizando até então e adota um registro destacadamente
formal, o que se manifesta, sobretudo na escolha de um léxico sofisticado.

Essa ruptura corresponde, sem dúvida, a uma intenção de ridicularizar o modo de vida da
grande cidade a esse efeito de ridicularização é conseguido, no caso, não só pelo conteúdo
significativo do que ele diz, mas também pela escolha lexical.

Vejamos, mais pormenorizadamente, o que o narrador está ridicularizando:

a) ao escolher um léxico e uma sintaxe já desusados, ele satiriza o caráter anacrônico e


ultrapassado de nossa cultura urbana em geral: “missiva” em lugar de carta; o tratamento
“vós em vez de vocês”; “nós” (plural majestático) em lugar de eu; a imitação da sintaxe
clássica, reproduzindo inclusive, quase literalmente, dois versos de Os Lusíadas, de
Camões:

“Porém já cinco sóis eram passados


Que dali nos partíramos, cortando...” (V, 37, 1-2)
– uma solenidade e uma erudição descabidas no contexto de uma carta;

b) além disso, observa-se a escolha de um léxico preciosista (termos de emprego muito


raro), muito ao gosto dos parnasianos e pré-modernistas em geral (Rui Barbosa, Olavo
Bilac, Coelho Neto); “mavórticas” em vez de guerreiros (mavórtico é adjetivo relativo a
Marte ou Mavorte, deus da guerra na mitologia romana); “enlace epitalâmico” em vez de
casamento.

Com isso, o narrador ridiculariza não só o parnasianismo e literatura imediatamente


anterior ao modernismo, mas também toda a cultura desse período no Brasil, pois o
parnasianismo correspondia ao gosto da moda.

A escolha de temas e figuras em determinadas regiões do léxico produz certos efeitos de


sentido. Observaremos alguns setores lexicais e efeitos de sentido que produzem:

a)gírias: sobretudo em textos narrativos, caracterizar o personagem através da linguagem


que utiliza;

b)arcaísmos: recuperar certa época, ridicularizar certo personagem que ainda insiste em
utilizá-los;

c)neologismos: caracterizar personagens ou épocas;

15
d)regionalismos ou estrangeirismos: caracterizar, por exemplo, a procedência de um
personagem;

e) jargão: caracterizar a competência de quem o utiliza.

Além disso, um autor pode fazer largo uso de clichês (expressões prontas, lugares-
comuns, como, por exemplo, “ela completou quinze primaveras”, “a vida é uma caixinha
de surpresas”, “rápido como um raio”, para demonstrar a incompetência de quem os
utiliza, para pôr em evidência a falta de originalidade de um personagem.

A desmontagem de clichês, por outro lado, produz efeitos interessantes. Guimarães Rosa,
por exemplo, usa “pela calada do dia” na base de “pela calada da noite”; “de lua a lua”
pelo modelo de “de sol a sol”; “aqui-del-presidente” em vez de “aqui-del-rei”.

Um autor pode, ainda, criar efeitos de sentido usando um léxico preciosista, como, por
exemplo, rórido (orvalhado), perlejar (tomar como recamado de pérolas), desalterar
(matar a sede), canícula (grande calor).

Atividades práticas:
Antigamente

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito


prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam
longos meses debaixo do balaio. E, se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da
chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para
tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher
maduro e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse
entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes
passava a manta e azulava dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta,
faziam o quilo, saindo para tomar a fresca, e também tomavam cautela de não apanhar
sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo,
chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano, os quais, de pouco siso,se
metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas, não admira que dessem com os
burros n’água.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Seleta em prosa e verso. Rio de janeiro, José Olympio. 1971. p. 13)

1) Por que o texto se chama "Antigamente”?


R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2) Aparece, no texto, o estrangeirismo mademoiselles, termo francês que significa


senhoritas. Por que se empregava a palavra francesa e não a portuguesa?
R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

16
3)Explique os significados das seguintes palavras ou expressões: janota, nesse
entrementes, azulava e siso.
R - ___________________________________________________________________

4) Como se chamavam antigamente o cinema e o avião?


R - ___________________________________________________________________

5) Explique o significado das seguintes expressões: fazer pé-de-alferes; arrastar a


asa; ficar debaixo do balaio; levar tábua; tirar o cavalo da chuva; ir pregar em
outra freguesia; tirar o pai da forca; jogar verde para colher maduro; saber com
quantos paus se faz uma canoa; passar a manta; dar às de vila-diogo; fazer o quilo;
tomar a fresca; meter-se em camisa de onze varas; meter-se em calças pardas; dar
com os burros n’água.
R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

6) Que significa “prendadas”, referindo-se às moças?


R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

7) O narrador constrói seu texto quase somente com arcaísmos, para produzir o
seguinte efeito:
( ) Mostrar que a língua deve ser preservada;
( ) Advertir que as pessoas precisam usar arcaísmos;
( ) Caracterizar uma época através do uso do próprio linguajar dessa época;
( ) Lembrar que é ridículo utilizar uma linguagem arcaica.

Signo

O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o


significante e o significado.

Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa


palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória.
Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é
o significante do signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um
animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos
vem à mente é o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em
nossa memória.

Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras


gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível
colocar o artigo indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um
cachorro, o mesmo não seria possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do
17
signo cachorro. A sequência uma cachorro contraria uma regra de concordância da
Língua Portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os signos que
constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento
de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado
de suas regras combinatórias.

Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata


do do signo) + significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo,
suas letras e seus fonemas.)

Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras gramaticais.


Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significante
e
significado.
Fala:uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da
liberdade de expressão e compreensão.

Nas situações de comunicação, alguns elementos são sempre identificados. Isto é, sem
eles, pode-se dizer que não há comunicação. É o que diz a Teoria da Comunicação.

1. Canal: meio pelo qual circula a mensagem.


2. Emissor: indivíduo ou grupo que codifica (emite) a mensagem.
3. Receptor: indivíduo ou grupo que decodifica (recebe) a mensagem.
4. Mensagem: o próprio texto transmitido.
5. Referente: conteúdo da mensagem, objeto ou situação a que a mensagem se
refere, contexto relacionado a emissor e receptor.
6. Código: conjunto de signos usados na transmissão e recepção da mensagem,
normalmente uma língua natural.

Obs: as atitudes e reações dos comunicantes (conhecimento prévio, idiossincrasia) são


também referentes e exercem influência sobre a comunicação.

Atividade prática:
1) Identifique os elementos das situações de comunicação a seguir:
a) Pronunciamento do Presidente em cadeia nacional de rádio e TV no Dia do Trabalho.
Emissor: _______________________________________________________________
18
Receptor:_______________________________________________________________
Mensagem:_____________________________________________________________
Código: _______________________________________________________________
Canal: _________________________________________________________________
Contexto: ______________________________________________________________

b) Editorial de um jornal comentando o pronunciamento do Presidente.


Emissor: _______________________________________________________________
Receptor:_______________________________________________________________
Mensagem:_____________________________________________________________
Código: _______________________________________________________________
Canal: _________________________________________________________________
Contexto: ______________________________________________________________

c) Um estudante ao telefone convidando um colega de turma para ir ao jogo de futebol


no próximo fim de semana.
Emissor: _______________________________________________________________
Receptor:_______________________________________________________________
Mensagem:_____________________________________________________________
Código: _______________________________________________________________
Canal: _________________________________________________________________
Contexto: ______________________________________________________________

d) A aula ministrada pelo professor de Português para Concursos.


Emissor: _______________________________________________________________
Receptor:_______________________________________________________________
Mensagem:_____________________________________________________________
Código: _______________________________________________________________
Canal: _________________________________________________________________
Contexto: ______________________________________________________________

e) E-mail mesclando texto e emoticons de uma jovem apaixonada ao seu namorado.


Emissor: _______________________________________________________________
Receptor:_______________________________________________________________
Mensagem:_____________________________________________________________
Código: _______________________________________________________________
Canal: _________________________________________________________________
Contexto: ______________________________________________________________

Ruídos na comunicação
Quando algum dos elementos não está completamente integrado ao processo da
comunicação, ou ocorre algum tipo de interferência, aparecem os ruídos na comunicação.
Podem ser fatores externos à comunicação, físicos ou não, que impeçam que a ideia
original codificada chegue de forma satisfatória ao receptor. Um exemplo clássico de
ruído na comunicação é a chamada “linha cruzada” ao telefone, quando o processo de
transmissão da mensagem recebe a interferência de outro processo, indesejado e
descontextualizado. Nesse caso, houve interferência no canal da comunicação.

19
Entretanto, há diversas situações, envolvendo outros elementos da comunicação, em que
pode ocorrer ruído.

Exemplos:
1 – O emissor não organiza suas ideias de forma clara, levando ao não-entendimento da
mensagem por parte do receptor. Nesta situação, a fala do emissor sofre interferência de
pensamentos inconclusos, vagos e indefinidos, ou não se estrutura segundo as regras
convencionadas para a língua;

2 – O receptor não está suficientemente atento e concentrado para receber a mensagem,


gerando mal-entendidos. Normalmente, neste caso, a comunicação sofrre interferência de
fatores subjetivos, como, por exemplo, um pensamento que o receptor esteja elaborando
e que desvia sua atenção da mensagem do emissor;

3 – O emissor ou o receptor não tem domínio completo do código utilizado. Esta


situação ocorre quando o emissor utiliza uma palavra desconhecida para o receptor,
ficando a mensagem com sua codificação e entendimento comprometidos; ou quando o
emissor faz uso de um vocábulo inadequado, supondo-lhe um sentido que não
corresponde ao usual, convencionado, nem constitui caso de linguagem figurada;

4 – O canal sofre interferências, impossiblitando a perfeita transmissão da mensagem. É


o caso da “linha cruzada”, ou quando, por exemplo, ao ler as legendas de um filme no
cinema, alguém se levanta e se coloca entre o espectador e a tela, obstruindo sua visão;

5 – O emissor e o receptor têm percepções diferentes do contexto da comunicação, ou o


receptor o desconhece. É a situação clássica do que popularmente se chama de “pegar o
bonde andando”, em que se entende parte da mensagem de maneira descontextualizada
do processo inteiro da comunicação. Também ocorre quando o emissor elabora uma
mensagem com base em um referencial e o receptor ou não dispõe de meios de conhecê-
lo ou, pela inconsistência do contexto, atribui à mensagem um referencial equivocado.

Atividades práticas:

1)Identifique, nas situações concretas a seguir, em que elementos ocorrem


interferências capazes de configurar ruído na comunicação:
a) Você sai de seu apartamento apressado e, enquanto espera o elevador, ouve um
vizinho gritando: “Está frio!” O elevador chega e você desce.
R- ____________________________________________________________________

b) Um parente de vítima de atropelamento lê no boletim policial de ocorrência: “A vítima


foi levada para o nosocômio mais próximo.” Fica atarantado por não saber onde está seu
parente.
R- ____________________________________________________________________

c) Durante uma aula para a turma do oitavo ano, no momento da explicação do conteúdo,
um aluno cai da cadeira, a turma se dispersa e o professor interrompe sua fala.
R- ____________________________________________________________________

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d) Um funcionário apresenta a seguinte desculpa ao chefe por ter chegado atrasado
ao trabalho:
“ O tráfico estava muito intenso”.
R- ____________________________________________________________________

e) Um funcionário informa o resultado da reunião com o cliente ao supervisor, que


não deixa de ler e-mails enquanto ouve. Posteriormente, o supervisor adota um
procedimento inadequado no encaminhamento do caso.
R- ____________________________________________________________________

Tipologia Textual
Descrição

É o tipo de redação na qual se apontam as cracterísticas que compõem um determinado


objeto, pessoa, ambiente ou paisagem.

Ex.: “Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos.
Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver
e jovialidade. Os traços bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais
parecia uma pintura.”

O texto descritivo.
Descrever é pintar com palavras.

O texto descritivo pretende passar para o leitor a imagem de algo: uma paisagem, uma
situação, uma cena, um objeto, características físicas ou psicológicas de uma pessoa ou
de um personagem...

A descrição pode ser resultado da observação ou da imaginação. O texto descritivo


trabalha com a representação do mundo real ou do mundo irreal.

A nota marcante numa descrição é a simultaneidade dos elementos: tudo é apresentado


como em um momento “congelado” no tempo. Não há progressão temporal; não existe
um antes e um depois (observe que a maior parte dos verbos aparece no presente ou no
pretérito imperfeito do indicativo).

A descrição pode tentar a captação objetiva do real, ou apresentar uma visão subjetiva, o
modo como quem descreve “percebe” essa realidade. Assim, costuma-se falar de
descrição técnica ou de descrição literária. Quem descreve pode pretender que o leitor
“veja” (descrição mais objetiva), ou que “sinta” (descrição mais subjetiva). Em última
análise, toda descrição acaba um pouco subjetiva, pois, mesmo havendo a intenção de
objetividade, os dados da realidade são escolhidos e organizados de um ponto de vista
particular, e a própria seleção das palavras acaba revelando uma visão “pessoal”.

Para conseguir uma boa descrição é importante o emprego cuidadoso e criterioso:

21
1)Dos substantivos – deve-se buscar o vocábulo mais preciso para o que se quer
expressar;

2)Dos adjetivos e locuções adjetivas – deve-se evitar a adjetivação óbvia ou desgastada


pelo uso como “céu azul”,“mãe amorosa”, “rio caudaloso”...;

3)De verbos e advérbios – faz parte da descrição dizer o que se costuma fazer e o
modo como se faz;

4) De comparações – que sejam criativas e esclarecedoras.

Por que se descreve?


1 – Descrição na narração.

Em textos narrativos é comum surgirem momentos descritivos. Além de descrever o


ambiente, é preciso “compor” os personagens.

Por meio dos recursos descritivos, pode-se apresentar o personagem de forma que
desperte, no leitor, simpatia e admiração, ou apresentá-lo como odioso, antipático,
desprezivel. Não é raro haver, por trás da descrição, um julgamento moral do personagem.

Atividades práticas:

Leia o texto para responder às questões:

“Era um homem todo em proporções infinitesimais, baixinho, magrinho, de carinha


estreita e chupada, e excessivamente calvo: usava óculos, tinha pretensões de latinista,
e dava bolos nos discípulos por dá cá aquela palha. Por isso era um dos mais acreditados
na cidade. O barbeiro entrou acompanhado pelo afilhado, que ficou um pouco escabriado
à vista do aspecto da escola, que nunca tinha imaginado.”

a) Que recurso linguístico o narrador emprega para ressaltar as “proporções


infinitesimais” do personagem?
R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Sobre um dos personagens, o narrador afirma que “tinha pretensões de latinista”


e dava bolos nos discípulos por dá cá aquela palha”, ou seja, por qualquer razão.
Que características podem ser associadas a esses traços de caráter?
R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2 – Descrição na dissertação
Também em textos dissertativos, aqueles em que discutimos um problema e damos
opinião, podem surgir momentos descritivos. Trata-se de caracterizar pessoas ou
descrever situações como elementos de apoio à tese que defendemos. Manifestamos nossa
visão de mundo pela maneira como “pintamos” pessoas ou reproduzimos situações.
22
Atividades práticas:

I – “O Estatuto do Adolescente, como está hoje, é uma lei de proteção aos infratores.
Quem rouba os tênis das crianças que vão ao colégio? Quem assalta as crianças nos
ônibus? São os menores infratores. A lei acaba deixando desprotegida a maioria, que são
as vítimas. Os infratores ficam em liberdade por causa da impossibilidade de uma atuação
serena e enérgica dos policiais. Com isso, aqueles elementos de alta periculosidade têm
campo aberto para suas ações criminais. E acabam acontecendo tragédias como a da
Candelária ou das mães de Acari, que até hoje não acharam seus filhos. Temos que cortar
essas possiblidades retirando esses menores de rua [...] Ao contrário do que ocorre hoje,
os menores infratores deveriam estar presos, sujeitos ao Código Penal.”(General Nilton
Cerqueira)

II – “ No Brasil, é muito comum que as questões sociais não resolvidas se transformem


em questão de polícia. É o caso dos milhares de meninos e meninas de rua, marginalizados
pela sociedade e pelo Estado . Usados muitas vezes pelos “pais” de rua, por maus policiais
e pelos narcotraficantes, alguns meninos e meninas de rua são utilizados para atos
delituosos leves ou graves. [...]” (Benedito Domingos Mariano)

a)No texto I, como são designadas as crianças que vivem na rua?


R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Ainda no texto I, a quem se refere o termo “vítimas”?


R– ___________________________________________________________________

c) Embora no texto II não apareça o termo “vítimas”, pelo contexto é possível


compreender quem são elas. Quem são?
R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

d) Segundo o texto II, quem seriam os verdadeiros infratores?


R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________

3 – Currículo: um auto-retrato profissional.

Um currículo é uma espécie de auto-retrato profissional.


Para elaborá-lo, os especialistas em recursos humanos são unânimes em algumas
recomendações básicas. O currículo:
- deve ser honesto, isto é, não pode conter dados mentirosos;
- não pode ser longo: no máximo duas páginas;
- deve ser digitado, e com letras comuns (não espalhafatosas), em tamanho 12 ou 14;
- não pode conter erros de Português ou de digitação.

23
Com a necessária brevidade, um currículo deve conter, de maneira clara, as seguintes
informações:

Dados pessoais– O nome do profissional deve vir em destaque. A seguir, vêm data de
nascimento, estado civil, endereço, telefone e endereço eletrônico;

Objetivo– Apontar o interesse profissional, expor suas ambições (p. ex.: fazer um estágio
em determinada empresa);

Qualificações– Evidenciar tudo o que desenvolveu ao longo da carreira: cargos que


ocupou e funções que exerceu;

Formação– Apontar o último nível de instrução (ensino médio, curso superior),


destacando apenas o que for mais relevante para sua ambição profissional. Se for o caso,
informar que ano/período está cursando de determinado nível de estudo (p. ex.: segundo
ano do ensino médio).

Informações complementares– Neste item, são relevantes os conhecimentos em duas


áreas: idiomas e informática. Descrever com precisão o grau de domínio do idioma:
conversação fluente, redação, apenas leitura, conhecimentos básicos... Quanto à
informática, descrever suas competências reais, incluindo o uso da Internet e o domínio
de softwares mais utilizados nas empresas.

Experiência profissional – Detalhar onde trabalhou, em que cargo, durante quanto


tempo, o setor e atuação e o porte da empresa. Deve-se começar do último emprego e ir
enumerando os demais até o primeiro.

Como você pôde observar, elaborar um currículo é como fazer uma descrição profissional
de si mesmo.

Narração

É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram


em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.

Ex.: “Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela
rua mal-iluminada que conduzia a sua residência. Subitamente, foram abordados por um
homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria,
receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bêbado que
tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.”

O texto narrativo
Todo mundo gosta de uma boa história. As crianças adoram. Os adultos também. Por isso
vão ao cinema, assistem a novelas, leem romances, contam piadas...

Já em tempos bem remotos, em todas as culturas e civilizações, os seres humanos


costumavam reunir-se para contar e escutar histórias. Numa época em que ainda não havia
24
escrita, as histórias passavam de geração a geração em narrativas orais. Por meio dessas
narrativas, explicava-se a origem do mundo, personificavam-se os fenômenos da
natureza, firmavam-se as origens lendárias da nação, admirava-se a bravura dos heróis,
explicavam-se crenças e costumes ancestrais. As histórias davam um sentido para o
passado e abriam perspectivas para o futuro, neste e no outro mundo...Ou, então,
simplesmente serviam para divertir, entreter as pessoas.

A escrita só veio possibilitar a divulgação mais ampla das histórias.

A ciência, por não ter respostas a todas as dúvidas do ser humano, aguçou ainda mais
nossa imaginação para mundos fantásticos. Assim, à ficção voltada para o passado e para
o presente, veio juntar-se a ficção científica, que tenta imaginar o futuro.

Texto narrativo é o texto que conta uma história

Narrar é expor a situação de ações que compõem um acontecimento. Narrativa é a


exposição, por meio de palavras, de uma sequência de fatos ou acontecimentos que se
dão no passado, ou que são imaginados como tais. Na moderna literatura de ficção
científica, pode-se relatar algo que se imagina como realizado no futuro. Os elementos
que constituem uma narrativa são, de modo geral, os seguintes:

a. Personagens – o leitor formará uma ideia deles por descrições inseridas na narração
ou por ações das quais se possam inferir suas características;

b. Intriga (enredo ou trama) – os personagens agem e reagem em função de um conflito,


e tudo deve encaminhar-se para um desfecho;

c. Cenário (espaço e tempo) – é o espaço criado pelo narrador em sua ordenação dos
fatos;

d. Narrador (foco narrativo)– é quem conta a história: pode ser um dos personagens
(narrador-personagem), ou alguém que está fora dos acontecimentos (narrador em 3ª
pessoa);

e. Interesse – essencial numa história, o interesse pode ser despertado ou em função do


caráter inusitado do que se narra, ou em função da maneira original como se narra. O
interesse está na proporção inversa da previsibilidade dos eventos, ou na engenhosidade
linguística com que eles são apresentados.

Elementos Constitutivos do Texto Narrativo

Vamos aprofundar um pouco nosso conhecimento dos elementos constitutivos do texto


narrativo.
Personagens: Quem?

25
É fundamental para uma boa narrativa a cuidadosa construção dos personagens.
Protagonistas são personagens que se destacam por estarem diretamente envolvidos no
núcleo da trama. Pode haver também personagens secundários. Costuma-se fazer
distinção entre personagens esféricos e personagens planos. Os personagens planos são,
na verdade, “tipos” que representam determinadas categorias sociais. Nas peças de Gil
Vicente, por exemplo, os personagens (o fidalgo, o frade, o judeu...) são verdadeiros tipos:
correspondem a uma imagem socialmente estabelecida. Daí a previsibilidade de suas
atitudes e reações. Já os personagens esféricos são aqueles portadores de maior
complexidade psicológica. Sua substância pessoal foge aos padrões. São mais instáveis,
na medida em que não se conformam a estereótipos.

Enredo: O que aconteceu?

Também chamado intriga ou trama, o enredo é a sequência de ações que se desenvolvem


numa narrativa. Os acontecimentos podem ser apresentados numa progressão linear de
tempo, ou seja, em uma sequência natural, ou numa sucessão não-linear – primeiro o fato
e, depois, seus antecedentes -, recurso conhecido como flash back, muito empregado no
cinema. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo, o narrador-personagem
começa contando a própria morte.

Antes de começar a escrever, é importante selecionar os fatos e a sequência em que serão


apresentados. Com o roteiro programado, é possível criar suspense, retardamentos,
surpresas, estranhamentos para o leitor.

Os fatos narrados têm uma duração: é o tempo da narrativa (não confundir com a
época em que se passa a narrativa). Há histórias que privilegiam o tempo cronológico:
seguem a sucessão das horas, dias, meses e anos. Outras se regulam pelo tempo
psicológico, isto é, são marcadas pelo ritmo interior dos personagens, pelo seu
envolvimento emocional. Cinco horas numa festa parecem voar; uma noite num velório,
pode parecer eterna...

Cenário: Onde? Quando?

Personagens não se movem no vazio. É preciso situá-los num lugar e numa época. No
teatro, por exemplo, a época e o lugar são sugeridos pelo cenário, pelo vestuário dos
personagens, etc. Numa narrativa escrita, o leitor só pode tomar conhecimento de tudo
isso se for informado pelo narrador. Daí toda narração envolver elementos descritivos.

26
Narrador: Quem conta a história?

Para que a história seja contada, é preciso uma voz que vá apresentando os fatos. Uma
história pode ser narrada de dois pontos de vista fundamentais:

a. Narrador em 1ª pessoa – é o narrador-personagem. Além de contar a história, tem


participação nela. Pronomes e verbos, nesse caso, aparecem na 1ª pessoa gramatical.
Ex.: Quando saí de casa naquela manhã, minha irmã ainda não havia chegado...

b. Narrador em 3ª pessoa– os fatos são apresentados pela voz de alguém que não faz
parte da história, que é mero observador. Usa-se, neste caso, a 3ª pessoa gramatical.
Ex.: Quando Paulo saiu de casa naquela manhã, sua irmã ainda não havia chegado...

O narrador em 3ª pessoa pode assumir duas posições em relação ao seu discurso: a do


mero observador e a do narrador onisciente (“aquele que sabe tudo”), que penetra
pensamentos, sentimentos e as mais íntimas intenções dos personagens.

Ex.: João dormira mal, tivera pesadelos. Pensava na pensão dos filhos. Desconfiava que
nem eram seus...
Interesse: Vale a pena contar?

Um bom texto narrativo é aquele que prende o leitor. Como vimos, prende-se o leitor ou
por aquilo que é narrado, ou pela maneira original como se narra.

Uma boa história retira-nos de nossa realidade e nos transporta para novas situações.
Gostamos de conhecer aspectos novos da vida. Facina-nos a diversidade dos destinos
humanos. O contato com variados personagens amplia a nossa compreensão do ser
humano, enriquece e alarga nossa visão de mundo.

O tempo verbal na narrativa


Para contar uma história, o narrador pode situar-se de duas maneiras em relação ao
acontecimento que narra.

a. Pode deslocar-se para o passado e narrar os acontecimentos como se estivessem


acontecendo diante de seus olhos. Por meio desse artifício, a narração é feita no presente.
Foi com esse procedimento que Artur Azevedo escreveu “Plebiscito”. Verifique o início:

A cena passa-se em 1890.


A família está toda reunida na sala de jantar.
O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço.
Acabou de comer como um abade. [...]
De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:
- Papai, o que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha dos olhos para fingir que dorme.
(AZEVEDO, Artur. In: Histórias divertidas. São Paulo, Ática, 2002.p.24 )

27
Como se vê, a frase “A cena passa-se em 1890”, o narrador se torna contemporâneo dos
acontecimentos e pode narrá-los à medida que se desenvolvem. Os verbos que indicam
as ações dos personagens são colocados no presente, que, no caso, é chamado de presente
histórico. Fatos anteriores a esse presente são colocados no passado (pretérito perfeito):
“Acabou de comer como um abade”. Mas o fio da narrativa é conduzido sempre com
verbos no presente.

b. A maneira comum de narrar, porém, é aquela em que, do seu presente, o narrador olha
o passado em que os acontecimentos se dão. Observe esse procedimento no conto abaixo:
Caso de secretária

Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o
abraçara, não fizera a mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido.
Então era assim que a família o tratava? Ele, que vivia para os seus, que se arrebentava
de trabalhar, não merecer um beijo, uma palavra ao menos!

Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da
secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e, entretanto, o lembrara.
Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como
até então a considerar; era um coração amigo.

Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocoxô: o carinho da secretária não curava,
abria mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes e a
mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem
gosto para viver.

Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se


medisse toda a sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o
ditado da correspondência foi entremeado de suaves brincadeiras da parte dela.

- O senhor vai comemorar em casa ou numa boate?

Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é uma droga, ninguém
gostava dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe.

- Se o senhor quiser, podíamos jantar juntos – insinuou ela, discretamente.

E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida – o pessoal lá
em casa pouco está ligando –, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que –
reparava agora – era bem bonita.

Daí por diante, o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve
vontade de mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele
principalmente.

Conteve-se, no prazer ansioso da espera.

– Aonde você prefere ir? – perguntou ao saírem.


28
– Se não se importa, vamos passar primeiro no meu apartamento. Preciso trocar de roupa.

Ótimo, pensou ele: faz-se a inspeção prévia do terreno, e, quem sabe?

– Mas antes quero um drinque, para animar – ela retificou.

Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de viver e de fazer anos, como começou
a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço.

No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia.


Dentro de quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater – e o sorriso
dela, dizendo isto, era uma promessa de felicidade.

Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo os


quinze minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do
banheiro e da situação. Liberto da roupa incômoda abriu a porta do quarto. Lá dentro, sua
mulher e seus filhinhos, em coro com a secretária, esperavam-no atacado “Parabéns pra
você”.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. 2ª Ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1968.p.11-12).

Observe que os fatos que constituem o fio principal da narrativa estão no pretérito
perfeito, tempo que situa a ação no passado e a dá como concluía: “Foi trombudo para o
escritório...”, “sentiu-se ainda mais borocoxô...”, “Baixou a cabeça...”, etc.

Mas há também as ações que constituem o pano de fundo, as circunstâncias dentro das
quais se desenrolam os fatos principais. Essas ações são colocadas no pretérito imperfeito,
tempo que situa a ação no passado, mas sem dá-la como concluída: “Era dia de seu
aniversário...”, “Ele que vivia para os seus...”, havia flores...”, etc.

Fatos anteriores ao eixo central da narrativa são colocados no mais-que-perfeito, ou seja,


são dados como ocorridos num passado anterior ao passado do fato principal narrado:
“nem sequer o abraçara, não fizera a mínima alusão...”, “tinham se esquecido”,
“entretanto o lembrara...”, etc.

O futuro é marcado em relação ao tempo dos fatos narrados. Portanto, trata-se de futuro
do pretérito (passado) e não de futuro do presente: “iria rodar...”, “podíamos
(=poderíamos) jantar...”, “não é que podiam... (=poderiam)”, etc.

Atividades práticas:

29
Examine este fragmento narrativo:

Existia em uma floresta uma formiga que vivia trabalhando.


A coitada trabalhava o verão todo para que, quando chegasse
o inverno, ficasse totalmente sossegada. Não se divertia, não
fazia absolutamente nada além de trabalhar.

1) Como você observa, o narrador conta a história como algo que se deu no passado.
Reescreva o fragmento, tornando o narrador contemporâneo aos fatos que narra.
R– ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2) Faça o mesmo com o primeiro parágrafo de “Caso de secretária”.


R– ___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________

Dissertação

É o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, seguidas da apresentação de


argumentos que as comprovem.

O texto dissertativo se caracteriza por obedecer a duas exigências básicas: a exposição e


argumentação simultâneas daquilo que o autor pensa a respeito de determinado assunto.

O autor situa um tema e o discute, lança sua tese e apresenta conclusões, procurando
convencer o leitor a aderir ao seu ponto de vista.

Em razão disso, esse tipo de texto pode ser denominado também de expositivo-
argumentativo, englobando trabalhos científicos e acadêmicos, como a monografia, a
dissertação de mestrado, a tese de doutorado, os artigos e editoriais de jornais.

A estrutura básica de um texto dissertativo é a seguinte:

Introdução

É a parte que contém a ideia principal do texto; a partir dela desenvolvem-se


várias outras ideias e parágrafos, com finalidade de discuti-la, explicá-la, fundamentá-la
ou prová-la. Vem representada, na maioria das vezes, por um ou dois períodos curtos
iniciais, em que se expressa a ideia-núcleo de modo sintético (tópico frasal).

Desenvolvimento
30
Normalmente, a parte maior e mais importante do texto, porque contém as ideias ou os
argumentos que fundamentam a tese. O sucesso do texto depende da qualidade e da
profundidade das ideias presentes no desenvolvimento. Em princípio, cada uma das ideias
exploradas nesta parte corresponde a um parágrafo.

Colocam-se no desenvolvimento, especialmente nos trabalhos acadêmicos:


- o problema examinado;
- as hipóteses e variáveis;
- a metodologia e as técnicas utilizadas na realização do texto;
- o embasamento teórico;
- a definição dos conceitos empregados;
- os argumentos e a análise dos fatos;
- os exemplos, as ilustrações e os casos.

Conclusão

É a parte final do texto. Para ela convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas
sendo quase sempre uma espécie de síntese da introdução e do desenvolvimento . A
conclusão merece destaque no texto e, por isso, é conveniente que constitua um parágrafo
e se restrinja a ele. Nela, indicam-se os resultados alcançados.

Pode, a conclusão, tornar-se mais rara, principalmente em parágrafos menores ou em que


a ideia central não apresenta maior complexidade para o seu entendimento.

Ex.: “Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que
o homem vê causando ao meio ambiente (tópico frasal). O desenvolvimento de grandes
extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos
da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos
a serem mencionados. (desenvolvimento) Os que se preocupam com a sobrevivência e o
bem-estar das futuras gerações temem que a ambição desmedida do homem acabe por
tornar esta terra inabitável.” (conclusão)

O texto dissertativo

A dissertação se enquadra num tipo de texto a que chamaremos de opinativo, já que


sempre traz explicitamente a opinião do autor sobre uma questão que se discute. Esse tipo
de texto apresenta dados e desenvolve raciocínios a respeito de um ponto de vista (tese)
que se defende. Assim, a atitude dissertativa está relacionada ao questionamento do
mundo. Implica a assertividade, ou seja, a capacidade e o desejo de expor o que se pensa
a respeito de questões que se discutem.

Dissertar é exercício de cidadania.

Dissertação é, pois, o texto em que um enunciador (aquele que escreve o texto) delimita
um tema (um problema específico) dentro de uma questão mais ampla (assunto) para

31
discuti-lo e defender seu ponto de vista (tese). Para isso, ele analisa, questiona, critica,
discute ideias.

Como se vê, assunto é algo amplo, genérico, enquanto tema é algo mais específico.
Futebol, violência, drogas, mulher, economia, preconceito, vestibular... são assuntos.

Dentro de um assunto, podemos delimitar vários temas. Por exemplo, dentro do assunto
violência, podemos distinguir temas como: violência urbana, violência contra a mulher,
violência nos campos de futebol, violência da polícia, o menor e a violência, violência do
Estado contra os cidadãos e muitos outros.

Intenção (propósito) do texto dissertativo: convencer o leitor.

A finalidade do texto dissertativo é persuadir o leitor. Para isso, é necessário


fundamentar o ponto de vista defendido; mostrando ao leitor que a opinião apresentada é
razoável, justa e eficaz.

Saber convencer é uma arte. A propaganda pretende convencer-nos para que compremos
tal produto. Os políticos, para que lhes demos nosso voto. Promotores e advogados
querem convencer os jurados da culpa ou da inocência do réu. As pregações religiosas
querem convencer-nos...

Essa arte de convencer tem um nome: chama-se retórica. Para ver quanto ela é antiga,
basta lembrar que Aristóteles (384 – 322 a.C.) escreveu um livro que tem esse nome por
título. A retórica põe a nossa disposição recursos a serem empregados para dar ao texto
maior capacidade de persuasão.

Elementos do texto dissertativo


São eles:

a. Enunciador – é aquele que escreve o texto, o autor. Enquanto narrador é quem conta
a história (não se confunde com o autor do texto), enunciador é aquele cuja voz conduz o
texto dissertativo.

Quando alguém escreve um artigo e o assina, pode usar a 1ª pessoa do singular (Penso
muitas vezes que...). Normalmente, porém, a pessoa do enunciador se dissolve em um nós
(Pensamos muitas vezes que...), mesmo porque ele quer passar a ideia de que não fala em
seu nome, mas em nome do bom senso, da razão. Em lugar de nós, o enunciador vezes
que...).

Observação:

Quando se trata de redação dissertativa no vestibular, costuma-se


sugerir ao candidato que evite o emprego da 1ª pessoa do singular.

b. Tema – é o aspecto específico de um assunto que se propõe para a discussão. No


vestibular, não adianta escrever bem sobre algo que não foi pedido. Isso é tão importante
que, quando um candidato foge do tema proposto, a banca simplesmente anula a redação.
32
c. Pano de fundo: a opinião pública – dizer que uma questão constitui problema,
significa dizer que, a respeito dela, a opinião pública está dividida. Se todos estivessem
de acordo, não haveria por que discutir. Por exemplo, a respeito da reserva de cotas para
negros nas universidades, a opinião pública está dividida. Então, para que se discutir essa
questão? É preciso que se conheçam os vários pontos de vista que existem sobre ela.

d. Tese – é o ponto de vista particular do enunciador. Conhecidas as diversas opiniões


que existem a respeito de determinado problema, o enunciador assume um deles para
defender. Pode dar-se também que o enunciador apresente um ponto de vista que ainda
não foi considerado na discussão do problema. Mas é fundamental que o texto tenha uma
tese clara. O enunciador não pode ficar “em cima do muro”.

e. Argumentos – são as justificativas apresentadas pelo emissor para sustentar o seu ponto
de vista. Existem vários esquemas argumentativos que podem ser usados. É preciso saber
escolhê-los bem, em função do tipo de questão que se discute.

A estrutura do texto dissertativo

O texto dissertativo deve ser organizado numa estrutura que apresente três partes:
introdução, desenvolvimento e conclusão.

Na introdução, apresenta-se com clareza o problema a ser discutido. Se o tema for muito
amplo, será necessário delimitá-lo, informando ao leitor que aspecto da questão será
enfocado. Convém contextualizar o problema, mostrando sua importância e atualidade.
A tese pode aparecer já na introdução. Até pela maneira como se coloca o problema, o
leitor poderá perceber qual é o ponto de vista que o enunciador vai defender.

Na conclusão, faz-se o encerramento da discussão. Não é mais hora de levantar problema,


apresentar argumento, introduzir nova ideia. É hora de afirmar ou reafirmar a tese
defendida, deixando claro para o leitor o propósito que se teve ao escrever o texto.

Observação:
Num texto de cerca de trinta linhas, a introdução deve ocupar apenas
o primeiro parágrafo, e a conclusão, o último. Os dois ou três
parágrafos intermediários constituirão o desenvolvimento.

Atividades práticas:

1) (FGV/98) As ideias propostas nos itens abaixo estão alinhados sem nenhuma
ordem. Organize-as em uma sequência coerente. Na resposta, indique, por meio das
letras, a ordem lógica em que os itens devem dispor-se.
a. Para as crianças que têm deficiência na produção de seu próprio hormônio do
crescimento, o produto sintético constitui importante avanço da medicina;

b. Obtido dessa forma natural, foi usado no tratamento de crianças cuja glândula não
produzia quantidade suficiente do hormônio;
33
c. Até recentemente, o hormônio do crescimento somente podia ser obtido da glândula
pituitária de seres humanos;

d. No entanto, o produto de origem natural foi retirado do mercado depois que cientistas
estabeleceram associação entre eles e algumas doenças mentais de crianças submetidas
ao tratamento;

e. Agora, foi desenvolvido novo hormônio sintético, que afirma-se, não tem efeitos
colaterais perigosos.
(Adaptado de GEAR, Jolene. Cambridge preparation for the TOEFL test. Cambridge, University Press, USA, 1994. P.345)
R - ___________________________________________________________________

2)(FGV/01) Os períodos seguintes estão alinhados sem nenhuma ordem. Organize-


os em uma sequência lógica. Na resposta, indique por meio dos números, a ordem
que eles devem dispor-se.

(1) Além disso, ainda ____________________________________não há telefone.


(2) Nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, existe disponibilidade de
_____________________________por uma__________________________, incluindo
o telefone.
(3) _______________, por exemplo, todos __________________________por três
minutos on line.
(4) A Internet pode ter um caráter mundial, mas em cada país há especificidades
econômicas e sociais que podem facilitar o acesso à rede. ________________________
(5) Na maioria dos países, no entanto, seu uso _____________________por minuto.
(6) Por isso, em________________________________________________________, o
acesso à Internet está fora de questão.
(Adaptado de ZEFF, Robbin. HSM Management, São Paulo, nº 17, ano 3.p.127, nov./dez.1999)

é cobrado - no Japão - fala da Internet - há muitos lugares onde - acesso


ilimitado à Internet - tarifa mensal - em regiões da Rússia, da
África ou da América Central

R - ___________________________________________________________________

3) (FGV/95) As ideias propostas nos itens a seguir estão alinhadas sem nenhuma
ordem lógica. Procure organizá-las de modo que se possa estruturar uma sequência
coerente de introdução, argumentação e conclusão.
O homem: mediador da ciência e da tecnologia?

a. Sendo diversas as possibilidades de aplicação do conhecimento científico e das


invenções tecnológicas, a utilização, atual e futura, da ciência e da técnica depende de
uma decisão do homem.

b. Em síntese: o futuro da ciência se decidirá fora da própria ciência e tecnologia, ou seja,


no âmbito da vontade humana.
34
c. Seja qual for a utilização da ciência e/ou tecnologia, o homem é sempre o responsável
por sua aplicação.

d. Há provas, tanto lógica quanto de evidência, que a boa ou má aplicação da ciência e da


técnica condiciona-se à maior ou menor competência do homem.

e. Na atual sociedade, a posse do conhecimento científico e da tecnologia representa um


instrumento de poder: a partir daí, pode-se desenvolver, por parte das elites, um controle
social e cultural dos cidadãos.
R – ___________________________________________________________________

Prática de Redação

“Ensinar alguém a redigir é prepará-lo cuidadosamente para a aquisição e


desenvolvimento de tal habilidade, dada a extrema importância que ela deva assumir nas
suas perspectivas individuais, sociais e culturais.”

Em sentido amplo, o ensino de redação busca desenvolver os seguintes aspectos:

1. A linguagem escrita a ser expressa em padrão satisfatório, indispensável à realização


pessoal e à sua integração no ambiente sócio-cultural em que vive;

2. O estímulo ao pensamento ordenado e lógico, condição primordial para uma


exposição clara, precisa e objetiva de ideias;

3. O aprimoramento da sensibilidade estética e o desenvolvimento de suas


potencialidades criadoras;

4. A recriação dos valores culturais assimilados através da leitura ou de outras atividades


que envolvam experiências educativas;

5 . O conhecimento das técnicas específicas aos vários estilos de composição literária,


ao nível do crescimento e das experiências de vida;

Os objetivos da redação transcendem aqueles meramente específicos ao ensino da


Língua.

Visam ao entendimento das exigências do homem como tal, capaz de emitir um conceito,
expressar um sentimento, relatar um fato; de dispor, enfim, dentro do sistema idiomático
de que se serve, daqueles recursos que melhor e mais corretamente exprimam suas
necessidades, interesses e aptidões.

Alguns conselhos úteis para despertar o interesse para a redação:

Um título desvinculado de um contexto motivador nem sempre é convidativo. Para


fazermos um boa redação, é necessário que estejamos motivados para tal. E existem a
nosso alcance vários meios de se despertar o interesse para a tarefa de redigir.
35
O importante é que tenhamos conteúdo e entusiasmo suficientes para compormos. E isto
ocorre quando o título ou tema de uma redação surge a partir de uma série de relações
com atividades e experiências, tais como:

1. Leitura e interpretação de textos literários de bons autores, procurando tirar dela o


maior proveito possível;

2. Seleção de artigos, reportagens e crônicas publicados em jornais e revistas; a seguir,


discuti-los em sala e, consequentemente, escolher títulos para a redação, todos
envolvendo as ideias discutidas em grupo;

3. Experiências individuais ou em grupo, como excursões visitas, observação de locais,


objetos, pessoas, cenas, etc.;

4. Observação e interpretação de gravuras, pinturas, fotografias que transmitam uma


mensagem visual significativa o bastante para ser traduzida em palavras;

5. Sugestão de mensagens auditivas que evoquem ambientes característicos, como


a apresentação de músicas motivadoras, tais como uma valsa vienense, um rock,
uma balada negra, um samba de morro. Tais músicas deverão ser acompanhadas
de um texto escrito alusivo às mesmas;

6. Decoração de uma sala ambiente, contendo elementos que forneçam sugestões


para a avaliação de um trabalho escrito. Tais elementos deverão estar
relacionados com fatos, comemorações ou promoções diretamente ligados aos centros
de interesse do redator.

Ao redigir, não esqueça de:

1. Enfatizar o título, usando uma das seguintes alternativas:

a) maiúsculas iniciais, com exceção das palavras de pequena extensão, como


preposições, conjunções, etc.

Ex.: A Missão Social do Comunicador;

b) maiúscula inicial apenas na primeira palavra, seja ela artigo, verbo, preposição, etc.
Ex.: A missão social do comunicador;
2. Usar ponto final nos títulos, em se tratando de frase ou citação;

3. Entre o título e o contexto, deixar uma linha em branco;

4. Escrever com caligrafia nítida e bem proporcionada;

5. Antes de iniciar o trabalho, antes mesmo do rascunho, esquematizar um roteiro


de ideias;

36
6. Estruturar a redação em três partes que correspondam a uma introdução ao assunto,
ao desenvolvimento do mesmo e à conclusão do trabalho;

7. Focalizar o tema em torno de uma só ideia central, complementando-a com ideias


secundárias;

8. Indicar o tópico frasal (ideia-núcleo) nas primeiras linhas da introdução;

9. Procurar não repetir a mesma palavra seguidamente, substituindo-a por outra


de significado semelhante;

10. Separar as diferentes ideias em parágrafos distintos, guardando-lhes a devida conexão;

11. Não rasurar a redação. Usar expressões como “digo” e “em tempo” (esta última
após a conclusão) em caso de erro ou omissão, respectivamente;

12. Evitar o emprego de palavras ou expressões estrangeiras. Usá-las entre aspas


ou sublinhá-las quando a tradução não for de uso corrente ou quando não houver forma
correspondente na língua;

13. Evitar o uso de imagens de mau gosto ou expressões que constituam chavões
e lugares-comuns;

14. Optar pela simplicidade de estilo, clareza de ideias e objetividade na análise


do assunto;

15. Formar frases curtas, ao gosto do estilo moderno;

16. Distribuir harmoniosa e adequadamente as pausas ao longo da frase, pontuando-


a devidamente;

17. Revisar com atenção a grafia das palavras;

18. Substituir as palavras ou expressões cuja sucessão de sons prejudique a eufonia


(produzam sons desagradáveis);

19. Revisar ao final do trabalho todos os aspectos anteriormente sugeridos.

Atividades práticas:
1) Numere os parágrafos a seguir, identificando o tipo de redação apresentado.
A seguir, divida-os em suas partes constitutivas (tópico frasal, desenvolvimento
e conclusão, caso esta ocorra).

1 – descrição 2 – narração 3 – dissertação

Coloque: ( ) tópico frasal [ ] desenvolvimento { } conclusão

37
( ) “Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro.
Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a
capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e relacioná- -las com a
realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreensão dos
problemas sócio-econômicos e que despertasse no aluno a curiosidade científica
seria por demais desejável.”

( ) “Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício


da Avenida Paulista. De lá, avistava todos os dias a movimentação incessante dos
transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das
arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios
moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o
passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por alto,
imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje
tão modificada pela ação do progresso.”

( ) “O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado.


Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim
quando estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema
seriedade e começou a fazer as perguntas mais variadas. Aquele interrogatório
arecia interminável. Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele
foi informado de que o lugar era seu.”

( ) “As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em


seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura da mãe. Não tinha qualquer
cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e
Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos
esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala
à espera dos acontecimentos. No fim da tarde, a mãe chegou do trabalho. Não tardou
em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.”

( )“Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira


conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muito
conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a
realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião
pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes.”

2) “As consequências da industrialização não foram significativas apenas para a


vida econômica brasileira. Refletiram-se também sobre a fisionomia sócio-cultural
das regiões atingidas. A formação do operariado, cada vez mais numeroso,
o crescimento e o fortalecimento da classe média e o parecimento de uma burguesia
industrial que veio ocupar, no cenário político-social do país, um lugar proeminente,
substituindo muitas vezes a velha aristocracia rural – eis algumas das consequências
sociais da industrialização.”

a) Retire do texto acima a passagem que representa a introdução do parágrafo.


R-____________________________________________________________________

38
b) Que palavras ou expressões indicam, na introdução, que o parágrafo
se desenvolverá por consequência?
R-____________________________________________________________________

c) Indique o trecho que representa a conclusão e assinale a palavra que


nele mostra que as ideias se ordenaram por consequência.
R-____________________________________________________________________

d) O parágrafo apresenta um fato e três consequências desse fato. Aponte-as.


R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

3) “É comum encontrar-se na imprensa brasileira elevado número de vocábulos


ingleses, espanhóis, russos, latinos e franceses. As causas da frequência desses
vocábulos nas diversas seções do jornal são as mais variadas possíveis. Dentre
ela, Zdnek Hampis cita a falta de termo vernáculo, o seu desconhecimento por parte do
jornalista, a tendência ao esnobismo (vide coluna social) ou, ainda, a tentativa de
imprimir cor local, ou seja, o ambiente típico do país a que a notícia se refere.”

a) Esse parágrafo apresenta um fato e quatro causas desse fato. Escreva-os


nas linhas abaixo.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Retire do texto as palavras ou expressões indicadoras de causa.


R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

4) Organize as ideias abaixo em sequência lógica e ordene-as em um esquema


objetivando redigir uma composição. Examine as ideias apresentadas a seguir.
Sintetize-as em palavras-chave que evoquem as ideias a serem desenvolvidas.
Selecione as que deverão introduzir, desenvolver e concluir o assunto. Reserve as
ideias mais amplas e gerais para o início. Deixe as ideias mais específicas para o
“miolo” do trabalho. Não esqueça de guardar para o final as ideias mais precisas,
categóricas e enfáticas. Siga o esquema.

Os movimentos feministas.
1. Importantes nomes do mundo da arte, da ciência e da filosofia aderiram aos
movimentos feministas;
2. Há certas profissões que não foram feitas para o exercício feminino;
3. O progresso provocou na mulher o desejo de emancipação;
4. Os movimentos feministas chocam-se com o machismo latino-americano;
5. A independência feminina não exclui a ligação afetiva com o homem;
6 . Os mercados de trabalho estão abertos para a participação feminina;
39
7. No mundo da política, muitas mulheres se movimentam com a mesma habilidade
masculina;
8. A instrução é um dos mais importantes meios de comunicação e ascensão social da
mulher;
9. Liberação feminina não significa perda da feminilidade;
10. Os movimentos feministas são atacados, em grande parte, por homens e mulheres,
que acusam o feminismo de extremista e radical.
R- I___________________________________________________________________
II __________________________________________________________________
III__________________________________________________________________

Funções da linguagem
São recursos de ênfase que atuam segundo a intenção do produtor da mensagem, cada
qual abordando um diferente elemento da comunicação. Um texto pode apresentar mais
de uma função enfatizada.

1 - Função emotiva ou expressiva


Esta função ocorre quando se destaca o locutor (ou emissor). A mensagem centra-
se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um texto completamente
subjetivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do
singular, tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de interjeições,
pontuação com reticências e pontos de exclamação também evidenciam a função emotiva
ou expressiva da linguagem. Os textos que expressam o estado de alma do locutor, ou
seja, que exemplificam melhor essa função, são os textos líricos, as autobiografias, as
memórias, a poesia lírica e as cartas de amor.
Por exemplo:

É bonito ser amigo, mas é tão difícil aprender!


(Poema do amigo aprendiz, Fernando Pessoa)

2 – Função referencial ou representativa


A mensagem é centrada no referente, no assunto (contexto relacionado a emissor e
receptor). O emissor procura fornecer informações da realidade, sem a opinião pessoal,
de forma objetiva, direta, denotativa. A ênfase é dada ao conteúdo, ou seja, às
informações. Geralmente, usa-se a 3ª pessoa do singular. Os textos que servem como
exemplo dessa função da linguagem são os jornalísticos, os científicos e outros de cunho
apenas informativo. A função referencial também é conhecida como cognitiva ou
denotativa.

Características:
neutralidade do emissor;
objetividade e precisão;
conteúdo informacional;
uso da 3ª pessoa do singular (ele/ela).

40
3 - Função apelativa ou conativa

A mensagem é centrada no receptor e organiza-se de forma a influenciá-lo, ou chamar


sua atenção. Geralmente, usa-se a 2ª pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e
formas verbais ou expressões no imperativo. Como essa função é a mais persuasiva de
todas, aparece comumente nos textos publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e
textos de auto-ajuda. Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no interlocutor, há
um uso explícito de argumentos que fazem parte do universo do mesmo.

Exemplo:"Fique antenado com seu tempo..."; "Compre já, e ganhe descontos


surpreendentes!"
4 - Função fática

O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que dá suporte à mensagem. O interesse do


emissor é emitir e simplesmente testar ou chamar a atenção para o canal, isto é, verificar
a "ponte" de comunicação e certificar-se sobre o contato estabelecido, de forma a
prolongá-lo. Os cacoetes de linguagem como alô, né?, certo?, ahã, dentre outros, são um
exemplo bem comum para se evidenciar o contato entre emissor e receptor.

5 - Função poética
É aquela que põe em evidência a forma da mensagem, ou seja, que se preocupa mais em
"como dizer" do que com "o que dizer". O foco recai sobre o trabalho e a construção da
mensagem. A mensagem é posta em destaque, chamando a atenção para o modo como
foi organizada. Há um interesse pela mensagem através do arranjo e da estética,
valorizando as palavras e suas combinações. Essa função aparece comumente em textos
publicitários, provérbios, músicas, ditos populares e linguagem cotidiana. Nessa função,
pode-se observar o intensivo uso de figuras de linguagem, como o neologismo, quando
se faz necessária a criação de uma nova palavra para exprimir o sentido e alcançar o efeito
desejado. Quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando
combinações sonoras e rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da
função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e
surpresa. É explorada na poesia e em textos publicitários.
Características:
-Subjetividade - figuras de linguagem - brincadeiras com o código.

6 - Função metalinguística

Caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida como a liguagem que
fala da própria linguagem, ou seja, descreve o ato de falar ou escrever. A linguagem
(o código) torna-se objeto de análise do próprio texto. Os dicionários e as gramáticas são
repositórios de metalinguagem.

Exemplos: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto, lutamos mal rompe a manhã.
São muitas. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder
de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num
41
dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há
sevícia que as traga de novo ao centro da praça.”
(Carlos Drummond de Andrade)

Nesse poema, Drummond escreve um poema sobre como escrever poemas. Ou seja, a
criação literária fala sobre si mesma.

Também pode ser por exemplo quando um cartunista descreve o modo que ele faz os seus
desenhos em um próprio cartum, ou seja, ele está demonstrando o ato de fazer cartuns e
como ele é feito.

Atividades práticas:

1) Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem:

a) “O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem,


ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas
pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência.”
( O Estado de São Paulo)

R – ___________________________________________________________________

b) O amor infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor, nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se e despertar


Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar...
R– _________________________________________________________________

c) “Para fins de linguagem a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos,


de sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida
dos pulmões no fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou de outra maneira,
é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca.”
R–____________________________________________________________________

d) “_ Que coisa, né?


_ É. Puxa vida!
_ Ora, droga!
_ Bolas!
_ Que troço!
_ Coisa de louco!
_ É!”
R-____________________________________________________________________

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e) “Fique afinado com seu tempo. Mude para Colgate Ultra Lights.”
R–____________________________________________________________________

f) “Sentia um medo horrível e, ao mesmo tempo, desejava que um grito me anunciasse


qualquer acontecimento extraordinário.”
R–____________________________________________________________________

2) Relacione a situação apresentada em cada item à função nela predominante:


a) referencial; b) emotiva; c) conativa; d) fática; e) metalinguística; f) poética.
( ) Candidato faz discurso em época de eleição;
( ) Você pega o telefone e diz “alô”;
( ) Um poema;
( ) E aí você diz um palavrão;
( ) “O que é que você pretende dizer com isso?” ;
( ) Uma aula sobre as funções da linguagem.

3) (PUC – SP) Na frase, “[...] se eu não compusesse este capítulo, padeceria o leitor
um forte abalo, assaz danoso ao efeito do livro”, os elementos sublinhados denotam
referência a, respectivamente:
a) Canal, emissor, receptor;
b) Emissor, contato, canal;
c) Código, receptor, mensagem;
d) Código, receptor, canal;
e) Emissor, receptor, mensagem.

4) Nos trechos:
I – “Anistia é um ato pleno que vai muito além de um ‘simples esquecimento’ que
Estados ou cidadãos possam concordar em se outorgarem mutuamente.”
II – “Anistia é o ato pelo qual o poder público declara impuníveis, por motivo de
utilidade social, todos quantos, até certo dia, perpetram delitos...”
III – “Anistia, começo a não compreender o teu sentido.”
A preocupação, por parte dos três autores, de conceituar o termo anistia determina
o predomínio de qual função da linguagem?
R- ___________________________________________________________________

5) (UNIFMU – SP – Adaptada) Leia os textos abaixo. Depois, responda atentamente:


I – Alugam-se vagas na garagem para carro pequeno. Informações com o zelador.
II – Precisa-se de faxineiro mensalista. Bom salário. Tratar com o síndico.
III – Paraibana expansiva corresponde-se com rapazes de todo o país. Foto colorida na
primeira carta. Código XYZ.

Quando você lê um texto desse tipo, percebe que a mensagem é dirigida a você,
tentando despertar seu interesse para algo. Consequentemente, qual será a função
da linguagem predominante?
R - ___________________________________________________________________

Coesão Textual

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Entre os critérios com que as redações de vestibular são corrigidas, há dois itens que
sempre aparecem: coesão e coerência.

Coesão

Coesão é o relacionamento harmônico entre termos ou segmentos de um texto, resultante


do correto emprego dos recursos (vocabulares, sintáticos e semânticos de que a língua
dispõe).

Então, elementos de coesão, também chamados de conectores, são mecanismos


linguísticos destinados a estabelecer relações entre as várias unidades do texto. Vejamos
alguns deles:

1 –Coesão por retomada ou antecipação – Como recursos para evitar repetições,


existem elementos anafóricos e elementos catafóricos.

Anafóricos são elementos linguísticos com os quais recuperamos uma palavra, expressão
ou frase que já apareceu.

Ex.: João era meu vizinho, mas até então eu nunca havia falado com ele. Conhecia-o de
vista. Os pronomes ele e o são anafóricos, uma vez que recuperam João, citado
anteriormente.

Catafóricos são elementos linguísticos com os quais antecipamos algo que ainda vai
aparecer na frase.

Ex.¨Não perca isto de vista: seus pais são seus melhores amigos! Se parássemos no isto,
a frase ficaria sem sentido. Seu “conteúdo” só vai aparecer adiante.

2 – Coesão por elipse – Por elipse entende-se a supressão de uma palavra ou expressão
do texto, levando-se em conta que o contexto é capaz de, por si só, manter a palavra.
Todos suprimos com facilidade os termos que ficaram elípticos em frases como: João
formou-se em Direito; Maria, em Economia.
3 – Coesão lexical – Trata-se de um mecanismo para evitar repetições, que consiste na
substituição de uma palavra, quer por meio de sinônimos ou expressões equivalentes,
quer por meio de expressões lexicais.

Ex.: O professor Tibúrcio lecionava havia já mais de trinta anos. Esse modelo de
dedicação não admitia a ideia de abandonar seus jovens discípulos. Quando estes
resolveram homenagear o velho mestre...

Nesse fragmento, evita-se a repetição de “o professor Tibúrcio” por meio de duas


expansões lexicais: “esse modelo de dedicação” e “o velho mestre”.

É comum, pela expressão lexical, o enunciador manifestar seu ponto de vista. Considere
a frase: O governo resolveu enfrentar o problema mexendo na taxa de câmbio. Se, para
prosseguir, o enunciador dissesse: Esse nefasto procedimento..., retomando a ideia de
“mexer na taxa de câmbio”, deixaria ver sua posição contrária a essa medida. Muito
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diferente seria se a retomada fosse feita com esta outra expansão lexical: Essa sábia e
oportuna medida...

4 – Conjunções e locuções conjuntivas – São importantes conectores, pois, além de


ligarem uma oração a outra, estabelecem entre os conteúdos dessas orações uma relação
de natureza lógica.

Ela me disse o número do seu telefone, mas não consigo lembrá-lo.


A conjunção mas estabelece uma relação de oposição entre a segunda
e a primeira oração.

Mostrei-lhe a rua no mapa para que ele não se perdesse.


A locução conjuntiva para que inicia uma oração em que se apresenta
a finalidade da ação de que se fala na oração anterior.

É possível obter diferentes efeitos de sentido conforme se ordenem as orações, pois a


conjunção cria uma expectativa no leitor em relação à oração anterior. Veja a diferença
do período do exemplo anterior construído de outro modo: Para que ele não se perdesse,
mostrei-lhe a rua no mapa.

Outros conectores

É fácil entender que os sinais de pontuação são elementos de coesão muito importantes.
São também elementos de coesão expressões como: por outro lado, sendo assim, por
conseguinte, aliás, ademais, diante disso, não obstante...

Atividades práticas:

1) Leia o texto para responder ao que se pede:

Perigo no ar – Eles medem poucos milímetros, são feios de doer e implacáveis na busca
por sangue humano. Para esses predadores, somos seis bilhões de presas.

[...] A reprodução é o único motivo pelo qual os mosquitos picam e, portanto, apenas as
fêmeas procuram o sangue humano. As da espécie Culex, por exemplo, atacam durante a
noite e, provavelmente, são elas que fazem aquele zumbido agudo que perturbam o nosso
sono. O barulho vem das asas batendo entre 250 a 500 vezes por segundo. Você agita os
braços para se livrar do predador. Em vão. O esforço só ajuda o mosquito a localizar
melhor seu alvo. Ainda que os cientistas não tenham descoberto todas as substâncias
químicas que os mosquitos utilizam para seguir o rastro da presa, sabe-se que o gás
carbônico, produzido por nossa respiração, e o ácido láctico, que liberamos em grande
quantidade ao nos exercitar, estão entre elas.[...]
(KENSNI, Rafael. Mundo animal. Superinteressante, São Paulo, Abril, nº175, abril, 2002.)

Identifique no texto:
a)Um anafórico.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

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b) Um catafórico.
R–____________________________________________________________________

c) Uma ocorrência de elipse.


R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) Retomada por elementos lexicais.


R–___________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2)(Unicamp/94) Em duas passagens do texto a seguir, o articulista transmitiu


informações objetivamente diferentes das que pretendia transmitir.

O que incomoda a população [...] é o piolho da cabeça, que se hospeda geralmente em


crianças em idade pré-escolar. Não se sabe ao certo o porquê da maior incidência em
crianças, mas se acredita que seja provavelmente pelo contato mais íntimo entre elas.
Afinal, só podem ocorrer infestações se a criança entrar em contato com outra,
desmistificando assim que o piolho voa ou que o uso comum de pente, e escovas pode ser
transmitido. Outro mito [...] é a transmissão do piolho animal para o ser humano. “Isto
não existe porque cada espécie tem o seu piolho e, se o parasita picar outra espécie que
não seja a sua, morre” [...]
(Gazeta do Barão, Campinas, ago.1993)
a) Transcreva as duas passagens.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
b) Redija-as de forma a evitar as interpretações não desejadas.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) Justifique uma das “correções” feitas por você em resposta ao item b.


R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Enquanto coesão significa, como vimos, a amarração que se efetua, por meio de
elementos linguísticos, entre as unidades do texto, por coerência se entende a consistência
lógica que as ideias devem manter entre si. A coesão se verifica no plano da linguagem;
a coerência se verifica no plano das ideias.

Coerência Textual

Coerência
O inimigo número um da coerência é a contradição. Há incoerência, por exemplo, quando
no final de um texto se nega o que se afirmou no seu início.

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Há uma estreita ligação entre coesão e coerência. Isso não significa, porém, que um
problema de coerência sempre virá acompanhado por um de coesão – ou vice-versa. Em
geral, falhas na coesão prejudicam a coerência. Observe:

“[...] é de espantar quando algumas pessoas [...] ridicularizam-se ao ponto


de gostarem de ser chamadas de cachorra popozuda, nos quais são qualidades
nada boas para o ser humano.”

Até se entende o que a pessoa pretendeu dizer, mas os elementos linguísticos foram muito
mal utilizados.

Coerência externa e interna


Coerência externa significa a adequação entre o que dizemos e a realidade do mundo
exterior. Se alguém afirma, por exemplo, que metade da população brasileira é constituída
de analfabetos, está incidindo em incoerência externa. Esse dado simplesmente não bate
com a realidade.

A incoerência externa desacredita o enunciador. Você levaria a sério alguém que citasse
as Pirâmides do Egito entre as grandes realizações da arquitetura medieval?

Observe este fragmento:

“Mesmo tomando cuidado estamos fadados a ter um avião batendo em seu prédio.”

A ideia sugerida é a de que aviões costumam bater em prédios. A tragédia de 11 de


setembro de 2001 provavelmente influenciou o aluno nessa observação. Felizmente para
nós, isso foi um caso de incoerência externa. Além do mais, o emprego do possessivo de
3ª pessoa seu não está adequado ao contexto.

A coerência interna é a que existe entre as ideias expressas no texto. Veja este fragmento
de uma redação:
“[...] surgem questionamentos sobre o poder do homem de matar, procriar e mexer
com cobaias indiscriminadamente.”

Pode-se até entender que “matar” tenha por complemento “cobaias”, mas o homem
“procriar cobaias” é meio complicado...

Também é preciso observar que os elementos enunciados no texto devem ser compatíveis
com o posicionamento adotado. Não pode haver contradição nem obscuridade na relação
de uma ideia com outra.

“ O Brasil é o país do futuro. Ele tem as maiores riquezas naturais, e dentre


elas está a água. O problema é que o Brasil tem muitos rios poluídos e o
responsável pela poluição dos rios são os recursos hídricos.”

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Dá para entender?

Há casos em que o emprego equivocado de uma palavra gera, além da incoerência,


ridículo e constrangimento. Veja:

“O que é mais evidente no discurso de certos políticos é o uso da função fálica


para atrair o povo.”

Há incoerência, também, quando se usam palavras ou expressões que não se ajustam ao


tipo de linguagem adotado no texto. Veja:

“[...] refletirmos para um futuro onde possamos ser um pouco de si e deixar o


embalo de lado.”

Atividades práticas:

1)(FGV/97) Figurou, recentemente, num jornal da cidade, a frase: “Embora fosse


prolixo, o apresentador ultrapassou o tempo previsto.”

Examine atentamente o sentido dessa frase. Se for o caso, corrija-a no que for
necessário e explique o porquê da correção. Caso você considere correta a frase,
escreva apenas: A frase está correta.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

2) Resolva a questão seguinte, extraída do vestibular da Unicamp de 1997.

“Um perigo iminente ameaça os moradores da Rua Lúcia Tonon Martins,


no Jardim Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros de altura,
que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça cair a qualquer momento.
Ela foi atingida, no final de novembro do ano passado, por um raio e, desde
este dia, apodreceu e morreu.

A árvore, de grande porte, é do tipo Cambuí e está muito próxima à rede de


iluminação pública e das residências. ‘O perigo são as crianças que brincam
no local’, diz S.M., presidente da Associação do Bairro.”
(Juliana Vieira, Jornal Integração, 16-31 ago. 1996.)

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a) O que pretendia dizer o presidente da associação?
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) O que afirma ele, literalmente?


R–____________________________________________________________________

c) Nas placas com os dizeres: CUIDADO ESCOLA! , podemos encontrar o mesmo tipo
de ambiguidade que havia na declaração de S. M. O que tornaria divertida a leitura
da placa?
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Intertextualidade

Pode-se definir a intertextualidade como sendo um "diálogo" entre textos. Esse diálogo
pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação e
o reconhecimento de remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos.
Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos
textos / contextos em que ela é inserida.

Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento de


mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e
exclusivamente a textos literários.

Na pintura, tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a


fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de
Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy
Sherman foi produzido quase quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o
mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de
elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do
ombro nu, etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio e, portanto,
é um tipo de intertextualidade na pintura.

Na publicidade, por exemplo, em um dos anúncios do Bom Bril, o ator se veste e se


posiciona como se fosse a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci e cujo slogan era "Mon Bijou
deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". Esse enunciado sugere ao leitor que o produto
anunciado deixa a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-
prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso, pode-se dizer que a
intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor como também de difundir
a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura
etc).

Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

Polifonia
49
O conceito de polifonia, por outro lado, não se refere somente a textos, como a própria
palavra descreve: poli = muitos, diversos; fono = som; voz. É certo que a
intertextualidade funciona como uma voz, mas ela é a sua materialização física
(fala/escrita). As diversas vozes nem sempre são materializadas na escrita ou na fala, mas
em atitudes e crenças, comportamentos ou negações. Quando não aceitamos um crime,
estamos reiterando uma voz dos nossos antepassados que nos orientou a formação de um
caráter ético e o conhecimento do certo e do errado. Quando repudiamos uma atitude
maldosa, estamos reiterando uma voz religiosa que nos orientou no entendimento do que
é o bem e do que é o mal. Nossos valores são definidos a partir dessas vozes que estão
presentes em nossa formação. Daí, essas vozes são explicitadas no texto que produzimos,
consciente ou inconscientemente.

As informações implícitas

Observe a seguinte frase:

Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita:


a) que ele frequentou um curso superior;
b) que ele aprendeu algumas coisas.
Ao ligar essas duas informações com um mas, comunica também de modo implícito sua
crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa transmitir a ideia de que nas
faculdades não se aprende nada.

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode
dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente
enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma
leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar
por cima de significados importantes e decisivos ou – o que é pior – pode concordar com
coisas que rejeitaria se as percebesse.

Não é preciso dizer que alguns tipos de textos exploram, com malícia e com intenções
falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
Que são pressupostos?

São aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a
partir de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso” , comunica-se de maneira explícita


que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo “continuar”
deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso.

Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro
não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a informação implícita de que Pedro
fumava antes.
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A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar
com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos
como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as informações explícitas. Se
o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se
Pedro não fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.

Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos, pois


seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o ouvinte ou o
leitor a aceitar o que está sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de
pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, uma vez que essa ideia não é
posta em discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para confirmá-la.
Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento
montado pelo falante.

A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas verdades incontestáveis


postas como base de muitas alegações do discurso político.
Tomemeos como exemplo a seguinte frase:

É preciso construir mísseis nucleares para


defender o Ocidente de um ataque soviético.

O conteúdo explícito afirma:

- a necessidade da construção de mísseis;


- com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.

O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os soviéticos pretendem


atacar o Ocidente.

Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase podem ser:

- os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;


- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os soviéticos;
- a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.

Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito explicitamente, mas
todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam que os soviéticos
pretendem atacar o Ocidente.

A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se o ouvinte disser


que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o Ocidente, estará negando o
pressuposto lançado pelo falante e então a possibilidade de diálogo fica comprometida
irreparavelmente. Qualquer argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser.
Isso quer dizer que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem ele
sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressupostos afirmações
explícitas, que então podem ser discutidas.

51
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores linguísticos,
como, por exemplo:

a)certos advérbios:
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.

Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado.


ou
Os resultados vão chegar mais tarde.

b) certos verbos:
O caso do contrabando tornou-se público.
Pressuposto: O caso não era público antes.

c) as orações adjetivas:
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no
povo.

Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.

Mas a mesma frase poderia ser redigida assim:


Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no
povo.

No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a prefeito têm interesses
individuais.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas


pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os elementos de um dado
conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne a parte dos elementos de um dado
conjunto.

d) os adjetivos:
Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.

Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil.

Os Subentendidos

Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma afirmação. Quando um


transeunte com um cigarro na mão pergunta: Você tem fogo? , acharia muito estranho se
você dissesse: Tenho e não lhe acendesse o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta
subentende-se: Acenda-me o cigarro, por favor!

O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o pressuposto é um dado


posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado; o
subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-

52
se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o
que o ouvinte depreendeu.

O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante de uma informação
que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer com ela.

Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com a manipulação dos
subentendidos, imaginemos a seguinte situação:

Um funcionário do partido de oposição lamenta, diante dos colegas reunidos numa


assembleia, que um colega de seção, do partido do governo, além de ter sido agraciado
com uma promoção, conseguiu um empréstimo muito favorável do banco estadual, ao
passo que ele, com mais tempo de serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia
o empréstimo solicitado muito antes que o referido colega.

Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do governo para com
seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se prontamente, alegando não ter falado
em favoritismo e que isso era dedução de quem ouvira o seu discurso.
Na verdade, ela não falou em favoritismo, mas deu a entender, deixou subentendido para
não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia sem denunciar explicitamente. A
frase sugere, mas não diz.

A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é bastante sutil. Não


vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar esses conceitos como instrumentos
úteis para uma compreensão mais eficiente do texto.

Atividades práticas:

1) Que pressupõe o verbo continuar na frase:


“(...) não podemos aceitar que continue em vigor uam política ultrapassada e iníqua.
(Veja, 10 de jul. 1985, p. 122) ?
R–____________________________________________________________________

2) Observe as duas passagens que seguem:


a) Os índios brasileiros, que abandonaram suas tradições, estão em fase de extinção.
b) Os índios brasileiros que abandonaram suas tradições estão em fase de extinção.

A oração adjetiva (que abandonaram suas tradições) implica os mesmos pressupostos


em ambas as passagens? Explique por quê.
R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

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3) Que pressupõe o verbo transformar na frase: “ A legenda transformou-se
na ‘vaca leiteira’, de úbere cheio de votos.” (Veja, 122, 31 jul. 1985) ?
R-____________________________________________________________________

4) Que pressupõe o futuro do verbo “ser” na frase: “(...) o PMDB será a poderosa
força de centro no contexto do Brasil”. (Veja, 122, 31 jul. 1985)?
R– ___________________________________________________________________

5) Que pressupõe a expressão em muitos casos na frase:“(...) benefícios e sinecuras


(...) em muitos casos, constituem a essência das empresas estatais.” (Veja, 26 jun.
1985)?
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

6) Que pressupõe o adjetivo constantes na frase: “ (As empresas estatais)


São empresas que utilizam o dinheiro do contribuinte para cobrir seus
déficitsconstantes.” (Veja, 26 jun.1985)?
R- ____________________________________________________________________
7) Quais são os dois pressupostos da frase: “O brasileiro, de índole individualista,
é bastante avesso à participação em associações que exerçam alguma pressão em
seu benefício.” (Veja, 162, 11 set. 1985)?
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Vocabulário Jurídico I
O homo religiosus de todas as épocas e lugares viu na palavra algo como impregnado de
magia, vinculado às superstições e às origens das coisas. Lê-se no Evangelho segundo
São João: “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus. Todas as coisas foram
feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.”

O homem, animal falante que é, em seus três níveis de manifestação – como humanidade,
como comunidade e como indivíduo – está indissoluvelmente ligado ao fenômeno da
linguagem. Ignorar-lhe a importância é não querer ver. O pensamento é seu veículo, a
palavra, privilegiam o homem na escala zoológica e o fazem destacar entre todos os seres
vivos. Oxalá saiba ele usar proficientemente esse dom da evolução criadora, pois “o poder
da palavra é a força mais conservadora que atua em nossa vida.”

Se a precisão terminológica é exigível no texto jurídico, este não deve, por outro lado,
circunscrever-se nos limites do meramente referencial, aprisionando-se na esfera da pura
denotação. Nada é mais árido que um estilo despojado por inteiro de figuras e de
preocupação com a estética da linguagem, pois são estes elementos que conferem
exatamente o importantíssimo efeito psicológico e expressional.

Semântica

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Semântica é o estudo do significado das palavras.

Até o século XIX, os gramáticos usavam o termo semasiologia (do grego “sema”, sinal)
para designar o estudo das significações. Coube a Michel Bréal a adoção do termo
semântica, definindo-o como a ciência das significações e das leis que presidem às
transformações dos sentidos.

O Significado das Palavras


Conhecer o significado das palavras é um dos fatores essenciais para o domínio da língua,
pois só assim o falante ou o escritor será capaz de selecionar a palavra adequada para
elaborar a sua mensagem. Por isso, é importante o conhecimento de fatos linguísticos
como:

Sinonímia – é o fato de duas ou mais palavras possuírem significados iguais ou


semelhantes – sinônimos.

Ex.: Os insetos invadiram a plantação de arroz.


Os insetos alastraram-se pela plantação de arroz.
Antonímia – é o fato de duas ou mais palavras possuírem significados opostos –
antônimos.

Ex.: O aluno foi bem na prova.


O aluno foi mal na prova.

Homonímia – é o fato de duas ou mais palavras possuírem significados diferentes, mas


serem iguais no som e/ou na escrita – homônimos.

Ex.: Os supermercados sabem apreçar as mercadorias. (dar preço)


Minha vizinha vive apressando a empregada. (tornar mais rápido)

Dependendo da intensidade apresentada, os homônimos podem ser:

Homógrafos – possuem a mesma grafia, mas sons diferentes.

Ex.: O começo da história agradou aos telespectadores. (som fechado = substantivo)


Eu começo a entender essa matéria. (som aberto = verbo)

Homófonos – possuem o mesmo som, mas grafia diferente.

Ex.: Ele não sabia pregar uma tacha na parede. (prego pequeno)
A população revoltou-se com o aumento da taxa bancária. (quantia cobrada por
prestação de serviço público ou privado)

Homônimos perfeitos – possuem a mesma grafia e o mesmo som, mas significados


diferentes.

Relação de alguns homônimos

55
Acender – pôr fogo Conserto (substantivo) – reparo
Ascender – subir Conserto (verbo)
Acento – sinal gráfico Concerto – sessão musical
Assento – parte da cadeira Coser – costurar
Aço – metal Cozer – cozinhar
Asso – verbo Espiar – olhar
Banco – assento Expiar – sofrer castigo, pagar pena
Banco – local para transações fianceiras Estático – imóvel
Caçar – pegar animais Extático – admirado
Cassar – anular Estrato – tipo de nuvem
Cela – cadeia Extrato – resumo
Sela – arreio Incerto – não certo
Sela – verbo selar Inserto – incluído
Censo – recenseamento Laço – nó
Senso – juízo Lasso – gasto, frouxo, cansado
Cerrar – fechar Manga – fruta
Serrar – cortar Manga – parte do vestuário
Cessão – ato de ceder Paço – palácio
Seção ou secção – divisão Passo – ato de avançar o pé
Sessão – reunião Ruço – desbotado
Cesto – balaio Russo – da Rússia
Sexto – numeral ordinal São – saudável
Cheque – ordem de pagamento São – verbo
Xeque – lance de jogo no xadrez São –santo
Sexta – forma reduzida de sexta-feira, numeral
Sesta – hora em que se descansa ou dorme após o almoço
Cesta – recipiente

Paronímia – é o fato de duas ou mais palavras possuírem significados diferentes, mas


serem muito parecidas no som e na escrita – parônimos.

Ex.: O líder estudantil emigrou para a França. ( mudou-se de seu país de origem)
No começo do século, os italianos imigraram para o Brasil. (entraram em país estranho).
Relação de alguns parônimos

Absolver – perdoar Imergir – mergulhar


Absorver – sorver, aspirar Emigrar – sair da pátria
Acostumar – contrair hábito Imigrar – entrar em país estranho para
morar
Costumar – ter por hábito Eminente – notável, célebre
Acurado – feito com cuidado Iminente – prestes a acontecer
Apurado – refinado, fino, em apuros Estádio – praça de esportes
Afear – tornar feio Estágio – preparação, fase, período
Afiar – amolar Flagrante – evidente
Amoral – indiferente à moral Fragrante – perfumado
Imoral – contra a moral, devasso Incidente – episódio
Apóstrofe – figura de linguagem Acidente – desastre
Apóstrofo – sinal gráfico Inflação– desvalorização do dinheiro
56
Aprender – instruir-se Infração – violação
Arrear – pôr arreios Infringir – não respeitar, violar
Arriar – descer, abaixar Ótico – relativo ao ouvido
Cavaleiro – homem que anda a cavalo Óptico – relativo à visão
Cavalheiro – homem educado Peão–amansador de cavalos,
Comprimento – extensão condutor de tropa, peça no jogo de
xadrez
Cumprimento – saudação Pião – brinquedo
Deferir – conceder, atender Pequenez – relativo a pequeno
Diferir – ser diferente, adiar Pequinês – originário de Pequim,
Delatar – denunciar raça de cães
Dilatar – alargar Plaga – região, país
Descrição – ato de descrever Praga – maldição, capital da
Discrição – ato de ser discreto República Checa
Descriminar – inocentar
Discriminar – distinguir Pleito – disputa eleitoral
Despensa – lugar para guarda de alimentos Preito – homenagem
Dispensa – licença Precedente - antecedente
Destratar – insultar Procedente – proveniente
Distratar – desfazer Ratificar – confirmar
Retificar – corrigir, consertar
Reboco – argamassa de cal ou
cimento e areia
Reboque – cabo ou corda que
prende um veículo a outro que o
reboca

Polissemia

É o fato de uma mesma palavra poder apresentar significados diferentes que se explicam
dentro de um contexto.

A criança estava com a mão machucada. (parte do corpo)


Passou duas mãos de tinta na parede. (camadas)
A escultora mostra mão de mestre. (habilidade)
A rua não dava mão para o parque. (direção em que o veículo deve transitar)
Nenhum cidadão deve abrir mão de seus direitos. (deixar de lado, desistir)
Passaram a mão em minha bolsa. (apoderar-se de coisas alheias)
A palavra final esta nas mãos do diretor. (dependência, responsabilidade)

Observação:
Em geral, os homônimos perfeitos resultam de palavras iguais no som e na
escrita, mas de origem diferentes: são (verbo ser) e são (adjetivo – sadio). A
polissemia, ao contrário, é resultante dos diferentes significados que uma
mesma palavra foi adquirindo com o tempo.

Exemplificando:

57
POLISSEMIA
Significante Significado
Sofrimento, padecimento, dó
Mágoa, desgosto
Cominação legal imposta pelo Estado
Sanção civil, fiscal ou administrativa
PENA Peça que reveste o corpo das aves, pluma
Parte esparmada da bigorna
Utensílio para escrever

58
SINONÍMIA

Significado Significante
dito refrão
ditado rifão
DITO conceituoso, de cunho adágio anexim
filosófico ou moral, que se aforismo prolóquio
tornou popular sentença apotegma
máxima parêmia
provérbio brocardo

Atividades práticas:

1) Procure um sinônimo para cada palavra destacada:


a) Os vizinhos, aflitos, fecharam as janelas. Parecia um caso misterioso e tudo
contribuía para intensificar o medo: falta de luz, barulho de panelas e o miado estridente
do gato.
R– ____________________________________________________________________

b) Aquele homem suburbano não sabia dos seus direitos de cidadão, desconhecia
a Constituição e ignorava que o motorista poderia ser punido por enganá-lo.
R–____________________________________________________________________

c) Na festa de seu aniversário, a anciã disfarçava a sua severidade. Não guardava rancor,
mas sabia que todos estavam ali só para comer e beber.
R–___________________________________________________________________

d) José enxugou a testa, risonho, com riso frouxo, e começou a contar a história que
não agradou à esposa.
R –____________________________________________________________________

e) O locutor de rádio era perito em falar dos suicídios e assassinatos.


R –____________________________________________________________________

2) Reescreva os períodos usando os antônimos das palavras destacadas:

a) Ele era um profissional de mãos sujas: usava o discurso pomposo e mentiroso


para convencer os clientes da oficina.
R-____________________________________________________________________

b) A decência do ministro impediu a mentira.


R–___________________________________________________________________

c) Nós desconfiávamos dele, queríamos decisões que beneficiassem a população.


R–____________________________________________________________________

59
d) A incompetência do técnico estragou o aparelho de televisão.
R–____________________________________________________________________

e) Ele poderia considerar-se um indivíduo respeitoso, responsável e consequente.


R–____________________________________________________________________

3) Complete os espaços com a palavra adequada:


a)Naquela sala, especificamente, era proibido _______________fósforos. (acender,
ascender)
b) Seu único objetivo era _________________ na empresa. (acender, ascender)
c) O júri ______________o comerciante que não pagou o imposto. (absolveu, absorveu)
d) Eles ____________________o gás carbônico da poluição. (absolveram, absorveram)
e) Só na ____________tentativa o motorista conseguiu estacionar o carro. (sexta, cesta)
f) Naquela ____________________havia de tudo que se possa imaginar. (sexta, cesta)
g) Ele fez uma ___________________da favela que parecia uma verdadeira fotografia.
(descrição, discrição)
h)Na minha _________________não lhe perguntei onde arrumou o dinheiro.(descrição,
discrição)
i) Percebemos que era ___________a mudança do regime político. (eminente, iminente)
j) O ___________________ advogado não leu direito o processo. (eminente, iminente)
k) O político foi ______________ por corrupção. (cassado, caçado)
l) Entreguei meus documentos na ______________de cadastro. (cessão, sessão, seção)

4) Identifique o tipo de homônimo:


a) Fiz um conserto em meu vestido, mas não é sempre que eu mesma conserto minha
roupa.
R–________________________________________________________________

b) Saboreei tão à vontade aquela manga, que acabei sujando a manga de minha camisa.
R–________________________________________________________________

c) A cessão de uma máquina para a seção de contabilidade foi decidida em reunião.


R–________________________________________________________________

5) Indique os vários sentidos em que foi empregada a palavra grave.


A – sério;
B – importante;
C – repreensivo;
D – trágico;
E – penoso, doloroso.

a) A mãe, não gostando da atitude do filho, lançou-lhe um olhar grave.


R–________________________________________________________________

b) Graves razões trouxeram-me aqui.


R–________________________________________________________________

c) Deram-me a grave incumbência de informar-lhe sobre a morte de seu pai.


60
R–________________________________________________________________

d) O dono da fazenda era um homem frio, sisudo, grave, de poucas palavras.


R–________________________________________________________________

e) A família sofreu um acidente grave.


R–________________________________________________________________

Denotação e Conotação

Conceito – As palavras podem ser usadas com o seu significado usual ou convencional.

Exemplo:
Ignorando as leis, a empresa usou o trator na área proibida.
Trator: “veículo motorizado que é capaz de rebocar cargas ou de operar,
rebocando ou empurrando, equipamentos agrícolas, de terraplenagem.”
(Aurélio Buarque de Hollanda)

O significado convencional não permite mais de uma interpretação: a palavra é usada no


seu sentido objetivo, isto é, na sua denotação.

Denotação é o uso da palavra com seu sentido original,


convencional ou usual.

A palavra com seu significado denotativo é mais frequente na linguagem informativa,


científica ou técnica, pois aí a informação prestada deve ser objetiva e exata.

Exemplos:
“Os franceses escolhem hoje um novo presidente.” (Jornal da Tarde)
“A indústria é responsável pela maioria das diferentes substâncias poluentes
encontradas na água.”
(Demétrio Gowdak)

As palavras também podem ser usadas com uma interpretação nova, com um significado
novo, criado pelas circunstâncias, pelo contexto: é o sentido figurado, a conotação.

Exemplo:
Este operário é um trator.
Trator: com sentido conotativo ou figurado de força, capacidade de trabalho, rapidez.

Conotação é o uso de palavra com significado novo, diferente do


original ou do convencional, criado pelo contexto.
O emprego da palavra com sentido conotativo é mais comum na linguagem coloquial e
na linguagem literária. Nessas modalidades as palavras ganham significados afetivos,
subjetivos, que mais sugerem do que informam.

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Exemplos:
“Os violões descem a rua, misturando música e os passos nas pedras. (Cecília Meireles)
- violões, no contexto da frase, substitui violonistas.
- a mistura da música e dos passos nas pedras sugere que a rua inteira parece estar soando
musicalmente.

“A minha alma partiu-se como um vaso vazio.” (Álvaro de Campos)

- “partiu-se como um vaso vazio” dá um caráter concreto à “alma” e conota a fragilidade


que a torna semelhante ao “vaso vazio”.

Atividades práticas:

1) Informe se nas frases abaixo as palavras destacadas estão empregadas em


sentido denotativo ou conotativo:
a) Nas ruas, as pessoas andavam apressadas.
R – ___________________________________________________________________

b) Temos amargas lembranças daquele período de autoritarismo político.


R – ___________________________________________________________________

c) Os galhos namoravam os frutos maduros que sustentavam.


R – ___________________________________________________________________

d) Os galhos da imensa árvore sustentavam os frutos maduros.


R – ___________________________________________________________________

e) As ruas eram cheias de pernas apressadas.


R – ___________________________________________________________________

f) Era uma pessoa de expressão dura e coração mole.


R – ___________________________________________________________________

2) Os provérbios, máximas expressas em poucas palavras e que se tornaram


populares, têm como característica apresentarem-se em linguagem conotativa.
Numere os parênteses, tendo em vista o sentido denotativo de cada um dos
provérbios.

1 – “Cavalo velho não pega andadura.”


2 – “Quem vê cara não vê coração.”
3 – “Cesteiro que faz um cesto faz um cento.”
4 – “Os cães ladram e a caravana passa.”
5 – “Pequenos mananciais formam grandes rios.”

( ) Não se pode julgar pessoas e coisas apenas pela aparência, pois as atitudes nem
sempre refletem intenções;
( ) Quem peca uma vez, é capaz de pecar todas as vezes que tiver a mesma oportunidade;
( ) As grandes realizações resultam, às vezes, de pequenos atos;

62
( ) Aqueles que têm um objetivo definido não se preocupam com a desaprovação
alheia, por mais ruidosa que seja;
( ) A pessoa que tem um hábito inveterado não o deixa com facilidade.

3) Relacionar os termos quanto à sinonímia:


1 – Írrito ( ) Negligente
2 – Putatitvo ( ) Incapaz
3 – Mandatário ( ) Imaginário
4 – Falaz ( ) Inautêntico
5 – Conubial ( ) Nulo
6 – Apócrifo ( ) Matrimonial
7 – Inapto ( ) Terminante
8 – Desidioso ( ) Procurador
9 – Peremptório ( ) Enganador
10 – Defeso ( ) Proibido

4) Relacionar quanto à antonímia:


1 – Sintético ( ) Atenuante
2 – Lato ( ) Sedentário
3 – Genérico ( ) Desacordo
4 – Nômade ( ) Prolixo
5 – Inócuo ( ) Estrito
6 – Agravante ( ) Agravado
7 – Coeso ( ) Específico

5) Os verbos alistados à esquerda são de uso rotineiro na linguagem jurídica; os


substantivos à direita frequentemente se empregam como seus objetos. Efetuar o
relacionamento.
1 – Caucionar ( ) Posse
2 – Usucapir ( ) Sentença
3 – Arrolar ( ) Réu
4 – Imitir ( ) Recurso
5 – Prover ( ) Pena
6 – Interpor ( ) Habeas corpus
7 – Comina ( ) Verba
8 – Exarar ( ) Bens de espólio
9 – Descriminar ( ) Cláusula contratual
10 – Impetrar ( ) Cargo público

6) Fazer com que os conceitos jurídicos correspondam aos adjetivos:


1 – Diz-se do contrato que favorece desigualmente uma das partes. ( ) Apócrifo

2 – Diz-se daquele que, por defecção de idade, ainda não pode ( ) Alodial
contrair justas nupciais.
3 – Diz-se do devedor que estabelece obrigações recíprocas. ( ) Sinalagmático
4 – Diz-se do devedor que não solve os seus compromissos ( ) Nuncupativo
contratuais.
5 – Diz-se do terreno que não está sujeito ao pagamento de foro ( ) Inadimplente
ou laudêmio.
63
6 – Diz-se do direito ou dívida que não estão sujeitos à ( ) Impúbere
Prescrição.
7 – Diz-se do casamento ou testamento feito de viva voz, ( ) Imprescritível
perante seis testemunhas, em iminência de morte.
8 – Diz-se de um documento sem autenticidade. ( ) Derrelito
9 – Diz-se de coisa ou bem abandonado, a cuja posse o dono ( ) Leonino
renunciou.
10 – Diz-se de providência ou medida que tem por objetivo ( ) Prevaricador.
promover a delonga de um processo.

7) Selecionar, entre os parônimos, aquele que preenche, corretamente, as lacunas das


frases:
a) Nélson Hungria alcançou o __________________do saber jurídico. (fastio / fastígio)
b) O cadáver estava estendido sobre o ____________________. (catafalco / cadafalso)
c) Os caminhos _______________________ levam às coisas elevadas. (angusto /
augusto)
d) A população encontra-se ___________ diante da onda de assaltos. (inerte / inerme)
e) Um acordo ________________ acabará contentando ambas as partes. (vicinal /
vicenal)
f) O advogado não pode __________________a parte contrária. (destratar / distratar)
g) As ___________corretas introduzem o raciocínio à conclusão.(primícias/ premissas)
h) Os tribunais são juízos de 2ª_________________________. (entrância / instância)
i) O magistrado determinou a ____________________na posse. (emissão / imissão)
j) À saída do julgamento, o povo começou a __________os condenados. (assoar / assuar)

8) Preencher os espaços com o termo jurídico adequado às lacunas:


1) O penhor ou sinal dado como garantia de acordo ajustado chama-se
______________________.
2) Denomina-se _________o vínculo de parentesco ou de consanguinidade que se dá
entre os descendentes do mesmo tronco.
3)_________________ é o ato de reunir ou anexar ao processo uma peça ou documento
que lhe era estranho.
4) _____________________________é a qualidade de filho mais velho ou primeiro
filho.
5) Em Direito Penal, ________________________significa roubo de gado.
6) A preferência, constante em cláusula de contrato, dada ao vencedor para readquirir
preço por preço, a coisa vendida chama-se, em Direito Civil ou
Comercial_______________________________.
7) Designa-se por __________________________a má administração de fundos
públicos.
8) ____________________________ é aquele que se limita a interpretar, servilmente,
a letra fria da lei, sem atentar para o seu espírito, a sua intenção.
9) Em Direito Civil _____________ é a reivindicação da coisa, ou de delito real, em
poder de outrem, que a destina.
10) A ordem judicial de se tornar público um decreto, uma lei, uma citação denomina-se
___________________________ .

ABIGEATO LEGULEIO PREEMPÇÃO PRELAÇÃO


PECULATO ARRAS JUNTADA ÉDITO
64
EVICÇÃO PRIMOGENITURA

Vocabulário Jurídico II
Glossário dos Verbos Jurídicos mais usados na Linguagem Forense.

Em princípio, como define o dicionarista Aurélio, a palavra glossário significa


“dicionário de termos técnicos, vocabulário que figura como apêndice de uma obra...”.
Dessa forma, este glossário jurídico apresenta, principalmente ao estudante de direito,
ainda não muito familiarizado com os jargões e termos específicos, uma noção de um
vocabulário técnico da área jurídica visando, sobretudo, a sua melhor compreensão da
linguagem jurídica. De fato, o universo desta linguagem é realmente muito amplo e traz
uma série de confusões, essencialmente quando o incauto estudante deixa de compreender
o teor de um texto pelo desconhecimento de determinadas terminologias jurídicas.

Considerando esta incipiente dificuldade para o estudante de direito, este glossário se


apresenta como uma tentativa de estabelecer um referencial deste universo linguístico
conhecido como linguagem forense.

Vícios de Linguagem

A primeira pergunta que se faz é: o que vem a ser um vício de linguagem?

Genericamente, quando se fala em vício, como por exemplo, uma lei viciada, uma atitude
viciada, remete-se à uma ideia de algo realizado fora dos padrões normais, que foge a
uma determinada regra reconhecida como culta. A língua culta, por sua vez, é resultado
de um acordo, daí se falar em convenção, pois é um consenso acerca do que é correto e
do que não o é.

Reconhecer o que é correto e o que é incorreto é uma tarefa não muito fácil, mormente
quando se trata da língua portuguesa. Pode-se dizer que o vício é a linguagem incorreta,
considerando-se os padrões da norma culta. Deve-se, a propósito, lembrar que, a partir
deste binômio correto/incorreto, existem duas correntes principais da Língua Portuguesa:
os liberais e os puristas. Os liberais, baseados na hipótese de que a língua é dinâmica ,
portanto, em constante mutação, acreditam que uma certa flexibilidade não compromete
necessariamente o teor dito culto da língua. Já os puristas são os que dificilmente aceitam
as novas formas que surgem durante o exercício da língua; estão presos à forma culta
condenando portanto, todos os vícios de linguagem.

Mas, também é importante ressaltar que a linguagem se apresenta sob vários níveis, sendo
principais o oral e o escrito. Em cada um destes níveis há de se ater, a priori, a um aspecto
preponderante na comunicação: a quem estamos falando? Uma palestra pronunciada em
uma conversa informal, por exemplo. E é este caráter diverso e plural do discurso que
dificulta nossa compreensão do que seria admissível em ambas as conversas.

Podemos, também, definir vícios de linguagem como alterações defeituosas das normas
da língua padrão, provocadas por ignorância, descuido ou descaso por parte do falante.

65
Solecismo: – é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à
gramática normativa do idioma; ocorre quando há desvios de sintaxe quanto à
concordância, regência ou colocação.

Eles são brasileiro. (brasileiros) – concordância


Aqueles dia eu fui no cinema. (dias / ao) – concordância / regência
Vou no banheiro. (ao) - regência
Faltou muitos alunos no dia do jogo da Seleção do Brasil.(faltaram) – concordância
Aqueles animais é do pantanal. (são) - concordância
Eu assisti o programa em que foi denunciado o desmatamento da Amazônia.(ao) –
regência

No sábado ele bebeu tanto que não sustentava-se em pé. (se sustentava) – colocação
A um ano não o vejo. Em vez de: Há um ano não o vejo. (correto)
Não condene-o antes de ouvi-lo. Em vez de: Não o condene antes de ouvi-lo. (correto)

Barbarismo:
É um vício de linguagem ou figura que consiste no erro de português, cometido na grafia
ou na pronúncia. É conhecido popularmente como: “assassinato do português”.
Ex.: Ascenção em vez de ascensão, mortandela em vez de mortadela.
Quebrei a garrafa de vrido.
Fizesse as pazes com tua irmã?
Os cobertores já estão drobados.
Estou com um pobrema.
Assine aqui com sua rúbrica.

Está subdividido em quatro categorias:

a) Cacoépia: é a pronúncia errada de alguns fonemas das palavras.


Assisti ao pograma educativo. (programa)
Nesse interim eles chegaram. (ínterim)

b) Cacografia: é o erro de grafia, quando se escreve errado uma palavra.


Ele pesquisou a etmologia da palavra. (etimologia)
Nós advínhamos o resultado do jogo. (adivinhamos)
Todos os seguimentos da sociedade sofreram com a inflação. (segmentos)

c) Cruzamento: é o emprego de uma palavra no lugar de outra na frase.


Quantia vultuosa em vez de quantia vultosa.
Ele comprimentou o amigo assim que chegou. (cumprimentou)
O aluno soou muito durante a prova. (suou)

d) Estrangeirismos: consiste em palavra, expressão ou frase de origem estrangeira.

O embaixador cometeu uma gafe. (equívoco = trata-se de um galicismo)


O show foi cancelado. (apresentação = trata-se de um anglicismo)
O escritor chegou justo na hora. ( bem na hora = trata-se de um italianismo)
66
Madame, petit-pois, comitê.

Ambiguidade ou anfibologia:
Consiste em deixar uma frase com mais de um sentido, gerando dúvidas.
Ex.: O réu disparou dois tiros na vítima em sua casa. (casa de quem?)

Cacófato:
Consiste no mau som, um som desagradável ou mesmo jocoso produzido pela união de
palavras.
Ex.: Quantos por cada?
Amo ela.

Neologismo:
Consiste na criação de palavras novas, que não existiam no vernáculo. Não é um
estrangeirismo, e um bom exemplo é gíria.

Pleonasmo:
Tem duas classificações:
a) Pleonasmo literário – também denominado pleonasmo de reforço, estilístico ou
semântico, trata-se do uso de um pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar
algo num texto. Grandes autores usam muito este recurso. Nos seus textos, os pleonasmos
não são considerados vícios de linguagem, e sim pleonasmos literários.
Es.: Morrerás morte vil na mão de um forte.
O cadáver de um defunto morto que já faleceu.
E rir meu riso. (Vinicius de Moraes)

b) Pleonasmo vicioso ou redundância - consiste na repetição desnecessária de um


conceito que está obviamente entendido. Essa não é uma figura de linguagem, e sim um
vício de linguagem.
Ex.: Estou organizando uma torcida organizada.
Ele entrou para dentro de casa.
Ele morreu de enfarto no coração.
Hemorragia de sangue.
Arcaísmo:
Consiste no uso de palavras que já caíram em desuso.
Ex.: Quiçá eu pudesse comparecer à audiência.

Eco:
Consiste na repetição das palavras terminadas pelo mesmo som, provocando uma rima
interna na frase.
Ex.: O réu reincidente mente.
Ou eu ou o outro faz o serviço.
Eu o ouvirei amanhã.
67
Vícios de linguagem ao nível da fraseologia

Interessante é o estudo da fraseologia, ou seja, da construção frasal, para identificarmos


a evolução da língua através do tempo.

Mal e porcamente: a origem desta expressão advém de mal e parcamente que


significa, na verdade, de modo deficiente, precário, sem um bom acabamento. Ocorreu
que, com o passar do tempo, o adjetivo parco foi sendo, pouco a pouco, substituído por
porco e, daí, porcamente denotando uma situação suja, feita com desleixo, sem primor.

Não bater prego sem estopa: conhecemos esta expressão com o seguinte teor: “não se
fazer nada sem que se receba algo em troca”. Mas, o que tem a estopa a ver com esta
ideia? Na verdade, nada. Na forma originária, antes de sofrer uma distorção, esta
expressão era “não bater prego sem escopo”, onde escopo, ao invés de estopa, tem o
significado de alvo, objetivo, meta, aí, sim, fazendo sentido.

Pancadaria de molho: adveio de pancadaria de mouro, que significa uma


confusão que toma todos a uma briga geral. Ocorreu que o mouro foi suplantado pela
palavra molho, da expressão popular “estar de molho”.

De cabo a rabo: conhecemos esta expressão com o sentido de algo generalizado, de


uma extremidade a outra. Veja, esta expressão, apesar de ainda manter o seu sentido
original, não tinha nenhuma relação com rabo e sim com a cidade de Rabat, capital do
Marrocos. Trata-se de uma analogia às extremidades do continente africano, a cidade do
Cabo, ao sul, e a cidade de Rabat ao norte do continente, daí a ideia de norte a sul, de um
lado a outro.

Ter bicho-carpinteiro: expressa uma qualidade de ser inquieto, traquinas, mas a


forma original era ter bicho pelo corpo inteiro, com o mesmo significado.

Sopa no mel: na verdade, era açúcar no mel e tinha o sentido de que alguma coisa
favorável era sobreposta por outra ainda mais favorável.

Cor de burro quando foge: não existe tal cor. Originou-se da frase corra de
burro quando foge e relacionava-se ao fato de o asno, ao fugir, sair atropelando todos a
sua frente, a uma situação em que, para se alcançar os objetivos, sai-se atropelando todos
pelo caminho. Neste caso, a expressão, além de sofrer alteração na sua forma fraseológica,
também perdeu a ideia original, vindo a significar que se trata de uma cor desconhecida.

Cuspido e escarrado: advém de esculpido em Carrara e significa que alguém é


muito semelhante a outra. O mármore italiano da cidade de Carrara é um mármore mole,
apropriado para se alcançar a perfeição da escultura, por esta razão poder reproduzir mais
fielmente seu modelo.

Redundância
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(Pleonasmo vicioso ou tautologia ou perissologia) – É a repetição desnecessária; usada
em consenso geral.
Ex.: Entrar para dentro, dar de graça, hemorragia de sangue, panorama geral.

Efeitos desagradáveis ao ouvido

Frequentemente, o encontro na frase de fonemas produz efeitos desagradáveis ao ouvido.


Os efeitos mais comuns são:

Hiato: Ocorrência de vogais sucessivas, produzindo um efeito desagradável.


Ex.: Vai à aula?

Colisão: É a sequência de consoantes iguais.


E.: Se se sabe, por que duvidar?

Cacófato: O encontro de sílabas de dois ou mais vocábulos que vai ocasionar a


formação de sentido inconveniente, ridículo ou desagradável.
Ex.: A boca dela é linda!
O termo cacofonia é mais abrangente. Serve para designar qualquer sonoridade
desagradável: eco, colisão, hiato, cacófato.

Atividades práticas:

1) Identifique o vício de linguagem:


a) É bom você não pertubar, pois aqui não existe previlégios.
R– ____________________________________________________________________

b) Os avião tá tudo no angar.


R– ____________________________________________________________________
c) Os Estados Unidos promete retaliassões ao Brasil, tachando exorbitantemente
nossos produtos exportados.
R –____________________________________________________________________

d) O basket-ball evoluiu no Brasil.


R–____________________________________________________________________

e) Isto implica na dispensa de servidores, haja visto as dificuldades porque passamos.


R–____________________________________________________________________

f) V.Sa. e vossos auxiliares podeis comparecer às solenidades.


R–____________________________________________________________________

g) Vou-lhe contar uma novidade inédita: João está com hepatite no fígado.
R–____________________________________________________________________

h) A prova foi antecipada antes, por isso os alunos exultaram de alegria.


69
R–____________________________________________________________________

i) Todos, sem excessão, foram unânimes em partir a mortandela em metades iguais.


R–____________________________________________________________________

j) Conheço uma mina que é um estouro.


R–____________________________________________________________________

k) Comi uma feijoada na casa da sambista, que era uma gostosura.


R–____________________________________________________________________

2)Reconhecer o efeito desagradável ao ouvido.


a) O nosso coordenador é um homem de grande valor, por isso merece candidatar-
se a vereador.
R–____________________________________________________________________

b) Vou falar acerca dela.


R–____________________________________________________________________

c) Tropa parada não vence ninguém.


R–____________________________________________________________________

d) Dia a dia ele vivia de hipocrisia.


R–____________________________________________________________________

e) Ela falou na vez passada.


R–____________________________________________________________________

f) Ela trina pouco.


R–____________________________________________________________________

g) O time do João nunca ganha do meu.


R–____________________________________________________________________

h) João tem um grande coração, mas não procura aproximação com a Conceição.
R–____________________________________________________________________

i) Vai ela?
R–____________________________________________________________________

3) Numere as frases de 1 a 7, de acordo com os vícios de linguagem que os


textos apresentam. A numeração deve corresponder à relação abaixo:
1 – Ambiguidade ou anfibologia;
2 – Barbarismo;
3 – Cacofonia ou cacófato;
4 – Estrangeirismo;
5 – Hiato;
6 – Colisão;
70
7 – Eco.

( ) É verdade, poeta, só nos sonhos a gente agarra a fada pelos cabelos.


( ) Muitos cidadões ou não votam ou votam mal.
( ) Ah, fatalidade! As rugas da idade se instalam em minha face e apagam o frescor
da mocidade.
( ) Fábio quis conhecer o sítio de um tio de que o pai falava muito.
( ) Embora doente, Tito teima em tomar café a todo instante.
( ) O Rio está incluído na tournée organizada pela nova empresa de turismo.
( ) Eu ia eufórico pela rua, ouvindo vozes que não me eram estranhas.

4) Identifique e classifique os vícios de linguagem:


a) Espero que você seje feliz.
R - ___________________________________________________________________

b) Ao toque da campainha, desceu para a sala de baixo.


R - ___________________________________________________________________

c) Eu nunca ganho nada em sorteios.


R - ___________________________________________________________________

d) Meu patrão tinha convulsão quando se falava em inflação.


R - ___________________________________________________________________

e) Afine o ouvido ao ouvir Milton Nascimento.


R - ___________________________________________________________________

f) O Papa pediu passagem para a Polônia.


R - ___________________________________________________________________

Fernando visitou sua irmã e depois saiu com seu carro.


R - ___________________________________________________________________

Figuras de Linguagem

Conceito – quando se utiliza de maneira não-convencional a linguagem, explorando-se


os aspectos conotativos das palavras e novas maneiras de construir as frases, estão sendo
criadas as figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo.

De seus dentes pálidos surgiu, enfim, um sorriso.

A característica pálidos atribuída a dentes pode sugerir dentes amarelados ou sorriso


triste, ou ambas as ideias.

“O mar passa saborosamente


A língua na areia.” (Duardo Dusek/Luís Carlos Goes)
O mar é personificado, tem características de seres vivos.
71
Na personificação do mar, língua é usada em lugar de onda.

“Meu pinho toca forte


Que é pra todo mundo acordar.” (Chico Buarque de Hollanda)
A palavra pinho é usada em lugar de violão.

Figuras de linguagem são certos recursos não-convencionais que


o emissor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

A linguagem figurada ocorre quando se quer dar expressividade à mensagem através de:

- recursos semânticos, isto é, trabalhando a palavra do ponto de vista de seu significado.


A encomenda precisa ser entregue rapidamente. Vá voando levá-la! (Vá o mais rápido
que puder!)

- recursos fonéticos, destacando os sons das palavras.


Falar em progresso urbano é sentir o ruído da britadeira trepidando na minha cabeça e
na rua.
(A repetição dos sons representados pela letra r sugere o ruído constante dos grandes
centros urbanos.)

- recursos sintáticos, trabalhando a construção da frase.


“No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!” (Olavo Bilac)
(A repetição do conectivo e intensifica a ideia de dedicação ao trabalho.)

Em função dessas ocorrências, há figuras semânticas, fonéticas e sintáticas.

Figuras semânticas

Metáfora – é o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma


relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.
Exemplos:

“O Brasil é novo, é um país pivete.” (Abel Silva)

“Não sei que nuvem trago neste peito


Que tudo quanto vejo me entristece.” (Alexandre de Gusmão)

“O rio era um bicho que de repente embrabecera.”(Deonísio Silva)

“Sua boca é um cadeado


72
E meu corpo é uma fogueira.” (Chico Buarque de Hollanda)

Comparação – é a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação


de semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um
conectivo e busca realçar determinada qualidade do primeiro termo.
Exemplos:

A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido.

“E há poetas que são artistas


E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!” (Alberto Caeiro)

Prosopopeia – também chamada personificação ou animismo, é uma espécie de


metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres.

“Ah! cidade maliciosa


de olhos de ressaca
que das índias guardou a vontade de andar nua.” (Ferreira Gullar)

Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.

Sinestesia – é uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais


diferentes.

O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda, para onde nunca mais
retornou. (cheiro = sensação olfativa; doce = sensação gustativa; verde = sensação visual)

Um doce abraço indicava que o pai o desculpara. (doce = sensação gustativa; abraço =
sensação tátil)

Catacrese – é o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para


designar determinadas coisas. Trata-se de uma metáfora necessária, que, desgastada pelo
uso, já não representa recurso expressivo da língua.

Sentou-se no braço da poltrona para descansar.

Não me lembro do seu nome, mas ainda vejo as suas eternas maçãs do rosto
avermelhadas.

A asa da xícara quebrou.

Metonímia – é a substituição do sentido de uma palavra ou expressão por outro


sentido, havendo entre eles uma relação lógica.

A metonímia ocorre quando se emprega:

73
- o autor pela obra:
Ouvi Bach com emoção. (a música de Bach)

Leio Graciliano Ramos porque ele fala da realidade brasileira.(a obra de Graciliano
Ramos)

- o continente (o que contém) pelo conteúdo (o que está contido).


A fome era tamanha que o homem comeu todo o prato de arroz.
(continente: todo o prato; conteúdo: o arroz)
Ele comemorou tomando um copo de caipirinha.
(continente: um copo; conteúdo: a caipirinha contida no copo)

- a parte pelo todo.


“O bonde passa cheio de pernas.” (Carlos Drummond de Andrade)
(pernas = pessoas)
São muitas as famílias que procuram um teto para morar.
(teto = casa)

- o singular pelo plural.


“Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”
(Art. 3º - Declaração Universal dos Direitos Humanos)
(homem = humanidade)
A mulher foi chamada para ir às ruas na luta contra a violência.
(mulher = todas as mulheres)

- o instrumento pela pessoa que o utiliza.


Os microfones corriam atropelando até o entrevistado.
(microfones = repórteres)
Ele é um bom pincel, o problema é que seus quadros são muito caros.
(pincel = pintor)

- o abstrato pelo concreto.


A juventude é corajosa e nem sempre consequente.
(juventude = jovens)
A infância é saudavelmente desordeira.
(infância = crianças)

- o efeito pela causa.


Com muito suor o operário construiu a casa.
(suor = trabalho)
As indústrias despejam a morte nos rios.
(morte = poluição)

- a matéria pelo objeto.


Os bronzes tangiam avisando a hora da missa.
(bronzes = sinos)

Os cristais tiniam na bandeja de prata.


(cristais = copos)
74
Perífrase – expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou
atributos, ou de um fato que o celebrizou.
A Cidade Luz continua atraindo visitantes do mundo todo.
(Cidade Luz = Paris)
Portadores do mal-de-lázaro são brutalmente discriminados por quase todo o mundo.
(mal-de-lázaro = lepra)
Famoso como jogador de futebol, o 7º Rei de Roma volta para o Brasil.
(7º Rei de Roma = Falcão)
O Príncipe dos Poetas também teve outras atividades que o tornaram famoso: por
exemplo, a luta pelo serviço militar obrigatório.
(Príncipe dos Poetas = Olavo Bilac)
O Presidente dos Pobres cometeu suicídio em 1954.
(Presidente dos Pobres = Getúlio Vargas)

Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.

Antítese – figura que consiste no emprego de termos com sentidos opostos.


“Tristeza não tem fim
Felicidade sim...” (Vinicius de Moraes)

“Eu preparo uma canção


que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.”(Carlos Drummond de Andrade)

Eufemismo – figura que consiste no abrandamento de uma expressão de sentido


desagradável.
Aqueles homens públicos apropriaram-se do dinheiro.
(apropriar = roubar)
O médico comunicou à família que ela estava com doença ruim.
(doença ruim = câncer)
O prisioneiro preferiu retirar-se da vida a confessar um crime que não cometera.
(retirar-se da vida = morrer)

Hipérbole – figura que através do exagero procura tornar mais expressiva uma ideia.
Na época das festas juninas, sempre morro de medo dos fogos de artifícios.
Ele possuía um mar de sonhos e aspirações.

Ironia – consiste na inversão de sentido: afirma-se o contrário do que se pensa, visando


à sátira ou à ridicularização.
Que careta mais bonita!
Cada vez que você interrompe o colega, sem pedir licença, percebo como é bem-educado.

Atividades práticas:

75
1) Identifique comparação e metáfora:
a) “Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar.” (Vinicius de Moraes)
R–____________________________________________________________________

b) A vida são ondas, vem e vai.


R–____________________________________________________________________

c) A mocidade é como uma flor que desabrocha numa manhã de primavera.


R–____________________________________________________________________

d) “Tinhas a alma de sonhos povoada.” (Olavo Bilac)


R–____________________________________________________________________

2) Identifique metáfora, prosopopeia, sinestesia e catacrese:


a) As pessoas aqueciam-se ao pé da grande fogueira.
R–____________________________________________________________________

b) “A vida é um incêndio.” (Mário Quintana)


R–____________________________________________________________________

c) “Palmeiras se abraçam fortemente


Suspiram, dão gemidos, soltam ais.” (Duardo Dusek/ Luís Carlos Goes)
R–____________________________________________________________________

d) “Em torno o entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplauso explodia de vez em


quando rubro e quente como deve ser um grito saído do sangue.” (Aluísio Azevedo)
R–____________________________________________________________________

e) “Pois vejo a minha vida anoitecer.” (Gregório de Matos)


R–____________________________________________________________________

4) Explique as metonímias das frases abaixo:


a) “A mão que toca o violão
se for preciso vai à guerra.” (Marcos e Paulo Sérgio Valle)
R–____________________________________________________________________

b) Apaixonado pela Música Popular Brasileira, conhecia Chico Buarque de Hollanda a


fundo.
R–____________________________________________________________________

c) Durante o jantar, bebeu apenas ma taça de vinho.


R–____________________________________________________________________

d) As câmeras procuravam todos os ângulos do trágico acidente.


R–____________________________________________________________________

e) Ainda hoje, em muitos setores, a mulher é discriminada.


R–____________________________________________________________________
76
f) A criminalidade deve ser combatida.
R–____________________________________________________________________

4) Explique as antonomásias e perífrases:


a) O Rei do Futebol esteve presente na disputa final do Campeonato Brasileiro.
R–____________________________________________________________________

b) O Rei do Cangaço atemorizou muita gente.


R–____________________________________________________________________

c) A Cidade Eterna recebe muitos turistas de todo o mundo.


R–____________________________________________________________________

d) A Veneza Brasileira é famosa pelo seu frevo.


R–____________________________________________________________________

5) Identifique antítese, eufemismo e hipérbole:


a) Era uma pessoa que não raramente faltava com a verdade.
R–____________________________________________________________________

b) “Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos


despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome.”
(Pe. Antônio Vieira)
R-____________________________________________________________________

c) Repeti-lhe milhões de vezes as mesmas coisas.


R–___________________________________________________________________

6) Classifique as figuras semânticas:


a) “A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor.” (Vinicius de Moraes)
R–____________________________________________________________________

b) “... eu me lembrava
Sempre da corsa arisca dos silvados
Quando via-lhe os olhos negros, negros
Como as plumas noturnas de graúna.” (Castro Alves)
R–____________________________________________________________________

c) “ A cada canto um grande conselheiro,


Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.” (Gregório de Matos)
R–____________________________________________________________________

77
d) “ Que noite fria! Na deserta rua
Tremem de medo os lampiões sombrios.” (Castro Alves)
R–____________________________________________________________________

e) Meus olhos desmaiaram de emoção quando ouvi sua voz.


R–____________________________________________________________________

f) Ele devolveu o excesso de comida que engolira sem mastigar.


R–
______________________________________________________________________
g) Entra pela janela a preguiçosa brisa.
R–
______________________________________________________________________
h) Não fiquei preocupado porque, quando o pé-de-vento chegou, as crianças já estavam
na escola.
R–____________________________________________________________________

i) Ninguém podia negar que as mãos do trombadinha eram ágeis.


R–____________________________________________________________________

j) O olhar duro e doce da mamãe interrompeu a discussão, com energia e carinho.


R–____________________________________________________________________

Figuras fonéticas

Onomatopeia – consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres.


“Sem o coaxar dos sapos ou o cricri dos grilos como é que poderíamos dormir tranquilos
a nossa eternidade?” (Mário Quintana)

O miado desapareceu quando as crianças puseram, em volume alto, a gravação do au-au.


O gato pensou que o perigo estava próximo e emudeceu.
O cóim-cóim dos porcos parecia uma orquestra desafinada.

Aliteração – consiste na repetição de fonemas no início ou interior das palavras.


Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde nascera e morrera.
“São Paulo – metrópole
o metrô – bisturi que rasga
o ventre da noite...” (Chico Jorge)

Figuras sintáticas
As figuras sintáticas também ocorrem quando se quer atribuir maior expressividade ao
significado: a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido.

Elipse – ocorre quando há ocultamento de um termo, que fica subentendido pelo


contexto e que é facilmente identificado.
78
À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva,
e nosso carro deslizava entre um e outro.
(omissão da forma verbal estava: estava o sol, estava a chuva)
“Na rua deserta, nenhum sinal de bonde.” (Clarice Lispector)
(omissão de não havia)

Hipérbato – é a inversão da ordem natural (direta) dos termos na oração, ou das


orações no período.
Viajam cansados os pescadores de ilusões.
(Os pescadores de ilusões viajam cansados.)
Acompanhando o som da torcida, dançava com a bola o atleta.
( O atleta dançava com a bola acompanhando o som da torcida.)

Pleonasmo – é a repetição de um termo, ou reforço do seu significado.


Choramos um choro sentido, mas nos refizemos logo.
A esperança do nordestino era que a água da chuva aguasse a terra.
A ele resta-lhe a boa oportunidade de provar sua inocência.

Assíndeto – ocorre quando há a supressão do conectivo (conjunção).


O vento zunia, as folhas caíam.
O cantor cantava a canção, o público vaiava. Ele insistia, o público continuava. Ele parou,
quebrou o violão, saiu do palco.

Polissíndeto – ocorre quando há a repetição do conectivo.


E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda, mas ninguém parou para socorrer o gato
acidentado.
Eu ia no ônibus como pingente e levava vantagem, e não pagava, e saltava onde queria e
sentia o vento bater na cara.

Atividades práticas:

1)Identifique onomatopeia e aliteração:


a) “Conheciam-no pelo toque-toque da perna-de-pau.” (Coelho Neto)
R-____________________________________________________________________

b) “Esperando parada pregada na pedra do porto.” (Chico Buarque de Hollanda)


R-____________________________________________________________________

c) “Vozes veladas, veludosas vozes.” (Cruz e Sousa)


R-____________________________________________________________________

d) O plim-plim da televisão interrompeu o programa, meus pensamentos e o sono da


criança.
R-____________________________________________________________________

2) Identifique pleonasmo, hipérbato e elipse:


a) “E diz agora um boato
Que só no século vinte
79
Chamada a postos
A Constituinte
Será...” (Artur Azevedo)
R-____________________________________________________________________

b) Na ausência, saudade; na presença, tormento. Como explicar?


R-____________________________________________________________________

c) “Meus pobres sonhos que sonhei, já tão sonhados.” (Alphonsus de Guimarães)


R-____________________________________________________________________

3) Classifique as figuras de linguagem destacadas:


a) “Nesse lábio mordente e convulsivo,
ri, ri risadas de expressão violenta.” (Cruz e Sousa)
R-____________________________________________________________________

b) “Sino de Belém, que graça que ele tem!


Sino de Belém bate bem-bem-bem.” (Manuel Bandeira)
R-____________________________________________________________________

c) “E os olhos não choram.


E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.” (Carlos Drummond de Andrade)
R-____________________________________________________________________

d) “Pedro Pedreiro, penseiro


Esperando o trem.” (Chico Buarque de Hollanda)
R-____________________________________________________________________

e) “Os teus olhos são negros e macios.” (Fernando Pessoa)


R-____________________________________________________________________

f) “Eu estava agora tão amor que não me via mais. Tão grande como uma paisagem ao
longe.” (Clarice Lispector)
R-____________________________________________________________________

g) “Na imensa descida,


A catarata
Se suicida.” (Millôr Fernandes)
R-____________________________________________________________________

h) “As velas do Mucuripe vão sair para pescar.” (Fagner e Belchior)


R-____________________________________________________________________

i) “No fim do túnel, o princípio do túnel.


Na subida da pedra, a descida da pedra.” (Mário Faustino)
R-____________________________________________________________________

80
j) A Cidade Maravilhosa ostenta beleza e muita miséria.
R-____________________________________________________________________

Frase, oração e período

Frase – É todo enunciado de sentido completo, capaz de estabelecer comunicação.


Ex.: Psiu! Silêncio! Cada macaco no seu galho.

Oração – É o enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.


Ex.: Os homens que são honestos merecem nossa atenção.

Período – É a frase organizada com uma ou várias orações.


Ex.: O barulho da moto nos incomodou na sala de aula.

Período Composto

O período composto é aquele que encerra duas ou mais orações. O final de um período
composto é marcado por ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou
reticências.
A Coordenação

Se as orações são colocadas num mesmo período apenas por uma questão de afinidade
das ideias, mas nenhuma delas exerce função sintática em relação à(s) outras(s), então se
diz que o período é composto por coordenação.

No período composto por coordenação, as orações são ligadas por conjunções


coordenativas (e, mas, ou, pois, etc.) ou simplesmente por uma vírgula ou por ponto-
e-vírgula.
Veja:
Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo.
(Machado de Assis, Memorial de Aires)

Temos aí um período composto por quatro orações coordenadas. Um ponto-e-vírgula


separam a primeira Fui a pé das outras três; a conjunção coordenativa e liga a última às
anteriores; apenas uma vírgula separa a segunda achei aberta a porta do jardim da
terceira entrei.

É importante saber que, na coordenação, cada oração é sintaticamente independente da


outra, isto é, jamais exerce função sintática em relação a outra.

A subordinação

Mas há também períodos compostos por subordinação, e é preciso entender bem qual é o
verdadeiro significado disso.
Observe as duas orações:

81
João investia na bolsa.
Ninguém sabia isso.

Na frase b a palavra isso desempenha a função de objeto direto (OD). Mas eu posso
substituir a palavra isso pela oração a:
Ninguém sabia que João investia na bolsa.

Temos agora um período com duas orações. A segunda oração tem a função de objeto
direto da primeira. (Veja que apareceu a conjunção que para ligar a segunda à primeira.)
A segunda oração vai receber, então, o nome de oração subordinada.

Ser subordinada significa, portanto, que a oração desempenha uma função sintática em
relação a uma outra, a que chamamos de principal.

Atividades práticas:

1) Leia o texto abaixo, depois responda às questões:


Numa declaração ansiosamente esperada, o
presidente do Banco Central Americano, Alan
Grenspan, anunciou hoje que o dinheiro não é tudo.

a) Trata-se de um período simples ou composto? Justifique sua resposta.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

b) Transcreva os sujeitos respectivamente de anunciou e é.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

c) Existe no período um aposto. Transcreva-o.


R- _____________________________________________________________

d) Na sua opinião, em que se baseia o caráter humorístico do texto?


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

2) Examine o período:

“No Catete, mandei parar o carro, disse ao José Dias que fosse
buscar as senhoras ao Flamengo e as levasse para casa.”
(Machado de Assis, Dom Casmurro)

a) Divida-o em orações.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
82
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

b) Dê a função sintática de “ao José Dias” e de “as senhoras”.


R- _____________________________________________________________

c) Qual é o objeto direto de mandei?


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

d) O verbo disse tem dois objetos diretos coordenados entre si. Quais são?
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Conclusão

O importante no estudo do período composto é perceber que, quando duas orações são
coordenadas, ambas são sintaticamente independentes; quando uma é subordinada a
outra, significa que uma delas (a principal) é sintaticamente incompleta, e a outra (a
subordinada) exerce justamente a função que está faltando na principal.
As orações subordinadas serão classificadas de acordo com o tipo de função que exercem
em relação à principal.

Período composto: coordenação e subordinação

Coordenação

No período composto pode ocorrer, entre uma e outra oração, uma relação sintática de
independência (ou coordenação).

1ª oração 2ª oração
Engoli em seco, nada respondi à ofensa.

verbo verbo

- Nenhuma das orações se liga sintaticamente a um termo da outra: são orações


independentes ou coordenadas.

- Cada oração tem todos os termos necessários para estar completa:


1ª oração: sujeito (eu) + verbo intransitivo
2ª oração: sujeito (eu) + verbo transitivo direto e indireto + objeto direto (nada) +
objeto indireto (à ofensa).
83
- Quando as orações são independentes, elas podem sozinhas formar um período:
Engoli em seco. Nada respondi à ofensa.

Subordinação

Em outros períodos compostos pode ocorrer uma relação sintática de dependência (ou
subordinação) de uma oração para com outra.

1ª oração 2ª oração
Não imaginei que você viesse tão cedo.

verbo verbo

- O verbo da 1ª oração é transitivo: exige um complemento.


- A 2ª oração é o complemento do verbo transitivo (ela corresponde ao objeto direto a
sua vinda tão cedo).
- A 2ª oração depende do verbo da 1ª oração: é uma oração dependente ou subordinada.

Tipos de Orações

Oração absoluta:
É aquela que forma o período simples.

Hoje as lojas estão muito movimentadas.

Verbo

Oração coordenada

É aquela que mantém relação sintática de independência com outra.

oração coordenada oração coordenada


Fomos ao cinema, mas ele estava lotado.

verbo verbo

Observação:

A relação de independência das orações coordenadas se


dá quanto à estrutura sintática e não quanto à relação
semântica (de significado).

Oração subordinada

84
É aquela que depende sintaticamente de outra oração.

oração subordinada

Procurei quem digitasse o trabalho.

verbo verbo

A 2ª oração existe porque o verbo da 1ª necessita de um objeto direto.


Oração principal:

É aquela da qual a oração subordinada depende.

oração principal oração subordinada


Procurei quem digitasse o trabalho.

verbo verbo

Período composto por coordenação

O período composto por coordenação é formado por orações coordenadas.

1ª oração 2ª oração_______________
Vivia num bairro simples e convivia com pessoas pobres.

verbo verbo
1ª oração: oração coordenada
2ª oração: oração coordenada
Período composto por coordenação

Orações coordenadas assindéticas


As orações coordenadas podem aparecer ligadas as outras sem conectivo (elemento de
ligação), ou seja, sem síndeto, sem conjunção. São as orações coordenadas assindéticas.

85
1ª oração 2ª oração 3ª oração____
Chegou, gostou, ficou para sempre.

verbo verbo verbo

1ª oração: oração coordenada assindética


2ª oração: oração coordenada assindética
3ª oração: oração coordenada assindética
Período composto por coordenação

Orações coordenadas sindéticas

As orações coordenadas podem aparecer ligadas as outras através de um conectivo


(elemento de ligação), ou seja, através de um síndeto, de uma conjunção. São as orações
coordenadas sindéticas.

1ª oração 2ª oração
Olho e sinto falta de alguma coisa nesta sala.

verbo verbo

conjunção

1ª oração: oração coordenada assindética


2ª oração: oração coordenada sindética
Período composto por coordenação

Classificação das orações coordenadas sindéticas

A ideia expressa nas orações coordenadas sindéticas depende da conjunção que as une:

Aditivas – ideia de adição, de soma. Conjunções coordenativas aditivas: e, nem (e não),


mas também, como também...
Aproximou-se e observou tudo ao redor.
Não veio nem telefonou.
Os cubanos não só conheciam a música mas também a literatura brasileira.
Não só cantava como também representava.

Adversativas – ideia de contraste, de oposição. Conjunções coordenativas


adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto...
A população quis falar ao prefeito, mas não foi atendida.
Muitos viajam, porém poucos conhecem o Brasil.
86
Aquela estrada era perigosa, entretanto era muito usada.

Alternativas – ideia de alternância, de escolha. Conjunções coordenativas


alternativas: ou; ou... ou; ora...ora; já...já; quer...quer...
Procurei chegar a tempo, ou não seria atendido pelo médico.
Ora chama pela mãe, ora procura o pai.

Explicativas – expressam motivo, razão, explicação. Conjunções coordenativas


explicativas: porque, que, pois (antes do verbo)...
É bom ser criticado, porque assim crescemos interiormente.
Vou sair, que aqui está muito abafado.
Dei-lhe um presente, pois era seu aniversário.

Conclusivas – ideia de conclusão. Conjunções coordenativas conclusivas: logo,


portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo)...
Para os cientistas, o homem pode viver 200 anos; logo, a qualidade de vida precisa ser
melhorada.
Algumas propagandas são de mau gosto, portanto precisam ser mudadas.
Falta carne no mercado, conheça, pois, a comida vegetariana.
Atenção especial merece a conjunção pois. Colocada no início da coordenada, caracteriza
a oração como explicativa; usada posteriormente, a coordenada será conclusiva.

Não temos muito tempo, pois o prazo expira amanhã. = coordenada explicativa;
Não temos muito tempo; vamos, pois, ater-nos ao essencial. = coordenada conclusiva.

Observações:
1ª – A conjunção e (aditiva) pode aparecer com valor adversativo.
Exemplo: “É ferida que dói e não se sente.” (Camões)
2ª – A conjunção mas (adversativa) pode aparecer com valor aditivo.
Exemplo: Era um homem trabalhador, mas principalmente honesto.

Atividades práticas:

1) Sublinhe os verbos e classifique os períodos em simples ou compostos:


a) Amanheceu. Vimos os primeiros raios solares enquanto caminhávamos na areia. A
brisa do mar era fria quando acordamos do sonho.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

b) Lennon casou-se pela segunda vez. Ela era japonesa, inteligente, artista plástica e
vivia nos Estados Unidos.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

87
2) Transforme os períodos simples em compostos, acrescentando as conjunções
adequadas:

Modelo: O marceneiro chegou. Começou o serviço.


O marceneiro chegou e começou o serviço.

a) Vinicius de Moraes já morreu. Não morreram seus poemas e músicas. Sua criação
artística é eterna.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

b) Faltava dinheiro para o lazer. O jeito era participar da pelada aos domingos.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

c) Observei o comentário do diretor. Percebi o meu engano.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

d) Olhou-me duramente. Foi-se embora.


R- _____________________________________________________________

3) Sublinhe os verbos, identifique as conjunções, separe as orações e classifique-as


em coordenadas assindéticas e coordenadas sindéticas:

Modelo:
oração coordenada assindética oração coordenada sindética
A seleção feminina de basquete estava preparada, mas perdeu a partida.

a) As autoridades pedem rigor e exigem a fiscalização dos maus comerciantes.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

b) A personagem saiu do quarto, escondeu as lágrimas, saiu pela porta dos fundos.
R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

c) Não beba muito que faz mal.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________

88
_____________________________________________________________

d) A paciência do pedestre esgotou-se e começou a confusão.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

e) Ela sorriu carinhosamente e passou a mão nos cabelos do neto.


R- _____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

4) Separe e classifique as orações dos períodos abaixo:


Modelo: Eu considerava a história boa, mas não poderia avaliá-la melhor; pois
me faltava tempo.
1ª oração: Eu considerava a história boa = oração coordenada assindética
2ª oração: mas não poderia avaliá-la melhor =oração coordenada sindética
3ª oração: pois me faltava tempo = oração coordenada sindética
Período composto por coordenação

a) Um número cada vez maior de animais de estimação contrai câncer e poucos


veterinários oferecem tratamento para a doença.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) A fumaça do cigarro faz mal, também, às pessoas não-fumantes e prejudica a saúde


dos animais domésticos.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) A Constituição brasileira assegura direitos iguais a todos os cidadãos, entretanto isso


não ocorre de fato: ora as mulheres recebem salários inferiores aos dos homens, ora
os negros são inferiorizados.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) O velho ônibus esperava o embarque dos alunos, a maioria chegou atrasada, logo,
o motorista irritou-se.
R- ____________________________________________________________________
89
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

e) As revistas semanais contavam a história do jovem assaltante, mas não denunciavam


a sua ligação com os policiais.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

f) Houve medidas econômicas muito radicais, por conseguinte não agradaram à


população.
R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

g) Trabalhou muito, portanto estava cansado.


R- ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Período composto por subordinação

Período composto por subordinação é aquele formado por oração principal e oração
subordinada (uma ou mais).

1ªoração 2ª oração
Disse ao aluno que tivesse respeito.

verbo verbo
1ªoração: oração principal 2ªoração:oração subordinada
Período composto por subordinação

A oração subordinada pode ser:


- oração subordinada substantiva;
- oração subordinada adverbial;
- oração subordinada adjetiva.

Orações subordinadas substantivas


90
As orações subordinadas substantivas têm as funções sintáticas próprias do substantivo e
são introduzidas pelas conjunções integrantes que e se. Essas orações podem funcionar
como:
Sujeito do verbo da oração principal.
oração principal oração subordinada substantiva
É necessário que ela volte. (sujeito representado por uma oração)

sujeito

Objeto direto do verbo da oração principal.


oração principal oração subordinada substantiva
Espero que ela volte. (objeto direto representado por uma oração)

verbo objeto
transitivo direto direto

Objeto indireto do verbo da oração principal.


oração principal oração subordinada substantiva
Necessito de que ela volte.(objeto indireto representado por uma oração)

verbo objeto
transitivo indireto indireto

Complemento nominal de um termo da oração principal.


oração principal oração subordinada substantiva
Tenho necessidade de que ela volte. (complemento nominal representado por
uma oração)

complemento nominal

Predicativo de uma oração principal.


oração principal oração subordinada substantiva
Minha esperança é que ela volte. (predicativo representado por uma oração)

predicativo

Aposto de uma oração principal.


oração principal oração subordinada substantiva
Espero somente isto: que ela volte. (aposto representado por uma oração)

aposto

91
A função da oração subordinada substantiva depende, portanto, da estrutura da oração
principal: mudando-se a estrutura sintática da oração principal, muda-se a função da
oração subordinada substantiva.
oração principal oração subordinada substantiva
Minha esperança é que tudo dê certo.

verbo função:
de ligação predicativo

oração principal oração subordinada substantiva


Tenho esperança de que ela volte.

substantivo função: complemento nominal

oração principal oração subordinada substantiva


Espero que tudo dê certo.

verbo transitivo função: objeto direto


direto

Classificação das orações subordinadas substantivas

A classificação das orações subordinadas substantivas depende da função que elas


exercem no período:

Subjetiva – funciona como sujeito de verbos usados na 3ª pessoa do singular (é bom, será
necessário, convém, parece, importa, etc.) e de verbos que se apresentam na voz passiva
sintética (sabe-se, espera-se, etc.).
É necessário que você fale a verdade.
É segredo que os gêmeos saíram de casa.
Sabe-se que o jornal mentiu.

Objetiva direta – funciona como objeto direto do verbo transitivo direto da oração
principal.
Os favelados esperaram que a Secretaria da Saúde instalasse o posto de saúde.

verbo transitivo direto

As estatísticas mostram que muitas mulheres são espancadas em casa, pelos maridos.

verbo transitivo direto

Objetiva indireta – funciona como objeto indireto do verbo transitivo indireto ou


transitivo direto e indireto da oração principal.

92
O Estado necessitava de que a prisão-albergue fosse construída.

verbo transitivo indireto

O historiador convenceu as autoridades de que nossas escolas precisavam ser


melhoradas.

verbo transitivo direto e indireto

Completiva nominal – funciona como complemento nominal de um substantivo, adjetivo


ou advérbio da oração principal.

Tínhamos dúvidas de que daria certo o acampamento naquele lugar.

substantivo

O sociólogo estava esperançoso de que a pesquisa sobre o Brasil fosse aprovada pelas
autoridades.

adjetivo

A Assembleia Nacional Constituinte votou favoravelmente a que a licença-gestante seja


de cento e oitenta dias.

advérbio

Predicativa – funciona como predicativo do sujeito da oração principal com verbo de


ligação.

Nossa esperança é que os povos vivam em paz.

verbo de ligação

Sua vontade era que os prisioneiros trabalhassem na lavoura.

verbo de ligação

Apositiva – funciona como aposto, ou seja, como explicação de uma palavra da oração
principal.

Àquele homem interessava apenas uma coisa: que muito dinheiro estivesse em sua conta
bancária.

palavra a ser explicada

A esperança das pessoas pobres é uma: que melhore sua condição de vida.

93
palavra a ser explicada

Queremos somente isto: que a distribuição de rendas seja mais justa.

palavra a ser explicada

Atividades práticas:

1) Reescreva a frase, transformando o termo (substantivo) destacado em oração


subordinada substantiva. Faça apenas as modificações necessárias.

Modelo: Eu não esperava a sua compreensão.


Eu não esperava que você me compreendesse.

a) É fundamental o aproveitamento científico do lixo.


R- ____________________________________________________________________

b) O major exigia obediência ao horário.


R-____________________________________________________________________

c) O inquilino não aceitou o aumento do aluguel.


R-____________________________________________________________________

d) O pai insistia no castigo ao filho.


R-____________________________________________________________________

e) Nosso receio era a chuva na hora do churrasco.


R-____________________________________________________________________

f) Minha expectativa era a devolução dos livros emprestados.


R-____________________________________________________________________

g) Renato estava ansioso pelo conserto da torneira.


R-____________________________________________________________________

h) Não estávamos convencidos da superioridade dos portugueses sobre os índios.


R-____________________________________________________________________

i) Só esperávamos uma coisa: a chegada do aniversariante.


R-____________________________________________________________________

j) Soube apenas agora do acidente com o trem.


R-____________________________________________________________________

2) Classifique as orações destacadas em subjetivas e objetivas diretas:


a) Acredita-se que a minhoca é ótima para o solo.
R-____________________________________________________________________

94
b) Ninguém podia dizer que acertara o teste.
R-____________________________________________________________________

c) O empresário ignorava que os empregados estavam em greve.


R-____________________________________________________________________

d) Não podíamos dizer que os pedestres eram educados no trânsito.


R-____________________________________________________________________

e) Foi resolvido que o jogador não entraria em campo.


R-____________________________________________________________________

3) Classifique as orações subordinadas substantivas destacadas em objetivas


indiretas e completivas nominais.
a) Ofereceram o livro a quem obteve melhor nota.
R-____________________________________________________________________

b) A família insistia em que a criança fosse internada.


R-____________________________________________________________________

c) Os produtores do programa de televisão tinham a firme certeza de que os


telespectadores gostariam das piadas.
R-____________________________________________________________________

d) Minha avó, na sua fé, acendia velas para quem precisasse.


R-____________________________________________________________________

e) Estava convicta de que eu não terminaria o namoro.


R-____________________________________________________________________

4) Sublinhe os verbos, separe as orações e classifique-as.


1ª oração 2ª oração
Modelo: É necessário que se preserve a natureza.
1ª oração: oração principal
2ª oração: oração subordinada substantiva subjetiva

a) Eu pedi que ele me deixasse em paz.


R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) A cura do paciente dependia de que ele aceitasse o difícil tratamento.


R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) O povo estava esperançoso de que a nova medida econômica amenizasse os seus


problemas.
R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
95
d) É importante que os representantes políticos tenham consciência de sua missão.
R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
e) A grande tristeza da mãe foi que os filhos a colocaram num asilo.
R-____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais funcionam como adjuntos adverbiais da oração


principal.

oração principal oração subordinada adverbial


O vizinho vendeu o terreno ao lado porque precisava de dinheiro.

expressa ideia de causa

oração subordinada adverbial oração principal


Quando cheguei ao supermercado, as portas já estavam fechadas.

expressa ideia de tempo

Classificação das orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais aparecem introduzidas por conjunções


subordinativas não integrantes. Sua classificação é feita segundo o sentido da
circunstância adverbial que expressam:

Causais – exprimem ideia da causa do fato expresso na oração principal. Iniciando-se


principalmente por: porque, já que, visto que, como, uma vez que...
Já que não chovia há tempo, as plantas secaram.
Chegou cansado, visto que seu trabalho fora muito pesado.
Como estava doente, precisava de acompanhamento médico.
Uma vez que lhe dei o dinheiro, não posso pedi-lo de volta.

Condicionais – exprimem ideia de condição necessária para a realização do fato expresso


na oração principal. Iniciam-se principalmente por: se, caso, desde que, contanto que...
Se nos convencêssemos do valor nutritivo dos cereais, a proteína animal seria
substituída.
Caso ele venha, iremos ao cinema.
Viajaremos ainda hoje, desde que o tempo melhore.

96
Consecutivas – exprimem ideia de consequência do fato expresso na oração principal.
Iniciam-se principalmente por: que (precedido de tal, tão, tanto, tamanho).
Expressou-se com tal firmeza que todos acreditaram.
Estávamos tão cansados na viagem que víamos imagens duplas.
Chorou tanto na partida que a família se surpreendeu.

Concessivas– exprimem ideia contrária ao fato expresso na oração principal. Iniciam-se


principalmente por: embora, ainda que, se bem que.
Embora houvesse leite estocado, ninguém conseguia encontrá-lo.
Adorava Elis Regina, ainda que ela fosse “pimentinha”.
Por mais que pedissem novas escolas, o Estado não as construía.

Conformativas – exprimem ideia de conformidade com o pensamento expresso na oração


principal. Iniciam-se principalmente por: conforme, como, segundo...
O livro foi publicado conforme pedimos.
Os policiais reagiram como tínhamos previsto.
Como diziam os mais velhos, beleza não se põe na mesa.

Comparativas – representam o segundo termo da comparação. Iniciam-se principalmente


por: como, mais... do que, menos... do que, tão... como, tanto... quanto...
O ciclista era tão rápido como o pensamento.
O programa de rádio estava mais crítico do que informativo.

Finais – exprimem ideia da finalidade do fato expresso na oração principal. Iniciam-se


principalmente por: para que, a fim de que...
Os nobres da Idade Média compravam o perdão dos padres para que depois da morte,
conseguissem o céu.
Fiz minha autocrítica a fim de que me sentisse melhor.

Temporais – exprimem ideia do tempo em que ocorre o fato expresso na oração principal.
Iniciam-se principalmente por: quando, logo que, até que, sempre que, enquanto, assim
que...
Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa.
A antiga moradora reconheceu-me logo que me viu.
Eu ficaria lendo até que o sono viesse.
Sempre que viajávamos, os vizinhos guardavam nossos jornais.

Proporcionais – exprimem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso


na oração principal. Iniciam-se principalmente por: à proporção que, à medida que...
À proporção que limpávamos os vidros, o cheiro de bolor sumia.
À medida que chovia, a população ribeirinha ia deixando suas casas.

Observação:

97
A ideia de proporção pode aparecer expressa em elementos
correlacionados entre as orações (quanto mais... tanto mais,
quanto menos... tanto mais, etc.).
Exemplos:
Quanto mais lia, (tanto) mais queria ler.
Quanto menos estudares, (tanto) mais dificuldades encontrarás.

Atividades práticas:

1)Transforme o adjunto adverbial em oração subordinada adverbial.

Modelo: Os pilotos dispararam ao primeiro sinal.


Os pilotos dispararam quando deram o primeiro sinal.

a) Não viajávamos devido à falta de dinheiro.


R- ____________________________________________________________________

b) Os convidados retiraram-se ao término da festa.


R- ____________________________________________________________________

c) Ele estuda apesar da falta de recursos.


R- ____________________________________________________________________

d) Devido à sua frágil saúde, não trabalhava.


R- ____________________________________________________________________

e) As manifestações acalmaram-se com a chegada da polícia.


R- ____________________________________________________________________

2) Identifique e classifique as orações subordinadas adverbiais:


a) A euforia da mãe era maior que a do filho vitorioso.
R- ____________________________________________________________________

b) Todos compraram o jornal porque ele trazia a lista dos aprovados.


R- ____________________________________________________________________

c) Como estava agitado, quebrou o copo e o prato.


R- ____________________________________________________________________

d) Eu andava tão faminto como se não comesse há dias.


R- ____________________________________________________________________

e) “Embora lhes custe acreditar, o visconde, em pessoa, tinha a sua taberna no centro
da vila.”
(Fernando Namora)
R- ____________________________________________________________________
98
f) Se acabasse com aquelas fofocas, eu acreditaria na sua discrição.
R- ____________________________________________________________________

g) Os mendigos foram encaminhados ao albergue a fim de que ficassem protegidos do


frio intenso.
R- ____________________________________________________________________

h) Quando tocou a campainha, sentiu logo os passos pelo corredor.


R- ____________________________________________________________________

i) Ventou tanto que as telhas caíram.


R- ____________________________________________________________________

j) À medida que íamos falando, mais o diretor se sentia envaidecido.


R- ____________________________________________________________________

Orações subordinadas adjetivas

As orações subordinadas adjetivas têm o valor e a função próprios do adjetivo.


Exemplos:

Assistimos a cenas deprimentes.

substantivo adjetivo

adjunto adnominal

Assistimos a cenas que deprimem.

oração subordinada adjetiva


substantivo

O político corrupto não merece voto.

substantivo adjetivo

O político que é corrupto não merece voto.

oração subordinada adjetiva


99
substantivo

A oração subordinada adjetiva é introduzida por pronomes relativos: que, o qual (e


variações), quem, onde, cujo (e variações).
Há situações que não desejamos nunca.
Colocaram uma questão a qual me parecia muito estranha.
Era aquele o homem a quem eu devia um grande favor.
O bairro onde se desenvolveu a favela era industrial.
Existem problemas cujas soluções são dadas pelo tempo.

Posições da oração subordinada adjetiva


Em relação à oração principal, a oração subordinada adjetiva pode aparecer:
- depois da oração principal.
oração principal oração subordinada adjetiva
Os turistas dirigiram-se ao litoral, onde a natureza os esperava.

- no meio da oração principal.


oração principal oração subordinada adjetiva oração principal
A resposta que os policiais esperavam dos sequestradores não veio.

Classificação das orações subordinadas adjetivas

Em relação ao termo que modificam, as orações subordinadas adjetivas podem ser:


Restritivas – são aquelas que restringem o sentido de um termo a que se referem.
oração subordinada adjetiva restritiva

Os homens que são honestos merecem nosso elogio.

De acordo com esse enunciado, não são todos os homens que merecem nosso elogio, mas
apenas o conjunto daqueles que são honestos.

Explicativas – são aquelas que tomam o termo a que se referem no seu sentido amplo,
destacando sua característica principal ou esclarecendo melhor sua significação, à
semelhança de um aposto.

oração subordinada
adjetiva explicativa

Os homens, que são seres racionais, merecem o nosso elogio.

De acordo com esse enunciado, todos os homens merecem o nosso elogio, já que a
característica a eles atribuída é comum a todos.
100
Observação:

A oração subordinada adjetiva explicativa aparece na escrita separada por vírgulas.

Atividades práticas:

1) Transforme o adjetivo destacado em oração subordinada adjetiva:

Modelo: Eram músicas contagiantes.


Eram músicas que contagiavam.

a) A televisão apresenta cenas agressivas.


R-____________________________________________________________________

b) Os avós tinham atitudes agradáveis.


R-____________________________________________________________________

c) A professora revelava uma linguagem enternecedora.


R-____________________________________________________________________

d) Ela carregava problemas atormentadores.


R-____________________________________________________________________
e) Eles escreviam cartas emocionantes.
R-____________________________________________________________________

2) Identifique e classifique as orações:


a) Minha mãe, que é filha de italianos, herdou a pronúncia de meus avós.
R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) O esgoto que estava à mostra era danoso aos vizinhos.


R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) Existem palavras cujos significados são explicados pelo contexto.


R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

d) As mulheres que perderam os maridos no acidente de ônibus fizeram uma única


missa de sétimo dia.
R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

e) O filho, que era irresponsável, vivia faltando ao emprego.


R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

101
f) A máquina de escrever, que era elétrica, custava caro.
R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

g) Esse padre de quem os jornais falam é um grande batalhador pela justiça social.
R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

h) Ela trabalhou durante toda a madrugada na fantasia que o filho usaria no teatro da
escola.
R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

i) O rio que cortava a fazenda era a atração da meninada.


R - __________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Sintaxe de Concordância
Concordância – é o processo pelo qual, dentro de uma frase, as categorias gramaticais
(gênero, número e pessoa) de uma palavra determinam as categorias de outra(s).

Se o sujeito que determina as categorias gramaticais do verbo (número e pessoa), falamos


de concordância verbal. Se é um nome que determina as categorias gramaticais de seu
determinante ou substituto (gênero, número e pessoa), falamos de concordância
nominal. Veja:

Nós reformamos nossa casa quando a compramos.

a. reformamos concorda com o sujeito nós (1ª pessoa do plural) – concordância verbal;
b. nossa concorda com casa (feminino singular) – concordância nominal;
c. a concorda com casa, palavra que substitui na segunda oração (feminino singular) –
concordância nominal.

A concordância, como se viu, é um fenômeno basicamente gramatical. Dois outros


fatores, porém, podem assumir papel determinante na concordância: a atração (a
concordância se faz em função da posição da palavra na frase) e a silepse (a concordância
se faz com a ideia).

Silepse – é uma figura de linguagem (de sintaxe) pela qual a concordância é feita
levando em conta não os aspectos gramaticais, mas a ideia veiculada pelas palavras. Por
essa razão, esse tipo de concordância é chamado também de concordância ideológica.
A silepse pode ser:

a. de gênero – V. Exª. é muito generoso. (V.Exª. – feminino; generoso – masculino)


b. de número – A multidão invadiu o supermercado e, em cinco minutos, esvaziaram
as prateleiras. (multidão – singular; esvaziaram - plural)
102
c. de pessoa – Todos somos cúmplices da violência. (Todos – 3ª pessoa; somos – 1ª
pessoa)

Concordância Nominal
Princípios gerais:

1 – Regra geral – O nome impõe seu gênero e número a seus determinantes e aos
pronomes que o substituem.
Ex.: Faremos tantas reuniões quantas forem necessárias.

2 – Concordâncias do particípio na voz passiva – Quando a oração está na voz


passiva analítica, não só o verbo se flexiona para concordar com o sujeito em número e
pessoa, mas também o particípio se flexiona, concordando com o sujeito em gênero
e número.

Ex.: Foram divulgados os últimos resultados e distribuídas as fichas para a inscrição.

3 – Um determinante modificando mais de um substantivo.


a. Se o determinante vem depois dos substantivos:

- pode ir para o plural masculino se todos os substantivos forem masculinos, ou


houver um masculino junto com outro(s) feminino(s).
Ex.: “O japonês Kashamira entra com a mulher e o filhinho brasileiros de roupa de
brim.”
(Alcântara Machado, Novelas Paulistanas)

- pode ir para o plural feminino se todos os substantivos forem femininos.


Ex.: Tanto a Declaração de Independência quanto a Constituição americanas trazem...
Ex.: “... e um senhor de cabelos e barbas brancas.”
(José de Alencar, Lucíola)

b. Se o determinante vier antes dos substantivos, deverá concordar com o mais próximo.
Ex.: Você escolheu má hora e lugar para o nosso encontro.

Exceção:

Mesmo vindo antes dos substantivos, o determinante irá pra o plural


se tais substantivos forem nomes de pessoas ou títulos.
Ex.: Os destemidos César e Napoleão...
Os ilustres embaixador e ministro conversaram animadamente.

4 – Dois modificadores antepostos ao nome – O fato de dois determinantes serem


aplicados ao mesmo nome não torna necessário que o nome seja colocado no plural.
Afinal, é o determinante que deve concordar com o substantivo, não este com aquele.
Ex.: “Era entre o segundo e o terceiro ato da peça...”
(Machado de Assis, Relíquias I)
“Em conversas reservadas, os técnicos do segundo e terceiro escalão da equipe
econômica...”
103
(Folha de São Paulo, 14 jan. 1990, E -12)

5 – Concordância do predicativo do sujeito – Quando o adjetivo for predicativo de


um sujeito composto, segue o verbo na concordância.

Ex.: O clima e a água eram ótimos ou eram ótimos o clima e a água.


Era ótimo o clima e a água ou Era ótima a água e o clima.

6 – Concordância do predicativo do objeto

a. Quando o adjetivo for predicativo de um objeto direto composto e vier depois dos
objetos diretos, irá para o plural, no gênero dos núcleos, ou no masculino se forem
de gêneros diferentes.
Ex.: Achei o embaixador e a situação ridículos.

b. Se o predicativo vier antes do objeto direto composto, poderá ir para o plural, ou


concordar com o mais próximo.
Ex.: Achei ridículos o embaixador e a situação.
Achei ridícula a situação e o embaixador.

Essa é a regra básica de concordância nominal. Há, no entanto, alguns casos especiais que
devemos considerar:

Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos


Quando o adjetivo vem posposto a dois ou mais substantivos, devemos considerar:
a) Os substantivos são do mesmo gênero: nesse caso, o adjetivo conserva o gênero e
vai para o plural ou concorda com o mais próximo (permanecendo, então, no singular).
Exemplos: Ela tem marido e filho dedicado.
Ela tem marido e filho dedicados.

b) Os substantivos são de gênero diferente: nesse caso, o adjetivo vai para o masculino
plural ou concorda com o mais próximo (permanecendo, então, no singular).
Exemplos: Enviamos jornais e revistas ilustrados.
Enviamos jornais e revista ilustrada.

Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos


Quando o adjetivo vem anteposto a dois ou mais substantivos, ele concorda com o mais
próximo.
Exemplos: Mostrou notável sensibilidade e carinho.
Queira V.Sª aceitar meus protestos de alta estima e apreço.
Minha mulher e filhos.
Muitas mulheres e homens.

Observações:

104
1. Quando os substantivos são nomes próprios (ou nomes de parentes), o adjetivo
vai concordar sempre no plural.

Exemplos:
Os conhecidos Barcelos e Souza foram os primeiros moradores daquele bairro.
Os espertos tio e sobrinho quiseram apossar-se da herança.

2. O adjetivo, mesmo se vier após os substantivos, concordará obrigatoriamente com


o último, quando se referir, de modo nítido, apenas a este.

Exemplos:
Ela ganhou um livro e um disco orquestrado.
Um gato e um cachorrinho vira - lata estava no quintal.

Elementos que concordam com o sujeito

1. Particípio:
O particípio, empregado nas orações reduzidas, sempre concordará com o sujeito.

Exemplos:
Realizado o trabalho, saímos juntos.
Cumpridas as exigências, procedeu-se à chamada dos candidatos.
Entendida a mensagem, começamos a trabalhar.

2 . Predicativo:
O predicativo do sujeito sempre concordará com o mesmo.

Exemplos:
O ônibus chegou atrasado.
Os ônibus chegaram atrasados.

Observação:
O predicativo do objeto concordará com este.

Exemplos:
Pediu alguns níqueis emprestados.
Ela considerava suas irmãs imaturas.
Julgo espertos o tio e a sobrinha.

Nomes de cor
Nomes de cor quando originados de um substantivo

O nome de cor quando originado de um substantivo, não varia, quer se trate de uma
palavra simples, quer se trate de uma palavra composta (nome de cor + um substantivo).

Exemplos:
Automóveis vinho. Blusas azul - turquesa.
105
Cortinas areia. Camisas amarelo - âmbar.
Colchas rosa. Lenços amarelo - canário.

Exceção:
Lilás.
Tecido lilás.
Tecidos lilases.

Nomes de cor quando adjetivos

O nome de cor, quando é adjetivo, varia, quer seja uma palavra simples, quer seja o
segundo elemento de uma palavra composta.

Exemplos:
Caixas azuis. Sapatos verde-escuros.
Automóveis brancos. Olhos azul-claros.
Casas amarelas. Colchas amarelo-esverdeadas.
Bolsas pretas. Camisas rubro-negras.

Exceções:
As palavras bege, azul-marinho e azul-celeste são invariáveis.

Exemplos:
Na vitrina, havia várias bolsas bege.
Ela ganhou dois sapatos azul-marinho e comprou lenços azul-celeste.

Regras dos nomes compostos


A concordância dos nomes compostos obedece à estrutura interna da expressão, a saber:
1. Substantivo + substantivo - flexionam-se os dois elementos.

Exemplos:
Cirurgião-dentista.  Cirurgiã-dentista.
Cirurgiões-dentistas.  Cirurgiãs-dentistas.

Tio-avô.  Tia-avó.
 
Tios-avôs.  Tias-avós.

Tios - avós.

2. Substantivo + de + substantivo - flexiona - se o primeiro elemento.


Exemplos: Água – de – colônia.  Águas – de – colônia.
Pé – de – moleque.  Pés – de – moleque.

3. Substantivo + adjetivo - flexionam-se os dois elementos.


Exemplo: Amor – perfeito.  Amores – perfeitos.

106
Guarda – noturno.  Guardas – noturnos.

4. Adjetivo + substantivo - flexionam-se os dois elementos.


Exemplos: Baixo – relevo.  Baixos – relevos.

5. Adjetivo + adjetivo - flexiona - se o segundo elemento.


Exemplos: Greco – latino.  Greco – latina.
 
Greco – latinos.  Greco – latinas.

Observação:
Exceção feita ao adjetivo surdo – mudo, em que são flexionados os dois elementos: surda
–– muda; surdos – mudos; surdas – mudas.

6. Verbo + substantivo - flexiona – se o segundo elemento.


Exemplos: Guarda – chuva.  Guarda – chuvas.
Porta – retrato.  Porta – retratos.

7. Verbo + verbo - flexiona – se o segundo elemento.


Exemplos: Puxa – puxa.  Puxa – puxas.
Corre – corre.  Corre – corres.
Observação:
Exceção feita aos verbos que se opõem, cuja estrutura permanece invariável.
Exemplo: O leva – e – traz. Os leva – e – traz.

8. Advérbio + advérbio - a expressão permanece invariável. Não flexionando nenhum


de seus elementos.
Exemplos: Ele vive assim – assim.  Eles vivem assim – assim.

9. Advérbio + adjetivo (ou particípio) - flexiona -se o segundo elemento.


Exemplos: Sempre – viva. Sempre – vivas.
Alto – falante. Alto – falantes.
Bem – vindo. Bem – vindos.
Mal – educado. Mal – educados.

Tal qual

Na expressão tal qual, o primeiro elemento concorda com o antecedente, e o segundo,


com o consequente.
Exemplos: O garoto é tal qual o pai. Os garotos são tais quais os pais.
       

O garoto é tal quais os pais. Os garotos são tais qual o pai.


       

Eu substituído por nós

107
Por modéstia e por representarem um grupo, as pessoas costumam usar o pronome NÓS.
Nesse caso, o verbo concordará com o referido pronome (1ª p.plural ), mas o adjetivo
ficará no singular (já que é só um indivíduo que fala), e o seu gênero concordará com o
sexo do falante.
Exemplos: Ficamos preocupado com a situação. (homem)
Estamos receosa de que isso aconteça. (mulher)

Pronome pessoal oblíquo


Emprega-se o pronome pessoal oblíquo “os”(objeto direto pleonástico) no masculino
plural quando se refere a nomes de diferentes gêneros .
Exemplo : A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os em toda sua sublimidade .

Os substantivos e os numerais
1. Numerais ordinais.
Quando um substantivo vem posposto a dois ou mais numerais ordinais, fica no
singular ou vai para o plural: é facultativo.
No entanto, se o substantivo vem antes dos numerais, vai para o plural.

Exemplos: Ela desobedeceu à terceira e à quarta lei (ou leis) do código de trânsito.
Ela desobedeceu as leis terceira e quarta do código de trânsito.

2. Numerais cardinais.
Quando se empregam os numerais cardinais no lugar dos ordinais, eles ficam
invariáveis.

Exemplos: Abra o livro na página vinte e um.


Ele mora na casa duzentos e vinte e dois.
Olhe a figura seis desta coleção.

Observação: Em linguagem jurídica, diz-se: Leia-se a folhas vinte e uma.

Expressões invariáveis
1. Locuções adjetivas.
As locuções adjetivas permanecem invariáveis.

Exemplos: Heróis sem-caráter.


Artistas de talento.
Indivíduos sem-vergonha.

2. Palavras empregadas como advérbio.


As palavras empregadas como advérbio não apresentam flexão de gênero e número.

Exemplos: Os juízes falavam baixinho.


Os vestidos custaram barato, mas as saias custaram caro.
Os candidatos estavam meio nervosos.
As crianças cantavam desafinado.
108
Os soldados estavam alerta.

3 . Expressões do tipo “é bom”:


Nas locuções “é bom”, “é necessário”, “é proibido”, etc., o predicativo aparecerá sempre
na forma masculina, quando o sujeito, mesmo que seja um substantivo feminino singular
ou plural, não vier determinado.

Exemplos: É necessário fé.


Manteiga é bom para engordar.

Observação:
Todavia, se o sujeito vier determinado, então será feita a concordância.

Exemplos: A fé é necessária.
A manteiga é boa para engordar.

Outros casos de concordância nominal

- com sujeito acompanhado de elemento determinante, essas expressões concordam com


ele em gênero e número.
Seriam precisos vários conferencistas.
É necessária a tua denúncia no tribunal.
É boa a plantação de erva-cidreira para afugentar formigas.
É proibida a entrada de animais nos shoppings.

Mesmo – Próprio – Incluso – Anexo – Obrigado – Quite


Essas palavras concordam, geralmente, com o nome a que se referem.
Os alunos mesmos organizaram o trabalho.
Elas próprias decidiram a questão.
Declaro ter recebido inclusa a escritura do imóvel.

Anexa ao requerimento, segue a fotocópia da Carteira de Identidade.


Anexos à página 7, estão os comentários do livro.
- Muito obrigado, disse ele.
- Muito obrigada, respondeu ela.
Estou quite com a minha dívida.
Estamos quites com as nossas obrigações.

Bastante - Meio
Essas palavras podem aparecer como:
- advérbios, ficando invariáveis.
Perguntaram bastante sobre o assunto.

A melancia estava meio estragada.

advérbio adjetivo
- adjetivo ou numeral fracionário – no caso de meio - , sofrendo variações.

109
Fizeram bastantes perguntas sobre o assunto.

adjetivo
substantivo

Meia melancia estava estragada.

substantivo
numeral

Era meio-dia e meia. (= meia hora)

numeral

Observação:

Ocorre o mesmo com: muito, pouco, caro, longe.


Os carros custam caro.
Os carros caros são mais sofisticados.
Os alunos moram longe da escola.
Andamos por longes estradas.

Só – A sós
A palavra só pode aparecer como advérbio ou como adjetivo:
- como advérbio equivale a somente, ficando invariável.
Todos concordam, só eles não.
- como advérbio equivale a sozinho, sendo variável.
As crianças permanecem sós.

A expressão a sós é invariável.


Ficaram a sós por um longo tempo.
Fiquei a sós por um longo tempo.

Menos – Alerta – Pseudo – A olhos vistos


São invariáveis.
Na classe há menos moças do que rapazes.
Nos movimentos grevistas, os policiais ficam alerta.
Trata-se de pseudo-especialistas.
O dinheiro inflacionado desaparece a olhos vistos.

Possível
A palavra possível pode aparecer:
- invariável, quando usada em expressões superlativas com o artigo no singular.
O candidato tentou obter o maior número de votos possível.
110
Recebemos o menor número de informações possível.
Ela deixou as portas o mais bem fechadas possível.

- variável, quando o artigo dessas expressões aparece no plural.


As notícias que trouxe são as melhores possíveis.
As costuras eram as mais perfeitas possíveis.
Nós fazíamos trabalhos os mais completos possíveis.

Substantivos ligados por ou


Com substantivos de gêneros diferentes ligados por ou, o adjetivo pode:
- tomar a forma masculina plural.
Para participar daquela festa, era necessário o uso da camisa ou vestido brancos.

- concordar com o substantivo mais próximo.


Para participar daquela festa, era necessário o uso de camisa ou vestido branco.
Para participar daquela festa, era necessário o uso de vestido ou camisa branca.

Adjetivos adverbializados
Os adjetivos que, na frase, são usados com valor de advérbios terminados em – mente
ficam invariáveis.
Procuraram ir direto à seção de pessoal.
Olhavam-nos torto.
Jogaram alto em seus planos.
Recebi os livros junto com os documentos.
Os jogadores batiam forte nos adversários.
Eles falam macio, mas são bastante severos.

Atividades práticas:
1) (FGV/01) Em somente uma das alternativas abaixo NÃO HÁ ERRO
de concordância. Indique-a.
a) O retorno dos homens, belos e jovens, que se haviam debandado pra além dos morros,
ajudaram as mulheres a manter a plantação;
b) Os casos que Augusta relatava – os quais, por sinal, de fato aconteceu – deixavam
todos boquiabertos;
c) Depois disso, ficou acertado entre os dois a forma de pagamento das parcelas;
d) Resolveram-se as pendências mais rapidamente do que se esperava;
e) Aos olhos da tia Lalita, o encontro de Tina com José os tornavam prontos para
o namoro.

2) Reescreva os fragmentos abaixo, corrigindo os erros de concordância, se os


houver:
a) “Se ele [Sarney] tivesse dedicado tanta energia em combater a inflação quanto
dedicou a prolongar o seu mandato... (Revista Isto É, 8 fev. 1989).
R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
111
b) O capitalismo e o reformismo burguês são inaceitáveis para os nossos povo e partido.
R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) Pertencemos a esta instituição, por cujas dignidades e eficiência devemos zelar.


R - ___________________________________________________________________

d) O juiz considerou inaceitável os argumentos do advogado.


R - ___________________________________________________________________

3) Em relação aos dois versos de Camões: “Ali se mostrará seu preço e sorte / Feitos
de armas grandíssimos fazendo” (Os Lusíadas,II,50)

a. Justifique a concordância do pronome possessivo;


R - ___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

b) Com que substantivo está concordando o adjetivo grandíssimos?


R - ___________________________________________________________________
Concordância verbal
Princípios gerais:

Sujeito simples
O verbo concorda com o sujeito em pessoa e número, quer venha ele antes, quer venha
depois dele. Sendo o sujeito um grupo nominal, o verbo deve concordar com o núcleo
desse grupo.
Ex.: Nós te aguardávamos há duas horas. Ainda bem que tu chegaste.

Observação:
É preciso enfatizar que o verbo concorda com o
sujeito mesmo quando vem antes dele.
Surgiram algumas dificuldades.
sujeito
Algumas dificuldades surgiram.
sujeito

Sujeito da voz passiva sintética


Na voz passiva sintética o sujeito é o mesmo que o da voz passiva analítica. Não importa, pois, qual seja
o tipo de passiva, o verbo deve concordar com o sujeito.

Ex.: Os processos foram arquivados. voz passiva analítica


sujeito
Arquivaram-se os processos. voz passiva sintética
sujeito
112
Observação:

Não se pode confundir o se pronome apassivador (aquele que serve


para formar a voz passiva sintética) com o se índice de indeterminação
do sujeito.
O se pronome apassivador só pode aparecer com verbo transitivo
direto. Quando o se aparece com verbo intransitivo ou transitivo
indireto, o que temos é o índice de indeterminação.
Ex.: Ali, morre-se de tédio. / Precisa-se de balconistas.

3 – Verbos impessoais – São impessoais os verbos que indicam fenômenos da natureza


(chover, nevar, trovejar); o verbo haver, quando indica existência ou tempo; os
verbos fazer, passar (de) e ir quando indicam tempo.

Os verbos impessoais ficam sempre na 3ª pessoa do singular:


Choveu três dias seguidos.
Houve problemas com a nossa bagagem.
Ontem fez dez anos que ela se foi.
Já passa das dez e eles ainda não chegaram.
Vai para mais de cinco anos que...

Quando um verbo impessoal vem acompanhado de verbo auxiliar, este também se torna
obrigatoriamente impessoal.
Os médicos não souberam dizer se vai haver sequelas.
Já deve fazer dois anos que não viajo.
Já devia passar das duas horas da madrugada.

4- Sujeito nome próprio plural


a. Quando um nome próprio plural é precedido de artigo plural, o verbo também deve
ir para o plural.
Ex.: Os Estados Unidos entraram na guerra.

Se o nome tem forma plural, mas vem desacompanhado de artigo ou vem com artigo no
singular, o verbo deve ficar no singular.
O Marrocos (Reino do Marrocos) fez parte, na Antiguidade, do império cartaginês.
Minas Gerais prestigia seu governador.

b. Quando o nome plural é nome de obra de arte, e o artigo faz parte do nome, pode-se
usar indiferentemente o singular ou o plural.
Ex.: “Os sertões” narram / narra a epopeia de Canudos.

113
5 – Sujeito pronome de tratamento – O verbo fica obrigatoriamente na 3ª pessoa, do
singular ou do plural (dependendo de a forma de tratamento estar no singular ou no
plural).
Ex.:Vossa Excelência não pode decepcionar seus eleitores.

6 – Sujeito nome coletivo – Não é raro o coletivo vir seguido de um especificador, ou


seja, uma expressão no plural que indica o tipo de indivíduos abrangidos pelo
coletivo. Em Um bando de baderneiros interrompeu a solenidade, o coletivo
bando está sendo determinado por de baderneiros, que é, portanto, o especificador.

a. Quando o sujeito é uma palavra ou expressão coletiva não seguida de especificador, o


verbo fica obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular.
Ex.: O cardume sobe o rio nessa época.

b. Quando o coletivo vem seguido de especificador, o verbo pode ficar no singular


(concordando com o coletivo), ou ir para o plural (concordando com o
especificador).
Ex.: Um bando de desordeiros invadiu a mansão ou Um bando de desordeiros
invadiram a mansão.

7 – Pronomes indefinidos ou interrogativos


a. Quando um pronome interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo deverá
ficar no singular, seja qual for o substantivo ou pronome plural que venha depois dele.
Ex.: Cada um de nós é responsável pelo que faz.

b. Quando o pronome interrogativo ou indefinido estiver no plural, o verbo pode ir para


a 3ª pessoa do plural (concordando com esse pronome) ou concordar com o pronome que
segue a ele.
Ex.: Alguns de nós devem permanecer aqui ou Alguns de nós devemos permanecer
aqui.

8 – Sujeito composto
a. Quando o verbo vier depois do sujeito composto, deverá ir para o plural.
Ex.: No desastre, o motorista e o cobrador morreram.

b. Quando o verbo vier antes do sujeito composto, poderá ir para o plural, ou concordar
com o mais próximo.
Ex.: No desastre, morreram o motorista e o cobrador ou No desastre, morreu o
motorista e o cobrador.

Observações:
1 – Quando vindo depois do sujeito composto, o verbo pode ficar no singular se os
elementos do sujeito forem palavras de sentido semelhante ou forem tomados como
um todo (a) ou estiverem dispostos em gradação (b):
(a) “A alegria e a expressão das maneiras trazia uma gota amarga de maledicência”.
(Machado de Assis, Relíquias)
(b) Um dia, um minuto, um segundo basta para isso.

114
2 – Quando os elementos que constituem o sujeito composto são resumidos por um
pronome indefinido, o verbo concorda obrigatoriamente com esse pronome.
Ex.: “Empenhos, intrigas, maledicência, tudo lhe servia de arma.”
(Machado de Assis, Relíquias)

9 – Sujeito composto de pessoas diferentes – O verbo vai para o plural:


a. Na 1ª pessoa, quando um dos núcleos for de 1ª pessoa.
Ex.: Eu, tu e o caseiro prepararemos o lanche.

b. Na 2ª ou na 3ª pessoa, quando não houver, entre os núcleos, 1ª pessoa.


Ex.: Tu e o caseiro preparareis o lanche normalmente.

10 – Pronome relativo que sujeito – O verbo concorda com a palavra que ele substitui.
Ex.: São inesquecíveis os livros que alegraram a nossa infância.

Observação:

Quando o sujeito é o pronome quem, o verbo fica, normalmente,


na 3ª pessoa do singular, mas admite-se, por razões de ênfase
ou expressividade, que ele concorde com o pronome que vem antes
do quem.
Ex.: Fui eu quem chegou primeiro ou Fui eu quem cheguei primeiro.

Atividades práticas:

1) Complete adequadamente os espaços com as formas verbais dos parênteses:


a) Todo o país aguardava o pronunciamento: o ministro da Fazenda ou a própria
presidente______________ os novos rumos da economia. (anunciaria – anunciariam)
b) A irritação do proprietário ou a necessidade do posseiro ______________________o
conflito e ninguém conseguia resolver o problema. (aumentava – aumentavam)
c) O caminhão de transporte com o do prefeito ______________________________ de
frente. (chocou-se – chocaram-se)
d) Nem o marido nem o filho _______________________________ que o técnico viria
consertar a máquina. (avisou – avisaram)
e) Tanto o noticiário da televisão como o noticiário da principal rádio não ___________
o acidente. (comunicou – comunicaram)
f) A carne de primeira, a carne de segunda, frango, peixe, tudo____________________
sendo vendido com preço fora da tabela. (estava – estavam)
g) Os jogadores, o preparador físico, os dirigentes, ninguém ____________________ o
técnico da seleção. (localizou – localizaram)
h) O saber falar e, principalmente, o saber ouvir _________________________ser suas
principais qualidades. (parecia – pareciam)

2) Identifique as frases que apresentam concordância verbal inadequada e corrija--


as.
1) Vende – se casas.
115
R - ___________________________________________________________________
2) Precisa – se de vendedores com experiência.
R - ___________________________________________________________________
3) Aspiram-se a bons cursos de veterinária.
R - ___________________________________________________________________
4) Pagam-se os carnês de Imposto Predial.
R - ___________________________________________________________________
5) Devia haver mais médicos atendendo a população.
R - ___________________________________________________________________
6) Deviam haver mais voluntários para trabalhar na alfabetização de adultos.
R - ___________________________________________________________________
7) Podiam ser duas da madrugada quando houve os acidentes na usina nuclear.
R - ___________________________________________________________________
8) Eu e tu compreenderás que isso é um bom sinal dos tempos.
R - ___________________________________________________________________
9) Ali, sorri pintadas de rosa as paredes da escola.
R - ___________________________________________________________________
10) Cercavam o ministro uma dezena de jornalistas.
R - ___________________________________________________________________

3) Complete as frases com os verbos dos parênteses no tempo indicado:


a) Não só a área rural mas também a área urbana ______________de mudanças.
(necessitar – presente do indicativo)
b)________________– se fugirem os pássaros no inverno. (ver – imperfeito do
indicativo)
c) Mariana _____________ suas alegrias. (ser – imperfeito do indicativo)
d) As saudades da pátria _________________ o que amargura o exilado (ser – presente
do indicativo)
e) ________________os atores quando foram aplaudidos. (curvar – se – pretérito
perfeito)
f) _____________– se de homens e mulheres corajosos. (precisar – presente do
indicativo)
g) Fostes vós que _________________do zelador do prédio? (reclamar – pretérito
perfeito)
h) Isso _________________________dores – de – cotovelo. (ser – presente do
indicativo)
i) ______________redigir as cartas comerciais. (faltar – pretérito imperfeito do
indicativo)
j) Nem eu nem você ___________________ na palavra dele. (acreditar – pretérito
perfeito)

Sintaxe de Regência

A sintaxe de regência trata das relações de dependência entre um nome ou um verbo e


seus complementos. Há, portanto, dois tipos de regência:

Regência Nominal

116
Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
Devemos ter amor ao próximo.

termo regente termo regido


substantivo (complemento nominal)

Somos favoráveis à sua decisão.

termo regente termo regido


adjetivo (complemento nominal)
Todos votaram favoravelmente ao projeto.

termo regente termo regido


advérbio (complemento nominal)

Regência Verbal
Quando o termo regente é um verbo.
Necessitamos de apoio.

termo regente termo regido


verbo (objeto indireto)

Cumprimentamos os amigos.

termo regente termo regido


verbo (objeto direto)

Esperamos que ela volte logo.

termo regente termo regido


verbo (oração subordinada
substantiva objetiva direta)

Regência Nominal

Regência nominal é a maneira como o nome (substantivo, adjetivo, advérbio) se


relaciona com os seus complementos.
Há nomes que admitem mais de uma preposição sem que o sentido seja alterado.
Estou habituado a este tipo de serviço.
117
Estou habituado com esse tipo de serviço.
Estou acostumado a esse tipo de serviço.
Estou acostumado com esse tipo de serviço.

Há outros nomes, porém, que, dependendo do sentido, pedem uma ou outra preposição.
Isso reflete sua consideração por pessoas honestas. (respeito)
Propuseram suas considerações sobre a política brasileira. (comentários, reflexões)
Preciso justificar a minha falta à Universidade. (ausência)
Estou em falta com meus amigos, não os procuro faz tempo. (dívida, culpa)
Nós não estávamos aptos a participar do torneio.
Aprovado no exame, o médico estava apto para servir ao Exército.
O amor ao trabalho estava em segundo plano se comparado ao amor pelo estudo.
Os veranistas estavam ansiosos por chegar à praia.
Sentíamos ansiosos de novas leituras.
Ansioso para vê-la, saiu de casa sem jantar.
Os outros países sul-americanos tinham problemas semelhantes aos nossos.

Relação de alguns nomes com suas preposições mais usuais:

Acostumado a, com Curioso de


Afável com, para com Desgostoso com, de
Afeiçoado a, por Desprezo a, de, por
Aflito com, por Devoção a, por, para com
Alheio a, de Devoto a, de
Ambicioso de Dúvida em, sobre, acerca de
Amizade a, por, com Empenho de, em, por
Amor a, por Falta a, com, para com
Ansioso de, para, por Imbuído de, em
Apaixonado de, por Imune a, de
Apto a, para Inclinação a, para, por
Atencioso com, para com Incompatível com
Aversão a, por Junto a, de
Ávido de, por Preferível a
Conforme a Propenso a, para
Constante de, em Próximo a, de
Constituído com, de, por Respeito a, com, de, por, para com
Contemporâneo a, de Situado a, em, entre
Contente com, de, em, por Último a, de, em
Cruel com, para, para com, Único a, em, entre, sobre

Atividades práticas:

1) Complete as frases com as preposições adequadas, contraindo-as quando


for necessário:
a) Os temas ________________ livro eram filosóficos.
b) Estávamos ansiosos _____________________chegada do Natal.
c) Não estávamos aptos __________________ exercer o cargo oferecido pela empresa.
d) A descrição das florestas e igarapés era feita ___________________ beleza e poesia.
e) Aquela senhora foi atenciosa _____________________________________as visitas.
118
f) Os alunos empolgaram-se com a discussão ________________temas abolicionistas.
g) A maioria das crianças brasileiras é propensa ______________ doenças infecciosas.
h) Serão abertas ___ público as farmácias homeopáticas tão esperadas _____ população.
i) A presença _____ crianças________ grupos escolares é comum no Instituto Butantã.
j) O objetivo das pesquisas é relacionar o aumento da desidratação ________________o
crescimento da miséria brasileira.

2) Identifique as frases em que ocorre regência nominal inadequada e corrija-as:


a) Ela, deitada na cama, estava alheia a tudo, mesmo assim abracei-a.
R - ___________________________________________________________________
b) Aquele homem, embora já tivesse perdido muito dinheiro, era constante do vício
de jogar.
R - ___________________________________________________________________
c) Às vezes é preferível ficar em casa do que viajar.
R - ___________________________________________________________________
d) Apesar de toda comemoração em sua homenagem, ainda era necessária a confirmação
de sua presença.
R - ___________________________________________________________________
e) A sua falta na prova foi justificada.
R - ___________________________________________________________________
f) Álvares de Azevedo foi contemporâneo com a época de Junqueira Freire e Fagundes
Varela.
R - ___________________________________________________________________
g) O prejuízo causado pelo incêndio de ontem à noite foi análogo ao do ano passado.
R - ___________________________________________________________________

Regência Verbal

Regência verbal é a maneira como o verbo (termo regente) se relaciona com os seus
complementos (termos regidos).

Há verbos que admitem mais de uma regência sem que o sentido seja alterado.

Aquele homem não esquecia os favores recebidos.

verbo transitivo objeto direto


direto

Aquele homem não se esquecia dos favores recebidos.

verbo transitivo indireto objeto indireto

Há, outros verbos, porém, que, mudando-se a regência, mudam de significado.

119
Nesta cidade aspiramos ar poluído. (aspiramos = sorvemos)

verbo transitivo direto objeto direto

Eles aspiram a um mês de férias. (aspiram = almejam)

verbo transitivo objeto indireto


indireto

Regência de alguns verbos


1 – Agradar, desagradar – Aparecem como transitivos indiretos (preposição a).
O desfile de modas agradou ao público.
Desagradou-lhe a atitude desonesta de alguns participantes no concurso.
Observação:

O verbo agradar tem sido usado como transitivo direto,


principalmente no sentido de contentar, fazer carinho.
Queria agradar as crianças com balas coloridas.

2 – Ajudar – Pode aparecer como:


Transitivo direto: Toda a vizinhança ajudava a velha senhora.
Transitivo direto e indireto (preposição a).
O motorista ajudou-nos a carregar as malas.

3 – Amar – Pode aparecer como:


Transitivo direto: As crianças amavam aquele contador de histórias.
As crianças amavam-no.
Intransitivo: Amei muito nesses longos anos.

4 – Aspirar – Pode aparecer como:


Transitivo direto (sentido de sorver, absorver).
O doente aspirou o álcool e começou a melhorar.

Transitivo indireto (sentido de almejar, pretender; preposição a).


Os trabalhadores aspiravam à maior segurança no trabalho.
Observação:
Como transitivo indireto, aspirar não admite as formas
pronominais lhe, lhes, mas sim as formas a ele(s), a ela(s). A
televisão anunciou os vários tênis da moda, mas não
aspirávamos a eles.

5 – Assistir – Pode aparecer como:


Transitivo direto (sentido de dar assistência, ajudar).
120
O veterinário assistiu o gato com muita dedicação.
Observação:

Como transitivo direto admite a voz passiva.


O gato foi assistido pelo veterinário.

Transitivo indireto (sentido de presenciar; preposição a).


As mulheres assistiram ao espetáculo.
Observações:
1) Nesse sentido, o verbo assistir não admite as formas pronominais lhe, lhes, mas
sim a ele(s), a ela(s).
O torneio de natação foi muito divulgado, por isso todos assistiram a ele.
2) Como transitivo indireto não admite voz passiva. No uso popular, porém, é
comum construções como:
As comemorações de 1º de Maio foram assistidas por milhares de trabalhadores.

Transitivo indireto (sentido de caber, pertencer; preposição a).


Assiste ao técnico o trabalho de escalar o time.

Intransitivo (sentido de morar, residir).


O carioca assiste na cidade do Rio de Janeiro.

6 – Chegar – Intransitivo (preposição a).


Cheguei ao cinema.

adjunto adverbial

7 – Custar – Pode aparecer como:


Transitivo indireto (sentido de ser custoso, ser difícil).
Custou ao menino aquele trabalho pesado.
Transitivo direto e indireto (sentido de acarretar).
A irresponsabilidade custou-lhe o emprego.

8 – Obedecer e Desobedecer – Transitivos indiretos (preposição a).


Os motoristas obedecem aos sinais de trânsito.
Poucos desobedeciam à faixa de pedestres.

9 – Pagar e Perdoar – Podem aparecer como:


Transitivos diretos (quando o objeto refere-se a coisa).
Há governos que não pagam o décimo terceiro salário.
Sem dificuldades, o bom homem perdoava nossas falhas.

Transitivos indiretos (quando o objeto refere-se à pessoa; preposição a).


Já pagaram ao conferencista.
Nesta época de crise, o governo não perdoou aos devedores.

Transitivos diretos e indiretos (quando possuem os dois objetos).


121
Há firmas que pagam salários injustos aos funcionários.
O agiota não perdoava a dívida aos devedores.

10 – Precisar – Pode aparecer como:


Transitivo direto (sentido de marcar com precisão).
O piloto precisou a hora e local do pouso.

Transitivo indireto (sentido de necessitar; preposição de).


O homem do campo precisa de terra para trabalhar.

11 – Preferir – Transitivo direto e indireto (preposição a).


Preferia a dura verdade do filho à doce mentira do marido.

12 – Querer – Pode aparecer como:


Transitivo direto (sentido de desejar).
Queríamos um pouco de paz e aquele local era o ideal.

Transitivo indireto (sentido de estimar, gostar; preposição a).


Aquela senhora queria muito aos netos.
Quero-lhe muito; por isso conte comigo.

13 – Visar – Pode aparecer como:


Transitivo indireto (sentido de apontar, mirar).
O homem visou o alvo e disparou o tiro.

Transitivo direto ( sentido de passar visto).


Para nossa segurança, visamos o cheque antes de viajar.

Transitivo indireto (sentido de pretender, ter em vista; preposição a).


Nós visamos a um pouco de sol e aos dias calmos da praia.

Atividades práticas:

1) Classifique os verbos destacados em intransitivos, transitivo direto, transitivo


indireto, transitivo direto e indireto.

a) Certas atitudes irrefletidas ajudam – nos a refletir melhor sobre a vida.


R - ___________________________________________________________________

b) Quando criança, sem nenhum conforto, aspirava o ar puro do campo; hoje aspiro
uma vida confortável numa grande cidade poluída.
R - ___________________________________________________________________
c) Os espectadores assistiam à peça de teatro emocionados.
R - ___________________________________________________________________

d) A população ajudou os desabrigados.


R - ___________________________________________________________________

e) Os filhos atenderam ao pedido dos pais.


122
R - ___________________________________________________________________

f) O filho assistiu a mãe na velhice.


R - ______________________________________________________________

g) A pedra atingiu a vidraça da vizinha.


R - ___________________________________________________________________

h) A falta de gols na partida desagradou aos torcedores.


R - ___________________________________________________________________

2) Identifique as frases em que a regência verbal esteja inadequada e corrija – as:

a) Nem todos os motoristas obedecem os sinais de trânsito.


R - ___________________________________________________________________

b) Nós o vimos ontem.


R - ___________________________________________________________________

c) O bom pastor semeava esperança e perdoava as injúrias.


R - ___________________________________________________________________

d) Queríamos perdoar os malfeitores, mas era difícil.


R - ___________________________________________________________________

e) Minhas críticas não agradaram o escritor.


R - ______________________________________________

f) Quando cheguei no cinema, percebi que havia esquecido a carteira.


R - ___________________________________________________________________

g) Ela lhe amava como ninguém jamais amou.


R - ___________________________________________________________________

h) Prefiro ficar sozinho a sair com pessoas que não me agradam.


R - ___________________________________________________________________
As frases e a pontuação
Uma frase é um conjunto de elementos linguísticos organizados capaz de satisfazer uma
necessidade comunicativa. Na língua falada, esses conjuntos se estruturam em sequências
cuja ordenação é feita, em grande parte, por recursos vocais como a entoação, as pausas,
a melodia e até mesmo os silêncios. Para perceber como esses elementos sonoros
participam da organização na linguagem falada, basta observar alguém que está se
comunicando em voz alta: você vai notar que essa pessoa controla os recursos vocais
mencionados a fim de que suas frases se articulem significativamente. Dessa forma, as
frases faladas e os recursos vocais que as organizam constroem os textos falados.

Na língua escrita, os elementos vocais da linguagem desaparecem, dando lugar a um


sistema de sinais visuais que com eles mantêm alguma correspondência. Esses sinais são
123
conhecidos como sinais de pontuação e desempenham na língua escrita papel semelhante
ao dos elementos vocais da língua falada: participam da organização das frases na
construção dos textos escritos. O aprendizado do uso dos sinais de pontuação está ligado
à percepção de seu papel organizador da língua escrita. Isso significa que não se aprende
a usar sinais de pontuação partindo do pressuposto de que eles representam na escrita as
pausas e melodias da língua falada. Como já dissemos, esses sinais participam da
organização lógica do texto escrito da mesma forma que as pausas, entoações e melodias
participam da organização lógica dos textos falados. Por isso, para aprender a usar os
sinais de pontuação, devemos nos basear na organização sintática e significativa das
frases escritas e não nas pausas e na melodia das frases faladas.

Considerando tudo isso, decidimos organizar o estudo da pontuação tomando como ponto
de partida a sintaxe. Você perceberá, assim, que o conhecimento da organização sintática
da língua portuguesa é um poderoso instrumento para se alcançar uma pontuação correta
e eficiente.

Veremos, a seguir, os sinais que delimitam as frases no campo gráfico do papel.

Vírgula

Marca uma pausa de curta duração e serve para separar termos de uma oração (período
simples) ou orações de um período composto. Entre os elementos de uma oração, é
usada geralmente:

a) Para isolar o vocativo:


Ex: Esta pomada, meus amigos, é ideal para combate aos mosquitos.

b) Para separar certos apostos:


Ex: Diz a fábula que o leão, rei dos animais, foi salvo pelo ratinho.

c) Quando, na ordem direta da frase, houver termo com vários núcleos, a vírgula
será utilizada para separá-los:
Ex:“A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo,
discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do que a
guerra?”
(Madonna)

d) Para separar termos que vêm na ordem inversa, como o adjunto adverbial deslocado:
Ex: Pela janelinha, fui olhando a paisagem.

e) Em expressões repetidas:
Ex: “Meus olhos andavam mais longe do que nunca, voavam, nem fechados
nem abertos, independentes de mim e liam, liam, liam o que jamais esteve escrito na
solidão do tempo e sem qualquer esperança, – qualquer.”

f) Nas datas:
Rio de Janeiro, 4 de março de 2002.

124
g) Para indicar supressão de palavra ou palavras (elipse):
Ex: “Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma.”

h) Para separar orações coordenadas assindéticas ou sindéticas:


Obs.: Se os sujeitos são diferentes, a vírgula aparece quase sempre.
Ex: “As minhas mãos tremiam, agitavam-se em direção a Madalena.”
“E os negros aplaudiram e a turminha pegou o passo, a caminho do sertão.”

i) Para separar orações intercaladas:


Ex:“A religião, insistia ele, é muito mais necessária nas repúblicas do que nas
monarquias.”

j) Para isolar orações adjetivas explicativas:


Ex: O casal de pretos, que mandava na casa, não trabalhava.

k) Para separar orações adverbiais que iniciam o período:


Ex: Quando pôde entender tudo, começou a fazer perguntas indiscretas.

A Vírgula e o Sentido da Frase


O emprego da vírgula está condicionado a razões de ordem sintática. A presença ou
não desse sinal de pontuação, além de ser fundamental para determinar a função
sintática exercida por um termo, interferirá no sentido da frase. Veja:

Ex.: O advogado do jornalista, João da Silva, requereu ao Superior Tribunal de


Justiça revogação da prisão temporária de seu cliente.

O advogado do jornalista João da Silva requereu ao Superior Tribunal de Justiça


revogação da prisão temporária de seu cliente.

No primeiro exemplo, a presença das vírgulas indica que João da Silva é o nome do
advogado do jornalista. Nessa frase, o nome do jornalista não está expresso.

Já no segundo exemplo, a ausência das vírgulas indica que João da Silva é o nome do
jornalista. Nessa frase, o nome do advogado é que não vem expresso.

Vírgula pode ser uma pausa...ou não.


Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4
2,34
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
125
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!
Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Ponto e Vírgula
a) Usado em certas orações coordenadas que já apresentem vírgula em seu interior, ou
que tenham certa extensão.
Ex: Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveis burocratas,
porém, em tempo algum, deram atenção a elas.

Obs.: Jamais use ponto e vírgula dentro de uma oração. Lembre-se: ele só pode separar
uma oração de outra.

b) Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos:


Ex: Considerando:
a) a alta taxa de juros;
b) a carência de mão – de – obra;
c) o alto valor da matéria – prima;
d) as dificuldades de se obter financiamento; resolvemos não aceitar a empreitada.

c) Para separar vários itens de uma exposição ordenada:


Ex:”Fui olhando a paisagem pela janelinha, preocupado em saber:
1) de onde a conhecia;
2) se devia ceder – lhe o lugar, mesmo antes de saber de quem se tratava.

Ponto
a) ponto final - é utilizado para indicar o fim de uma frase declarativa:
Ex: “A vida é a arte do encontro, embora haja muito desencontro pela vida.”

b) ponto de interrogação — é o sinal que indica o fim de uma frase interrogativa direta:
Ex: Até quando os brasileiros vão se negar a entender que miséria e desenvolvimento
são inconciliáveis?

Nas interrogativas indiretas, utiliza-se o ponto final:


Ex: Quero saber por que você não colabora.

c) ponto de exclamação — é o sinal que indica o fim de frases exclamativas ou optativas


(as que expressam desejo):

Ex: Que pessoa esperta você é! Que Deus te acompanhe!


Obs.: É comum como recurso enfático a repetição do ponto de exclamação ou sua
combinação com o ponto de interrogação.

126
Ex: Quê? ! De novo?! Não suporto mais isso!!!

Representação Gráfica dos Diálogos


Na representação gráfica dos diálogos, utilizam-se os dois pontos ( : ) e os travessões (—
):
Ex.: Depois de um longo silêncio, ele disse:
Personagem 1: — É melhor esquecer tudo.
Personagem 2: — É melhor esquecer tudo — disse ele, depois de um breve silêncio.
Personagem 1: — É melhor — concordei.

Também se podem empregar vírgulas no lugar dos travessões intermediários:


Ex.: — É melhor esquecer tudo, disse ele, assim ninguém mais será prejudicado.

Frases e Produção de Textos


Conceitos básicos como frase, oração e período podem ser bastante úteis para a
interpretação e produção de textos. Como um texto é um conjunto articulado de frases,
isso significa que entre essas frases há algo mais do que uma simples sequência — há um
constante jogo de referências mútuas e vamos continuar a estudá – los. É importante
perceber, no entanto, que o sucesso desse trabalho de construção depende também da
qualidade individual de cada uma das frases que, organizadas, constroem o texto.

É nesse ponto que os conceitos estudados neste capítulo se tornam úteis. Sabendo que a
frase é uma unidade de sentido que se pode organizar em orações, você pode controlar
criticamente seu trabalho de leitor e redator. Se estiver encontrando dificuldades ao ler
um texto, tente observar a construção de suas frases: cada uma delas é uma unidade de
sentido? A organização da frase em períodos foi feita satisfatoriamente, ou seja, há verbos
a partir dos quais se ordenam os demais elementos? Essas mesmas perguntas devem ser
constantemente feitas quando é você quem redige.

Leia as recomendações do Manual de redação e estilo de O Globo e perceba como os


profissionais do texto adotam esse procedimento para controlar a qualidade do trabalho.

A frase deve ser curta. Não telegráfica, mas permitindo ao leitor assimilar uma ideia ou
um fato de cada vez. (...) Construir uma frase é trabalho de pedreiro: cada tijolo apoia o
que lhe é posto em cima e nenhum deve atrapalhar a harmonia do conjunto. Quando se
trabalha direito, faz – se um muro; quando não há noção do equilíbrio e continuidade,
fica-se com uma pilha de tijolos.

Dois Pontos
Marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São utilizados quando se vai iniciar
uma sequência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma ideia anterior, ou
quando se quer dar início ou citação de outrem.
Ex: “No Morro da Viúva, o cobrador dá aqueles gritos que chateiam todo mundo:
‘Vamos chegando pra frente! Tem lugar na frente! Não acumula aqui atrás!’ ”
“E eu logo comuniquei, como quem não quer nada: ‘Aliás, hoje vou ao Jirau.
127
Não quer ir?’ ”

Respondo à saudação com esta fórmula sem sentido:


 Tudo bem?
Reticências
As reticências marcam uma interrupção da sequência lógica do enunciado, com
a consequente suspensão da melodia da frase. Em geral, assinalam modulação de natureza
emocional (dúvida, hesitação, cólera, tristeza, nostalgia). Por vezes, são utilizadas para
permitir que o leitor complemente um pensamento que ficou suspenso.

Ex: “Estava gamado, mas ela parece que preferia casar com um belga, daí a dor de
cotovelo que o consumia. Mas tinha sido há tanto tempo... E agora?”

“Antes de partir, teve como padre uma .... derradeira conversa.”

Aspas
São usadas para isolar uma citação textual, falas ou pensamentos de personagens em
textos narrativos; em palavras ou expressões que não pertençam à língua culta para
realçá-las (gírias, estrangeirismos, neologismos).

Ex. Diz Thomas Mann em A Montanha Mágica: “ Todo caminho que trilhamos pela
primeira vez, é muito mais longo e difícil do que o mesmo caminho quando já o
conhecemos.”

O passageiro ficou “vidrado” na jovem loira.


Aquele cantor de “country” só usa “playback”.

Travessão
a) serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Seu uso é constante
em textos narrativos nos quais personagens dialogam:
Ex: —Tudo bem — diz ela, achando graça — mas eu acho que você não está me
reconhecendo.

b) para isolar palavras ou frases, substituindo duas vírgulas, ou para enfatizá – las:
Ex: Machado de Assis — grande romancista brasileiro — também escreveu contos.

“O que nos falta quase sempre são os olhos que possam e queiram ver — olhos
que saibam abrir – se ao esplendor de Deus!”

Parênteses
São usados para intercalar qualquer indicação, explicação ou comentários acessórios:

128
Ex: “Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil – réis, fora
despesas miúdas com automóveis, gorjetas etc) e embarquei vinte e quatro horas
depois...”
(Graciliano Ramos)
Asterisco
Sinal tipográfico em forma de estrela ( * ), que indica uma remissão (encaminhamento do
leitor para outra parte do texto) ou chamada para citação. Quando repetido três
vezes[***], indica lacuna ou omissão de trecho numa citação ou transcrição. Anteposto a
uma palavra, serve para indicar que ela é hipotética, não documentada.
Ex: A notícia foi divulgada pelo jornal*....
É um tal de Dr***
*Mevitevendo é título de obra literária.

Atividades práticas:
1) Pontue os textos seguintes, utilizando os sinais gráficos adequados (vírgula,
ponto – e – vírgula, ponto e outros) e efetuando a paragrafação devida.
Não é necessário reescrever o texto. Se houver paragrafação, indique-a claramente
com duas barras oblíquas ( // ).

a) O mais importante de todos os sinais é a palavra sem a qual não seria possível
a convivência humana e a própria sociedade inexistiria dada a impossibilidade
de intercâmbio linguístico sem esse extraordinário suporte desapareceria a cosmovisão
que o homem tem das coisas e nem se chegaria ao desenvolvimento com a ausência do
código linguístico oral ou escrito sem ideias ou conceitos seria possível existir cultura
progresso e civilização óbvio é que não pois as palavras são o sustentáculo de toda essa
gigantesca arquitetura chamada civilização quando se destruiu a Biblioteca da
Alexandria o mundo chorou mas por quê será preciso responder

b) A ideia de que a violência provém da má índole dos indivíduos que a praticam


é bastante generalizada ouvem-se com bastante frequência grupos de cidadãos que
exigem maior eficiência da polícia e até mesmo a intervenção do Exército como forma
de garantir a segurança dos indivíduos e de seu patrimônio mais raras são as vozes que
se levantam para denunciar uma sociedade hipócrita em que aqueles que posam como
pais de família exemplares se transformam em exterminadores sem escrúpulos assim
que seguram o volante de um automóvel saliente-se que nesse caso a culpa é atribuída à
neurose do trânsito das grandes cidades e não à má índole individual

c) Há efetivamente um conjunto de brasileiros que se comportam como se as leis não


lhes dissessem respeito o convívio social não passa de uma forma de lhes satisfazer
os desejos as obrigações inerentes a qualquer forma de sociedade pertencem
exclusivamente aos outros seria importante saber o que efetivamente produzem esses
indivíduos para o bem da comunidade são eles seres verdadeiramente sociais
a resposta a essa pergunta pode dar início à redescoberta da noção de bem – comum

2) Empregue as vírgulas necessárias à organização das frases. Há casos em que


elas simplesmente não deverão ser usadas.
a) O irracional e exagerado investimento em rodovias ridiculamente planejadas
virou poeira com algumas horas de chuva.
129
b) Têm progredido muito os agricultores que investem nas culturas voltadas ao consumo
interno.
c) Foram deixados de lado os antigos ressentimentos as rusgas medíocres a estupidez
mútua.
d) Andam lado a lado nas calçadas e ruas trabalhadores e malandros e policiais e pessoas
sem teto e vendedores ambulantes.
e) Pedro ou Paulo será o novo líder do grupo.
f) Seres humanos animais e vegetais sofrem com a poluição.
g) Desiludido rasguei minha ficha de filiação ao partido.
h) O Brasil país que via seus jovens como garantia de um grande futuro parece optar
por simplesmente eliminar boa parte desses jovens.
i) Acorde menino e vá ver a vida lá fora!
j) Sob aquelas velhas árvores ali perto do poço repousam muitos dos meus sonhos.

3) Explique a diferença de sentido entre as frases de cada um dos pares seguintes:


a) O policial neurótico sacou a arma.
O policial, neurótico, sacou a arma.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Muitos espíritos sem dúvida passarão a duvidar.


Muitos espíritos, sem dúvida, passarão a duvidar.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) Os atletas desnutridos deixaram o clube.


Os atletas, desnutridos, deixaram o clube.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

4) Leia abaixo o fragmento extraído de Caros Amigos, no. 30, set. 1999, p. 31.
Os Estados Unidos, há muito, desejam controlar a Amazônia. Não foi por outra razão que
“ambientalistas” americanos iniciaram um movimento para declarar a Amazônia área de
interesse mundial (essa questão foi a pauta não oficial da Eco – 92, realizada no Rio,
em julho de 1992).

De acordo com as possibilidades de emprego das aspas, explique o porquê de o autor


tê-las usado em “ambientalistas”.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

5) “Os colegas — o equilibrista, aqueles dois que conversaram em voz baixa, – todos
enfim sabiam de sua história e não haviam preparado a mínima homenagem.”
Justifique o emprego dos travessões na passagem acima.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

6) Justifique o uso das vírgulas nas frases abaixo.


a) De uma janela enxergava-se o mar, da outra, imensas planícies verdes.
130
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Era uma casa com dois dormitórios, uma sala, cozinha e banheiro.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) O mercúrio, metal líquido, possui muitas utilidades.


R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) Rapazes, vamos ao trabalho!


R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

e) Casa de ferreiro, espeto de pau.


R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

7) Justifique os sinais de pontuação presentes nas frases abaixo.


a) O retirante, nosso irmão nordestino, desce em busca de melhores condições de vida,
mas nunca as encontra.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Os nossos desejos são mínimos: uma casa para morar, alimentação, vestuário e
trabalho condigno.
R– ____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

Dificuldades Mais Frequentes da Língua Portuguesa

a) Por que / porque / por quê / porquê.


• por que - usado no início de frases interrogativas e quando subentende as palavras:
“por qual razão”, “por qual motivo”:
Ex.: Por que você partiu tão depressa?
Não se sabe por que foram feitas tantas mudanças.

• porque - quando funciona como conjunção explicativa, causal e finalidade (de uso
pouco comum na linguagem atual ).
Ex.: Não vá , porque é perigoso.
Não pude comparecer porque estava doente.
Não mintas porque não te julguem.

• por quê - no final de frase interrogativa ou não.


Ex.: Ainda não terminou? Por quê?
Você ainda tem coragem de perguntar por quê?
Ninguém sabe explicar por quê.
131
• porquê - representa um substantivo, o que permitirá vir acompanhado normalmente
de uma palavra determinante (artigo).
Ex.: Não entendi o porquê da sua desatenção.
Não foi difícil encontrar o porquê da briga.

b) Onde / aonde.

• onde - usado com verbos estáticos, que exprimem estado ou permanência.


Ex.: Onde você se esconde?
Onde você vai estudar no próximo ano?

• aonde - empregado com verbos que indicam movimento, direção ou aproximação.


Tem como oposição o pronome donde, que significa afastamento.
Ex.: Queres chegar aonde? Aonde vais tão tarde? Não sei aonde ir.

c) Mas / mais.

• mas - é conjunção adversativa , equivalendo a “porém” ,“contudo”, “entretanto”:


Ex.: Estudou muito para o vestibular, mas não obteve aprovação.

• mais – é pronome ou advérbio de intensidade:


Ex.: Ele é o cidadão mais eminente daquele estado.

d) Abaixo – a baixo.

a) Abaixo:
1) interjeição; grito de indignação ou reprovação.
Ex.: Abaixo o orador!

2) advérbio = embaixo; em categoria inferior, depois.


Ex.: Abaixo de Deus, os pais.
Pegue lá abaixo.

b) A baixo – contrário a “de alto”.


Ex.: Rasgou as roupas de alto a baixo.

c) Acerca de / Cerca de / A cerca de / Há cerca de.

a) Acerca de – a respeito de.


Ex.: Falamos acerca de futebol.

b) Cerca de – durante, aproximadamente.


Ex.: Nas minhas aulas, falo cerca de duas horas.

c) A cerca de – ideia de distância.


Ex.: Fiquei a cerca de três metros de distância.

d) Há cerca de – existe aproximadamente.


132
Ex.: Há cerca de mil alunos lá fora.

d) Acima / A cima.

a) Acima.
1) Atrás.
Ex.: Exemplo citado acima.

2) Em grau ou categoria superior.


Ex.: De quinze anos acima.

3) Em graduação superior a.
Ex.: Muito acima dos bens materiais, a paz do espírito.

4) De preferência; de lugar superior; por cima; sobre.


Ex.: Buscamos, acima de tudo, o reino de Deus.

5) De cima (interjeição).
Ex.: Eia! Acima, Alasão!

b) A cima – contrário a “de baixo”.


Ex.: Costurou a roupa de baixo a cima.

4) Afim / A fim de.

a) Afim – semelhança; parentesco; afinidade.


Ex.: São duas pessoas afins.

b) A fim de – com o propósito de; com o objetivo de; com a finalidade de.
Ex.: Estudou a fim de passar no vestibular.

5) Afora / A fora.

a) Afora – o mesmo que “fora”; à excessão de; exceto.


Ex.: Todos irão, afora você.
A fora – com a ideia de “para fora”.
Ex.: Pela vida a fora.

6) Aparte / À parte.

a) Aparte.
1) Verbo = separar.
Ex.: Não aparte os animais.

2) Substantivo – interrupção.
Ex.: O orador recebeu um aparte.

b) À parte – locução adverbial = de lado.


Ex.: Isso será marcado à parte.
133
7) À – toa / À toa.

a) À-toa – locução adjetiva = ordinário; despresível; sem valor.


Ex.: Ele é um homem à – toa.

b) À toa – locução adverbial = ao acaso; sem rumo; sem razão.


Ex.: Ele é um homem que reclama à toa.
Estava à toa na vida.

8) À – vontade / À vontade.

a) À – vontade – substantivo = descuido; sem – cerimônia.


Ex.: Não parece chefe, tal à – vontade que se dirige aos subalternos.
Não me agrada esse à – vontade com que você fala.

b) À vontade – locução adverbial = sem preocupação; negligentemente.


Ex.: Fique à vontade. Sirva – se à vontade. Comi à vontade.

9) Abaixo – assinado / Abaixo assinado.

a) Abaixo – assinado = documento.


Ex.: Os alunos entregaram o abaixo – assinado ao diretor.

b) Abaixo assinado – quem assina abaixo.


Ex.: Nós, os abaixo assinados, reclamamos tal situação.

10) Contudo / Com tudo.

a) Contudo – não obstante; porém; todavia.


Ex.: Poderia falar, contudo preferi ficar calado.

b) Com tudo – preposição + pronome = total.


Ex.: Fui embora, e ele ficou com tudo.

11) Demais / De mais.

a) Demais:
1) Pronome indefinido = outros.
Ex.: Chame os demais alunos.

2) Advérbio de intensidade = excessivamente.


Ex.: Ele fala demais.

3) Palavra continuativa = além disso.


Ex.: Demais, quem trabalhou fui eu.

b) De mais – locução adjetiva = muito.


134
Ex.: Comi pão de mais.
Não tem nada de mais sair mais cedo.

12) Devagar / De vagar.

a) Devagar – lentamente; sem pressa.


Ex.: Devagar se vai ao longe.

b) De vagar – de descanso.
Ex.: Toco meu contrabaixo nas horas de vagar.

13) Dia – a – dia / Dia a dia.

a) Dia – a – dia – substantivo.


Ex.: O dia – a – dia é que preocupa.

b) Dia a dia – locução adverbial = dia por dia.


Ex.: Fazemos tarefas dia a dia.

14) Em vez de / Ao invés de.

a) Em vez de – em lugar de.


Ex.: Em lugar de comprar um sítio, comprou três.

Ao invés de – ao contrário de.


Ex.: Ao invés de entrar em sala, saía dela.

15) Enfim / Em fim.

Enfim – afinal; finalmente.


Ex.: Enfim vocês chegaram.
Em fim – no fim.
Ex.: Ele está em fim de carreira.

16) Enquanto / Em quanto.

a) Enquanto – conjunção = ao passo que.


Ex.: Tu dormes, enquanto ele trabalha.

b) Em quanto – preposição + pronome = qual; por quanto.


Ex.: Em quanto tempo você vai?
Em quanto pode ficar o conserto do meu carro?

17) Malcriado / Mal criado.

a) Malcriado – sem educação.


Ex.: Chofer malcriado.

135
b) Mal criado – tratado mal.
Ex.: É um cafezal mal criado.

Porquanto / Por quanto.

a) Porquanto – conjunção = visto que.


Ex.: Apresso – me, porquanto o tempo voa.

b) Por quanto – designa quantidade; preço.


Ex.: Não sei por quanto tempo posso contar com sua ajuda.
Por quanto venderam a casa?

Se não / Senão.

a) Se não:
1) Conjunção + advérbio = caso não.
Ex.: Se não pagas, não entras.

2) Pronome + advérbio. Se não = não se.


Ex.: O que se não deve dizer.

b) Senão.
1) Substantivo = defeito.
Ex.: Ela não tem um senão de que possa falar.

2) Mas também.
Ex.: Não só me ajudou, senão defendeu – me.

3) Palavra de exclusão = exceto.


Ex.: A quem, senão a meu pai, devo recorrer?

4) Depois de palavra negativa ou como segundo elemento dos pares aditivos não ou
senão, não só...senão (também).
Ex.: Não me amoles senão eu grito.
Nada me dói, senão procuraria um médico.
Ninguém te viu, senão todos já saberiam.
Não só me ajudou, senão também me hospedou.

5) Caso contrário.
Ex.: Estude, senão não passarás no concurso.

20) Sobretudo / Sobre tudo.

a) Sobretudo:
1) Especialmente, principalmente.
Ex.: Estudei muito, sobretudo porque estou querendo passar no colégio.

2) Casacão, capa.
Ex.: O frio nos obrigou a usar sobretudo.
136
b) Sobre tudo – a respeito de tudo.
Ex.: Eles conversavam sobre tudo.

Cuidado com as seguintes expressões


1) Ao nível de (= à mesma altura). Em nível de (=hierarquia).
Ex.: O barco estava ao nível do mar.
Isso foi resolvido em nível de hierarquia.

2) Ao encontro de (= aproximação). De encontro a (= posição contrária).


Ex.: As minhas ideias vão ao encontro das suas.
As minhas ideias, infelizmente, vão de encontro às suas.

3) Em princípio (= em geral). A princípio (= no início).


Ex.: Em princípio, concordo com tudo isso.
A princípio, eu lecionava Língua Inglesa; agora, leciono Língua Portuguesa.

4) Através de. Através a.


Só use através de, e não através a.
Ex.: A luz do sol passou através da vidraça.

Atividades práticas:

1) Complete as lacunas com a forma adequada do porquê:


a) __________________você não pensa em ir embora?
b) Queria saber __________________você quis ir embora.
c) Antes de entender__________________, você queria que não houvesse um _______
d) __________________ele chegou tarde você também acha que pode chegar?
e) Os caminhos __________________passamos refletem nossa existência.
f) Ele disse__________________, entre tantos, foi escolhido.
g) __________________você não disse que viria mais cedo?
h) Ele queria saber ______________você não veio mais cedo.
i) Você não veio mais cedo, __________________?
j) O motivo ___________________você não veio mais cedo não ficou claro para nós.

2) Corrija os porquês do texto a seguir:


Todos se perguntam porque divulgar suas ideias é perigoso. Por que sabemos algo que
aparentemente poucos sabem devemos ficar calados? Porque temos tanta insegurança é o
que queremos saber. Porquê, estando de posse das ideias criativas, tememos que no-las
roubem. E, assim, em busca do por quê, passamos a vida tendo boas ideias e não as
compartilhando, e, de uma hora para outra, secamos nossa fonte, morrendo de cabeça
oca porquê fomos cabeças-ocas, e ainda sem entender porquê.
__________________ __________________ __________________
__________________ __________________ __________________
__________________

3) Complete as lacunas com a forma adequada do porque:


a) Você não saiu ____________?
137
b) ____________ ela perdeu, fiquei triste.
c) A estrada ____________ andei não tinha fim.
d) Não entendi o ____________ de tanta reclamação.
e) Não sei ____________ fui mal na prova.

4) Complete as frases com senão ou se não:


a) Chorarei muito ____________ voltares.
b) Corre, ____________ ele te acerta.
c) Não fiz nada ____________ estudar.

5) Complete as frases com há ou a:


a) Estávamos _____ uma pequena distância da praia.
b) A mãe vivia _____ correr atrás do filho.
c) Vive _____ muitos anos naquela cabana.
d) O relatório foi encaminhado _____ dois dias.
e) Sairemos daqui _____ dez minutos.

6) Complete as frases com mal ou mau:


a) Ninguém me falava _____ dos vizinhos.
b) _____ despontava o sol, já estávamos na rua.
c) O_____ vizinho só cria conflitos.
d) O _____ hábito alimentar muitas vezes prejudica a saúde.
e) A poluição é um grande _____ para a saúde.

7) Observe as frases:

a. Ele não sabe por que não estudou.


b. Ele não sabe porque não estudou.

Você saberia dizer a diferença de sentido que existe entre elas?


R- ________________________________________________________________
________________________________________________________________

Questões Importantes da Língua Portuguesa


Vocabulário
Não se escreve como se fala. Use um nível formal, sem gírias nem coloquialismos.
A galera exige providências. O grupo exige providências.
Vencer é uma parada difícil. Vencer é uma tarefa difícil.
O cara pegou um empréstimo. A pessoa obteve um empréstimo.
A gente sabe como fazer. Sabemos como fazer.
Comprei um carro maneiro. Comprei um carro lindo.
O cliente é muito safo. O cliente é astuto.
138
Não seja empolado para impressionar. Seja simples, sem ser simplório.
São situações já experienciadas. São situações já vividas.
O preconceito obnubila o juízo. O preconceito prejudica o juízo.
Em que pese ao mau tempo, viajou. Apesar do mau tempo, viajou.
O ágape estava opíparo. O jantar estava farto.
Sabe várias línguas, mormente a inglesa. Sabe muitas línguas,
principalmente a inglesa.

Pese cuidadosamente as palavras, respeite a exatidão de seus significados.


Trabalha de dia, mas estuda à noite. Trabalha de dia e estuda à noite.
Obtém empréstimo junto a um banco. Obtém empréstimo de um banco.
Uns reclamam, o resto silencia. Uns reclamam, os outros silenciam.
É um preço muito caro. É um preço muito elevado.
Ele vai penhorar a casa. Ele vai hipotecar a casa.

Evite os estrangeirismos desnecessários.


Isso requer know-how . Isso requer experiência.
Sua performance foi criticada. Seu desempenho foi criticado.
Era um procedimento standard. Era um procedimento padrão.
Fez um link com o passado. Fez uma ligação com o passado.
Leve uma vida mais light. Leve a vida mais leve.

Respeite a gramática:
Quando ele intervir, será tarde. Quando ele intervier, será tarde.
Já fazem muitos anos que ela se foi. Já faz muitos anos que ela se foi.
Aonde você está? Onde você está?
Ao invés de falar, gesticulou. Em vez de falar, gesticulou.
Os Silva não compareceram. Os Silvas não compareceram.

Use frases curtas e em ordem direta, preferencialmente:


Com relação aos resultados verificados no mês de maio, paralelamente a outros aspectos
não menos relevantes, merece registro que, a despeito dos esforços desenvolvidos pela
direção da empresa e do desempenho do contingente de empregados, ocorreu não só
decréscimo na produção, como também foi constatada queda de quantidade de vendas
realizadas.

A produção e as vendas de maio caíram.


Depois que surgiram os primeiros raios de sol, ficaram à mercê de novas instruções os
soldados.

Ao amanhecer, os soldados aguardavam instruções.


Os soldados aguardavam instruções, ao amanhecer.

Evite intercalações longas:


As medidas implementadas pela administração – a reestruturação dos níveis de chefia, o
acesso imediato às decisões gerenciais e o aperfeiçoamento da comunicação entre os
empregados –, com efeito direto na melhoria do desempenho da companhia, contaram
com o apoio de todos os acionistas.
139
As seguintes medidas foram implementadas pela administração: a reestruturação dos
níveis de chefia, o acesso imediato às decisões gerenciais e o aperfeiçoamento da
comunicação entre os empregados. Tais medidas tiveram efeito direto na melhoria do
desempenho da companhia, contaram com o apoio de todos os acionistas.

A cidade, antes que os habitantes estivessem cientes da catástrofe que estava prestes a
acontecer, estava calma.

A cidade estava calma antes que os habitantes estivessem cientes da catástrofe que estava
prestes a acontecer.

Observe os paralelismos:
São profissionais dedicados e que se dispõem a enfrentar a concorrência.
São profissionais dedicados e dispostos a enfrentar a concorrência.

Haverá eleições quer os candidatos protestem ou os partidos silenciem.


Haverá eleições quer os candidatos protestem, quer os partidos silenciem.

Apareceu um homem gordo e que sofria de asma.


Apareceu um homem que era gordo e asmático.

Seja conciso (“escrever é cortar palavras”):


O aluno que é atento aprende logo. O aluno atento aprende logo.
Eu estou literalmente cansado. Estou cansado.
Vamos estar enviando hoje o seu livro. Enviaremos hoje seu livro.
Nos dias de hoje, vivemos em crise. Vivemos em crise.
A praia, em si mesma, é agradável. A praia é agradável.
Travou uma discussão com o chefe. Discutiu com o chefe.
Ele está totalmente falido. Ele está falido.

Evite clichês (expressões desgastadas pelo uso):


De mão beijada, em pleno verão, erro gritante, hora da verdade, importância vital, leque
de opções, selva de pedra, sentir na pele, sonho dourado, tiro de misericórdia, via de
regra, voltar à estaca zero...
Chegar mais cedo pode ser uma faca de dois gumes.
Chegar mais cedo pode ser bom ou rim.

Evite os modismos (construções equivocadas, falsamente elegantes):


Decisões a nível de diretoria. Decisões em nível de diretoria.
Ele, enquanto brasileiro, resiste. Ele, como brasileiro, resiste.
Quero fazer uma colocação. Quero fazer uma observação.

Evite o óbvio (o oposto do óbvio é sempre absurdo):


A solução do problema exige esforço e força de vontade.
O cenário social em que estamos inseridos tem características próprias.
Cada pessoa deve buscar sua própria felicidade.
È preciso que o homem se relacione com o próximo.

140
Evite as repetições excessivas de DE e QUE:
Depois de retornar da empresa de fabricação de produtos de plástico, o vendedor falou
de sua atitude de coragem de, de repente, abandonar as negociações.
Após retornar da empresa de fabricante de produtos plásticos, o vendedor relatou sua
atitude corajosa de, repentinamente, abandonar as negociações.

O jornal que tem a maior circulação no país confirmou que o homem que havia doado a
fortuna que havia herdado dos pais não terá que retornar ao país em que nasceu.
O jornal de maior circulação no país confirmou que o doador da fortuna herdada dos
pais não terá que retornar ao país onde nasceu.

Deixou de fumar depois de fazer exames de saúde de rotina e de ouvir de um especialista


o relato do diagnóstico a respeito do estado de precariedade de seu coração.
Abandonou o fumo após fazer exames médicos rotineiros e ouvir um especialista relatar
o diagnóstico sobre seu estado cardiológico precário.

Reconheço que ele renunciou e que foi um ato que não foi avaliado.
Reconheço sua renúncia como um ato impensado.

Evite as ambiguidades (dupla interpretação):


O atleta anunciará sua volta à equipe principal na próxima semana.
Na próxima semana, o atleta anunciará sua volta à equipe principal.
O atleta anunciará sua volta, na próxima semana, à equipe principal.

O eleitor deverá escolher o candidato de acordo com sua ideologia.


O eleitor, de acordo com sua ideologia, deverá escolher o candidato.
O eleitor deverá escolher de acordo com a ideologia do candidato.

A acusação do chefe foi precipitada.


O chefe fez uma acusação precipitada. / Acusaram o chefe precipitadamente.
Evite as redundâncias:
Cada indivíduo isoladamente ocupará seu lugar.
Cada indivíduo ocupará seu lugar.
Ele encarou de frente o problema e o resolveu.
Ele encarou o problema e o resolveu.
É exigente consigo mesmo.
É exigente consigo.

Atividades práticas:

1) Reescreva as frases abaixo de modo a eliminar as gírias, os coloquialismos e


os clichês:
a) O cúmplice foi em cana e pelo andar da carruagem não deve sair tão cedo.
R–____________________________________________________________________

b) Encontrei ele dando força ao funcionário que o filho tinha falecido.


R–____________________________________________________________________

c) Antes de mais nada, é preciso dar um jeito na casa, que se acha em petição de
141
miséria.
R–____________________________________________________________________

d) Em sã consciência, ninguém deve fazer vista grossa ao vício de um ente querido.


R–____________________________________________________________________

e) O chefe não quis tecer comentários sobre o comportamento do funcionário que


agia que nem um alienado.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

f) A gente trouxe à tona o assunto para que a reunião não passasse em brancas nuvens.
R–____________________________________________________________________

g) O consumidor botou a boca no trombone, mas o problema voltou à estaca zero.


R–____________________________________________________________________

h) A nível de incentivo, ele diz que tem uma luz no fim do túnel.
R–____________________________________________________________________

i) Não estou a fim de deixar esse troço passar batido e quero fazer aqui uma
colocação.
R–____________________________________________________________________

j) Fechou a reunião com chave de ouro, dizendo uma coisa: agora é a hora da
verdade.
R–____________________________________________________________________

2) Reescreva cada frase abaixo de modo a corrigir a falta de paralelismo:


a) A assembleia confirmou a eleição do novo síndico e que o porteiro deveria ser
imediatamente demitido.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) Seja no inverno ou no verão, ele caminha diariamente.


R–____________________________________________________________________

c) Comprou um carro velho e que não tem seguro.


R–____________________________________________________________________

d) O nosso desejo é resolver o problema e que a paz volte ao nosso lar.


R–____________________________________________________________________

e) Trata-se de pessoa rancorosa e que não confia em ninguém.


R–____________________________________________________________________

3) Reescreva cada frase substituindo a palavra empregada inadequadamente:


142
a) O governo destinará a mesma verba exclusivamente para a educação.
R–____________________________________________________________________

b) Vivemos hoje a era da informação, onde o conhecimento vale muito.


R–____________________________________________________________________

c) Ele não conseguiu reverter o resultado.


R–____________________________________________________________________

d) Finalmente, destampe a panela e coloque sal na mistura.


R–____________________________________________________________________

e) O menino roubou uma fruta sem ser visto.


R–____________________________________________________________________

f) É provável que ele seja demitido, mas não é possível.


R–____________________________________________________________________

g) Todos deverão ser beneficiados, independente de raça ou de classe social.


R–____________________________________________________________________

h) Tomarei todas as providências possíveis e imaginárias.


R–____________________________________________________________________

i) Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo está parado no andar.


R–____________________________________________________________________

j) Os buracos das ruas ainda não estão tampados.


R–____________________________________________________________________

4) Reescreva cada frase sem usar a palavra QUE:


a) Meu tio conseguiu que voltasse cedo para que conhecesse o museu que ficava
na rua em que eu moro.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

b) É possível que fiquemos mais tempo de modo que possamos conhecer as pessoas
que você indicou para ocupar o cargo.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) Sem que o chefe notasse, deixou que cada pessoa que ali se encontrava utilizasse
o telefone celular que trazia consigo.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) Sempre que o gerente se ausentar, considero que é indispensável que relatemos


a ele as matérias que os empregados discutirem na reunião que tiver sido
realizada na véspera.
143
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

e) Não espere que eu permita que se concluam os trabalhos antes que a superior
administração se manifeste favoravelmente.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

5) Reescreva as frases abaixo de modo a eliminar as ambiguidades:


a) O amante foi surpreendido pelo marido em sua própria casa.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
b) O torcedor não poderá ficar perto do dono do bar até que ele se acalme.
R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

c) Puxei a carta do bolso da blusa e a rasguei.


R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) Haverá um debate sobre as drogas na minha escola.


R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

e) Eu não revelei a verdade para você sair de casa.


R–____________________________________________________________________
6) Reescreva as frases abaixo de modo a eliminar as redundâncias:
a) A comissão do concurso anunciou um prêmio adicional extra.
R–____________________________________________________________________

b) Ele falou só uma vez e não quis repetir de novo.


R–____________________________________________________________________

c) O escritor vai revelar intimidades em sua autobiografia.


R–____________________________________________________________________

d) Ela me recebeu com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos.


R–____________________________________________________________________

e) Os resultados deste mês apresentam um superávit positivo.


R–____________________________________________________________________

7) Em cada item, substitua o trecho sublinhado por uma única palavra:


a) Produz mais a pessoa que não esteja angustiada.
R–____________________________________________________________________

b) Ele acha que pode ser realizada a construção da estrada.


R–____________________________________________________________________

144
c) O criminoso deverá ser posto para fora de seu próprio país.
R–____________________________________________________________________

d) Um país que vende seus produtos para o exterior não deve descuidar do
mercado existente dentro de suas fronteiras.
R–____________________________________________________________________

e) As oportunidades são restritas para o indivíduo que não sabe ler nem escrever.
R–____________________________________________________________________

f) Depois de ser levado às barras do tribunal e de ter declarada sua inocência,


o réu será posto em liberdade.
R–____________________________________________________________________

g) No mundo em que vivemos atualmente, a velocidade da comunicação é


impressionante.
R–____________________________________________________________________

h) A direção considera que deve ser realizada o quanto antes a construção da fábrica.
R–____________________________________________________________________

i) Se não houver ética, nenhuma realização ganha relevância para a opinião


pública.
R–____________________________________________________________________

j) Quando o público tiver conhecimento de que houve a renúncia, o presidente já


estará em outro país.
R–____________________________________________________________________

8) Reduza as frases abaixo, eliminando as palavras desnecessárias:


a) Tinha uma cicatriz na sua mão direita.
R–____________________________________________________________________

b) Todos os moradores que assinarem o abaixo-assinado serão responsabilizados.


R–____________________________________________________________________

c) No dia 15 do mês de junho do ano de 1928, a família veio para o Brasil.


R–____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

d) A empresa, que foi líder do mercado no ano passado, não resistiu à crise.
R–____________________________________________________________________

e) Trata-se de uma questão de natureza tributária.


R–____________________________________________________________________

f) Fala alto para que todos possam ouvir.


R–____________________________________________________________________

145
g) A dificuldades ora existentes serão superadas com nosso esforço.
R–____________________________________________________________________

h) Sua atitude vai estar contribuindo o para retardar o andamento dos trabalhos da
comissão.
R–____________________________________________________________________

i) Não resta dúvida de que a política educacional brasileira é deficiente.


R–____________________________________________________________________

j) Com o passar dos anos, o mundo vem sofrendo transformações de cunho social,
econômico e político, entre outros.
R–____________________________________________________________________

9) (UDESC)Assinale a opção em que a regência verbal apresentada não atende


a norma padrão da língua.
a) Esqueci o livro em casa;
b) Esqueci-me do livro em casa;
c) Preferimos as histórias bruxólicas às novelas;
d) O motorista consciente obedece os sinais de trânsito;
e) Ontem pagamos o 13º salário à secretária.

Sintaxe de Colocação

Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos

Fernanda, quem te contou isso?


Fernanda, contaram-te isso?

Nos exemplos acima, observe que o pronome "te" foi expresso em lugares distintos: antes
e depois do verbo. Isso ocorre porque os pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos,
lhes, os, as) podem assumir três posições diferentes numa oração: antes do verbo, depois
do verbo e no interior do verbo. Essas três colocações chamam-se,
respectivamente: próclise, ênclise e mesóclise.

1) Próclise
Na próclise, o pronome surge antes do verbo. Costuma ser empregada:
a) Nas orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo.

Exemplos:
Ninguém o apoia.
Nunca se esqueça de mim.
Não me fale sobre este assunto.

b) Nas orações em que haja advérbios e pronomes indefinidos, sem que exista
pausa.
146
Exemplos:
Aqui se vive. (advérbio)
Tudo me incomoda nesse lugar. (pronome indefinido)
Obs.: caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise.
Exemplo:
Aqui, vive-se.

c) Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos.

Exemplos:
Quem te convidou para sair? (pronome interrogativo)
Por que a maltrataram? (advérbio interrogativo)

d) Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (que


exprimem desejo).

Exemplos:
Como te admiro! (oração exclamativa)
Deus o ilumine! (oração optativa)

e) Nas conjunções subordinativas:


Exemplos:
Ela não quis a blusa, embora lhe servisse.
É necessário que o traga de volta.
Comprarei o relógio se me for útil.

f) Com gerúndio precedido de preposição "em".


Exemplos:
Em se tratando de negócios, você precisa falar com o gerente.
Em se pensando em descanso, pensa-se em férias.

g) Com a palavra "só" (no sentido de "apenas", "somente") e com as


conjunções coordenativas alternativas.
Exemplos:
Só se lembram de estudar na véspera das provas.
Ou se diverte, ou fica em casa.

h) Nas orações introduzidas por pronomes relativos.


Exemplos:
Foi aquele colega quem me ensinou a matéria.
Há pessoas que nos tratam com carinho.
Aqui é o lugar onde te conheci.

2) Mesóclise
Emprega-se a mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do
pretérito do indicativo, desde que não se justifique a próclise. O pronome fica intercalado
ao verbo.

147
Exemplos:
Falar-lhe-ei a teu respeito. (Falarei + lhe)
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)

Observações:

a) Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.


Exemplo:
Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. (O pronome "tudo" exige o uso de
próclise.)

b) Com esses tempos verbais (futuro do presente e futuro do pretérito) jamais ocorre
a ênclise.

c) A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária.

3) Ênclise
A ênclise pode ser considerada a colocação básica do pronome, pois obedece à sequência
verbo-complemento. Assim, o pronome surge depois do verbo. Emprega-se geralmente:

a) Nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), pois,
na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo.
Exemplos:
Diga-me apenas a verdade.
Importava-se com o sucesso do projeto.

b) Nas orações reduzidas de infinitivo.


Exemplos:
Convém confiar-lhe esta responsabilidade.
Espero contar-lhe isto hoje à noite.

c) Nas orações reduzidas de gerúndio (desde que não venham precedidas de


preposição "em".)
Exemplos:
A mãe adotiva ajudou a criança, dando-lhe carinho e proteção.
O menino gritou, assustando-se com o ruído que ouvira.

d) Nas orações imperativas afirmativas.


Exemplos:
Fale com seu irmão e avise-o do compromisso.
Professor, ajude-me neste exercício!

148
Observações:
1) A posição normal do pronome é a ênclise. Para que ocorra
a próclise ou a mesóclise é necessário haver justifcativas.

2) A tendência para a próclise na língua falada atual é


predominante, mas iniciar frases com pronomes átonos
não é lícito numa conversação formal.

Exemplo:
Linguagem Informal: Me alcança a caneta.
Linguagem Formal: Alcança-me a caneta.

3) Se o verbo não estiver no início da frase, nem conjugado nos tempos Futuro
do Presente ou Futuro do Pretérito, é possível usar tanto a próclise como a
ênclise.
Exemplos:
Eu me machuquei no jogo.
As crianças esforçam-se para acordar cedo.

Atividades práticas:

1) Assinalar a opção que apresenta ERRO na colocação pronominal:


a) Nunca me curvarei a essa injustiça;
b) Quando se viu em dificuldade, procurou-me;
c) Os alunos jamais o entenderiam;
d) Todos o querem para desempenhar o papel principal no filme;
e) Não aborrecê-lo-ei com problemas de ordem menor.

2) Marque a opção que completa corretamente a frase:


Se alguém __ a verdade, e se lutarmos para __, nada __ a respeito.
a) lhe disser, encontrá-la, se falará;
b) disser-lhe, a encontrar, se falará;
c) lhe disser, a encontrar, falará-se;
d) disser-lhe, encontrá-la, falar-se-á;
e) disser-lhe, encontrá-la, se falará.

3) Nas frases abaixo, a colocação pronominal está correta em:


I. Nem filhos, nem netos, ninguém lhe dava ouvidos.
II. Quando a viu na sala, dirigiu-lhe a palavra.
III. Me avisaram do acidente por telefone.

a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) III, apenas;
d) I e II, apenas;
e) I, II e III.

Crase
149
A palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua portuguesa,
é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase
da preposição "a" com o artigo feminino"a" (s), com o pronome demonstrativo "a" (s),
com o "a" inicial dos pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e com o "a" do relativo a
qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso
apropriado do acento grave, depende da compreensão da fusão das duas vogais. É
fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
nomes que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase, portanto, consiste em
aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.

Observe:
Vou a a igreja
Vou à igreja.

No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição "a", exigida pelo verbo ir (ir a
algum lugar) e a ocorrência do artigo "a" que está determinando o substantivo feminino
igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é
indicada pelo acento grave.
Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo (conhecer algo ou alguém), logo não exige
preposição e a crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição "a". Portanto, a crase é possível, desde
que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino "a" ou um dos pronomes
já especificados.

Há duas maneiras de verificar a existência de um artigo feminino "a" (s) ou de um


pronome demonstrativo "a" (s) após uma preposição "a":

1- Colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que se está em dúvida.


Se surgir a forma ao, ocorrerá crase antes do termo feminino.

Veja os exemplos:
Conheço "a" aluna. / Conheço o aluno.
Refiro-me ao aluno. / Refiro-me à aluna.

2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição a por outro acompanhado de uma


preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre). Se essas preposições não se
contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem novas formas (na (s), da (s), pela (s),...),
não haverá crase.

Veja os exemplos:
Penso na aluna.
Cansou de brigar.
Apaixonei-me pela aluna.
Insiste em brigar.
150
Começou a brigar.
Foi punido por brigar.
Optou por brigar.

Atenção: lembre-se sempre de que não basta provar a


existência da preposição "a" ou do artigo "a", é preciso
provar que exitem os dois.

Evidentemente, se o termo regido não admitir a anteposição do artigo feminino "a" (s),
não haverá crase. Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre:

- Diante de substantivos masculinos:


Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
Assisitimos a espetáculos magníficos.

- Diante de verbos no infinitivo:


Acriança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Estavam a correr pelo parque.
Estou disposto a ajudar.
Continuamos a observar as plantas.
Voltamos a contemplar o céu.

Obs.: como os verbos não admitem artigos, constatamos que o "a" dos exemplos
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- Diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção


das formas senhora, senhorita e dona:

Diga a ela que não estarei em casa amanhã.


Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Mostrarei a vocês nossas propostas de trabalho.
Quero informar a algumas pessoas o que está acontecendo.
Isso não interessa a nenhum de nós.
Aonde você pretende ir a esta hora?
Agradeci a ele, a quem tudo devo.

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados
pelo método explicado anteriormente. Troque a palavra feminina por uma
masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase.

Exemplo:
151
Refiro-me à mesma pessoa. Refiro-me ao mesmo indivíduo.
Informei o ocorrido à senhora. Informei o ocorrido ao senhor
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.

- Diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- Diante de palavras femininas:

Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.


Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- Diante da palavra "moda", com o sentido de "à moda de" (mesmo que a expressão
moda de fique subentendida):

O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.


Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- Na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.
Ele saiu às duas horas.

Obs.: com a preposição "até", a crase será facultativa.


Por exemplo: Dormiram até as / às 14 horas.

- Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam


palavras femininas. Por exemplo:

à tarde às ocultas às pressas à medida que


à noite às claras à escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
à avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
às ordens à beira de à semelhança de

Crase diante de nomes de lugar

152
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo "a". Outros, entretanto,
admitem o artigo, de modo que diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija
a preposição "a". Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo
feminino "a", deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição "de"
ou "em". A ocorrência da contração "da" ou "na" prova que esse nome de lugar aceita o
artigo e, por isso, haverá crase.

Exemplo:
Vou à França. (Vim da França. Estou na França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia.Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália.)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre.) (Estou em Poto Alegre.)
Cheguei a Pernambuco. (Vim de Pernambuco. Estou em Pernambuco.)
Retornarei a São Paulo. (Vim de São Paulo. Estou em São Paulo.)

ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase.


Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes.
Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos pronomes demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), Aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição "a".
Exemplo:
Refiro-me a aquele atentado.

preposição pronome substantivo

Refiro-me àquele atentado.

O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo
ou alguém) e exige preposição, portanto, ocorre a crase.

Observe este outro exemplo:


Aluguei aquela casa.

O verbo "alugar" é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição. Logo, a crase
não ocorre nesse caso.Veja outros exemplos:

Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.


Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse.
153
Comprei aquela caneta

Crase com os pronomes relativos A Qual, As Quais


A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se
o verbo que rege esses pronomes exigir a preposição "a", haverá crase. É possível detectar
a ocorrência da crase nesses casos, utilizando a substituição do termo regido feminino por
um termo regido masculino.

Exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.

Veja outros exemplos:


São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam responder nenhuma
das questões.
A sessão à qual assisti estava vazia.

Crase com o pronome demonstrativo "a"


A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo "a" também pode ser detectada pela
substituição do termo regente feminino por um termo regido masculino.

Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Aquela rua é transversal à que vai dar na minha casa.
Aquele beco é transversal ao que vai dar na minha casa.
Suas perguntas são superiores às dele.
Seus argumentos são superiores aos dele.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

A palavra Distância
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a crase deve ocorrer.
Exemplo:
Sua casa fica à distância de 100 quilômetros daqui.
(A palavra está determinada.)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco.
(A palavra está especificada.)

Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não pode ocorrer.


154
Exemplo:
Os militares ficaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância.
Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.

Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, pode-se usar a crase.
Veja:
Gostava de fotografar à distância.
Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância.

Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA

- Diante de nomes próprios femininos:

Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes próprios femininos porque


porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Paula é minha amiga. Laura é minha amiga.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.

Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes próprios
femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Entreguei o cartão a Roberto.


Entreguei o cartão ao Roberto.
Contei a Laura o que havia ocorrido na noite passada.
Contei a Pedro o que havia ocorrido na noite passada.
Contei à Laura o que havia ocorrido na noite passada.
Contei ao Pedro o que havia ocorrido na noite passada.

- Diante de pronome possessivo feminino:

Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes possessivos femininos


porque é facultativo o uso do artigo.
Observe:
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã

Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos


femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.


Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Diga a sua irmã que estou esperando por ela. Diga a seu irmão que estou
esperando por ele.
Diga à sua irmã que estou esperando por ela. Diga ao seu irmão que estou
155
esperando por ele.

- Depois da preposição até:

Fui até a praia. ou Fui até à praia.


Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai até às cinco horas
da tarde.
Atividades práticas:

1) Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de crase é facultativo?


a) Minhas ideias são semelhantes às suas;
b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz;
c) Dei um presente à Mariana;
d) Fizemos alusão à mesma teoria;
e) Cortou o cabelo à Gal Costa.

2) "O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor".
a) à - a - aquilo;
b) a - a - àquilo;
c) a - à - àquilo;
d) à - à - aquilo;
e) à - à - àquilo.

3) "A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __- duas quadras da Avenida Central".
a) à - há;
b) a - à;
c) a - há;
d) à - a;
e) à - à.

4) "O grupo obedece _ comando de um pernambucano, radicado _ tempos em São Paulo,


e se exibe diariamente _ hora do almoço".
a) o - à - a;
b) ao - há - à;
c) ao - a - a ;
d) o - há - a;
e) o - a – a.

5) "Nesta oportunidade, volto _ referir-me _ problemas já expostos _ V. Sª _ alguns dias".


a) à - àqueles - a - há;
b) a - àqueles - a - há;
c) a - aqueles - à - a;
d) à - àqueles - a - a;
156
e) a - aqueles – à - há.

6) Assinale a frase gramaticalmente correta:


a) O papa caminhava à passofirme;
b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz;
c) Chegou à noite, precisamente as dez horas;
d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas;
e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.

7) O Ministro informou que iria resistir _ pressões contrárias _ modificações relativas


_ aquisição da casa própria.
a) às - àquelas - à;
b) as - aquelas - a;
c) às - àquelas - a;
d) às - aquelas - à;
e) as – àquelas - à.

8) A alusão _ lembranças da casa materna trazia _ tona uma vivência _ qual já havia
renunciado.
a) às - a - a;
b) as - à - há;
c) as - a - à;
d) às - à - à;
e) às – a - há.

9) Use a chave ao sair ou entrar __________ 20 horas.


a) após - às;
b) após - as;
c) após - das;
d) após - a;
e) após - à.

Glossário dos Verbos Jurídicos:


Ab-rogar: (t.d.) Revogação de uma lei, decreto, regulamento.
Quando se anula, cassa ou torna-se sem efeito um ato diante de um novo preceito.
Acarear: (t.d.) Defrontação de testemunhas cujos depoimentos não coadunam.
Acionar: (t.d.) Intentar ação judicial contra pessoa natural ou jurídica.
Acoimar:(t.d.) Infligir coima (multa imposta principalmente ao dono de animais que
pastam, sem autorização, em propriedade alheia), punir, castigar.
Acordar:(int.) Fazer acordo, ajustar, firmar contrato.
Adimplir: (t.d.) Cumprir ou executar um contrato ou acordo.
Adjudicar:(t.d.) Fazer adjudicação, declarar judicialmente que alguma coisa pertence a
alguém. Fazer adjudicação é transferir bens do domínio de uma pessoa para o domínio de
outra como resultado de execução, venda ou secessão.
157
Ad-rogar:(t.d.) Tomar por adoção pessoa suis juris (de direito próprio, que não está
sujeita ao pátrio poder ou à autoridade doméstica de outrem, por ser livre, maior e capaz).
Agravar:(t.d.) Sobrecarregar, onerar, trazer ônus. Interpor um recurso de agravo é
atribuir ônus à parte em questão.
Apenar:(t.d.) Atribuir pena, condenar. Não se deve confundir com penalizar, que é causar
pena ou desgosto.
Arrestar:(t.d.) Fazer ou decretar arresto, apreender judicialmente bens do devedor como
meio de prevenção, garantir ao credor a cobrança de seu crédito até que se decida o mérito
questão (CPC. art. 813). Também é chamado de embargo de bens, mas não se deve
confundi-los.
Arrogar:(t.d.) Apropriar-se de algo, tomar ou arrogar como seu.
Arrolar:(t.d.) Fazer constar em rol ou lista a relação dos bens de um espólio e os títulos
dos herdeiros (CPC. arts.1013-1038).
Autuar:(t.d.) Lavrar um auto, reunir materialmente em forma de processo, administrativo
ou judicial, os dados pertinentes à infração ou ao delito, tais como a indicação de espécie
de ação, os nomes do autor e do réu, data de entrada em cartório etc.
Avençar-se:(p.) Fazer avença, ajuste, contrato ou convênio.
Averbar:(t.d.) Escrever um termo ou depoimento.
Avocar:(t.d.) Chamar a si, atribuir-se. Chamar a seu juízo a causa que ocorre em outro.
Caluniar:(t.d.) Imputar falsamente a alguém fato definido como crime ou contravenção
(CP. art. 138).
Caucionar:(t.d.) Assegurar com caução, dar em garantia, afiançar.
Circundutar:(t.d.) Julgar circunduta, ou seja, sem qualquer eficácia uma citação.
Citar:(t.d.) Chamar alguém a juízo com o fito de tomar conhecimento que, contra ele, foi
proposta uma ação.
Colacionar:(t.d.) Fazer a colação de, restituir à massa comum da herança toda espécie de
bens recebidos em vida do de cujus, de forma que se igualem as legítimas dos demais
herdeiros descendentes. (CC. art. 1785).
Cominar:(t.d.) Ameaçar com pena ou castigo no caso de infração da lei. Também
prescrever pena ou castigo.
Comutar:(t.d.) Permutar uma pena mais grave por uma mais branda.
Convolar:(t.i.) É um estado de mudança das coisas, mudança de cônjuge, de partido, de
foro, ideias etc.
Coonestar:(t.d.) Dar aparência de honestidade, aparentar honesto.
Correger:(int.) Fazer correição. É a diligência cometida ao corregedor com o objetivo de
fiscalizar os juizados sob sua jurisdição, vistoriando cartórios, examinando os livros e os
processos, verificando erros, abusos, desrespeitos e providenciando medidas cabíveis à
boa administração da justiça. O corregedor exerce a função de corrigir os erros judiciários,
por exemplo. Também significar cumprir pagamento do dano da indenização.
Decair:(t.i.) Incidir em decadência (CC. art. 406, II)
Delinquir: (int.) Cometer crime ou delito.
Demandar:(int.) Propor demanda, disputar em juízo.
Denunciar:(t.d.) Este verbo tem três sentidos: em Direito Civil, significa notificar, dar
ciência a alguém acerca de qualquer ato processual; em Direito Penal, significa acusar,
delatar alguém às autoridades competentes, em Direito Internacional, significa abandonar
um contrato, retirar-se uma obrigação acordada.
Deprecar:(t.i.) Quando o juiz requisita a um outro juiz, de outra jurisdição, a prática de
ato ou diligência cabível ao andamento do processo.
Derrogar:(t.d.) Revogar parcialmente uma lei, decreto, regulamento etc.
158
Desaforar:(t.d.) Tem dois significados: a) isentar do pagamento de um foro; b) transferir
um processo de um foro para outro.
Desagravar:(t.d.) Tem dois significados: a) reparar uma ofensa ou insulto; b) dar
provimento a um agravo, é um recurso.
Desapropriar:(t.d.) Expropriar.
Discriminar:(t.d.) Absolver do crime, excluir a injuridicidade ou condição de um ato ou
fato.
Difamar:(t.d.) Imputar fato ofensivo à reputação de alguém (CP. art. 139) com o objetivo
de desacreditá-lo na sociedade da qual participa.
Distratar:(t.d.) Anular o ajuste ou contrato por mútuo consentimento das partes.
Embargar:(t.d.) Estabelecer embargos judiciais apropriados e cabíveis ao caso.
Ementar:(t.d.) Fazer a ementa ou apontamento, é o resumo do que se contém num
acórdão, sentença, lei, decreto etc.
Esbulhar:(t.d.) Praticar o esbulho por meio de ato violento; despossar pessoa daquilo que
lhe pertence ou de quem tem a posse justa; espoliar, despojar, turbar.
Escoimar:(t.d.) Livrar da coima, pena ou censura.
Expropriar:(t.d.) Despossar o proprietário de sua propriedade mediante processo movido
pelo Estado.
Estuprar:(t.d.) Constranger mulher a conjunção carnal mediante violência ou grave
ameaça. (CP. 213)
Evencer:(t.d.) Desapossar judicialmente a pessoa da propriedade que detém; promover a
evicção.
Exarar:(t.d.) Lavrar, consignar por escrito.
Excutir:(t.d.) Executar judicialmente os bens supostamente do devedor.
Exerdar:(t.d.) Excluir de herança legítima um ou mais herdeiros necessários.
Extorquir:(t.d.) Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça com o fito de
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça
ou deixar de fazer alguma coisa (CP. art. 158).
Extraditar:(t.d.) Entregar criminoso por extradição ao país demandante.
Fraudar:(t.d.) Cometer fraude contra alguém ou algo.
Gravar:(t.d.) Impor gravame, onerar, sujeitar a encargos, hipotecar.
Homologar:(t.d.) Ratificar, confirmar ou aprovar determinado ato para que este se invista
de força executória ou tenha validade legal.
Ilidir:(t.d.) Ato de contestar ou refutar.
Imitir:(t.i.) Fazer entrar na posse, investir em (CPC. arts. 879,1; 998 etc)
Impetrar:(t.d.) Interpor recurso, requerer medida judicial para assegurar o exercício de
um direito.
Impronunciar:(t.d.) Julgar improcedente ou não provada a denúncia ou queixa contra o
acusado, evitando enviá-lo a julgamento do Tribunal do Júri (CPP. art. 409)
Inadimplir:(t.d.) Descumprir a obrigação contratual assumida, não pagar a dívida.
Indiciar:(t.d.) Proceder a imputação criminal contra alguém, submetendo-o a inquérito
policial ou administrativo, no qual se fundamentará o Ministério Público para oferecer a
denúncia.
Indultar:(t.d.) Conceder indulto a, conceder perdão, comutar.
Injuriar:(t.d.) Ofender a dignidade ou o decoro de alguém (CP. art. 140)
Inquirir:(t.d.) Fazer perguntas a, indagar de alguém para esclarecimento de certos fatos.
A técnica processual distingue entre inquirir e interrogar, sendo este aplicado ao réu,
acusado, e aquele à testemunha.
Insimular:(t.d.) Atribuir crime, denunciar, acusar falsa ou injustamente.
159
Intentar: (t.d.) Propor em juízo.
Interditar:(t.d.) Declarar interdito, promover a interdição (CPC. arts. 77 a1186)
Interpelar:(t.d.) Tem dois significados: a) exigir categoricamente de outrem explicações
em juízo; b) cientificar o devedor de que o credor mais pretende prorrogar ou dilatar o
pagamento.
Inventariar:(t.d.) Proceder ao inventário de.
Irrogar:(t.d.) Imputar, atribuir, infligir.
Lavrar:(t.d.) Escrever, escriturar, dar por escrito.
Legiferar:(int.) Elaborar leis, legislar.
Licitar: (int.) Oferecer lanço em leilão, em hasta pública. Também, pôr em leilão.
Litigar: (int.) Ter litígio sobre a coisa, disputá-la pela contestação.
Locar:(t.d.) Alugar, dar arrendamento.
Malversar:(t.d.) Administrar mal ou ruinosamente, dilapidar.
Mandado: Não é “mandato de segurança”, mas mandado, que significa enviado,
encaminhado.
Mandato: Significa tempo de permanência. Não confundir com mandado.
Manumitir: (t.d.) Libertar, dar alforria.
Manutenir: (t.d.) Conceder mandado de manutenção, manter em mãos ou gozo de
alguém aquilo que por direito lhe cabe.
Novar:(t.d.) Efetuar a novação de uma dívida, ou seja, converter voluntariamente uma
obrigação em outra.
Ob-rogar:(int.) Contrapor-se uma lei a outra.
Pactuar:(t.d.) Firmar pacto, ajustar, combinar.
Pensionar:(t.d.) Pagar ou dar pensão.
Perimir:(t.d.) Pôr termo a ação ou instância judicial em razão de fato que a torna
peremptória, extinta ou prescrita.
Peticionar:(int.) Formular por escrito uma petição.
Precluir:(int.) Ser um direito processual atingido por preclusão que é a perda da
faculdade de agir num processo civil, seja por não ser exercida na ordem legal, seja por
ter ocorrido atividade incompatível com esse exercício (CPC. art. 245)
Prescrever:(int.) Incidir em prescrição que significa a extinção de uma ajuizável, em
virtude da inércia de seu titular durante certo período de tempo. É, também, o
ordenamento previamente explícito.
Prevaricar:(int.) Tem dois significados: a) em Direito Penal significa retardar ou deixar
de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (CP. art. 319); b) praticar o adultério (CP.
art. 240).
Prolatar:(t.d.) Tem dois significados: a) proferir ou lavrar sentença judicial; b) promulgar
uma lei.
Pronunciar:(t.d.) Tem dois significados: a) prolatar, despachar, declarar, proferir; b)
proclamar a autoria do delito de que acusam o réu para encaminhá-lo ao Tribunal do Júri.
Purgar:(t.d.) Liberar ou extinguir a obrigação pelo respectivo pagamento.
Querelar:(t.i.) Promover querela, que tem o sentido de queixa ou ação, inclusive, tendo
o significado de queixa-crime ou denúncia.
Rabular:(int.) Proceder como rábula, ou seja, advogar sem estar devidamente habilitado
para exercer esta profissão.
Raptar:(t.d.) Arrebatar mulher honesta de seu domicílio mediante violência, grave
ameaça ou fraude, para fim libidinoso (CP. art. 219).

160
Receptar:(t.d.) Receber, adquiri ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisas sabidas
de procedência ilícita ou criminosa (CP. art. 180).
Recluir:(t.d.) Encerrar, meter em cárcere.
Reconvir:(t.i.) Quando o réu propõe reconvenção contra o autor da demanda; na técnica
processual, a reconvenção é uma ação do réu contra o autor, no mesmo processo (CPC.
art. 315).
Redibir:(t.d.) Anular o contrato de compra e venda em razão de a coisa adquirida
apresentar vício ou defeito oculto que lhe impossibilite o uso ou que lhe diminua o valor.
Redimir: Tem a mesma regência e sentido de remir.
Reincidir:(t.i.) Tornar a incidir. Em Direito Penal, perpetrar (realizar) novo crime,
quando se tratar de agente de crime anterior.
Remir:(t.d.) Tem três significados: a) resgatar, pagar, liberar; b) expirar; c) tirar do
cativeiro, do poder alheio, libertar.
Remitir:(t.d.) Perdoar, não exigir, dispensar, renunciar.
Repristinar: (t.d.) Revogar (uma lei revogadora), tornar sem efeito uma lei que revogara
lei anterior.
Rerratificar:(t.d.) Tornar a ratificar.
Rescindir:(t.d.) Anular, sob reconhecimento judicial, os efeitos jurídicos do ato,
convenção ou sentença.
Resililir:(t.d.) Dissolver um acordo por anuência de ambas as partes contratantes, ou por
vontade de uma delas, distratar e rescindir.
Resolver:(t.d.) Efetuar a resolução, desfazer, dissolver ou anular um ato jurídico ou um
contrato.
Ressarcir:(t.d.) Pagar o prejuízo causado, reparar o dano, indenizar.
Retrovender:(t.d.) Vender com a faculdade de readquirir a coisa vendida, desfazer um
contrato (CC. arts. 1140 – 1143).
Revogar:(t.d.) Anular ou retirar, lícita e completamente, a eficiência do ato anteriormente
praticado.
Sancionar:(t.d.) Tem dois significados: a) dar sanção, aprovação, confirmação a uma lei;
b) ordenar, impor a pena ou coima que se dispõe no caso.
Sanear:(t.d.) Purificar, aperfeiçoar falhas, defeitos ou vícios de uma peça processual
(CPC. arts.22 e 331).
Seduzir:(t.d.) Constranger mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de quatorze
anos, a consentir em manter relações sexuais pelo ardiloso aproveitamento de sua
inexperiência ou justificável confiança (CP. 217).
Sequestrar:(t.d.) Tem dois significados: a) em Direito Processual, fazer ou decretar
sequestro, apreensão judicial de um bem determinado sobre o qual exista litígio, pondo--
o em depósito de garantia (CPC. art. 822); b) em Direito Penal, privar alguém de sua
liberdade de locomoção (ius eundi), removendo-a do lugar em que está e levando-a para
lugar que não deseja ir.
Simular:(t.d.) Praticar um ato ou acelerar um contrato sob fingimento, tendo o ânimo de
enganar, dando aparência legal ao que é ilícito (CPC. arts. 129, 404, e 768).
Sonegar:(t.d.) Ocultar ou deixar de declarar, dolorosamente, certa coisa a fim de subtraí-
la do destino que lhe deve ser reservado: eximir-se, ilicitamente, ao cumprimento de um
dever.
Sub-rogar:(t.d.) Substituir uma coisa ou pessoa por outra para que, em lugar, o objetivo
seja cumprido ou satisfeito. Também transferir direito ou encargo para outrem.
Subscrever: (t.d.) Tem dois significados: a) apor assinatura ou firma num escrito a fim
de autenticá-los, ou para se reconhecer solidário com quem foi solidário; b) em Direito
161
Comercial, assumir compromisso de concorrer com minado número de ações para a
constituição do respectivo capital.
Substabelecer:(t.d.) Transferir a outrem os poderes conferidos num determinado
mandato.
Submariar:(t.d.) Em Direito Penal, significa promover processualmente a formação de
culpa do denunciado para apurar-se a procedência ou improcedência da acusação.
Tergiversar:(int.) Quando o advogado ou procurador judicial defendem, na mesma
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias, traindo o dever profissional.
Testar:(int. e t.i.) Tem dois sentidos: a) fazer o testamento (int.) ; b) dar testemunho ou
deixar em testemunho (t.i. e i.).
Tombar:(t.d.) Cadastrar, registrar ou inventariar prédios ou imóveis nos cadastros da
municipalidade.
Turbar:(t.d.) Ferir ou perturbar direito alheio, impedindo ou procurando impedir, por
vias de fato, o seu livre exercício.
Tutelar:(t.d.) Exercer a tutela sobre, proteger na qualidade de tutor.
Usucapir:(t.d.) Adquirir o domínio por usucapião ou pela prescrição da propriedade que
se possuía durante um tempo prefixado em lei (CC. art.550).
Viciar:(t.d.) Tornar defeituoso, falho ou irregular um ato jurídico levando-o à nulidade
ou à anulação (CC. art. 101).
Viger:(int.) Vigorar, estar em execução, em uso. Vale lembrar que a forma vigir, como
se costuma encontrar, não é a forma correta.
Vilipendiar:(t.d.) Tratar, por meio de palavra, escrituras ou gestos com vilipêndio, quer
dizer, com vileza, ultraje ou desprezo quando se tratar ou for objeto de culto religioso
(CP. art. 212).

A Correspondência Oficial
Uniformização da Correspondência Oficial
No serviço público, não se podia, até pouco tempo atrás, falar em unidade dos padrões de
correspondências relacionadas aos atos administrativos oficiais.

Porém, em 1991, foi criada pela Presidência da República uma comissão que visava à
uniformização e à simplificação das normas de redação de atos e comunicações oficiais. A
partir do trabalho dessa comissão, foi elaborado, em 1992, o Manual de Redação da
Presidência da República, com a finalidade de racionalizar e padronizar a redação das
comunicações oficiais.

Desse estudo, resultou a Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992, que visa a


consolidar aquelas normas e torná-las obrigatórias no âmbito federal.

Vamos, então, estudar a nova padronização do ofício – correspondência externa – e, depois,


a do memorando – correspondência interna – dos órgãos públicos.

Ofício
Forma de correspondência oficial trocada entre chefes ou dirigentes de hierarquia
equivalente ou enviada a alguém de hierarquia superior à daquele que assina.

162
Tem como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da administração
pública entre si e também com particulares.

Circula entre agentes públicos ou entre um agente público e um particular.

A linguagem deve ser formal sem ser rebuscada, pois “ as comunicações que partem dos
órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todos e qualquer cidadão brasileiro”
(Manual de Redação da Presidência da República).

A finalidade é informar com o máximo de clareza e precisão, utilizando-se do padrão culto


da língua.

Modelo de Ofício:

Ofício nº 1 / sigla do setor

Rio de Janeiro, ...de.................... de 2000.

Senhor Cargo do destinatério,


............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
....................................................................................................................................
2 . .......................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
3 . ......................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

À
Secretaria da Receita Federal do Estado do Rio de Janeiro
Av. Presidente Antonio Carlos, 356
Rio de Janeiro – RJ
20020-010

Observação: quando o ofício tiver mais de uma página, como este, a continuação se dará na
página seguinte, com o fecho e a assinatura. O destinatário e o endereçamento ficam sempre
na primeira página.

Continuação do ofício:
2/2
..................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
163
..................................................................................................................................................
4 .
................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
Atenciosamente,
Nome
Cargo do signatário

Como se pode observar, há muita diferença em relação aos ofícios que vemos normalmente,
pois cada secretaria, estadual ou municipal, cria os seus modelos, o que contraria a
disposição federal de padronizar os documentos oficiais.

A recomendação é a de que se passe agora a empregar esta padronização recomendada pela


Secretaria de Administração Federal.

As principais observações são:


Não há mais o ano junto à numeração do ofício;
Há ponto final após a data;
O assunto é facultativo;
O vocativo segue a seguinte formalização: Senhor + Cargo (em maiúscula) do destinatário.
Exemplo: Senhor Chefe da Divisão de Serviços Gerais;
O primeiro parágrafo e o último (que é o fecho) não são numerados;
A numeração dos outros parágrafos é feita a 2,5 cm da margem esquerda da folha, é seguida
de ponto, e deve-se alinhar o começo do parágrafo pelo primeiro;
Quanto ao endereçamento no envelope, se as comunicações forem dirigidas às autoridades
tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:

Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível
Rua ABC, nº 123
01010 – São Paulo/SP

A IN nº 4/92 diz textualmente que “fica abolido o uso do tratamento Digníssimo (...)” , pois
“a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária a
sua repetida evocação”.

Quando ao destinatário não se empregar o tratamento de Excelência, é necessário dirigir-se


a ele como Vossa Senhoria, e o endereçamento ficará assim:

Senhor
Eduardo Maia
Secretário Municipal de Saúde

164
Rua XYZ, nº 789
023401 – Rio de Janeiro/RJ

Conforme o texto da IN já citada, “fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo


para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É
suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor”.

Há ainda uma observação muito interessante sobre o uso do já convencional título doutor:
“Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento e, sim, título acadêmico. Não deve ser
usado indiscriminadamente. Seu emprego deve restringir-se a pessoas que tenham tal grau
por terem concluído curso universitário de doutorado”.

Os fechos, que devem estar centralizados na folha, foram simplificados e uniformizados da


seguinte forma:

1- Respeitosamente – para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República,


e
2 – Atenciosamente – para autoridades da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.

O sinal de pontuação que se segue ao fecho é, obrigatoriamente, a vírgula..

Memorando oficial
O memorando é uma modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um
mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em um mesmo nível ou em nível diferente.
Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.
Sua principal característica é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão
deve pautar-se pela raiz e pela simplicidade de procedimentos burocráticos.

Para evitar desnecessário aumento no número de comunicação e de papel, os despachos ao


memorando devem ser dados no próprio documento.

Modelo de memorando oficial:

Memorando nº 19/DJ Em 12 de abril de 2000.

Ao Sr. Chefe do Departemento de Administração

Assunto: Administração. Instalação de microcomputadores

Nos termos do “Plano Geral de Informatização”, solicito a Vossa Senhoria verificar a


possiblidade de que sejam instalados três microcomputadores neste Departamento.

2 . Sem descer a mais detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria que o
equipamento fosse dotado de “disco rígido” e de monitor padrão “EGA”. Quanto a
programas, haveria necessidade de dois tipos: um “processador de textos” e outro
“gerenciador de banco de dados”.

165
3 . Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste Departamento
ensejará uma mais racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma
melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente.
Nome
Cargo do signatário
Observações:
Na numeração do documento não consta o ano, tal como já vimos no ofício. Consta o órgão
de origem;
A data deve figurar na mesma linha do número e da identificação do memorando;
O destinatário o memorando é mencionado pelo cargo que ocupa. Quanto ao emissor, já foi
mencionado na numeração e virá explícito na assinatura;
O assunto esclarece o teor da comunicação;
Em relação ao texto, ele segue o mesmo padrão que o ofício;
O fecho também segue a mesma normatização que o ofício.

A Correspondência Empresarial Moderna


A correspondência empresarial é, hoje em dia, não só um meio de comunicação. Ela é um
instrumento de marketing, pois se insere na realidade de um mercado competitivo em que
todas as nuances de comportamento adquirem sentido: a comunicação empresarial é a
responsável pela imagem da organização perante seu público , interno ou externo.

A correspondência empresarial trem sofrido modificações ao longo do tempo – tanto em


relação à forma quanto ao estilo da linguagem – impostas pelo dinamismo exigido pelas
organizações modernas.

Assim, há um cuidado cada vez maior para compatibilizar a eficiência da mensagem com a
sua forma. Isso tem provocado adaptações que variam de empresa para empresa, no sentido
de adequar as normas da correspondência à realidade da tramitação de informações em cada
organização, em função de sua cultura interna, de seus valores e de seu fluxograma.

As mudanças mais importantes nos documentos empresariais das empresas privadas


relacionam-se ao estilo da linguagem e à disposição dos elementos, conforme o quadro a
seguir:

Antes Agora
Estilo Prolixo – uso e abuso de Objetivo – apresentação
vocabulário mais das informações
sofisticado,clichês, necessárias com
subterfúgios. clareza.
Disposição dos elementos Denteado – com espaços Bloco – uma única margem
na margem vertical do lado
esquerda e na esquerdo.
166
abertura de
parágrafos.

Além disso, devemos considerar que o correio eletrônico tornou-se o meio pelo qual são
veiculadas as mensagens, e a utilização do papel tornou-se cada vez mais rara.

A Carta
A carta moderna sofreu muita influência dos modelos americanos, tanto na forma quanto no
etilo. No início da década de 60, o modelo que vigorava entre nós era o chamado denteado,
por causa das aberturas de parágrafos. Com a influência norte-americana, essa estética sofreu
variações, até que, no final da década de 80, foi assimilado totalmente o estilo em bloco.

Nº de expedição.
Pode aparecer isolado, combinado so setor ou à abreviatura da espécie do documento:
657, SETRE/ 657, SETRE – 657.

Por tradição, tem sido posto à esquerda, mas também pode-se colocá-lo à direita, para
facilitar o arquivamento.
Data:
Dia sem o zero à esquerda:
Porto Alegre, 3 de maio de 2000.

Em relação à data no meio do texto, pode-se optar por escrevê-la com dois dígitos ou com
um só para dia e mês:

Em resposta a sua carta de 03-5-2004 ou


Em resposta a sua carta de 3-5-04.
Nome do mês em minúscula, inclusive a letra inicial:
São Paulo, 1º de janeiro de 2004.
No ano, não há ponto nem espaço depois do milhar.
Depois da data, ponto final. Só na carta com pontuação aberta ele será dispensável.

Pontuação aberta é um recurso norte - amerciano que consiste em não se colocar nenhum
sinal de pontuação em três elementos: data, vocativo e fecho.
Em nossa cultura, esse recurso não foi bem aceito, portanto, não aconselhamos o seu uso.

Destinatário # endereçamento
Na carta moderna, não se coloca o endereço do destinatário, a não ser no envelope, por uma
questão de lógica: por que a pessoa que recebe a correspondência precisa saber de seu
próprio endereço? É claro que caberá a cada empresa organizar os seus arquivos de forma
a associar o destinatário a seu endereço.
167
A única situação em que será pertinente o uso do endereçono próprio corpo da carta será no
caso de envelopes janelados.
Eis algumas variações de como se pode esruturar o destinatário:
À facultativo
Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS
Observe o uso do “a” com acento grave, mesmo se tratando de letra maiúscula, sempre
que ficar subentendida a palavra empresa.

ou
Ao facultativo
Banco do Brasil S.A.
Agência Centro
ou ainda
À facultativo
Sul América Capitalização
Setor de Treinamento

E quando se quiser dirigir a correspondência a uma pessoa específica? Usa-se Att., At. ou
A/C?
Att. –não, porque não estamos redigindo em língua inglesa, em que a palavra é attention.
A/C – este código deve ser utilizado somente no envelope, quando uma terceira pessoa
estiver envolvida na transmissão da informação, ou seja, ela recebe a carta e a direciona a
quem de direito.
At. – é a única abreviatura possível dentro da carta, significando atenção. Pode vir junto ao
destinatário ou logo abaixo:
À
Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS
Setor de Treinamento
At.: Sra. Eliana de Souza
Observação:
A abreviatura At. nunca poderá vir ao final do texto, pois nesse caso significaria
“atenciosamente”.

Referência # Assunto
A referência diz respeito ao número do documento mencionado enquanto o assunto se refere
ao tema que será tratado na correspondência.
Assim, embora seja o que mais encontramos, é errado:

Referência: Instalação de microcomputadores.


O certo é:
Assunto: Instalação de microcomputadores.
Quando houver a necessidade de colocar o assunto e a referência, a melhor solução será:
Assunto: Instalação de microcomputadores.
Sua Carta-Proposta nº 22
168
Vocativo
Uma vez que o vocativo, como o próprio nome indica, trata de uma invocação ao
destinatário, ele deve concordar em gênero e número com este. Veja os exemplos:

À
Sul América Capitalização
Setor de Treinamento
Prezados Senhores,

À
Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS
Setor de Treinamento
At.: Sra. Eliana de Souza
Prezada Senhora,

É importante ressaltar que, depois do vocativo, usa-se a vírgula, por determinação da IN nº


4/92, constante do Manual de Redação da Presidência da República. Convém observarmos
que o uso dos dois-pontos, embora não recomendado, estaria correto do ponto de vista
gramatical.

Em muitas cartas é oportuno usar o vocativo personalizado quando se deseja fazer um apelo
mais direto e que contenha maior força de venda.

Texto
O texto inicia-se sempre sem abertura de parágrafo e não é mais imprescindível o
alinhamento pela margem direita (conforme IN nº 133/82), embora depois do incremento do
uso dos computadores seja mais usual esse alinhamento, pois basta clicar o ícone “justificar”.

A separação dos parágrafos fica demonstrada por um espaço maior entre uma linha e outra.

Observe que até mesmo o fecho “Atenciosamente” vem alinhado na mesma margem
esquerda.

Nome e cargo/função
Modernamente, não se coloca mais a linha para a anteposição da assinatura, pois todos são
capazes de assinar de forma correta independentemente da linha.

É importante ressaltar que não se antepõe o título ao nome do signatário.(Como veremos


mais adiante, nos ofícios o nome virá em letras maiúsculas).

Não se deve deixar de registrar o nome de quem está assinando, pois a assinatura é sempre
de uma pessoa e não de um setor ou divisão:
Anexos
169
A palavra anexo no canto esquerdo da carta tem a finalidade de apontar, de forma
simplificada, a inclusão de outros documentos. Como ela tem por objetivo a conferência dos
documentos inclusos, não faz sentido o uso já disseminado da expressão os citados, pois a
pessoa teria de ler todo o texto para , só depois, saber se os documentos estão de acordo.
Portanto, embora não se tenha esse costume, o mais lógico é colocar o nome do documento
citado ou a quantidade dos documentos incluídos.

anexos: Comunicado AMB nº 7


Tabela de Honorários Médicos
ou
anexos: 2
Memorando ou comunicação interna
O memorando é o instrumento empresarial para as comunicações de caráter rotineiro.
Usava-se, até pouco tempo atrás, a distinção entre memorando e comunicação interna, sendo
esta usada em um fluxo descendente (da diretoria ou gerência para os demais funcionários)
e aquele para o fluxo horizontal ou ascendente.

Hoje em dia, porém, não há mais essa distinção, sendo o memorando ou o comunicado
interno usados de forma ampla para todos os fluxos de comunicação.

É importante ressaltar que essa correspondência interna já está , em muitas empresas,


estabelecida pelo correio eletrônico.
Introdução
O texto pode ser iniciado sem o vocativo (pois este já estará presente no destinatário); porém,
o mais comum é usá-lo.
Fecho
Não é preciso colocar o fecho formal; ele pode ser mais descontraído. O mais consagrado
pelo uso é “Saudações” ou “Abraços”, no correio eletrônico.
Modelos
Apresentaremos a seguir um modelo básico de carta moderna, um de memorando sintético
e outro de memorando (ou comunicação interna) mais extenso.
Modelo de carta:
Ct 23 – DIVIRH
Rio de Janeiro, 6 de março de 2004.

À
Empresa Tal S.A.
At.: Dr. Flávio de Castro
Assunto: Padrão Datilográfico
Prezado Senhor,

170
Esta carta ilustra o preenchimento das novas correspondências das empresas. As instruções
que se seguem devem ser repassadas a todos os funcionários, responsáveis pela manutenção
de imagem de modernidade da Empresa.

A única margem aceita, a partir dos anos 90, é a da esquerda, começando-se com a data só
terminando com a assinatura. Não deve haver nenhum elemento do lado direito, à exceção
da padronização recomendada para o ofício e para o memorando das repartições públicas.

Observe-se que não se usa mais colocar o endereço do destinatário no corpo da carta, a
menos que o envelope seja janelado. Entretanto, pode ser discriminado o setor ao qual a carta
está sendo enviada.
Em relação à margem direita, ela pode, conforme instrução de 1982, não estar alinhada.
Porém, com o uso do computador cada vez mais disseminado, a tendência é manter o
alinhamento, clicando-se no ícone “justificar”.
Registre-se que a entrada de cada parágrafo já deixou de existir e a separação entre
parágrafos é feita por um espaçamento a mais. Essa orientação é válida inclusive para o
último parágrafo, cuja tendência é resumir-se na palavra “atenciosamente”.
Esperando que as novas normas reflitam o espírito de modernidade da Empresa, desejamos
sucesso.
Atenciosamente,
Miriam Gold.

Observe:
1 – Não é citado o ano junto à numeração da carta, que vem com a sigla do
departamento;
2 – A data vem à esquerda, assim como todo o resto do texto, e fecha-se com o ponto
final;
3 – O mês vem com inicial m inúscula;
4 – Não se coloca o endereço na folha da carta, só no envelope;
5 – Não se usa o pronome senhorita;
6 – Não há abertura de parágrafos;
7 – Toda carta deve vir assinada por alguém que possa ser identificado.

Quanto ao memorando de assuntos rotineiros, veja a seguir um dos modelos mais utilizados
em papel. Com a informatização dos escritórios, contudo, muitas empresas utilizam só o
correio eletrônico para tais mensagens.

Modelo de memorando sintético


Antonio,
Estou enviando os dados colhidos entre as secretárias da Empresa, visando à elaboração do
Manual da Secretária.
Gostaria que você me desse seus comentários.
171
Grato,

Modelo de memorando extenso


TIMBRE DA EMPRESA
MEMO nº23/GEREC
Porto Alegre, 5 de maio de 2000.
Prezados Gerentes,

Encaminhamos, anexos, os novos padrões de correspondência interna e externa que serão


utilizados por nossa Empresa.

Essa reformulação faz parte do processo de modernização que estamos implantando e trará
implicações tanto na agilidade das tomadas de decisão internas quanto na melhoria de
qualidade da relação com o cliente.

Esclarecemos que cada novo padrão encontra sua aplicação detalhada, consequência dos
estudos laborados pela consultoria externa em conjunto com nossos colaboradores internos.

Solicitamos, então, a divulgação para todos os setores com a recomendação de utilização


imediata.

Agradecemos sua colaboração.


Atenciosamente,
Fulano de Tal.

Aplicação
Vamos modernizar a carta a seguir, tanto nos aspectos formais quanto no texto, fazendo as
modificações necessárias.
Ct – 43/03 – D/VPES 18 de Abril de 2003
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE VITÓRIA
A/C: Sr. Fernando Matos
Ass.: suas cartas 113/03 1 117/03 – reunião 22 ABR 03

Prezado senhor,
Informamos que o Sr. Paulo Garcia Júnior estará acompanhando a comitiva do Governo do
Estado ao Chile. Estaremos enviando dois representantes para a reunião referenciada, são os
senhores: CARLOS JOSÉ DA SILVA e JURANDIR DE SOUZA.
Em relação à solicitação de um coordenador para o projeto “TURISMO ESPETACULAR”,
esclarecemos que para este prezado evento estaremos indicando o Sr. Antonio Moura Brasil.

Sem mais para o momento,


Atenciosamente,
Paulo Garcia Júnior
172
Presidente

Carta corrigida
D/VPES – 43
Rio de Janeiro, 18 de abril de 2003.
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE VITÓRIA
At.: Sr. Fernando Matos
Ref.: suas cartas 113/03 1 117/03 – reunião 22-4-03

Prezado Senhor,
Informamos que o Sr. Paulo Garcia Júnior não poderá estar presente à reunião de 22 de abril
do corrente, pois estará acompanhando a comitiva do Governo do Estado ao Chile. Assim,
enviaremos dois representantes: os senhores Carlos José da Silva e Jurandir de
Souza.

Em relação à solicitação de um coordenador para o projeto “TURISMO ESPETACULAR”,


indicamos o Sr. Antonio Moura Brasil.
Atenciosamente,
Paulo Garcia
Presidente
A Correspondência Oficial
Características Materiais do Requerimento
1) Requerimento
Definição
Instrumento pelo qual se solicita algo a uma autoridade.
Comentário 1: muitas vezes o requerimento traz a citação do amparo legal do pedido.
Comentário 2: é aconselhável deixar sete espaços entre o destinatário e o texto, onde será
redigido o despacho.
Comentário 3: os fechos do requerimento são bem específicos:
Por extenso Abreviados
Nestes Termos, N.T.
Pede Deferimento. (ou) P.D.
Espera Deferimento. (ou) E.D.

Exemplo 1:
Senhor Diretor da Faculdade de Economia da UFRJ:
Nair de Souza, aluna regularmente matriculada no segundo semestre de Economia desta
Universidade, venho requerer o trancamento de sua matrícula, em virtude de problemas de
saúde.
N.T.
P.D.
Data
Assinatura
173
Exemplo 2:
Senhor Diretor da Faculdade de Economia da UFRJ:
Eu, Nair de Souza, aluna regularmente matriculada no segundo semestre de Economia desta
Universidade, venho requerer o trancamento de sua matrícula, em virtude de problemas de
saúde.
N.T.
P.D.
Data
Assinatura

2) Recibo
Definição: documento em que se declara o recebimento de algo ou de alguma quantia.
Comentário: a quantia pode vir em destaque no lado esquerdo do documento.
Exemplo 1:
RECIBO
Recebi da empresa TOP EVENTOS a quantia de R$150,00 (cento e cinquenta reais)
referente ao valor da diária relativa ao seminário Comunicação Empresarial Escrita,
realizado em São Paulo, em 28 de novembro de 2001.
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2001.
Miriam Gold

Exemplo 2:
RECIBO
Recebi do Sr. Antonio Flores a quantia de R$5.000,00 (cinco mil reais) como sinal de compra
do apartamento 504, situado à Rua das Laranjeiras, 350, Laranjeiras, Rio de Janeiro, de
minha propriedade.
O preço total é de R$155.000,00 (cento e cinquenta e cinco mil reais), dos quais foram pagos
os presentes R$5.000,00 (cinco mil reais) e o restante será pago em três parcelas de
R$50.000,00 (cinquenta mil reais) nos dias 15 de outubro, 15 de novembro e 15 de dezembro
de 2000.
Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2000.
Augusto Toledo de Barros

3) Procuração

Definição: é um documento em que uma pessoa passa a outra autorização para tratar ou agir
em seu nome.
Comentário: só terá validade legal se a assinatura vier com firma reconhecida.
Exemplo:
174
PROCURAÇÃO
Texto-base .............(nome) ............., .............(nacionalidade) ..............
para qualquer .............(estado civil) ............., .............(profissão) .............,
procuração residente na .............(cidade) ............., .............(estado)......
particular ............., ............. portador do RG nº ............., CPF nº........
............., pelo presente instrumento de procuração constitui
e nomeia seu bastante procurador .............(nome) .............,
............. (nacionalidade) ............., .......................(est. civil)
............., .............(profissão) ............., residente à .............,
(cidade) ............., .............(estado) ............. portador do RG
nº ............., CPF nº............., para ..........................................
Texto específico ........................................................................................................
........................................................................................................
........................................................................................................
........................................................................................................
Fecho fixo podendo, para tanto, realizar todos os atos necessários para esse
fim.
.............(cidade) ............., (dia) ......., (mês) ........, de 20............

..........................(assinatura) ....................................................
firma reconhecida

4) Declaração

Definição: declaração é um depoimento.


Exemplo 1:

DECLARAÇÃO

Eu, Fulano de Tal, declaro que me foram furtados em .../.../..., RG, CIC< CNH, bem como
os cartões Credicard, American Express, Cartão Banco 24 Horas, talões de cheques Banco
X, agência Y. Assim, comunico que não me responsabilizo por cheques emitidos nem pelo
mau uso dos documentos. Ocorrência registrada em ..........................
B.O. nº ................... no mesmo dia.
Local e data
.................................................................................................
Exemplo 2:
DECLARAÇÃO
175
Declaramos que o Sr. ............................................... portador da Carteira de Trabalho
nº............... da série..................... foi nosso funcionário no período de .............................
a............................. exercendo a função de ............................. .
Informamos, ainda, que o referido empregado, durante o tempo em que aqui trabalhou,
exerceu sua função a contento, não havendo nada que possa desaboná-lo.
Local e data
.................................................................................................
Exemplo 3:
DECLARAÇÃO À PRAÇA - HOMÔNIMO
João da Silva, brasileiro, casado, aposentado, portador do RG......................... e do CIC
........................., nascido aos ....../....../....... , filho de ......................................................
e de .................................................... , residente em apartamento próprio à Rua ..........
.............................. , nesta Capital, declara à praça e a quem possa interessar o seguinte:
1º) Que não se referem a sua pessoa a emissão de cheques sem fundos divulgados em
aviso do Banco Bradesco, tratando-se, nesses casos, de um homônimo a quem
desconhece e com o qual não tem parentesco;

2º) Que quaisquer irregularidades surgidas por meio de certidões obtidas nos Cartórios
de Protestos, nos Distribuidores do Poder Judiciário do Rio de Janeiro e da Justiça
Federal, não se referem a sua pessoa, que sempre primou pela retidão de suas ações
e pontualidades nos pagamentos de sua responsabilidade.
São Paulo, .................de...............................de20......... .
João da Silva

5) Convocação

Definição: a convocação é uma espécie de convite em que não há cunho social, e sim
administrativo.
Exemplo:

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

CONVOCAÇÃO

Convocamos os Srs. Acionistas para participarem da ASSEMBLEIA GERAL


EXTRAORDINÁRIA que será realizada em 26 de janeiro de 2002, às 15 horas, na sede
social da Empresa, à Av. Copacabana, 567, C01, nesta cidade, a fim de deliberarem sobre os
seguintes assuntos:

a) Alteração do artigo 12 do Estatuto Social, para a reestruturação dos cargos do Conselho


de Administração;
b) Fixação da nova remuneração dos membros do Conselho.
São Paulo, 4 de janeiro de 2002.
Álvaro de Sá
176
Presidente do Conselho Administrativo

6) Circular

Definição: a circular caracteriza-se como uma comunicação (carta, manifesto ou ofício) que,
reproduzida em muitos exemplares, é dirigida a muitas pessoas ou a um órgão.

Comentário: numa carta do tipo circular, o receptor deve ter a impressão de que o texto foi
redigido especialmente para ele. Em muitos casos, o nome do destinatário é citado
explicitamente no vocativo.
Exemplo:
Prezado Advogado.
Nossa empresa desenvolve suas atividades de tratamento da informação na área jurídica e
conta com a experiência de mais de 15 anos. Por ocasião de sua formatura, estamos lhe
oferecendo promocionalmente nossa revista bimestral Língua Jurídica, que trata
especificamente do assunto.

Além de informes periódicos sobre questões de linguagem na área jurídica, dispomos de


uma Central de Consultas que oferece orientações para os nossos assinantes sobre a melhor
redação de determinado trecho de documento ou petição.

Com este número promocional da revista, colocamos a sua disposição uma consulta gratuita
a nossa Central de Consultas durante o próximo período de três meses. Basta mencionar o
código encontrado na capa de sua revista e imediatamente será oferecida a informação
desejada.

Temos a certeza de que nosso trabalho propiciará habilidades e informações adicionais a seu
desenvolvimento profissional. Para assinatura posterior da revista Língua Jurídica, basta
ligar para )21) 2244-5566.

Atenciosamente,
Paulo Renato de Almeida
Diretor-Presidente

7) Bilhete

Definição: é um texto simples e breve, em que se informa algo de maneira bem informal.
Comentário: hoje em dia, com a informatização dos escritórios, ele é muitas vezes
substituído pelo correio eletrônico.
Cuidado: quando for escrito em papel, é necessário o uso do bom senso: não esquecer a boa
educação e a gramática!
Exemplo:
Ana,
Preciso que você dê uma conferida nos números do relatório que deixei em sua mesa.
Obrigada,
Teresa.
177
8) Aviso ou comunicado

Definição: é um comunicado formal que serve para ordenar, cientificar, prevenir, noticiar,
convidar.
Característica básica: texto breve e linguagem clara.
Comentário: o aviso, na empresa particular, tem características muito diferentes do aviso
presente na administração pública.
Exemplo de aviso na empresa particular:

AVISO

O Departamento de Pessoal informa que as cestas de Natal de todos os empregados estarão


disponíveis a partir do dia 18 de dezembro, no Grêmio.
Exemplo de aviso na administração pública:

AVISO DE ALTERAÇÃO

1 – FURNAS Centrais Elétricas S.A. torna pública a alteração da data-limite para entrega
das propostas relativas à Tomada de Preços TP. DAQ. G.096.2001, para o dia 23-01-2002.
2 – Ficam mantidas as demais cindições do Aviso de Licitação, publicado no Diário Oficial
da União, no dia 20/11/2001.
Departamento de Aquisição

9) Atestado

Definição: atestado é uma declaração, um documento firmado por uma autoridade em favor
de alguém, que certifica, afirma, assegura, demosntra alguma coisa que interessa a outrem.

Comentário: o atestado e a declaração são documentos semelhantes, não havendo


nenhuma particularidade que os distinga.
Exemplo:

ATESTADO DE IDONEIDADE MORAL

Eu, (nome), (profissão), atesto que conheço........................................ , há .......................


(.....) anos e que é pessoa de alto conceito, digna de toda confiança e que nada existe que
possa desaboná-la.
Por ser expressão de verdade, firmo o presente atestado.
............................................. , ............ de .............................. de 20...... .
.............................................(assinatura).................................................

10) Ata

178
Definição: é o regime escrito do que se passa ou do que se passou numa reunião, assembleia
ou convenção.
Característica principal: a expressão das ocorrências da reunião de forma clara e precisa.
Comentário: é um dos documentos mais difíceis de ser elaborado em virtude da necessidade
de interpretar, selecionar e expressar informações geradas por vários emissores com a maior
fidelidade e clareza possíveis.

Requisito fundamental o redator de ata: analisar as informações expostas e saber distinguir


as ideias principais e as secundárias. Quando o texto é realizado posteriormente, é mais fácil
de ser elaborado, pois há tempo para reflexão e análise das informações, bem como para a
correta estruturação da frase.
Elementos básicos:
Dia, mês, ano e hora da reunião;
Local da reunião;
Relação e identificação das pessoas presentes;
Ordem do dia ou pauta;
Identificação do presidente e do secretário;
Fecho.
Em caso de erro:
Nos casos de erros constatados no momento de redigi-la, emprega-se a partícula corretiva
“digo”.

Quando o erro for notado após a redação de toda a ata, recorre-se à expressão “em tempo”,
que é colocada após o texto.
Exemplo: Em tempo: na linha onde se lê “bata”, leia-se “pata”.
Observação:

Hoje em dia, observa-se a tendência de modernizar as atas de forma que elas fiquem bem
mais legíveis.

Exemplo de ata tradicional:

ATA DE REUNIÃO DE DIRETORIA

Aos cinco dias do mês de fevereiro de 2002, às 14 horas, na sede da Rua dos Mananciais, nº
82 – São Paulo, reuniu-se a Diretoria da Jalento Industrial S.A., estando presentes todos os
seus membros, conforme infra-assinados, sob a presidência do Sr. Antonio de Souza, que
convidou a mim, Jaó Ângelo, para secretário. Assim reunidos, os senhores diretores, depois
de comentar os relatórios da Consultoria Dédalo sobre a necessidade de melhorias no
Atendimento ao Cliente, deliberaram sobre a liberação de verbas para o treinamento da
qualidade profissional daquele setor. Ficou resolvido também que cada Diretor efetuará uma
previsão orçamentária sobre sua disponibilidade financeira para tal treinamento e o assunto
será discutido na próxima reunião semanal de diretoria. Nada mais havendo a tratar, foi
encerrada a reunião, lavrando-se a presente Ata, que, lida e achada conforme, vai ser assinada
por todos os presente. São Paulo, 5 de fevereiro de 2002.

179
Exemplo de ata moderna:

ATA DE REUNIÃO DE DIRETORIA

Data: 05-2-2002
Hora: 14 horas
Local: na Rua dos Mananciais, nº 82 – São Paulo - SP
Pauta:
1 – Análise do relatório da Consultoria Dédalo;
2 – Deliberação sobre a liberação de verbas para treinamento do Setor de Atendimento ao
Cliente.
Presentes:
Presidente – Sr. Antonio de Souza
Diretor Administrativo – Sr. João Ângelo
Diretor de Produção e Comercialização – Sr. Germano Bracht
Diretor Financeiro – Sra. Clarice Sá

Considerações
1 – Há necessidade real de melhoria do Atendimento ao Cliente;
2 – Há necessidade de verbas para a realização de treinamento.

Deliberações
1 – Cada Diretor efetuará uma previsão orçamentária sobre sua disponibilidade financeira
para a realização de treinamentos visando à melhoria no Atendimento ao Cliente.
2 – As verbas disponíveis para os treinamentos e um cronograma de treinamento serão
discutidos na próxima reunião semanal da Diretoria.
São Paulo, 5 de fevereiro de 2002.
Assinatura dos presentes
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Exemplo de ata tradicional de condomínio:


ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO
BARROS SÁ, REALIZADA NO DIA 22 DE MARÇO DE 2002;
Aos vinte e dois dias do mês de março do ano de dois mil e dois, por não ter havido número
legal de condôminos presentes às vinte horas em primeira convocação, reuniram-se em
Assembleia Geral Ordinária às vinte horas e trinta minutos em segunda e última convocação
os Srs. Condôminos do Edifício BARROS SÁ, situado à Rua Santa Clara nº 333, nesta
cidade, para, previamente convocados por Edital distribuído aos interessados, mediante
protocolo e/ou correspondência postal, no próprio prédio deliberarem sobre a seguinte
Ordem do Dia: 1) PRESTAÇÃO DE CONTAS; 2) ELEIÇÃO DE SÍNDICO E
CONSELHO CONSULTIVO; 3) PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA; 4) ASSUNTOS
GERAIS. Aberta a sessão, foi indicada para presidir os trabalhos a Sra. Sandra Vieira (aptº
301), que, aceitando, convidou a Sra. Neide Gomes, representante da HOUSE & QUALITY,
180
para secretariar os trabalhos. Procedeu-se à leitura do Edital de Convocação, não se
registrando nenhuma reclamação ou impugnação. Passou-se ao primeiro item,
PRESTAÇÃO DE CONTAS, e, por unanimidade, as contas do Sr. Síndico foram
aprovadas. No segundo item, ELEIÇÃO DE SÍNDICO E CONSELHO CONSULTIVO,
foi reeleito por unanimidade para o cargo de síndico o Sr. José Ribeiro (Cob.02) e para
compor o Conselho Consultivo foram eleitos os condôminos: SandraVieira (aptº 301 –
Presidente do Conselho), Sra. Sueli (aptº 601), Dr. Marcos Nascimento (aptº 303) e Sra.
Regina Melo (aptº 906). Finalizando este item, fica a administração ora eleita empossada por
um período de um ano. No terceiro item, PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA, foi apresentado
ao plenário um estudo orçamentário, o qual consignava uma receita no valor de R$9.360,00
(nove mil, trezentos e sessenta reais), perfazendo um reajuste na atual receita de 26,74%.
Colocada a matéria em votação, foi decidido por unanimidade não reajustar a cota
condominial, mantendo a mesma receita líquida no valor de R$7.385,02 (sete mil, trezentos
e oitenta e cínico reais e dois centavos) rateados pela fração ideal de cada unidade. Ainda
neste item, ficou deliberado, por unanimidade, que o Sr. Síndico poderá repassar para a conta
do condomínio na House & Quality a verba da Caderneta de Poupança do BANERJ, quando
houver necessidade de cobrir o saldo devedor. Ficou também aprovado por unanimidade que
o Sr. Síndico, com o Conselho Consultivo, poderá reajustar a cota condominial quando julgar
necessário, independentemente de aprovação de assembleia, até o percentual de 30% (trinta
por cento). No quarto e último item, ASSUNTOS GERAIS, foram abordados os seguintes
assuntos:1) Foi solicitado que a House & Quality comunique ao procurador da unidade 902
o dano causado na caixa do telefone do nono andar, bem como que seja retirado o entulho,
proveniente de obras realizadas em seu apartamento, da garagem, num prazo de três dias
úteis, caso contrário o condomínio tomará as medidas necessárias; 2) Os condôminos
presentes solicitam aos moradores que seja feita uma manutenção nos aparelhos de ar-
condicionado, para evitar gotejamento irregular, o que é proibido conforme a Lei nº 2749,
de 23 de março de 1999; 3) O Sr. Síndico providenciará o conserto do barbará entupido na
garagem, bem como do furado; 4) O Sr. Síndico informou que está negociando o contrato
com a empresa de elevadores no valor de R$780,00 (setecentos e oitenta reais) ; 5) Foi
solicitado que sejam lixadas e pintadas as portas dos elevadores, como também que seja
verificado um local para colocação do escaninho; 6) Será colocado borrachão no elevador
de serviço e corrimão nas escadas; 7) Foi informado que a unidade 1005 joga lixo pela janela,
conforme papel encontrado por moradores no lixo, identificando a unidade. Nada mais
havendo a ser tratado, a Sra. Presidente deu por encerrados os trabalhos, dos quais, eu,
secretária, lavrei a presente ata, a qual segue assinada por mim e pela Sra. Presidente. Rio
de Janeiro, 22 de março de 2002.
PRESIDENTE: SANDRA VIEIRA
SECRETÁRIA: NEIDE GOMES
11) Acordo
Definição: o acordo é um ajuste, uma convenção de regras que servem às partes.
Exemplo:
ACORDO

Pelo presente acordo de trabalho, celebrado entre a firma .................. , estabelecida nesta
cidade, à .............................. , de um lado, e seus empregados abaixo assinados, de outro,
fica estipulado o seguinte:

181
a) de segunda a sexta-feira os empregados terão seus horários prorrogados em uma hora
diária;
b) os empregados perceberão o acréscimo de 10% (dez por cento) sobre o valor da
hora normal durante a hora suplementar de trabalho;
a) o presente contrato poderá ser denunciado por quaisquer das partes mediante
aviso prévio de 15 (quinze) dias.
E, como ambas as partes de pleno acordo, firmam o presente contrato em 3(três) vias do
mesmo teor, perante as testemunhas infra-assinadas.
São Paulo, 15 de maio de 2001.
Testemunhas:
Assinatura do representante dos trabalhadores
Assinatura do representante da empresa
Assinatura dos trabalhadores

Guia Prático da Nova Ortografia


O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas
na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São
Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau,Moçambique e, posteriormente, por Timor
Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de
1995.

Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando
nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas
observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo
em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.

Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um


roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente sobre as novas regras.

Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resolver
rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem
preocupação com questões teóricas.

Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.


O alfabeto completo passa a ser:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da
nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W
(watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser
pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
182
Como era Como fica
agüentar aguentar
argüir arguir
bilíngüe bilíngue
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
eqüestre equestre
freqüente frequente
lingüeta lingueta
lingüiça linguiça
qüinqüênio quinquênio
sagüi sagui
seqüência sequência
seqüestro sequestro
tranqüilo tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.


Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras
que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica


alcalóide al-ca-loi-de
alcatéia al-ca-tei-a
andróide an-droi-de
apóia (verbo apoiar) a-poi-a
apóio (verbo apoiar) a-poi-o
asteróide as-te-roi-de
bóia boi-a
celulóide ce-lu-loi-de
clarabóia cla-ra-boi-a
colméia col-mei-a
Coréia Co-rei-a
debilóide de-bi-loi-de
epopéia e-po-pei-a
estóico es-toi-co
estréia es-trei-a
estréio (verbo estrear) es-trei-o
geléia ge-lei-a
heróico he-roi-co
idéia i-dei-a
jibóia ji-boi-a
jóia joi-a
183
odisséia o-dis-sei-a
paranóia pa-ra-noi-a
paranóico pa-ra-noi-co
platéia pla-tei-a
tramóia tra-moi-a

Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser
acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis,
herói, heróis, troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem
depois de um ditongo.

Como era Como fica


baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
cauíla cauila
feiúra feiura

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de


s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como fica


abençôo abençoo
crêem (verbo crer) creem
dêem (verbo dar) deem
dôo (verbo doar) doo
enjôo enjoo
lêem (verbo ler) leem
magôo (verbo magoar) magoo
perdôo (verbo perdoar) perdoo
povôo (verbo povoar) povoo
vêem (verbo ver) veem
vôos voos
zôo zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s),
pêlo(s)/pelo(s), pólo(s) / polo(s) e pêra / pera.

Como era Como fica


Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.

184
Atenção:

• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo


poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular.
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

•Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.


Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

•Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim
como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma / fôrma. Em


alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma
da fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles)
arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar,
averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem
duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo
e também do imperativo.
Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:

• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues,


enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas,
delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.

Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que
as outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,
enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas,
delinquam.
185
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata
ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos
leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos
mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.

As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos


ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como:
aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra,
geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós,
pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.


Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
co-herdeiro
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se
inicia o segundo elemento.
Exemplos:
aeroespacial
agroindustrial
anteontem
antiaéreo
antieducativo
autoaprendizagem
autoescola
autoestrada
autoinstrução
coautor
coedição
extraescolar
infraestrutura
plurianual
semiaberto
semianalfabeto
semiesférico
186
semiopaco

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este
se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar,
coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por consoante diferente de r ou s. Exemplos:
anteprojeto
antipedagógico
autopeça
autoproteção
coprodução
geopolítica
microcomputador
pseudoprofessor
semicírculo
semideus
seminovo
ultramoderno

Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante
etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:
antirrábico
antirracismo
antirreligioso
antirrugas
antissocial
biorritmo
contrarregra
contrassenso
cosseno
infrassom
microssistema
minissaia
multissecular
neorrealismo
neossimbolista
semirreta
ultrarresistente.
ultrassom

5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
pela mesma vogal.
Exemplos:
anti-ibérico
187
anti-imperialista
anti-inflacionário
anti-inflamatório
auto-observação
contra-almirante
contra-atacar
contra-ataque
micro-ondas
micro-ônibus
semi-internato
semi-interno

6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
pela mesma consoante.
Exemplos:
hiper-requintado
inter-racial
inter-regional
sub-bibliotecário
super-racista
super-reacionário
super-resistente
super-romântico

Atenção:
• Nos demais casos não se usa o hífen.
Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região,
sub-raça etc.

• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento
começar por vogal. Exemplos:
hiperacidez
hiperativo
interescolar
interestadual
interestelar
interestudantil
superamigo
superaquecimento
supereconômico
superexigente
superinteressante
superotimismo

188
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
girassol
madressilva
mandachuva
paraquedas
paraquedista
pontapé

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de
palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

Exemplos:
Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
O diretor recebeu os ex-alunos.

Resumo
Emprego do hífen com prefixos

Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h:
anti-higiênico, super-homem.

Outros casos:
189
1. Prefixo terminado em vogal:
• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.
• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

2. Prefixo terminado em consoante:


• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
• Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
• Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações:
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região,
sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano,
subumanidade.

2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se


inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen:


vice-rei, vice-almirante etc.

5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição,
como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc.

6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen:
ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular,
pró-europeu.

A Editora Melhoramentos, sempre preocupada em auxiliar os estudantes brasileiros no


seu aprendizado e crescimento pessoal, lança o Guia Prático da Nova Ortografia, que
mostra, de maneira clara e objetiva, as alterações introduzidas na ortografia do português
pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

A implantação das regras desse Acordo, prevista para acontecer no Brasil a partir de
janeiro de 2009, é um passo importante em direção à criação de uma ortografia unificada
para o português, a ser usada por todos os países que tenham o português como língua
oficial: Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e Timor Leste.

Este guia não tem por objetivo elucidar pontos controversos e subjetivos do Acordo, mas
acreditamos que será um valioso instrumento para o rápido entendimento das mudanças
na ortografia da variante brasileira.

190
As dúvidas que porventura existirem após a leitura do Guia Prático da Nova Ortografia
certamente serão resolvidas com a publicação de um Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa (VOLP), como está previsto no Acordo.
Editora Melhoramentos
agosto de 2008

Bibliografia básica:

1) DISCINI, Norma. Comunicação nos Textos. São Paulo: Contexto, 2005;


2) FÁVERO, L.L. & KOCK, Ingedore G. Villaça. Linguística Textual: introdução. São
Paulo: Cortez, 1993;
3) FURNHAM, A. Linguagem Corporal no Trabalho. São Paulo: Nobel, 2001;
4) GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: FGV,
1990;
5) GOLD, Miriam. Redação Empresarial. São Paulo: Pearson, 2005;
6) KOCK, Ingedore G. Villaça. A Coerência Textual. São Paulo: Contexto, 1996;
7) ______________________ .A Coesão Textual. São Paulo: Contexto, 1996;
8) ______________________. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Contexto, 1996;
9) NETO, M. Octaviano. Competência em Comunicação Organizacional Escrita. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2003;
10)PERELMAN, Cahim. Tratado da Argumentação. São Paulo: Martins Fontes, 1996;
11) TEIXEIRA, Leonardo. Comunicação na Empresa. Rio de Janeiro: FGV, 2007;
12)ABREU, Antônio Soares. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 1993;
13) CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Friburgo, 1985.
14) FAULSTICH, Enilde L. de J. Como Ler, Entender e Redigir um Texto. 2ª edição.
Petrópolis: Vozes, 2000.
15) FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de Texto: Leitura e
Redação. 3ª edição. São Paulo: Scipione,1999.
16) VIANA, Antônio Carlos (Coord.) Roteiro de Redação: Lendo e Argumentando.
São Paulo: Scipione,1998.
17) INFANTE, Ulisses. Do Texto ao Texto: curso prático de leitura e redação. 5ª
edição. São Paulo: Scipione, 2001.
18) INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. 6ª edição.São Paulo:
Scipione, 2001.
19) VANOYE, Francis. Usos da Linguagem: problemas e técnicas na produção oral e
escrita. 7ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
20) SANTOS, Volnyr & MOTTA, Adir de Souza. Português Contemporâneo. Porto
Alegre: Sagra S.A.
21) NETO, Pasquale Cipro & INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. 1ª
edição. São Paulo: Scipione,1997.
22) BECHARA, Evanildo. Gramática Escolar da Língua Portuguesa. 1ª edição. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2003.
23) FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para Entender o Texto. 6ª
edição. São Paulo: Ática, 1998.
24) JUNIOR, Joaquim Mattoso Camara. Dicionário de Linguística e Gramática:
referente à Língua Portuguesa. 26ª edição. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
25) CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção. 2ª ed. São Paulo: Moderna,
2001.
191
26) LEME, Odilon Soares. Linguagem, Literatura e Redação. 1ª edição. São Paulo: Ática,
2004.
27) PASCHOALIN, Maria Aparecida & SPADOTO, Nueza Terezinha. Gramática:
teoria e exercícios. Nova edição. São Paulo: FTD,1996.
28) XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito: linguagem forense / Ronaldo
Caldeira Xavier. – Rio de janeiro, 2010.

192

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