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Eutanásia em morcegos

José Ricardo Pachaly

Programa de Mestrado em Ciência Animal da Universidade Paranaense – UNIPAR, Umuarama


– PR / Instituto Brasileiro de Especialidades em Medicina Veterinária – ESPECIALVET,
Maringá – PR
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*Corresponding author. Email: pachaly@uol.com.br

Não existe um padrão legal brasileiro para eutanásia de morcegos ou outros animais
selvagens. Assim, normalmente empregamos como padrão as normas oficiais da AAZV
– Associação Norte-Americana de Veterinários de Zoológico, e este texto é baseado
nessas normas. Todos os morcegos de vida livre devem ser considerados capazes de
albergar Lyssavirus causadores de raiva. A razão mais comum para eutanásia de morcegos é a
obtenção de material encefálico para exames laboratoriais para a raiva, e todas as pessoas que
manipularem morcegos devem estar vacinadas contra a raiva. As situações potencialmente
perigosas para transmissão a partir de morcegos infectados incluem mordida, arranhão
ou contato da saliva do animal com pele ou mucosa. Além da raiva existem também
outras zoonoses que podem ser transmitidas por morcegos, como as provocadas por
Leptospira spp. e Histoplasma capsulatum. Todos os morcegos são capazes de uma poderosa
mordida quanto estão sendo contidos fisicamente, e indica-se o uso de luvas de couro, ou de
uma toalha ou pano que possa confinar os membros e cobrir a cabeça do animal. As redes-
neblina são usadas em campo para a captura dos morcegos, devendo ser prestada especial
atenção na remoção dos animais da rede, para evitar os riscos de exposição aos
patógenos supracitados. O pequeno tamanho da maioria dos morcegos dificulta o acesso
vascular, mas existem diversas veias acessíveis, empregando-se agulhas de pequenos
calibres. Tais vasos incluem as veias cefálica, medial do braço, uropatagial e safena. Já
a veia jugular externa não existe nos megaquirópteros, e é de acesso muito difícil nos
microquirópteros. Todos os morcegos devem ser anestesiados antes da eutanásia, mediante
emprego de anestésicos injetáveis ou voláteis, para reduzir os riscos de mordidas ou contato
com secreções e excreções. A técnica mais segura é colocar o animal em uma câmara de
indução anestésica e administrar um anestésico inalatório como isoflurane ou
sevoflurano. Como alternativa, na mesma câmara pode se administrar gases como dióxido
de carbono, monóxido de carbono, nitrogênio ou argônio, tomando-se as devidas
precauções para proteger as pessoas presentes. Também podem ser empregadas
associações de anestésicos dissociativos e agonistas de receptores adrenérgicos alfa-2,
administrando-se por via intramuscular no tríceps. As doses variam com o tamanho dos
animais, sendo proporcionalmente maiores para os morcegos menores, indicando-se seu
cálculo por meio de extrapolação alométrica interespecífica. Uma vez induzido o plano
anestésico e assegurada plena inconsciência e ausência de nocicepção, o morcego pode
então ser morto por injeção de barbitúricos por via intravenosa, intraóssea, intracardíaca,
intrahepática ou mesmo na cisterna magna, injeção de substâncias despolarizantes,
decapitação, exsanguinação. É fundamental frisar que os barbitúricos injetáveis são
disponíveis na forma de sais de alcalinos de sódio e podem irritar os tecidos, provocando
dor, de maneira que deve ser dada preferência à injeção intravenosa. De acordo com a
legislação brasileira, todos os fármacos empregados para os procedimentos supracitados
somente podem ser empregados sob indicação e supervisão de um médico veterinário
devidamente registrado no conselho de classe estadual.
Palavras-chave: eutanásia, bem estar animal, zoonoses
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