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Coimbra
Dezembro, 2012
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA
Coimbra
Dezembro, 2012
PENSAMENTO
DA – Doença de Alzheimer
DV – Demência Vascular
NMDA – N-metil-D-aspartato
QI – Quoficiente de Inteligência
RC – Reabilitação Cognitiva
RN – Reabilitação Neuropsicológica
Ao realizar este estudo questionamo-nos acerca dos efeitos que um PRC pode trazer
a nível funcional com repercussão nos autocuidados, e a nível cognitivo das pessoas
com demência. Definimos como objetivos, avaliar os efeitos da aplicação de um PRC
no estado de independência funcional, nos autocuidados: higiene, vestir-se, comer,
deambular e no estado de orientação e memória das pessoas com demência
submetidas ao programa.
Da análise dos resultados, ressalta que após a aplicação do PRC houve melhoria do
estado cognitivo, da orientação e da independência funcional das pessoas com
demência submetidas ao programa, que se tornaram mais independentes no
autocuidado: higiene, vestir-se, comer e deambular. Em relação à memória, os
resultados obtidos não são suficientes para demonstrar melhoria no seu estado. No
entanto, verificou-se conservação da capacidade de retenção, melhoria na evocação e
diminuição da assistência necessária para a execução de tarefas diárias que envolvem
a memória.
ABSTRACT
The number of worldwide people with dementia is very high and it seems to be double
in twenty years. This problem has not been treated and so has a very high impact in
patients, healthcares and families. It is very important to find strategies to support these
people, in what concerns their independency and functional capacity. Some programs
have been developed like the Cognitive Rehabilitation Program (CRP).
The specialists nurses in rehabilitation are very competent in this kind of intervention
and so, this area has become one of the most interesting area for nursing, specially for
rehabilitation nursing.
What kind of effects can we expect from the CRP? Our main goal in this study is
evaluate the effects of the CRP in the dementia patient’s independency, such as daily
auto care activities (get dress, eat, walk); their orientation and memory state.
The investigation method was quantitative, with pre- experimental pre and post design
in a single group. The CRP was composed by exercises (to train their orientation and
memory; and daily auto care nursing interventions - get dress, eat and walk). This
program was applied during three weeks and used measuring instruments, Mini-Mental
State Examination, and Functional Independent Measure before and after their
application. This study includes data from 33 patients with dementia that were
hospitalized in the ward where the study was developed.
The results show that the CRP brings improvements of the dementia´s patient cognitive
and orientation state and also more independency in their daily activities (get dress,
eat, and walk). In what concerns memory, the results are not enough to prove a better
memory achievement, but there was less nursing requests in activities that involve
patient´s memory.
ÍNDICE DE QUADROS
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Pág.
INTRODUÇÃO 13
CAPITULO 1 – DEMÊNCIA 18
2. 4 - MODALIDADES DE APLICAÇÃO 47
3 - MATERIAIS E MÉTODOS 56
3.1.1 - Objetivos 59
3.1.2 - Hipóteses 59
CONCLUSÃO 119
BIBLIOGRAFIA 123
ANEXOS
ANEXO I - Programa de Reabilitação Cognitiva
ANEXO II - Pedido de Autorização dirigido à Diretora Clínica do serviço para
recolha de dados
ANEXO III - Pedido de Autorização à Comissão de Ética para a recolha de
dados
ANEXO IV - Autorização da Comissão de Ética para a Saúde e do Conselho
de Administração do Hospital Sobral Cid para a realização do estudo
ANEXO V - Consentimento informado dirigido aos familiares/cuidadores e
doentes
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
INTRODUÇÃO
Manzine e Pavarini (2009) revelam que o aumento da prevalência das demências tem
impulsionado a necessidade de mais pesquisas nesta área. Para além dos números e
custos serem assustadores, o impacto sobre os doentes, cuidadores e familiares é
extremo - medicamente, psicologicamente e emocionalmente. A demência afeta
profundamente a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus cuidadores
e por este motivo é considerada uma prioridade de saúde pública (WHO, 2012).
Mediante estes aspetos e uma vez que não existe cura ou reversão da deterioração
neurológica causada pela demência, preconiza-se o enfoque em programas de
reabilitação cognitiva que tenham como objetivo minimizar a velocidade de progressão
dos sintomas. Todavia, por se tratar de uma área de recente desenvolvimento de
pesquisa, existe uma descrença quanto à eficácia da reabilitação de pessoas com
disfunções cerebrais decorrentes de uma doença degenerativa. Alguns autores
referem que os efeitos só se verificam a nível cognitivo, não contribuindo para a
melhoria da independência funcional, e que os ganhos não são mantidos para além do
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Após terem sido delineados os objetivos, foi dado seguimento a uma linha
metodológica que incluiu pesquisa bibliográfica que forneceu uma base teórica e
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Este estudo identifica quais os efeitos que um programa de reabilitação cognitiva pode
trazer a nível de independência funcional e nos autocuidados: higiene, comer, vestir-se
e deambular, bem como no estado de memória e orientação, e enquadra-se na
categoria da investigação pré-experimental de desenho antes-após com grupo único.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
PRIMEIRA PARTE
I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
CAPITULO 1 – DEMÊNCIA
De acordo com dados da Alzheimer Portugal (2012) estima-se que existam no país
cerca de 153.000 pessoas com demência, das quais 90.000 com doença de
Alzheimer. Cerca de 1 em cada 20 pessoas acima dos 65 anos e 1 em cada 5
pessoas acima dos 80 anos sofrem de demência, sendo a DA responsável por metade
desses casos.
O total de custos sociais associados à demência, a nível mundial, foi calculado em 604
biliões de dólares em 2010. No que respeita à Europa, estima-se que terá sido de
210.12 biliões de dólares na Europa Ocidental, 14.19 biliões de dólares na Europa
Central e 14.33 biliões de dólares na Europa de Leste (WHO, 2012).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
vida das pessoas com demência e dos seus cuidadores, sendo por esse motivo
considerada uma prioridade de saúde pública.
Sabe-se que a demência encurta a vida das pessoas. Estima-se que a sobrevivência
mediana das pessoas com DA, seja de 7,1 anos e de 3,9 anos para as pessoas com
demência vascular (DV). No entanto, a contribuição independente da demência na
mortalidade é difícil de avaliar. Atestados de óbito não são confiáveis, já que a
demência raramente é considerada como direta ou subjacente causa da morte. As
pessoas com demência, têm muitas vezes co-morbilidades, condições de saúde que
podem ou não estar relacionadas com o processo demencial e que por sua vez podem
acelerar a morte. No entanto, a morte das pessoas que sofrem de demência não
podem ser automaticamente consideradas mortes atribuíveis à demência e as
pessoas podem viver durante muitos anos após o aparecimento dos sintomas (WHO,
2012).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Para Nunes (2012) a demência pode ser definida como o declínio de funções
cognitivas, incluindo memória, capacidade de raciocínio e de julgamento, na ausência
de delírio ou obnubilação de consciência, e persistente por um período não inferior a
seis meses. Marques, Firmino e Ferreira (2006) acrescentam ainda a linguagem, o
cálculo, a capacidade de reconhecimento e identificação, a capacidade de executar
tarefas motoras, as aptidões visuo-espaciais, a capacidade de abstração, de
planeamento, de organização, de monitorização e de resolução de problemas, como
funções cognitivas que poderão ser afetadas. Aos défices descritos podem ainda
associar-se mudanças no estado psicológico e no comportamento do doente,
suscetíveis de sugerir alterações da sua personalidade.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Marques, Firmino e Ferreira (2006) referem que o quadro clínico das demências pode
ser provocado por uma grande variedade de patologias. Por esse motivo, o processo
de diagnóstico diferencial num doente com suspeita de síndrome demencial é bastante
complexo e baseia-se fundamentalmente na clínica, pois ainda não estão disponíveis
exames complementares que validem de forma inequívoca o diagnóstico, para todos
os casos.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Nos últimos anos deparamo-nos com um novo conceito que ainda não está
adequadamente dentro das classificações mencionadas, que é o “défice cognitivo
ligeiro”. Para além dos doentes com quadros demenciais bem definidos, existem
indivíduos que mantêm intactas as atividades de vida diária (AVD) e a função cognitiva
geral, mas apresentam compromisso subjetivo e objetivo da memória, quadro
denominado como défice ou defeito cognitivo ligeiro (Barreto, 2012).
De acordo com a autora, entre variados outros fatores, o sexo feminino e a baixa
escolarização, têm sido para além da idade, os fatores de risco mais vezes
relacionados com o aparecimento da demência. Parece existir uma maior prevalência
nas mulheres, sendo que a baixa escolarização se correlaciona com maior prevalência
em ambos os sexos. Também a ocupação profissional ao longo da vida se parece
relacionar com o risco de demência.
No entanto, embora a demência afete principalmente as pessoas mais velhas, não faz
parte do envelhecimento normal e há um crescente número de casos que começam
antes da idade de 65 anos. Entre esse maior grupo de pessoas com idade de início
jovem, predomina o sexo masculino sobre as mulheres com uma razão de sexo de 1,7
para 1 (WHO, 2012).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
De acordo com Alzheimer’s Disease International (2009) e WHO (2006) apud WHO
(2012) cada fase (inicial, intermédia e final ou tardia) apresenta alguns sinais e
sintomas característicos. Os sintomas mais comuns vividos por pessoas com
síndrome de demência em cada uma das fases são apresentados de seguida.
De acordo com WHO (2012) os quatro subtipos mais comuns de demência são, por
ordem de frequência: demência de Alzheimer, demência vascular, demência de corpos
de Lewy e demência frontotemporal. As fronteiras entre os subtipos são indistintas e
muitas vezes podem co-existir formas mistas.
palavras, conceitos e factos, apresenta falhas que podem ser consideradas como
sinais cognitivos de DA no estádio inicial, servindo como importantes marcadores para
o diagnóstico diferencial de outras demências como a demência vascular. Sabe-se
ainda que comprometimentos severos da memória semântica assinalam que a doença
atingiu um estado avançado (Brandão,Wagner e Carthery-Goulart, 2006).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Podem surgir logo desde o início incontinência urinária, alterações da marcha (passos
pequenos de base alargada), flutuações do desempenho cognitivo, confusão noturna e
labilidade emocional com irritabilidade. Deteta-se geralmente disartria, perda da
inflexão da voz, pobreza da mímica facial, prejuízo da atenção e das funções
executivas (Marques, Firmino e Ferreira, 2006). A relativa preservação da
personalidade e do sentido crítico (insight), humor deprimido, labilidade emocional,
queixas somáticas e o aspeto em mosaico (ilhas bem preservadas de funcionamento
que ocorrem em simultâneo com áreas relativamente deterioradas) dos défices
cognitivos no exame do estado mental são mais comuns na demência vascular do que
noutros tipos de demência (Spar e La Rue, 2005).
Este tipo de demência é caracterizado por uma síndrome mista: défice de atenção e
das funções executivas com alterações da memória e da perceção visual sugestivas
de envolvimento dos lobos parieto-occipitais (são frequentes as alucinações e ilusões
visuais, bem como ideias delirantes sistematizadas). Distingue-se da DA pela
preservação da memória verbal e pelas aptidões visuo-espaciais estarem mais
afetadas. É comum encontrar flutuações da consciência e do desempenho cognitivo
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
cujos défices não costumam ser muito marcados. A evolução pode ser rápida e
determinar um estado demencial grave. São frequentes os episódios de síncope,
quedas repetidas e perturbação do sono. Pode observar-se bradicinesia e rigidez, mas
não tremor. Os doentes são muito sensíveis aos antipsicóticos clássicos que estão
conta-indicados, esta hipersensibilidade manifesta-se por uma clínica semelhante à
síndrome maligna dos neurolépticos e pode ser fatal. Também os medicamentos
antiparkinsónicos devem ser evitados, mesmo em doses pequenas, por
desencadearem confusão e alucinações (Santana, 2012; Marques, Firmino e Ferreira,
2006).
A demência frontotemporal inclui uma série de entidades que têm em comum a afeção
predominante do lobo frontal e da porção anterior do lobo temporal (Santana, 2012;
Marques, Firmino e Ferreira, 2006; Spar e La Rue, 2005). Os principais contribuintes
para esta categoria são a clássica doença de Pick, a gliose subcortical progressiva e a
esclerose lateral amiotrófica. Devido à heterogeneidade histopatológica desta
síndrome e à sobreposição das suas características clínicas com a DA e DV é difícil
estimar a sua prevalência. A idade típica de aparecimento situa-se entre os 50 e os 60
anos, estando presente história familiar de demência em cerca de metade dos casos
(Spar e La Rue, 2005).
A demência também pode ser causada por outras doenças com patologia
primariamente do sistema nervoso central (SNC), como a esclerose múltipla e
esclerose lateral amiotrófica e pode igualmente ser provocada por patologia
extracerebral, intracraniana ou extracraniana. Existem ainda certas substâncias, com
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
atividade sobre o SNC, capazes de produzir intoxicação (na qual o défice cognitivo
pode ser suficientemente grave para noutras circunstâncias ser classificado como
demência) ou provocar demência propriamente dita, que persiste ao longo de meses
ou anos depois do uso dessa substância ter terminado. O álcool é o exemplo clássico
de uma substância desse tipo, podendo estar na origem de uma demência alcoólica
(Spar e La Rue, 2005).
Oslin e colaboradores (1998) apud Spar e La Rue (2005) propuseram alguns critérios
de diagnóstico para a demência relacionada com o álcool, para facilitar a elaboração
do diagnóstico, tais como: o diagnóstico só pode ser feito 60 dias depois do último
consumo; uso significativo de álcool, definido por um consumo médio de, no mínimo,
35 doses por semana para os homens e 28 para as mulheres; inclusão de sinais
físicos, tais como, lesão de sistemas orgânicos relacionados com o álcool, ataxia ou
polineuropatia sensorial periférica no diagnóstico e evidência de atrofia cerebral
(especialmente do vérmis) na neuroimagiologia.
Ainda de acordo com WHO (2012) os resultados de vários estudos indicam que a
demência frontotemporal é um subtipo de demência comum de início jovem,
particularmente entre os homens até aos 55 anos. A demência vascular é também
relativamente mais comum entre homens com idades entre 45-75 anos de idade.
Enquanto a proporção de casos de demência atribuíveis à DA, o subtipo geral mais
comum, é relativamente constante entre as mulheres. Estudos realizados em vários
países desenvolvidos relataram uma maior prevalência da DA do que da DV, isto pode
ser devido ao aumento da longevidade e melhor saúde física. A DA tipicamente
aparece numa idade mais tardia comparativamente com a DV e por isso aumenta à
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
medida que aumenta o número de pessoas mais idosas. Melhor saúde física reduz a
doença cerebrovascular e, portanto, o número de pessoas com DV.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
A abordagem inicial deve ser em geral não farmacológica (Overshott e Burns, 2006),
se a sua gravidade ou especificidade não impuserem medicação imediata (Mendonça
e Couto, 2012). Em relação à terapêutica farmacológica, ainda segundo Mendonça e
Couto (2012) deve ter-se em consideração serem doentes idosos, com particular
sensibilidade a medicamentos psicotrópicos. Desta forma, é prudente começar com
doses baixas, ajustando subsequentemente a medicação de forma gradual.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Quando um enfermeiro cuida de um doente com demência deve interagir com este e
com a família, uma vez que ambos serão afetados pelas mudanças associadas à
doença. Assim, os enfermeiros devem ser sensíveis aos aspetos emocionais que os
familiares enfrentam e ter presente que o apoio e educação dos cuidadores consistem
em componentes essenciais do atendimento. Deve-se além dos ensinos, informar
acerca dos apoios disponíveis na comunidade para estas situações como a Alzheimer
Association, Alzheimer Portugal, ou grupos similares (Monahan et al., 2010).
Com o apoio adequado, muitos doentes com demência podem e devem ter a
possibilidade de continuar a participar e contribuir na sociedade, assim como ter uma
boa qualidade de vida (WHO, 2012).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Tal como acontece com a RC e RN, também os termos "formação ou treino cognitivo",
"estimulação" e "reabilitação" têm sido usados como sinónimos, embora atualmente
sejam reconhecidas diferenças entre estas abordagens. Por exemplo, enquanto a
estimulação cognitiva envolve a participação em atividades de grupo e discussões que
visam a melhoria do funcionamento cognitivo e social; a formação cognitiva baseia-se
na prática repetida e padronizada de tarefas para melhorar a função cognitiva afetada,
o que, por vezes, desconsidera as necessidades individuais da pessoa doente (Clare e
Woods, 2004). O treino cognitivo envolve a prática guiada sobre um conjunto de
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
A necessidade de melhorar a qualidade de vida dos idosos em geral, bem como dos
doentes com demência e das suas famílias, tem contribuído para o desenvolvimento
de programas de intervenção para idosos com alguma incapacidade e de programas
de reabilitação específicos para doentes com demência (Guerreiro, 2012). A autora
refere que apesar de já nos anos 60 e 70 se falar em técnicas de reabilitação cognitiva
aplicadas a doentes com demência, o interesse científico pela reabilitação nesta área
é relativamente recente, sendo a maioria dos trabalhos publicados a partir dos anos
90. Manzine e Pavarini (2009) partilham desta opinião e acrescentam que o aumento
da prevalência das demências tem impulsionado a necessidade de mais pesquisas
nesta área. Os resultados dos estudos demonstraram um aumento da produção
científica a partir de 2001 sobre o tema da reabilitação cognitiva em idosos com
demência de tipo Alzheimer. Os níveis mais elevados de prova foram observados nas
publicações mais recentes, o que demonstra a crescente importância e interesse nos
últimos anos da produção científica em abordar o cuidado e assistência às pessoas
com demência e seus familiares ou cuidadores.
A reabilitação cognitiva tem sido recentemente aplicada para ajudar as pessoas com
demência (Clare e Woods, 2001), onde os objetivos são definidos em colaboração
com os doentes e suas famílias, tendo por finalidade enfrentar as dificuldades que eles
consideram mais relevante (Clare e Woods, 2004). Roca et al. (2010) acrescentam
que a melhoria substancial percebida pelo doente e familiares sugere a possibilidade
intrigante de que a reabilitação cognitiva pode melhorar, pelo menos temporariamente,
os problemas quotidianos causados por esta doença.
Uma vez que não existe cura ou reversão da deterioração neurológica causada pela
demência, os tratamentos disponíveis farmacológicos e não farmacológicos tentam
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Segundo Wilson (1996) apud Ávila e Miotto (2002) idosos sem atividades podem
perder algumas das suas capacidades intelectuais, portanto, estímulos como
exercícios são importantes, a fim de proteger o intelecto contra a deterioração.
Pessoas que continuam a aprender preservam um nível elevado de performance,
como por exemplo um professor de 60 anos tem performance igual a um de 30 anos
em testes de aprendizagem e memória. Existe a hipótese de que o treino e atividades
cognitivas possibilitem aos idosos manter as habilidades em uso, e de que o uso induz
a plasticidade do sistema nervoso. Além disso, é possível que por meio da ativação de
áreas seletivas do cérebro durante a vida, este possa proteger-se do processo
degenerativo. Também há suposições de que um certo nível de plasticidade neural
persiste durante a terceira idade e na DA. Assim sendo, se os exercícios atuam sobre
a plasticidade neural e ela ainda existe em idosos com DA, exercícios cognitivos feitos
na reabilitação podem agir positivamente no cérebro desses doentes. Kolb e Gibb
(2008) acrescentam que a hipótese da existência de interações plásticas e recíprocas
entre o organismo e o ambiente reforça a ideia de que os programas de reabilitação
neuropsicológica em situações ambientais possuem a capacidade de estimular
plasticamente a base biológica da memória.
Esta proposta de estimulação da memória está de acordo com Wilson (1997) apud Da-
Silva et al. (2011) que enfatiza que, independentemente da dificuldade em se
recuperar plenamente a memória de doentes com distúrbios amnésicos orgânicos, não
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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O Treino Cognitivo tem sido proposto como uma oportunidade de tratamento para
pessoas com DA e outras demências, como um meio de prevenir o declínio cognitivo
em adultos mais velhos e em pessoas com défice cognitivo ligeiro. Embora a literatura
sobre o treino cognitivo na DA seja limitada, estudos em pessoas saudáveis ou com
défice cognitivo ligeiro indicam algum benefício. Contudo, o tamanho dos efeitos é
modesto, com benefícios limitados ao domínio específico em que o treino é focado.
Deve notar-se que a maioria dos estudos promissores são aqueles destinados
especificamente ao treino da memória, bem como abordagens que usaram um
computador para facilitar um regime de treino diário. Esta abordagem parece
vantajosa e deverá continuar, porém, poderá ser mais rentável se o treino cognitivo se
concentrar nas atividades diárias.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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2. 4 - MODALIDADES DE APLICAÇÃO
Neste contexto e porque nenhuma pessoa pode ser reduzida à cognição e o doente
não pode ser visto apenas na perspetiva dos défices cognitivos, Guerreiro (2012)
defende que qualquer intervenção, farmacológica ou não farmacológica, tem de ter em
conta o sujeito biológico, cognitivo, emocional, inserido no seu contexto familiar e
social e de Homem como um todo. O tipo de intervenção terá de ser diferente de
pessoa para pessoa, diferindo de acordo com as especificidades e necessidades do
próprio sujeito e da sua estrutura sócio-familiar, tendo sempre presente que as
pessoas com doenças degenerativas demenciais perdem capacidades cognitivas de
forma gradual e com um ritmo diferente de pessoa para pessoa. Assim, o foco da
reabilitação irá necessariamente variar de acordo com as necessidades do indivíduo e
da família, e de acordo com o tipo e gravidade da demência (Clare e Woods, 2001). O
objetivo da intervenção cognitiva nestes casos será o de tentar maximizar as funções
cognitivas intactas e aumentar os recursos das funções que, embora diminuídas, não
estejam totalmente perdidas, de modo a que o doente prolongue por mais tempo a sua
independência funcional. A otimização e o aumento de recursos terão de passar por
um trabalho individual com o doente (Lindolpho, Sá e Cruz, 2010).
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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Há autores que consideram relevante incorporar nos PRC exercícios para o treino da
memória e que é importante ter em conta os seguintes aspetos na reabilitação da
memória desses doentes: expandir e treinar a maior abrangência de habilidades já
intrínsecas, mais do que técnicas específicas, ao mesmo tempo que focar a aplicação
destas habilidades em diferentes contextos; e ensinar um número maior de técnicas
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
específicas, observando quando e onde aplicar tais técnicas (Ávila e Miotto, 2002). Da-
Silva et al. (2011) com base em diversas investigações defendem que estudos
randomizados controlados mostraram que o treino cognitivo pode melhorar a memória,
a atenção, o humor e o bem-estar psíquico, mas o impacto na vida diária e a duração
desses efeitos ainda são desconhecidos. De modo similar a este estudo, Kurz et al.
(2009) apresentaram uma análise dos efeitos de um PRN, que repercutiu melhora no
desempenho em testes neuropsicológicos de sujeitos atendidos por equipa
multidisciplinar.
Resultados preliminares encontrados por Bottino et al. (2002) num ensaio clínico de
um grupo de seis pessoas com DA leve acompanhas durante sete meses mostrou
que, no final do acompanhamento, houve estabilização ou discreta melhoria dos seus
défices cognitivos e das AVD, concluindo que o tratamento combinado pode auxiliar na
estabilização ou na redução dos défices. Os autores relatam que com a execução de
reabilitação cognitiva em doentes com DA se verificou a estabilidade ou pequeno
declínio em algumas das escalas e testes quando reaplicados após 6 meses de
acompanhamento. De Vreese et al. (2001) relataram resultados que corroboraram a
hipótese de que a realização de treino cognitivo pode acelerar e aumentar os
possíveis efeitos terapêuticos dos tratamentos farmacológicos utilizados atualmente
para a DA, levando a uma melhoria não somente da performance cognitiva, mas
também do comportamento e da qualidade de vida dos doentes submetidos ao
tratamento combinado.
Clare et al. (2003) num estudo de intervenção com um homem de 66 anos de idade,
com DA em estádio inicial verificaram que programas abrangentes e precoces de
reabilitação cognitiva podem formar um componente valioso e fornecer importantes
benefícios para pessoas com estádio inicial de DA e suas famílias.
Bottino et al. (2005) referem que a reabilitação cognitiva associada com o tratamento
medicamentoso pode ser potencialmente útil para estabilizar ou melhorar o
desempenho cognitivo e funcional de pessoas com doença de Alzheimer leve e pode
reduzir sintomas psiquiátricos dos cuidadores. As sessões de treino que realizaram,
começaram com exercícios de orientação temporal e espacial, para melhorar a
independência dos pacientes e aprenderem a usar estratégias compensatórias. Estas
orientações foram feitas usando calendários e diários. Os achados deste estudo estão
de acordo com um pequeno grupo de estudos controlados anteriormente publicados e
mostram um efeito positivo da reabilitação cognitiva, a partir da aplicação de um
programa de reabilitação para pessoas com demência.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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II - ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
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independência funcional e que os ganhos não são mantidos para além do imediato da
sessão de tratamento (Simon e Ribeiro, 2011). E apesar do esforço de alguns autores
em tentarem demonstrar os efeitos positivos, a aplicação de abordagens de
reabilitação cognitiva na demência tem sido criticada e descredibilizada, por esse
motivo requer de mais estudos aprofundados para mostrar as contribuições feitas.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
3.1.1 – Objetivos
3.1.2 - Hipóteses
As hipóteses são diretrizes para uma pesquisa. São tentativas de explicação que
podem ou não ser comprovadas com os factos (Sampieri, Collado e Lucio, 2006).
Fortin (2003) acrescenta que a hipótese é um enunciado formal de relações previstas
entre duas ou mais variáveis. Com base no problema apresentado e no objetivo
definido, foram elaboradas as seguintes hipóteses, numa tentativa de predizer os
resultados esperados:
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Sampieri, Collado e Lucio (2006) prosseguem na temática dizendo que neste modelo
aplica-se um teste prévio ao estímulo ou tratamento experimental a um grupo, depois
administra-se o tratamento e, finalmente aplica-se um teste posterior ao tratamento.
Este modelo tem a vantagem de haver um ponto de referência inicial que permite
verificar qual era o nível do grupo na variável dependente antes do estímulo.
Embora este tipo de estudos tenha sido bastante criticado na literatura experimental
porque se mostram vulneráveis quanto à possibilidade de controlo e validade interna
(Fortin, 2003; Sampieri, Collado e Lucio, 2006) e porque não permitem obter
conclusões seguras, devendo os resultados ser vistos com precaução, há autores que
defendem que eles são úteis como uma primeira aproximação do problema de
pesquisa na realidade, abrem caminho e podem servir de base a estudos mais
profundos (Sampieri, Collado e Lucio, 2006).
A população alvo neste estudo é constituída por todas as pessoas com diagnóstico
médico de Demência internadas na Clínica Masculina Agudos do Hospital Sobral Cid
(HSC).
61
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
A validação do Mini-Exame do Estado Mental foi efetuada por Guerreiro et al. (1994),
em “Adaptação à população portuguesa da tradução do Mini Mental State Examination
(MMSE)” e os valores de referência poderão ser aplicados à população portuguesa.
Este instrumento é segundo Nunes (2012), o teste mais vezes utilizado em rastreios
populacionais de demências e de défice cognitivo ligeiro, devido à sua fácil aplicação,
larga difusão na literatura e elevada sensibilidade.
De acordo com Chaves (2008) este instrumento foi projetado para fazer uma avaliação
clínica prática, de mudança do estado cognitivo em doentes idosos. Examina a
orientação temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) e
evocação, cálculo, praxia, habilidades de linguagem e viso-espaciais. Pode ser usado
como teste de rastreio para perda cognitiva ou como avaliação cognitiva.
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
corpo; utilização da sanita; controlo da bexiga; controlo das fezes; transferências: leito,
cadeira, cadeira de rodas; transferências: sanita; transferências: banheira;
deambulação; escadas; compreensão; expressão; interação social; resolução de
problemas e memória. Estas categorias encontram-se agrupadas em seis dimensões:
autocuidados, controle de esfíncteres, mobilidade/transferências, locomoção,
comunicação e cognição social.
- Nível 7 significa Independência total: toda tarefa que envolve uma atividade é
realizada de forma segura, sem modificações ou recursos auxiliares, dentro de um
tempo razoável.
64
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
O autocuidado: higiene foi operacionalizado através dos níveis das categorias higiene
e banho da versão portuguesa da escala MIF uma vez que estes dois parâmetros
estão englobados no autocuidado: higiene definido pela CIPE (2005). Segundo a qual,
o Autocuidado: Higiene implica encarregar-se de manter um padrão contínuo de
higiene, conservando o corpo limpo e bem arranjado, sem odor corporal, lavando
regularmente as mãos, limpando as orelhas, nariz e zona perineal e mantendo a
hidratação da pele, de acordo com os princípios de preservação e manutenção da
higiene. De acordo com Laíns (1991) a categoria higiene inclui higiene oral, pentear,
lavar as mãos e face, e a barba ou maquilhagem e o banho inclui lavagem do corpo,
desde o pescoço até aos pés (com exclusão das costas), em banho de imersão,
chuveiro ou com uma bacia e esponja ou luva de banho. Os níveis para cada uma
destas categorias podem ir de 1 a 7, de acordo com o grau de assistência necessário
para a realização da tarefa, tal como já foi explicado anteriormente.
Tal como já foi referido anteriormente explicar-se-á agora a forma como se aplicou o
programa de reabilitação cognitiva e será apresentada a sua justificação.
68
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
enfermagem e tentou-se aproximar o mais possível os termos que fazem parte dos
instrumentos de medida aos correspondentes contemplados pela CIPE.
• A primeira avaliação dos doentes será realizada 5 dias após a sua admissão
na unidade utilizando os instrumentos MEEM e MIF.
Tal como referem vários autores (Overshott e Burns, 2006; Mendonça e Couto, 2012)
os sintomas comportamentais e psicológicos das demências constituem um
componente importante da demência e frequentemente afetam mais a vida do doente
e do prestador de cuidados do que os sintomas cognitivos. São este tipo de sintomas,
como agitação, apatia, depressão, psicose e perturbações do sono que levam à
hospitalização e que devem ser tratados em primeira instância. Como já foi referido,
este programa foi iniciado 5 dias após a admissão dos doentes na unidade, tempo
necessário para se familiarizarem com o ambiente e se apresentarem mais calmos (de
salientar que na maioria das vezes os doentes são internados por alteração de
comportamento, negativismo e agitação). A acrescentar, tal como defende Pontes
(2012) quer a pessoa com demência, quer a família necessitam de um período de
adaptação e só passado algum tempo deverão ser capazes de tomar decisões. Toda a
informação necessita de tempo para ser entendida, compreendida e aceite. Deve por
isso, ser esclarecedora mas simples, progressiva, partilhada com a família ou
cuidadores e inserida numa conduta positiva de esperança em relação ao futuro.
69
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
O programa é realizado por sessões individuais, por se acreditar que este método é
mais eficaz com base no que é defendido por vários autores. Clare e Woods (2004) e
Roca et al. (2010) referem que a reabilitação cognitiva reconhece os níveis biológicos,
psicológicos e sociais, tratando-se por isso de uma abordagem biopsicossocial,
envolvendo situações e problemas do quotidiano. As intervenções são realizadas
numa base individual e tentam melhorar a capacidade funcional em contextos diários.
A otimização e o aumento de recursos terão de passar por um trabalho individual com
o doente (Lindolpho, Sá e Cruz, 2010). Perea (2010) também defende que as técnicas
de reabilitação devem ser preferencialmente aplicadas individualmente e acrescenta
que esta abordagem irá permitir uma análise detalhada dos erros e saber quais as
melhores estratégias a utilizar.
¾ ORIENTAÇÃO
Alguns autores (Bottino et al., 2005; Lindolpho, Sá e Cruz, 2010) defendem que a
reabilitação cognitiva deve começar com exercícios de orientação espacial e temporal
– referentes à data, hora, dias da semana, meses, anos e local. Podendo ser feita
70
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
x Tempo
- Questionar em que dia está (semana, mês e ano) e informar sempre que for
necessário;
x Espaço
x Pessoa
¾ MEMÓRIA
No que respeita à memória, De Vreese et al. (2001) referem que há evidências de que
caminhos alternativos e inovadores de reabilitação de memória podem de facto ser
clinicamente eficazes ou pragmaticamente úteis no tratamento. Portanto, é relevante
incorporar os seguintes aspetos na reabilitação da memória desses pacientes:
expandir e treinar a maior abrangência de habilidades já intrínsecas, ao mesmo tempo
que focar a aplicação destas habilidades em diferentes contextos; e ensinar um
número maior de técnicas específicas de forma a melhorar ou preservar os diferentes
tipos de memória, uma vez que o treino de estratégias selecionadas é um importante
meio de promover um aumento da performance nas AVD (Ávila e Miotto, 2002). Esta
proposta de estimulação da memória está de acordo com Wilson (1997) apud Da-Silva
et al. (2011) que enfatiza que, independentemente da dificuldade em se recuperar
plenamente a memória de pessoas com distúrbios amnésicos orgânicos, não se deve
deixar de procurar maneiras de melhorar o seu bem-estar e qualidade de vida. Clare e
Woods (2004) baseando-se em vários autores, defendem que em relação às
dificuldades de memória, a abordagem de reabilitação cognitiva individualizada visa
ajudar os doentes e suas famílias sob duas formas principais: fazer o máximo de
capacidade de memória restante e encontrar formas de compensação para as
dificuldades. Uma vez que todos os sistemas de memória tendem a ser afetados, os
tratamentos disponíveis farmacológicos e não farmacológicos (com destaque para a
reabilitação de défices cognitivos ou de reabilitação neuropsicológica) tentam
minimizar a velocidade de progressão dos sintomas, especialmente aqueles
relacionados com dificuldades de memória (Miotto et al., 2008; Ballard et al.,
2011).Com base no que foi dito anteriormente, foram pesquisados e realizados os
exercícios mais recomendados por vários autores (Kinsella et al., 2009; Clare et al.,
2001; Leite, 2009; Mendes, 2009; Mendes, 2011) para estimular os diferentes
sistemas de memória:
72
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
¾ AUTOCUIDADOS
Vários autores (Clare e Woods, 2001; Guerreiro, 2012; Lindolpho, Sá e Cruz, 2010;
Camara et al., 2009; Franco-Martín e Orihuela-Villameriel, 2006) defendem que o tipo
de intervenção terá de ser diferente de pessoa para pessoa, diferindo de acordo com
as especificidades e necessidades de cada indivíduo, devendo ser realizadas de modo
a que se prolongue por mais tempo a sua independência funcional. De acordo com
CIPE (2005, p. 154) “Assistir é um tipo de Atender com as características específicas:
fazer parte do trabalho de alguém ou ajudar alguém nas suas funções naturais”. Neste
contexto, o tipo de assistência prestada a cada pessoa na execução dos autocuidados
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
foi diferente, tendo variado consoante a capacidade que possuía para realizar cada
autocuidado e de acordo com a necessidade de assistência apresentada. Para os
autocuidados selecionados, definiram-se as seguintes intervenções:
x Autocuidado: Higiene
- Avaliar capacidades para o autocuidado: higiene;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: higiene;
- Providenciar material de higiene;
- Assistir no autocuidado: higiene;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: higiene.
x Autocuidado: Vestir-se
- Avaliar capacidades para o autocuidado vestir-se;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado vestir-se;
- Providenciar roupa;
- Assistir a pessoa no autocuidado: vestir-se;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: vestir-se;
- Ensinar sobre estratégias para o autocuidado: vestir-se;
- Requerer à pessoa doente para determinar que roupa utilizar para cada parte
do corpo, para cada época e para cada ocasião.
x Autocuidado: Comer
- Avaliar capacidades para o autocuidado: comer;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: comer;
- Providenciar dieta adequada;
- Assistir a pessoa no autocuidado: comer;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: comer;
- Ensinar sobre estratégias adaptativas para o autocuidado: comer.
x Autocuidado: Deambular
- Avaliar capacidades para o autocuidado: deambular;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: deambular;
-Providenciar equipamentos (bengala, canadianas, cadeira de rodas,
andarilho);
- Assistir a pessoa no autocuidado: deambular;
- Encorajar a pessoa para o autocuidado: deambular;
- Providenciar passeios ao exterior;
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
A execução deste PRC foi efetuada sempre pela mesma pessoa no período que
decorreu entre agosto de 2011 e agosto de 2012, 3 vezes por semana, durante 3
semanas, perfazendo um máximo de 9 sessões. O referido programa foi aplicado aos
doentes com demência que estiveram internados no serviço durante o período de
tempo mencionado. Os doentes a quem foi aplicado o PRC são unicamente do sexo
masculino devido ao facto do serviço onde o estudo foi realizado receber
exclusivamente homens.
Para que a aplicação deste programa fosse possível e este estudo realizado, foi
necessário atender a vários aspetos de natureza ética. Sendo esta uma investigação
com seres humanos, implicando a sua participação, levanta sempre questões éticas e
legais, pelo que só deve ser realizada se não colocar em causa a autonomia e o
respeito pela vida humana, assim como os seus direitos.
Após ter sido concedida autorização por parte da entidade hospitalar procedeu-se à
apresentação do estudo aos doentes com o objetivo de esclarecer a sua natureza e
relevância e foram questionados se concordavam participar de forma voluntária. Uma
vez que as pessoas com demência apresentam alterações cognitivas e muitas vezes
não são capazes de responder por si próprios, o consentimento informado foi
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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
igualmente obtido junto dos familiares ou cuidadores (ANEXO V). Para além de
ficarem informados a obtenção da autorização dos familiares fez com que se
sentissem envolvidos em todo este processo.
77
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Caracterização da Amostra
A amostra em estudo é constituída por trinta e três pessoas com demência, as quais
são caracterizadas seguidamente de acordo com as variáveis sócio-demográficas
selecionadas (Quadro 1). No que respeita à idade, a média de idade dos elementos da
amostra é de 70,36 anos, com um desvio padrão de 11,60, sendo a idade mínima de
38 anos e a idade máxima de 89 anos. O intervalo mais frequente situa-se entre os 70
e 79 anos, representando cerca de 33,3% da amostra. Quanto à escolaridade, 19
doentes (57,6%) possuem o 4º ano de escolaridade, seguido pelo 3º ano (9), existem
2 iletrados, 1 com o 5º ano, 1 com o 8º ano e 1 com o 9º ano, o que traduz que
estamos perante uma amostra pouco escolarizada. Relativamente à variável
diagnóstico, existem 20 doentes com diagnóstico de demência não especificada, que
representa 60,6% da amostra, 8 com diagnóstico de demência alcoólica (24,2%), 2
com demência vascular, 2 com demência frontotemporal e 1 com demência de
Alzheimer.
78
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Idade N %
30-39 1 3,0
40-49 0 0
50-59 5 15,3
60-69 8 24,2
70-79 11 33,3
80-89 8 24,2
Total 33 100
Amplitude Média Desvio padrão
Mn Mx x s
38 89 70,36 11,60
Escolaridade N %
Analfabeto 2 6,1
3º Ano 9 27,3
4º Ano 19 57,6
5º Ano 1 3,0
8º Ano 1 3,0
9º Ano 1 3,0
Total 33 100
Diagnóstico N %
Demência 20 60,6
Total 33 100
79
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 2 6,1
Pontuação 1 1 3,0
Pontuação 3 2 6,1
Pontuação 4 6 18,2
Pontuação 5 3 9,0
Pontuação 6 7 21,2
Pontuação 7 5 15,2
Pontuação 8 5 15,2
Pontuação 9 1 3,0
Pontuação 10 1 3,0
Mínimo Máximo x s
0 10 5,52 2,40
80
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação Obtida N %
Pontuação 1 2 6,1
Pontuação 3 31 93,9
Mínimo Máximo x s
1 3 2,88 0,48
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 8 24,2
Pontuação 1 5 15,2
Pontuação 2 2 6,1
Pontuação 3 2 6,1
Pontuação 4 4 12,1
Pontuação 5 12 36,4
Mínimo Máximo x s
0 5 2,76 2,12
81
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 16 48,5
Pontuação 1 12 36,3
Pontuação 2 5 15,2
Mínimo Máximo x s
0 2 0,67 0,74
Pontuação Obtida N %
Pontuação 1 1 3,0
Pontuação 4 1 3,0
Pontuação 5 1 3,0
Pontuação 6 7 21,2
Pontuação 7 18 54,5
Pontuação 8 5 15,2
Mínimo Máximo x s
1 8 6,61 1,32
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 32 97,0
Pontuação 1 1 3,0
Mínimo Máximo x s
0 1 0,33 0,17
Quanto aos valores totais obtidos no MEEM (Quadro 8) a média foi de 18,42 pontos e
o desvio padrão 4,99. A pontuação mínima foi de 2 pontos e a máxima de 25 pontos.
As pontuações mais frequentes foram 21 pontos e 22 pontos, representando 12,1% e
18,2% respetivamente.
Pontuação Obtida N %
Pontuação 2 1 3,0
Pontuação 6 1 3,0
Pontuação 12 1 3,0
Pontuação 14 2 6,1
Pontuação 15 2 6,1
Pontuação 16 3 9,1
Pontuação 17 2 6,1
Pontuação 18 3 9,1
Pontuação 20 3 9,1
Pontuação 21 4 12,1
Pontuação 22 6 18,2
Pontuação 23 3 9,1
Pontuação 24 1 3,0
Pontuação 25 1 3,0
83
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
2 25 18,42 4,99
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 1 2 6,1
Nível 2 3 9,1
Nível 3 15 45,5
Nível 4 11 33,3
Nível 5 1 3,0
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
1 7 3,30 1,10
84
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 1 7 21,2
Nível 2 6 18,2
Nível 3 16 48,5
Nível 4 3 9,1
Nível 5 1 3,0
Mínimo Máximo x s
1 5 2,55 1,03
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 1 7 21,2
Nível 2 8 24,2
Nível 3 14 42,4
Nível 4 3 9,1
Nível 5 1 3
Mínimo Máximo x s
1 5 2,48 1,03
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 7 21,2
Nível 3 17 51,5
Nível 4 7 21,2
Nível 5 1 3,0
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 7 3,18 1,01
Em relação à parte inferior (Quadro 13) a média foi de 3,00 e o desvio padrão 0,97. À
semelhança da parte superior, também o valor máximo foi de 7 e o mínimo de 2. O
nível de funcionalidade mais frequente também foi de 3, representando neste caso
63,6% e que indica a necessidade assistência moderada nesta categoria.
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 8 24,2
Nível 3 21 63,6
Nível 4 2 6,1
Nível 5 1 3,0
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 7 3,00 0,97
86
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Para a deambulação obteve-se uma média de 3,64 e desvio padrão 1,08. O valor
mínimo foi de 1 e o máximo de 7. Os níveis de funcionalidade mais obtidos foram o 3
(27,3%) e o 4 (48,5%), indicadores da necessidade de assistência moderada e mínima
respetivamente. Os resultados são apresentados no Quadro 14.
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 1 1 3,0
Nível 2 3 9,1
Nível 3 9 27,3
Nível 4 16 48,5
Nível 5 3 9,1
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
1 7 3,64 1,08
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 11 33,3
Nível 3 21 63,6
Nível 4 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 4 2,70 0,53
87
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Quanto aos valores totais obtidos na MIF, como se pode verificar no Quadro 16, a
média foi de 56,36 pontos e o desvio padrão 15,35. A pontuação mínima foi de 29
pontos e a máxima de 104 pontos.
Pontuação Obtida
Mn Mx x s
Pontuação Obtida N %
Pontuação 1 2 6,1
Pontuação 3 1 3,0
Pontuação 4 1 3,0
Pontuação 5 1 3,0
Pontuação 6 1 3,0
Pontuação 7 1 3,0
88
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação 8 4 12,2
Pontuação 9 10 30,3
Pontuação 10 12 36,4
Mínimo Máximo x s
1 10 8,15 2,56
Quanto à retenção, a média foi de 2,88 pontos e o desvio padrão de 0,48. A pontuação
varia entre um valor mínimo de 1 ponto e máximo de 3 pontos. Apenas 2 doentes não
foram capazes de reter as 3 palavras. Os resultados são apresentados no Quadro 18.
Pontuação Obtida N %
Pontuação 1 2 6,1
Pontuação 3 31 93,9
Mínimo Máximo x s
1 3 2,88 0,48
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 3 9,1
Pontuação 1 3 9,1
Pontuação 2 6 18,1
Pontuação 3 2 6,1
Pontuação 4 2 6,1
89
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação 5 17 51,5
Mínimo Máximo x s
0 5 3,45 1,84
A evocação, tal como se pode verificar no Quadro 20, variou entre um valor mínimo de
zero e um máximo de 3 pontos. A média das pontuações obtidas foi de 1,94 pontos e
o desvio padrão 0,97. A pontuação mais obtida foi de 2 pontos que representa 36,4%
e a menos obtida foi a de zero pontos (9,1%).
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 3 9,1
Pontuação 1 7 21,2
Pontuação 2 12 36,4
Pontuação 3 11 33,3
Mínimo Máximo x s
0 3 1,94 0,97
No que respeita à linguagem (Quadro 21), a média da pontuação obtida foi de 6,72
pontos e o desvio padrão 1,21. A pontuação máxima foi de 8 pontos e a mínima de 1
ponto. A pontuação mais frequente foi de 7 pontos (81,8%).
Pontuação Obtida N %
Pontuação 1 1 3,0
Pontuação 4 1 3,0
Pontuação 6 2 6,1
Pontuação 7 27 81,8
90
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação 8 2 6,1
Mínimo Máximo x s
1 8 6,72 1,21
Pontuação Obtida N %
Pontuação 0 32 97
Pontuação 1 1 3,0
Mínimo Máximo x s
0 1 0,33 0,17
Quanto aos valores totais obtidos no MEEM, apresentados no Quadro 23, a média foi
de 23,18 pontos e o desvio padrão 5,59. A pontuação mínima foi de 4 pontos e a
máxima 28 pontos. As pontuações mais frequentes foram 25, 26 e 27 pontos,
representando 15,2% cada uma.
Pontuação Obtida N %
Pontuação 4 1 3,0
Pontuação 6 1 3,0
Pontuação 17 1 3,0
Pontuação 18 1 3,0
Pontuação 19 2 6,1
Pontuação 20 1 3,0
91
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pontuação 22 3 9,1
Pontuação 23 2 6,1
Pontuação 24 2 6,1
Pontuação 25 5 15,2
Pontuação 26 5 15,2
Pontuação 27 5 15,2
Pontuação 28 4 12,0
Mínimo Máximo x s
4 28 23,18 5,59
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 3 1 3,0
Nível 4 6 18,2
Nível 5 12 36,4
Nível 6 13 39,4
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
3 7 5,21 0,89
92
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3,0
Nível 3 6 18,2
Nível 4 12 36,4
Nível 5 13 39,4
Nível 6 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 6 4,33 0,99
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3
Nível 3 7 21,2
Nível 4 11 33,3
Nível 5 12 36,4
Nível 6 2 6,1
Mínimo Máximo x s
2 6 4,21 0,96
93
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Em relação ao vestir, obteve-se para a parte superior (Quadro 27) uma média de 4,79
e desvio padrão 1,14. O valor máximo foi 7 e o mínimo 2. O nível de funcionalidade
mais frequente foi o 5 que representa 48,5% e que indica a necessidade de supervisão
na realização desta atividade.
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3,0
Nível 3 5 15,2
Nível 4 3 9,1
Nível 5 16 48,5
Nível 6 7 21,2
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 7 4,79 1,14
Em relação à parte inferior (Quadro 28) a média foi de 4,61 e o desvio padrão 1,14. À
semelhança da parte superior, também o valor máximo foi de 7 e o mínimo de 2.
Embora com uma frequência menor, o nível de funcionalidade mais encontrado
também foi o 5, representando neste caso 45,5%, e indicando a necessidade de
supervisão.
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3,0
Nível 3 6 18,2
Nível 4 5 15,2
Nível 5 15 45,5
Nível 6 5 15,2
94
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Nível 7 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 7 4,61 1,14
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3,0
Nível 3 1 3,0
Nível 4 6 18,2
Nível 5 8 24,2
Nível 6 15 45,5
Nível 7 2 6,1
Mínimo Máximo x s
2 7 5,24 1,12
No que respeita à memória, tal como se verifica no Quadro 30, os valores variaram
entre um mínimo de 2 e o máximo de 6. A média foi de 4,15 e o desvio padrão 0,94. O
nível de funcionalidade mais obtido foi o 5 (39,4%) que indica a necessidade de
supervisão.
95
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Níveis de Funcionalidade N %
Nível 2 1 3,0
Nível 3 8 24,2
Nível 4 10 30,3
Nível 5 13 39,4
Nível 6 1 3,0
Mínimo Máximo x s
2 6 4,15 0,94
Quanto ao resultado dos valores totais da MIF e que são apresentados no Quadro 31,
a média foi de 82,97 pontos e o desvio padrão 17,69. A pontuação mínima foi de 46
pontos e a máxima de 109 pontos.
Pontuação Obtida
Mn Mx x s
0,67 para 1,94 na Fase 2 e aumento do valor máximo de 2 para 3. A média dos
valores totais obtidos no MEEM também aumentaram de 18,42 pontos na Fase 1 para
23,18 pontos na Fase 2, o valor mínimo aumentou de 2 para 4 pontos e o máximo
aumentou de 25 para 28 pontos. Na categoria alimentação da MIF, a média aumentou
de 3,30 para 5,21 na Fase 2, o valor mínimo aumentou de 1 para 3 e o máximo
manteve-se no 7. O que significa que os doentes que necessitavam de assistência
total passaram, após a aplicação do PRC, a necessitar de uma assistência moderada.
No que respeita à higiene, a média aumentou de 2,55 para 4,33, o valor mínimo
aumentou de 1 para 2 e o máximo de 5 para 6 na Fase 2. Cabe ainda salientar nesta
variável que na Fase 1 o nível de funcionalidade mais obtido foi o 3 (48,5%) que indica
a necessidade de assistência moderada, enquanto na Fase 2 o nível mais frequente
foi o 5 (39,4%) que indica apenas necessidade de supervisão na realização deste
autocuidado. Na categoria banho, à semelhança do que acontece com a higiene, a
média aumentou de 2,48 para 4,21, o valor mínimo também aumentou de 1 para 2 e o
máximo de 5 para 6. Em relação ao vestir também se verificou aumento da média da
Fase 1 para a Fase 2, assim, para a parte superior temos, um aumento de 3,18 para
4,79 e para a parte inferior um aumento de 3,00 para 4,61. O valor máximo (7) e
mínimo (2) mantiveram-se, para ambas as partes, nas duas fases. Quanto à
deambulação, houve aumento da média de 3,64 para 5,24 e do valor mínimo, que
passou de 1 para 2. O valor máximo permaneceu o mesmo (7). Na categoria memória
verificou-se um aumento da média de 2,70 para 4,15 na Fase 2 e do valor máximo que
passou de 4 para 6. O valor mínimo permaneceu igual nas duas fases. Em relação a
esta categoria cabe ainda salientar que o nível de funcionalidade mais frequente
passou de 3 na Fase 1, para 5 na Fase 2, o que indica a passagem de uma
necessidade de assistência moderada, para necessidade de supervisão na execução
de tarefas diárias que envolvem a memória. Finalmente, no que respeita aos valores
totais obtidos na MIF nas duas fases, verificou-se um aumento da média que passou
de 56,36 na fase 1, para 82,97 na Fase 2. Verificou-se igualmente um aumento do
valor mínimo de 29 para 46 pontos e o valor máximo também aumentou de 104 para
109 pontos após a aplicação do PRC.
Mn Mn Mx Mx
Fase 1 Fase 2 Fase 1 Fase 2 Fase 1 Fase 2
97
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
98
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Com base nos resultados obtidos pela aplicação do teste de anterior procedemos à
aplicação de testes paramétricos ou não paramétricos consoante sejam ou não
cumpridos, em cada caso, os critérios para a normalidade.
x s x s t p
Pela análise do quadro pode constatar-se que o nível de significância do teste para as
duas categorias é inferior a 0,05, o que leva à aceitação da hipótese formulada. Assim
sendo, pode concluir-se que as pessoas submetidas ao PRC aumentaram a sua
independência na realização do autocuidado: higiene, que se reflete na necessidade
de uma menor assistência nesse autocuidado.
100
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Pela análise do quadro pode-se comprovar que o nível de significância do teste para
as duas partes do corpo é inferior a 0,05 o que leva à aceitação da hipótese
formulada. Deste modo pode concluir-se que as pessoas com demência submetidas
ao PRC tornam-me mais independentes no autocuidado: vestir-se.
Como o nível de significância para o valor da categoria alimentação é nas duas fases
inferior a 0,05 (0,000 na Fase 1 e 0,001 na Fase 2), optou-se pela realização de um
101
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
teste não paramétrico, uma vez que não são cumpridos os critérios da normalidade.
Assim, a análise relativa à diferença da pontuação na categoria alimentação após a
aplicação do programa de reabilitação cognitiva foi efetuada recorrendo à aplicação do
Teste de Wilcoxon e os resultados do teste estão apresentados no quadro que se
segue (Quadro 37).
x s x dp z p
x s x s z p
102
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
As alterações no estado de memória podem ser analisadas, neste estudo, através das
diferenças encontradas nos valores do parâmetro retenção e evocação do MEEM e da
categoria memória da MIF. Como o nível de significância para os valores dos
parâmetros retenção (0,000 nas Fase 1 e 2), evocação (0,000 nas Fase 1 e 2) e
memória (0,000 na Fase 1 e 0,001 na Fase 2) é nas duas fases inferior a 0,05, optou-
se pela realização de um teste não paramétrico, uma vez que não são cumpridos os
critérios da normalidade.
103
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Face ao exposto, dado que nem todas as diferenças encontradas entre os vários itens
que avaliaram esta variável, nas duas fases, foram estatisticamente significativas,
rejeita-se a hipótese formulada. Porém, verificou-se melhoria na evocação e no nível
de assistência necessário para a execução de tarefas diárias que envolvem a
memória.
104
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
x s x s z s
Como o nível de significância para o valor total do MEEM é nas duas fases inferior a
0,05 (0,001 na Fase 1 e 0,000 na Fase 2), optou-se pela realização do Teste de
Wilcoxon e o resultado da sua aplicação pode ser verificado no quadro que se segue
(Quadro 41).
x s x s z p
Embora não estivesse inicialmente prevista a relação entre o nível cognitivo e o nível
de independência, procurou-se analisar se haveria algum tipo de relação e constatou-
se a existência de uma relação positiva de intensidade moderada entre os dois
instrumentos de medida utilizados, cujos resultados se apresentam no Quadro 42.
Dado que ambas as variáveis não cumprem os pressupostos para a normalidade
optou-se pela realização do teste não paramétrico coeficiente de correlação de
Spearman que, segundo Pestana e Gageiro (1998) não é sensível a simetrias e
distribuições normais.
rs p
0,45 0,008
105
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Estes resultados evidenciam que quanto maior for o valor total do MEEM na fase 1,
maior será o valor total da MIF na Fase 2, isto é, quanto maior for o nível cognitivo
antes da aplicação do PRC, maior será o nível de independência funcional após a
aplicação do mesmo. Estes resultados levam a crer que quanto mais cedo se iniciar o
PRC (enquanto o nível cognitivo estiver pouco comprometido), melhores serão os
resultados a nível da independência funcional (o nível de independência funcional
conseguido será maior).
106
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
A alta prevalência de pessoas idosas na amostra deste estudo está de acordo com os
achados de muitos outros estudos (Lindolpho, Sá e Cruz, 2010; Nunes, 2012; Talmelli
et al., 2010; Apostolo et al., 2011) e a média de idade encontrada (70,36 anos)
também foi semelhante à de outros autores, por exemplo a média de idades
encontrada por Apóstolo et al. (2011) foi de 77,66 anos e por Talmelli et al. (2010) foi
de 79 anos.
O facto da idade mínima na amostra deste estudo ser de 39 anos, não se aproxima
dos estudos anteriores, contudo vai ao encontro do que é defendido por WHO (2012)
que refere que embora a demência afete principalmente as pessoas mais velhas, não
faz parte do envelhecimento normal e há um crescente número de casos que
começam antes dos 65 anos e que nesse grupo de pessoas com idade de início
jovem, predomina o sexo masculino sobre as mulheres. Como a amostra deste
107
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
108
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
No presente estudo verificou-se diferença nos valores totais da MIF da Fase 1 para a
Fase 2, que se reflete no aumento do valor da média da primeira para a segunda fase.
A aplicação do teste estatístico evidenciou que as diferenças encontradas a nível dos
valores da MIF nos dois momentos (antes e após a aplicação do PRC) eram
estatisticamente significativas confirmando assim que, as pessoas com demência
submetidas ao programa de reabilitação cognitiva melhoram o seu estado de
independência funcional. Este resultado vai ao encontro de estudos já realizados por
Simon e Ribeiro (2011) onde comprovaram que as intervenções de reabilitação
neuropsicológica efetuadas conduziam à melhoria dos aspetos funcionais e da
autonomia dos indivíduos. Verificaram também que houve melhoria no desempenho
109
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Também Ávila (2003) num estudo em que selecionou seis doentes com DA leve a
moderada para realizar tratamento combinado (tratamento terapêutico mais
intervenções de reabilitação cognitiva) por um período de quatro meses, com sessões
duas vezes por semana, verificou que houve melhoria das habilidades funcionais e do
nível de independência, fazendo supor que o potencial de habilidades preservadas
pode ser ativado com esse tipo de intervenção.
do valor da média quer para a parte superior do corpo, quer para a inferior. Da
aplicação do teste estatístico resultou que para as duas partes do corpo foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas, levando a concluir que as
pessoas com demência submetidas ao PRC tornam-me mais independentes no
autocuidado: vestir-se. Para o autocuidado: comer, além do aumento do valor da
média, também se verificou o aumento do valor mínimo na segunda fase, o que
significa que a aplicação do PRC contribuiu para a diminuição da necessidade de
ajuda necessária neste autocuidado. Os resultados do teste estatístico levam à
aceitação da hipótese formulada, podendo então afirmar-se que as pessoas com
demência submetidas ao PRC tornam-se mais independentes no autocuidado: comer,
necessitando por isso de uma menor assistência para o efeito. Finalmente, em relação
ao autocuidado: deambular, a análise das diferenças encontradas nesta categoria
após a aplicação do programa de reabilitação cognitiva foram estatisticamente
significativas, apontando para a confirmação da hipótese formulada, ficando
demonstrado que as pessoas com demência submetidas a um programa de
reabilitação cognitiva tornam-se mais independentes no autocuidado: deambular. Os
resultados positivos obtidos nos autocuidados estão de acordo com o que é defendido
por alguns autores.
Bottino et al. (2002) relatam no estudo que realizaram, que com a execução de
reabilitação cognitiva em doentes com DA ficou comprovado que os doentes
submetidos ao tratamento combinado apresentaram efeito terapêutico maior do que os
outros 3 grupos em relação às alterações de comportamento e atividades da vida
diária. Também Clare et al. (2001) e Ávila (2003) defendem que os doentes que
participaram em programas de reabilitação cognitiva conseguiram manter ou aumentar
as suas habilidades funcionais nas atividades de vida diária.
111
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Roca et al. (2010), apresentam o caso de um doente com 64 anos de idade, com
atrofia cortical posterior que participou num programa de reabilitação cognitiva
constituído por 10 sessões. O programa incluía psicoeducação, estratégias
compensatórias e exercícios de reabilitação cognitiva com a finalidade de melhorar o
desempenho nas atividades diárias. Após o programa de reabilitação cognitiva, foram
encontradas diferenças subtis na realização das tarefas e na perceção subjetiva das
dificuldades por parte do doente.
Face ao exposto e como apenas um dos estudos encontrados, que curiosamente foi
realizado por enfermeiros, evidencia especificamente em que autocuidados a
reabilitação cognitiva pode ter efeitos, sugere-se que futuramente mais estudos deste
tipo sejam realizados com o intuito de comprovar melhor estes achados e/ou procurar
efeitos que a reabilitação cognitiva possa ter em outros autocuidados.
No que respeita à memória, cujas diferenças encontradas podiam, neste estudo, ser
analisadas através dos valores do parâmetro retenção e evocação do MEEM e da
categoria memória da MIF, verificou-se: em relação à retenção, através da aplicação
112
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
do teste estatístico, que as diferenças encontradas nos dois momentos (antes e após
a aplicação do PRC) não eram estatisticamente significativas, ou seja, a aplicação do
PRC não trouxe melhorias a nível da retenção. No entanto houve manutenção dos
valores da média e desvio padrão nas duas fases, o que significa que também não
houve agravamento da capacidade de retenção, mas sim a conservação desta função
cognitiva; quanto à evocação, verificou-se um aumento dos valores da média da Fase
1 para a Fase 2 e o teste estatístico aplicado comprova que as diferenças encontradas
a nível dos valores nos dois momentos são estatisticamente significativas, ou seja,
para esta função cognitiva, a aplicação do PRC trouxe melhorias significativas; quanto
à categoria memória da MIF, verificou-se um aumento dos valores da média após a
aplicação do PRC e através da aplicação do teste estatístico constatou-se que as
diferenças encontradas, antes e após a aplicação do PRC, eram estatisticamente
significativas, o que evidencia que o PRC aplicado contribuiu para um aumento da
independência na realização das tarefas quotidianas que envolvem a memória. Ainda
assim, como nem todas as diferenças encontradas entre os vários itens que
permitiram avaliar esta variável foram estatisticamente significativas rejeita-se a
hipótese formulada, pela análise dos resultados obtidos não se pode demonstrar que
as pessoas com demência submetidas ao PRC apresentam melhoria estatisticamente
significativa do seu estado de memória. Todavia, verificou-se melhoria
estatisticamente significativa na evocação, diminuição da assistência necessária para
a execução de tarefas diárias que envolvem a memória, e conservação da capacidade
de retenção.
Estes resultados contrariam o que é revelado por muitos autores, Da-Silva et al. (2011)
com base em diversas investigações, defendem que estudos randomizados
controlados mostraram que o treino cognitivo pode melhorar a memória, a atenção, o
humor e o bem-estar psíquico. No estudo que realizaram sobre a aplicação de um
programa de reabilitação neuropsicológica da memória aplicada à demência
encontraram que no grupo de intervenção, as pessoas com demência leve tiveram
uma melhoria significativa da memória episódica verbal. Também Simon e Ribeiro
(2011) numa revisão bibliográfica sobre o comprometimento cognitivo leve e
reabilitação neuropsicológica, encontraram que as intervenções realizadas conduziram
à melhoria das funções cognitivas, tais como memória episódica e operacional, praxia
construtiva, aprendizagem psicomotora, raciocínio e velocidade de processamento.
Hampstead et al. (2008) descrevem melhoria da memória episódica utilizada no dia-a-
dia e memória prospetiva. Segundo De Vreese et al. (2001), há evidências de que
caminhos alternativos e inovadores de reabilitação de memória para pessoas com DA
113
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Apesar dos resultados deste estudo não corroborarem o que é sustentado pelos
autores acima referidos, podem ser explicados pelo que é defendido por outros
autores quando referem que a reabilitação cognitiva em doentes idosos tem objetivos
mais modestos, que são, manter as funções existentes e permitir que elas compensem
as funções comprometidas com menor expectativa da sua recuperação (Holderbaum
et al., 2006). Também Franco-Martín e Orihuela-Villameriel (2006) apelam neste
sentido e referem que a reabilitação cognitiva promove a conservação da capacidade
de aprendizagem e memória em pessoas com demência.
Temos que pensar, no entanto, que pequenos ganhos numa doença degenerativa são
muitas vezes significativos. Pequenas melhorias cognitivas ou até mesmo a
estabilização de algumas funções cognitivas já revelam na realidade um grande ganho
para as pessoas com este tipo de doenças (Ávila, 2003; Ávila e Miotto, 2002; Apóstolo
et al., 2011). Assim, e apesar dos resultados não terem sido positivos para todas as
variáveis em estudo, não se devem desprezar completamente, porque à semelhança
do que é defendido por Loureiro e Gameiro (2011) um resultado pode ser
estatisticamente não significativo, mas ser clinicamente relevante.
Ainda sobre cognição Olazarán et al. (2004), num estudo que realizaram, observaram
melhoria ou maior manutenção cognitiva no grupo experimental. Ávila (2003) verificou
no seu estudo, que no final do tratamento houve estabilização ou discreta melhoria
dos défices cognitivos com aumento do score do MEEM de 22,20 para 23,80 pontos,
indicando um efeito positivo do treino cognitivo realizado, já que a medicação desses
pacientes não foi alterada. Bottino et al. (2002) também destacam um efeito positivo
da aplicação de programas de reabilitação cognitiva, tendo obtido um aumento do
score médio do MEEM de 22,38 para 24,75 pontos.
No nosso estudo, pela relação positiva encontrada entre os valores do MEEM na fase1
e da MIF na fase 2, foi possível constatar que quanto maior for o valor total do MEEM
na Fase 1, maior será o valor total da MIF na Fase 2, ou seja, quanto maior for o nível
cognitivo, antes da aplicação do PRC, maior será o nível de independência funcional
conseguido após a aplicação do mesmo. Estes resultados levam a crer que quanto
mais cedo se iniciar o PRC (enquanto o nível de deterioração cognitiva for menor),
melhores serão os resultados em termos de independência funcional, dado que o nível
de independência funcional conseguido será maior.
Este facto vai ao encontro do que é apontado por vários autores que defendem a
importância da intervenção precoce da reabilitação cognitiva. Neste sentido, Kurz et al.
(2009) analisaram um programa e descreveram melhoria significativa apenas para o
grupo de doentes com défice cognitivo ligeiro e para indivíduos com demência leve,
sugerindo que este tipo de intervenção é melhor aproveitado em estádios pré-
demenciais. Estudos têm demonstrado que as pessoas com demência em estádio
inicial podem, em certa medida, com o apoio adequado, aprender ou reaprender
informações pessoais relevantes e importantes, bem como, manter essa
aprendizagem ao longo do tempo e aplicá-lo no contexto diário (Clare et al., 2001).
Dessa maneira, quanto mais cedo for feito o diagnóstico de DA e mais cedo o
tratamento for iniciado, melhores resultados serão obtidos, pois o doente poderá
manter-se num nível cognitivo e funcional mais elevado. Isso possibilitará que
permaneça mais tempo independente, evitando maiores sobrecargas aos seus
familiares (Ávila, 2003). Guerreiro (2012) também partilha desta opinião e remata
dizendo que considerando que as demências degenerativas vão progressivamente
impedir a realização das AVD, interferindo na vida social e nas atividades profissionais
e de lazer. Qualquer intervenção deve iniciar-se o mais precocemente possível, logo
na fase ligeira ou ainda na fase antecedente (designada por défice cognitivo ligeiro)
em que a diminuição funcional ainda não existe ou é mínima e as alterações cognitivas
são ainda, mais ou menos, circunscritas à memória.
Concordamos com Talmelli et al. (2010) quando referem que a relevância do estudo
da capacidade funcional dos idosos, principalmente daqueles com demência, é um
assunto recente entre os profissionais da enfermagem, estando mais restrito até então
116
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Em suma, face aos resultados obtidos neste estudo, podemos dizer que o PRC
aplicado teve efeitos positivos e revelou-se benéfico para os doentes que o
integraram, o que refuta o que é dito por alguns autores que defendem que a
aplicação de abordagens de reabilitação cognitivas na demência tem sido criticada
com o argumento de que não trazem melhorias a nível funcional e os ganhos não são
mantidos para além do imediato da sessão de tratamento (Simon e Ribeiro, 2011), que
os resultados apresentados na literatura não mostram significâncias estatísticas
(Guerreiro, 2012) e que existe uma descrença quanto à eficácia da reabilitação de
doentes com disfunções cerebrais adquiridas, principalmente quando o prognóstico
decorre de uma doença degenerativa (Holderbaum et al., 2006). Comprovando o que
é defendido por alguns autores que demonstraram nos seus estudos que a
intervenção de reabilitação cognitiva conferiu benefícios significativos. Clare et al.
(2010) apresenta um estudo realizado com 69 pessoas com DA ou mista (demência
vascular e DA) onde avaliou uma abordagem de reabilitação cognitiva com base em
princípios similares para melhorar resultados individualizados. A intervenção consistiu
em 8 sessões semanais individuais de reabilitação cognitiva, estratégias de ensino
para a aprendizagem de novas informações, manutenção da atenção e concentração,
gestão de stress e uso adequado de ajudas. A autora concluiu que a reabilitação
cognitiva trouxe melhoria no desempenho e satisfação do grupo experimental em
comparação com os outros dois grupos e que é capaz de trazer vantagens e ganhos
para o doente. Roca et al. (2010), acrescentam que a melhoria substancial percebida
pelo doente e familiares sugere a possibilidade intrigante de que a reabilitação
cognitiva pode melhorar, pelo menos temporariamente, os problemas quotidianos
causados por esta doença.
117
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
autores consultados como menos desejável que o método probabilístico, já que este
método tenderia a produzir amostras mais precisas e representativas, porém “nem
sempre é fácil construir amostras probabilísticas em certas disciplinas profissionais,
porque o investigador raramente tem acesso a toda a população” (Fortin, 2003, p.
208). A amostragem intencional utilizada no estudo tem alguns inconvenientes e o
problema com este tipo de amostragem reside no facto de os sujeitos disponíveis
poderem ser atípicos da população, no que diz respeito às variáveis críticas que estão
a ser mensuradas (Polit, Beck e Hungler, 2004). Estes autores consideram ainda que
neste tipo de amostragem há o risco de tendências e descobertas erradas.
118
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
CONCLUSÃO
Dos resultados encontrados após a sua aplicação ressaltam, como mais evidentes e
significativos, os seguintes:
119
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
- Verificou-se um aumento dos valores da média da MIF total, que passou de 56,36 na
Fase 1, para 82,97 na Fase 2 e as diferenças encontradas entre as duas fases são
estatisticamente significativas.
- A média dos valores totais do MEEM aumentou de 18,42 pontos na Fase 1 para
23,18 pontos na Fase 2 e foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
nos valores totais do MEEM entre as duas fases.
120
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
Neste ponto, pretende-se ainda realçar os aspetos que se consideram terem sido
facilitadores do desenvolvimento de todo o trabalho. Deles fazem parte a aceitação e
disponibilidade das pessoas a quem se recorreu e que colaboraram na realização do
mesmo. Destacamos uma atenção especial para os doentes/famílias que aceitaram
participar no estudo, ou autorizaram que os seus familiares o fizessem, permitindo que
o PRC fosse aplicado, e também para os médicos assistentes que se prontificaram a
não dar alta aos doentes que estavam sob sua responsabilidade clínica, sem que
estes tivessem cumprido o programa na totalidade, tornando assim possível a
concretização deste estudo.
121
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
apontar um caminho a ser explorado em futuras pesquisas, assim como servir de base
a novos estudos.
122
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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125
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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126
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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128
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇAO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
129
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA
EM PESSOAS COM DEMÊNCIA EM CONTEXTO HOSPITALAR
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treatment of Alzheimer’s disease. Expert Review of Neurotherapeutics. Vol. 8, nº 5,
(2008) p. 751-757).
131
ANEXOS
ANEXO I
¾ ORIENTAÇÃO
x Tempo
- Questionar em que dia está (semana, mês e ano) e informar sempre que
necessário;
x Espaço
- Apresentação cuidada e repetida sempre que necessário do interior do
serviço, nomeando o nome de cada local e funções a que se destinam (sala de
convívio, quartos, WC) e promover passeios ao exterior sempre que possível.
x Pessoa
- Questionar acerca de quem é o doente, nome, idade, se é casado, se tem
filhos, onde vive e com quem vive.
¾ MEMÓRIA
¾ AUTOCUIDADOS
x Autocuidado: Higiene
- Avaliar capacidades para o autocuidado: higiene;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: higiene;
- Providenciar material de higiene;
- Assistir no autocuidado: higiene;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: higiene.
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: higiene.
x Autocuidado: Vestir-se
- Avaliar capacidades para o autocuidado vestir-se;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado vestir-se;
- Providenciar roupa;
- Assistir a pessoa no autocuidado: vestir-se;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: vestir-se;
- Ensinar sobre estratégias para o autocuidado: vestir-se;
-Requerer à pessoa doente para determinar que roupa utilizar para cada parte
do corpo, para cada época e para cada ocasião.
x Autocuidado: Comer
- Avaliar capacidades para o autocuidado: comer;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: comer;
- Providenciar dieta adequada;
- Assistir a pessoa no autocuidado: comer;
- Encorajar a pessoa a participar no autocuidado: comer;
- Ensinar sobre estratégias adaptativas para o autocuidado: comer.
x Autocuidado: Deambular
- Avaliar capacidades para o autocuidado: deambular;
- Avaliar a aprendizagem de capacidades para o autocuidado: deambular;
-Providenciar equipamentos (bengala, canadianas, cadeira de rodas,
andarilho);
- Assistir a pessoa no autocuidado: deambular;
- Encorajar a pessoa para o autocuidado: deambular
- Providenciar passeios ao exterior;
- Ensinar sobre estratégias adaptativas para o autocuidado: deambular.
ANEXO II
______________________________________
______________________________________
(nome do familiar/cuidador)
(grau de parentesco)
(nome do doente)
a integrar o mesmo.
_________________________________________
(Assinatura do familiar/cuidador)
_____________________________________________________________________
(nome do doente)
_________________________________________
(Assinatura do doente)