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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur

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Sri Krsna Samhita


Veja Também Sri Sri Sva Niyama Dvadasakam
"12 Versos dos Meus Próprios Princípios Regulativos Auto Impostos"
por Srila Bhaktivinoda Thakura,
o seu último escrito.

POR SRILA BHAKTIVINODA THAKURA

Srila Bhaktinoda Thakura

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur

Conhecido como o Sétimo Goswami, Thakura Bhaktivinoda foi o primeiro Acarya á


se comprometer de corpo e alma com a missão de Sriman Mahaprabhu e espalhá-la
para todo o mundo. Ele tem um lugar singular no nosso parampara.

Antes dele, os Vaishnavas puros viviam absortos em bhajana e viviam como babajis
altamente renunciados e sem nehuma relação social com niguém. também haviam
muitas seitas sahajiyas e toda Índia pensava que os seguidores de Mahaprabhu eram
todos falsos e sem valor. Ele achavam que os sahajiyas eram representantes de
Mahaprabhu. Então Thakura Bhaktivionda se esfôrçou sobre humanamente em
restabelecer a supremacia e o respeito aos ensinamentos de Mahaprabhu como limite
máximo da religião. Ele escreveu mais de cem livros e também traduziu muitos para
vários idiomas. Ele era um filósofo perfeito, os filósofos ocidentais da sua época
começaram á aprender bengali á fim de lerem os livros do Thakura. As glórias deste
Maha Bhagavata são intermináveis e insondáveis, quem somos nós para
compreender a importância de tal personalidade?

Thakura Bhaktivinoda também redescobriu o lugar de nascimento de Sriman


Mahaprabhu em Mayapura junto com seu Mestre Espiritual Srila Jaganath das
Babaji Maharaj. Sua contribuição para a Gaudiya Sampradaya é insondável para os
cérebros ordinários como o nosso.

PREFÁCIO

Compilei o Sri Krsna-samhita depois de estudar cuidadosamente o significado da literatura védica. As verdades relativas à filosofia vaisnava
são o que há de mais importante no dharma ariano. Aqui, discute-se especialmente isso. Todo mundo — incluindo os adoradores de Durga,
Surya, Ganesha, Siva e Visnu — deve aceitar o conteúdo desse livro de acordo com a sua respectiva qualificação. Aqui também
encontraremos a mais elevada conclusão sobre brahman-jnana, o conhecimento impessoal da Verdade Absoluta, e também são discutidos
os principais significados das escrituras religiosas. Portanto, nele podemos encontrar discussões sobre todos os ramos e sub-ramos do
dharma ariano.

Na introdução encontraremos considerações históricas e geográficas sobre todas as verdades religiosas. E na conclusão discutimos essas
verdade com uma terminologia moderna.

Assim que for publicado, muita gente vai obter um exemplar. Mas não creio que muitos leitores irão estudá-lo cuidadosamente. O Sri Gita-
govinda, compilado por Jayadeva Gosvami, supostamente só deve ser estudado por pessoas qualificadas, porque ali podemos encontrar
versos como: yadi hari smarane sarasaˆ manaƒ yadi vilasa kalasu kutuhalam ity adi — “Ó devotos, se as suas mentes ficarem atraídas
pela lembrança das características do Senhor, e se suas mentes ficarem curiosas em compreender os encantadores passatempos da rasa-lila
do Senhor...” No entanto, eruditos literários comuns e panditas, bem como as pessoas que estão apegadas aos assuntos amorosos não
param de ler tais livros. Portanto é necessário dizer algumas palavras sobre esse assunto.

Com as minhas mãos postas em súplica, solicito aos leitores acostumados com temas corriqueiros que compreendam que se encontrarem
alguma conclusão nesse livro que seja contrária aos seus conceitos, é devido a que ele foi escrito visando um determinado tipo de pessoa.
No entanto, tudo o que foi escrito sobre os códigos religiosos deve ser aceito por todos. As conclusões relativas aos temas subsidiários irão
conceder o resultado de purificar algum campo de conhecimento específico que alguém possua. Não há perda ou ganho para quem acredita
ou não acredita nos diferentes temas descritos na introdução no que diz respeito aos incidentes históricos e ao tempo, de acordo com o
raciocínio e argumentação sastricos. A história e o conhecimento do tempo são parte do Artha-sastra, escrituras que tratam de temas
sobre economia. Se considerarmos história e o tempo de acordo com o raciocínio e argumentos lógicos, não haverá grande benefício para a
Índia. Com isso, também podemos esperar fazer um avanço gradual no caminho pela meta definitiva da vida. Se o raciocínio e o argumento
lógico são combinados com crenças antigas, então todo limo de equívocos acumulado será destruído, e no devido curso de tempo o odor da
infâmia será erradicado do povo Indiano; então o conhecimento dessa Nação recuperará a sua saúde. Minha prece aos respeitáveis eruditos
profissionais e devotos é que não menosprezem esse Krsna-samhita depois de verem as conclusões independentes mencionadas na
introdução. Eles serão obrigados a respeitar esse livro pela única razão dele descrever os nomes, qualidades e passatempos de Krsna. No
Srimad Bhagavatam, Narada Muni declarou (1. 12. 52):

tad-vag-visargo janatagha-viplavo
yasmin prati-slokam abaddhavaty api
namany anantasya yaso’nkitani yat
sAvanti gayanti gAanti sadhavaƒ

tad-vag-visargo janatagha-viplavo
yasmin prati-slokam abaddhavaty api
namany anantasya yaso’nkitani yat
sAvanti gayanti gAanti sadhavaƒ

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“Por outro lado, a literatura que está repleta de descrições sobre as glórias transcendentais do nome, fama, formas, passatempos, etc. da
ilimitada Suprema Personalidade de Deus é uma criação diferente, cheia de palavras transcendentais destinadas a fazer com que haja uma
revolução na vida ímpia dessa civilização mundial mal- conduzida. Essa literatura transcendental, mesmo que composta imperfeitamente, é
ouvida, cantada e aceita pelos homens purificados que são completamente honestos.”

O meu pedido aos leitores modernos é que eles não sintam aversão por esse livro apenas por ouvirem o nome e o dos passatempos do
Senhor de Vraja que ele contém. Quanto mais alguém ler o livro com fé, mais irá perceber a Verdade Absoluta. Na minha opinião, o leitor
terá melhor proveito estudando a Introdução, depois a Conclusão e finalmente a parte principal.

Agradeço de modo especial a Sri Pandita Damodara Vidyavagisa, Sri Govinda Candra Mahapatra, Pandita Sasibh™aAa Smtiratna e Sri
Pandita Candra Mohana Tarkaratna, que ocasionalmente me ajudaram a editar esse livro.

Servo do servo do Senhor,

Akincana Sri Kedaranatha Datta (Bhaktivinoda).

INTRODUÇÃO

caitanyatmane bhagavate namah

Há dois tipos de literatura — aquela que concede artha, ou prosperidade material, e aquela que concede paramartha, ou prosperidade
espiritual. Geografia, história, astrologia, física, psicologia, medicina, microbiologia, matemática, linguagem, poesia, música, lógica, ioga,
religião, direito, arquitetura e artes bélicas estão incluídos na primeira categoria. Todo livro visa revelar um assunto em especial — esse é o
propósito. Quando todos os propósitos se complementam uns aos outros e finalmente conduzem ao propósito supremo, na forma do destino
definitivo da alma, ele é chamado paramartha. A literatura que discute como alcançar esse propósito supremo é chamada de paramathica,
ou literatura espiritual.

Inúmeras obras literárias espirituais têm sido compiladas na Índia e em todo mundo. Na Índia, os sábios têm compilado uma vasta literatura
espiritual desde tempos imemoriais, depois de terem considerado devidamente os assuntos espirituais. Dentre essas obras, o Srimad
Bhagavatam é a mais importante. Esse livro contém 18.000 versos. Nele, os dez assuntos principais do mundo (*) têm sido discutidos em
algumas passagens como instruções diretas e em outras passagens como história. Dentre os dez temas, o último, asraya, é o paramatha-
tattva, ou tema espiritual. O asraya-tattva, ou summum bonum, é muito confidencial e ilimitado. Apesar do asraya-tattva ser auto-
evidente para as entidades vivas, no atual estado condicionado as pessoas têm muita dificuldade em compreendê-lo. É por esse motivo que o
compilador do Srimad Bhagavatam foi induzido a discutir compassiva e claramente as outras nove verdades(**).

(*)”No Srimad Bhagavatam existem dez divisões de declarações sobre os seguintes temas: a criação do Universo, subcriação, sistemas planetários, proteção do
Senhor, o ímpeto criativo, a mudança dos Manus, a ciência de Deus, a volta ao lar, volta ao Supremo, liberação e o summum bonum.”(Bh. 2.10.11)

(**)”Para isolar a transcendência do summmum bonum, os sintomas do restante são às vezes descritos pela inferência védica, às vezes pela explicação direta e
às vezes pelas explicações sumárias dadas pelos grandes sábios.” (Bh. 2.10.2)

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Um livro assim imaculado até hoje não foi explicado apropriadamente. As pessoas da Índia e de outros países podem ser divididas em duas
categorias: as que se assemelham aos asnos e as que se assemelham aos cisnes. Na divisão, as que se assemelham aos asnos são a maioria.
As que se assemelham aos cisnes são muito raras. As pessoas que se comportam como cisnes abstraem o significado das escrituras para o
seu avanço e benefício pessoal. É por isso que o significado do Srimad Bhagavatam ainda não foi claramente revelado. Tenho enorme
desejo em traduzir o Srimad Bhagavatam no estilo apropriado das pessoas que se comportam como cisnes, mas não tenho tempo para
traduzir um trabalho tão vasto. Por essa razão agora estou extraindo o significado principal dessa grande literatura e o estou apresentando na
forma do Sri Krsna-samhita. Depois de escrever os versos desse livro eu não fiquei satisfeito, e então os traduzi para o Bengali. Espero que
as pessoas cultas sempre discutam o livro criteriosamente para poderem apurar os temas espirituais.

Todo mundo tem o direito de discutir temas espirituais. No entanto, as pessoas estão divididas em três categorias quanto à sua
qualificação(*). Aquelas que não possuem poder de discriminação independente estão na primeira categoria e são chamadas neófitas, ou
aquelas cuja fé ainda é muito limitada. Elas não têm alternativa para a fé. Se não aceitarem aquilo que os compiladores das escrituras
escrevem por ordem do Senhor, elas caem. Elas só estão qualificadas para compreender o significado grosseiro da ciência de Krsna; elas
não estão qualificadas para compreenderem o significado sutil. Até que elas avancem gradualmente devido à boa associação e instrução,
deverão tentar avançar sob o abrigo da fé. Aquelas que ainda não conseguiram conectar a fé com os argumentos lógicos estão no segundo
grupo de pessoas, ou madhyama-adhikaris. E aquelas que são peritas em relacionar os dois padrões são perfeitas em todos os aspectos.
Elas são capazes de alcançar a perfeição ao utilizarem os recursos materiais em seus esforços independentes. Elas são chamadas pessoas
mais elevadas, ou uttama-adhikaris. Dos três tipos de pessoas, é necessário determinar qual a candidata a estudar esse livro. Os neófitos
não são qualificados, mas poderão ir se qualificando gradativamente ao alcançarem um estágio mais elevado através da boa-fortuna. As
pessoas muito elevadas não têm muita necessidade de lerem esse livro, a não ser para reforçarem as suas próprias conclusões. No entanto,
elas devem discutir esse livro com o devido respeito para poderem beneficiar os madhyama-adhikaris. Portanto os candidatos apropriados
para estudar esse livro são os madhyama-adhikaris. As pessoas das três categorias mencionadas estão qualificadas para estudar o Srimad
Bhagavatam, no entanto a maioria dos comentários sobre esse livro imaculado são compostos para beneficiar os neófitos. Os comentaristas

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são sempre pessoas com comportamento semelhante ao dos cisnes e eles têm exibido mais compaixão com os neófitos do que com os
madhyama-adhikaris. Sempre que eles discutem jnana, estão se referindo ao brahman-jnana, o conhecimento da Verdade Absoluta no
seu aspecto impessoal. Portanto, os especuladores modernos acabam não sendo beneficiados. Atualmente, muitas pessoas do nosso país
discutem a literatura e a ciência estrangeiras desejando avaliar o seu significado. Elas perdem a fé rapidamente logo ao observarem as
apresentações indiretas(**) dos compiladores das escrituras e os comentários, que como já salientamos, são mais adequados para os
neófitos. Então, ou elas adotam uma religião diferente ou se tornam famosas ao introduzirem uma nova religião. O perigo nisso é que tais
pessoas acabam perdendo o seu tempo inventando um novo tipo de compreensão, deixando de lado o caminho perfeito indicado pelos
mahajanas do passado, que eleva automaticamente as pessoas que estão em uma qualificação inferior. Se houvessem alguns livros
apropriados para os madhyama-adhikaris discutirem, então não haveriam anarthas, ou as coisas indesejáveis, na forma de sub-religião,
religião enganosa, ou irreligião na Índia. O propósito principal desse livro é o de satisfazer os requisitos citados. Na verdade, ele irá beneficiar
direta e indiretamente os três tipos de pessoas — uttama, madhyama e kani˜ha. Portanto todos devem respeitar esse livro.

(*) “Tanto o mais tolo dos tolos quanto quem está situado transcendentalmente a inteligência desfrutam de felicidade, enquanto que as pessoas que se
encontra entre essas duas categorias sofrem das dores materiais.” (Bh. 3.7.17)

(**) “As pessoas infantis e tolas estão apegadas às atividades materialistas fruitivas, apesar da verdadeira meta da vida ser a liberação de tais atividades.
Portanto, as injunções védicas conduzem indiretamente ao caminho da liberação definitiva ao prescrever as atividades religiosas fruitivas, assim como um pai
promete doce à criança para que ela tome o remédio.”(Bh. 11.3.44)

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O sectarismo é um subproduto natural da Verdade Absoluta. Quando inicialmente os acaryas determinam e instruem a Verdade, ela não
está poluída com o sectarismo. Todavia, as regras e regulações recebidas através da sucessão discipular, no que diz respeito à meta e ao
método de alcançá-la, podem mudar no decorrer do tempo de acordo com a mentalidade e localização das pessoas(*). Uma regra que é
seguida por uma sociedade não é aceita necessariamente em outra comunidade. É por isso que uma comunidade é diferente da outra. Assim
que uma comunidade gradativamente vai desenvolvendo os seus padrões, ela vai desenvolvendo aversão pelas outras comunidades e
considera os padrões dos outros inferiores. Esses sintomas sectários são vistos em todos os países desde tempos imemoriais. Isso é muito
evidente nos neófitos e também ocorre em certa medida entre os madhyama-adhikaris. No entanto, nos uttama-adhikaris não há indício
de sectarismo. A adesão a determinados padrões é o sintoma proeminente de uma sociedade. Existem três tipos de padrões —
alocakagata‚ alocanagata e alocacyagata. Alocakagata, aqui os sectários adotam alguns sinais exteriores. Os exemplos de
alocakagata são a tilaka, os colares, vestes açafroadas e o batismo que é amplamente praticado. As diferentes atividades praticadas no
processo de adoração são chamadas alocanagata. Exemplos de alocanagata são os sacrifícios, austeridades, cerimônias de fogo, votos,
estudo das escrituras, adoração de deidades, construção de templos, respeitar o pureza de diversas árvores e rios, vestir-se como
sannyasis, agir como acaryas, vestir-se como brahmacaris ou ghasthas, fechar os olhos, respeitar determinados tipos de livros, regras e
regulações para comer e respeitar a pureza de determinadas ocasiões e locais. Os exemplos de alocyagata são a atribuição de personalismo
e impersonalismo ao Senhor Supremo, instalar deidades, exibir o humor de uma determinada encarnação do Senhor, especular sobre céu e
inferno e descrever o destino futuro da alma. As diferentes formas dessas atividades espirituais criam divisões de sectarismo. As diferenças
que surgem de locais, épocas, línguas, comportamento, alimentos, vestimentas e naturezas das diversas comunidades estão incorporados nas
práticas espirituais das pessoas e vão fazendo que gradualmente uma comunidade se torne completamente diferente da outra. Essa diferença
é tão acentuada que até mesmo a consideração de que todos são seres humanos pode deixar de existir. Devido a essas diferenças há
desacordo, deixam de haver relacionamentos sociais e acabam ocorrendo as lutas, que chegam ao ponto da matança mútua. Quando uma
mentalidade de asnos predomina entre os kani˜ƒa-adhikaris, eles fatalmente acabam assumindo esse tipo de conduta. Contudo, se eles
desenvolvem uma mentalidade de cisnes, então, eles não tomam partido nas disputas; ou seja, eles assumem um comportamento mais
elevado. Os madhyama-adhikaris não discutem tanto sobre os padrões exteriores, mas vivem apegado aos desacordos filosóficos. Às
vezes, eles condenam os padrões dos neófitos e estabelecem os seus próprios padrões como sendo superiores. Eles condenam a adoração à
deidade dos neófitos para estabelecerem a adoração ao Senhor sem atributos ou forma(**). Nesses casos, eles também são considerados
como possuidores de mentalidade semelhante a asnos. Por outro lado, se apresentarem uma mentalidade de cisnes e o desejo de alcançarem
um nível mais elevado, devem respeitar as práticas dos outros e inquirir sobre temas mais elevados. Na verdade, as contradições só ocorrem
devido à mentalidade de asnos. As pessoas de mentalidade de cisnes consideram a necessidade de diferentes práticas de acordo com a
qualificação das pessoas, e portanto estão naturalmente desapegadas das disputas sectárias(***). Quanto a isso deve ficar claro que tanto as
pessoas semelhantes a asnos quanto aquelas semelhantes a cisnes podem ser encontradas entre kani˜ƒas e madhyama-adhikaris. Eu não
espero que pessoas de mentalidade asinina aceitem esse livro com o devido respeito. Se os neófitos e madhyama-adhikaris se tornarem
complemente indiferentes em relação às contradições encontradas nas várias práticas e tentarem avançar mais, daí então eles se tornarão
pessoas semelhantes a cisnes. Então, serão nossos amigos queridos e respeitáveis amigos. Apesar de personalidades de comportamento
semelhante a cisnes poderem aceitar uma prática em particular do nascimento até a infância de acordo com as instruções que receberam, elas
ainda assim permanecem indiferentes e não-sectárias.

(*)”Portanto, devido às diferentes características das entidades vivas dentro do Universo, existe uma grande variedade de rituais védicos, mantras e
recompensas. Devido à grande variedade de desejos e naturezas dos seres humanos, existem inúmeras filosofias de vida teístas, que são mantidas pela tradição,
costumes e sucessão discipular. Existem outros mestres que mantêm diretamente pontos de vista ateístas.” (Bh. 11.14.7-8)

(**) “Ó melhor entre os homens, a inteligência dos seres humanos está confundida pela Minha potência ilusória, e dessa maneira, de acordo com as atividades e
desejos, eles falam de inúmeras maneiras sobre o que é realmente bom para as pessoas.” (Bh. 11.14.9)

(***)”Quem não deseja nada no mundo, quem já obteve a paz por controlar os sentidos, cuja consciência está equilibrada em todas as circunstâncias e cuja
mente está completamente satisfeita em Mim, só encontra felicidade aonde for.”(Bh. 11.14.13)

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Os princípios religiosos que serão explicados e estabelecidos aqui são muito difíceis de serem classificados. Se dermos aos princípios um
determinado nome sectário, então outras seitas irão se opor a eles. Por esse motivo, o Srimad Bhagavatam estabeleceu sanatana-dharma
como satvata-dharma, ou os princípios religiosos relacionados com a Verdade Absoluta(*). Outro nome para esses princípios religiosos é
vaisnava-dharma. Os vaisnavas de comportamento semelhante a asnos caem na categoria dos Saktas (seguidores de Durga), Sauras

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(seguidores do deus do sol), GaAapatyas (seguidores de Ganesha), Saivitas (seguidores de Siva) e vaisnavas (seguidores de Visnu). Porém,
os vaisnavas com comportamento semelhante a cisnes são não-sectários e portanto raros. Os cinco tipos de espiritualistas são encontrados
na Índia, e classificados de acordo com as suas respectivas qualificações. Os seres humanos têm dois tipos de tendências - arthica, material;
e paramarthica, espiritual. As tendências materiais incluem a manutenção do corpo, construção de uma casa, casamento, ter filhos, estudar,
ganhar dinheiro, ciência material, trabalho nas fábricas, adquirir e manter o erário e acumular mérito piedoso. Apesar de haverem algumas
semelhanças entre as atividades dos seres humanos e dos animais, os esforços materiais humanos devem ser considerados superiores às
tendências naturais dos animais. Se depois de executarem as atividades materiais os seres humanos não se abrigarem em atividades
constitucionais, então passarão a ser chamados animais de duas pernas. As atividades naturais de uma alma pura são chamadas sva-dharma,
ou atividades prescritas. A sva-dharma de uma entidade viva é predominantemente manifesta no seu estado de existência pura. No estado
de existência pura o sva-dharma está presente na forma de atividades espirituais. Todas as tendências materiais mencionadas tornam-se bem
sucedidas quando relacionadas com as atividades espirituais, de outra maneira, isoladamente, elas não podem ajudar a se alcançar a meta
mais elevada (”As atividades ocupacionais que um homem realiza de acordo com a sua própria posição nada mais são do que muito trabalho
inútil se elas não provocam atração pela mensagem da Suprema Personalidade de Deus.” Bh. 1.2.8). O estágio que vai da dedicação a
atividades materiais até o despertar das atividades espirituais é chamado de estágio preliminar da consciência de Deus. Do estágio preliminar
até o estágio uttama-adhikari existem vários níveis (”As cinco qualidades, tamaƒ, rajas-tamaƒ, rajaƒ, rajaƒ-sattva e sattva são geradas
das cinco propensões grosseiras das pessoas. Os eruditos têm considerado os cinco níveis de propensões e qualidades do mais baixo até o
mais elevado.” Datta-kaustuba). Indagar sobre a verdade do mundo material é chamado Sakta-dharma, porque a deidade predominante no
mundo material é a semideusa Durga. Todo comportamento e práticas em Sakta-dharma são úteis apenas no estágio preliminar. Esse
comportamento e essas práticas se destinam a fazer com que a pessoa se aproxime da vida espiritual, e as pessoas materialistas podem ficar
atraídas por isso apenas, até o momento em que começarem a indagar sobre a Suprema Verdade Absoluta. Sakta-dharma é o início do
esforço que as entidades vivas fazem para iniciarem a vida espiritual e ele é extremamente necessário para as pessoas nesse nível. Quando o
estágio preliminar avança um pouco mais, alcança-se o nível seguinte. Então, passa-se a considerar a energia do trabalho e a superioridade
do calor sobre a matéria inerte, e portanto passa-se a aceitar o deus do sol, que é a fonte do calor, como a deidade adorável. Nesse
momento é despertada o Saura-dharma. Mais tarde, quando se considera calor como matéria inerte e a consciência animal como sendo
superior, alcança-se o terceiro estágio, GaAapatya-dharma. No quarto estágio grosseiro, o Senhor Siva é adorado como a consciência pura
das entidades vivas e se manifesta o Saiva-dharma. No quinto estágio a entidade viva adora a consciência suprema e então o Vaisnava-
dharma se manifesta. Por natureza, há cinco tipos de dharmas paramarthicos, ou deveres espirituais, que são conhecidos no mundo inteiro
com diferentes nomes em épocas diferentes. Se considerarmos todos os diferentes dharmas que existem na Índia e pelo mundo, poderemos
verificar que fatalmente eles caem em uma das cinco categorias. Os princípios religiosos ensinados por Maomé e por Jesus Cristo são
similares aos princípios religiosos ensinados pelas seitas vaisnavas. Budismo e jainismo são similares ao Saiva-dharma. Essa é uma
consideração científica sobre as verdades relativas aos princípios religiosos. Aqueles que consideram os seus princípios religiosos como o
verdadeiro dharma e os outros princípios religiosos como irreligião ou sub-religião são incapazes de apurar a verdade por estarem sendo
influenciados pelo preconceito. Na verdade todos os princípios religiosos seguidos pelas pessoas em geral são diferentes unicamente devido
às diferentes qualificações dos praticantes, mas os princípios religiosos constitucionais de todas as entidades vivas é apenas um. Não é
apropriado que as pessoas de comportamento semelhante a cisnes rejeitem os princípios religiosos que as pessoas em geral seguem de
acordo com a situação delas. Portanto, com o devido respeito aos princípios religiosos seguidos pelas pessoas em geral, é que iremos
discutir os princípios religiosos constitucionais das entidades vivas.

(*) “Rejeitando completamente todas as atividades religiosas materialmente motivadas, esse Bhagavata PuraAa propõe a verdade mais elevada, que é
compreensível para os devotos que são completamente puros de coração...” (Bh. 1.1.2)

———————

O Satvata-dharma, ou o Vaisnava-dharma não-sectário, é o princípio religioso constitucional, ou eterno, das entidades vivas (*). Os
princípios vaisnavas que são encontrados na saˆpradaya Mayavada são apenas imitações indiretas desses princípios. Quando os princípios
vaisnavas sectários se tornam transcendentais; isto é, quando eles se livram do impersonalismo, então eles se tornam Satvata-dharma, ou
princípios religiosos relacionados com a Verdade Absoluta. As diferentes saˆpradayas, denominadas dvaita (dualismo), dvaitadvaita
(simultânea unidade e diferença), suddhadvaita (unidade purificada) e vaisi˜advaita (monismo específico) que são encontradas em
satvata-dharma não são nada além do que as maravilhosas variedades de sentimentos dentro da ciência vaisnava. Na verdade as várias
saˆpradayas não são o resultado das diferenças sobre a verdade básica. O impersonalismo é diametralmente oposto à ciência de bhakti. Os
vaisnavas que aceitam o impersonalismo não são vaisnavas puros.

(*) “Aqueles que são espiritualmente avançados simplesmente contemplam os pés de lótus de Visnu.” (¬g Veda 1.22.20)

——————

É nosso dever considerar quando e como o vaisnava-dharma se manifestou na Índia. Antes de considerarmos esse assunto, no entanto, há
inúmeros outros assuntos que precisam ser esclarecidos. Portanto, primeiro iremos determinar as datas, de acordo com as considerações
modernas, dos principais eventos que ocorreram na Índia. Mais tarde iremos determinar a estimativa da idade das escrituras. Assim que
apurarmos as idades das escrituras, explicaremos, de acordo com a opinião moderna, a história do vaisnava-dharma que é explicada nas
escrituras. Apesar de considerarmos a idade das escrituras de acordo com os métodos clássicos, agora seguiremos a metodologia
contemporânea para o benefício das pessoas.

A própria história remota da Índia está encoberta por uma densa escuridão de esquecimento, porque não há uma seqüência apropriada na
história remota. Vou estabelecer com um pouco de suposição todas as informações que pude obter na leitura dos quatro Vedas, do
RamayaAa, Mahabharata e dos PuraAas. No início, os arianos viviam em um pequeno país denominado Brahmavarta, que estava situado
entre dois rios — Sarasvati e Davati. O nome atual do Davati é Kagara(*). Ao discutir o significado do nome “Brahmavarta” é de se
presumir que os arianos vieram de um outro país para residir ali. Não podemos assegurar exatamente de onde vieram, mas, acredita-se que
eles vieram de algum país do Norte(**).

(*) Os seguintes versos do Mahabharata (Vana-parva 83.4) criam alguma dúvida a esse respeito. As pessoas de comportamento semelhante a cisnes deverão

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destruir essa dúvida através de samadhi.

“Quem vive em Kuruketra, que fica ao sul do rio Sarasvati e ao norte do rio Dadvati, vive no céu.”

(**) No Mahabharata (Vana-parva 82.103) o tirtha de Devi perto do Kashmir é descrito da seguinte maneira: “Dizem que os brahmaAas começaram a existir
primeiro nesse local.”

———————

Quando eles chegaram, eram relativamente civilizados de acordo com os padrões da época. Não há dúvidas quanto a isso. Orgulhosos da
sua civilização, eles costumavam menosprezar os nativos locais. Dizem que quando os arianos menosprezaram os nativos locais, o rei dos
nativos, Rudradeva, mostrou aos arianos a sua bravura aceitando a mão de Sati, a filha do Prajapati Daka, fazendo uma aliança com Daka.
No entanto, os arianos eram tão orgulhosos que depois daquele casamento, eles passaram a desrespeitá-la e ao seu esposo. Foi por isso que
Sati passou a odiar a si mesma e abandonou o seu corpo na arena sacrificial de Daka, depois disso Siva e os seus seguidores passaram a
perseguir os arianos. Portanto, mais tarde os brâmanes foram forçados a fazer aliança com Siva permitindo que ele desfrutasse de um
quinhão dos sacrifícios. No entanto, para poderem manter a sua superioridade, os arianos colocaram o assento de Siva no quadrante
nordeste da arena de sacrifício. Não resta dúvidas de que a cerimônia de fogo de Daka ocorreu logo após os arianos terem se estabelecido
em Brahmavarta, porque dez personalidades lideradas por Daka são descritas como sendo os Prajapatis originais. A esposa de Daka
chamava-se Pras™ti. Ela era filha de Svayambhuva Manu, o filho de Brahma. Svayambhuva Manu e os Prajapatis foram os habitantes
originais de Brahmavarta. Outro filho de Brahma foi Marici, cujo filho foi Kasyapa. O filho de Kasyapa foi Vivasvan, cujo filho foi
Vaivasvata Manu. O filho de Vaivasvata Manu foi Ikvaku. Disso podemos concluir que a dinastia Surya começou com a sexta geração de
Brahma. Na época do Maharaja Ikvaku, os arianos estavam vivendo em um lugar chamado Brahmari. De acordo com os cálculos
modernos as seis gerações citadas desfrutaram de seu reinado por duzentos anos. Como Brahmavarta era muito pequena, ela foi expandida
nos duzentos anos e passou a se chamar Brahmari. Os arianos estavam muito ansiosos em expandir a dinastia e tiveram tantos filhos que
Brahmavarta ficou superpovoada para suprir as necessidades. Os acadêmicos modernos dizem que algumas personalidades civilizadas como
Candra foram introduzidas na raça ariana naquela época. De acordo com os seus cálculos, no período de duzentos anos houveram oito
Manus, começando de Svayambhuva Manu até Vaivasvata Manu. Logo após Svayambhuva Manu, o filho de Agni chamado Svarocia
Manu surgiu. O neto de Svayambhuva Manu foi Uttama Manu. Ele teve outro irmão chamado Raivata Manu. Cakua Manu apareceu na
sétima geração de Svayambhuva Manu. Vaivasvata Manu era a quinta geração de Brahma. SarvaAi Manu era irmão adotivo de
Vaivasvata. Portanto, todos os Manus desenvolveram as suas atividades antes da época de Ikvaku. Não há dúvidas quanto a isso. Daka-
sarvaAi, Brahma-sarvaAi, Dharma-sarvaAi, Rudra-sarvaAi, Deva-sarvaAi e Indra-sarvaAi só existiram na imaginação das pessoas
modernas. Se eles foram históricos, então devemos considerar que eles viveram em diferentes partes da Índia nesse período de duzentos
anos. Também está declarado que a batedura do oceano ocorreu durante a época de Cakua Manu. Vamana apareceu durante o período de
Vaivasvata Manu. Depois do sacrifício de Bali todos os demônios foram passados para trás por meio de uma trapaça. Os reis da dinastia de
Manu tinham as suas capitais fora de Brahmavarta, mas primeiramente eles não foram habilidosos no gerenciamento do reinado, na
educação ou na vida familiar. Dhanvantari apareceu durante a batedura do oceano. Os Asvini-kumaras também apareceram nessa época. O
veneno que emanou durante a batedura do oceano foi eliminado por Siva da dinastia de Rudra. Ao analisarmos esses tópicos podemos
verificar que naquela época a cultura e a medicina estavam progredindo. Também pode-se observar que o demônio Rahu foi cortado ao
meio e dessa maneira foram formados Rahu e Ketu. Do fato, podemos deduzir que naquela época estudavam a ciência da astrologia. No
entanto, não se acredita que naquela época havia escrita. E por isso, não há informações precisas do período. E uma vez que não há registros
escritos desse período, supõe-se que ele deve ter durado por muito tempo. Na verdade, muito mais tarde, quando começou o cálculo do
tempo, dizem que cada Manu desfrutou o reinado por setenta maha-yugas. Dentre os reis, quem quer que estabelecesse um código de leis
era respeitado por todo mundo e tratado como Manu. Existem duas razões pelas quais surgiram tantos Manus em um período de tempo tão
breve. A primeira delas é que não havia linguagem escrita ou livros, assim o conhecimento era transmitido pelo sruti, ou audição. Os outros
srutis que foram acrescidos ao sruti original foram atribuídos aos reinados dos diversos Manus. A segunda razão é que devido a um
aumento populacional, o território em que viviam os arianos se expandiu e foi dividido em várias áreas onde governavam diferentes reis.
Dessa maneira haviam inúmeros senhores feudais, ou Manus. Essa é a maneira como os acadêmicos modernos têm descrito as diferentes
durações dos Manus. As pessoas de comportamento semelhante a cisnes respeitam toda a substância que pode ser extraída desses tópicos,
mas explicações transcendentais são mais úteis para as pessoas de mentalidade asinina (*).

(*) “As injunções védicas costumam descrever uma situação como algo diferente para dissimular a sua verdadeira natureza para conduzir as pessoas tolas e
infantis que estão apegadas a atividades fruitivas. (Bh. 11.3.44)

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Essas explicações das características transcendentais e divisões do tempo foram aceitas para gerar firme fé na mente de tais pessoas. Os
grandes sábios aceitam a existência dos diferentes Manus para poder beneficiar os neófitos e avaliar as fantasias que são criadas em
diferentes épocas e locais. Nós nunca iremos dizer que a história e o processo de calcular o tempo de acordo com as escrituras é falso ou
imaginário.

Os acadêmicos modernos têm declarado que os nomes dos reis da época de Ikvaku estão disponíveis. Os nomes dos reis da dinastia de
Surya podem ser aceitos com uma boa margem de certeza. De Ikvaku até Ramacandra houveram 63 gerações. Se considerarmos que cada
rei governou por 25 anos, então o período de tempo desde Ikvaku até Ramacandra é algo em torno de 1.575 anos. O rei Bhadbala, na
nonagésima quarta geração dessa dinastia, foi morto por Abhimanyu na batalha de Kuruketra. A batalha de Kuruketra ocorreu 2.350 anos
depois do reinado de Ikvaku. A duração de todos os manvantaras é de cerca de 200 anos. Portanto teremos que aceitar que Brahmavarta
foi estabelecida 2.550 anos antes da batalha de Kuruketra.

A genealogia dos reis da dinastia Candra não é muito clara. De Ila, que foi contemporânea de Ikvaku, até Pur™rava e de lá até Yudhi˜hita,
são descritas 50 gerações. Portanto, é difícil aceitar que Sri Ramacandra apareceu na sexagésima terceira geração de Ikvaku, e ainda bem
antes de Yudhi˜hira, se houveram apenas 50 gerações de Ila até Yudhi˜hira. Valmiki foi um ri muito antigo. Portanto, seus cálculos devem
ser mais acurados do que os cálculos dos ris modernos. Além do mais, os reis da dinastia Surya eram muito poderosos, e assim os seus
sacerdotes familiares escreveram sobre a duração dos reinados de seus vários reis. Não há dúvidas sobre isso. Ou seja, há um equívoco na

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origem da dinastia Candra. Talvez depois dos reis da dinastia Surya terem governado por um longo período, o rei Yayati se tornou muito
poderoso. Quando Yayati foi incapaz de entrar na dinastia Surya e decidiu unir a sua dinastia à dinastia de Pur™rava Nahusa. No entanto,
mesmo após ter feito isso, ele e muitos outros soberanos da sua dinastia foram incapazes de estabelecer um relacionamento com a dinastia
Surya. O rei Romapada(*), amigo de Dasaratha, apareceu na décima quarta geração de Pur™rava, na dinastia de Anu, o filho de Yayati.
Kartaviryarjuna nasceu na décima sexta geração de Pur™rava, na dinastia de Yadu. Ele era inimigo de Parasurama. Por isso podemos
deduzir que o rei Yayati governou seu reino em um período de treze ou quatorze gerações antes de Ramacandra. Esse foi o início da
dinastia Candra. É por isso que eles calcularam o seu tempo em relação a dinastia de Surya.

(*) “O célebre Romapada não tinha descendência e portanto o seu amigo Maharaja Dasaratha deu-lhe a sua filha, chamada Santa. Romapada a aceitou como
sua filha e mais tarde ela se casou com ¬yas‰ga.” (Bh. 9.23.7-8)

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No começo, os reis da dinastia Surya viveram à beira do Yamuna em um local conhecido como Brahmari. O décimo rei da dinastia Surya,
chamado Sravanta, criou Sravantipuri. No RamayaAa está declarado que Ayodhya foi fundada por Manu. No entanto, muitas pessoas
acreditam que Vaivasvata Manu viveu perto do Yamuna e que o seu filho, Ikvaku, fundou Ayodhya e passou a residir lá. Está escrito que os
filhos de Ikvaku viveram em Aryavarta. Vaisalipuri foi criada pelo rei Visala, que estava na vigésima quinta geração de Vaivasvata. A
cidade de Sravanti está situada a cerca de 60 milhas ao norte de Ayodhya, a capital de Kosala. O nome atual da cidade é Sahet Mahet. A
cidade de Vaisali está situada a 28 milhas ao norte de Patna. A partir disso, fica claro que os reis da dinastia Surya foram soberanos de um
reino que ia do Yamuna até o rio Kausiki, na margem oeste do Ganges. Gradualmente, quando o poder dos reis da dinastia Candra
aumentou, os reis da dinastia Surya foram ficando mais fracos. Costuma-se dizer que na época do Mandhata os arianos da dinastia Surya
costumavam chamar Mithila e as vizinhanças em volta do Ganges de Aryavarta. Todavia, na época de Bhagiratha, que veio logo depois do
rei Sagara, os distritos próximos ao Ganges e toda área até o oceano foram considerados Aryavarta. Antes disso as escrituras concluíam
que se um ariano morresse fora de Aryavarta iria para o inferno. Nessa época Aryavarta se estendia apenas entre os Himalaias e as
montanhas Vindhyas(*). Os descendentes do rei Sagara abandonaram os seus corpos em um lugar chamado Mleccha-desa(**), a Bengala
(atualmente chamada Ga ‰ ga-sagara), e até que esse local fosse incluído em Aryavarta, os descendentes da dinastia Surya estavam
condenados. Por esse motivo muitos reis da dinastia Surya, tais como Dilipa, Aˆsuman e Bhagiratha, adoraram Brahma, o chefe dos is e
estabeleceram toda a área até Ga‰ga-sagara como Aryavarta. De acordo com a opinião moderna, esses reis propagaram suas glórias
desde o Ganges até o oceano. A opinião moderna é que não foram as águas do Ganges que foram levadas até o oceano e sim as glórias do
Ganges que foram levadas até o oceano. É por isso que o Manu-saˆhita (2.22) descreve Aryavarta como a área entre os Himalaias e as
montanhas Vindhya se estendendo do oceano ocidental ao oriental(***). Essas divisões de Aryavarta e DakiAatya são aceitas desde o
tempo de Bhagiratha.

(*)”A terra sagrada de Aryavarta está situada entre as montanhas Vindhya e os Himalayas.“(Sridhara Svami)

(**) Na descrição da conquista das províncias orientais por Bhima está declarado no Mahabharata (Sabha-parva 30.33):

“Depois que Bhima derrotou o beligerante rei Vasudeva (PauAdraka), ele começou a atacar os reis de Bengala. Depois disso, Bhimasena, o melhor dos
Bharatas, derrotou Samudrasena, Bh™pala Candrasena, Tamralipta, o rei de Karva˜a e o rei Suhma da Bengala. Depois de derrotá-los, ele foi para a beira do
oceano e lá derrotou os reis mleccha.”

(***) asamudrat tu vai p™rvad asamudrat tu pascimat

tayor evantaram giryor aryavartaˆ vidur budhaƒ

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Agora vou explicar os cálculos das quatro yugas de acordo com a opinião moderna. A Satya-yuga se estende até a época do rei
Mandhata. A Treta-yuga começa na época de Mandhata e vai até o reinado de Lava e Kusa. A Dvapara-yuga então dura até a batalha
de Kuruketra. A Satya-yuga consiste em 650 anos, Treta-yuga em 1.125 anos e Dvapara-yuga em 775 anos. Assim, há um total de 2.550
anos(*). No entanto os eruditos védicos não aceitam essas conclusões.

(*) A era de Kali começou logo depois da Batalha de Kuruketra e de lá até hoje já dura 3.800 anos. No entanto, aqueles que fizeram os cálculos do atual panjika,
ou almanaque, dizem que no ano de 1879, a Kali-yuga completava 4.979 anos. Talvez o cálculo dos paAjikas começam para poder determinar as ocasiões dos
votos como descritos no Mahabharata e nos PuraAas.

“Quando a constelação dos sete sábios está passando pela casa lunar de Magha, começa a Kali-yuga. Ela compreende 1.200 anos dos semideuses.” (Bh.
12.2.31)

De acordo com essa citação, que está no presente verbal, compreende-se que há uma discrepância de 1.179 anos porque as pessoas consideram que essa
declaração está no passado verbal. Na verdade: “O tempo que vai do início até a frutificação das atividades realizadas continuamente é chamado presente.” De
acordo com a definição de vartamana, ou presente, nesse verso, deve-se aceitar que há um equívoco. Antes do rei Parikit ouvir o Srimad Bhagavatam, os sete
sábios desfrutaram no Maha-nakatra por 33 anos e 4 meses. Assim dos 1.200 anos podemos subtrair 21 anos, reatando 1.179 anos. Se deduzirmos esse período
dos 4.979 anos que os escritores dos paAjikas dizem ter passado da Kali-yuga, então o saldo é de 3.800 anos.

As pessoas com comportamento semelhante a cisnes podem escrever esses 3.800 anos em seus panjika como sendo o tempo decorrido na Kali-yuga.

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Nas descrições dos principais tirthas das diferentes yugas, está citado que Kuruketra era o tirtha para a Satya-yuga. Kuruketra está
situado perto de Brahmavarta. O tirtha da Treta-yuga era Puskara, próximo a Ajmer. Na Dvapara-yuga, o tirtha era NaimiaraAya. O
atual nome de NaimiaraAya é Nimkhara ou Nimsara. Ele está localizado a 44 milhas a nordeste de Lucknow na beira do rio Gomati. Na era
de Kali o tirtha é o Ganges. Assim como Brahmavarta, Brahmari-desa, Madhya-desa, a antiga e a moderna Aryavarta foi se

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estabelecendo gradativamente com o decorrer do tempo, e de maneira análoga, os tirthas foram se espalhando de Kuruketra até o Ga‰ga-
sagara durante a expansão do país. Conforme o avanço da inteligência das pessoas em uma época particular, aparecem diferentes
encarnações nas diferentes eras. Conforme as pessoas avançam em religiosidade, vão gradualmente surgindo os mantras para a sua
liberação.

De acordo com a opinião moderna, alguns dos maiores incidentes que ocorreram nos 2.550 anos antes da batalha de Kuruketra foram o
sacrifício de Daka, a luta entre os semideuses e os demônios, a batedura do oceano, o banimento dos demônios para Patalaloka, a matança
do rei Vena, a condução do Ganges até o oceano, a matança dos Katriyas por Parasurama, a vitória de Ramacandra sobre La‰ka, a
jornada do rei Devapi e Maru até a vila de Kalapa e finalmente a batalha de Kuruketra. Além desses incidentes as escrituras relatam
inúmeras outras efemérides.

Os acadêmicos modernos acreditam que o sacrifício de Daka ocorreu logo após os arianos terem se estabelecido em Brahmavarta. Esse
incidente estranho ocorreu devido ao orgulho que os arianos sentiam por sua casta e sua relutância em estabelecer relacionamento com os
nativos locais. Naquela época Bh™tanatha Rudra era o líder dos nativos locais. A maior parte das áreas montanhosas estava sob sua
jurisdição. O Butão ou Bh™ta-sthana, Koca-vihara ou Kucni-vihara, e Trivarta, onde está situada a montanha Kailasa, estavam sob o
controle de Rudra. Apesar de ser um nativo local, ele era hábil na ciência da medicina, nas artes bélicas e no canto. Ao apreciarem essas
suas habilidades, onze reis Rudras, que eram seus representantes, aclamaram que ele era o controlador supremo. Uma personalidade como o
rei dos Rudras não poderia tolerar o falso ego dos brâmanes, então ele casou-se com a filha do Prajapati Daka usando o argumento da
força e da habilidade política. Daka vivia em Kankhala, perto de Haridvara. Depois que Sati abandonou o corpo, ocorreu uma feroz batalha
entre Rudra e os brâmanes. Depois da batalha, foi-lhe dado um quinhão dos sacrifícios e o canto nordeste da arena sacrificial. Depois disso,
os arianos fizeram amizade com o poderoso povo das montanhas. Desde então, jamais se descreveu outra disputa entre o povo montanhês e
os brâmanes, porque os montanheses respeitaram os brâmanes e o rei dos Rudras passou a ser considerado entre os senhores dos
arianos(*).

(*) Depois de narrar as conclusões e descrições dos acadêmicos modernos sobre Sri Rudradeva, desejo humildemente esclarecer aos leitores ivaístas que
aceitamos Sri Mahadeva como jagad-guru e uma encarnação do Senhor. Estamos sempre desejosos da sua misericórdia. Através da sua misericórdia irrestrita,
alcançamos a devoção a Krsna

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Apesar dos arianos não terem tido mais desavenças com os montanheses, muitas pessoas da sua própria comunidade colocaram obstáculos
no caminho da prosperidade. Os descendentes de Kasyapa, que aceitaram os aspectos de serpentes e aves, começaram a residir em vários
locais esparsos sob a subordinação dos semideuses. Nessa época os descendentes de Kasyapa que aceitaram o aspecto de aves
desenvolveram uma grande hostilidade contra as serpentes. Porém, depois as serpentes tornaram-se mais poderosas e governaram diversos
reinos. Gradativamente as aves quase se extinguiram. Do ventre de Diti, a esposa de Kasyapa, nasceram alguns homens formidáveis. Eles
foram condenados como demônios. Eles se tornaram inimigos de todas as pessoas boas ao agirem caprichosamente contra os brahmaris. Por
fim eles tiveram desavenças com o rei Indra e estabeleceram um reino separado. Essa disputa ficou conhecida como a batalha entre os
semideuses e os demônios. Quase todos os demônios viviam em um país conhecido como Panca-nada (o local dos cinco rios). Sakala,
Asarara, Narasiˆha e Multan ou Kasyapapura, estavam sob sua jurisdição. É possível que o Prajapati Kasyapa, em cuja família nasceram
os demônios e os semideuses, tenha vivido nos países de Panca-nada e Brahmavarta. Os Prajapatis viviam em volta de Brahmavarta.
Naquela época Brahmavarta era o centro do reino dos semideuses. Tanto o rio Sarasvati quanto o Dadvati fluíam pelo reino dos
semideuses. Brahmavarta é o local que foi fundado pelos semideuses entre os dois rios (*). A palavra deva nesse verso citado no rodapé
indica que os semideuses viviam ali. Os semideuses também eram filhos do Prajapati Kasyapa, portanto eles também são aceitos como
arianos. Acredita-se que durante a fundação de Brahmavarta, logo após o reinado de Svayambhuva Manu, Indra, o filho de Kasyapa e um
hábil administrador, recebeu o título de Rei dos semideuses. As personalidades destacadas que se dedicavam ao trabalho administrativo
recebiam diferentes postos como Vayu, Varuna, Agni, Yama e P™a. Mais tarde, quando outros alcançaram esses postos, também ficaram
conhecidos como Indra, Candra, Vayu e Varuna. Depois do reinado de Vaivasvata, os semideuses ficaram muito fracos. O seu governo no
reino tornou-se apenas nominal. Sempre que haviam sacrifícios, eles eram convidados e prestavam-lhes respeitos. Assim, depois de algum
tempo as grandes personalidades de Brahmavarta já não existiam e elas passaram a ser contadas entre os semideuses celestiais. Seus lugares
e quinhões nos sacrifícios nesse planeta eram dados a outros brâmanes convidados. Os semideuses então passaram a ser conhecidos como
yantras e eram invocados por mantras. Isso também é encontrado no sistema de filosofia de Jaimini, o mimaˆsa. No começo os semideuses
eram os governantes, mais tarde eles se tornaram os desfrutadores dos quinhões dos sacrifícios e finalmente foram estabelecidos nas
escrituras na forma de mantras. Na época em que os semideuses governavam, os demônios, nascidos da outra esposa de Kasyapa,
cobiçaram o reino dos semideuses e criaram inúmeros distúrbios. A primeira batalha entre os semideuses e demônios ocorreu na época de
HiraAyakasipu. A batedura do oceano ocorreu logo depois dessa batalha. Durante a batalha entre os semideuses e os demônios, Bhaspati
era o ministro de Indra e Sukracarya era o dos demônios. Incapazes de matar HiraAyakasipu, os brâmanes fizeram que o filho do demônio
passasse para o lado dos semideuses, com a ajuda de ±aAda e Amarka. HiraAyakasipu foi morto por arranjo da providência. O neto de
HiraAyakasipu foi Virocana. Durante o seu reino foi feita uma aliança entre os semideuses e os demônios. Combinando a inteligência dos
semideuses com a força e o conhecimento industrial dos demônios ocorreu a batedura do oceano do conhecimento e vários itens excelentes
como as opulências científicas e o néctar foram produzidos. Mais tarde, ao discutir-se o conhecimento do eu, o veneno, na forma da renúncia
ao trabalho fruitivo e a autodestruição, foram produzidos. Maha Rudra, que conhecia a ciência espiritual, controlou esse veneno pelo poder
científico. Os demônios foram iludidos politicamente e não puderam dispor do néctar e por isso ocorreu uma nova batalha. Os asuras foram
derrotados nessa batalha e foram obrigados a viver em seu próprio reino por um longo tempo. Enquanto isso, Bhaspati, o mestre espiritual
dos semideuses, foi insultado por Indra e foi viver no ostracismo. Nessa conjuntura, sob orientação de Sukracarya, os demônios reiniciaram
a guerra. Com a permissão de Brahma, Indra aceitou Visvar™pa, o filho de Tva˜a, como seu sacerdote. Usando várias táticas,
Visvar™pa então ajudou os semideuses a derrotar os demônios. Visvar™pa tinha o hábito de tomar vinho, e devido à sua amizade com os
asuras ele concebeu um plano para que os asuras capturassem Brahmavarta em troca de um quinhão dos sacrifícios.

Por esse motivo Indra o matou. O pai de Visvar™pa, Tva˜a, ficou irado com Indra e deu início a uma revolta. O seu outro filho, Vtra,
juntou-se aos demônios e começou a afligir Indra, e então os semideuses resolveram buscar o apoio de Dadhici. Depois da morte de
Dadhici, Visvakarma, com muito trabalho e métodos científicos, criou vajra, ou o raio. Então, Indra matou Vtra com a ajuda desse raio e se
tornou um condenado pelo crime de matar um brâmane. Juntamente com os outros brâmanes, Tva˜a exilou Indra por algum tempo. Nessa
época Indra foi viver perto do Manasa-sarovara. Os brâmanes discutiram entre si, mas não puderam encontrar um candidato apropriado

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para o cargo de Indra. Finalmente eles decidiram instalar como rei, Nahua, o neto de Pur™rava. Logo Nahua desenvolveu a tendência de
negligenciar os brâmanes, de maneira que os brâmanes reinstalaram Indra como rei e depois enviaram Nahua de volta às suas atividades
anteriores. A batalha entre os semideuses e os demônios ocorreu em Kuruketra, perto de Brahmavarta. Não resta dúvidas quanto a isso,
porque Indra matou Vtra e foi residir no Manasa-sarovara, que fica a nordeste.(**)¹ Também está provado que Dadhici Muni anteriormente
vivia perto de Kuruketra. Algumas pessoas dizem que três pequenas colinas, chamadas Tripi˜apa, ainda podem ser encontradas tanto em
Kuruketra quanto ao norte de Brahmavarta.

(*) “A porção de terra fundada pelos semideuses entre os Sarasvati e Dadvati é chamada Brahmavarta.” (Manu-saˆhita 2.17)

(**) “Ó rei, Indra primeiro fugiu para o céu, mas lá ele também viu a mulher que era a personificação do pecado vir castigá-lo. Essa bruxa o seguia aonde quer
que ele fosse. Por fim ele foi rapidamente para o nordeste e entrou no lago Manasa-sarovara.” (Bh. 6.13.14)

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Sob a direção de Sukracarya, os demônios foram ficando cada vez mais poderosos e quando os semideuses ficaram incapazes de
controlá-los, foram buscar a ajuda de Vamanadeva. Através das táticas de Vamanadeva, os semideuses fizeram com que o rei Bali e seus
seguidores fossem expulsos da área de Tripi˜apa. Talvez os asuras tenham resolvido ir viver nas margens do rio Sindhu, no local conhecido
como Sindhu(*). Naquela época o local era conhecido como Patala, porque ali viviam os descendentes dos nagas. Elapatra, Takaka e
outros indivíduos da dinastia dos nagas residiram nesse país por muitos anos. Depois dos asuras terem vivido lá por muito tempo, eles
voltaram a residir em Tripi˜apa. Naquela época foram fundados o lago conhecido como Elapatra e a cidade de Takasila. Os nagas também
viveram na província de Kashmir. Descrições elaboradas desse evento podem ser encontradas no Raja-tara‰ giAi. O rei Bali estava na
quinta geração de Kasyapa. Foi durante o seu reinado que os asuras foram exilados ardilosamente para Patala.

(*) Na época de Alexandre, havia uma cidade denominada Patala perto da foz rio Sindhu. Por favor verifiquem o Atlas do Mr. Butler.

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Os tópicos do rei Vena são um dos temas principais da história dos arianos. O rei Vena pertencia à décima primeira geração de
Svayambhuva Manu. Nesse ponto devemos considerar onde Manu e os seus descendentes estavam vivendo. Em algumas partes das
escrituras está relatado que Manu residia em Brahmavarta. A cidade de Manu, Barhimati, está situada ao sul de Brahmavarta e a sudoeste
de Kuruketra. Os limites de Brahmai-desa ainda não estavam estabelecidos naquela época, portanto os sábios consideram a cidade de
Manu como parte de Brahmavarta. Na verdade, a cidade de Manu deve ser considerada como parte de Brahmari-desa, porque está
situada a sudeste do rio Sarasvati(*). É descrito que Manu visitou os asramas de inúmeros sábios em ambas as margens do rio Sarasvati
ao regressar do asrama do Prajapati Kardama no Bindu-sarovara.

(*)”O lago sagrado chamado Bindu-sarovara foi formado pelas águas do rio Sarasvati e é procurado por legiões de sábios eminentes. Suas águas sagradas não
são apenas auspiciosas, mas também doces como néctar.” (Bh. 3.21.39)

”Ao longo do caminho, ele viu a prosperidade dos maravilhosos eremitérios dos sábios pacíficos e ambas as margens encantadoras do rio Sarasvati, o rio era
muito agradável às pessoas santas.”

“Felizes ao saberem do seu regresso, os seus súditos vieram de Brahmavarta para recepcioná-lo com canções, preces e instrumentos musicais.”

“A cidade de Barhimati, rica em todo tipo de opulências, era assim chamada porque um fio de cabelo do Senhor Visnu caiu ali quando Ele manifestou a Sua
encarnação de javali. Ao sacudir o Seu corpo, esse pêlo caiu e se transformou nas folhas verdejantes das gramas kusa e kaa, e com essas folhas os sábios
adoraram o Senhor Visnu depois dEle ter derrotado os demônios que interferiam na execução dos sacrifícios.”

“Manu estendeu um assento feito de folhas de gramas kusa e kasa e adorou o Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, por cuja a graça ele havia obtido o
governo de todo o globo terrestre.” (Bh. 3.2.27-31)

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Ele acabou deixando o Sarasvati antes de entrar em sua cidade de Kusakasa. Outra consideração a respeito de Manu é a questão de
como ele se tornou um katriya. Os filhos de Brahma foram chamados Prajapatis, eles eram todos brâmanes. Então, por que motivo
Svayambhuva Manu aceitou uma posição inferior? Talvez quando os arianos fundaram Brhamavarta deveria haver uma só casta; mas para
aumentar a população havia falta de mulheres, então eles pegavam um menino e uma menina de casta desconhecida e, depois de convertê-los
em arianos, eles os casavam. Eles foram Svayambhuva Manu e sua esposa Satar™pa. Depois as filhas do casal se casaram com vários
sábios e a dinastia dos arianos prosperou. Contudo, era considerado impróprio que os arianos abertamente aceitassem uma noiva de origem
não-ariana, os seus pais primeiro foram convertidos em arianos e o pai assumiu o posto de Svayambhuva Manu. Essa era a tática adotada
para aceitarem as suas filhas em casamento. Uma vez que os filhos gerados por essas filhas não tinham a mesma posição dos arianos puros,
eles eram chamados katrus. Um katru é aquele que é capaz de livrar alguém da kata, ou injúria. Essa é a explicação encontrada no
comentário do Raghuvaˆsa feito por Mallinatha. Apesar dos arianos aceitarem Manu e os seus descendentes como membros de sua
comunidade, no entanto, com o desejo de mantê-los separados dos arianos originais que estabeleceram Brahmavarta, os arianos
permaneceram com a posição de brâmanes e empregaram os membros das famílias ktriyas para protegê-los. Os semideuses residiram no
flanco noroeste de Brahmavarta como protetores dos asuras, que naquela época estavam vivendo em Panca-nada. Os ris costumavam
viver nas margens do Sarasvati. Manu e seus descendentes residiam na margem sudoeste desse rio, em um local chamado DakiAatya. Eles
protegiam os brâmanes das castas incivilizadas. Os reis terrenos estavam sob o controle dos reis celestiais. O semideus Indra era o
imperador de todos. O local onde os semideuses residiam era chamado Tripi˜apa, ou o local onde havia três colinas. Sobre o flanco norte do
pico dessas colinas ficava o palácio de Indra. Esse palácio era protegido em cada um dos oito quadrantes pelos dikpalas. Não irei explicar a
opinião moderna sobre isso temendo aumentar demais o tamanho do livro. Porém, não posso me furtar de mencionar mais uma coisa a esse

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respeito. Os filhos de Kasyapa, que estava na quarta geração de Brahma, fundaram o reino dos semideuses. De Brahma até Kasyapa
houveram dois reinos: o dos Manus e os dos Prajapatis. O reino dos semideuses foi fundado mais tarde. Quando o reino dos semideuses se
tornou poderoso, então começaram as batalhas entre eles e os demônios. Conforme o reino dos semideuses ia enfraquecendo, o reino de
Manu ia ficando mais poderoso. Conforme o reino de Vaivasvata Manu ia ficando mais poderoso o reino de Svayambhuva Manu ia
declinando seu poder. Vaivasvata Manu era filho de Surya. Mas os compiladores das escrituras têm diferentes opiniões a respeito do nome
da sua mãe. Talvez ele tenha sido um filho adotivo, ou talvez tenha nascido não-ariano. É por isso que ele não podia ser aceito como
brâmane, como seus irmãos. Ele foi aceito como um katriya, como Svayambhuva Manu. Não há necessidade de discutirmos mais a opinião
moderna sobre esse assunto. Quando o rei Vena viu que os semideuses estavam se enfraquecendo, ele tentou dispersá-los(*). Então, os
brâmanes, que eram os líderes dos semideuses, o mataram. Depois de massagearem as suas mãos, eles encontraram uma grande
personalidade chamada Pthu e uma mulher chamada Arci em cada lado do seu corpo e depois eles confiaram a Pthu o governo do reino.
Durante o reinado de Pthu foram fundadas vilas, desenvolveram-se fazendas, plantaram-se jardins e inúmeras outras instalações
materiais(**).

(*) No Srimad Bhagavatam (4.12.48) o rei Vena disse:

“Ofereçam-me toda a parafernália. Se vocês forem inteligentes, devem saber que não existe personalidade superior a mim, que possa aceitar a primeira oblação
de todos os sacrifícios.”

(**) “Antes do reinado do rei Pthu não havia planejamento para as diversas cidades, vilas, campos de pastagens, etc. Tudo era disperso e cada um construía o
seu recanto residencial de acordo com a sua própria conveniência. No entanto, desde o tempo do rei Pthu têm sido feitos planos para as vilas e aldeias.” (Bh.
4.18.32)

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Se aceitarmos a opinião moderna a respeito do Ganges, então pode-se dizer que o rei Bhagiratha da dinastia de Surya realizou uma grande
obra ao difundir as glórias do Ganges até o oceano e ampliando assim a extensão da área de Aryavarta. Naquela época Aryavarta se
estendia apenas até Mithila, e a dinastia de Manu estava praticamente extinta. Os reinos das dinastias Surya e Rudra eram bastante
poderosos naquela época, e eles tinham uma aliança que nenhum tipo de obra poderia ser feita na Índia sem seu consentimento. Quando os
filhos do rei Sagara foram amaldiçoados a morrer perto do oceano, isso criou uma má fama para a dinastia de Surya, para poder desfazer
essa má fama, o rei Bhagiratha adorou Brahma, o líder dos semideuses e Siva o rei dos Rudras e assim recebeu permissão para incrementar
a prosperidade de Aryavarta. Bhagiratha então uniu o Ganges ao oceano. No início o rio Sarasvati era apenas um rio sagrado. À medida
que as áreas em volta do Yamuna foram ficando povoadas pelos arianos, as glórias do Yamuna também começaram a ser difundidas. Então,
durante a época de Bhagiratha, o Ganges se tornou célebre como o mais sagrado de todos os rios.

Algum tempo após esse incidente houve uma grande discórdia entre os brâmanes e os katriyas. Durante esse período os arianos e os
katriyas tornaram-se mais desrespeitosos quando notaram que o reino dos semideuses, Brahmavarta, estava se enfraquecendo. Eles
chegaram até a matar alguns dos ris mais proeminentes. Quando os brâmanes foram incapazes de tolerar esses incidentes, eles designaram
Parasurama como seu general e começaram a retaliar. Kataviryarjuna da dinastia Haihaya reuniu inúmeros katriyas e declarou guerra
contra os brâmanes. Kartavirya foi morto pelo insuperável machado de Parasurama. Kartaviryarjuna governou a cidade de Mahimati, às
margens do rio Narmada. Ele era tão poderoso que os não-arianos de DakiAatya viviam com medo dele. O rei RavaAa de La‰ka não
se atrevia a vir para Aryavarta por temer Kataviryarjuna. No entanto, os brâmanes não estavam satisfeitos com a morte de Kartavirya. Eles
passaram a lutar contra os reis das dinastias Surya e Candra. Dizem que Parasurama eliminou do mundo todos os katriyas vinte e uma
vezes e depois disso deu o mundo para Kasyapa governar. O significado disso é que o reinado dos semideuses de Brahmavarta caiu nas
mãos dos brâmanes da dinastia de Kasyapa. Quando a dinastia de Kasyapa estava praticamente em colapso e inúmeros reis estavam
reinando, Parasurama restabeleceu o reinado para a dinastia de Kasyapa. No entanto os acadêmicos eruditos da atualidade, consideram
que os brâmanes não eram mais capazes de governar o reino, e portanto os katriyas passaram a administrá-lo. Proeminentes rei brâmanes e
katriyas tiveram diversos encontros, onde passaram a compilar as escrituras de Manu. Mais tarde iremos discutir se essas escrituras de
Manu ainda estão em vigência ou não. Brahmavarta ou o reino dos semideuses, já não era respeitado pelas pessoas locais. Os semideuses
só eram respeitados durante os sacrifícios. Isso também foi simplificado na forma de nomes e mantras. As verdadeiras comunidades de
brâmanes passaram a ser muito respeitadas. Dessa maneira, apesar de brâmanes e katriyas terem formalizado uma aliança, Parasurama
lutou novamente com os katriyas com intuito de capturar o reino. No RamayaAa está descrito que Parasurama foi lutar contra
Ramacandra, mas foi derrotado e exilado para as montanhas Mahendra, perto de Kanya-kumari. Os brâmanes auxiliaram Ramacandra a
alcançar essa vitória e por esse motivo Parasurama passou a ter rancor contra os brâmanes e criou alguns tipos de brâmanes no Sul.
Inúmeros brâmanes do Sul admitem que eles se tornaram brâmanes através de Parasurama. Os brâmanes que viveram com Parasurama na
província de Malabara pregavam as escrituras arianas pela Dakinatya. Foi assim que a astrologia de Kerala e outras ciências foram
introduzidas no Sul. Os descendentes daqueles brâmanes ainda existem até hoje e são conhecidos como sarasvata-brahmaAas.

Imediatamente após esse incidente, ocorreu a batalha entre RavaAa e Rama. RavaAa, o rei de La ‰ ka, era muito poderoso naquela
época. Um ri da dinastia de Pulastya saiu de Brahmavarta e foi residir na ilha de La‰ka por algum tempo. A dinastia de RavaAa começou
depois que esse ri se casou com uma moça da dinastia Raka. Portanto, podemos dizer que RavaAa era meio Raka e meio ariano. Devido ao
seu poder, o rei RavaAa foi conquistando inúmeras províncias do sul da Índia. O seu reino acabou se estendendo até as margens do rio
Godavari, onde ele destacou dois comandantes — Khara e D™aAa — para guardar a fronteira. Quando Rama e LakmaAa fizeram uma
cabana às margens do Godavari, RavaAa pensou que os descendentes da dinastia Surya estavam erigindo um forte na fronteira para poder
atacar o seu reino. Tendo isso em conta, o rei RavaAa seqüestrou Sita, com a ajuda de Marica, o filho de Taraka, que era um residente de
Bakasara. Ramacrandra foi buscar o auxílio dos habitantes de DakiAatya e de KiskiAda para poder localizar Sita. Valmiki era um poeta
ariano que tinha a tendência natural de criticar as pessoas de DakiAatya e por isso ele descreveu os grandes heróis e amigos de Rama de
maneira cômica. Ele descreveu alguns deles como macacos, outras como ursos e outras como rakasas. Ele chegou a descrevê-los como
possuidores de rabos e corpo coberto de pelos. De qualquer maneira, durante a época de Ramacandra, foi plantada a semente da amizade
entre os arianos e os habitantes de DakiAatya. Não há dúvida quanto a isso. Essa semente mais tarde se transformou em uma grande
árvore, que deu excelentes frutos. Caso contrário, as pessoas de KarAata, Dravida, Mahara˜ra e Mysore não seriam reconhecidas como
hindus. Ramacandra aceitou a ajuda dos habitantes desses países para conquistar La‰ka e resgatar Sita.

Os acadêmicos modernos também concluíram que a batalha entre os Kauravas e os PaAdavas ocorreu 775 anos depois da vitória de
Ramacandra sobre La‰ka. Durante esse período não houveram maiores incidentes a não ser a expansão gradativa do reinado ariano.

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Os katriyas arianos viviam na província de Vidarbha, ou Nagpur, e acabou ficando conhecida como Mahara˜ra. Durante essa época os
descendentes de Yadu estenderam o seu reino do Sauvira no Sindhu até Mahimati Chedi no Narmada e até Mathura no Yamuna. Durante
esse período os descendentes da dinastia Surya ficaram extremamente fracos. O rei Maru da dinastia Surya e o rei Devapi da dinastia
Candra haviam abandonado seus reinos e foram viver na vila de Kalapa, perto de Badarikasrama. A industrialização avançou e
gradativamente a posição das cidades e vilas foi se destacando, a língua dos arianos era refinada, foram instalados muitos locais sagrados em
províncias não-arianas e Hastinapura foi fundada pelo rei Hasti nas margens do Ganges(*). Com a permissão dos semideuses, o rei Kuru
estabeleceu um local sagrado conhecido como Kuruketra no país de Brahmasi.

(*) “Mesmo atualmente a cidade de Hastinapura é visivelmente elevada no lado sul, junto ao Ganges, exibindo os sinais do poder do Senhor Balarama.” (Bh.
10.68.54)

———————————

A batalha entre os Kurus e os PaAdavas foi um grande incidente porque diversos reis da Índia ali se digladiaram alcançando o céu depois
da batalha. Todos os incidentes dessa batalha são temas das conversas cotidianas entre os indianos, e não há necessidade de fazermos aqui
uma descrição detalhada desses eventos. Só é preciso salientar que Jarasandha, o rei de Magadha, foi morto por Bhima um pouco antes da
batalha. O reinado de Magadha foi crescendo em poder gradualmente. Jarasandha tentou até ofuscar o prestígio de Hastinapura para
incrementar o prestígio de Magadha. Apesar de inúmeros reis da linhagem familiar de Parikit terem governado um reino nas proximidades do
Ganges e do Yamuna, o seu reino estava sob a jurisdição do rei de Magadha. Isso fica claro porque apenas os nomes dos reis de Magadha
subsequentes são destacados nos PuraAas.

Agora devemos determinar quando ocorreu a batalha de Kuruketra. O Maharaja Parikit nasceu logo depois dessa batalha. Do nascimento
de Parikit até a coroação de Nadivardhana (o quinto dos reis Pradyotana) passaram-se 1.115 anos(*). Conningham e outros autores dizem
que a palavra nandabhieka se refere ao primeiro dos nove Nandas. Porém, apesar do respeitável Sridhara Svami também aceitar isso, ele
diz que o número é irrelevante. Portanto não tememos aceitar que esse Nanda é Nandivardhana. Além do mais, no Nono Canto do Srimad
Bhagavatam está declarado que 20 reis da dinastia de Bhadratha, começando de Marjari até Ripunjaya, deveriam governar por 1.000
anos(**). Os nomes desses 20 reis também estão no Décimo segundo Canto do Srimad Bhagavatam. Depois disso governarão cinco reis
Pradyotana por 138 anos e dez reis Sisunaga por 360 anos e nove reis Nandas governarão por 100 anos. Então se considerarmos o
primeiro dos nove Nandas, serão 1500 anos; mas se deduzirmos 23 anos do reinado de Nandivardhana, então chegaremos ao número
correto de 1.115 anos. E novamente(***), o Srimad Bhagavatam declara que durante o reinado de Parikit a constelação dos sete sábios se
refugiará no nakatra chamado Magha.

(*) “Do seu nascimento até a coroação do rei Nanda irão passar 1.115 anos.” (Bh. 12.2.26)

(**) “Todas essas personalidades irão pertencer à dinastia de Bhadratha, que governará o mundo por 1.000 anos.” (Bh. 9.22.49)

(***) “Das sete estrelas que formam a constelação dos sete sábios, Pulaha e Kratu são as primeiras a surgir no céu noturno. Se traçarmos uma linha de norte a
sul passando pelo meio delas, toda a casa lunar em que essa linha passar será considerada como o asterismo governante da constelação para aquele período.
Atualmente, durante o seu período de vida, os Sete Sábios estão situados no nakatra chamado Magha e estarão nessa mansão lunar por cem anos
humanos.”(Bh. 12.2.27-28)

“Quando a constelação dos sete sábios está passando pela casa lunar de Magha, a era de Kali se inicia. Ela perfaz 1.200 anos dos semideuses. Quando os
grande sábios da constelação de Saptai passar de Magha para P™rvasadha, Kali estará com plena força, a partir do rei Nanda e sua dinastia. (Bh. 12.2.31-32)

——————————

Quando essa constelação dos sete ris atravessar os nakatras desde Magha até Jyai˜ha, a era de Kali estará com 1.200 anos de idade. Se
essa constelação permanece 1.200 anos em nove nakatras, então a duração de cada nakatra é 133 anos e 4 meses. Quando a constelação
dos sete sábios passa para o P™rvaadha-nakatra, virá outro Nanda; então a constelação dos sete sábios deverá ter viajado através de
onze nakatras, um adicional de 14 anos. Se acrescentarmos 360 anos — a duração do reinado dos dez Siunagas — aos 1.138 anos até o
fim do reinado de Nandivardhana, então o total se eleva a 1.498 anos. Uma vez que a duração dos reinados é igual à duração do movimento
da constelação dos sete sábios, isso confirma as declarações anteriores. Ao ouvir a declaração que os ris irão permanecer no Magha-
nakatra por 100 anos, muitas pessoas poderão pensar que os ris ficarão 100 anos em cada nakatra. Mas os ris deveriam ficar no Magha-
nakatra por 100 anos na época em que Sukadeva estava falando com Parikit. Se aceitarmos que antes de Sukadeva falar com Parikit os ris
já estavam no Magha-nakatra há 33 anos e 4 meses, então não resta dúvida. Portanto é correto dizer que desde a coroação de
Nandivardhana passaram-se 1.115 anos. Depois do seu governo, durante o reinado dos outros Nandas, Kali se tornou extremamente
proeminente. Isso também é confirmado através da observação prática. Depois da quinta geração Jataatru tornou-se rei. Durante o seu
reinado, Sakyasiˆha pregou o budismo, na forma do conhecimento de auto-realização desprovido da concepção do Infalível (Deus) (*). Os
Nandas comportavam-se como vaqueiros e tinham inveja dos princípios religiosos eternos. Asokavardhana propagou ainda mais o budismo.
Gradualmente várias castas como os Sundhas reinaram e criaram inúmeros obstáculos no caminho da religião. A duração total até o fim do
reinado dos nove Nandas foi de 1.598 anos. CaAakya Pandita matou o último dos Nandas e deu o reino para os reis da dinastia Maurya.
De acordo com algumas opiniões, o rei Dasaratha, e de acordo com outras, Candragupta foi o primeiro rei da dinastia Maurya. Durante a
época de Candragupta, as pessoas da Grécia visitaram a Índia, primeiro com Alexandre e depois com Seleucus. De acordo com as opiniões
da literatura grega, das nove grandes dinastias de Siˆhala, e com a história budista de Brahma-desa, Candragupta assumiu o trono 215 anos
antes de Cristo. Por esses cálculos pode-se compreender que a batalha de Kuruketra ocorreu a 3.791 anos. O Dr. Bentley calculou a
posição das estrelas mencionadas no Mahabharata e decidiu que a batalha de Kuruketra ocorreu 1.824 anos antes de Cristo. Quando
comparamos os seus cálculos com os meus há uma diferença de 89 anos. Ou Bentley equivocou-se ou os 1.000 anos de duração do reinado
dos Barhadrathas foi um aproximação de onde teremos que deduzir 89 anos. Os futuros eruditos de comportamento de cisnes poderão
determinar o quadro correto depois da devida pesquisa.

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(*) “Conhecimento de auto-realização, mesmo completamente livre de toda afinidade material, não parece muito bem se desprovido de uma concepção do
Infalível (Deus). Qual então a finalidade das atividades fruitivas, que são naturalmente árduas desde o início e passageiras por natureza, se elas não forem
utilizadas para o serviço devocional ao Senhor?” (Bh. 1.5.12)

——————————

Os Mauryas reinaram por dez gerações. O Srimad Bhagavatam diz que a duração total do seu reinado foi de 137 anos. Asokavardhana foi
o Maurya mais poderoso. Primeiro ele era ariano e depois se converteu ao budismo. Ele então estabeleceu inúmeros sustentáculos budistas
em toda a Índia. Durante o seu reinado, oito reis yavanas tais como Diodotos, Demetrios e Euricratides conquistaram uma parte da Índia na
porção oeste do rio Sindhu. Não foi estabelecido em que dinastia nasceram os reis Mauryas(*). Talvez ele tenham nascido na dinastia dos
May™ras, que residiam perto da montanha Rohita na margem ocidental do rio Vitasta. Na verdade, eles pertenciam a algumas das quatro
castas padrão. A maneira como eles se relacionavam com os yavanas sugere que eles deveriam pertencer a uma insignificante classe da
casta Saka. Também é conhecido que antes da chegada dos yavanas, os Mauryas estabeleceram o seu reino em May™rapura ou
Haridvara e se consideravam arianos. O nome Maurya veio de May™rapura. Um pouco antes do governo dos Mauryas, os nove Nandas
viveram na porção ocidental do rio Sindhu, em um local denominado Avabtya, ou Arabai˜a. Talvez os Nandas se assemelhassem a
vaqueiros, porque no Srimad Bhagavatam eles são chamados de Vala. E também, os sete reis subordinados são descritos como Abhiras, ou
vaqueiros.

(*) Na descrição da conquista do PaAca-nada por Nakula no Mahabharata (Sabha-parva 32.4), está declarado:

“Depois disso, Nakula chegou ao distrito em torno da maravilhosa montanha Rohita, que é querido de Karttikeya. Ali Nakula lutou com grandes reis katriyas
como Mattamay™ra.”

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Quanto ao reinado de Maghada, as dinastias Sundha tomaram o trono logo após o governo dos Mauryas. Eles então governaram por 112
anos. Entre eles, Pupamitra e depois Agnimitra estenderam seu domínio de Magadha até Panca-nada. Para poder fazer amizade tática com
os arianos, eles começaram a perseguir os budistas da cidade de Sakala, da província de Madra. Eles declararam que quem trouxesse a
cabeça de um sannyasi budista receberia a recompensa de cem moedas. Depois deles, os reis da dinastia de Kanva governaram Magadha.
Quatro reis da dinastia de Kanva governaram Magadha por um total de 45 anos. A duração do seu governo está descrita no Srimad
Bhagavatam com sendo de 345 anos, mas o Visnu PuraAa diz que Vasudeva reinou 9 anos, Bh™mimitra por 14 anos, NarayaAa por 12
anos e Susarma por 10 anos. Isso pode fazer parecer que a declaração do Srimad Bhagavatam está incorreta. Infelizmente, Sridhara Svami
também aceitou essa declaração incorreta. De qualquer maneira, vamos aceitar que na opinião do autor do Bhagavatam a duração foi 45 de
anos. Depois da dinastia de Kanva, a dinastia de Andhra governou Magadha por 456 anos. O último rei dessa dinastia foi Salomadhi. O
reinado da dinastia Andhra terminou no ano 435 da era cristã.

Entre esses reis não-arianos, nenhum deles pode ser considerado imperador. Apenas o reino de Asokavardhana era particularmente grande.
Não resta dúvida que os Sundhas e os Kanvas eram uma espécie de saqueadores da província de Sidhia. Os vários tipos de moedas que
foram encontradas em escavações de locais como Kabul, Punjab e do Indostão estão cunhadas com os emblemas de yavanas gregos e
várias castas da província Sidhia. Moedas cunhadas com os nomes de Havika, Kanika e Vasudeva foram encontradas na província de
Mathura. Isso faz acreditar que esses reis governaram Mathura por algum tempo. Na época dos reis citados foi introduzido um calendário
conhecido como Samvat. Depois disso, o rei Vikramaditya derrotou os Sakas e por essa proeza ele ficou conhecido como Sakari, ou
inimigo dos ±akas, e às vezes dizem que ele introduziu o calendário Samvat. No entanto, é difícil acreditar nisso, porque os escritores dos
PuraAas mencionam nomes de reis que reinaram nos primeiros quinhentos anos do calendário Samvat, mas não incluem o nome de
Vikramaditya. Se Vikramaditya, o rei de Ujjain, tivesse realmente governado naquela época, os escritores dos PuraAas certamente o teriam
glorificado. Portanto, deve-se supor que houveram inúmeros reis com o nome de Vikramaditya. O Vikramaditya que governou Ujjain
tornou-se rei no ano de 592 depois de Cristo. No primeiro século depois de Cristo na cidade de Sravasti havia um Vikramaditya que era
inimigo dos budistas. O rei Salibahana era um rei respeitável de DakiAatya. O calendário Sakabda, que ele introduziu, foi amplamente
aceito no Sul. Está declarado que no ano 78 da era cristã, o rei Salibahana perseguiu os Sakas e fundou uma cidade chamada
Salibahanapura na província do Punjab. E também está descrito que Salibahana tinha a sua capital em um local conhecido como Pa˜hana
nas margens do rio Narmada. Portanto, a verdadeira história desses dois reis (Salibahana e Vikramaditya) ainda não está clara.

Nimicakra apareceu seis gerações depois do rei Parikit. Ele deixou Hastinapura e foi residir em Kusambi, ou Kauikipuri. A dinastia Pandu
continuou até o rei Kemaka, que pertencia à vigésima segunda geração de Nimicakra.

A dinastia Surya acabou com o rei Dola‰gula Sumitra, que apareceu na vigésima oitava geração depois do rei Bhadbala. Portanto, tanto a
dinastia Candra quanto a Surya terminaram depois do reinado de Nandivardhana. Os reis que se tornaram proeminentes depois disso, tais
como os Nandas, eram todos sem casta. Depois disso, os reis da província de Taila‰ga em Andhra conquistaram e governaram Magadha.
Parece que eles eram da dinastia Chola, porque quando os reis de Andhra governaram Magadha, os reis Chola estavam reinado na cidade
de Vara‰gala em Andhra. É muito difícil confirmar se os reis Chola era arianos ou não, mas devido ao seu comportamento e ausência de
qualquer relacionamento com as dinastias Surya e Candra, presume-se que eles seriam sem casta. Os reis Chola eram originários da cidade
de Kancinagara, na província de Dravida. Eles expandiram gradualmente o seu reino até as margens do Ganges. Quando Parasurama
viveu no Sul, ele estabeleceu novas comunidades brâmanes e katriyas, inclusive os Cholas. De qualquer maneira, os reis da dinastia Andhra
estão mencionados nos PuraAas.

Nos 772 anos, de 435 a 1206 depois de Cristo, quando começou o domínio muçulmano, nenhum imperador governou a Índia inteira.
Durante essa época inúmeros pequenos reis governaram diferentes províncias da Índia. Inúmeros arianos e pessoas de casta mista se
tornaram muito poderosas em Kanyakubja, Kashimir, Gujarat, Kalinjara e Gauda. Os Rajaputs de Kanyakubja e os Palas de Gauda-
desa se tornaram igualmente poderosos. Os reis da dinastia Pala reinaram aceitando o título de Cakravarti. Durante essa época o rei
Vikramaditya de Ujjain estudou inúmeras ciências. Haravardhana e Visaladeva também eram muito poderosos. Não estou escrevendo a
história dessas dinastias, porque esse livro se tornaria muito volumoso. Portanto, vou parar por aqui. Para resumir, os reis Rajaputs que
acabaram sucedendo os reis das dinastias Candra e Surya foram mais ou menos recentes. Os escritores dos PuraAas não os glorificaram

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muito(*).

(*) “Nessa época os brâmanes irão esquecer todos os seus princípios regulativos e os membros da ordem real não serão melhores do que s™dras. A terra junto
ao rio Sindhu, bem como os distritos de Candrabhaga, Kaunti e Kasmira serão governados por s™dras, brâmanes caídos e comedores de carne. Tendo
abandonado o caminho da civilização védica, eles terão perdido todo poder espiritual. Nessa mesma época, Ó rei Parikit, existirão inúmeros reis incivilizados
governando ao mesmo tempo.” (Bh. 12.1.36-38)

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Os muçulmanos governaram a Índia de 1206 a 1757 da era cristã, quando foram derrotados pelos ingleses. Durante o governo muçulmano a
Índia caiu na inauspiciosidade. Templos foram destruídos, o sangue ariano foi poluído de inúmeras maneiras, o padrão do varAasrama-
dharma diminuiu e as discussões sobre a antiga história ariana praticamente terminaram.

No momento, sob o governo inglês, os arianos estão vivendo mais pacífica e prosperamente. A história védica e as glórias dos arianos estão
começando a ser discutidas novamente. Já não há medo de que os templos sejam destruídos. Em suma, nos livramos de uma grande
calamidade.

Os incidentes que mencionei e que estão sendo considerados pelos eruditos modernos, que dividiram a história da Índia em oito períodos,
estão ilustrados na tabela abaixo:

dinastia dominante significado do nome anos de duração data de início

1. Prajapratis reinado dos sábios 50 4463 AC


2. Manus reinado de Svayambhuva
Manu e seus descendentes 50 4413
3. Semideuses reinado de Indra e outros 100 4363
4. Vaivasvata reinado de Vaivasvata e
seus descendentes 3465 4263
5. Sem castas Abhiras, Sakas,
Yavanas, Khasas e
Andhras 1233 798
6. Vratya reinado de novas
castas arianas 771 435 DC
7. Muçulmanos reinado dos Patans e
Moguls 551 1206
8. Britânicos governo britânico (*) 121 1757

(*) Srila Bhaktivinoda escreveu esse livro em 1888. Nessa época o domínio inglês na Índia estava completando 121 anos. A Índia se tornou independente em 26
de janeiro de 1950, portanto os britânicos governaram a Índia por 183 anos. Hoje a Índia é uma república independente.

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Dei apenas alguns indícios sobre o governo da Índia de acordo com os cálculos modernos. Agora vou apresentar a opinião moderna sobre
as escrituras compiladas pelos arianos. Durante o reinado dos Prajapratis, não haviam escrituras; havia apenas algumas palavras elogiosas.
No início de tudo o praAava se manifestou. A escrita ainda não havia sido introduzida. Só havia uma sílaba com anusvara acrescida a ela
(oˆ). Quando começou o reinado de Manu, foram introduzidas outras sílabas como tat sat. Durante o reinado dos semideuses, os antigos
mantras foram compostos juntando pequenas palavras. A realização de sacrifícios começou nessa época. Gradativamente foi aparecendo a
poesia métrica antiga como o Gayatri. Cakua Manu apareceu na oitava geração de Svayambhuva Manu. Dizem que o Senhor Matsya
apareceu durante o seu reinado e liberou os Vedas. Talvez durante esse período inúmeras poesias métricas e versos dos Vedas foram
compostos, mas tudo na forma de vibração sonora, nada escrito. Eles eram transmitidos pela audição. Depois o Veda permaneceu sem estar
escrito por um grande período e o número de versos foi aumentando, até ficar difícil de ser memorizado. Nessa época os sábios, liderados
por Katyayana e Asalayana, resolveram tornar a memorização dos s™tras do Veda mais fácil fazendo uma composição. No entanto,
inúmeros outros mantras foram compostos depois disso. Quando o Veda ficou muito extenso, então Vyasadeva resolveu dividir o Veda em
quatro e o escreveu na forma de livro(*). Isso ocorreu pouco tempo antes do reinado do rei Yudhi˜hira. Os discípulos de Vyasadeva então
dividiram esses livros entre si(**). Os ris que eram discípulos de Vyasadeva, então dividiram os quatro Vedas em diferentes subdivisões para
que as pessoas pudessem estudá-los mais facilmente(***). Agora devemos compreender que o ¬g, Sama e Yajur Vedas são os mais
difusamente respeitados e citados(****). Parece que todos os versos antigos foram reunidos nesses três Vedas. Todavia, não podemos
negligenciar o Atharva Veda por ser considerado moderno, porque o seguinte verso é encontrado no Bhad-araAyaka Upaniad (4.5.11): “O
¬g, Yajur, Sama e Atharva Veda, os Itihasas ou histórias, os PuraAas, Upaniads, os slokas ou mantras cantados pelos brâmanes, os
s™tras ou coletâneas de declarações védicas, bem como vidya ou conhecimento transcendental e as explicações dos s™tras e dos
mantras, são todos emanações da respiração da grande Personalidade de Deus.” O Bhad-araAyaka não pode ser considerado moderno
porque foi composto antes dos escritos de Vyasadeva.

(*) “Vimos que os sacrifícios mencionados nos Vedas eram meios pelos quais as ocupações das pessoas poderiam se purificar. E para simplificar o processo ele
dividiu o único Veda em quatro, para poder divulgá-lo entre os homens. As quatro divisões das fontes de conhecimento originais (os Vedas) foram feitas
separadamente.”(Bh. 1.4.19-20)

http://www.guardioes.com/sri_krsna_samhita.htm#PREFÁCIO 13/73
27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
(**) “Depois dos Vedas terem sido divididos em quatro divisões, Paila ¬i se tornou o mestre do ¬g Veda, Jaimini o mestre do Sama Veda e Vaisampayana
isoladamente tornou-se glorificado pelo Yajur Veda.” (Bh. 1.4.21-22)

(***) “Dessa maneira o grande sábio Vyasadeva, que é muito bondoso com as massas ignorantes, editou os Vedas para que eles pudessem ser assimilados
pelas pessoas menos intelectuais.”(Bh. 1.4.24)

(****) “Os mantras do ¬g, Sama e Yajur Veda emanaram do Senhor Supremo.”(MaAduka Upaniad)

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No verso citado anteriormente há uma descrição das histórias e dos PuraAas como sendo literaturas védicas que contêm temas ancestrais
similares aos encontrados nos Vedas. Todos os argumentos que Jaimini ¬i apresentou para poder estabelecer os Vedas como eternos são
para o benefício dos neófitos. As pessoas com o comportamento semelhante a cisnes devem aceitar os significados semelhantes a cisnes dos
ensinamentos de Jaimini. O significado dos seus ensinamentos é o seguinte: Todas as verdades reveladas são relatadas pelo Senhor Supremo,
portanto elas são eternas. Aqueles que descrevem as verdades védicas como temporárias por citar exemplos de kika˜a, naicasaka e prama
‰gda não desejam compreender essas verdades. Essa é a conclusão de Jaimini.

Agora irei estabelecer a data em que foram escritos os smti-sastras de acordo com a opinião dos acadêmicos modernos. O Manu-saˆhita é
o primeiro e o mais importante de todos os smtis. Não há evidência de que o Manu-saˆhita tenha sido escrito durante o reinado de Manu.
Quando ¤anu se tornou um governante proeminente, os Prajapatis aceitaram seu governo e foram viver em uma cidade chamada Barhimati,
fora de Brahmavarta, para que seus filhos pudessem continuar sendo uma classe separada. Dessa época em diante os Prajapatis passaram a
se chamar brahmaAas e aceitaram os Manus como katriyas. Foi dessa maneira que se introduziram outras castas além dos brâmanes.
Manu também teve o devido respeito para com os brâmanes e providenciou que houvessem diferentes deveres ocupacionais para as
diferentes castas com a ajuda de ris como Bghu. Os ris aprovaram as providências de Manu. No entanto, na ocasião os diferentes deveres
ocupacionais não foram escritos. Mais tarde, quando os brâmanes e os katriyas lutaram entre si, Parasurama designou alguém da dinastia
de Bhgu, que conhecia esses deveres estabelecidos por Manu, para escrever tudo na forma de versos. Os deveres apropriados para os
vaisyas e s™dras também foram incluídos. Cerca de 600 anos depois da batalha de Kuruketra as atuais escrituras de Manu foram escritas
com a assistência de outro Parasurama, cuja posição era semelhante ao do Parasurama original. Esse Parasurama mais recente apareceu
na dinastia dos arianos e viveu em uma província sulista. Há um calendário que se inicia na época do seu nascimento e ainda é usado nessa
província. Esse calendário inicia em 1176 antes de Cristo. Baseado nesse calendário, o respeitável Prasanna Kumar Thakura escreveu na
introdução do seu livro, Vivada-cintamaAi, que as escrituras dos Manus foram compiladas pela primeira vez naquela época. No entanto,
isto está errado porque encontramos referências às escrituras de Manu no Chandogya-sruti(*). O Parasurama original foi um
contemporâneo de Ramacandra. Não há dúvida que nessa época os brâmanes e katriyas fizeram uma aliança depois de estabelecerem o
sistema de varAasrama. Mas nas escrituras dos Manus está declarado que os dois oceanos são os limites de Aryavarta, e há referências
de algumas castas como a cina, que existia no reino de Manu. Portanto, deve-se concluir que essas literaturas foram ampliadas em uma data
posterior. A conclusão é que a compilação das escrituras atribuídas a Manu começaram na época de Manu e continuaram a ser escritas até
cerca de 1176 antes de Cristo. Outras escrituras religiosas foram escritas em vários outros países antes e depois dessa época.

(*)”Tudo o que Manu disse tem a sua aplicação prática.”(Chandogya).

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Apesar do RamayaAa ser considerado um poema, ele também pode ser considerado história. Ele foi escrito por Valmiki Ri, que era
contemporâneo de Ramacandra. Não acreditamos que o RamayaAa atual tenha sido escrito apenas por Valmiki. Considerando o diálogo
entre Narada e Valmiki e a recitação do RamayaAa na assembléia de Ramacandra por Lava e Kusa, fica claro que Valmiki compôs
inúmeros versos do RamayaAa glorificando as características de Ramacandra, mas depois de algum tempo algum outro erudito deve ter
acrescentado muita coisa na obra de Valmiki. Creio que atualmente o RamayaAa deve ter se propagado depois da composição do
Mahabharata, porque ao castigar Jabali, Ramacandra o acusa de estar poluindo a filosofia Sakya(*). Presume-se que o RamayaAa atual
tenha sido escrito por volta de 500 da era cristã. Dizem que o Mahabharata foi composto por Vyasadeva, e não há objeção quanto a isso;
mas não se pode dizer que o autor do Mahabharata tenha sido o mesmo Vyasa que dividiu os Vedas e que recebeu o título de Vedavyasa
durante o reinado de Yudhi˜hira. O motivo disso é que no Mahabharata há descrições de reis como Janmejaya, que reinou depois de
Yudhi˜hira. No Mahabharata há referências específicas sobre as escrituras de Manu, portanto o atual Mahabharata deve ter sido escrito
por volta de 1000 depois de Cristo(**). Isso sugere que primeiro Vedavyasa fez um esboço do Mahabharata e que mais tarde outro
Vyasa o elaborou na forma atual dando o título de Mahabharata. Um acadêmico erudito da comunidade s™dra chamado LomaharaAa
recitou o Mahabharata diante dos sábios em NaimiaraAya. Talvez ele tenha criado o atual Mahabharata, porque durante sua época os
2.400 versos originais que foram escritos por Vyasa foram expandidos para 100.000 versos. Agora precisamos considerar quando foi que
LomaharaAa viveu. Está escrito que ele foi morto por Baladeva. Esse incidente deixa claro que se alguém se torna um devoto erudito, deve
ser respeitado como sendo um brâmane, mesmo que tenha nascido como s™dra. A comunidade vaisnava daquela época criou esse
incidente para poder confirmar essa afirmativa. Na verdade a assembléia de NaimiaraAya ocorreu muito tempo depois de Baladeva. O
LomaharaAa que dizem ter sido discípulo de Vyasa não deve sequer ter sido o orador daquela assembléia. Talvez o LomaharaAa discípulo
de Vyasadeva, tenha sido morto enquanto falava alguma narrativa védica durante a época do Baladeva. Mais tarde, mesmo depois do
diálogo entre Janmejaya e Vaisampayana, uma pessoa chamada Sauti recitou o Mahabharata. No curso do tempo os incidentes anteriores
estão relacionados com essa recitação. Uma vez que não há uma menção especial de Buddha no Mahabharata deduz-se que o
Mahabharata foi recitado por Sauti(***) antes do reinado de Ajatasatru e depois do reinado dos descendentes de Bhadratha. Se
estudarmos as descrições de NaimiaraAya, ficaremos sabendo que quando os pacíficos ris viram o final das dinastias Candra e Surya, eles
se sentiram desprotegidos devido à ausência de katriyas. Portanto, eles foram se isolar em NaimiaraAya e passaram as suas vidas
discutindo as escrituras. Há outra crença sobre a assembléia de NaimiaraAya. Por algum tempo depois da batalha de Kuruketra e antes da
coroação do rei Nandivardhana a religião vaisnava era muito proeminente. A principal conclusão dos vaisnavas é que toda a entidade viva
tem direito de cultivar vida espiritual. Mas de acordo com a opinião dos brâmanes, as pessoas que pertencem a outras castas não são
elegíveis para a liberação. As pessoas sóbrias de outras castas devem nascer novamente como brâmanes para se esforçarem pela liberação.
Devido a essas duas opiniões divergentes, os vaisnavas levam em alta consideração os eruditos da linha de S™ta Gosvami e assim
determinaram que em NaimiaraAya eles eram superiores aos brâmanes. Alguns brâmanes ali presentes que eram menos qualificados e

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controlados pelas posses materiais também aceitaram os eruditos da linha de S™ta como sendo superiores. Esses brâmanes menos
qualificados renegaram as doutrinas de karma-kaAda e aceitaram S™ta como o seu mestre espiritual. Eles se abrigaram nos princípios
religiosos vaisnavas, que são o único meio para atravessar a influência de Kali, a morada de todo pecado(****). De qualquer maneira,
aquela assembléia se reuniu bem depois da batalha de Kuruketra. Não há dúvida quanto a isso.

(*) Consulte por favor o RamayaAa em sânscrito impresso sob a direção do rei de Burdwan.

(**) “Os PuraAas, os Manu-dharma-sastras, os Vedas e todos os seus corolários e os trabalhos sobre medicina terapêutica foram todos escritos seguindo a
maior autoridade que existe e não devem ser refutados através da argumentação lógica.” (Mahabharata)

(***) Esse Sauti que compôs o Mahabharata foi o último Vyasa. Sabe-se que ele residia em Puskara, perto de Ajmer, pois em sua descrição dos locais sagrados
ele diz que Puskara é o primeiro local sagrado a ser visitado.

(****) “Sabendo bem que a era de Kali já começou, nos reunimos aqui nesse local sagrado para ouvir detalhadamente a mensagem transcendental do Supremo
e dessa maneira realizarmos sacrifício. Acreditamos que nos encontramos com Vossa Mercê pela vontade da Providência, sendo assim devemos aceitá-lo como
o capitão do navio daqueles que desejam atravessar o difícil oceano de Kali, que deteriora todas as boas qualidades de um ser humano.” (Bh.1.1.21-22)

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Os Darsana-sastras, escrituras filosóficas, foram compilados logo depois do Mahabharata. Existem seis sistemas filosóficos mais
importantes na Índia: Nyaya, ou lógica; Sa‰khya; Patanjala, ou yoga; KaAada, ou Vaiseika; P™rvamimaˆsa, ou Karma-mimaˆsa; e
Vedanta. Todos esses sistemas filosóficos foram introduzidos depois do budismo. Os ris que propuseram esses sistemas primeiro
compuseram as suas filosofias em s™tras. Os s™tras védicos foram compilados para facilitar a memorização, mas esse não foi o caso dos
s™tras dos sistemas filosóficos. Quando os brâmanes foram atacados pela poderosa filosofia budista, eles primeiro compilaram os
Upaniads, que são o pináculo da literatura védica e dessa maneira reforçaram a doutrina deles com lógica e argumentação. Os budistas
gradativamente apresentaram inúmeros sistemas filosóficos tais como o Saugata, Madhyamika e Yogacara. Depois disso eles entraram em
intensos debates com os brâmanes. Os brâmanes então introduziram os seus seis sistemas filosóficos, começando com Nyaya e Sa‰khya,
mantendo-os na forma de s™tras e transmitindo-os aos seus discípulos. Durante a época de Ramacandra foi composta alguma lógica védica
na forma de Anvikiki principalmente por Gautama ¬i e até hoje ela está em vigência. De acordo com as suas necessidades, os brâmanes
compuseram o atual sistema de Nyaya sob o nome de Gautama e o substituíram pelo sistema anterior. Nos Gautama-s™tras há uma
tendência a contrariar a filosofia Saugata(*). As escrituras de Kanada estão na categoria de escrituras de Nyaya. No sistema de SaAkhya
também há inúmeros pareceres sobre o budismo. O sistema de Patanjala cai na categoria de Sa‰khya. O P™rva-mimaˆsa proposto por
Jaimini sustenta o sistema karma-kaAda que foi rejeitado pelos budistas. Apesar das escrituras Vedantas serem mais recentes, elas têm
sido aceitas como outra forma de Anvikiki, uma vez que elas estão baseadas nos Upaniads. Portanto todas as escrituras filosóficas foram
escritas em 800 anos, de 400 antes de Cristo a 400 depois de Cristo.

(*) “Não, (as coisas não são momentâneas e criadas do nada) porque há percepção das causas de geração e destruição. Não, o leite (que fez o iogurte não foi
destruído) só foi transformado, o que significa que novas qualidades se manifestaram.” Gautama-s™tras (3.2.12, 15)

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Os PuraAas foram compostos depois dos Darsana-sastras, ou escrituras filosóficas. Os PuraAas que são citados no Mahabharata e no
Bhad-araAyaka Upaniad são compostos de histórias védicas. Eles são dezoito ao todo. O MarkeAdeya PuraAa é o mais antigo, porque
nele não há menção dos futuros reis. O MarkeAdeya PuraAa contém explanações sobre os Dharma-sastras, glorificações ao deus do sol
e à deusa Durga e resoluções de dúvidas a respeito do Mahabharata. Ele também narra a história do rei Suratha da dinastia Caitra. A partir
disso fica claro que o MarkeAdeya PuraAa deve ter sido escrito depois que os reis da dinastia Citranaga de Cho˜anagapura foram
derrotados pelos Cholas. Isso é confirmado pela palavra kolavidvaˆsinaƒ. Nessa época os brâmanes e katriyas criados por Parasurama
eram muito proeminentes na Índia. Conclui-se, portanto, que esse PuraAa foi escrito 500 depois de Cristo. Entre os demais PuraAas, o
Visnu Purana é o mais respeitado. Ele foi compilado logo depois do MarkeAdeya PuraAa. Não resta dúvida de que esse Visnu PuraAa foi
composto por um erudito do sul da Índia porque ele declara que as pessoas devem começar as suas refeições com alimentos adocicados e
terminar com alimentos amargos. Essa é uma prática corrente no sul da Índia. O autor do Visnu PuraAa mencionou em seu livro o sistema de
alimentação adotado na sua província. No entanto, os arianos comem doces depois das refeições. O Visnu PuraAa foi escrito por volta de
600 depois de Cristo. Outros PuraAas como o Padma e o Skanda foram escritos por volta de 800 depois de Cristo, porque esses PuraAas
contêm discussões sobre filosofias modernas (*). Esses PuraAas foram escritos depois que SaAkaracarya pregou a sua filosofia de
advaita-vada, ou monismo. Em seu comentário, ele cita versos do Visnu Purana, portanto acredita-se que esse Visnu Purana foi escrito
antes dessa época.

(*) (O Senhor Siva informou à deusa Durga, a superintendente do mundo material) “Na era de Kali eu assumo a forma de um brâmane e explico os Vedas através
de escrituras falsas de maneira ateísta, semelhante à filosofia budista.”

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Agora iremos considerar o ponto de vista dos eruditos modernos sobre a data do aparecimento do Srimad Bhagavatam, a jóia entre as
escrituras. Por não compreenderem os nossos argumentos, as pessoas de terceira classe poderão perder toda a fé e considerarem essa
escritura uma obra recente. Portanto, elas não devem ler essa seção. Na verdade o Srimad Bhagavatam não é um livro recente. Ele é eterno
e ancestral como os Vedas. O venerável Sridhara Svami confirmou a eternidade do Srimad Bhagavatam usando as palavras tara‰kuraƒ
sajjaniƒ. O Srimad Bhagavatam tem sido aceito como o fruto supremo da árvore dos desejos da literatura védica (*). Do praAava (oˆ) veio
o Gayatri, os Vedas vieram do Gayatri, dos Vedas vieram os Brahma-s™tras e dos Brahma-s™tras veio o Srimad Bhagavatam. Esse
Paramahaˆsa-saˆhita consiste de temas inconcebíveis relacionados com a Verdade Absoluta que surgiu como um sol brilhante sat-cid-
ananda depois de ter sido refletido no samadhi do autor. Aqueles que têm olhos poderão ver, os que tiverem ouvidos poderão ouvir e

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aqueles que têm mente deverão meditar sobre os temas do Srimad Bhagavatam. As pessoas infectadas pela cegueira da parcialidade estão
privadas de saborear a doçura do Srimad Bhagavatam. Que o Senhor supremamente consciente tenha a misericórdia de eliminar essa
cegueira.

(*) “Ó homens peritos e meditativos, saboreiem o Srimad Bhagavatam, o fruto maduro da árvore dos desejos da literatura védica. Ele emanou dos lábios de Sri
Sukadeva Gosvami. Portanto esse fruto tornou-se ainda mais saboroso, apesar do seu suco nectáreo já estar disponível para o deleite de todos, inclusive das
almas liberadas.”(Bh. 1.1.3)

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O Srimad Bhagavatam não tem nascimento porque é eterno, sem começo ou fim. No entanto é extremamente desejável determinar quando,
onde e por quem essa literatura se tornou manifesta de acordo com a opinião moderna. Os eruditos modernos concluíram que Vyasadeva
escreveu o Srimad Bhagavatam às margens do rio Sarasvati sob instrução de Narada Muni, o conhecedor da Verdade. Estando insatisfeito
depois de ter escrito as escrituras, Vyasadeva apresentou o Srimad Bhagavatam depois de visualizar a Verdade Absoluta através de
samadhi. Ele apresentou o Srimad Bhagavatam para beneficiar as pessoas de terceira classe, que não são capazes de compreender o
significado profundo de um tema assim profundo. As grandes personalidades que compilaram as escrituras são todas conhecidas como
Vyasas e sempre foram respeitadas pelas pessoas em geral. Sendo assim, o título Vyasa indica todos os Vyasas, começando com
Vedavyasa indo até o Vyasa que escreveu o Srimad Bhagavatam. Quando ele foi incapaz de determinar a Verdade Absoluta depois de
estudar todas as escrituras, Vyasadeva, que é perito na ciência espiritual, desviou sua mente e fala dessas literaturas, realizou a Verdade
Absoluta através de samadhi e então escreveu o Srimad Bhagavatam. Os eruditos modernos também dizem que o Srimad Bhagavatam
apareceu no Sul da Índia (Dravida-desa) há cerca de 1000 anos. A entidade viva tem uma inclinação natural em ter apego pelo seu local
nativo. Portanto, até mesmo as grandes personalidades revelam essa tendência em algum grau. Devido à glorificação que o Srimad
Bhagavatam faz de Dravida-desa, que não é muito antiga, parece que Vyasadeva era natural dessa província (*) Se as glórias de Dravida-
desa fossem mencionadas em outras escrituras, então não teríamos o direito de chegar a essa conclusão. Nossa conclusão é confirmada pela
menção no Srimad Bhagavatam de um lugar sagrado muito recente (**). Está declarado no Ve‰kata-mahatmya, que é popular no Sul, que
Ve‰ka˜a-tirtha foi estabelecido quando Lakmidevi foi de Kolapura para Chola. Kolapura está situada no sul de Satara. Os reis Chalukya
derrotaram os Cholas no século VIII e estabeleceram um grande reinado nessa província. Portanto Lakmi foi para Kolapura e VeAka˜a foi
estabelecida naquela época. Por essa razão, os eruditos não hesitam em aceitar que esse Srimad Bhagavatam foi escrito no século IX.
Sa˜hakopa, Yamunacarya e Ramanujacarya pregaram com muito vigor o vaiAavismo no século X. Eles também eram de Dravida-desa.
Todos eles enalteciam muito o Srimad Bhagavatam e não podemos aceitar que o Srimad Bhagavatam tenha sido escrito no século IX. Além
do mais, quando Sridhara Svami escreveu o seu comentário sobre o Srimad Bhagavatam no século XI, já haviam outros comentários como
o Hanumad-bhaya. Portanto não precisamos tecer outras considerações a esse respeito. Não encontrei nenhuma maneira de determinar o
nome da família do autor do Srimad Bhagavatam. No entanto, quem quer que ele tenha sido, somos gratos e reverenciamos com grande
respeito essa grande personalidade, Vyasadeva, como sendo o mestre espiritual das pessoas que têm comportamento de cisne (***).

(*) “Meu querido rei, os habitantes da Satya-yuga e de outras eras desejam ardentemente nascer nessa era de Kali, uma vez que nessa era existirão inúmeros
devotos do Senhor Supremo, NarayaAa. Esses devotos irão aparecer em vários lugares, mas serão especialmente numerosos no sul da Índia. Ó amo dos
homens, na era de Kali as pessoas que beberem as águas dos rios sagrados de Dravida-desa, tais como o TamraparAi, Ktamala, Payasvini, do extremamente
piedoso Kaveri e do Pratici Mahanadi, serão quase todos devotos de coração puro da Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva.”(Bh. 11.5.38-40)

(**) “Nas províncias sulistas conhecidas como Dravida-desa, o Senhor Supremo viu a sagrada colina de Ve‰ka˜a.” (Bh. 10.79.13)

(***) Discordamos veementemente desse tipo de conclusão. Esse tipo de crença não pode ser chamado fé.

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Dessa maneira descrevemos extensamente a opinião moderna sobre a época do aparecimento das escrituras a que estamos nos referindo.
Não há necessidade de analisar todas as escrituras dos arianos. Há inúmeras outras escrituras antigas estudadas pelos arianos. Depois de
considerar os pontos de vista do Sr. Playfair, Mahatma Archdikan Prat deliberou que a astrologia era usual em Aryavarta 1000 anos antes
do início da era de Kali. Antes disso os Vedas existiam na forma de sruti, ou auditiva. O Sr. Wilford determinou que o astrólogo védico
Parasara Ri escreveu o seu livro de astrologia em 1391 antes de Cristo. De acordo com a opinião do Sr. Davis, isto é confirmado em um
verso do Atharva Veda. Mas a possibilidade desse verso sobre astrologia no Atharva Veda ter sido acrescido posteriormente não foi
considerada pelo Sr. Wilford. De acordo com a nossa opinião, o cálculo de Archdikan Prat é mais aceitável, porque as estrelas denominadas
Sete Sábios eram anteriormente denominadas Prajapatis. Uma vez que não havia linguagem escrita naquela época, a astrologia era
expressada através de vários sinais. Dessa maneira, a medicina, na forma de ayurveda, era praticada desse tempos muito remotos. Se
considerarmos todas essas coisas‚ esse livro se tornará muito volumoso, então vamos parar por aqui. Já descrevemos os vários livros que
direta e indiretamente explicam a ciência espiritual e damos o seguinte quadro:

nome da escritura Período em que ela foi pregada

1. Os primeiros códigos de Durante o reinado dos Prajapatis


srutis, começando com o pranava (oˆ)
2. Os rutis o Gayatri Durante o reinado dos Manus, semideuses
e
... parte do
reinado de Vaivasnata
3. Sautra srutis No início do reino de Vaivastava
4. Os smtis de Manu Durante a segunda metade do reinado de

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... Vaivasvata
5. Histórias Durante a segunda metade do reinado de Vaivasvata
6. Escrituras filosóficas Durante o reinado dos sem casta
7. PuraAas e Satava Tantras Durante o reinado dos brâmanes e
katriyas ... criados por
Parasurama
8. Tantras Durante o reinado dos muçulmanos

Assim descrevemos as épocas dos incidentes e das escrituras, até onde foi possível de acordo com a opinião moderna. As pessoas de
comportamento semelhante a cisnes não estão interessadas em polêmicas (*), portanto se for apresentada alguma conclusão contrária como
a argumentação apropriada, nós a aceitaremos. Esperamos ouvir mais sobre essas conclusões em um dos transcendentalistas ou dos
materialistas inteligentes do futuro.

(*) “Não devemos nos permitir à argumentação e à contra-argumentação. Nem devemos nos abrigar em qualquer causa ou facção.” (Bh. 7.13.7)

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De acordo com as nossas escrituras, o cálculo das datas não é esse. Só acreditamos nas declarações das escrituras. Apresentei as
conclusões modernas para beneficiar as pessoas que se preocupam com isso. De acordo com essas conclusões, os arianos começaram a
governar a Índia há 6.341 anos. Assim estabelecemos a incomparável longevidade da história da Índia. Nenhuma outra civilização pode ser
comparada a ela. Dizem que o Egito é um país muito antigo. Estima-se pelas descrições de Minitho, um historiador egípcio, que as pessoas
passaram a viver naquele país em 3553 antes de Cristo. O nome do seu primeiro rei era Minis (Menes). Calcula-se que seu reinado começou
quando Hariscandra estava governando a Índia. O estranho é que havia um rei chamado Maniscandra que era contemporâneo de
Hariscandra. Também se diz que o rei Menes foi para o Egito vindo de algum país oriental. A grande pirâmide foi edificada pela dinastia
Suphu. Um rei chamado Hyksos vindo do oriente atacou o Egito perto de 2000 antes de Cristo, ou cerca de duzentos anos antes da batalha
de Kuruketra. Uma religião semelhante ao varAasrama-dharma era praticada antigamente no Egito. A partir desses fatos parece que há
alguma relação entre o Egito e a Índia. Deixemos que os eruditos do futuro pesquisem mais sobre isso. De acordo com a opinião dos
hebreus, o seu reino foi criado em torno de 4000 antes de Cristo, provavelmente na época do rei Sravasta. No entanto é difícil provar essas
coisas nos dias de hoje. Quando a situação dos hebreus e dos egípcios é essa, nem é preciso mencionar as outras raças. Descrições
anteriores à época do rei Menes do Egito são incomuns. O período de vida de 1000 anos que os hebreus atribuem a Adão tornou-se tema
de discussões entre as pessoas graduadas dessa nação. Os eruditos modernos da Índia comparam o período de vida de Adão com o
período de vida de setenta e uma maha-yugas de um Manu ou com o período de vida de 1000 anos de Dasaratha. As pessoas com a
mentalidade de cisnes não devem pensar que estamos tentando estabelecer a Índia como sendo o país mais antigo do mundo para poder
aumentar o prestígio e a posição desse país. Uma vez que os vaisnavas com mentalidade semelhante a cisnes vêem as pessoas de maneira
equânime, aceitam toda a verdade que seja substanciada de acordo com a idade das diferentes raças.

A história passada da Índia e a idade das diferentes escrituras são descritas dessa maneira de acordo com a opinião dos eruditos modernos.
Todo mundo tem o direito de decidir se deve ou não aceitar esses fatos. O avanço do vaiAavismo não depende desse tipo de conclusão.
Sabemos que o vaiAavismo, os Vedas e as escrituras devocionais como o Srimad Bhagavatam são eternos. Agora iremos tentar discutir o
desenvolvimento e o avanço do conhecimento espiritual desde o tempo em que ele apareceu até o presente. O dever constitucional da
entidade viva é o de indagar sobre a Verdade Absoluta. Temos que aceitar que esse dever constitucional acompanha a criação das entidades
vivas (*). No início esses deveres eternos foram auto-manifestos no estado não evoluído de considerar o Senhor e as entidades vivas como
sendo unos. Nessa ocasião as diferenças específicas entre o Senhor e as entidades vivas ainda não haviam sido estabelecidas e o nó da
devoção ao Senhor ainda não havia sido atado(**). Essa percepção espiritual da unidade entre o Senhor e as entidades vivas foi vigente por
muito tempo. Mas a verdade luminosa não pode ser encoberta para sempre pelas nuvens da ignorância e da ilusão. De tempos em tempos os
is vêm para revelar os deveres constitucionais das entidades vivas introduzindo vários métodos como sacrifícios, austeridades, adoração,
autocontrole, quietude, tolerância e caridade (***).

(*) “Dentre todos os semideuses, Brahma foi o primeiro a nascer. Ele é tanto o criador quanto o protetor desse Universo. Ele intruiu o seu filho mais velho,
Atharva, na ciência espiritual do eu, que é a base de todos os outros ramos de conhecimento. Depois Atharva transmitiu esse conhecimento para A ‰ gira.”
(MuAdaka Upaniad 1.1.1)

(**) “Ele é esse Brahman Supremo.” (Bhad-araAyaka Upaniad 4.4.5)

(***)”Pela influência do tempo, o som transcendental do conhecimento védico foi perdido na época da aniquilação. Portanto, quando ocorreu a criação
subsequente, Eu falei o conhecimento védico para Brahma porque Eu mesmo é quem sou os princípios religiosos anunciados nos Vedas. “(Bh. 11.14.3)

“Ó melhor dos homens, a inteligência dos seres humanos está confundida pela Minha potência ilusória, e portanto, de acordo com as suas próprias atividades e
desejos, eles falam de inúmeras maneiras sobre o que é realmente bom para as pessoas.” (Bh. 11.14.9)

“Alguns dizem que as pessoas serão felizes por realizarem atividades religiosas piedosas. Outros dizem que essa felicidade é alcançada através da fama,
gratificação sensorial, veracidade, autocontrole ou tranqüilidade.” (Bh. 11.14.10)

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Há muito tempo atrás as pessoas rejeitaram a idéia da unidade com o Senhor e começaram a se dedicar a atividades mundanas fruitivas. Cair
em uma ilusão atrás da outra parece ser avanço para a pessoa que está iludida. Mas dentro de pouco tempo essa ilusão é desfeita. Quando
os arianos consideraram os resultados insignificantes e adversos das atividades fruitivas, eles voltaram as suas mentes para a liberação (*).
Mas isso também é estéril e infrutífero. No entanto, a verdade certamente prevalece, mesmo que demore. Mais tarde, quando a

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incomparável verdade apareceu no coração dos arianos, a forma de amor extático ficou clara para eles (**). Os vaisnavas que têm
comportamento de cisnes definiram os seguintes temas a respeito dos deveres eternos das entidades vivas. Eles podem ter mudado com o
passar do tempo.

(*) “Todas as pessoas que acabei de mencionar obtêm frutos temporários do seu trabalho material. Na verdade, as situações precárias e miseráveis que elas
alcançam trazem infelicidade futura e estão baseadas na ignorância. Mesmo enquanto desfrutam os frutos do seu trabalho, essas pessoas estão cheias de
lamentação.” (Bh. 11.14.11)

“Ó erudito Uddhava, aqueles que fixam a sua consciência em Mim, abandonando todos os desejos materiais, compartilham coMigo de uma felicidade que não é
possível se experimentada por aqueles que vivem dedicados à gratificação dos sentidos.”(Bh. 11.14.12)

“Devemos nos dedicar a atividades no modo da bondade pura para podermos nos livrar da prisão da vida no mundo material e terminar com os sofrimentos
provocados pelo nascimento, morte e velhice.” (Lalita-vistara)

(**) “Você deve conhecer Krsna como sendo a Alma original de todas as entidades vivas.”(Bh. 10.14.55)

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1. Paramatma — a personalidade superconsciente e luminosa, que é eternamente plena de conhecimento e de bem-aventurança. Jivatma —
os minúsculos raios de consciência do sol supremo.

2. O Senhor superconsciente é diferente das entidades vivas diminutas que têm consciência diminuta e que são a energia superior eterna do
Senhor. As entidades vivas são individuais e eles residem em diversos meios ambientes de acordo com as qualificações que possuem. O
mundo material é uma emanação do Senhor superconsciente.

3. O mundo material é um aspecto pervertido do mundo espiritual. A bem-aventurança pura do mundo material é refletida pervertidamente
na felicidade e na aflição do mundo material.

4. As entidades vivas não têm relacionamento com o mundo material. O mundo material é a residência apenas das almas condicionadas.
Através da atividade da energia inconcebível do Senhor, as almas condicionadas ficam presas em corpos materiais. Algumas vivem absortas
na felicidade material e outras se esforçam pela felicidade espiritual.

5. A tendência natural de apego pelo Senhor é o dever constitucional de uma entidade viva. Na vida condicionada, esse dever constitucional
é transformado em apego pelo desfrute material. Essa é uma condição de vida lamentável.

6. Liberação significa estar situado na posição constitucional de nossos deveres constitucionais. Isso é alcançado através do serviço
devocional.

7. De acordo com a nossa qualificação, o cultivo de nossos deveres constitucionais varia. Ele pode ser tanto direto quanto indireto.

8. O cultivo direto visa realizar a nossa posição constitucional; não há possibilidade de outro resultado.

9. O cultivo indireto resulta em frutos irrelevantes relacionados com o corpo material.

10. Samadhi, ou a completa absorção no Ser Supremo, é o meio primário e direto de cultivo. As atividades tais como manutenção do corpo
que são os meios para ajudar a alcançar o samadhi são chamadas cultivo primário indireto.

11. O dever eterno da entidade viva é cultivar a consciência de Krsna seguindo o humor dos residentes de Vraja através do samadhi, porque
essa é a meta mais desejável.

12. A atividade mais gloriosa para uma entidade viva é se dedicar de acordo com a sua qualificação em discutir as doçuras conjugais
desfrutadas por Krsna, a personificação da doçura.

Dentre esses doze itens, os primeiros quatro se referem ao relacionamento das entidades vivas com o Senhor. Do quinto ao décimo se
referem aos deveres das entidades vivas e os dois últimos se referem à meta suprema.

Durante os reinados dos Prajapatis, Manus e semideuses, a ciência do nosso relacionamento com o Senhor se manteve em forma de uma
semente. Eles só deveriam considerar que havia uma personalidade adorável que deveria ser satisfeita. Isso é compreendido através do
praAava e do Gayatri. Naquela época havia alguns debates entre os karmis e jnanis sobre os deveres das entidades vivas. Algumas
poucas personalidades como Sanaka e Sanatana negligenciaram completamente o pravtti-marga, o caminho que incrementa a
prosperidade material, enquanto que os Prajapatis, Manus e semideuses como Indra desejavam satisfazer Hari avançando na prosperidade
material através da realização de sacrifícios. Como resultado disso, o pensamento de céu e de inferno entrou em suas mentes. Naquela época
o estado puro das entidades vivas, a procura da liberação, e, finalmente o amor a Deus eram desconhecidos. Na parte final do reinado de
Manu, quando os smtis e histórias foram introduzidos, as pessoas começaram a considerar a ciência da auto realização e a meta da vida (“A
realização apropriada dos quatro tipos de sacrifícios simples — vaisvadeva, oferendas aos Visvadevas; homa, oferendas de oblações aos
semideuses; balikarma nitya-sraddha, oferendas de oblações aos ancestrais e outras entidades vivas; e atithi-bhojana, alimentar os
convidados — não podem ser comparadas nem sequer a uma décima sexta parte do benefício de se cantar os santos nomes do Senhor.”
Manu-saˆhita 2.86). Mas não parece que houve qualquer progresso em direção à meta da vida. Durante o reinado dos sem casta e dos
brâmanes e katriyas criados por Parasurama houve um avanço no que diz respeito à compreensão do nosso relacionamento com Deus, as
atividades para se cultivar esse relacionamento e o alcance da meta da vida, como encontrado nos PuraAas e escrituras filosóficas(*).

(*) “Ó meu Senhor, Ó Suprema personalidade de Deus. será que serei novamente capaz de ser um servo dos Seus servos eternos que só se abrigam em Seus pés
de lótus? Ó Senhor da minha vida, quando poderei novamente me tornar um servo deles para que a minha mente sempre pense nos Seus atributos
transcendentais, para que as minhas palavras sempre glorifiquem esses atributos e que meu corpo sempre se dedique ao Seu serviço?

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
“Ó Meu Senhor, fonte de todas as oportunidades, não desejo desfrutar em Dhruvaloka, nos planetas celestiais, ou no planeta do Senhor Brahma, nem desejo
ser o governante supremo de todos os planetas terrenos ou dos sistemas planetários inferiores. Não desejo ser mestre de yoga mística, nem desejo a liberação
se tiver que abandonar os Seus pés de lótus.” (Bh. 6.11.24-25)

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Uma discussão completa e uma apresentação clara sobre as conclusões dessas três verdades é encontrada no Srimad Bhagavatam. Mas o
Srimad Bhagavatam é como um oceano, e é extremamente difícil para um madhyama-adhikari determinar qual é a parte que contém as
jóias. Depois de considerar esse posto, o mais misericordioso discípulo de Sa˜hakopa, Sri Ramanujacarya, compilou as verdades
essenciais sobre o vaiAavismo pela primeira vez. Algum tempo antes disso, Sri Sa‰karacaya escreveu um comentário sobre os Vedanta-
s™tras e assim difundiu o cultivo de conhecimento em tal escala que Bhaktidevi (*), amedrontada e cheia de ansiedade, foi se esconder por
muito tempo nos corações dos devotos.

(*) Os sintomas gerais de bhakti são descritos por Srila R™pa Gosvami no seu Bhakti-rasamta-sindhu da seguinte maneira: “Devemos prestar serviço amoroso
transcendental ao Supremo Senhor Krsna favoravelmente e sem desejo de lucro material, benefício na realização de atividades fruitivas ou em especulação
filosófica. Isso é chamado serviço devocional puro.“ Atividades fruitivas e o cultivo de conhecimento não são rejeitados ao se explicar os sintomas do serviço
devocional, mas quando a tendência pela devoção pura está encoberta por jnana e karma, então a devoção não se manifestará. Quando as atividades fruitivas
se tornaram proeminentes, as discussão do serviço devocional foi interrompida. Quando o budismo era proeminente, o cultivo de conhecimento foi
interrompido, o que foi até pior.

———————————

Não podemos culpar Sa ‰ karacarya, porque ele era um devoto do Senhor e o benfeitor de todos. Portanto oferecemos as nossas
reverências a ele. Ele teve um motivo para se dedicar a esse trabalho em uma época em particular. Todo mundo sabe que por volta do ano
500 antes de Cristo uma grande alma chamada Gautama nasceu na família dos Sakas na vila de Kapilavastu. Ele pregou os princípios de
jnana-kaAda tão vigorosamente que os princípios religiosos de varAasrama-dharma estabelecidos pelos arianos foram quase
completamente destruídos. A filosofia budista que ele pregou tornou-se como um espinho para todas as antigas práticas dos arianos. Com a
ajuda de Kanika, Havika e Vasudeva da dinastia Sidia, o budismo gradualmente atravessou o Punjab e se expandiu por inúmeros países
como a China,Tatara e Trivarta, que estão situados ao norte dos Himalaias. No Sul, o rei Asokavardhana pregou vigorosamente o budismo
em Brahma-desa e em Sri La‰ka. Sob o patrocínio de Asokavardhana, o budismo foi gradualmente se espalhando por toda a Índia com
os discípulos de Sariputra, Modgalayana, Kasyapa e Ananda. Os locais sagrados dos arianos foram transformados em locais sagrados
para budistas. Todos os sinais da cultura bramânica praticamente desapareceram. No século VII, quando esse desastre já não era mais
suportável, os brâmanes ficaram muito irados e conspiraram juntos para destruir o budismo. Naquela época, por arranjo da providência, Sa
‰karacarya, que era o mais erudito e inteligente da sua casta, tornou-se o comandante dos brâmanes de Kasi. Ao avaliarmos as suas
atividades, parece que ele era uma encarnação de Parasurama. Há inúmeras opiniões diferentes a respeito do seu nascimento. Os seus
seguidores brâmanes o aceitam como o filho de Mahadeva. Na verdade a sua mãe viúva era de Dravida-desa, mas havia se mudado para
Kasi por desejar viver em um local sagrado. As pessoas com o comportamento igual a cisnes não ligam que uma pessoa apresente falhas
devido ao seu nascimento, porque a grandeza da pessoa é julgada de acordo com o seu avanço no vaiAavismo. Narada, Vyasa, Jesus e Sa
‰ kara tornaram-se respeitados em todo mundo pelas qualidades do seu trabalho. Quanto a isso não há questionamento. Mas agora
mencionei Sa‰kara para ilustrar um ponto. É que, a partir do século VII, a inteligência aguçada e poderosa era encontrada entre as pessoas
do sul da Índia e em nenhum outro lugar. Daquela época em diante, Sa‰karacarya, Sa˜hakopa, Yamunacarya, Ramanuja, Visnusvami,
Madhvacarya e inúmeros outros acadêmicos eruditos apareceram como estrelas brilhantes no céu do Sul. Sa ‰ karacarya não estava
satisfeito com os seus seguidores brâmanes, e assim ele introduziu dez tipos de sannyasis, tais como Giri, Puri e Bharati. Com a ajuda física
e mental desses sannyasis, Sa‰karacarya converteu os brâmanes que eram apegados a atividades fruitivas e se preparou para converter
os budistas à sua filosofia. Onde quer que ele falhasse em convertê-los através da argumentação filosófica, ele empregava os Nagas, os
sannyasis nus, que os convertia com o argumento armado. Finalmente ele escreveu um comentário sobre o Vedanta, combinando o
karma-kaAda dos brâmanes com o jnana-kaAda dos budistas. E assim ele uniu os dois grupos. Depois disso, todos os templos budistas e
suas deidades foram convertidos para o padrão védico. Com medo de serem aniquilados fisicamente e também por realizarem a
insignificância de suas práticas religiosas, sem outra alternativa, os budistas aceitaram a autoridade dos brâmanes. Os budistas que odiavam
serem convertidos pegaram o que sobrou da sua cultura e fugiram para Sri La‰ka e Brahma-desa. Os antigos budistas pegaram o dente
do Senhor Buddha que estava em Jagannatha Puri e foram para Sri La‰ka. Eles deixaram Buddha, seus ensinamentos e sua associação em
Jagannatha Puri. Mais tarde esses três elementos foram identificados como Jagannatha, Baladeva e Subhadra. No século V um erudito da
China chamado Phahiyan visitou Jagannatha Puri e escreveu com muita alegria que o budismo ali se encontrava em seu estado puro e que
não havia torturas impostas pelos brâmanes. Depois desse incidente, no século VII, outro erudito chinês chamado Huyessaˆ foi para
Jagannatha Puri e escreveu que o dente do Senhor Buddha havia sido levado para Sri La ‰ ka e os brâmanes haviam poluído Puri
completamente. Quando discutimos esses incidentes, as atividades de Sa ‰ karacarya parecem surpreendentes. De certo modo Sa
‰karacarya prestou um favor à Índia ao eliminar o budismo. Ele ajudou a interromper a deterioração gradativa da comunidade ariana. Em
particular, ele mudou a mentalidade ariana ao introduzir um novo método de pensamento baseado em suas escrituras. Ele até os inspirou a
necessidade de considerar novos temas com sua inteligência. A flor da devoção nos corações dos devotos tornou-se abalada com o fluxo
dos argumentos de Sa ‰ karacarya. Apoiado no poder da filosofia de Sa ‰ karacarya, Ramanujacarya, por misericórdia do Senhor,
escreveu um comentário diferente do Sariraka-bhaya. Dessa maneira a força e a prosperidade do vaiAavismo foi incrementada. Dentro de
pouco tempo Visnusvami, Nimbarka e Madhvacarya introduziram discretas variações nos princípios vaisnavas ao apresentarem seus
comentários sobre o Vedanta. Mas todos eles seguiram os passos de Sa ‰ karacarya. Assim como Sa ‰ karacarya, eles escreveram
comentários sobre o Bhagavad-gita, Visnu-sahasra-nama e os Upaniads. Naquela época despertou um sentimento nos corações das
pessoas, que para estabelecer uma saˆpradaya, deveria haver comentários sobre os quatro livros mencionados. A partir desses quatro
vaisnavas, as quatro saˆpradayas vaisnavas, tais como a Sri-saˆpradaya, foram introduzidas. Dentre as doze verdades que mencionamos, as
primeiras dez foram aceitas pelas quatro saˆpradayas. As duas últimas foram aceitas em certa extensão pelas saˆpradayas de Madhava,
Nimbarka e de Vinusvami.

Sri Caitanya Mahaprabhu apareceu em Navadvipa em 1486. No início da Sua vida, Ele permaneceu em casa. Mais tarde Ele aceitou a
ordem de vida renunciada e pregou conhecimento sobre os dois últimos itens. Qual é a dúvida de que a terra da Bengala é dificilmente
alcançada até mesmo pelos semideuses? Quem não sabe que o filho de Saci, que é supremamente adorado pelos vaisnavas desceu à terra da
Bengala e distribuiu uma riqueza incomparável para dito mundo? Felizmente nascemos nessa terra. Todos vaisnavas que nascerem nessa terra
futuramente se sentirão tão afortunados quanto nós.

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
Sri Caitanya Mahaprabhu, com a ajuda de Nityananda e Advaita, explicaram claramente a verdade sobre nosso relacionamento com o
Senhor. Ele explicou claramente a verdade sobre o relacionamento das entidades vivas com o Senhor através de R™pa. Sanatana, Jiva,
Gopala Bha˜˜a e os dois Raghunathas, Ramananda Raya, Svar™pa Damodara e Sarvabhauma Bha˜˜acarya. Ele consolidou o processo
de agir nesse relacionamento ao estabelecer a supremacia da realização de kirtana. A respeito da meta definitiva da vida, Ele estabeleceu a
maneira simples de saborear as doçuras de Vraja.

Se o leitor analisar cuidadosamente, ficará claro que a ciência espiritual se desenvolveu gradualmente desse tempos ancestrais e se tornou
mais simples, mais clara e mais condensada. Quanto mais as impurezas relativas ao tempo e ao local foram sendo removidas, mais brilhante e
maravilhosa essa ciência aparece diante de nós. Essa ciência nasceu na terra da grama kusa nas margens do rio Sarasvati em Brahmavarta.
Conforme ela foi ganhando alento, passou sua infância na morada de Badarikasrama nas margens do rio Gomati e sua juventude nas
maravilhosas margens do rio Kaveri na província de Dravida. A ciência espiritual alcançou a sua maturidade em Navadvipa, nas margens do
Ganges, que purifica o Universo.

Ao estudarmos a história do mundo verificamos que a ciência espiritual alcançou o seu clímax em Navadvipa. A Suprema Verdade Absoluta
é o único objeto de amor para as entidades vivas. A não ser que Ela seja adorada com apego, a entidade viva jamais irá alcançá-lA. Mesmo
que uma pessoa abandone todo afeto por esse mundo e passe a meditar no Senhor Supremo, ainda assim Ele não será facilmente alcançado.
Ele é controlado e alcançado unicamente através das doçuras transcendentais. (*)

(*)”Quando compreendemos a Personalidade de Deus, o reservatório do prazer, Krsna, realmente nos tornamos transcendentalmente bem-aventurados.”
(Taittiriya Upaniad. 2.7.1)

___________________

Essas doçuras são de cinco tipos: santa, dasya, sakhya, vatsalya e madhurya. A primeira doçura, santa, é o estágio em que a entidade
viva supera as dores da existência material e se situa na transcendência. Nessa estágio há um pouco de felicidade, mas não há o sentimento
de independência. Nessa ocasião o relacionamento entre o praticante e o Senhor ainda não está estabelecido. Dasya-rasa é a segunda
doçura. Ela contém todos os ingredientes de santa-rasa e mais a afeição: “O Senhor é o meu amo e eu sou o Seu servo eterno.” Esse tipo
de relacionamento é o encontrado em dasya-rasa. Ninguém dá muita atenção às melhores coisas desse mundo a não ser que haja uma
relação afetiva. Portanto dasya-rasa é superior a santa-rasa de várias maneiras. Assim como dasya é superior a santa, tenha como certo
que sakhya é superior a dasya. Em dasya-rasa há um espinho na forma de temor e reverência, mas o principal ornamento em sakhya-rasa
é o sentimento de amizade em igualdade. Dentre os servos, aquele que é amigo é superior. Não há dúvida quanto a isso. Em sakhya-rasa
está incluída todo cabedal de santa e dasya. Assim como sakhya é superior a dasya, vatsalya é superior a sakhya. Isso é compreendido
facilmente. Dentre todos os amigos, o filho é mais querido e causa de maior felicidade. Em vatsalya-rasa está presente o cabedal das quatro
rasas, iniciando com santa. Apesar de vatsalya-rasa ser superior às outras rasas, ela parece insignificante quando comparada a
madhurya-rasa. Podem haver muitos segredos entre um pai e um filho, mas não podem existir tais segredos entre um esposo e uma esposa.
Portanto, se formos considerar profundamente, veremos que todas as rasas mencionadas são vistas em perfeição na madhurya-rasa.

Se passarmos a analisar as histórias dessas cinco rasas, compreenderemos claramente que santa-rasa era vista nos primeiros dias da Índia.
Quando a alma não ficou satisfeita depois de realizar sacrifícios com ingredientes materiais, os transcendentalistas como os quatro Kumaras,
Narada e Mahadeva se desapegaram desse mundo e situados na transcendência, realizaram santa-rasa. Mais tarde, dasya-rasa se
manifestou em Hanuman, o líder dos macacos. Essa dasya-rasa se expandiu gradualmente para o Norte e se manifestou em uma grande
personalidade chamada Moisés. Muito depois de Hanuman, o líder dos macacos, Uddhava e Arjuna tornaram-se autoridades qualificadas
em sakhya-rasa. Eles pregaram sobre essa rasa pelo mundo afora. Gradualmente essa rasa se expandiu pelos países árabes, sob a liderança
de Maomé, o conhecedor dos princípios religiosos. Vatsalya-rasa se manifestou pela Índia em diferentes formas em diferentes épocas.
Dentre as diferentes formas, vatsalya misturada com opulência atravessou a Índia e apareceu em uma grande personalidade chamada Jesus
Cristo, que era um pregador dos princípios religiosos judeus. Madhurya-rasa primeiro cintilou em Vraja. É extremamente raro essa rasa
entrar nos corações das almas condicionadas, porque essa rasa tende a permanecer com as entidades vivas puras, qualificadas para
desfrutarem dela. Essa rasa confidencial foi pregada por Navadvipa-candra, Sri Saci-kumara e Seus seguidores. Até hoje essa rasa ainda
não saiu da Índia. Há pouco tempo atrás um erudito inglês chamado Newman realizou algo sobre essa rasa e escreveu um livro sobre ela. As
pessoas da Europa e da América não estavam satisfeitas com a vatsalya-rasa misturada com opulência pregada por Jesus Cristo. Espero
que pela graça do Senhor, em bem pouco tempo eles se sintam sedentos em beber o néctar intoxicante de madhurya-rasa. Verificamos que
toda a rasa que surge na Índia acaba se dispersando pelo mundo. Assim como o sol primeiro nasce na Índia e depois vai espalhando a sua
luz para os países do Ocidente, o brilho inigualável da verdade espiritual primeiro surge na Índia e gradualmente se espalha pelos países
ocidentais.

Depois de analisar o nível de avanço das pessoas, os compiladores das escrituras no passado estabeleceram os santos nomes apropriados
para a liberação nas diferentes eras. Os santos nomes para a liberação na Satya-yuga são os seguintes:

narayaAa-para veda narayaAa-parakaraƒ


narayaAa-para muktir narayaAa-para gatiƒ

O significado desse verso é que o Senhor NarayaAa é a meta de toda ciência, linguagem e liberação e Ele é o destino supremo. O nome da
Verdade Absoluta misturada com opulência é NarayaAa. O Senhor Supremo é completamente realizado na forma de NarayaAa, que está
rodeado pelos Seus associados em VaikuA˜ha. Nesse estágio são encontradas santa-rasa pura e um pouco de dasya-rasa.

rama narayaAananta mukunda madhus™dana


Krsna kesava kaˆsare hare vaikuA˜ha vamana

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Esses são os santos nomes para a liberação na Treta-yuga. Os nomes que são mencionados nesse texto indicam os poderes de NarayaAa.
Esse é o estágio completo de dasya-rasa e há um reflexo de sakhya-rasa.

hare murare madhu-kaitabhare gopala govinda mukunda saure


yajnesa narayaAa Krsna viAo virasrayaˆ maˆ jagadisa raka

Esses são os santos nomes para a liberação na Dvapara-yuga. Os nomes mencionados nesse verso visam a aproximação de Krsna, que é o
abrigo das pessoas desabrigadas. Nesse estágio há uma proeminência de santa, dasya, sakhya e vatsalya-rasas.

hare Krsna hare Krsna Krsna Krsna hare hare


hare rama hare rama rama rama hare hare

Esses são os nomes mais doces do Senhor. Nesse mantra não há nenhuma prece. A provocação para todas as rasas misturadas de
intimidade são encontradas nesse mantra. Não há menção do poder do Senhor ou da concessão da liberação. Esse mantra revela apenas
que a alma tem uma atração indescritível pela Superalma pelo elo do amor. Esses nomes são o mantra para aqueles que estão no caminho
de madhurya-rasa. A deliberação constante desses nomes é a melhor forma de se adorar ao Senhor. Todas as atividades espirituais das
pessoas de comportamento semelhante a cisnes tais como adoração da Deidade, seguir votos e estudar as escrituras estão incluídos nesses
santos nomes. Não há consideração quanto ao tempo, local e candidato para cantar esse mantra. O cantar desse mantra não depende das
instruções de um Guru ou da adoração da Deidade por alguma recompensa (*).

(*)”Quando uma entidade viva nasce para se dedicara o serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, que é o controlador supremo, o seu nascimento,
todas as suas atividades fruitivas, o seu período de vida, sua mente e suas palavras se tornam verdadeiramente perfeitas.

“Um ser humanos civilizado tem três tipos de nascimento. O primeiro nascimento é através do pai e da mãe e esse nascimento é chamado seminal. O próximo
nascimento ocorre quando ele é iniciado pelo mestre espiritual e esse nascimento é chamado savitra. O terceiro nascimento, chamado yajnika, ocorre quando
lhe é dada a oportunidade de adorar ao Senhor Visnu. Apesar da oportunidade de alcançar esses nascimentos, mesmo que alguém tenha o período de vida de
um semideus, se ele não se dedicar de verdade ao serviço do Senhor, tudo o mais é inútil. Da mesma maneira, as suas atividades podem ser mundanas ou
espirituais, mas elas serão inúteis caso não visem à satisfação do Senhor.

“Sem o serviço devocional, qual é o significado de austeridades severas, do processo de audição, do poder da fala, do poder da especulação mental, da
inteligência elevada, da força e do poder dos sentidos?

“As práticas transcendentais que não acabam ajudando a se realizar a Suprema Personalidade de Deus são inúteis, sejam elas as práticas de yoga mística, ou o
estudo analítico da matéria, austeridades severas, a aceitação de sannyasa, ou o estudo da literatura védica. Tudo isso pode ser muito importante para o avanço
espiritual, mas a menos que se compreenda a Suprema Personalidade de Deus, Hari, todos esses processos são inúteis. (Bh. 4.31.9-13)

“Na verdade a Suprema Personalidade de Deus é a causa original de toda a auto-realização. Consequentemente, a meta de todas as atividades auspiciosas - de
karma, jnana, yoga e bhakti — é a Suprema Personalidade de Deus.” (Bh. 4.31.9-13)

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É dever das pessoas de comportamento semelhante a cisnes buscar refúgio nesses nomes ao aceitarem as doze verdades já mencionadas. As
pessoas de comportamento semelhante a cisnes dos países estrangeiros cujas línguas e posições sociais são diferentes devem aceitar esses
santos nomes nas suas próprias línguas fazendo alusão a esse mantra. Isso significa que no processo de adoração desse mantra não deve
haver considerações científicas complexas, argumentação inútil ou qualquer tipo de prece direta ou indireta. Se houver alguma prece ela deve
visar o amor a Deus. Então ela será impecável. As pessoas com o comportamento semelhante a cisnes vivem de maneira simples,
completamente satisfeitos, enquanto internamente permanecem como almas rendidas (*)

(*) “Por mostrar misericórdia para com todas as entidades vivas, estando satisfeito de uma maneira ou de outra e controlando os sentidos do apego pelo
desfrute sensorial, pode-se muito rapidamente satisfazer-se a Suprema Personalidade de Deus, Janardana.” (BH. 4.31.19)

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Aqueles que têm olhos divinos os consideram yogis equilibrados, e os que são menos inteligentes, ou as pessoas de terceira classe, os
consideram apegados ao desfrute sensorial. Algumas pessoas podem até considerá-los avessos a Deus. Uma pessoa de comportamento
semelhante a cisnes pode identificar outro irmão de comportamento igual que possua todos os sintomas apropriados, mesmo que ela seja de
um outro país. Apesar de suas vestimentas, língua, adoração, Deidade e comportamento pareceram diferentes, elas podem se dirigir uma a
outra livremente como irmãs. Esse tipo de pessoas é chamado no Srimad Bhagavatam de paramahaˆsas e o Srimad Bhagavatam é a
escritura que se destina aos paramahaˆsas (*)

(*) “Um homem erudito retira a essência do conhecimento de todos os locais, assim como uma abelha coleta o mel de cada flor.” (Bh. 4.18.2)

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur

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Não posso concluir essa introdução sem discutir mais um assunto. Devido aos preconceitos, inúmeras pessoas eruditas acusam as pessoas
de comportamento semelhante a cisnes de discutir livremente assuntos amorosos e acabarem se tornando incompetentes nos assuntos
familiares. Elas argumentam que a menos que nos esforcemos pela prosperidade da vida familiar, o Senhor Supremo não fica satisfeito; e que
devido aos excessivos esforços pela auto-realização, a afeição pela família diminui. No entanto, esse argumento é extremamente fraco,
porque se alguém se esforça em agir de acordo com o desejo do Senhor Supremo e por isso a sua vida material temporária fica arruinada,
qual é o dano? (*)

(*) Considerando esse argumento como sendo inútil, Vyasadeva diz:

“Dessa maneira ele fixou a sua mente, engajando-a perfeitamente no serviço devocional (bhakti-yoga) sem qualquer mácula de materialismo e assim viu a
Suprema Personalidade de Deus juntamente coma Sua energia externa, que estava sob completo controle.

“Devido a essa energia externa, a entidade viva, apesar de ser transcendental aos modos da natureza, pensa que é um produto material e se submete às reações
das misérias materiais.

“As misérias materiais da entidade viva, que lhe são supérfluas, podem ser mitigadas diretamente com a adesão ao serviço devocional. Mas a massa das
pessoas não sabe disso e portanto o erudito Vyasadeva compilou a literatura védica, que está relacionada com a Verdade Absoluta.

“Simplesmente por dar recepção auditiva a essa literatura védica, o sentimento pelo serviço devocional ao Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus,
surge imediatamente para extinguir o fogo da lamentação, ilusão e medo.”(Bh. 1.7.4-7)

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É verdade que o mundo material foi criado com o intuito de satisfazer a um plano longínquo do Senhor Supremo, mas ninguém pode explicar
qual é esse plano. Algumas pessoas imaginam que a alma primeiro nasceu nesse mundo grosseiro na forma de um ser humano. O mundo
material foi criado pelo Senhor Supremo com a intenção de que as entidades vivas iriam prosperar gradativamente por seguirem os princípios
religiosos. Algumas pessoas dizem que esse mundo material se tornaria um local feliz, como o céu, através da inteligência humana. No
entanto, há outros que decidiram que quando esse corpo acabar eles alcançarão a liberação na forma de nirvaAa. Tais conclusões são tão
inúteis quanto a que as pessoas cegas chegam ao tentar definir a forma de um elefante. As pessoas com o comportamento semelhante a
cisnes não entram nesse tipo de argumentação inútil, porque ninguém pode chegar a uma conclusão adequada com a inteligência humana (*).

(*) “O tolo com um pobre cabedal de conhecimento não pode saber a natureza transcendental das formas, nomes e atividades do Senhor, que atua como um ator
em um drama. Nem podem expressar essas coisas, nem através de suas especulações nem através de suas palavras.

“Apenas aqueles que prestam serviço devocional favorável, irrestrito e ininterrupto aos pés de lótus do Senhor Krsna, que porta uma roda de carroça em Suas
mãos, é que podem conhecer o criador do Universo em toda a Sua glória, poder e transcendência.” (Bh. 1.3.37-38)

Os vaisnavas com comportamento semelhante a cisnes rejeitam a propensão de argumentar ao cultivarem consciência de Krsna. Abrigando-se no conhecimento
que é naturalmente adquirido, eles discutem os dois estados da alma: desenvolvido e retraído.

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Qual é a necessidade de se pesquisar por uma solução? Se simplesmente mantivermos a nossa vida, enquanto permanecermos subordinados
ao Senhor Supremo, então a Sua misericórdia nos revelará tudo com muita facilidade. As pessoas que estão sendo afligidas pelas flechas da
luxúria naturalmente se dedicarão à prosperidade material. Que elas façam esse mundo material se tornar próspero e nós iremos utilizar essa
prosperidade. Que elas discutam assuntos como economia, que acumulem muito dinheiro, e nós, por misericórdia de Krsna, utilizaremos esse
dinheiro para a satisfação do Senhor Supremo. Mas se ao mantermos o nosso corpo material, houver algum avanço em nossa situação
material, não há nenhum problema. Estamos completamente indiferentes ao avanço ou deterioração de nossa situação material, mas
naturalmente estamos ocupados com o avanço da vida espiritual de todas as entidades vivas. Estamos até prontos para jogar no lixo a
felicidade em nossas vidas para sempre podermos beneficiar os nossos irmãos. A dedicação principal dos vaisnavas é a de liberar do ciclo
da existência material os seus irmãos caídos. Quando mais a família vaisnava se expande, mais diminui a família ateísta. Essa é a lei natural do
Universo. Que o amor e a devoção por todas as entidades vivas se dirija ao ilimitado Senhor Supremo. Que os princípios vaisnavas, que são
a causa de toda felicidade, gradativamente se espalhem por todo Universo. Que os corações das pessoas que são avessas ao Senhor se
derretam de amor a Deus. Pela misericórdia do Senhor, a associação com os devotos e com a influência do serviço devocional, que as
pessoas de terceira classe se tornem pessoas de primeira classe e se refugiem no puro amor extático. Que os elevados madhyama-
adhykaris abandonem as suas dúvidas e o cultivo de conhecimento e se estabeleçam na ciência do amor. Que todo o Universo ecoe com o
som do canto congregacional dos santos nomes de Hari.

sri sri KrsnarpaAam astu


oˆ santi santi santi hari oˆ

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
CAPÍTULO I

DESCRIÇÕES DE VAIKU¦THA

Ofereço as minhas respeitosas reverências a Sri Krsna Caitanya, que é repleto de doçuras transcendentais e que concede o conhecimento
espiritual. Sem a Sua misericórdia, ninguém pode definir a verdade sobre Krsna. (1)

Assim como não é possível para uma partícula de poeira absorver o oceano, é extremamente difícil para uma pessoa tola e pouco inteligente
como eu definir a verdade. (2)

Apesar da entidade viva nunca ser capaz de definir a verdade com a sua pequena inteligência, uma personalidade escura com uma forma de
consciência pura apareceu em meu coração e me incumbiu de trabalhar para definir a verdade. Por esse motivo tive a coragem de assumir
essa tarefa. (3)

O Senhor Sri Krsna está além do espírito e da matéria e não tem outra origem. O nome da Sua morada é VaikuA˜ha e ela foi criada pela
Sua potência interna, cit-sakti. VaikuA˜ha está além do tempo e do espaço materiais e é a residência das almas eternamente liberadas.
Todas as entidades vivas eternamente liberadas, que são partes fragmentárias do Senhor Supremo, emanam da jiva-sakti do Senhor, ou a
Sua potência marginal, para assistirem o Senhor em Seus passatempos. VaikuA˜ha é a morada das almas eternamente liberadas e o lar dos
passatempos eternos de Krsnacandra. Essa realidade está além do tempo material e portanto o passado, presente e futuro não existem lá.
No entanto, nessa criação material, devemos considerar o passado, presente e futuro, porque aqui as entidades vivas estão condicionadas
pelo tempo e espaço. (4)

O Senhor Sri Krsna está sempre absorto em rasas transcendentais e rodeado por almas liberadas. Ele vive sempre entregue às emoções que
surgem das inúmeras atividades espirituais. Ele é o centro de atração de todos os olhares. (5)

Um grande e maravilhoso relacionamento espiritual é encontrado entre as entidades vivas espiritualmente perfeitas e Krsnacandra, que é a
causa de todo o conhecimento espiritual. Esse relacionamento é chamado priti, ou amor. Esse amor é concomitante à criação das entidades
vivas, portanto ele é a natureza inerente das entidades vivas. No entanto se não houver independência nesse relacionamento, não há
possibilidade da entidade viva alcançar rasas elevadas. Portanto Sri Krsna dá o poder da independência às entidades vivas, para que elas
possam discriminar entre uma atividade apropriada e uma atividade imprópria e Ele lhes concede os frutos das suas atividades independente.
(6)

Dentre as entidades vivas que possuem independência diminuta, aquelas que têm uma forte disposição para servir ao Senhor alcançam a
servidão na morada eterna. (7)

Dentre elas, aquelas que desejam servir ao Senhor com opulência vêem o seu Senhor adorável como NarayaAa e aquelas que desejam
servir ao Senhor com doçura O vêem como Krsna. (8)

Aquelas que servem ao Senhor com opulência têm o humor natural de temor e reverência. Portanto sua afeição termina com prema, ou
amor, pois devido à fé insuficiente não há praAaya, ou intimidade. (9)

A fé daquelas que servem ao Senhor na rasa conjugal é extremamente forte. Portanto sua afeição avança até mahabhava. (10)

Alguns pessoas dizem que a menos que haja unidade entre a atma e o Paramatma, haverá ausência de praAaya nos relacionamentos
espirituais. Elas também dizem que o conceito de mahabhava é a falsa aceitação de pensamentos materiais como sendo espirituais.
Considerando essas opiniões, dizemos que as diferentes emoções das entidades vivas que surgem de praAaya não são transformações da
ignorância material, elas são emoções espirituais. (11)

Os passatempos na pura morada espiritual de VaikuA˜ha são todos imaculados e como ondas no oceano de bem-aventurança. A palavra
vikara, ou transformação, não pode ser aplicada a esses passatempos. (12)

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
Não há diferença entre Krsna e NarayaAa. Ele aparece como NarayaAa aos olhos absortos em opulência e aparece como Krsna aos
olhos absortos em doçura. Na verdade não há diferença na Verdade Absoluta. A diferença só é considerada entre as pessoas que discutem
a Verdade Absoluta e nas discussões sobre a Verdade Absoluta. (13)

Sri Krsna é a Suprema Verdade Absoluta sem outra alternativa. Ele é o Senhor de aspecto de Lua, que está sempre absorto no êxtase de
Seus passatempos e Ele manifesta diferentes formas devido à variedade das rasas. (14)

Na verdade não existe diferença entre as Suas várias formas, porque na Verdade Absoluta não há diferença entre o continente e o seu
conteúdo, entre o corpo e o seu possuidor, ou entre a ocupação e o seu executante. No estado condicionado, existem essas diferenças no
corpo humano devido à concepção errônea de se identificar o corpo como o eu. Essas diferenças são naturais para os objetos materiais.
(15)

Os vaiseikas dizem que a qualidade pela qual um objeto se diferencia do outro é chamada variedade. Devido a essa variedade que vemos
diferença entre os átomos da água e os átomos do ar e entre os átomos do ar e os átomos do fogo. Mas os vaiseikas têm detectado a
variedade que existe apenas no mundo material; eles não têm informação sobre a variedade que existe no mundo espiritual. Não há nenhuma
informação sobre isso nas escrituras dos jnanis. É por isso que os jnanis consideram a liberação como sendo o brahma-nirvaAa, a
absorção ou imersão no Supremo. De acordo com os vaisnavas essa qualidade da variedade não existe apenas no mundo material, mas
existe eternamente no mundo espiritual. É por isso que a Superalma é diferente da alma e a alma é diferente do mundo material, e todas as
almas são diferentes umas das outras. A partir da qualidade da variedade, o amor a Deus assume a forma de ondas e aparece como várias
emoções. (16)

Devido ao condicionamento material a nossa inteligência se tornou poluída pela sujeira desse mundo. Portanto a realização da variedade que
existe no mundo espiritual é extremamente difícil. (17)

Devido à qualidade da variedade não há apenas uma diferença eterna entre o Senhor e as entidades vivas puras, há também um
relacionamento puro eterno entre eles. Assim como as entidades vivas condicionadas têm cinco tipos de relacionamentos no mundo material,
também existem cinco tipos de relacionamentos entre Krsna e as entidades vivas. (18)

Os nomes desses cinco tipos de relacionamento são santa (neutralidade), dasya (servidão), sakhya (amizade), vatsalya (afeição paternal)
e madhurya (amor conjugal). (19)

Na associação do Senhor, o amor extático das entidades vivas puras se manifesta de acordo com as suas qualificações e relacionamentos em
oito emoções diferentes. Todas essas emoções são sintomas de amor. Elas são conhecidas como pulaka (arrepio), asru (choro), kampa
(tremor), sveda (perspiração), vaivarAya (palidez), svara-bheda (choque) e pralaya (devastação). Esses sintomas se manifestam na forma
pura das entidades vivas, mas nas entidades vivas condicionadas eles são contaminados materialmente. (20)

A afeição dos devotos que estão situados em santa-rasa permanece na forma de rati, ou atração, que proporciona felicidade mental.
Quando a afeição está misturada com apego em dasya-rasa, então isso é chamado de atração em amor puro. (21)

Em sakhya-rasa, essa atração em amor puro se transforma em praAaya, ou intimidade, que é reforçada pela fé, apego e que destrói o
medo. (22)

Em vatsalya-rasa essa afeição flui até sneha-bhava, afeição com sentimentos de êxtase. Mas quando kanta-rasa, ou a rasa conjugal,
aparece, então todas as emoções citadas se misturam com mana (ira de ciúmes), raga (apego), anuraga (maior apego) e maha-bhava
(grande êxtase). (23)

Assim como as entidades vivas estão cercadas pelos parentes e dedicadas às atividades domésticas no mundo material, o Senhor Kna está
fazendo a mesma coisa em VaikuA˜ha. (24)

Todos os associados em santa, dasya, sakhya, vatsalya e madhurya são servos do Senhor. Sri Krsna é o Senhor amado e o objeto de
adoração desses devotos. (25)

Na afeição da realidade absoluta de VaikuA˜ha, as qualidades como onisciência, tolerância, habilidade, consideração, perícia e compaixão
estão em completa harmonia. Devido à ausência de afeição no mundo material, essas qualidades parecem distintas. (26)

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O rio Viraja flui eternamente pelo círculo externo de VaikuA˜ha. O rio Kalindi flui eternamente pelo círculo interno. Os dois rios são
transcendentais ao modo da paixão. Essa terra indescritível é o local de repouso de todas as almas puras. (27)

Todas as trepadeiras, palácios, casas e portais são completamente espirituais e livres de todas as falhas. A influência do tempo e espaço não
podem poluir essas coisas. (28)

Algumas pessoas tentam impor as suas concepções materiais sobre a natureza de VaikuA˜ha e assim acabam tomadas pelo preconceito.
Mais tarde eles tentam estabelecer esses preconceitos com os seus argumentos perspicazes. Concluem que no entanto essas descrições de
VaikuA˜ha e dos passatempos do Senhor são na verdade completamente materiais. Esses tipos de conclusões surgem apenas devido a um
conhecimento impróprio da Verdade Absoluta. Somente as pessoas que não discutiram profundamente os temas espiritais estarão propensas
a raciocinar dessa maneira. Os corações cheios de dúvidas dos madhyama-adhikaris estão sempre oscilando entre o material e o espiritual
por serem incapazes de atravessar para a realidade da Verdade Absoluta. Na verdade, a variedade vista no mundo material é apenas um
reflexo pervertido do mundo espiritual. A diferença entre os mundos materiais e espirituais é essa: No mundo espiritual tudo é bem-
aventurado e sem defeitos, enquanto no mundo material tudo é uma mistura temporária de felicidade e aflição, cheio de imperfeições que
surgem devido ao tempo e ao local. Portanto, as descrições do mundo espiritual não são imitações do mundo material, elas são os ideais
mais elevados. (29)

O esplendor da morada espiritual é estabelecido pela qualidade de variedade. Apesar desse esplendor ser eterno, VaikuA˜ha no entanto é
não-dual e constitucionalmente eterno, pleno de bem-aventurança e conhecimento. O mundo material consiste em dualidades que surgem do
tempo, espaço e circunstâncias, contudo, como VaikuA˜ha é transcendental à criação material ele é desprovido de dualidade e de falhas.
(30)

O serviço eterno ao Senhor Krsna é a felicidade eterna daqueles que são eternamente perfeitos e daqueles que alcançaram a perfeição. (31)

Está além da minha capacidade de expressão descrever os passatempos puros extáticos das entidades vivas, porque as palavras que usaria
para descrevê-los seriam produtos do mundo material. (32)

Apesar de ser incapaz de descrever com clareza esse tema através das palavras, através de sama e pelo processo de saraju˜ tenho descrito
esses temas sobre o Senhor com o melhor da minha habilidade. Se alguém simplesmente levar em conta o significado literal insignificante
dessas palavras, então não realizará apropriadamente o tema descrito. Portanto solicito ao leitor que tente realizar essas verdades através de
samadhi. Devemos tentar compreender os pontos sutis a partir das declarações grosseiras, como em Arundhati-nyaya (quando se evidencia
uma estrela opaca com a ajuda de uma grande estrela). O processo de argumentação é inútil, porque ele não pode nos conduzir à Verdade
Absoluta. O processo sutil de percepção direta da alma é chamado samadhi. Dei essas descrições baseadas nesse processo. O leitor
também deve seguir esse processo para realizar a verdade. (33)

VaikuA˜ha pode ser percebido naturalmente através do samadhi daqueles uttama-adhikaris que alcançaram amor por Krsna, que realiza
passatempos em Vraja. Os kani˜ha-adhikaris e os madhyama-adhikaris ainda não estão qualificados nesse aspecto, porque essas
verdades não podem ser realizadas pela leitura ou pela argumentação. Os kani˜ha-adhikaris que consideram as escrituras a única
autoridade e os lógicos que se consideram liberados são incapazes de avançar.(34)

Assim termina o primeiro capítulo do Krsna-samhita, intitulado “Descrições de VaikuA˜ha”.

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 2

DESCRIÇÕES DAS ENERGIAS DO SENHOR


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Agora vamos considerar a ciência de VaikuA˜ha, que deve ser conhecida pelo erudito. No início deve ser compreendido que não há
diferença entre a energia e o energético. Não se ganha nada se considerarmos a Verdade Absoluta como desprovida de energia, portanto é
dever das pessoas de comportamento como o dos cisnes aceitarem a existência dessas energias. A energia nunca é uma verdade separada
do energético Senhor Supremo. Apesar dos exemplos apropriados para descrever a Verdade Absoluta não estarem disponíveis nesse
mundo material, podemos encontrar alguns exemplos indiretos. Assim como o fogo e o calor não podem existir separadamente, a Verdade
Absoluta e Suas energias não existem separadamente. (1)

A Verdade Absoluta é manifesta através da energia superior inconcebível da energética Verdade Absoluta, que é a origem dos
puruavataras e é realizada através de samadhi. Se o calor for separado do fogo, devido a uma ausência de energia, o fogo não existiria.
Analogamente, se a energia fosse separada da Verdade Absoluta, então a Verdade Absoluta não existiria. (2)

A energia superior da Verdade Absoluta é realizada em três aspectos diferentes — sandhini, samvit e hladini. A primeira manifestação da
Verdade Absoluta é sat (sandhini), cit (samvit) e ananda (hladini). “No início só havia o Brahman Supremo, depois, que ocorreu a
manifestação das Suas energias, Ele se tornou conhecido como sat-cid-ananda. ”Esse tipo de conceito errôneo surge devido à consideração
do tempo material e não deve ser aplicado à Verdade Absoluta. As pessoas de comportamento semelhante a cisnes compreendem que a
forma sat-cid-ananda do Senhor é sem início, sem fim e eterna. A energia sandhini manifesta a existência da morada eterna, nome, forma,
associados, relacionamentos, aspectos e bases da Verdade Absoluta. A energia superior do Senhor tem três potências: cit, ou espiritual; jiva
ou marginal; e acit, ou material. A potência espiritual cit é Sua potência interna. As potências marginal e material são separadas. As
potências são consideradas de acordo com a proporção de energia manifesta. VaikuA˜ha é a morada da potência espiritual do aspecto
sandhini da energia superior. (3)

Os nomes de Krsna se manifestam de abhida-satta, o corpo de Krsna se manifesta de r™pa-satta e as amantes de Krsna como Radha
se manifestam de uma mistura de r™pa-satta e sa‰gini-satta. (4)

Todos os tipos de relacionamento se manifestam do aspecto sandhini. O aspecto sandhini do Senhor é a origem de todas as manifestações
espirituais e passatempos. (5)

O aspecto samvit da energia superior consiste do conhecimento e a sua aplicação prática (jnana e vijnana). Quando samvit interage com
as manifestações do aspecto sandhini, aparecem todas as emoções. (6)

Sem a presença de emoções a existência seria desconhecida. Portanto, todas as verdades são iluminadas por samvit. Todas as emoções de
VaikuA˜ha são criadas pelo aspecto samvit da potência espiritual. (7)

Todos os relacionamentos em VaikuA˜ha são estabelecidos por Samvitdevi, que dirige a ação e a inação. As diferentes rasas, tais como
santa e dasya, e as respectivas atividades nessas rasas são estabelecidas por samvit. (8)

Se não aceitarmos a qualidade da variedade, então Samvitdevi nos manifesta o aspecto impessoal da Verdade Absoluta. A entidade viva
então se refugia no conhecimento impessoal do Brahman. Portanto, o conhecimento impessoal do Brahman é apenas a consideração
impessoal de VaikuA˜ha. Para quem aceita a qualidade da variedade, Samvitdevi manifesta a Suprema Personalidade de Deus (Bhagavan).
Então, a entidade viva aceita o serviço devocional ao Senhor. (9)

Quando a potência espiritual da energia superior interage com o aspecto hladini, ela cria um apego que leva até o estado de mahabhava,
onde hladini concede o êxtase mais elevado. (10)

Esse aspecto hladini é Sri Radhika, que é uma energia do energético, que possui os sentimentos amorosos mais elevados e que é metade
da forma do Senhor Supremo. Ela se expande nas formas indescritíveis da inconcebível felicidade de Krsna. (11)

Essa Radha dá prazer a Krsna. Ela é a corporificação de mahabhava. Existem oito variedades de emoções que sustentam a rasa de
hladini. Elas são conhecidas como as oito sakhis de Radha. (12)

Quando a energia hladini da entidade viva realiza uma parte da energia hladini espiritual devido à associação com os devotos e pela

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misericórdia do Senhor, então a entidade viva se torna eternamente feliz, alcança o estágio de sentimentos eternos puros e permanece como
entidade individual. (13)

As energias sandhini, samvit e hladini estão eternamente situadas em Sri Krsna, a Suprema Personalidade de Deus; isto é, existência,
conhecimento e apego estão em perfeita harmonia nEle. No entanto, essas três energias também estão presentes em Suas expansões
pessoais em Seus passatempos em VaikuA˜ha. (14)

Apesar de inúmeras qualidades variadas estarem eternamente manifestas em Sri Krsna, Ele maravilhosamente permanece nirguAa,
desprovido de qualidades materiais, porque as Suas qualidades são interações da Sua potência espiritual e são formas da Sua opulência
espiritual. (15)

Depois de concluir as considerações sobre os aspectos sandhini, samvit e hladini da potência espiritual da energia superior, agora vou
explicar os aspectos sandhini, samvit e hladini da potência marginal da energia superior. A entidade viva é criada pela vontade do Senhor
e pela Sua energia superior inconcebível. As entidades vivas recebem independência diminuta e portanto são classificadas como verdades
separadas e suas atividades são referidas como sendo separadas das atividades do Senhor. (16)

Krsna é como um sol espiritual e as entidades vivas são como partículas atômicas desses incomparáveis raios de sol. Portanto, todas as
qualidades de Krsna estão naturalmente presentes nas entidades vivas. (17)

Apesar de ser impróprio comparar a grandeza das qualidades do Senhor com o oceano da Terra, se considerarmos Suas qualidades dessa
maneira, então as qualidades das entidades vivas parecerão como pequenas gotas do oceano, ou como grãos de areia da Terra. (18)

Os três aspectos — hladini, sandhini e samvit — estão plenamente manifestos em Sri Krsna, mas eles também estão presentes de forma
diminuta nas entidades vivas. Isso é compreendido pelas pessoas de inteligência refinada. (19)

Todas as entidades vivas têm independência que lhe foi concedida pelo Senhor, no entanto aquelas que desejam auspiciosidade permanecem
naturalmente subordinadas a Krsna. (20)

Aqueles que são incapazes de reconhecer o que é auspiciosidade e o que é inauspiciosidade e que se dedicam à gratificação dos sentidos
não aceitam ficar subordinados à potência espiritual e dessa maneira vivem independentemente. Eles perambulam pelo caminho das
atividades fruitivas ao vagarem pelo mundo material, que é difícil de sair depois de ter nele entrado. (21)

Para aquelas entidades vivas que trilham o caminho das atividades fruitivas, o Senhor, como Seu passatempo, as acompanha na forma da
Superalma. (22)

Os passatempos do Senhor e das entidades vivas parecem mundanos para as almas condicionadas. As entidades vivas desfrutam os
resultados das suas atividades fruitivas, enquanto que a Superalma lhes concede os resultados. (23)

Quando a potência marginal da energia superior interage com sandhini, são criados os planetas celestiais superiores. (24)

As atividades fruitivas, os resultados das atividades fruitivas, a aflição, felicidade, pecado, piedade e todos os desejos são criados por essa
interação com sandhini. As funções dos corpos sutis também são criadas por essa interação. Svargaloka, Janaloka, Tapoloka, Satyaloka e
Brahmaloka são todos criados por essa interação. Até os planetas infernais inferiores devem ser compreendidos com sendo criados por essa
interação com sandhini. (25)

Quando a potência marginal da energia superior interage com samvit, ela manifesta o conhecimento da Verdade Absoluta. Por esse
conhecimento a entidade viva realiza a Superalma. Esse conhecimento é diferente e inferior ao conhecimento do Brahman impessoal, que se
manifesta pela interação da potência espiritual da energia superior com samvit. (26)

A renúncia, na forma de negligenciar maya, se manifesta da interação de samvit com a energia marginal. Às vezes as entidades vivas
consideram a felicidade de realizar o eu como sendo insignificante e a felicidade de realizar a Superalma como relativamente superior e
portanto elas desejam imergir na Superalma. (27)

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Quando a potência marginal da energia superior interage com hladini, ela manifesta o serviço devocional ao Senhor Supremo. Esse serviço
devocional anula a concepção material do Senhor e O estabelece como nirakara, ou desprovido de forma. (28)

O rati, ou apego, da potência espiritual é diferente desse tipo de serviço devocional ao Senhor Supremo. Portanto, esse serviço devocional
ao Senhor é naturalmente seco, ou sem rasa, e não está baseado no amor. (29)

As preces daqueles que realizam esse tipo de serviço devocional estão misturadas com gratidão, portanto isso não pode ser chamado de
serviço devocional imotivado. Ou seja, suas preces estão repletas de desejos de avanço material ou renúncia. (30)

Apesar de às vezes surgirem lágrimas de emoção ao se executar esse tipo de serviço devocional, as emoções por Sri Krsna, que desfruta de
passatempos espirituais, não desponta. (31)

Isso significa que não existe emoção superior nos corações das almas condicionadas além dessa forma de serviço devocional? Certamente
que há. Assim como Sri Krsna realiza Seus passatempos em VaikuA˜ha com as entidades vivas eternamente perfeitas, Ele certamente realiza
passatempos relacionados com as almas condicionadas. (32)

Aqueles que consideram a felicidade do aspecto hladini da potência marginal como insignificante e que consideram o Brahman impessoal
como incompleto compreendem que os passatempos de Krsna com a potência espiritual da energia superior são mais saborosos, e portanto
se juntam a esses passatempos. Eles estão qualificados para receber a felicidade mais elevada. Eles são servos do Senhor e estão sob a
proteção da potência espiritual. Eles não recebem os frutos do conhecimento do Brahman impessoal ou de yoga. Nesse contexto, ioga se
refere ao serviço devocional (como o descrito nos versos 28-31), como praticado pelas entidades vivas. No que diz respeito ao
conhecimento do Brahman impessoal, veja por favor o verso 9 desse capítulo. Portanto quando os yogis e jnanis se tornam afortunados,
eles se dedicam às atividades espirituais. (33)

Depois de completar as discussões sobre a potência marginal, agora irei discutir os aspectos sandhini, samvit e hladini de maya-sakti, a
potência externa. Toda a matéria inerte se manifesta da potência externa da energia superior. Portanto, essa potência maya confere
características espirituais às características materais. Maya, a potência externa, encobre as entidades vivas, portanto ela é a mãe da ilusão e
uma serva da Superalma. (34)

Depois de estudar cuidadosamente a natureza de maya, conclui-se que ela é a potência mais baixa de toda a criação, porque toda a
inauspiciosidade para as entidades vivas é criada por maya. Se maya não existisse, não haveria degradação para as entidades vivas na
forma da aversão ao Senhor. Portanto, muitas pessoas duvidam até que maya seja uma energia do Senhor, porque o Senhor Supremo é
todo-auspicioso e não é afetado pelo pecado. Aqueles que compreendem que o Senhor Supremo é o agente e controlador supremo não
aceitam nenhum verdade que seja contrária a Ele; portanto eles aceitam maya como sendo a potência material da energia espiritual do
Senhor Supremo. A potência externa, que é um reflexo ou sombra da potência espiritual, não é independente. Por vontade do Senhor maya
é o reflexo pervertido e portanto, certamente, ela é subordinada à potência espiritual. Nesse conceito não devemos aceitar o significado
filosófico Mayavadi de bimba (reflexo), prati-bimba (imagem refletida) e praticchaya (sombra). (35)

Se considerarmos a existência de maya, podemos concluir que esse mundo é um reflexo de VaikuA˜ha, que é criado pela potência espiritual
da energia superior do Senhor e que é repleto de variedade. O exemplo da lua na água se aplica à sua sombra (o mundo material). Mas o
mundo não é falso assim como a lua não é falsa. Como maya é de fato uma potência da energia superior, tudo o que é criado por ela
também é um fato. (36)

No que diz respeito a essa criada (Maya), os eruditos dizem que esse mundo material é uma criação dela. Essa existência material é capaz
de atar as entidades vivas como parte dos passatempos do Senhor (ver os versos 22-23 desse capítulo). (37)

Assim como a condição original, pura, de um objeto não é manifestada pela sua sombra, não podemos encontrar o prazer do mundo
espiritual no mundo material, que é criado por maya, mas encontramos aqui sua qualidade pervertida, o sofrimento. (38)

Quando a potência externa da energia superior interage com sandhini, ela gera a concepção de nacionalismo. Essa mentalidade só é
encontrada nesse mundo. Os sintomas dessa concepção se difundem através das formas e de suas expansões. Se pudéssemos conceber
VaikuA˜ha com o nosso pensamento, então as formas materais e suas expansões seriam certamente úteis. Mas a ciência de VaikuA˜ha está
além da realidade do espaço material, do tempo e da argumentação e é realizada através de samadhi. Na verdade todas as formas e

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expansões que são vistas em VaikuA˜ha, a morada dos passatempos transcendentais, são todas espirituais e auspiciosas. Devemos saber
que as formas e expansões do mundo material, reflexos pervertidos do mundo espiritual, são sempre desprovidas de bem-aventurança. (39)

As atividades e os corpos das entidades vivas condicionadas são materiais e limitadas e se destinam a realizar trabalho e desfrutar dos
resultados. Eles são criados pelo aspecto sandhini da potência externa. Se tentarmos compreender palavras como “minúscula” e “atômica”
ao descrevermos as entidades vivas e “grande” ao descrevermos o Senhor Supremo em termos de espaço material, então jamais
alcançaríamos o conhecimento da Verdade Absoluta.”

Quando a potência externa da energia superior interage com samvit, ela cria o corpo sutil das almas condicionadas na forma de inteligência e
falso ego. A posição constitucional da entidade viva pura está além dos corpos sutis e grosseiro. O aspecto samvit da potência externa é
conhecido nas escrituras como ignorância. Devido a essa ignorância é que são criados os corpos grosseiros e sutis das entidades vivas.
Quando as entidades vivas puras residem em VaikuA˜ha, o primeiro nó da ignorância, na forma do falso ego, não as amarra. As entidades
vivas puras não podem permanecer estáveis depois de abandonarem as suas atividades espirituais. Portanto, assim que a entidade viva se
situa em sua própria felicidade devido à diminuta independência que o Senhor lhes dá, elas perdem o seu abrigo e são compelidas a buscar
abrigo em Maya. Por isso, as entidades vivas puras não têm outro abrigo além de VaikuA˜ha. As entidades vivas de VaikuA˜ha são muito
insignificantes, assim como vagalumes quando comparadas ao poderoso brilho solar do Senhor. Logo que uma entidade viva deixa
VaikuA˜ha, simultaneamente um corpo sutil e é arremessada para o mundo material, criado por Maya. Todas as manifestações dos
aspectos sandhini, samvit e hladini da potência marginal são misturados com maya assim que que a entidade viva deixa o refúgio de
VaikuA˜ha. Quando alguém considera a existência material como sendo a sua existência verdadeira, isso é chamado falso ego. A absorção
nesse falso ego é função do coração, o cultivo de objetos dos sentidos materiais no coração é função da mente e a realização através desse
cultivo é chamado conhecimento material. A mente, sendo superior aos sentidos, se manifesta como função dos sentidos quando se associa
com eles. Quando a impressão do contato entre os sentidos e os objetos dos sentidos se estabelece na mente, ela é protegida por força da
memória. Quando se cultivam essas memórias acumuladas seguindo o processo de elaborá-las e condensá-las, então tudo o se pode
conjecturar é chamado argumento. É através de desse argumento que se adquire conhecimento dos objetos dos sentidos e dos itens relativos
a eles. (41)

O aspecto samvit da energia externa cria a inteligência do coração, os sentimentos dos sentidos, a lembrança da mente e o conhecimento
dos objetos dos sentidos (42)

O conhecimento dos objetos dos sentidos é completamente mundano. Ele não tem nada a ver com os nossos deveres constitucionais. Ele é
chamado conhecimento material porque está relacionado com as qualidades do mundo material. (43)

O aspecto hladini da energia externa manifesta-se como apego pelos objetos materais. Esse apego gera o conceito de desfrute na forma da
felicidade derivada das atividades fruitivas. O apego pelo mundo material, o esforço pela prosperidade material e o desejo de gratificação
sensorial surgem naturalmente desse apego pelos objetos dos sentidos. Para poder manter a vida pacificamente foram estabelecidas as
quatro castas — brahmaAa, katriya, vasya e s™dra — de acordo com as características naturais das pessoas; e os quatro asramas —
ghasta, vanaprasta, brahmacari e sannyasi — de acordo com a posição da pessoa. De acordo com a necessidade são determinados os
deveres constitucionais e condicionais das pessoas. Quando os planetas superiores e inferiores, que são criados pelo aspecto sandhini da
potência marginal (ver versos 24-25), estão relacionados com os resultados desses deveres, então eles se tornam o objeto das esperanças e
temores dos trabalhadores fruitivos. Também deve ser mencionado nesse ponto que os aspectos samvit e hladini da potência marginal,
estando quase encobertos pelos aspectos samvit e hladini da potência externa, às vezes manifestam renúncia e conhecimento do eu, que
acabam sendo encobertos por maya devido à ausência de atividades espirituais. (44)

Nesse ponto a Superalma é percebida como Yajnesavara, o Senhor do sacrifício. As pessoas do mundo material tentam satisfazê-lO através
das suas atividades e O adoram através dos sacrifícios. O nome dessa religião é trivarga, ou dharma, artha e kama. Mas por esse
caminho não há a possibilidade de moka, ou liberação. (45)

Assim termina o Segundo capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Descrições das Energias do Senhor.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 3
DESCRIÇÕES DAS ENCARNAÇÕES DO SENHOR

As duas filosofias: advaita-vada, ou monismo da escola Vedanta e o materialismo da escola Sa ‰ khya, têm vigorado desde tempos

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imemoriais. O monismo é também dividos em dois tipos: vivarta-vada e mayavada. Algumas dessas filosofias dizem que o mundo material
é uma transformação do Brahman, outras dizem que ele é falso e outras dizem que o mundo material é sem início. No entanto, as pessoas
com o comportamento de cisnes, dizem que apesar do Senhor Krsna estar separado de todas as ativiades e das suas causas, através da Sua
potência inconcebível e através das Suas três energias principais, Ele está presente e envolvido nas atividades de VaikuA˜ha, das entidades
vivas e no mundo material. (1)

Krsna está presente pessoalmente nas atividades espirituais, Ele está presente como a Superalma das entidades vivas e é adorado no mundo
material como Yajnesvara. Somente Ele é quem concede todos os resultados das atividades. (2)

Todas as expansões pessoais existentes e todas as expansões separadas criadas, as entidades vivas, são produtos da energia de Krsna, a
origem de todas as expansões. Nada pode se manifestar a parte de Sua energia, portanto Ele é a fonte de todas as formas. Todas as
encarnações do Senhor emanam dEle, portanto Ele é a fonte de todas as encarnações. O Senhor Sri Krsna é a Suprema Personalidade de
Deus. Não há verdade superior a Ele. (3)

Esse Krsna é inconcebivelmente poderoso e misericordioso. Ele se dedica ardentemente ao bem-estar das entidades vivas que têm sido
condicionadas por Maya devido à utilização errônea da sua independência. (4)

Quando as almas condicionadas recebem várias formas de acordo com a natureza delas, o Supremo Senhor Krsna, através da Sua potência
inconcebível, concorda em acompanhá-las encarnando e desfrutando de passatempos com elas. (5)

Quando as entidades vivas aceitam a posição de peixe, o Senhor aceita Sua encarnação de peixe, Matsya. Matsya é sem daAda. Quando
gradualmente as entidades vivas aceitam a posição de vajra-daAda, então o Senhor encarna como K™rma. Quando vajra-daAda
gradualmente se torna meru-daAda, o Senhor encarna como Varaha. (6)

Quando as entidades vivas aceitam a posição combinada de ser humano e animal, o Senhor aceita Sua encarnação de Nsiˆha. Quando as
entidades vivas são pequenas, Ele aparece como Vamana. Quando as entidades vivas são incivilizadas, Ele aparece como Parasurama.
Quando elas são civilizadas, Ele aparece como Ramacandra. (7)

Quando a entidade viva possui o cabedal de conhecimento prático, então o próprio Senhor Krsna aparece. Quando as entidades vivas
desenvolvem a tendência de argumentar, o Senhor aparece como Buddha. E quando elas são ateístas, o Senhor vem como Kalki. Esses
fatos são bem conhecidos. (8)

No decurso gradual do desenvolvimento dos corações das entidades vivas, o Senhor se encarna em uma forma correspondente ao humor
dos devotos. A origem e as atividades dessas formas não são tocadas pelas contaminações materiais. (9)

Depois da devida consideração, os sábios dividiram a história do avanço das entidades vivas em dez períodos de tempo. Cada período tem
sintomas diferentes, em que cada humor sucessivo é superior ao anterior. Cada humor progressivo é descrito como uma encarnação. (10-11)

Alguns acadêmicos eruditos têm descrito esse período de tempo em vinte e quatro e determinado vinte e quatro encarnações. Enquanto
outros têm descrito dezoito períodos e dezoito encarnações. (12)

Algumas pessoas dizem que o Senhor Supremo é onipotente, e portanto às vezes Ele pode encarnar através da Sua energia inconcebível em
um corpo material e que portanto todas as encarnações podem ser aceitas simplesmente como incidentes históricos. De acordo com a
opinião dos vaisnavas de comportamento semelhante a cisnes, essa declaração é extremamente irracional porque é impossível que o Senhor
Krsna aceite um corpo material e que realize atividades materiais. Para Ele essa atividade seria insignificante e abominável. Mas o Seu
aparecimento e passatempos nos corações das entidades vivas realizadas são aceitos tanto pelos sadhus quanto por Krsna. (13)

Assim como o sol não pode desfrutar da sua sombra, Krsna não pode desfrutar da Sua maya. (14)

Para não dizer de Krsna desfrutar de maya, Ele sequer é visto pelas pessoas que estão sob o abrigo de maya. No entanto, simplesmente
pela misericórdia de Krsna podemos vê-lO através de samadhi. (15)

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As atividades puras de Krsna têm sido percebidas através do samadhi de pessoas de comportamento de cisnes, como Vyasadeva. As
atividades de Krsna não são exatamente históricas como aquelas das pessoas que vivem sob as garras de maya, porque as atividades de
Krsna não são limitas pelo tempo e pelo espaço. E nem as Suas atividades podem ser comparadas com as atividades das pessoas comuns.
(16)

Depois de considerar cuidadosamente e pela misericórdia de Sri Krsna Caitanya iremos descrever brevemente as atividades de Krsna. (17)

A explicação sobre a ciência de Krsna que é apresentada nesse livro pode ser aplicada às Suas várias encarnações. A conclusão é que
Krsna é a causa primordial e a semente de todas as encarnações. Ele está eternamente desfrutando de passatempos com as entidades vivas
como a Superalma. A Superalma reciproca de acordo com o humor e a realização que a entidade viva adquire ao viajar pelo caminho das
atividades fruitivas. Contudo, Krsna não aparece pessoalmente até que surja um apego espiritual nos corações das entidades vivas. Portanto,
todas as outras encarnações surgem da Superalma, de quem Krsna é a semente original (ver cap. 2, versos 22-23) (18)

Solicitamos aos vaisnavas de comportamento de cisnes que ignorem as imperfeições desses versos e que desfrutem alegremente das
atividades de Krsna, que são a essência e toda fortuna das entidades vivas (19)

No que diz respeito a essa descrição das atividades de Krsna, a despeito de muito esforço somos incapazes de restringir a nossa inteligência
das considerações sobre tempo e espaço, porque não estamos livres das dores da vida material (20).

No entanto, depois de beber o aguaceiro da misericórdia de Sri Gauracandra, o filho de Saci é nosso único guia, que o pouco que
descrevermos entre nos corações de todas as entidades vivas para suprir a ausência de Krsna-rasa; isto é, que todos saboreiem as doçuras
transcendentais dos relacionamentos com Krsna. (21)

E assim termina o terceiro capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Descrições das Encarnações do Senhor.”

Que o Senhor Krsna fique satrisfeito.

CAPÍTULO 4
OS PASSATEMPOS DO SENHOR KRSNA

Dois tipos de pessoas, os kani˜ha-adhikari e os uttama-adhikaris, são elegíveis para compreender a ciência de Krsna. Os madhyama-
adhikris não podem compreender a ciência de KrAa devido a sua natureza hesitante. Os madhyama-adhikis são conhecidos como
impersonalistas ou então adoradores do controlador supremo. Se eles forem afortunados, por força da associação com devotos eles se
tornarão uttama-adhikaris e também realizarão a doçura de Krsna através do processo de samadhi. Apesar de pela misericórdia de
Krsna, as entidades vivas poderem alcançar facilmente o estágio de uttama-adhikari, as pessoas geralmente têm uma grande fé na
argumentação que surge do aspecto samvit da energia externa e consideram o processo simples de samadhi como superticioso. No
entanto, se começarem a ter fé, então primeiro eles se tornam kani˜ha-adhikaris, e mais tarde, pela associação com os devotos, por
seguirem as instruções dos devotos e pelo avanço gradual, eles podem certamente se tornar uttama-adhikaris. Mas de forem hesitantes
desde o início, então ou eles acabam tendo a boa fortuna de atravessar o oceano da argumentação e se tornam uttama-adhikaris, ou
acabam se tornando cada vez mais avessos ao Senhor e se desviam do caminho da liberação. Portanto quando o conhecimento
experimentado pelas entidades vivas chega à maturidade pela discussão fiel, então no final da Dvapara-yuga, nasce na piedosa terra de
Bharata-vara em Mathura, a personificação do conhecimento Absoluto, o rei Vasudeva e a personificação da bondade pura. (1-2)

Vasudeva apareceu em uma família de devotos e se casou com Devaki, a assim-chamada filha de Kaˆsa, que era a personificação do
ateísmo. (3)

Temendo o advento do Senhor apartir desse casal, o malvado Kaˆsa da dinastia Bhoja os prendeu e colocou-os na cadeia da memória. É
conhecido que os descendentes da dinastia Yadu eram todos devotos, enquanto que os descendentes da dinastia Bhoja eram todos
extremamente argumentativos e contrários ao Senhor. (4)

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur

Esse casal foi tendo seis filhos como Yasa e Kirti, mas Kaˆsa, que era contrário ao Senhor, os matou na infância. (5)

Sri Baladeva é decorado com o serviço ao Senhor e é o reservatório transcendental de todas as entidades vivas. Ele é o sétimo filho do
casal. (6)

Sri Baladeva é o reservatório transcendental de todas as entidades vivas e Ele apareceu no ventre de Devaki, que representa o coração cheio
de conhecimento. Mas devido ao medo de Kaˆsa, o Seu tio materno, Ele foi para o Seu lar em Vraja. (7)

Ele foi transferido para a fervorosa morada de Vraja e entrou no firmemente devotado coração de RohiAi. Nessa ocasião veio a notícia do
aborto de Devaki. (8)

Logo após o aparecimento do reservatório transcendental de todas as entidades vivas, o temor ao Senhor apareceu nos corações das
entidades vivas. Em seguida apareceu o oitavo filho de Vasudeva e Devaki, a Suprema Personalidade de Deus, como NarayaAa repleto de
todas as opulências. O Senhor apareceu como um grande herói, com o desejo de conquistar Kaˆsa, que era a personificação do ateísmo. (9)

O Senhor na Sua própria forma de Krsna foi trazido para Vraja, que é criada pelo aspecto sandhini da potência espiritual. O fundamento
dessa terra é a fé. Isso significa que nessa terra não existe a argumentação e o conhecimento especulativo; ela existe na fé. (10)

Aqui não se encontra conhecimento especulativo ou renúncia. A única autoridade aqui é o abençoado filho de Nanda. Nessa morada
ninguém leva em consideração a superioridade ou inferioridade das diferentes castas. É por isso que Ele apareceu em uma família de
vaqueiros. Ele está sempre cuidando e protegendo as vacas, porque essas atividades são desprovidas de opulência e são cheias de doçura.
(11)

A energia inferior, Maya, que foi concebida pela bem-aventurada mãe Yasoda, a esposa de Nanda, foi levada para fora de Vraja por
Vasudeva. A concepção mundana que é inerente à impressão que as almas condicionadas têm da morada espiritual é destruída com a
chegada de Krsna. (12)

O inconcebível Senhor Supremo, Sri Krsna e o reservatório transcendental de todas as entidades vivas, Balarama, cresceram juntos em
Gokula, que está repleta de raios solares transcendentais de amor puro. (13)

Com o desejo de matar Krsna, o ateísta Kaˆsa mandou P™tana, a matadora de crianças, para Vraja. Iludindo Krsna com afeição maternal,
P™tana ofereceu-Lhe o leite do seu seio e foi morta pelo poder de Krsna. (14)

TAavarta, a personificação da argumentação, também foi morto pelo poder do Senhor. Depois disso o Senhor quebrou o assinino Saka˜a,
que só carrega cargas. (15)

Sri Krsna exibiu para a Sua mãe o Universo inteiro quando Ele abriu a boca, mas mãe Yasoda não pôde aceitar a opulência de Krsna por
estar tomada pela ignorância da potência espiritual que gera apego. Os devotos transcendentais são tão afetados pela doçura do Senhor que
não podem aceitar a opulência do Senhor nem quando ela se manifesta. No entanto essa ignorância não é um produto material. (16)

Depois de ver a malcriação de Krsna, ao roubar o coração (na forma de manteiga), Yasoda, a forma do júbilo, tentou em vão atar Krsna
com cordas. (17)

Ele, que não tem foram material, foi atado por Yasoda apenas com um cordão de amor. Ninguém pode alcançar a perfeição atando Krsna
com cordas materiais. (18)

Durante os passatempos infantis de Krsna, os dois filhos de Kuvera foram facilmente liberados das suas formas de árvores. (19)

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A liberação das árvores Yamalarjuna nos permite compreender dois tipos de instruções. A primeira é que por um momento de associação
com um devoto, a entidade viva se livra da prisão. A segunda é que através da associação com não-devotos, até mesmo os semideuses se
tornam materialistas e se dedicama atividades pecaminosas. (20)

A criança Krsna entrou na floresta com os Seus amigos para pastorear as vacas. Isso significa que as entidades vivas puras, que estão
encobertas pela ignorância provocada pela potência espiritual, alcançam a forma de bezerros por estarem fixas em sentimentos de
subordinação a Krsna. Vatsasura, a forma das ofensas da meninice, foi morto nos campos de pastagem. (21)

Bakasura, que era mantido por Kaˆsa e que personifica a religião enganosa, foi morto pelo puramente inteligente Krsna. (22)

A serpente chamada Agha, que era a forma da crueldade, soi aniquilada. Depois disso, o Senhor fez um pic-nic de simplicidade. (23)

Enquanto isso, o Brahma de quatro cabeças, o criador de todos os planetas e locutor dos quatro Vedas, ficou confundido pela energia
externa de Krsna e roubou os bezerros e vaqueirinhos. (24)

Com esse incidente, Krsna exibiu o domínio completo da Sua doçura suprema, Apesar de ser simplesmente um vaqueirinho, Ele exibiu o Seu
controle completo sobre o criador de todo Universo. Esse passatempo também faz compreender que a pessoa mais querida do mundo
espiritual, Krsna, não é controlado por nenhuma regulação. (25)

Depois que Brahma roubou os meninos e os bezerros, o Senhor manifestou-Se pessoalmente como os meninos e bezerros e continuou a
realizar os Seus pasatempos sem nenhuma dificuldade. Isso deixa claro que mesmo com a destruição do mundo material e do mundo
espiritual, a opulência de Krsna nunca é prejudicada. Ninguém pode superar as habilidades de Krsna, não importa quão poderoso ele seja.
(26)

Dhenukasura, que personifica o asno do preconceito fanático, foi morto por Baladeva, o reservatório transcendental de todas as entidades
vivas. (27)

A serpente Kalya, a personificação da malícia, poluiu as águas do Yamuna, que são líquido espiritual. O Senhor o torturou e o baniu. (28)

O formidável fogo florestal, na forma das desavenças entre as saˆpradayas vaisnavas, foi engolido pelo Senhor para proteger a terra de
Vraja. (29)

O patife Pralambasura, que sequestrou o reservatório de todas as entidades vivas e personifica a forma oculta da filosofia budista,
Mayavada, foi enviado pelo ateísta Kaˆsa para matar Baladeva. (30)

Assim termina o quarto capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Os Passatempos de Krsna.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 5
OS PASSATEMPOS DO SENHOR KRSNA

Quando madhurya-rasa se torna excessivamente liquefeita, então o amor cai como a chuva da estação chuvosa. Então as gopis, que são as
mais queridas para Hari e completamente absortas em meditar nEle, enlouquecem ao cantarem as Suas glórias. (1)

Agitadas pelo som da flauta de Krsna, as gopis de Vraja adoraram a deusa Yogamaya com o desejo de alcançar Krsna. O aparecimento

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da verdade de VaiukuA˜ha na consciência pura das entidades vivas desse mundo é chamada Vraja. A palavra vraja significa “ir.” É
impossível nos elevarmos desse mundo material rejeitando maya, portanto devemos nos abrigar nos itens materiais favoráveis e tentarmos
pesquisar sobre a verdade indescritível. Por essa razão as entidades vivas que alcançaram o humor das gopis buscam refúgio na grande
deusa Yogamaya para ajudá-las a alcançar os passatempos do Senhor no mundo espiritual. (2)

As pessoas que têm um desejo intenso de servir a Krsna não guardam segredos entre si ou para os outros. Para poder ensinar esse princípio
aos devotos, Krsna roubou as roupas da gopis. Um coração que está situado na bondade pura é a morada apropriada para cativar o
Senhor. Ele expôs o amor das gopis por Ele ao roubar-lhes as roupas. (3-4)

Enquanto pastoreava as vacas perto de Mathura, Sri Krsna esmolou grãos alimentícios dos brâmanes que estavam fazendo sacrifício. Por
estarem orgulhosos de sua casta, aqueles brâmanes consideraram que a realização de sacrifícios era o princípio mais elevado e por isso não
deram nada para Krsna. (5)

O motivo disso é que aqueles brâmanes de alta-classe são os supostos seguidores dos Vedas e portanto não podem realizar o significado
sutil dos Vedas. Eles seguem o processo insignificante das atividades fruitivas e se tornam materialistas, ou estudam a ciência da auto-
realização e o conhecimento especulativo e se tornam absortos no impersonalismo. Tais brâmanes preferem simplesmente materem-se sob o
controle das injunções das escrituras ou das estabelecidas pelos seus antepassados, obdecendo formalmente essas instruções. Eles são
incapazes de compreender que o apego ao Senhor é o propósito principal de todas as escrituras, portanto como podem se tornar servos de
Krsna? Não devemos concluir com isso que todos os brâmanes são trabalhadores fruitivos ou seguidores do conhecimento especulativo.
Inúmeras grandes personalidades apareceram em famílias brâmanes e alcançaram a posição mais elevada dentro do serviço devocional.
Portanto o significado desse verso é que os brâmanes de mentalidade asinina que seguem formalmente as regras e regulações são contrários
a Krsna, mas os brâmanes que têm comportamento como o dos cisnes são servos de Krsna e portanto são adoráveis por todo mundo. (6)

As esposas dos brâmanes asininos representam as pessoas que estão subordinadas a eles com fé rudimentar. Ao ficarem sob o controle da
doçura de Krsna, que é a Superalma, elas saem da floresta e vão se oferecer a Ele. Aqueles que têm fé rudimentar são chamados devotos
mundanos. (7)

Através desse incidente é estabelecida a igualdade de todas as entidades vivas. Não há consideração de casta para satisfazer a Krsna; ou
melhor, às vezes a consciência de casta se torna um obstáculo no desenvolvimento do amor. (18)

Para manterem a ordem social os arianos dividiram a sociedade em quatro castas e quatro ordens sociais. Se o sistema social é protegido,
então a vida espiritual das pessoas é sustentada pela boa associação e discussão. Portanto o sistema de varAasrama deve ser aceito em
todos os aspectos. Com esse arranjo há a possibilidade de gradualmente se alcançar o amor por Krsna. O principal propósito desse arranjo
é cultivar a vida espiritual, ou amor por Krsna. Mesmo que alguém atinja a perfeição sem seguir esse processo, ainda assim ele não deve ser
desprezado. Nesse ponto devemos compreender que depois de se alcançar a perfeição, esse processo naturalmente perde a sua
importância. Não é falha em rejeitar um processo relativamente pouco importante como o varAasrama para quem alcançou a perfeição na
forma do amor por Krsna. Portanto a conclusão é que as falhas e qualidades só podem ser atribuidas quanto a qualificação do executor. (9)

O Senhor Yajnesvara é o Senhor predominante das atividades que visam proteger a ordem social. O Seu representante entre as entidades
vivas é Indra. Essas atividades são de duas qualidades: constitucionais e condicionais. As atividades regulares que visam manter a vida são
chamadas constitucionais. Todas as demais são condicionais. Se formos analisar veremos que todas as atividades fruitivas podem cair em
uma dessas duas categorias. O Senhor Krsna proibe os Seus devotos de realizar qualquer outra atividade além daquela que se destina a
preservar a vida. Quando Indra, o senhor das atividades fruitivas, viu o Senhor Krsna fazendo um arranjo para negligenciar as atividades
destinadas a sustentar o mundo, ele criou um grande distúrbio. O Senhor protegeu os Seus devotos da inundação e supriu as suas
necessidades aceitando Govardhana, o abrigo expandido das pessoas sóbrias, como um guarda-chuva. (10)

Se as atividades que sustentam o mundo forem negligenciadas para o cultivo da consciência de Krsna, os devotos de Krsna não devem se
entir ansiosos. (11)

Ninguém pode destruir aquele que Krsna deseja proteger. O poder das regulações não pode influenciar essas pessoas. Para os devotos de
Krsna só existem as amarras que os atam ao Senhor, eles não estão atados pelas regras e regulações. (12)

Em Sri Vndavana, a terra da fé, flui o Yamuna, a personificação do líquido espiritual. Nanda Maharaja foi imerso nessa água e o Senhor o
liberou como parte dos Seus passatempos. (13)

Depois disso, o Senhor Krsna misericordiosamente exibiu a verdade e a opulência de VaikuA˜ha para os vaqueiros. Isso mostra que a
doçura de Krsna é tão proeminente que Suas opulências ficam encobertas pela Sua presença. (14)

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O Senhor, que é muito querido para as entidades vivas eternamente perfeitas e para os seus seguidores, realizou a Sua rasa-lila, que é o
climax do amor extático. (15)

Depois o Senhor mais misericordioso incrementou o amor das gopis ao desaparecer de repente da presença delas, Ele começou a dançar no
círculo da rasa-lila. (16)

Nesse mundo material, que é criado por maya, há uma constelação principal chamada Dhruva. Todos os sóis e os seus planetas gravitam
continuamente em volta de Dhruva devido ao seu poder de atração. A principal consideração é que existe uma energia que atrai todos os
átomos materiais. Pelo poder dessa energia os átomos são atraídos uns pelos outros e assim eles criam um planeta globular. Quando esses
planetas são atraídos por um planeta globular maior, eles começam a se mover em volta dele. Essa é uma lei invariável do mundo material.
Maya é a base do mundo material e é apenas um reflexo do mundo espiritual. Isso já foi explicado anteriormente ao discutirmos as energias
do Senhor. Devido à sua constituição eterna, na forma do amor, a entidades vivas de consciência diminuta no mundo espiritual são atraídas
umas pelas outras e elas imitam uma com consciência mais elevada. Essas pessoas de consciência mais elevada e os seus associados
subordinados se movem constantemente no círculo da dança da rasa de Krsna, que é o superconsciente e supremo Dhruva. Portanto o
grande passatempo da rasa-lila se manifesta eternamente na realidade de VaikuA˜ha. No mundo espiritual essa atração sempre existente
expande o amor até mahabhava e no mundo material o reflexo se extende como uma inconcebível atração material que cria a diversidade.
para poder ilustrar verdades sutis com exemplos grosseiros, dizemos que no mundo material o sol e os planetas estão girando constantemente
em volta da constelação de Dhruva pelo poder dessa atração, assim como todas as entidades vivas puras circulam eternamente em volta de
Krsna pelo pode da Sua atração. (17-18)

Nos passatempos transcendentais da rasa-lila, Sri Krsna é o único desfrutador e todas as outras entidades vivas são desfrutadas. A
conclusão é que a personalidade semelhante ao sol do mundo espiritual, o Senhor Sri Krsna, é o único macho e todas as demais entidades
vivas são fêmas. Todos os relacionamentos do mundo espiritual estão baseados em amor puro, portanto admite-se que o desfrutador é o
macho e os desfrutados são fêmeas. O machos e fêmeas do mundo material são reflexos pervetidos do desfrutador e dos desfrutados no
mundo espiritual. Se pesquisarmos em todos os dicionários não iremos encontrar palavras que descrevam apropriadamente os passatempos
espirituais e supremamente conscientes do Senhor e dos Seus associados. Portanto as descrições de homem e mulher do mundo material são
usadas aqui como uma indicação adequada. Não há necessidade ou sugestão de pensamentos obcenos quanto a isso. Se rejeitarmos essas
atividades como obcenas, então perderemos a oportunidade de discutir esse passatempo supremo. Somos capazes de descrever as
verdades de VaikuA˜ha descrevendo as emoções mundanas como reflexos das emoções espirituais. Não há outra alternativa a esse respeito.
Por exemplo: Krsna é misericordioso. Mas para demonstrar como Krsna é misericordioso, temos que dar o exemplo de certas pessoas que
são misericordiosas. Não há maneira de expressar essa qualidade além de dar um exemplo que seja bem conhecido. Portanto as pessoas de
comportamento semelhante ao dos cisnes devem abandonar a timidez e considerações obcenas e então ouvir, ler e meditar sobre os tópicos
transcendentais da rasa-lila sem ansiedades. (19)

A expressão mais elevada da rasa-lila é Srimati Radhika, que é a personificação de hladini, que manifesta a doçura de Krsna e que é
supremamente adorável para as entidades vivas, Ela é rodeada pelas Suas sakhis, que são personificações das várias emoções e beleza
situadas na dança da rasa. (20)

Depois da dança da rasa, os passatempos aquáticos nas águas espirituais do Yamuna ocorrem naturalmente. (21)

Quando Maharaja Nanda, que é a personificação da felicidade, foi engolido pela serpente, que personifica a imersão no Supremo, Krsna, o
protetor dos devotos, o resgatou do perigo. Sa‰khac™da era a personificação da fama, porque considerava a fama a sua vida e alma. Ele
foi morto ao tentar criar distúrbios em Vraja. (22)

Quando Krsna, o inimgo de Kaˆsa, decidiu ir para Mathura, o demônio cavalo, Kesi, que personifica a futilidade da ambição política, foi
morto. (23)

Akr™ra, o catalisador dos eventos futuros, levoi Krsna e Balarama para Mathura, onde os dois Senhores primeiro mataram o lutadores e
depois Kaˆsa. (24)

Depois que o ateísta Kaˆsa foi morto, o seu pai, Ugrasena, a personificação da liberdade, foi instalado no trono por Krsna. (25)

As duas esposas de Kaˆsa, Asti e Prapti, descreveram a morte do esposo delas para Jarasandha, a personificação das atividades fruitivas.
(26)

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Ao ouvir a descrição que elas fizeram, o rei de Magadha reuniu em imenso exército e atacou Mathra dezessete vezes, mas foi derrotado
todas as vezes. (27)

Quando Jarasandha atacou Mathura novamente, o Senhor foi para a Sua morada de Dvaraka. O significado principal é que existem dez
tipos de atividades purificatórias, tais como rituais funerários, juntamente com as quatro castas e quatro ordens de vida, o eleva o total para
dezoito. Dentre essas, quando a décima oitava, ou sannyasa, captura a morada do conehcimento, então devido ao desejo de liberação, o
Senhor desaparece. (28)

Durante a residência de Krsna em Mathura, Ele foi para o gurukula, onde Ele estudou com muita facilidade todas as escrituras. Ele trouxe de
volta à vida os filhos do Seu guru que haviam morrido e oferece-lhes para Seu Guru. (29)

Não há necessidade para Krsna, que é perfeito independentemente, se dedicar ao aprendizado, mas quando alguém reside em Mathura, a
morada do conhecimento, o conhecimento gradualmente se expande. Isso ficou ilustrado nesse passatempo. (30)

Aqueles que desfrutam os frutos das suas atividades são chamados luxuriosos. O apego que essas pessoas têm por Krsna está contaminado
com impurezas, mas se elas cultivam o apego por Krsna por um longo tempo, então surge a devoção pura. (31)

Enquanto residia em Mathura, Krsna teve um relacionamento aparentemente mundano com Kubja. Apesar de existirem desejos luxuriosos
no coração de Kubja, esses desejos acabaram se transformando em amor puro. Depois disso Krsna mandou Uddhava a Gokula e ensinou-
lhe que os sentimentos amorosos dos residentes de Vraja são os mais elevados que existem. (32)

Nos smtis está declarado que os PaAdavas eram como os ramos da religião e que os Kauravas eram como os ramos da irreligião. Portanto
o Senhor Krsna era o amigo e o protetor dos PaAdavas. (33)

O Senhor enviou Akr™ra para Hastinapura como embaixador para estabelecer os princípios religiosos e liberar as pessoas pecaminosas.
(34)

Assim termina o quinto capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Passatempos de Krsna.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 6
OS PASSATEMPOS DO SENHOR KRSNA

Existem dois tipos de atividades: auto-centradas e centradas em Deus. As atividades centradas em Deus são chamadas karma-yoga, porque
tais atividades sustêm o conhecimento e esse conhecimento juntamente com essas atividades fazem despertar o apego pelo Senhor. Essa
mistura de karma, jnana e bhakti é chamada de karma-yoga por algumas pessoas, de jnana-yoga por outras e de bhakti-yoga por
algumas outras. As pessoas de mentalidade semelhante à dos cisnes chamam essas atividades de uma síntese de yoga. As atividades que são
auto-centradas são chamadas atividades fruitivas. As atividades fruitivas geralmente criam dúvidas em relação ao Senhor, na forma de Asti e
Prapti. As atividades fruitivas então arranjam o seu casamento com o ateísmo (Kaˆsa). Esse Jarasandha, a personificação das atividades
fruitivas, obstrui Mathura, a personificação do conhecimento espiritual. (1)

Pela Sua doce vontade, Sri Krsna levou todos os seus amigos, a personificação dos devotos, para Dvaraka, a morada que personifica o
serviço devocional regulado. Quem não segue as regras e reguilações do varAasrama é chamado yavana. Quando um yavana realiza
atividades ilícitas, ele passa a ser considerado um mleccha. Como o suporte das atividades fruitivas, esse yavana era inimigo do
conhecimento. O rei Mucukunda, a personificação do caminho da liberação. Foi chutado por esse yavana, e o malévolo yavana foi morto
pelo podoreso olhar de Mucukunda. (2-3)

Residindo em Dvaraka, que está repleta do conhecimento das opulências, o Senhor casou-se com RukimiAi, a personificação da opulência
suprema. (4)

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Assim que Pradyumna, a personificação de Cupido, nasceu do ventre de RukmiAi, ele foi imediatamente raptado pelo debilóide Sambara, a
personificação de maya. (5)

Em uma ocasião remota o copro de Cupido havia sido reduzido a cionzas pelo renunciante seco Mahadeva. Naquela ocasião, Ratidevi, a
personificação do desfrute material, se abrigou na natureza demoníaca. Mas quando despertou o serviço devocional regulado, então Cupido
nasceu novamente na forma de filho de Krsna. Então ele liberou a sua esposa, Ratidevi, das garras da natureza demoníaca. O significado é
que em yukta-vairagya, é aceitável luxúria e apego regulado. Com o auxílio dos ensinamentos de sua esposa, o poderosíssimo Cupido
matou Sambara, a personificação do desfrute material e retornou para Dvaraka com a sua esposa. (6)

Depois de recuperar a jóia, o Senhor casou-se com Satyabhama, que personifica uma porção do orgulho ciumento de RadharaAi. (7)

As oito rainhas de Krsna, lideradas por RukmiAi, eram reflexos das opulências do aspecto hladini e eram muito queridas por Krsna. (8)

Os sentimentos do Senhor em Seu aspecto doce são inquebrantáveis, mas os sentimentos do Senhor em Dvaraka, o abrigo do opulento
serviço devocional regulado, não são assim tão doces, porque muitos filhos e netos expandem a família dos Seus sentimentos. (9)

Nesse livro, que explica os significados grosseiros, é muito difícil explicar o significado desses filhos e netos. Quem sabe algumas pessoas
inteligentes poderão elaborar detalhadamente os significados deles em um livro separado. (10)

A filosofia demoníaca, na forma do monismo, nasceu em Kasi, a morada de Siva, onde uma pessoa malévola declarou ser Vasudeva e
pregou essa filosofia demoníaca. O Senhor, que é o esposo de Rama, o matou e incendiou Kasi, o lar dessa filosofia demoníaca. (11)

Narakasura também era chamado Bhauma, porque considerava que a Verdade Absoluta era mundana. O Senhor, que senta-se sobre
Garuda, matou Narakasura e depois de liberar as rainhas, casou-se com elas. A concepção da Deidade como sendo um ídolo é
abominável, porque é tolice considerar a Verdade Absoluta como sendo mundana. Há uma grande diferença entre servir a Deidade do
Senhor e adorar ídolos. A adoração da Deidade é um indicador da Verdade Absoluta, porque por esse processo alcança-se a Verdade
Absoluta. Enquanto que a adoração de ídolos significa a aceitação de forma material ou impessoal da Verdade Absoluta, ou seja, aceitar
uma forma material como o Senhor Supremo. O Senhor acaba liberando e aceitando as pessoas que são dessa opinião. (12)

O Senhorfez com que Jarasandha fosse morto por Bhima, o irmão de Dharma. Então Ele resgatou inúmeros reis da prisão do karma. (13)

O Senhor aceitou adoração ilimitada no sacrifício de Yudhi˜hira e cortou a cabeça de Sisupala, a personificação da inveja. (14)

O Senhor protegeu a sociedade ao restabelecer os princípios da religião e removeu a carga do mundo ao arranjar a batalha de Kuruketra.
(15)

Narada Muni visitou Dvaraka e ficou abismado com a profundidade da Verdade Absoluta quando viu que Krsna estava presente
simultaneamente na casa de cada uma das rainhas. É muito maravilhoso que o Senhor Supremo esteja simultânea e completamente presente
em todo lugar: dentro do caoração de todas as entidades vivas e ao mesmo tempo dedicando-se a vários passatempos. A qualidade da
onipresença é insignificante para o Senhor Todo-poderoso. (16)

Dantavakra, a personificação do homem incivilizado, foi morto pelo Senhor. O Senhor então provindenciou o casamento da Sua irmã,
Subhadra, com Arjuna, o irmão de Yudhi˜hira. Para poder estabelecer um relacionamento entre o Senhor e uma entidade viva desfrutada
que ainda não desenvolveu a natureza de ser uma consorte do Senhor, o aspecto hladini do humor de amizade seleciona uma devota
inconcebível para fazer o papel de Subhadra, que se torna muito próxima ao Senhor como Sua irmã. Subhadra é para ser desfrutada por um
devoto como Arjuna. No entanto, esse relacionamento não é tão elevado como o existente em Vraja. (17)

O Senhor protegu Dvaraka ao matar Salva, que possuia poderes místicos. As artes científicas são muito insignificantes diante do Senhor. O
rei Nga estava sofrendo os resultados do seu mau karma na forma de um lagarto, mas foi liberado pela misericórdia do Senhor. (18)

Se o artigo mais desfrutável for oferecido por um não-devoto, o Senhor não o aceita. Mas se algo simples for oferecido com amor, o Senhor
o aceita. Isso foi demonstrado quando o Senhor comeu o arroz que Sudama ofereceu. (19)

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O macaco Dvivida, a personificação da flata de bondade, foi morto por Baladeva, que possuia amor extático por Krsna e que é o
reservatório de todas as entidades vivas. (20)

Nas florestas de Vraja, que são criadas pelo aspecto samvit da potência marginal, Srila Baladeva realizou passatempos conjugais com as
gopis, as personificações do amor extático. (21)

Todos esses passatempos estão situados nos corações dos devotos, mas quando os devotos abandonam seus corpos materiais, os
passatempos desaparecem assim como um ator deixa o palco. (22)

O desejo de Krsna, na forma do tempo, separar os Yadavas, as personificações do amor afetuoso, de Seus passatempos e a inundação da
morada de Dvaraka eplas ondas do oceano é inesquecível. O desejo de Krsna é sempre puro e desprovido de toda a inauspiciosidade. Para
poder transferir os Seus devotos para VaikuA˜ha, o Senhor os separou dos seus corpos materais. (23)

Esse desejo de Krsna, que concede a felicidade mais elevada, obriga que os devotos abandonem os seus corpos velhos e decrépitos em
Prabhasa-ketra, a personificação do conhecimento da Verdade Absoluta. Quando o corpo se torna inútil, então suas partes e membros já
não cooperam entre si: eles brigam. Especialmente na hora da morte, quando todas as partes e membros do corpo se tornam sem sentidos;
mas no coração dos devotos, a memória nunca se perde. (24)

Na hora de abandonar o corpo, o humor que estiver presente no coração de um devoto acompanha a alma pura até a sua posição gloriosa e
o devoto reside eternamente em uma parte de VaikuA˜ha chamada Gokula. (25)

Assim termina o sexto capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Passatempos de Krsna.”

Que o Senhor KrAa fique satisfeito.

CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PASSATEMPOS DE KRSNA

Já descrevemos como VaikuA˜ha foi criada pelo aspecto sandhini da potência espiritual da energia superior. VaikuA˜ha está dividido em
três divisões: a divisão doce, a divisão opulenta e a divisão impessoal. A divisão impessoal é a cobertura de VaikuA˜ha, o apartamento
exterior é a morada de NarayaAa e o apartamento interior é chamado Goloka. Os impersonalistas alcançam o Brahma-dhama, a divisão
impessoal e se livram das lamentações causadas por maya. Os devotos que adoram o aspecto opulento do Senhor alcançam NarayaAa-
dhama e se tornam dessemidos. Os devotos que adoram o aspecto doce do Senhor alcançam o apartamento interior e saboreiam o néctar
de Krsna. Liberação da lamentação, temor e néctar são os três-quartos das opulências do Senhor conhecidas como VaikuA˜ha. Quando o
Senhor Supremo está dotado de opulência, Ele é conhecido como Vibhu. Esse mundo material é um quarto da opulência de Krsna. Os
vários passatempos que começam com o aparecimento do Senhor e continuam até o Seu desaparecimento se manifestam enternamente em
Goloka. O humor de Goloka está refletido nos corações das entidades vivas condicionadas, onde os passatempos de Krsna também são
eternamente manifestos. Portanto, de acordo com a qualificação dos devotos, em um determinado momento Krsna está nascendo em algum
coração de devoto, Ele está roubando as roupas das gopis noutro coração de devoto, Ele está realizando a dança da rasa em outro
coração, matando P™tana em outro, está matando Kaˆsa em outro, está tendo um relacionamento com Kubja em outro e encena o Seu
desaparecimento do coração de algum devoto que está abandonando o corpo. Assim como as entidades vivas são inúmeras, os planetas
também são. Conforme um passatempo ocorre em um planeta, outro passatempo ocorre em outro planeta. Dessa maneira cada passatempo
está ocorrendo continuamente. Portanto todos os passatempos do Senhor são eternos; não há interrupção, porque as energias do Senhor
estão sempre ativas. Todos esses passatempos são puramente espirituais, sem nenhum traço de contaminação material. Apesar de para as
entidades vivas em ilusão esses passatempos parecerem pervertidos, na realidade eles são os mais confidenciais e espirituais. (1)

Esses passatempos são constitucionalmente manifestos em Goloka, mas as entidades vivas condicionadas os percebem de maneira relativa.
Um passatempo parece diferente porque a natureza das almas condicionadas varia de acordo com o tempo, lugar e pessoa. Os passatempos
do Senhor nunca são contaminados, mas eles podem parecer ser devido à nossa consideração contaminada. Foi descrito anteriormente que
as atividades do mundo espiritual não são vistas com clareza pelas almas condicionadas. Apesar de às vezez eles poderem ser realizados
através de samadhi, isso também é um meio material pervertido da natureza espiritual original. Os exemplos (*) são vistos no local (**),
tempo (***) e pessoas (****) que são mencionados nos passatempos de Vraja. Todos esses exemplos podem ser compreendidos de duas
maneiras. Para os kani˜ha-adhikaris esses exemplos só são apreciados através da fé completa. Não há outra possibilidade para o avanço
deles. Mas para os uttama-adhikaris esses exemplos são aceitos como indicações da diversidade espiritual. Quando as almas
condicionadas ficarem livres da afinidade material, então elas irão perceber os passatempos constitucionais do Senhor. (2)

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(*) Um exemplo é um objeto ou atividade que se destina a ilustrar um objeto ou atividade indescritível.

(**) A terra de Vndavana e Mathura.

(***) Como a Dvapara-yuga.

(****) Os descendentes dos Yadus e gopas.

As almas condicionadas percebem naturalmente os passatempos do Senhor em termos da sua afinidade por eles. Essa afinidade é de dois
tipos: aquela que é encontrada em um indivíduo e aquela que é encontrada na massa das pessoas em geral. A afinidade encontrada nos
corações dos devotos em particular é aquela que é encontrada em um indivíduo. Os corações de Prahlada e Dhruva são os locais de
repouso para os passatempos do Senhor como um resultado das suas afinidades individuais. (3)

Assim como um determinado aspecto do Senhor aparece e purifica o coração de uma pessoa de acordo com o despertar do seu
conhecimento, se vislumbrarmos de uma maneira semelhante toda a sociedade como um indivíduo e considerarmos a sua infância, juventude
e velhice, então o determinado aspecto do Senhor que manifesta se torna propriedade comunitária. Conforme amadurece o conhecimento
comunitário, eles primeiro levam às atividades fruitivas, então ao cultivo do conhecimento e finalmente levam às atividades espirituais e se
torna purificado. A afinidade que é encontrada na massa das pessoas em geral primeiro apareceu no coração de Narada e Vyasa na
Dvapara-yuga e foi sendo propagado progressivamente como pura religião vaisnava. (4)

Essa religião vaisnava na forma dos passatempos do Senhor está dividida em três partes de acordo com o desenvolvimento do conhecimento
da sociedade. A primeira parte são os passatempos de Dvaraka, onde o Senhor é opulento, onde Ele é conhecido como Vibhu e onde Ele é
adorado através dos princípios regulativos. A segunda parte é vista em volta de Mathura, onde a opulência do Senhor é parcialmente
manifesta com uma grande porção de doçura. Mas a terceira parte, os passatempos de Vraja, são os melhores de todos. Os passatempos
que contêm mais doçura são superiores e mais íntimos por natureza. Portanto Kna é mais completo nos passatempos de Vraja. Apesar das
opulências serem parte do esplendor do Senhor, elas não podem se tornar proeminentes diante de Krsna; porque sempre que as opulências
são mais proeminentes a doçura diminui. Isso também ocorre no mundo material. Portanto objetos de doçura como vacas, gopas, gopis,
vestes de vaqueiro, manteiga, florestas, folhas frescas, o Yamuna e a flauta são as únicas riquezas de Vraja-Gokula, ou Vndavana. Qual é a
necessidade de opulência ali? (5-6)

As rasas supremas sob o abrigo dos quatro relacionamentos: dasya, sakhya, vatsalya e madhurya, estão existindo eternamente nos
passatempos de Vraja como ingredientes de todas as atividades espirituais. Dentre essas rasas, os passatempos do Senhor com as gopis
são os mais elevados. E dentre eles, os passatempos do Senhor com Srimati RadharaAi, que é a jóia mais valiosa entre as gopis, são ainda
mais elevados. (7)

Dizem que aqueles que saboreiam essa mais elevada rasa espiritual aceitaram as suas atividades constitucionais eternas. (8)

Temebdo atravessar o limiar do argumento, alguns madhyama-adhikaris dizem: “Tente apenas explicar esses sentimentos com palavras
simples. Não há necessidade de usar os passatempos de Krsna como exemplos.” Mas esses tipos de comentários são falhos, porque a
diversidade de VaikuA˜ha não pode ser explicada com palavras simples. Apenas por se dizer: “Há um Senhor. Adore-O”, não se explica
apropriadamente qual o dever supremo constitucional das entidades vivas. Estar situado no Brahman depois de abandonar maya não pode
ser chamado de adoração, porque nesse processo só se aceita um humor indireto de negação; não há nada de positivo. Mas por dizer: “Veja
a forma do Senhor. Abrigue-se nos pés de lótus do Senhor”, a qualidade da diversidade de certa forma é aceita. Nessa conjuntura devemos
considerar que se alguém não está completamente satisfeito com a diversidade espiritual, ele ainda pode se dirigir à Verdade Absoluta como
“Senhor” ou “Pai.” Apesar desses relacionamentos parecerem mundanos, há no entanto um propósito indescritível por detrás deles. Uma vez
que podemos aceitar ingredientes materiais, atividades e todos os reflexos pervertidos mundanos de VaikuA˜ha como exemplos, as pessoas
com o comportamento semelhante ao dos cisnes não devem temer extrair deles a compreensão das atividades espirituais e seus ingredientes
através da propensão dos cisnes. Por temer que os eruditos estrangeiros não compreederem isso e de nos acusarem de adoradores de
ídolos, devemos ocultar a jóia do espiritualismo? Aqueles que deverão criticar por certo serão imaturos em suas conclusões. Por estarmos
em uma plataforma mais elevada, por que haveríamos de temer as suas conclusões falaciosas? A ciência da rasa não pode ser explicada
completamente através de palavras comuns, portanto poetas como Vyasadeva descreveram elaboradamente os passatempos de Krsna.
Esses passatempos maravilhosos do Senhor são o cabedal respeitável tanto para os kani˜ha quanto para os uttama-adhukaris. (9)

A felicidade que o Senhor concede quando servido apropiadamente não é obtida quando Ele é adorado como Yajnesavara através de
karma-yoga, como o Brahman impessoal através de jnana-yoga ou como o Paramatma, o companheiro da entidade viva, através de
dhyana-yoga. Portanto servir a Krsna é o dever ocupacional supremo para todas as entidades vivas — sejam kani˜ha-adhikaris ou
afortunados uttama-adhikaris. (10)

Todos os vaisnavas devem ler esse Krsna-samhita e compreender a ciência de Krsna. Todos os resultados que são alcançados por estudar o
Srimad Bhagavatam serão alcançados por estudar esse livro.

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Assim termina o sétimo capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Considerações sobre os Passatempos de Krsna.”

Que o Senhor Krsna fique satifeito.

CAPÍTULO 8
CONSIDERAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS SOBRE OS SENTIMENTOS DE VRAJA

Nesse livro já descrevemos elaboradamente os sentimentos de Vraja. Os sentimentos de Mathura e Dvaraka sustêm os sentimentos de
Vraja. (1)

Agora vou discutir os sentimentos de Vraja para a auspiciosidade das entidades vivas. Por permanecerem apegadas aos sentimentos de
Vraja, as entidades vivas alcançam a vida eterna. (2)

Esses sentimentos de Vraja agora serão considerados direta e indiretamente. Através da consideração direta encontramos santa, dasya,
sakhya, vatsalya e madhurya. (3)

Alguns alcançam o serviço ao rei de Vraja e devotos como Sridama e Subala servem o Senhor com o sentimento de amizade. (4)

Yasoda, RohiAi e Nanda são exemplos de amor parental e gopis como Sri Radhika estão presentes na rasa-maAdala com sentimento
conjugal. (5)

Relacionamentos puros e seus respectivos sentimentos são encontrados apenas em Vndavana. É por isso que as entidades vivas puras têm
atração natural por Vndavana-dhama. (6)

Todas as escrituras concordam que o sentimento conjugal de Vndavana é o mais elevado, porque a natureza do Senhor como desfrutador e
a natureza das entidades vivas como desfrutadas são encontrados ali na sua forma pura. (7)

Em VaikuA˜ha, não há ansiedade entre Krsna e as entidades vivas, uma vez que ambos estão situados em suas posições constitucionais
eternas. Lá está eternamente presente a suprema e perpétua felicidade na forma do amor. (8)

A meta final da vraja-rasa é a felicidade do desfrute entre Krsna e as entidades vivas. O sentimento de separação, na forma de p™rva-raga,
mana, prema-vaicitya e pravasa é extremamente essencial para suster essa felicidade. Isso se torna perfeito pela contemplação de Mathura
e Dvaraka. Portanto os sentimentos de Mathura e Dvaraka sustêm os sentimentos de Vraja, como já descrevemos. (9)

De acordo com as suas qualificações, as entidades vivas condicionadas primeiro se refugiam no serviço devocional regulado. Mais tarde,
quando desperta o apego, desperta o sentimento de Vraja. Quando o devoto externamente segue o processo regulado do serviço devocional
e internamente se abriga no apego a Krsna, então surge o relacionamento entre Krsna e o devoto que é conhecido como parakiya-rasa, ou
amor de amante. Assim como uma mulher casada fica cativada pela beleza de outro homem e secratamente fica apegada por ele, enquanto
que exteriormente respeita o seu esposo, similarmente os amantes de Krsna se refugiam em parakiya-rasa ao cultivarem interiormente esse
apego enquanto que exteriormente seguem os princípios regulativos e respeitam o Senhor como o protetor desses princípios. Essa ciência é
muito importante para as pessoas na rasa conjugal. Os uttama-adhikaris nunca podem abandonar esse comportamento mesmo que sejam
criticados pelos madhyama-adhikaris. Esse livro não se destina aos kani˜ha-adhikaris, portanto aqui não vamos falar sobre os princípios
regulativos. Os interessados deverão estudar esses princípios em livros como o Hari-bhakti-vilasa. O principal significado desses princípios
regulativos é que quando os deveres constitucionais das entidades vivas estão quase adormecidos, ou refletidos pervertidamente nos objetos
materiais, então tudo o que os doutores eruditos prescreverem para curar essa doença são chamados princípios regulativos. Enquanto vaga
no mundo material, uma grande personalidade é capaz de despertar seu apego adormecido através de certas atividades. Ele concede sua
misericórdia para as entidades vivas estabelecendo essas atividades como uma forma de prática espiritual. As prescrições dadas por essas
grandes personalidades devem ser seguidas pelos kani˜ha-adhikariscomo se fossem injunções das escrituras. Os sábios que estabelecem
essas prescrições são todos uttama-adhikaris e personalidades de comportamento como o dos cisnes. As pessoas que não conseguem
despertar o apego a Krsna pelo seu esforço individual não têm outra alternativa além a de seguirem essas prescrições. No Srimad
Bhagavatam essas prescrições são classificadas em nove divisões, iniciando por ouvir e cantar. Essas prescrições posteriormente foram
discutidas no Bhakti-rasamta-sindhu como sessenta e quatro divisões. A conclusão é que para aqueles cujo o apego natural está

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praticamente adormecido o caminho prescrito é vidhi-marga, o caminho dos princípios regulativos; mas assim que o apego é despertado, o
caminho dos princípios regulativos se torna secundário. Esses princípios regulativos que são seguidos para despertar o nosso apego enquanto
cultivamos consciência de Krsna devem ser seguidos com gratidão mesmo após o apego ter sido despertado, para que as pessoas possam
seguir o exemplo. De qualquer maneira, os mahatmas com comportamento semelhante ao dos cisnes se reservam ao direito de seguir ou de
abandonar os princípios regulativos. (10)

No upasana-kaAda, ou divisão védica da adoração, o paego é dividido em três categorias: apego puro, apego no humor de VaikuA˜ha e
apego baseado em exemplos materiais de relacionamentos espirituais. O apego puro, ou mahabhava, é propriedade de Radhika, que é
metade da forma de Krsna. Semelhantes, mas ligeiramente diferentes de mahabhava são os oito sintomas puros de amor extático
transcendental, personificados pelas oito sakhis. Semelhantes ao sentimento das sakhis (ver comentário do verso 7.2) são os apegos
baseados nos exemplos materiais dos relacionamentos espirituais, personificados pelas manjaris. O adorador primeiro deve se abrigar em
uma manjari que tem natureza semelhante a sua. Posteriormente ele deve se abrigar na sakhi que é adorada por essa manjari. Pela
misericórdia dessa sakhi, alcançamos abrigo aos pés de lótus de Sri Radhika. A posição do adorador, da manjari, da sakhi e de Srimati
RadharaAi no círculo da dança da rasa é similar a de um asteróide, de um planeta, do sol e de Dhruvaloka no mundo material. (11)

Quando as entidades vivas se aproximam de mahabhava com o avanço gradual de suas emoções amorosoas, então é facilmente alcançado
o desfrute com Krsna, que concede bem-aventurança ilimitada. (12)

Existem oito obstáculos que poluem o nosso amor extático nos maravilhosos sentimentos de Vraja. Contemplar os nomes desses obstáculos
é a consideração indireta do humor de Vraja. (13)

As pessoas que estão no caminho do apego devem evitar o primeiro obstáculo, a aceitação um guru espúrio, por discutirem a chegada de
P™tana em Vraja disfarçada de ama de leite (ver apêndice A). Existem dois tipos de gurus: antara ‰ ga, ou interno e bahira ‰ ga, ou
externo. A entidade viva que está situada em samadhi é o seu próprio antara‰ga-guru (*). Quem aceita a argumentação lógica como seu
guru e quem aprende o processo de adoração de um guru assim, na verdade aceitou um falso guru. Quando a argumentação lógica posa
como o sustentáculo para os deveres constitucionais das entidades vivas, isso pode ser comparado como a falsidade de P™tana em se
apresentar como ama de leite. Os adoradores no caminho do apego devem imergir toda a argumentação lógica em temas espirituais e
buscarem abrigo no samadhi. O guru externo é aquele que nos ensina a ciência da adoração. Quem conhece o caminho certo do apego e
que instrui os seus discípulos de acordo com a sua qualificação é um sad-guru, ou guru eterno. Quem não conhece o caminho do apego e no
entanto instrui os outros nesse caminho, ou quem conhece o caminho e instrui os seus discípulos sem considerar as suas qualificações é um
falso guru e deve ser abandonado. O segundo obstáculo é a argumentação falsa. É muito difícil despertar a emoção extática até que
TAavarta, na forma de um pé-de-vento, seja morto em Vraja. Os armamentos dos filósosos, budistas e lógicos, na forma de TAavarta, são
obstáculos para a emoção extática de Vraja. (14)

Aqueles que não compreendem o propósito dos princípios regulativos e que apenas carregam o peso de segui-los cheios de formalidades
são incapazes de desenvolver o apego. Quando Saka˜a, a personificação da carga dos princípios regulativos, é destruido, supera-se o
terceiro obstáculo. Os falsos gurus que não consideram a qualificação dos seus discípulos no caminho do apego e assim instruem inúmeras
pessoas com o comportamento de Saka˜a a aceitarem serviço devocional com os sentimentos de manjaris e sakhis, cometem ofensas na
forma do desrespeito de temas confidenciais e acabam caindo. Aqueles que fazem adoração de acordo com essas instruções também
acabam caindo na vida espiritual, porque não alcançam os sintomas de apego profundo por esses tópicos. No entanto, eles ainda podem ser
salvos pela associação dos devotos e com instruções apropriadas. Isso é chamado quebrar Saka˜a. As entidades vivas são sóbrias por
natureza, mas quando ficam perturbadas por possuirem um corpo feito de sangue e carne isso é chamado bala-doa, ou ofensas juvenis. Esse
é o quarto obstáculo, na forma de Vatsasura (veja apêndice B). (15)

O esperto Bakasura, que é a personificação da religião enganosa, é o quinto obstáculo para os vaisnavas. Isso é chamado namaparadha,
ofensas contra o santo nome do Senhor. Quem não compreende a sua qualificação mas aceita a instrução de um guru espúrio e dedica ao
processo de adoração que se destina aos devotos avançados é uma pessoa de mentalidade asinina e acaba sendo enganada. E aqueles que
compreenderam a sua inegibilidade e no entanto com a finalidade de acumular dinheiro e prestígio, seguem o processo de adoração
destinado a devotos elevados são chamados enganadores. Até que se destrua essa enganação sob o nome de religião, o apego não é
despertado. Essas pessoas enganam o mundo inteiro fazendo um show de formalidades sectárias e de pseudo-renúncia. (16)

Aqueles que vêem e respeitam os show de formalidades externas dessas pessoas orgulhosas não podem alcançar amor por Krsna e são
como espinhos em volta do mundo. Devemos deixar claro que não devemos desrespeitar uma pessoa de comportamento semelhante a cisnes
só porque ela aceitou as formalidades externas que geralmente são consideradas detestáveis. É dever eterno do vaisnava desenvolver os
sintomas de amor, de se associar e de servir os devotos, enquanto se mantém indiferente às formalidades externas. (17)

Aghasura, a personificação da intolerância e da crueldade, é o sexto obstáculo. Devido à falta de compaixão pelas entidades vivas há a
possibilidade do nosso apego ir gradualmente diminuindo, porque a compaixão não pode permanecer separada do apego a Krsna. A base
da compaixão pelas entidades vivas e a devoção a Krsna é a mesma. (18)

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Se alguém absorve sua mente em vários argumentos, opiniões e nas liteturas que lhes dão apoio, então todas as realizações alcançadas
através de samadhi são praticamente perdidas. Isso é chamado ilusão provocada pela linguagem florida dos Vedas. Por estar tomado por
essa ilusão, Brahma duvidou da supremacia de Krsna. Os vaisnavas devem considerar essa ilusão como sendo o sétimo obstáculo. (19)

A discriminação sutil é extremamente importante para os vaisnavas. Aqueles que inventam discriminações sociais e pregam os princípios
inquebrantáveis do vaiAavismo ao mesmo tempo em que quebram esses princípios para suprir suas necessidades são considerados como
possuidores de uma disciminação grosseira. Essa discriminação grosseira assume a forma do asno Dhenuka. O asno não pode comer os
doces frutos da palmeira e se opõe à teAtativa dos outros em comê-los. O significado é que os acaryas anteriores das saˆpradayas
autorizadas têm escrito várias obras de significado espiritual, que as pessoas de discriminação grosseira não compreendem e nem permitem
que outros a obtenham. Os devotos asininos que só vivem interessados nos princípio regulativos e que permanecem sob o controle da
discriminação grosseira são incapazes de alcançar uma plataforma mais elevada. Os princípios vaisnavas são tão ilimitadamente elevados que
aqueles que simplesmente se mantêm enredados pelo processo regulativo sem se esforçarem em compreender a ciência do apego, são
comparáveis aos trabalhadores fruitivos comuns. Portanto, até que o asno Dhenuka seja morto, não se pode avançar na ciência do
vaiAavismo. (20)

Muitas pessoas malévolas abandonam o caminho dos princípios regulativos e entram no caminho do apego. Quando são incapazes de
realizar o apego espiritual das almas, elas se comportam como Vabhasura (Ari˜asura, o demônio touro) cultivando a apego material
pervertido. Elas serão mortas pelo poder de Krsna. O exemplo desse obstáculo costuma ser encontrado entre os egoístas dharma-dvajis,
devotos de exibição. (21)

A malícia de Kaliya sempre polui a água do Yamuna, que é o líquido espiritual dos vaisnavas. O dever de todos é superar esse décimo
obstáculo (ver apêndice C). O décimo primeiro obstáculo dos vaisnavas é o sectarismo, que assume a forma do fogo florestal. Devido ao
sectarismo uma pessoa não pode aceitar como vaisnava ninguém que esteja fora do seu próprio grupo e como resultado tem que enfrentar
inúmeros obstáculos em encontrar um guru e em se associar com os devotos. Portanto extiguir o fogo florestal é muito importante. (22)

Os impersonalistas desejam imergir a alma no Brahman impessoal. Em outras palavras, procurar a liberação da imersão completa é o defeito
de subtrair o eu, porque não há felicidade nesse estado. Nem a entidade viva, nem o Senhor ganham nada com isso. Se alguém acredita na
filosofia impersonalista, então deve aceitar o mundo material como sendo falso. Mais tarde ele deduz que o Brahman é indiferente e vai
desenvolvendo dúvidas sobre a base do Brahman. Se alguém discute esse assunto com profundidade, então é compelido a aceitar a
ignorância sem sentido e a não existência das entidades vivas. Dessa maneira todos os esforços e considerações da humanidade se tornam
sem sentido. Às vezes essa filosofia penetra entre os vaisnavas na forma de Pralambasura para difundir anarthas na forma de subtrair o eu.
Esse é o décimo segundo obstáculo na ciência vaisnava do amor. (23)

O décimo terceiro obstáculo para os vaisnavas é a adoração de semideuses menores tais como Indra, com o desejo de obter resultados
fruitivos mesmo depois de estar situado no processo de serviço devocional. (24)

O décimo quarto obstáculo para se desenvolver amor por Krsna é roubar a propriedade dos outros e falar mentiras. Isso cria perturbações
em Vraja na forma de Vyomasura. (25)

A felicidade transcendental das entidades vivas em Vraja é conhecida como nanda. Para alcançar essa felicidade algumas pessoas iludidas
tomam vinho e como resultado disso criam o grande anartha de esquecerem-se de si mesmas. O sequestro de Nanda para a morada de
VaruAa é o décimo quinto obstáculo para os vaisnavas. As pessoas que estão absortas no humor de Vraja nunca bebem vinho. (26)

O desejo de ganhar fama e gratificação sensorial através de bhakti é chamado Sa‰khac™da. Esse é o décimo sexto obstáculo. Aqueles
cujas atividades são motivadas pelo desejo de fama também são orgulhosos, portanto os vaisnavas devem sempre ter cuidado com essas
pessoas. (27)

Conforme a felicidade dos vaisnavas vai aumentando continuamente no processo de adoração, eles às vezes perdem a consciência. Nesse
momento, o sentimento de imersão se apodera deles. Esse sentimento de imersão no Senhor é a serpente que engoliu Nanda Maharaja. Um
praticante que permanece livre dessa serpente se tornará um vaisnava qualificado. (28)

Kesi, um demônio com a forma de cavalo, personifica a concepção que o praticante tem de ser mais perito do que os demais no serviço
devocional. Quando esse demônio aparece em Vraja, ele provoca um grande distúrbio. Assim que um vaisnava gradualmente começa a
proclamar a sua superioridade, surge uma mentalidade desrespeitosa ao Senhor e o devoto cai da sua posição. Portanto é muito importante
prevenir que essa mentalidade malévola penetre no coração. Mesmo que alguém seja perito em serviço devocional, um vaisnava nunca deve
abandonar a qualidade da humildade. Se alguém procede com essa mentalidade, então há a necssidade de matar Kesi. Esse é o décimo
oitavo obstáculo. (29)

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur

Aqueles que desejam servir a Krsna no alegre humor de Vraja devem ter a cautela de destruir os dezoito obstáculos que citamos. Alguns
desses obstáculos devem ser destruídos pelo próprio esforço pessoal e outros devem ser destruídos pela misericórdia de Krsna. Uma
entidade viva é capaz de destruir pessoalmente os obstáculos que se encontram recolhidos nos deveres religiosos através do samadhi
conhecido como savikalpa. O Srimad Bhagavatam explica que esses obstáculos são na verdade destruídos por Baladeva. Mas também
descreve que os obstáculos que são destruídos por se abrigar em Krsna são na verdade destruídos por Ele. As pessoas com comportamento
de cisnes, com discriminação sutil, devem discutir cuidadosamente esses tópicos. (30)

Aqueles que estão no caminho de jnana devem abandonar as ofensas encontradas na realidade de Mathura, e aqueles que estão no caminho
das atividades fruitivas devem abandonar as ofensas encontradas em Dvaraka. Mas os devotos devem abandonar os obstáculos que poluem
o humor de Vraja e estar absortos no amor por Krsna. (31)

Assim termina o oitavo capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Considerações Diretas e Indiretas sobre os Sentimentos de Vraja.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 9
ALCANÇANDO OS PÉS DE LÓTUS DO SENHOR KRSNA

Sri Vyasa explicou a verdade eterna ao descrever os passatempos de Vraja. Essa verdade eterna está além da plataforma do conhecimento
material (ver 2.41-43). (1)

Essa verdade suprema resplandece na existência pura da entidade viva. Essa existência pura é alcançável pelas almas condicionadas através
do samadhi puro absoluto, que supera todos os impedimentos. Existem dois tipos de samadhis: artificial e absoluto. Os devotos aceitam o
samadhi natural como absoluto e o samadhi fabricado como artificial, a despeito de quaisquer outras explicação que os jnanis possam dar.
A alma é espiritual, portanto as qualidades de auto-conhecimento e conhecimento de outros objetos estão presentes nela naturalmente. Pela
qualidade do auto-conhecimento, podemos realizar o eu. Pela qualidade do conhecimento de outros objetos, podemos realizar todos os
demais objetos. Uma vez que tais qualidades são da natureza constitucional de uma entidade viva, por que duvidar que o samadhi natural é
absoluto? Uma entidade viva não precisa se refugiar em nenhum outro instrumento para compreender o objeto supremo. Portanto, esse
samadhi é impecável. Mas quando nos refugiamos em Sa‰khya-samadhi, que requer atividades antinaturais ou falhas, isso é conhecido
como samadhi artificial. As atividades constitucionais da alma são chamadas samadhi, porque a mente não tem jurisdição nessas atividades.
O samadhi natural é fácil e livre de misérias. Se alguém se abriga em samadhi, então a verdade eterna é facilmente realizada. (2)

Os passatempos de Vraja têm sido percebidos e descritos através do processo de samadhi natural, na forma de auto-realização. Apesar dos
nomes, formas, qualidades e atividades que são usados para descrever a Vraja-lila parecerem um pouco mundanos, isso é devido apenas a
que o mundo material criado por Maya é, em sua origem , semelhante a VaikuA˜ha. Na verdade, o samadhi natural da alma é uma função
da potência espiritual. O que quer que seja percebido através de samadhi natural é o exemplo ideal para o mundo material, e não uma
imitação. (3)

Por esse motivo os nomes, qualidades e formas de Krsna têm semelhança com nomes, qualidades e formas materiais (4)

A auto-realização passa pela auto-iluminação. Os acadêmicos eruditos chamam auto-realização de samadhi. Isso é muito sutil. Se houver
uma sombra de dúvida, é praticamente perdido. Inúmeras verdades tais como a fé que as entidades vivas têm na sua própria existência, a
existência eterna da entidade viva e o relacionamento da entidade viva com a Verdade Absoluta são realizadas através de samadhi natural.
“Eu existo ou não?” “Existirei depois da morte?” “Eu tenho alguma relação com a Verdade Absoluta? Se alguém desenvolve esse tipo de
dúvidas sobre a verdade, então o seu samadhi natural se torna contaminado com preconceitos e acaba sendo gradualmente esquecido. A
verdade nunca pode ser perdida; ela só pode ser esquecida. A eternidade da alma e a existência da Verdade Absoluta não podem ser
estabelecidas pela argumentação racional, porque a argumentação não vai além da realidade do mundo material. A auto-realização é a única
maneira de estabelecer essas verdades. Os devotos de Krsna sempre realizam a sua morada eterna, VaikuA˜ha, e sua ocupação natural, o
serviço devocional a Krsna, através do samadhi natural, ou auto-realização. Quando uma alma espiritual pratica o samadhi natural, ela
progressivamente realiza os seguintes temas: (1) o seu eu, (2) a insignificância do eu, (3) o abrigo supremo, (4) o relacionamento entre o
abrigo e o abrigado, (5) a beleza das qualidades, atividades e forma do abrigo, (6) os relacionamentos entre os abrigados, (7) a morada do
abrigo e do abrigado, (8) o fator tempo absoluto, (9) os vários sentimentos do abrigado, (10) os passatempos eternos entre o abrigo e o
abrigado, (11) as energias do abrigo, (12) o avanço e a degradação do abrigado pelas energias do abrigo, (13) a identificação errônea do
abrigado degradado, (14) o cultivo do serviço devocional para a restauração do abrigado degradado, e (15) a recuperação da posição
constitucional do abrigado degradado através do serviço devocional. Esses quinze itens além de outras verdades inconcebíveis são
realizadas. Quanto mais o conhecimento material está misturado com o samadhi natural, menos é possível realizar a verdade. Quanto maior o
avanço no caminho do samadhi natural através do controle da argumentação racional, que é como um ministro do conhecimento material,

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mais é possível abrir o cofre e ter posse das verdades espirituais indescritíveis. O cofre de VaikuA˜ha está sempre cheio. O Senhor
Krsnacandra, o objeto adorável de todos, está sempre convidando as entidades vivas a abrirem a porta desse cofre. (5)

Destruímos as dúvidas que encobrem o samadhi, e estamos vendo no círculo interior de VaikuA˜ha a maravilhosa forma de Sri Krsna, que é
a personalidade mais elevada de Vndavana. Se o nosso samadhi fosse contaminado com conhecimento material e se a propensão de fazer
argumentação racional, depois de abandonar todo conhecimento mundano, penetrasse no processo de samadhi, não teríamos a condição de
aceitar a qualidade da diversidade do mundo espiritual e nos dirigiríamos apenas até o Brahman impessoal. Mas se o conhecimento material e
a argumentação fossem subjugados de alguma maneira e penetrassem apenas em algum grau no processo de samadhi, então aceitaríamos a
diferença eterna entre a alma e a Superalma, e mais nada. Mas uma vez que eliminamos completamente essa malévola propensão de duvidar,
alcançamos a realização completa da maravilhosa forma do abrigo supremo. (6)

Agora , vamos explicar a forma e a beleza do Senhor, que são realizadas através de samadhi. A maravilhosa forma do Senhor que sustém
todos os temas espirituais, é como uma forma humana (ver 2,17-18). Não há diferença entre a energia e o seu efeito na plataforma absoluta,
no entanto o aspecto sandhini da potência espiritual com a ajuda da diversidade arranja um efeito tão perfeito que é criada uma cena
maravilhosa sem precedentes. Não há nada que se compare a essa beleza, nem nesse mundo e nem no mundo espiritual. Uma vez que não
há o predomínio do tempo e do espaço na Verdade Absoluta, o significado ou grandeza da forma do Senhor não aumentam as Suas glórias;
isto é, como a Sua forma está além da plataforma material, ela é sempre maravilhosa e completa. Portanto estamos vendo o corpo do
Senhor, que é a fonte de toda a beleza, através de samadhi. A forma do Senhor é ainda mais doce. Quanto mais profundamente vermos a
forma do Senhor através dos olhos de samadhi, mais vemos uma forma prazeirosa escura indescritível. Talvez essa forma espiritual seja
refletida de maneira pervertida como o azul mundano das safiras, que causam alívio aos olhos mundanos, ou nuvens recém formadas
mundanas, que aumentam a felicidade dos olhos mundanos ardentes. (7)

As potências sandhini, samvit e hladini imergem maravilhosamente na maravilhosa forma triplamente curva do Senhor. Os olhos sempre
prazeirosos do Senhor incrementam a beleza da Sua forma. Talvez as flores de lótus desse mundo tenham modelado os Seus olhos. A coroa
na cabeça do Senhor está decorada maravilhosamente. Talvez as penas de pavão desse mundo sejam modestas diante dessas decorações.
Uma guirlanda de flores espirituais incrementa a beleza do pescoço do Senhor. Talvez, a guirlanda de flores silvestres desse mundo tenha
sido modelada depois dessa guirlanda transcendental. O conhecimento espiritual, que se manifesta do aspecto samvit da potência espiritual,
cobre a cintura do Senhor. Talvez o relâmpago de uma nuvem recém formada desse mundo tenha sido modelado depois dessa cobertura.
Jóias espirituais como a Kaustubha e outros ornamentos decoram a Sua forma maravilhosamente. O instrumento pelo qual o Senhor convida
docemente ou que atrai espiritualmente é conhecido como a Sua flauta. A flauta desse mundo, que cria várias ragas, ou modos musicais,
deve ter sido modelada depois dessa flauta. Essa forma inconcebível do Senhor é vista sob uma árvore kadamba, que é a forma dos cabelos
arrepiados pelo êxtase, às margens do Yamuna, que é a forma do líquido espiritual. (8-9)

Sri Krsna, o filho de Nanda e Senhor dos mundos espiritual e material, é visto pelos vaisnavas com os sintomas espirituais que citamos,
através de samadhi. Uma pessoa com comportamento semelhante a cisnes não deve menosprezar esses aspectos espirituais porque eles têm
sombras como formas materias nesse mundo. Todos esses aspectos espirituais se combinam para aumentar o esplendor do Senhor. Quanto
mais nos aprofundamos no samadhi, mais aspectos sutis do Senhor são vislumbrados e veremos menos variedade nas qualidades do Senhor
em um samadhi mais superficial. As pessoas desafortunadas que estão enamoradas pelo conhecimento material são incapazes de ver a forma
espiritual do Senhor e a diversidade do mundo espiritual, mesmo que tentem ver VaikuA˜ha através de samadhi. Por esse motivo o seu
cultivo espiritual é limitado e o seu tesouro de amor é muito pobre. (10)

O Senhor Sri Krsnacandra, que é realizado através de samadhi, sequestra os corações das gopis e criadas dos mundos material e espiritual
com o som da Sua flauta, que é a forma de toda a atração. (11)

Como esses corações que foram poluídos pelo prestígio social podem alcançar Krsna? O orgulho malevolente desse mundo material tem seis
causas: nascimento, beleza, qualidades, conhecimento, opulência e poder. As pessoas que estão tomadas por esses tipos de orgulho não
podem aceitar o serviço devocional ao Senhor. Diariamente experimentamos isso em nossas vidas. As pessoas que estão poluídas pelo
conhecimento consideram a ciência de Krsna muito insignificante. Ao considerarem a meta da vida, tais pessoas consideram a felicidade do
Brahman como sendo superior à felicidade do serviço devocional. As pessoas que estão desprovidas de orgulho alcançam os sentimentos
das gopis e gopas para desfrutar com Krsna. As gopas e gopis são autoridades na ciência de Krsna. A razão para usar a palavra gopi nesse
verso é que nesse livro estamos discutindo a rasa mais elevada de amor conjugal. As pessoas que estão situadas em santa, dasya, sakhya e
vatsalya rasas também estão no humor de Vraja e elas vivenciam as doçuras transcendentais do relacionamento com Krsna de acordo com
os seus respectivos sentimentos. Não vamos nos alongar sobre eles nesse livro. Na verdade todas as entidades vivas são elegíveis para o
humor de Vraja. Quando o nosso coração está cheio de sentimentos de madhurya, alcançamos Vraja com toda a perfeição. Dentro das
cinco rasas, uma pessoa é naturalmente atraída pela rasa que ela possui no relacionamento constitucional com o Senhor e portanto deve
adorar o Senhor nesse humor em particular. Mas nesse livro só descrevemos o mais elevado humor de amor conjugal da entidade viva.
(12)

Aqueles que alcançaram os sentimentos das gopis são chamados seres perfeitos e aqueles que os imitam são chamados praticantes. Portanto
os eruditos, que conhecem a Verdade Absoluta, aceitam dois tipos de sadhus: seres perfeitos e praticantes (13)

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Agora vamos explicar o processo gradual de sadhana para aqueles que estão no humor das gopis. Quando o som da flauta de Krsna entra
no coração de uma entidade viva que está vagando no mundo material, ela é atraída pelo doce som e se torna altamente qualificada. (14)

Gratificação dos sentidos é o principal anartha do materialista. Quando o abrigado abandona o abrigo, então ele se considera o desfrutador
de maya. Se a propensão do praticante pelo desfrute for rapidamente destruída, então ele pode alcançar abrigo nas pessoas que estão
apegadas à rasa conjugal e passar a se considerar uma mulher transcendental, para ser desfrutada pelo Senhor. Essas pessoas desaenvolvem
p™rva-raga gradualmente e em tamanha intensidade que acabam ficando quase loucas. (15)

Por ver imagens de Krsna ou por ouvir repetidamente descrições de Krsna das pessoas que O viram, a nossa ansiedade em alcançar Krsna
aumenta ilimitadamente. (16)

Quando uma entidade viva experimenta atração pelo Senhor através do conhecimento natural, isso é conhecido como ouvir canções de
Krsna. Vivenciar Krsna depois de estudar minuciosamente as descrições de Sua forma narrada nas escrituras por pessoas que O viram é
chamado ouvir as qualidades de Krsna. Ver o talento artístico de Krsna nesse mundo é chamado ver a imagem de KrAa. Esse mundo
material é uma sombra da diversidade do mundo espiritual. Quem quer que tenha percebido isso viu a imagem de Krsna. Em outras palavras,
uma pessoa se torna um vaisnava por três processos: vendo o Senhor através do conhecimento natural, realizando o Senhor através do
estudo das escrituras e vendo o Senhor através do Seu talento artístico. (17)

A fé pura em Krsna, que é o abrigo dos sentimentos de Vraja, é chamada p™rva-raga ou prag-bhava. Quando essa fé desperta, a pessoa
alcança a associação de um devoto residente em Vraja. A associação com os devotos é a causa da realização de Krsna. (18)

Essas pessoas afortunadas estabelecem um relacionamento amoroso com Krsna e gradualmente avançam para a margem do líquido espiritual
conhecido como Yamuna, onde elas se encontram com o seu amado. (19)

Pela associação com Krsna, elas experimentam naturalmente tamanha felicidade transcendental que a felicidade do Brahman é considerada
insignificante perto dela. Nessa ocasião a felicidade da vida familiar material se torna comparável à água contina nas pegadas de um bezerro
em relação ao oceano. (20)

Depois disso, o Senhor e alma de todas as almas, em Sua forma sempre nova, aumenta ilimitadamente esse oceano de bem-aventurança. O
Senhor, que é o abrigo de todas as rasas, sempre aparece maravilhosamente sempre-vicejante. Em outras palavras, a sede de rasa das
pessoas abrigadas sempre aumenta e nunca fica satisfeita. Através de samadhi, os grandes devotos têm visto cinco rasas diretas no mundo
espirtual, começando com santa, e sete rasas indiretas, começando com heroismo e compaixão. Uma vez que o mundo material é
comparado a uma sombra do mundo espiritual, todas as rasas de imitação que existem no mundo material devem certamente estar presentes
em suas formas puras em VaikuA˜ha. (21)

Agora iremos discutir com profundidade a ciência de rati, ou atração, que já explicamos anteriormente. A atração é a semente do amor e o
principal fator que habilita o candidato à execução do serviço devocional. O apego perfeito auto-iluminado de uma entidade viva pelo
aspecto sat-cid-ananda do Senhor é chamado atração. A propensão naturalmente perfeita de apego entre identidades espirituais é muito
forte entre Krsna e as entidades vivas. Esse estágio é chamado sthayi-bhava, sentimentos extáticos permanentes, que é a meta do Srimad
Bhagavatam, a literatura que serve de ornamento para os paramahaˆsas. (22)

Essa atração é a origem sutil da rasa. Assim como o número “um” é a origem para o processo de contagem dos números e no entanto
permanece presente nos números subsequentes, analogamente, no estado maduro de priti — quando há prema, sneha, mana e raga — a
atração (rati) permanece presente como a origem. A atração é tida como a causa de todas as atividades de priti, enquanto bhava e os outros
vários ingredientes são tidos como ramos e sub-ramos. Portanto, a atração aumenta continuamente sob o abrigo de rasa. Há doze rasas
diretas e indiretas. (23)

Santa, dasya, sakhya, vatsalya e madhurya são as cinco rasas diretas. Além das cinco doçuras diretas, existem sete indiretas: hasya (riso),
adbhuta (maravilhamento), vira (cavalheirismo), karuAa (compaixão), raudra ( Ira), bibhatsa (desastre), e bhaya (medo). Essas sete rasas
indiretas derivam das cinco rasas diretas. Até que a atração se misture com um certo relacionamento, ela permanece em um estado neutro e
não pode agir. Mas quando a atração se junta a um relacionamento em particular, ela começa a se manifestar. As emoções que são
produzidas por essa manifestação são as rasas indiretas. (24)

Quando rati, atração, assume a forma de rasa, ela vai se tornando cada vez mais luminosa ao se misturar com quatro outros ingredientes.
Apesar da atração estar presente sob o abrigo da rasa, ela não pode se manifestar sem os ingredientes. Esses ingredientes são de quatro
tipos — vibhava (êxtase especial), anubhava (êxtase subordinado), sattvika (êxtase natural), e vyabhicari (êxtase transitório). Vibhava é
dividido em duas categorias: alambana (o suporte) e uddipana (estímulo). Alambaba pode ser dividos em dois: Krsna e os Seus devotos. As

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qualidades e características de Krsna e dos Seus devotos são chamadas uddipana. Anubhava está dividida em três: ala‰kara (ornamentos
do amor emocional), udbhasvara (manifestações externas do amor emocional), e vacika (manifestações verbais do amor emocional). Os
doze tipos de ala ‰ karas, tais como bhava (êxtase) e hava (gestos), são categorizados em três: a ‰ gaja (em relação com o corpo),
ayatnaja (em relação com o eu), e svabhavaja (em relação com a natureza). Atividades físicas como jmbha (bocejar), ntya (dançar) e
luA˜hana (espoliar) são conhecidas como udbhasvaras (manifestações externas do amor emocional). Existem doze vacika anubhavas, tais
como alapa e vilapa. Existem oito sattvika-vikaras, tais como stambha (estar atônito), e sveda (perspirar). E existem trinta e três
vyabhicari-bhavas, tais como nirveda (indiferença). A atração requer suporte constante de rasa e desses ingredientes para sustentar o
relacionamento até mahabhava. (25)

Essa atração por Krsna também é conhecida como sthayi-bhava e bhakti-rasa. Devido ao relacionamento das almas condicionadas com o
mundo material, a atração delas assume a forma do serviço devocional. Nas almas liberadas de VaikuA˜ha, a atração é eternamente presente
na forma de priti, ou amor. (26)

Os estágios graduais do desenvolvimento da atração até mahabhava, a manifestação da atração sob o abrigo da rasa direta e indireta e o
ilimitado oceano de doçura criado pela maravilhosa mistura da atração com os ingredientes mencionados são a riqueza eterna das almas
liberadas e a meta das almas condicionadas. Vocês podem indagar qual é a necessidade de praticar o serviço devocional se essa bem-
aventurança espiritual (rasa) é eterna. A resposta é que a atração das entidades vivas se tornou pervertida e mundana. Portanto , temos que
fazer despertar a atração pura no coração praticando serviço devocional. (27)

Personalidades eruditas como Vyasadeva e nós mesmos, temos visto através de samadhi que a ciência da atração é muito saborosa para as
entidades vivas. As qualidades da origem são de alguma maneira refletidas em sua sombra. É por isso que os relacionamentos amorosos
desse mundo material são a forma mais agradável de desfrute material. Mas a atração entre o macho e a fêmea nessa mundo material é
insignificante e abominável quando comparado com a atração espiritual. Como declara o Srimad Bhagavatam:

“Quem quer que ouça ou descreva com fé os relacionamentos amorosos do Senhor com as jovens gopis de Vndavana, alcançará o serviço
devocional puro ao Senhor. Dessa maneira ele logo se torna sóbrio e conquista a luxúria, a doença do coração.” (Bh. 10.33.39) (28)

Dessa maneira, descrevemos as atividades até a dança da rasa e os sentimentos até mahabhava, que são desfrutados pelo Senhor Supremo
e as entidades vivas eternamente liberadas. (29)

Devido à associação com a matéria, esse é o limite até onde as nossas palavras podem descrever. Tudo que está além disso só pode ser
conhecido através de samadhi. (30)

Assim termina o nono capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “Alcançando os Pés de Lótus de Sri Krsna.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

CAPÍTULO 10
CARACTERÍSTICAS DOS ASSOCIADOS DO SENHOR KRSNA
Agora vamos descrever as características dos devotos de Krsna que estão no humor de Vraja. As carecterísticas daqueles que despertaram
raga, ou fé na forma de p™rva-raga, é sempre pura e impecável. Nessa conjuntura necessitamos considerar a ciência da raga, ou apego.
O elo de ligação entre o coração e o seu repositório é chamado priti. A parte desse elo que se liga ao repositório é chamado prazer
sensorial. A parte que se liga ao coração é chamada raga. Os sintomas do puro apego espiritual de uma entidade viva e os de uma entidade
viva com apego mental impuro são semelhantes, em termos de relacionamento, ao coração e o seu repositório. Quando o apego começa a se
manifestar, ele é conhecido como fé. As características tanto das pessoas com fé quanto das pessoas com apego são puras. (1)

Alguém pode indagar: “Qual a razão para isso?” A resposta é a seguinte: A ciência do apego das entidades vivas é única. O apego está
presente quer o repositório seja o Senhor, quer seja algo mundano, a única diferença está no repositório. Quando o apego se volta a
VaikuA˜ha, então não permanece o apego pelo mundo material; a pessoa só passa a aceitar o necessário para a sua manutenção. Até
mesmo os objetos que são aceitos para isso se tornam transcendentais. Portanto, todos os apegos se tornam espiritualizados. Assim que há
uma falta de raga, asakti também diminui. Devido à aceitação de objetos materiais com motivos impuros, a pessoa vai gradativamente
desenvolvendo a falta de fé. Portanto, é quase impossível que um devoto aja pecaminosamente. E se ele age de maneira impura em alguma
ocasião, não é preciso que haja expiação. O significado principal é que o pecado é cometido pelas atividades ou desejos. Atividades
pecaminosas são chamadas pecado e os desejos pecaminosos são considerados as sementes dos pecados. As atividades pecaminosas não

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são pecaminosas por constituição, porque de acordo com o desejo da pessoa, às vezes ela pode ser pecaminosa, outras vezes não. Se
tentarmos investigar a causa primitiva do desejo pecaminoso, ou a semente do pecado, então poderemos determinar que a identificação do
corpo com o eu é a causa primitiva dos desejos pecaminosos da entidade viva. Devido a essa identificação errônea do corpo como sendo o
eu, surge tanto o pecado quanto a piedade. Portanto tanto o pecado quanto a piedade são relativos, e não constitucionais. As atividades ou
desejos que de maneira relativa ajudam a alma a alcançar a sua posição constitucional são chamados piedade. O oposto disso é chamado
pecado. Uma vez que o serviço devocional a Krsna é a nossa posição constitucional, quando cultivamos esse serviço, então a ignorância,
que a causa que determina as situações relativas na forma de pecado e piedade, vai se desfazendo gradualmente e por fim acaba. Apesar do
desejo em se dedicar a atividades pecaminosas possa surgir de repente, ele é logo dominado através do processo de serviço devocional.
Nesse ponto o esforço pela expiação é inútil. Existem três tipos de expiação: expiação através de karma, expiação através de jnana e
expiação através de bhakti. Lembrar de Krsna é a expiação através de bhakti. Portanto, o serviço devocional é uma expiação através de
bhakti. Não há necessidade dos devotos se dedicarem a um esforço expiatório separado. A expiação em jnana é através do
arrependimento. Pela expiação de jnana são destruídos os pecados e as sementes dos pecados, ou desejos, mas a ignorância não é
destruída sem bhakti. Pela expiação através de karma, tal como o processo de candrayaAa (jejuns progressivos conforme a quinzena
lunar), os pecados são eliminados, mas as sementes dos desejos pecaminosos e a ignorância, a causa primitiva dos pecados e do desejo de
pecar, permanece inalterada. Devemos considerar essa ciência da expiação com muito cuidado. A prática do arrependimento é observada
em alguns processos devocionais estrangeiros baseados na rasa paternal, e uma vez que essa rasa paternal é misturada com jnana e
opulência, isso é razoável. No entato, no serviço devocional imotivado ao doce Senhor,não há rasas opostas como medo, arrependimento
ou liberação. A realização da nossa posição constitucional e a eliminação de todos os pecados anteriores, tanto os frutificados quanto os
não-frutificados, são frutos irrelevantes de bhakti e portanto são facilmente alcançados pelos devotos. Quanto aos jnanis, eles destroem
seus pecados não-frutificados pelo processo indireto do arrependimento e desfrutam dos resultados dos seus pecados frutificados na vida
atual. Quanto para os karmis, seus pecados serão destruídos ao desfrutarem os frutos, na forma de punição. Portanto na ciência da expiação
é extremamente importante considerar a qualificação do praticante. (2)

Da vida animal para a vida humana e dos princípios regulativos ao apego existem muitos níveis de qualificação. A realização dos deveres que
uma pessoa tem de acordo com a sua qualificação é chamada piedade e os desvios dessas qualificações é chamado impiedade. Se
considerarmos todas as atividades de acordo com esse princípio, então qual é a necessidade de calcular separadamente a nossa piedade ou
impiedade? De acordo com a qualificação, a piedade de uma pessoa pode ser impiedade para a outra. Quando os cães e chacais roubam e
quando as cabras têm sexo ilícito, isso pode ser considerado pecaminoso? Essas atividades são certamente consideradas pecaminosas
quando praticadas por seres humanos. Aqueles que são muito apegados aos objetos materiais devem se associar com mulheres através do
casamento e para essas pessoas isso é considerado piedade. Mas para aqueles cujo apego pelos objetos materiais foi totalmente direcionado
para o Senhor Supremo, os relacionamentos amorosos através do casamento são proibidos; porque por uma grande fortuna eles alcançaram
amor por Krsna. Divergir esse amor pelo Senhor para os objetos materiais é certamente um ato de degradação. Por outro lado, as pessoas
que são como animais podem ter a necessidade de se associar com mais de uma mulher através do casamento para se tornarem piedosas.
Do início do processo de adoração do Senhor até se alcançar o humor de Vraja existem diferentes modos, tais como ignorância, paixão,
bondade e transcendência. De acordo com a natureza do praticante, avanço do conhecimento, e absorção no espírito de VaikuA˜ha, são
vistas inúmeras qualificações. De acordo com essas qualificações, são vistos diferentes formas de karma e jnana. Não vamos aumentar o
volume desse livro mencionando exemplos, porque uma pessoa meditativa pode compreender isso por si só. Todas as dualidades como
pecado e virtude, religião e irreligião, atividades apropriadas e impróprias, céu e inferno, conhecimento e ignorância são temas para discussão
entre pessoas que têm apego pervertido. Na verdade, elas não são piedosas e nem impiedosas. Só as explicamos como piedosas ou
impiedosas devido a uma consideração relativa. Se formos considerar independentemente, então poderemos compreender que a
perversividade do apego da alma é impiedade e permanecer na posição constitucional de apego da alma é chamado piedade. As pessoas
com comportamento de cisnes aceitam as atividades que sustêm, a piedade como piedosas e as que sustêm a impiedade como ímpias. Não
há necessidade de se abrigar na especulação seca ou concordar com argumentos tendenciosos. (3)

Desenvolver o amor é a meta da entidade viva. Sabendo disso, os devotos de Krsna não apreciam nem rejeitam as formalidades externas e
conflitos sectários. Eles permanecem indiferentes a todas as formas de dualidades insignificantes. (4)

Os eruditos devotos de Hari conhecem perfeitamente bem que as atividades que dão prazer ao Senhor Krsna são chamadas karma e as
atividades que atraem a nossa mente para Krsna são chamadas conhecimento. Tendo isso em mente, eles se dedicam apenas a atividades e
no cultivo de conhecimento que desenvolvem as suas vidas espirituais. Eles compreendem que todas as outras atividades e conhecimento são
inúteis. (5)

Eles são naturalmente humildes, fixos em conhecimento e sempre preocupados com o bem-estar dos outros. Suas inteligências são tão fixas
que mesmo ao sofrerem dores severas nas vidas atuais e futuras, eles jamais se desviam da vida espiritual. (6)

Quer suas mentes e corpos mudem naturalmente pelo despertar do apego, quer eles cultivem conhecimento para realizar a ciência do apego,
os devotos de Krsna que estão no humor de Vraja chegam a uma conclusão natural. A conclusão é que a alma é pura por natureza e
desprovida de qualidades materais. O que chamamos de mente não tem existência própria, porque é apenas uma perversão do contato da
alma com a matéria para aumentar o conhecimento da alma condicionada. As propensões originais da alma são exibidas no mundo relativo
através das propensões da mente. Na realidade de VaikuA˜ha, uma alma age de acordo com as suas propensões constitucionais — não há
existência da mente. Quando a alma entra em contato com a matéria, o seu conhecimento puro se torna quase dormente e ela aceita o
conhecimento pervertido como real. Esse conhecimento é adquirido pela interação da mente com a matéria. Isso é chamado conhecimento
material. O nosso corpo atual é material e relacionado com a alma apenas enquanto a alma é condicionada. Apenas o Senhor Supremo
conhece o relacionamento entre uma alma pura e os seus corpos sutis e grosseiro; os seres humanos são incapazes de saber isso. No
processo do serviço devocional um devoto deve aceitar tudo o que seja necessário para manter o corpo a alma juntos por tanto tempo
quanto Krsna desejar. A entidade viva é natural por natureza. Ela é uma serva eterna de Krsna e o seu único dever constitucional é o de

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amar a Krsna. Na hora de abandonar o corpo, alcançamos, pela vontade do Senhor, um destino de acordo com o estado dos nossos
corações. Portanto uma pessoa que deseje auspiciosidade deve aceitar o processo de serviço devocional. Quando a misericórdia do Senhor
é concedida a um devoto que está seguindo o processo de serviço devocional, então a conexão do devoto com o mundo material é destruída
facilmente. Isso nunca é possível com o esforço individual — quer por se abandonar o corpo, quer por se renunciar às atividades ou por se
opor ao Senhor. Essa verdade suprema foi obtida através de samadhi. A vida humana está baseada em karma e jnana, mas quando nos
abrigamos em bhakti, então a nossa devoção por Krsna desperta. (8)

As pessoas que realizaram essa verdade e que estão absortas no humor de Vraja adoram Krsna, que é eternamente pleno de conhecimento
e de bem-aventurança, através de samadhi. (9)

Quando o amor que a entidade viva sente por Krsna aumenta, então ondas desse amor se espalham pelo seu corpo sutil mental e criam
várias emoções misturadas. Nesse momento, há um despertar do pensamento, da lembrança, meditação, concentração e consideração de
como se purificar — tudo isso nos ajuda a adorar com a mente. Não devemos abandonar o processo de adoração com a mente devido a
emoções misturadas, pois essas emoções misturadas permanecerão naturalmente até que haja a destruição do corpo sutil. As atividades
mentais que se acumulam através do contato com a matéria demonstram o conceito de idolatria mundana, mas as emoções que se
manifestam e que gradualmente se difundem pela mente e pelo corpo no esforço que a alma faz pelo samadhi são verdades espirituais
refletidas. (10)

Dessa maneira, para as almas condicionadas, as trocas amorosas assumem a forma de atividades mentais. Essas atividades mentais, que são
reflexos das trocas espirituais, vão aumentando e se espalhando pelo corpo. Elas aparecem na ponta da língua e glorificam os nomes e
qualidades do Senhor espiritualmente refletidos. Elas aparecem nos ouvidos e ouvem os nomes e qualidades do Senhor. Elas aparecem nos
olhos e vêem o reflexo espiritual sat-cit-ananda da forma de Deidade do Senhor nesse mundo material. Os suddha-sattvika-bhavas,
transformações corpóreas, vão aumentando no corpo e se manifestam na forma de arrepios, choro, perspiração, calafrios, dança,
oferecimento de reverências, queda ao solo, abraço amoroso e peregrinação aos locais sagrados. As emoções inerentes da alma devem
continuar a permanecer ativas com a alma, mas no mundo material a misericórdia do Senhor é a força principal para o despertar de emoções
espirituais e nos situar na posição constitucional. Com o desejo de converter o apego material em epego espiritual, todas as emoções
espirituais estão misturadas com emoções materiais. Por se abandonar parag-gati e se praticar pratyag-gati. Quando essa corrente flui
novamente na morada da alma, ela é chamada pratyag-gati. O pratyag-dharma de estar ansioso em comer preparações palatáveis é comer
maha-prasada. O pratyag-dharma dos ouvidos é ouvir os passatempos de Hari e canções devocionais. O pratyag-dharma do nariz foi
exemplificado pelos quatro Kumaras, quando eles cheiraram a tulasi e a pasta de sândalo que foi oferecida aos pés do Senhor. A pratyag-
dharma da associação com o sexo oposto através do casamento para a prosperidade da família vaisnava foi exemplificado por Manu,
Janaka, Jayadeva e Pipaji. O pratyag-dharma dos festivais é visto nos festivais que comemoram os passatempos do Senhor Hari. Essas
características humanas, repletas de emoções de pratyag-dharma, são vistas nas vidas das personalidades puras de comportamento de
cisnes. (11)

Isso quer dizer que as pessoas de comportamento de cisnes só se dedicam às atividades espirituais e negligenciam as atividades materiais?
Não. Essas pessoas adoram Krsna no humor que mais desfrutam e assumem os cuidados com o corpo valentemente. Comendo,
desfrutando, fazendo exercícios, atividades industriais, andando ao ar livre, dormindo, conduzindo veículos, protegendo o corpo, protegendo
a sociedade e viajando. É assim que se comportam as pessoas de comportamento semelhante a cisnes. (12)

Esses vaisnavas atuam valentemente e trabalham entre os homens. Eles são o abrigo das mulheres e são respeitados por elas. Eles tomam
parte das atividades sociais e vão obtendo experiência de vida. Eles ensinam às suas crianças o artha-sastra e dessa maneira se tornam
líderes entre os mestres. (13)

Livros sobre a ciência física e mental, livros sobre indústria, sobre a ciência da linguagem, sobre gramática e livros sobre a ornamentação da
linguagem são conhecidos como artha-sastras. Obtêm-se alguns tipos de benefícios físicos, mentais, familiares e sociais através dessa
literatura. O nome desses benefícios é artha. A vantagem dessa literatura é que por estudar os livros de medicina, pode-se alcançar o
benefício da cura. Por estudar livros sobre música, pode-se obter a felicidade da mente e dos ouvidos. Pelo conhecimento científico material
são criados maquinários maravilhosos. Por estudar livros de astrologia, pode-se obter o benefício de determinar as ocasiões próprias e as
impróprias para determinadas atividades. Aqueles que estudam esses artha-satras são também conhecidos como eruditos artha-vits,
porque o principal propósito de seus deveres ocupacionais é o de proteger a sociedade. No entanto, os eruditos espirituais praticam a vida
espiritual com esses arthas. Os vaisnavas que têm comportamento semelhante a cisnes nunca são contrários a discutir essas escrituras. Eles
abstraem a meta suprema da vida espiritual desses artha-sastras e se tornam adoráveis entre os eruditos artha-vit. Os eruditos artha-vit
ficam felizes em assisti-los em determinar a Verdade Absoluta. Eles não odeiam ou rejeitam as várias pessoas pecaminosas. Os vaisnavas
com o comportamento semelhante a cisnes estão sempre se dedicando em purificar os corações das pessoas pecaminosas através de
instruções confidenciais, conferências públicas, conselho amigo, castigando, estabelecendo exemplo e às vezes até punindo os pecadores.
(14)

Apesar das características dos vaisnavas de comportamento de cisnes ser maravilhoso, às vezes eles não manifestam as atividades que
mencionamos por estarem cativados pelos crescentes sentimentos de amor. Esses vaisnavas, que são queridos por todos, às vezes vivem em
locais solitários e se dedicam à mais confidencial adoração introspectiva do Senhor. (15)

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Ao descrever as glórias de Vraja, despertou no autor uma intensa ambição pelo amor a Deus e portanto ele diz: “Quando serei afortunado
para poder adorar o Supremo Senhor sat-cid-ananda na associação de vaisnavas de comportamento semelhante a cisnes na floresta de
Vndavana às margens do Yamuna?” (16)

Que a minha ocupação eterna seja buscar abrigo aos pés de lótus dos vaisnavas de comportamento de cisnes. Eles são capitães do barco
para a travessia do oceano material e apenas por sua misericórdia os karmis e o jnanis se tornam vaisnavas puros como eles. (17)

Existem três tipos de vaisnavas — kani˜ha-adhikaris, cuja fé é muito tênue; madhyama-adhikaris e uttama-adhikaris. Aqueles que
consideram karma-kaAda e os seus resultados como permanentes e que são contrários à Verdade Absoluta são denominados
trabalhadores fruitivos mundanos. Aqueles que desejam estabelecer a liberação na imersão no Brahman impessoal são estremamente secos e
desprovidos de rasa. Eles são queimados pelo conhecimento por não compreenderem a diversidade eterna. Os vaisnavas são aqueles que
aceitaram a diversidade espiritual eterna do destino supremo das entidades vivas. Eles estão convencidos que a posição eterna das entidades
vivas é adorar o Senhor, que é misericordioso, cheio de doçuras e opulências, a morada da felicidade e que é sempre diferente das entidades
vivas. Os trabalhadores fruitivos e os especuladores mentais podem se transformar em vaisnavas e viverem como seres humanos puros
devido à influência da boa associação e por boa fortuna. A contaminação que é encontrada na vida dos vaisnavas kani˜ha-adhikaris e
madhyama-adhikaris é encontrada com muito mais abundância entre os trabalhadores fruitivos e os especuladores mentais. Mesmo se os
trabalhadores fruitivos e especuladores mentais se tornarem vaisnavas, os resíduos de suas concepções materiais e argumentos continuarão
como maus hábitos. Esses maus hábitos são as contaminações encontradas nos vaisnavas kani˜ha e madhyama-adhikaris. De qualquer
maneira, essas contaminações são certamente o resultado da ignorância e do preconceito. Dentre os três tipos de vaisnavas, os uttama-
adhikaris não têm preconceitos ou concepções materiais. Eles podem não ter o conhecimento dos vários tema materiais, mas os vaisnavas
que têm comportamento semelhante a cisnes destróem com vigor todo tipo de preconceitos. Os vaisnavas madhyama-adhikaris não
desejam ser vaisnavas asininos, mas a tendência de se comportarem como cisnes ainda não despertou neles completamente. Eles ainda
guardam algumas dúvidas em seus corações devido ao preconceito anterior. Apesar dessas pessoas aceitarem a diversidade espiritual e o
samadhi natural, elas não podem realizar apropriadamente a ciência de VaikuA˜ha devido à sua natureza argumentativa. Apesar dos
kani˜ha-adhikaris serem considerados vaisnavas, eles estão completamente sob o controle do preconceito. Eles se asociam com os
trabalhadores fruitivos sob a jurisdição dos princípios regulativos. Apesar de não serem os candidatos apropriados para estudar esse livro, se
eles o discutirem com a assistência dos uttama-adhikaris, eles logo se tornarão uttama-adhikaris. Portanto, os três tipos de vaisnavas
devem estudar esse livro para poderem aumentar o seu amor por Krsna e alcançarem a felicidade transcendental. (18)

Nesse livro discutimos a Verdade Absoluta, portanto tenham a bondade de perdoar a minha gramática ou defeitos de linguagem. As pessoas
de comportamento de cisnes não perdem tempo com essas coisas. Quem critica esses defeitos externos ao estudar esse livro obstruirá o seu
propósito principal — aceitar a essência da Verdade Absoluta — e não é elegível para estudar esse livro. Os argumentos nascem da
educação infantil e são desprezíveis em assuntos sérios. (19)

Esse livro, que é querido pelos devotos, foi compilado por Kedaranatha, que pertence à comunidade kayastha de Bharadvaja da família
Datta e que reside em Ha˜˜a Khola, Calcutá. Esse livro foi escrito no ano de 1879 durante a minha estadia na vila de Bhadraka, Orissa, com
propósitos oficiais. (20)

Assim termina o décimo capítulo do Sri Krsna-samhita, intitulado “As Características dos Associados do Senhor Krsna.”

Que o Senhor Krsna fique satisfeito.

Hari Hari bol!

CONCLUSÃO

O propósito principal e a necessidade de escrever esse Sri Krsna-samhita já foi descrito na introdução. Abrangemos todos os tópicos
relevantes nos versos desse saˆhita, mas não usamos o método que os acadêmicos modernos costumam usar quando consideram esses
tópicos. Portanto, temo que muitas pessoas irão rejeitar o Sri Krsna-samhita considerando-o um livro fora de moda. Estou em um dilema. Se
tivesse usado a metodologia moderna ao compor os versos, então os acadêmicos da antiga tradição teriam certamente desconsiderado esse
livro. Por essa razão, compus a parte principal do livro de acordo com a tradição antiga, e escrevi a Introdução e a Conclusão de acordo
com a tendência moderna. Dessa maneira, tentei satisfazer os dois grupos e acabei sendo compelido a aceitar a falha da repetição. Nessa
conclusão irei considerar todos os tópicos resumidamente.

O vaisnava-dharma de comportamento de cisnes é o dever constitucional eterno da alma. Ele não foi criado por nenhuma seita ou pessoa.
No devido curso de tempo iremos gradativamente realizando a pureza desse dever. Qual é a dúvida? A progressão do esclarecimento
depende da pessoa e não do tema. O sol é sempre igual para todos, mas devido à percepção do observador ele pode parecer mais quente
ao meio-dia. Analogamente, os deveres constitucionais puros são compreendidos progressivamente como superiores, à medida em que as
pessoas progridem, apesar de que na verdade os deveres constitucionais permanecem os mesmos o tempo todo. Agora vou começar a
discutir a ciência desses deveres constitucionais.

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O inaugurador da fé vaisnava de corportamento de cisnes, Sri Caitanya Mahaprabhu, disse: “Como todas as pessoas são condicionadas,
somos compelidos a considerar os seus deveres eternos em três categorias diferentes: sambhanda, o relacionamento da alma com o Senhor;
abhideya, as atividades reguladas para reviver esse relacionamento; e prayojana, a meta definitiva da vida.” De acordo com as instruções
do Senhor, agora iremos discutir separadamente esses três temas.

Primeiro iremos discutir sambhanda. Quem é meditativo deve primeiro examinar a si mesmo. A partir da existência do nosso próprio eu é que
determinamos a existência dos outros objetos. Uma pessoa meditativa pode dizer: “Se eu não existo, então mais nada existe; porque sem
mim como é possível realizar as outras coisas?” Pela tendência de acreditar no próprio eu, uma pessoa meditativa estabelece a sua própria
existência e então observa a insignificância e dependência da alma. Assim que observamos o nosso próprio eu, imediatamente observamos o
suporte da Superalma. O sentimento de existência do atma e do Paramatma deve ser o primeiro passo na crença da nossa própria
existência. Quando uma pessoa meditativa olha para o mundo material, ela pode ver facilmente três coisas: o atma, o Paramatma e o
mundo material. Aqueles que não podem realizar a alma consideram-se matéria inerte. Na sua estimativa a matéria é eterna. Eles também
chegam à conclusão de que os elementos materiais criam consciência através do processo de evolução e que quando os elementos materiais
se separam da sua posição natural então a consciência regride à matéria inconsciente. Pessoas meditativas pensam dessa maneira porque
estão mais sob o controle das propensões materais do que sob propensões espirituais e portanto estão mais inclinadas a matéria do que ao
conhecimento. É por isso que suas esperanças, fé, entusiasmo, consideração e amor são todos materiais. Infelizmente o relacionamento que
essas pessoas têm com as que se encontram em samadhi é um tanto doloroso. Não há possibilidade de reconciliação entre a opinião delas e
a nossa, porque não aceitamos o método que elas determinam para alcançar a Verdade Absoluta. Elas estão sob as garras da argumentação
lógica e esses armamentos nunca serão capazes de estabelecer a existência do eu. Qual é a utilidade de se colocar um telescópio no ouvido?
Alguém é capaz de ver imagens com um microfone? Analogamente, como alguém pode ver VaikuA˜ha com o instrumento da argumentação?
Todos os assuntos desse mundo material estão sob a jurisdição da argumentação, mas a alma não pode ser vista por nenhum outro método
além da auto-realização. Se a argumentação aceita o caminho apropriado, então podemos compreender rapidamente que ela é incompetente
para elucidar os assuntos relacionados com a alma. A alma é conhecimento puro, e portanto é auto-iluminada e a iluminadora da matéria.
Mas a propensão para a argumentação lógica, nascida da matéria, nunca pode iluminar a alma. Portanto, não sendo obrigados a aceitar a
conclusão materialista daqueles que argumentam, iremos considerar e perceber a alma e a Superalma através do processo de auto-realização
e com o instrumento temporário do argumento, que está situado entre a matéria e o espírito, iremos enumerar as verdades desse mundo
material.

Precisamos discutir separadamente atma, Paramatma e mundo material. Sri Ramanujacarya explicou elaboramente esses três temas
como espiritual, material e o Senhor. Na discussão sobre sambhanda, devemos considerar e determinar o relacionamento entre esses três
temas. Acarya Kapila, o proponente da filosofia Sa‰khya, enumerou vinte e quatro elementos no mundo material. Se desejarmos discutir o
mundo material, deveremos ter em conta os vinte e quatro elementos de Kapila. Os acadêmicos modernos que são peritos nas ciências
materiais estão tentando a duras penas descobrir os nomes, qualidades e características dos elementos originais através das máquinas recém-
inventadas. Dessa maneira, eles incrementam o conhecimento material das pessoas. As suas descobertas são muito respeitadas porque elas
são úteis no progresso da vida espiritual. No entanto, mesmo respeitando as suas descobertas, isso não quer dizer que devemos desrespeitar
a filosofia Sa‰khya de Kapila. Podem haver sessenta, sessenta e cinto, ou setenta elementos originais, mas isso não abala o sistema Sa
‰ khya de contar os elementos grosseiros como terra, água e fogo. Portanto as discussões de Kapila sobre o mundo material — que
consiste dos elementos materiais, suas qualidades, os sentidos, a mente, a inteligência e o falso ego — não são inúteis. Ou melhor, as divisões
de Kapila parecem até mais científicas. No Bhagavad-gita (7.4), que é uma compilação do Vedanta, são enumerados os seguites elementos:

“Terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e falso ego — juntos, todos esses oito elementos formam as Minhas energias materiais
separadas.”

Nesse contexto, as qualidades dos elementos estão incluídas nos elementos e todos os sentidos estão imersos nos elementos materiais sutis,
que consistem de mente, inteligência e falso ego. Portanto, no que se refere à contagem dos elementos materiais, as filosofias SaAkhya e
Vedanta são da mesma opinião.

Nesse ponto, devemos considerar se a mente, a inteligência e o falso ego são elementos materiais ou se são características da alma. Quanto a
isso, alguns acadêmicos europeus concluíram que a mente, inteligência e falso ego são compostos de elementos materiais e que a alma está
além deles. Acadêmicos modernos costumam aceitar a mente e a alma como sendo a mesma coisa. Tenho discutido com inúmeros
acadêmicos ingleses e reparei que eles consideram a alma como sendo diferente da mente, mas devido a uma linguagem pouco especializada,
eles costumam usar a palavra “mente” quando se referem à alma. No Bhagavad-gita (7.5) está declarado:

“Além dessas, Ó Arjuna de braços poderosos, existe outra energia, Minha energia superior, que consiste nas entidades vivas que exploram
os recursos dessa natureza material inferior.”

Ao estudarmos esse verso fica muito claro que as entidades vivas são diferentes dos elementos materiais mencionados anteriormente —
mente, inteligência e falso ego. Essa conclusão é própria das pessoas de comportamento de cisnes.

Nesse mundo visível de diversidade, são encontrados dois temas: espírito e matéria, ou a entidade viva e os elementos materiais. Os
vaisnavas aceitam esses dois temas como efeitos da potência inconcebível do Senhor Supremo. Agora, vamos padronizar as definições dos
elementos materiais e das entidades vivas. As entidades vivas são conscientes e podem agir independentemente. A matéria é inerte e está sob
o controle da consciência. Se considerarmos a existência de um ser humano em seu estado condicionado atual, então, indubitavelmente
deveremos considerar a sua consciência e os elementos materiais, porque pela doce vontade do Senhor as almas condicionadas estão
conduzindo uma máquina feita de elementos materiais.

O corpo material feito de sete constituintes fluídos (pus, sangue, carne, gordura, medula e sêmem), os sentidos, bem como a mente,
inteligência e falso ego (que são as fontes de conhecimento material), o lugar, o fator tempo e a consciência estão todos presentes no ser
humano. O corpo é completamente material, porque ele é feito de elementos materais e suas características. Os elementos materiais não são

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capazes de vivenciar o espírito, mas podemos perceber alguma evidências de existência espiritual em instrumentos maravilhosos como os
olhos, ouvidos e sistema nervoso no corpo de um ser humano. Os instrumentos pelos quais o conhecimento material tem acesso ao corpo
material são chamados sentidos. Depois de entrar no corpo material, o conhecimento material se mistura com um instrumento interno que
interpreta os elementos materiais. Esse instrumento é denominado mente. A mente vivencia o conhecimento material por meio do coração e
acumula conhecimento por meio da lembrança. O aspecto do conhecimento material muda por meio da imaginação. Os objetos materiais são
considerados o suporte de dois meios: a inteligência desenvolvida e a não-desenvolvida. Além disso, na existência de um ser humano, uma
indacação do espírito (cidabhasa) é encontrada na forma de ego, que penetra a inteligência, a mente e o corpo. A partir desses sintomas
surge o forte sentimento de “eu” e “meu” que tem sido aceito como parte da existência dos seres humanos. Isso é conhecido como “falso
ego.” Devemos compreender que o conhecimento desses assuntos até o falso ego é chamado conhecimento material. E também que falso
ego, inteligência, mente e a atividade sensorial não são totalmente materiais. Em outra palavras, eles não consistem inteiramente de elementos
materiais, mas a sua existência está fundamentada em elementos materiais. Ou seja, a menos que eles estejam relacionados com elementos
materiais a sua existência é incompleta. Até certo ponto eles estão sob o amparo do espírito, porque o ato de revelação é a própria vida
deles e o conhecimento material é o resultado. De onde vem essa consciência? A alma é pura e é a base da consciência. Não é fácil uma
alma ficar sob a sujeição da matéria. Pela vontade do Senhor Supremo — certamente por alguma razão — uma alma espiritual pura entra em
contato com a matéria. Apesar de no nosso estado condicionado ser muito difícil de se apurar essa causa, se considerarmos a falta de
felicidade no nosso estado condicionado, podemos com certeza ter a percepção de que a nossa condição atual é uma degradação da nossa
consciência original. Apesar dos acadêmicos modernos pensarem que: “As entidades vivas foram criadas nessa condição e através das
atividades fruitivas elas avançam gradualmente,” de acordo com o processo de auto-realização isso não pode ser aceito como um fato. Não
há outro argumento em relação a isso, porque o argumento é um produto dos elementos materiais e não é admitido na ciência da auto-
realização ou os passatempos do Senhor Supremo. É nosso dever estabelecer que uma indicação do espírito, na forma do falso ego,
inteligência, mente e sentidos, tem se manifestado devido ao contado da alma pura com a matéria. Essa indicação do espírito não existirá
mais quando a alma for liberada. Portanto, três itens são encontrados na existência de um ser humano: a alma, o instrumento que indica a
presença da alma e a conecta à matéria, e o corpo material. De acordo com o Vedanta, a alma é chamada jiva, ou entidade viva, o
instrumento que indica a presença da alma é chamado o corpo sutil e o corpo material é chamado corpo grosseiro. Depois da morte o corpo
grosseiro é deixado para trás, mas o corpo sutil continua a existir por se refugiar em atividades fruitivas e nos seus resultados até que ocorra a
liberação. O instrumento para indicar a presença do espírito permanece por quanto tempo a alma for condicionada, mas ele não tem uma
verdadeira conexão com a a alma espiritual pura. A alma espiritual pura é plena de bem-aventuança espiritual. A alma espiritual pura está a
parte da existência material, que se inicia a partir do falso ego e desce até o corpo grosseiro. Se desejarmos realizar a existência da alma
espiritual pura, devemos abandonar os pensamentos materiais; mas na presença do falso ego, todos os pensamentos são materiais. Os
pensamentos não podem deixar a associação com a matéria, porque eles são gerados como uma indicação do espírito. Portanto, só quem
controla as atividades da mente e cultiva a auto-realização através de samadhi pode realizar a alma sem dúvida. Porém, aqueles que
submetem a sua independência ao falso ego não têm vigor suficiente para atravessar a fronteira do argumento e portanto são totalmente
incapazes de realizar a presença da alma. Aqueles que argumentam com base na filosofia Vaiseika nunca podem realizar a existência da alma
pura. É por isso que eles aceitam a mente como sendo eterna.

No sétimo canto do Srimad Bhagavatam (7.19.20), Prahlada Maharaja descreve os doze sintomas da alma espiritual pura:

atma nittyo ‘vyayaha suddha ekaƒ ketra-jAa asrayaƒ


avikriyaƒ sva-dg heur vyapako ‘sa‰gy anavtaƒ

eair dvadasabhir vidvan atmano lak aAaiƒ paraiƒ


ahaˆ mamety asad-bhavaˆ dehadau mohajaˆ tyajet

A alma é nitya, ou eterna, porque ela não é temporária como o corpo grosseiro e os corpos sutis. Avyaya significa que a alma não é
destruída quando o corpo grosseiro e os corpos sutis são destruídos. Suddha se refere àquilo que está livre da contaminação material. Eka
quer dizer que a alma é desprovida de dualidades como qualidades e o possuidor de qualidades, princípios religiosos e o seguidor dos
princípios religiosos, os as partes e o possuidor das partes. Ketra-jna significa o vidente. Asraya significa que a a alma não está sob o
controle dos corpos grosseiro e sutis, e sim que os objetos grosseiros e sutis estão sob o controle da alma. Avikriya significa que a alma não
é afetada pelas transformações do corpo material. As seis transformações do corpo são o nascimento, crescimento, manutenção, sub-
produtos, degeneração e morte. Sva-dk se refere a que percebe a si mesmo, mas não como um objeto de visão material. Hetu significa que
apesar da alma não ser material, ela é a causa primordial da existência, natureza e atividades do corpo material. Anavta significa que a alma
não é coberta pela matéria. As pessoas eruditas devem distinguir a alma através desses doze sintomas espirituais e abandonar a ilusão na
forma de “eu” e “meu.”

Existe muita argumentação sobre se uma entidade viva tem alguma existência no tempo e no espaço. Mas a argumentação é desnecessária no
que se refere à Verdade Absoluta e portanto é condenada. A argumentação lógica só pode revelar indicações do espírito; ela nunca pode
revelar completamente os assuntos espirituais. A alma espiritual é transcendental, ou além de tudo o que é material. A palavra “material”
nesse caso não se refere apenas aos elementos materais, mas se refere à característica desses elementos, a indicação do espírito e as
atividades dos sentidos, mente, inteligência e falso ego. Uma vez qua a indicação do espírito está sob a jurisdição da matéria, muitas situações
materiais são confundidas com atividades espirituais. Apesar do tempo e do espaço serem contabilizados entre os elementos materais, eles,
no entanto, têm a sua existência espiritual pura. Se estudarmos cuidadosamente o primeiro e segundo capítulos do Sri Krsna-samhita, iremos
compreender que apesar das ciências material e espiritual parecerem contraditórias, elas não são. Toda a existência espiritual é pura e
impecável. Todavia, quando essa existência espiritual se manifesta no mundo material, ela fica cheia de defeitos. Portanto, o tempo e o
espaço puros serão vistos no estado puro da entidade viva e o tempo e o espaço contaminados serão vistos no mundo material contaminado.
Essa é apenas uma consideração científica de tempo e espaço. No seu estado puro, a entidade viva é um ser espiritual puro, mas no estado
condicionado há três tipos de existência: existência pura, ou existência espiritual; uma indicação da existência espiritual, ou existência sutil; e a
existência material, ou existência grosseira. A lei natural é que os elementos grosseiros encobrem os elementos sutis. Como a indicação da
existência espiritual é mais grosseira, ela encobre a existência da alma espiritual pura. E como a existência material é a mais grosseira, ela
encobre tanto a existência espiritual pura quanto a indicação da existência espiritual. No entanto, essas três existências se manifestam, porque
apesar de estarem encobertas, elas não estão perdidas. A existência espiritual pura da alma está situada apropriadamente no tempo e no
espaço puros. Uma vez que a alma tem a sua morada própria, podemos aceitar que ela tenha um lugar fixo. Uma vez que a alma tem um
espaço fixo, também podemos aceitar que a alma tem uma forma e um corpo puros. Então devemos aceitar que essa forma tem qualidades

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espirituais como beleza, força de vontade, sentimentos e atividades. Essa forma não pode ser vista através da indicação do espírito, porque
ela está além da matéria. Assim como todos os membros do corpo material agem em harmonia e exibem assim a beleza dessa forma, todos
os componentes necessários também se fazem presentes no corpo espiritual, que é o modelo ideal do corpo grosseiro. Portanto, o corpo e o
seu possuidor são diferentes. Porém, no corpo espiritual não há diferença entre o seu possuidor e o corpo. Cada objeto pode ser identificado
de duas maneiras: pela forma e pela atividade. A consciência ou conhecimento, é a identificação de uma alma liberada. A entidade viva é a
personificação do conhecimento; isto é, o seu corpo é feito de conhecimento puro. A bem-aventurança é uma indicação das suas atividades.
Portanto, a existência de uma alma liberada é de completa felicidade espiritual. O ego, o coração, a mente e os sentidos são não-diferentes
da consciência no estado puro da entidade viva. Mas no estado condicionado uma entidade viva é vista como uma indicação do espírito e a
felicidade e sofrimento materiais, que são reflexos pervertidos da bem-aventurança transcendental, são indicações das suas atividades.

A Superalma onisciente é eterna, plena de conhecimento e bem-aventurança. Outro nome da Superalma onisciente é Bhagavan. O mundo
material e as entidades vivas são produtos da Sua energia superior. Analogamente, quando falamos sobre o Senhor, nos referimos a uma
personalidade espiritual extraordinária. Essa personalidade é vista pelas entidades vivas como plena de todas as boas qualidades, a mais bela
e encantadora. Dotado com qualidades doces indescritíveis, o maravilhoso Krsnacandra manifesta bem-aventurança eterna e incrementa a
beleza de VaikuA˜ha. As entidades vivas puras estão eternamente absortas em Sua beleza e as entidades vivas condicionadas estão
buscando a Sua beleza nos passatempos de Vraja. Isso foi explicado no Bhakti-rasamta-sindhu de Srila R™pa Gosvami, onde está
declarado que as entidades vivas possuem cinquenta qualidades em quantidade diminuta. No Senhor NarayaAa essas cinquenta qualidades
estão presentes em sua plenitude, além de dez outras qualidades. Sri Krsnacandra, possui sessenta e quatro qualidades em sua plenitude.
Portanto, os devotos aceitam o Senhor Krsna como a corporificação mais elevada da manifestação das energias do Senhor Supremo.

Sambandha significa determinar o relacionamento entre esses três objetos. Isso já foi descrito nos seguintes versos do Bhagavad-gita (7.4-
7):

“Terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e falso ego — constituem as Minhas energias materiais separadas.”

“Além dessas, ó Arjuna de braços poderosos, existe outra energia, Minha energia superior, que consiste nas entidades vivas que exploram os
recursos dessa minha natureza inferior.”

“Todos os seres criados têm sua origem nessas duas naturezas. Fica sabendo com toda certeza que Eu sou a origem e a dissolução de tudo o
que é material e de tudo o que é espiritual nesse mundo.”

“Ó conquistador de riquezas, não há verdade superior a Mim. Tudo repousa em Mim, como pérolas ensartadas em um cordão.”

A verdade principal é uma só: o Senhor. As entidades vivas e o mundo material se manifestaram de aspectos e potências da energia superior
e portanto todo o Universo é efeito da Sua energia (*).

(*) A energia espiritual tem três aspectos — sandhini, samvit e hladhini - e três potências — espiritual, marginal e externa. O Universo
inteiro se manifestou pela interação desses três aspectos e potências. Verifique o segundo capítulo desse livro

—————————

Por essa conclusão as teorias filosóficas de vivarta, a teoria Mayavada da ilusão e a brahma-pariAama, ou teoria da transformação do
Supremo, são derrotadas. Não podemos aceitar vivarta ou pariAama do Senhor Supremo, é mais proveitoso compreender que tudo é
possível pelas atividades e efeitos da energia superior. Uma vez que as entidades vivas e o mundo material são manifestos a partir da energia
do Senhor Supremo, eles são considerados separados do Senhor, mas não têm poder independente. Eles não podem fazer absolutamente
nada sem a misericórdia do Senhor. Isso está claramente descrito no primeiro e segundo capítulos desse livro. Para resumir podemos dizer
que o Senhor é o único abrigo deles e a sua existência, portanto eles estão sob o Seu controle total. O aspecto especial das entidades vivas é
que elas são conscientes por natureza, portanto o Senhor, a consciência suprema, é o seu único refúgio. O mundo material é estranho para as
entidades vivas e portanto não é capaz de lhes dar refúgio. Os deveres constitucionais das entidades vivas atualmente estão transformados
em atividades materiais, e os seus sentimentos amorosos em relação ao Senhor perverteram-se em apegos materiais. Portanto, minimizar esse
apego pervertido e incrementar o verdadeiro apego se denomina sreyaƒ, ou benefício último, porque não há relacionamento permanente
entre as entidades vivas e o mundo material. Qualquer pequeno relacionamento que exista é meramente transitório. No entanto, até que
sejamos liberados pela misericórdia do Senhor, devemos aceitar essa conexão material como inevitável para mantermos a vida. Ninguém
pode alcançar a liberação através da pesquisa, mas ela pode ser alcançada pela misericórdia do Senhor. Portanto, devemos abandonar os
desejos de liberação e de desfrute material. O único dever da entidade viva é se dedicar à sua única ocupação constitucional praticando
yukta-vairagya sem qualquer desejo de desfrute material ou de liberação. Esse mundo material é um produto da energia externa, que é uma
sombra da energia superior, que é uma serva do Senhor. Portanto, deve-se compreender que a energia externa, é uma criada do Senhor.
Esse mundo material é o local de desfrute das entidades vivas que são contrárias ao Senhor. A única maneira de escapar do aprisionamento
de maya é o serviço devocional ao Senhor, como declarado no Bhagavad-gita (7.14):

“Essa Minha energia divina, que consiste nos três modos da natureza material, é difícil de ser suplantada. Mas aqueles que se renderam a
Mim podem facilmente transpô-la.”

Consideramos o relacionamento, or sambandha, entre os três temas, agora iremos tentar explicar resumidamente abhideya e prayojana. O
processo para se alcançar prayojana é chamado abhideya. Portanto, primeiro vou considerar prayojana.

A condição da entidade viva é muito patética, pois apesar de ser espírito puro, ela se tornou serva da matéria. Ela mesma se considera um
produto da matéria e fica aflita com a escassez material. Às vezes ela chora devido à escassez de alimento, às vezes se lamenta por estar
sendo atacada pela febre e outras vezes se dedica a atividades abomináveis para poder despertar a atenção das mulheres. Às vezes ela
exclama: “Estou morrendo!” e às vezes diz: “Fui salvo por esse remédio.” Às vezes está absorta em um formidável oceano de lamentação
devido à morte do seu filho. Às vezes constrói um grande palácio, mora nele e pensa: “Agora me tornei um rei.” Com inveja de outras
pessoas, ela pensa: “Sou um grande herói.” Às vezes fica maravilhada ao mandar uma mensagem pelo telegrama (ou internet), às vezes
escreve um livro sobre medicina e aumenta o seu título acadêmico, às vezes constrói um trem e se considera um grande erudito, e às vezes
determina os movimentos dos astros e se proclama um grande astrólogo. Às vezes ensina física, medicina e agronomia e pensa: “Alcancei
tanto mérito piedoso!” Porém, na verdade essas pessoas poluem seus corações com inveja, violência, luxúria e ira. Ora! Por acaso essas

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atividades são dignas de uma alma espiritual pura?

Essas propensões insignificantes são sem sentido para quem viveu em VaikuA˜ha e desfrutou de amor puro por Deus. Qual a felicidade no
relacionamento com uma mulher quando comparado com o néctar do amor a Hari? Que comparação pode ser feita entre a disposição de
lutar, que perturba o nosso coração, e a associação com devotos, que satisfaz o nosso coração? Ora! Se formos considerar cuidadosamente
o que somos na realidade e no que nos transformamos, então poderemos compreender o quanto caímos e nos tornamos vítimas das três
classes de misérias — aquelas causadas pelos semideuses, as causadas pelas outras entidades vivas e as causadas pelo nosso próprio corpo
e mente. Por que nos desviamos tanto? Certamente nos tornamos ofensores ao Senhor Supremo. É por isso que nos tornamos caídos; não
há dúvidas quanto a isso. Nossas ofensas são uma discrepância na ocupação constitucional da alma espiritual. Já salientamos que a entidade
viva é plena de bem-aventurança espiritual. A alma é conhecimento puro e sua constituição é de bem-aventurança. O elo de ligação entre a
entidade viva e a Verdade Absoluta, que é eternamente plena de bem-aventurança e de conhecimento é chamado priti, ou amor. Esse elo de
amor conecta eternamente a felicidade das entidades vivas com a felicidade do Senhor. A qualidade desse amor é mutuamente atrativa. Ela é
a mais prazerosa, sutil e pura. No entanto, quando uma entidade viva cai na rede de ilusão, despreza o serviço amoroso ao Senhor e sai a
procura de desfrute no mundo material. Ao notar que essa entidade viva é uma ofensora, Maya, a criada de Krsna, a aprisiona. Estamos
sofrendo nesse mundo material devido a essas ofensas. Nosso dever constitucional, que é amar a Deus, tornou-se pervertida como apego
pelos objetos materiais, o que faz incrementar a nossa inauspiciosidade. Nessa conjuntura, o cultivo de nosso dever constitucional é a nossa
única prayojana, ou meta de vida. Enquanto formos condicionados, não podemos praticar nosso dever constitucional puramente. Nossas
propensões constitucionais não estão perdidas e nem podem se perder; elas estão simplesmente em um estado dormente. Assim que
começamos a cultivar essas propensões, elas despertam do estado dormente e voltam a resplandecer. Então, a liberação e o acesso a
VaikuA˜ha ocorrerá automaticamente. Uma vez que a liberação não é a meta da nossa vida, ela não é a nossa prayojana. A nossa meta é
priti, e portanto essa é a nossa única prayojana.

As pessoas que estão no caminho do conhecimento e que vivem sendo perturbadas pelas misérias materiais estão em busca da liberação;
mas os esforços de quem busca metas indesejáveis não são bem-sucedidos, portanto esses esforços não garantem nenhum benefício.
Aqueles que cultivam priti podem alcançar facilmente o conhecimento completo e a liberação. Portanto priti é a única prayojana.

Os sintomas de priti estão descritos no meu livro Datta-kaustubha, da seguinte maneira:


akarsa-sannidhau lauhaƒ prav tto dsyate yatha
aAor mahati caitanye pravttiƒ priti-lakaAam

“Assim como um fragmento de ferro é atraído naturalmente por um imã, a alma espiritual atômica é atraída naturalmente pela consciência
suprema da Personalidade de Deus.”

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Essa tendência natural é chamada priti. Assim como a alma e a Superalma são desprovidas de designações materiais, a trocas de priti entre
elas são similarmente puras e sem qualquer mácula de contaminação material. A nossa prayojana é despertar esse priti puro.

Se desejamos alcançar a meta, então devemos seguir o método apropriado. De acordo com as suas qualificações, as grandes almas que nos
antecederam introduziram vários métodos para alcançar o sucesso em suas respectivas metas. Agora vamos discutir abhidheya, que é o
método de se alcançar prayojana.

Todos os métodos que foram legados para se alcançar o sucesso na vida espiritual estão divididos em três classes. Essas três classes são
karma, jnana e bhakti.

Manter a vida realizando os deveres prescritos é o que se denomina karma. O karma tem dois aspectos: prescrições e proibições. Akarma,
ou inatividade, e vikarma, ou atividades pecaminosas, são ambas proibidas. O prescrito é karma. Existem três tipos de karma:
constitucional, condicional e desejoso. As atividades que são sempre necessárias se realizar são chamadas constitucionais. Manter o corpo e
a família, realizar atividades beneficentes, gratificantes e adorar o Senhor são as chamadas atividades constitucionais. O que se torna um
dever devido às circunstâncias é chamado atividade condicional. A tentativa de se evitar a morte ao ver a morte do próprio pai é um exemplo
de atividade condicional. As atividades que são realizadas com desejo são chamadas de atividades desejosas. Um exemplo disso é a
realização de um sacrifício para se obter um filho.

Se desejarmos realizar os nossos deveres adequadamente, então precisamos relacionar as prescrições para as atividades corpóreas, os
códigos morais, punições, heranças, governo de um reino, divisões do trabalho, guerra, alianças, casamentos, tempo e expiações com o
serviço devocional ao Senhor e dessa maneira nos situarmos apropriadamente no mundo. Isso tem sido praticado pelas diversas castas de
uma maneira ou de outra. A terra de Bharata está povoada pelos arianos, portanto ela é um exemplo para todas as castas, porque todas as
atividades citadas atualmente embelezam essa terra na maravilhosa forma de varAasrama-dharma. Nenhuma outra raça foi capaz de fazer
um arranjo tão perfeito. Nas outras raças as atividades são realizadas de acordo com a natureza das pessoas e as prescrições citadas são
arranjadas de maneira caótica; mas entre os arianos da Índia, essas prescrições estão arranjadas de tal maneira que elas se tornam favoráveis
para o serviço devocional. Que inteligência maravilhosa possuíam os is indianos! Até mesmo no passado mais remoto eles fizeram um arranjo
extraordinário sem a ajuda de nenhuma outra raça. Quando nos referimos à Índia como a terra do karma e um exemplo para os outros
países, isso não é um exagero.

Os sábios perceberam que a elegibilidade das pessoas para executar os seus deveres nasce da sua natureza. Se prescrevermos deveres sem
considerarmos a qualificação das pessoas, essas atividades nunca serão realizadas de maneira satisfatória. Portanto os sábios determinaram
os deveres das pessoas depois de considerarem a sua natureza. A natureza humana é divida em quatro categorias: bramaAa, katriya,
vaisya e s™dra. Dessa maneira os sábios estabeleceram o varna das pessoas de acordo com as suas naturezas. No último capítulo do
Bhagavad-gita (18. 41-45) está declarado:

http://www.guardioes.com/sri_krsna_samhita.htm#PREFÁCIO 53/73
27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
“Os brahmaAas, os katriyas, os vaisyas e os s™dras distinguem-se pelas qualidades que, de acordo com os modos materiais, são
nascidos de sua própria natureza, ó castigador do inimigo.” “Tranqüilidade, autocontrole, austeridade, pureza, tolerância, honestidade,
conhecimento, sabedoria e religiosidade — são essas as qualidades naturais com as quais os brahmaAas agem.”

“Heroísmo, poder, determinação, destreza, coragem na batalha, generosidade e liderança são as qualidades naturais das atividades dos
katriyas.”

“A agricultura, a proteção às vacas e o comércio são as atividades naturais dos vaisyas, e os s™dras devem executar trabalho e serviço
para os outros.”

Depois de dividir os varAas de acordo com as qualidades das pessoas, que são gerados da sua natureza individual, os sábios consideraram
que havia uma necessidade de se estabelecer a sua posição no asrama. Dessa maneira eles designaram os casados como ghasthas, os
estudantes itinerantes como brahmacaris, as pessoas idosas aposentadas como vanaprasthas e aqueles que renunciaram a tudo como
sannyasis. Eles também concluíram que mulheres e s™dras se destinam a ser ghasthas. Ninguém além dos brahmaAas pode aceitar
sannyasa. Esse arranjo é uma clara indicação da inteligência dos sábios. Todas as prescrições e proibições que são geradas do sastra e o
argumento estão sob a jurisdição do varAasrama-dharma. É difícil discutir todas as prescrições nesse pequeno capítulo conclusivo,
portanto vou encerrar dizendo que o sistema de varAasrama é uma prescrição maravilhosa para a vida material das pessoas. Esse sistema
de varAasrama é certamente o mais respeitado de todos os arranjos que tem se manifestado da inteligência dos arianos.

Devido à consideração indevida e inveja, as pessoas dos países estrangeiros criticam esse arranjo. Alguns tolos do nosso país também. Isso
se deve principalmente à animosidade contra o nosso país. A compreensão inadequada do seu significado e a imitação do comportamento
dos estrangeiros também devem ser consideradas as razões principais.

Além disso, não há dúvida de que esse arranjo tem sido poluído. Ele tem funcionado inadequadamente devido a falta de acadêmicos que
saibam o propósito desse sistema. É por isso que atualmente as pessoas criticam o sistema de varAasrama. Na verdade o arranjo de
varAasrama é impecável. Porém, como ele pode permanecer impecável quando empregado de maneira imprópria? A posição do indivíduo
no varAasrama, que é gerada da sua natureza pessoal, agora está sendo designada de acordo com o nascimento. Isso leva a um resultado
oposto. O filho desqualificado de um brâmane será tido como brâmane e um pacífico e erudito filho de um s™dra será considerado
s™dra. Esse arranjo é completamente contrário ao sistema de varAasrama original. O costume antigo era que quando um menino
alcançasse a maturidade, os membros mais velhos da família, o sacerdote da família, o acarya da família, o proprietário da terra e os líderes
da vila deveriam avaliar a natureza do jovem e determinar o seu varAa. A consideração principal para determinar o varAa do jovem era
analisar se ele estava qualificado a aceitar o mesmo varAa do pai. Devido à sua natureza inerente e ao trabalho despendido para alcançar
uma posição elevada, as crianças das classes mais elevadas costumavam ser aceitas como pertencentes à mesma casta do pai. No entanto,
devido à sua falta de habilitação, alguns meninos poderiam ser aceitos como de casta inferior. E da mesma maneira, meninos de casta inferior
poderiam ser aceitos como pertencentes a castas superiores na hora do exame. Se formos verificar as histórias dos puranas, encontraremos
inúmeros exemplos assim. Uma vez que passou a haver uma contínua liderança cega e os exame passou a ser mera formalidade, as pessoas
qualificadas não alcançavam postos qualificados e dessa maneira o sol da fama dos arianos chegou ao poente. Ao explicar os códigos
religiosos, Sri Narada Muni declarou no Srimad Bhagavatam (7.11.35):

“Se alguém exibe os sintomas de ser um brahmaAa, katriya, vaisya ou s™dra, como os que descrevemos, mesmo que tenha surgido em
uma classe diferente, deve ser aceito de acordo com esses sintomas de classificação.”

Os sábios de outrora não pensavam nem em sonhos que a ocupação natural das pessoas pudesse gradativamente ir sendo considerada
apenas pelo nascimento. Até certo ponto é natural que o filho de uma grande personalidade se torne grandioso, mas não há garantia quanto a
isso. O sistema natural de varAasrama foi estabelecido para poder livrar o mundo da liderança sucessória de líderes cegos, mas
infelizmente as escrituras caíram nas mãos de algumas pessoas egoístas e smartas tolos, ou brahmaAas ritualísticos. O perigo que esse
sistema procurava evitar acabou se voltando contra ele mesmo. Isso é motivo de grande lamentação. Quem tenta remover a contaminação
que penetrou no sistema está se dedicando ao bem-estar da nação. Uma pessoa inteligente não deve tentar remover todo o sistema porque
uma parte dele está contaminada. Portanto, ó grandes almas! Se vocês desejam se dedicar ao bem-estar do seu país, por favor restabeleçam
esse sistema impecável que lhes foi legado pelos ancestrais depois de refiná-lo coletivamente! Não tentem abandonar o sistema apropriado
para o seu país seguindo o mau conselho de estrangeiros. Será que aqueles que vivem na Índia como gloriosos descendentes de grandes
personalidades como Brahma, Manu, Daka, Marici, Parasara, Vyasa, Janaka, Bhima e Bharadvaja deverão aprender e seguir os arranjos
para vida material das raças modernas? Ora! Seria muito vergonhoso! Se o sistema de varAasrama for restabelecido de forma impecável,
então a Índia avançará em todos os aspectos. Não vou comentar muito sobre isso. O principal propósito do sistema de varAasrama é o de
ajudar as pessoas a irem avançando gradualmente ao realizarem os deveres prescritos tendo o Senhor como centro.

Dessa maneira as pessoas poderão gradualmente alcançar a vida espiritual realizando os seus deveres prescritos de acordo com o sistema
varAasrama. Portanto, na avaliação dos acadêmicos karma-kaAda sobre abhidheya, as atividades fruitivas devem ser aceitas como a
única maneira de se alcançar prayojana. Uma alma condicionada não pode viver sequer um instante sem atividade. Ela deve ao menos
trabalhar para manter a vida. A menos que mantenhamos as nossas vidas, não poderemos praticar os meios de se alcançar prayojana.
Portanto, as atividades são inevitáveis. Uma vez que não podemos nos manter sem atividades, todas as atividades devem ter como objetivo a
satisfação do Senhor, de outra maneira essas atividades se transformarão em atividades ateístas. Como declara o Srimad Bhagavatam
(1.5.32):

“Ó brahmaAa Vyasadeva, os eruditos decidiram que o melhor remédio para eliminar todas os problemas e misérias é dedicar todas as
nossas atividades ao serviço da Suprema Personalidade de Deus (Sri Krsna).”

http://www.guardioes.com/sri_krsna_samhita.htm#PREFÁCIO 54/73
27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
As atividades fruitivas são simplesmente uma perturbação, mesmo quando realizadas sem motivo. Portanto, a menos que essas atividades
sejam realizadas de acordo com a nossa qualificação, sejam oferecidas quer ao Brahman através do conhecimento, à Superalma através dos
resultados, ou à Suprema Personalidade de Deus através do caminho do apego, tais atividades jamais conferirão qualquer auspiciosidade.
Descreveremos o caminho do apego no momento adequado. As atividades que realizamos para alcançar a meta suprema devem ser
direcionadas para a adoração da Superalma, o Senhor dos sacrifícios. A adoração ao Senhor não pode ser abandonada quer se
desempenhem as atividades constitucionais, quer se desempenhem as atividades condicionais, porque devemos realizar os deveres prescritos
com um senso de gratidão ao Senhor Supremo, e isso é chamado de adoração ao Senhor. As atividades desejosas estão destinadas às
pessoas de classe baixa, no entanto há um arranjo para se dedicar essas atividades ao Senhor. Como declara o Srimad Bhagavatam
(2.3.10):

“Uma pessoa inteligente, mesmo que esteja repleta de desejos materiais, ou que não tenha desejos materiais, ou que deseje a liberação,
qualquer que seja o caso, deve adorar o todo supremo, a Personalidade de Deus.”

Jnana, ou conhecimento, também é considerado um meio de se alcançar a perfeição espiritual. O Brahman supremo e as entidades vivas
estão além da criação material. Os jnanis concluem que determinadas atividades transcendentais são a única maneira de se alcançar o
Brahman Supremo, que é a meta da vida espiritual. Apesar de karma ser suficiente para manter o corpo e a vida familiar, ele é gerado de
atividades materiais e não tem potência para nos liberar da matéria. Através de karma a nossa mente é treinada para se concentrar no
Senhor Supremo, mas não é possível alcançar o benefício eterno até que se acabe com as atividades materiais. Só se alcançam resultados
espirituais com atividades espirituais. Uma entidade viva deve primeiro discutir o mundo material e depois de subjugar todas as atividades
materiais e a existência ela deve se ater ao samadhi para alcançar o Brahman. Enquanto permanecermos no corpo material, devemos
aceitar as atividades corpóreas. Existem dois tipos de jnana: o conhecimento do Brahman e o conhecimento do Senhor Supremo. Através
do conhecimento do Brahman uma alma alcança o resultado da imersão no Brahman. Tais brahma-jnanis não aceitam a existência
independente de uma alma depois da imersão no Brahman. O Brahman é impessoal e quando a alma é liberada , ela também se torna
impessoal e imerge no Brahman. Esse tipo de prática é um estímulo para o cultivo do conhecimento do Senhor Supremo. Como o próprio
Senhor diz no Bhagavad-gita (12.3-5), ao se referir ao serviço devocional:

“Mas aqueles que adoram plenamente o imanifesto, aquilo que está além da percepção dos sentidos, o onipenetrante, inconcebível, imutável,
fixo e imóvel — a concepção impessoal sobre a Verdade Absoluta —, controlando os vários sentidos e sendo equânimes para com todos,
tais pessoas, ocupadas em prol do bem-estar de todos, acabarão me alcançando. Para aqueles cujas mentes estão apegadas ao aspecto
impessoal e imanifesto do Supremo, o progresso é muito problemático. Progredir nessa disciplina é sempre difícil para aqueles que estão
corporificados.”

O significado principal desses três versos é que quando a concepção material de uma entidade viva é destruída pelo cultivo de brahma-
jnana, o conhecimento impessoal, então pela misericórdia do Senhor e pela associação com os devotos, ela alcança o Senhor Supremo
espiritualmente diversificado. A contaminação desse mundo material polui tanto a concentração, ou samadhi, da entidade viva que depois de
abandonar os elementos materiais, dos cinco elementos grosseiros até o falso ego, é necessário que se concentre no Brahman impessoal no
início do samadhi. Porém, quando a alma espiritual transcende as dores materiais e alcança a unidade com o Brahman, então com a
inteligência fixa através de samadhi ela logo vê a diversidade de VaikuA˜ha. Então, ela não mais será impedida de ver o Senhor e a beleza
de VaikuA˜há que gradualmente se manifesta e satisfaz os olhos transcendentais do devoto. Nesse ponto, brahma-jnana se transforma em
bhagavad-jnana, conhecimento da Personalidade de Deus. Quando o conhecimento sobre o Senhor Supremo é despertado, compreende-
se automaticamente todos os mistérios relativos ao Senhor. Portanto, jnana, que é um meio de se alcançar a Verdade Absoluta, também é
recomendada como abhidheya, ou meio para se alcançar a meta definitiva. Se cultivarmos conhecimento sobre o Senhor Supremo, então
haverá uma boa possibilidade de despertar o amor puro, que é a prayojana da entidade viva.

É preciso que se diga alguma coisa sobre jnana. O conhecimento sobre o Senhor Supremo é um conhecimento natural, enquanto que
ignorância e muito conhecimento mundano são conhecimentos não-naturais. A ignorância resulta da adoração da matéria e muito
conhecimento resulta em ateísmo e monismo. A adoração à matéria tem dois aspectos: a adoração positiva é aceitar as características
materiais como conhecimento do Senhor Supremo e a adoração negativa é aceitar as características materiais como o Supremo. Aqueles que
se dedicam à adoração positiva aceitam e adoram uma imagem material como o Supremo. Aqueles que se dedicam à adoração negativa
aceitam os aspectos negativos das características materiais como Brahman. Tais pessoas concluem que o Supremo é impessoal, sem forma,
sem atividades e sem sentidos. Levando em conta essas duas classes, o Srimad Bhagavatam (2.10.33-35) declara:

“Dessa maneira por tudo isso, o aspecto externo da Personalidade de Deus é coberta por formas grosseiras tais como as dos planetas, que
eu te expliquei. Portanto, além dessa (manifestação grosseira) há uma manifestação transcendental mais sutil do que a forma mais sutil. Ela
não tem início, nem estado intermediário e nem fim; portanto, está além dos limites de expressão ou de especulação mental e é distinta da
concepção material. Nenhuma das formas do Senhor citadas, como acabei de descrever sob a perspectiva material, é aceita pelos devotos
puros do Senhor que O conhecem bem.”

Ambos os aspectos citados do Senhor são materiais. Os acadêmicos de comportamento de cisnes devem desconsiderar os aspectos
grosseiro e sutil do Senhor e concentrar-se eternamente na Sua forma transcendental. Portanto, a aceitação da forma grosseira do Supremo,
bem como a aceitação da forma impessoal são produtos da ignorância e são sempre contraditórias. Quando o raciocínio supera o
conhecimento e fica estabelecido como argumento, então a pessoa passa a não aceitar a alma como sendo eterna. É nessa situação que
nasce a filosofia do ateísmo. Quando o conhecimento fica sob a subordinação do raciocínio e abandona a sua natureza, então a pessoa
anseia em imergir no Brahman impessoal. Essa aspiração é gerada de muito conhecimento e não beneficia a entidade viva. Como está
declarado o Srimad Bhagavatam (10.2.32):

http://www.guardioes.com/sri_krsna_samhita.htm#PREFÁCIO 55/73
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“Ó pessoa de olhos de lótus, aqueles que pensam que são liberados nessa vida, mas que não prestam serviço devocional a Você, devem ter
a inteligência impura. Apesar deles aceitarem austeridades severas, penitências e se elevarem à realização espiritual, à realização do Brahman
impessoal, eles caem novamente porque negligenciam a adoração a Seus pés de lótus.”

Mesmo com um raciocínio apropriado, conhecimento excessivo não pode ser benéfico. Agora vamos tecer algumas considerações a respeito
disso:

1. Se a imersão no Brahman Supremo fosse a meta definitiva das entidades vivas, então deveríamos imaginar que as entidades vivas foram
criadas pelo Senhor por conta de Sua crueldade. Se não apresentarmos uma existência tão imprópria, não sentiríamos nenhuma dificuldade.
Se aceitarmos Maya como a única criadora para atestar que o Brahman é imaculado, então seremos levados a aceitar que existe uma
verdade independente, separada do Brahman.

2. Quando uma alma imerge no Brahman ninguém é beneficiado.

3. Nos passatempos eternos da Verdade Absoluta não há necessidade das almas imergirem no Brahman.

4. Se não aceitarmos completamente a qualidade da diversidade, que é uma manifestação das energias do Senhor, então não há possibilidade
de existência, conhecimento ou felicidade, e como resultado, o Brahman Supremo passa a ser considerado impessoal e sem base existencial.
Podemos até passar a duvidar da existência do Brahman. Mas, se aceitarmos a qualidade da diversidade como sendo eterna, então a alma
não pode imergir no Brahman.

Por favor, consultem o Mayavada-sata-d™aAi para maior esclarecimentos sobre esse tema.

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Se pudermos compreender a relação entre o conhecimento e o amor, então veremos que não há discordância entre eles. Os sentimentos
originais de uma alma são os seus deveres constitucionais. Esses sentimentos originais se expandem de duas maneiras: (1) eles se expandem
na forma do conhecimento de um objeto e suas características, e (2) eles se expandem através da realização da rasa. Um outro nome para o
primeiro caminho é jnana, ou conhecimento especulativo, que é naturalmente insípido e problemático. Um outro nome para o segundo é
priti, ou amor. No momento de vivenciar um objeto e as suas características, há um extraordinário sentimento de rasa entre o sujeito e o
objeto. Isso é chamado priti. No relacionamento entre jnana e priti, observamos um aumento proporcional de um deles assim que ocorre a
diminuição do outro. Conforme jnana aumenta, priti diminui, e conforme priti aumenta, jnana diminui. Quando jnana atinge a sua
plataforma mais elevada, então os sentimentos originais da alma se unificam. Essa plataforma é insípida e completamente desprovida de
felicidade. Quando priti atinge a plataforma mais elevada, os sentimentos originais da alma não se perdem; ou seja, eles se tornam vívidos em
temas de sambandha, abhidheya e prayojana e eles expandem a rasa de amor. Portanto, expandir o amor é a única prayojana para a
entidade viva.

No que se refere a abhidheya, o serviço devocional é considerado a prática principal. SaAdilya ¬i declarou em seu livro chamado Bhakti-
mimaˆsa: bhaktiƒ pranuraktir isvare — “Apego puro ao Senhor Supremo é chamado bhakti.”

Bhakti, ou serviço devocional, é definido como sendo as atividades que a alma condicionada realiza por apego à Superalma. Algumas dessas
atividades se assemelham a karma e outras a jnana. As atividades realizadas com o corpo grosseiro são chamadas karma e as atividades
realizadas com o corpo sutil são chamadas jnana. O serviço devocional é a prática que se destina às almas condicionadas, portanto ele não
pode ser chamado priti, ou amor. Quando priti é despertado deve-se compreender que o serviço devocional atingiu plena maturidade. Não
é possível descrever minuciosamente cada estágio do serviço devocional, portanto só irei descrever os estágios principais. Se depois de
compreender a ciência básica de bhakti o estimado leitor for estudar as escrituras devocionais tais como os SaAdilya-s™tras e o Bhakti-
rasamta-sindhu, então todos os tópicos relativos aos serviço devocional serão compreendidos.

Bhakti, assim como priti, tem duas naturezas: opulenta (baseada em aisvarya) e doce (baseada em madhurya). Quando bhakti é atraído
pelas glórias e opulências do Senhor, ele é chamado aisvarya-bhakti. O humor de servidão surge do sentimento de insignificância do
praticante. O Senhor é conhecido como um amo extraordinário devido ao Seu aspecto extremamente opulento. Então, o Senhor, que é
supremamente opulento, aparece como o Rei dos reis, NarayaAa, e concede auspiciosidade para as entidades vivas. Isso não é temporário,
é eterno e sempre permanente. O Senhor Supremo é pleno de todas as opulências naturalmente. Não podemos separar as opulências do
Senhor. Todavia, Ele também possui um aspecto maravilhosamente doce, que é superior ao de opulência. Quando a natureza doce de
bhakti se torna proeminente, então o aspecto doce do Senhor se manifesta e a natureza opulenta de bhakti se torna invisível, assim como a
lua se torna invisível na presença do sol. Quando a natureza de opulência se torna invisível, então o Senhor se torna o sujeito das rasas mais
elevadas. Então, o coração do praticante se abriga nas diversas rasas como sakhya, vatsalya e madhurya. O Senhor então manifesta
Krsna, a personificação da compaixão pelos Seus devotos, a morada da bem-aventurança suprema e o sedutor dos corações de todos. Não
que Krsna se manifestou de NarayaAa, Eles são eternamente maravilhosos e sempre permanentes. As diferentes formas do Senhor se
manifestam de acordo com a natureza e qualificação dos devotos. A personalidade de Krsna é o refúgio do que há de mais elevado dentro
das cinco rasas primárias das entidades vivas, portanto o Senhor Sri Krsna é aceito como a personalidade mais elevada na ciência de bhakti
e priti. Esse assunto já foi bem explicado no Sri Krsna-samhita.

Se formos nos aprofundar mais, compreenderemos que devem ser discutidos apenas os assuntos relacionados com o Senhor. Para
compreender a verdade não-dual, devemos compreender os três aspectos da Verdade Absoluta descritas no Srimad Bhagavatam (1.2.11):

vadanti tat tattva-vidas tattvam yaj jnanam advayam


brahmeti paramatmeti bhagavan iti sabdyate

http://www.guardioes.com/sri_krsna_samhita.htm#PREFÁCIO 56/73
27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
“ Os transcendentalistas eruditos que conhecem a Verdade Absoluta chamam essa substância não-dual de Brahman, Paramatma ou
Bhagavan.”

De início, devido à percepção indireta, a Verdade Absoluta é conhecida como Brahman. A forma direta do Brahman não é visível; apenas
uma forma indireta da Verdade Absoluta é realizada através de jnana. Alcançar conhecimento é a mais elevada habilitação para se indagar
sobre o Brahman. No entanto, no Brahman não se pode desfrutar do conhecimento, porque no Brahman não existe diferença entre o
desfrutador e o desfrutado. No segundo caso, com a ajuda do aspecto direto e indireto, a alma individual chega ao conhecimento de
Paramatma ou Superalma. Apesar de nesse casa existir uma alusão de diferença entre a alma e a Superalma, devido à ausência da forma
completa do Senhor, o aspecto de Paramatma só é conhecido através do samadhi artificial. Nessa situação, o devoto e o Senhor não
podem manifestar completamente as trocas diversificadas. O Senhor, ou Bhagavan, é a única verdade adorável. Portanto, Ele é mencionado
na conclusão do verso citado. Dentre as inúmeras qualidades do Senhor, Ele é manifesto como Brahman por uma dessas qualidades e como
Paramatma por outra dessas qualidades. Mas, quando se reúnem todas as qualidades, o aspecto do Senhor é descrito no Srimad
Bhagavatam (2.9.35) como: yatha mahanti bh™tani — “assim como os elementos universais,” se manifestam no coração das entidades
vivas através de samadhi. De todas as formas e nomes (*) do Senhor correntes pelo mundo, a forma de Bhagavan mencionada no Srimad
Bhagavatam é a mais pura.

(*) (A) Deus, divino, fama; (B) Alá, grandeza, opulência; (C) Superalma, espiritualidade, renúncia; e (D) Brahma, unidade espiritual, e jnana, são diferentes
nomes e qualidades do Senhor como encontradas em diferentes países.

——-——————-—

É por isso que o Paramahaˆsa-saˆhita é conhecido como Bhagavata. A Verdade Absoluta, Bhagavan, é a fonte de todas as qualidades. A
palavra Bhagavan se refere às seis qualidades principais mencionadas no Visnu PuraAa (6.5.47):

“Bhagavan, a Suprema Personalidade de Deus, é quem é pleno nas seis opulências. Ele possui todo poder, fama, riqueza, conhecimento,
beleza e renúncia.”

Nesse ponto devemos compreender que o Senhor não é apenas uma coleção de qualidades, e sim que as qualidades estão manifestas
naturalmente em uma determinada forma. Dentre as seis qualidades do Senhor, opulência e beleza são vistas como unidas em Sua forma. As
outras quatro qualidades resplandecem como Suas características. Na forma opulenta do Senhor a qualidade de desfrute é menor, enquanto
na forma doce do Senhor o desfrute é mais deleitoso, pois só se experimenta doçura. Opulência e as cinco outras qualidades são
identificadas como características dessa forma. Há naturalmente uma proporção inversa entre doçura e opulência. A opulência decresce na
proporção que a doçura aumenta e vice-versa. O aspecto maravilhoso da doçura do Senhor é exibido pela independência e qualidade entre
o devoto e o Senhor. Nessa posição, o Senhor mantém o Seu aspecto como o controlador Supremo, como Brahman e como Paramatma,
porque a Verdade Absoluta mantém-se naturalmente não-dual, apesar que, de acordo com a qualificação dos devotos, Ele aparenta ser
diferente. A forma de Sri Krsna, que é a doce flor de kadamba da madhurya-rasa, é o único objeto independente de cultivo espiritual.

Quando Sukadeva Gosvami descreveu a rasa-lila, Maharaja Parikit duvidou como poderia ser viável cultivar a consciência de Deus sem
uma mácula de opulência, e portanto ele perguntou:

“Ó sábio, as gopis conheciam Krsna como amante delas, não como a Verdade Absoluta. Portanto, como essas meninas, com suas mentes
sujeitas às ondas dos modos da natureza, poderiam se liberar do apego material? (Bh. 10.29.12)”

Para responder a essa pergunta Sukadeva Gosvami disse:

“Já lhe expliquei esse ponto anteriormente. Uma vez que Sisupala, que odiava Krsna, alcançou a perfeição, então o que dizer de Seus
devotos queridos. Ó rei, o Senhor Supremo é inexaurível e imensurável, e Ele não é tocado pelos modos da natureza material porque é Ele
quem os controla. O Seu aparecimento pessoal nesse mundo se destina a conceder o benefício mais elevado para a humanidade.” (Bh.
10.29.13-14)

Dentre as seis qualidades, lideradas pela opulência, a qualidade da beleza é a melhor. Isso foi concluído por Sukadeva Gosvami. Portanto,
todo aquele que sustentar isso - seja kani˜ha ou uttama-adhikari — alcançará a meta suprema. Pelo poder do seu sadhana, os kani˜ha-
adhikaris abandonarão os vínculos materiais, que são gerados das atividades fruitivas piedosas e impiedosas e se tornarão uttama-
adhikaris e dessa maneira alcançarão Krsna, enquanto que os uttama-adhikaris receberão alguma uddipana, ou instigação e entrarão na
dança da rasa.

Os principais sintomas de bhakti estão descritos no Bhakti-rasamta-sindhu (P™rva-vibhaga, 1.9), da seguinte maneira:

“Devemos prestar transcendental serviço amoroso ao Supremo Senhor Krsna favoravelmente e sem o desejo de lucro material, ou de
atividades fruitivas ou de especulação filosófica. Isso é chamado serviço devocional puro.”

O sintoma de bhakti puro é o serviço amoroso favorável. Porém, serviço amoroso favorável a quem? Brahman, Paramatma, ou
NarayaAa? Não, ele não pode ser prestado a Brahman, porque Brahman é um objeto impessoal de meditação. A devoção não encontra
abrigo no Brahman. Nem o serviço amoroso pode ser oferecido a Paramatma, porque Paramatma é conhecido através do caminho de
yoga. Portanto, o Paramatma não é o objeto da devoção. Nem o serviço devocional significa exatamente servir a NarayaAa, porque
NarayaAa não pode dar abrigo a todas as propensões de bhakti. Quando a entidade viva abandona o conhecimento especulativo e a sede
de alcançar o Brahman, então surge o conhecimento do Senhor Supremo juntamente com santa-rasa. Essa rasa está voltada para

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NarayaAa. Mas essa rasa tem um humor indiferente. Quando surge a afeição por NarayaAa, então é despertado o relacionamento entre
servo e amo. No entanto quando o amo tem o aspecto de NarayaAa, esse relacionamento não pode avançar mais, porque a forma de
NarayaAa nunca pode ser a meta para sakhya, vatsalya ou madhurya-rasas. Quem teria a coragem de colocar o braço em torno do
pescoço de NarayaAa de dizer: “Ó meu amigo, eu trouxe um presente para Você. Por favor aceite-o.” Qual a entidade viva que seria capaz
de colocar NarayaAa em seu colo e beijá-lO em um humor paternal? Quem pode dizer: “Ó meu querido, Você é o Senhor da minha vida,
Sou Sua esposa.” Como o Senhor NarayaAa é grande, o Senhor de imensa opulência e Rei dos reis, e como a entidade viva é
insignificante, incapaz, pobre e caída! Para essas entidades vivas é extremamente difícil abandonar o medo e respeito na adoração a
NarayaAa. Mas o Senhor adorável é o mais misericordioso e vive absorto em passatempos amorosos. Quando o Senhor vê o avanço de
uma entidade viva e o despertar de rasas como sakhya, então o Senhor misericordiosamente se torna o objeto dessas rasas avançadas e
desfruta de passatempos transcendentais com a entidade viva. Sri Krsnacandra é o objeto ideal para as propensões de bhakti. Portanto, o
cultivo da consciência de Krsna é o método ideal para o serviço devocional puro. Nesse cultivo de consciência de Krsna não devemos
manter nenhum outro desejo além do de avançar em nossos deveres constitucionais. Se cultivamos o desejo de liberação ou de gratificação
dos sentidos, então a rasa não se desenvolverá e o resultado será jnana ou karma. Devemos ser cuidadosos para que as atividades fruitivas
e o conhecimento especulativo não encubram essa maravilhosa propensão sutil. Se jnana encobrir essa propensão, então seremos atraídos
pelo Brahman e perderemos a nossa identidade. Se karma encobrir essa propensão, então nosso coração ficará atraído pelas tediosas
atividades fruitivas como um smarta comum e acabaremos por abandonar Krsna e iremos nos dedicar a atividades ateístas. Qualidades
como a ira também são um tipo de cultivo, mas cultivando a consciência de Krsna em um humor assim, iremos saborear a rasa inversa,
como a desfrutada por Kamsa. Portanto, esse tipo de cultivo é desfavorável. Nessa conjuntura alguém pode argumentar que se bhakti fosse
igual a karma e jnana, então os nomes “karma” e “jnana” já seriam suficientes. Qual a necessidade de ficar denominando algumas práticas
de bhakti? A resposta a essa questão é que a ciência de bhakti não pode ser explicada com o nome de karma e jnana. Existem resultados
diferentes nas atividades constitucionais, condicionais e desejosas. A meta principal de todas as atividades é alcançar a nossa ocupação
constitucional — quanto a isso não resta dúvida. Mas, todas as atividades têm os seus frutos irrelevantes. Por exemplo, os frutos irrelevantes
das atividades corpóreas são sustentar o corpo e o prazer sensorial. Ninguém pode negar isso. Os frutos irrelevantes das atividades mentais
são a felicidade do coração e a inteligência aguçada. Ninguém pode superar esses frutos irrelevantes e a busca pelo fruto principal pode
desenvolver um humor devocional em nossas atividades. É por isso que atividades com frutos irrelevantes são conhecidas como karma-
kaAda. Karma e bhakti foram separados cientificamente para poder incorporar os frutos favoráveis de karma em bhakti. Analogamente,
jnana que simplesmente visa a liberação, é chamado de jnana-kaAda, enquanto que os frutos favoráveis de jnana que nos ajudam a
progredir rumo à meta da vida foram incorporados em bhakti. Há algo mais a ser dito em relação a isso. Se todo karma e jnana visam
alcançar o fruto principal, então eles podem ser considerados bhakti. Mas apenas pouco karma visa alcançar o fruto principal. Essas
atividades são identificadas como serviço devocional direto. Alguns exemplos são a adoração do Senhor, o canto de japa, seguir votos
devocionais, visitar locais sagrados, estudar escrituras devocionais e servir aos devotos. Quando os outros karmas e seus frutos irrelevantes
visam o fruto principal, então eles podem ser chamados de serviço devocional indireto. Analogamente, o conhecimento do Senhor Supremo
está mais próximo de bhakti do que o conhecimento do Brahman ou sentimentos de renúncia. Se a renúncia e o conhecimento do Brahman,
juntamente com o seu fruto irrelevante, a liberação de maya, nos ajuda a obter a atração pelo Senhor, então eles também estão incluídos
em bhakti.

Outro nome de karma-kaAda é karma-yoga, e outro nome de jnana-kaAda é jnana-yoga ou saAkhya-yoga. O principal propósito do
sadhana é despertar a nossa atração pelo Senhor Supremo. Quando karma e jnana favoráveis estão vinculados a bhakti, eles se chamam
bhakti-yoga. Aqueles que não podem compreender essa síntese estão se dedicando inadequadamente quer em atividades fruitivas, quer em
conhecimento especulativo, ou à adoração de semideuses. O Bhagavad-gita indica que (5.4, 5,7):

“Só os ignorantes dizem que o serviço devocional (karma-yoga) é diferente do estudo analítico do mundo material (sa‰khya). Aqueles que
são eruditos de verdade afirmam que quem segue um desses caminhos consegue os resultados de ambos.”

“Aqueles que sabe que a posição alcançada por meio do estudo analítico também pode ser conseguida através do serviço devocional, e que
portanto vê o estudo analítico e o serviço devocional como estando no mesmo nível, vê as coisas como elas são.”

“Aquele que trabalha com devoção, que é uma alma pura e que controla a mente e os sentidos, é querido por todos, e todos lhe são
queridos. Embora sempre trabalhe, essa pessoa nunca se enreda.”

Em outras palavras, essa pessoa realiza atividades físicas, mentais e como chefe de família até o final da vida sem aceitar os frutos irrelevantes
das suas atividades, porque todas essas atividades e seus frutos irrelevantes se destinam simplesmente a sustentar a atração pelo Senhor
Supremo, que é o fruto principal. O significado é que o yogi que possa sintetizar suas várias atividades é adorável e superior aos karma-
yogis que alcançaram perfeições domo aAima e laghima, ou aos jnana-yogis que estão apegados pela liberação. O maravilhoso processo
de bhakti-yoga tem três fases: sadhana, bhava e prema.

Devido ao esquecimento da sua identidade, a entidade viva condicionada fica sob a influência do falso ego e se identifica com o corpo. Priti,
que é a natureza constitucional de uma entidade viva está presente de uma forma pervertida e transformado em priti pelos objetos dos
sentidos. Nessa condição devemos nos esforçar em seguir pratyag-gati para alcançarmos os nossos deveres constitucionais. Sob a
influência do falso ego, a entidade viva aceita uma forma feita de elementos materiais e suas qualidades e com uma mentalidade irreligiosa,
com a ajuda dos sentidos experimenta alegria e sofrimento. Esse apego material é chamado a corrente de parag. Em outras palavras os
nossos sentimentos internos estão fluindo externamente de maneira imprópria. Quando essa corrente é retraída dos objetos externos, ela é
chamada de corrente de pratyak. O método pelo qual isso é obtido é chamado de sadhana-bhakti. Quando as nossas propensões naturais
são desviadas pela corrente pervertida e pelos instrumentos dos sentidos, então nos tornamos absortos em objetos materiais. Essas
propensões então ficam absortas nos objetos materiais, nos objetos dos sentidos materiais — sabor com a língua, olfato com as narinas,
visão com os olhos, audição com os ouvidos, sentir com o tato. Essa corrente é tão poderosa que não é possível que a mente a detenha. O
processo para se deter essa corrente é mencionado no Bhagavad-gita (2.59) da seguinte maneira:

“A alma corporificada pode restringir-se do gozo dos sentidos, embora permaneça o gosto pelos objetos dos sentidos. Porém,
interrompendo tais ocupações ao experimentar um gosto superior, ele se fixa em consciência.”

Existem duas maneiras de se interromper essa corrente. Se uma alma corporificada fica privada do desfrute sensorial, o seu gosto pelos

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objetos dos sentidos certamente é interrompido. Mas é impossível para uma alma corporificada permanecer sem desfrutar dos objetos dos
sentidos. Assim se houver outro processo de se interromper essa corrente, então o nosso dever é seguir esse processo. Há um processo
definitivo para divergir a corrente do apego pelos objetos dos sentidos. Quando a corrente do apego encontra rasa, ela fica encantada.
Portanto se a corrente o apego for divergida para uma rasa que seja superior à rasa material, ela naturalmente aceita a rasa superior. Como
está declarado no Srimad Bhagavatam (1.5.34):

“Dessa maneira quando todas as atividades de um homem estão dedicadas ao serviço do Senhor, essas mesmas atividades que causam a sua
prisão material perpétua transformam-se em destruidoras da árvore do trabalho.”

Essa é a principal verdade de sadhana no processo de raga. Toda a vida de um sadhana no caminho de raga está dedicada ao cultivo da
consciência de Krsna. Esse cultivo está dividido em sete categorias (*):

(*) Essas sete categorias de cultivo de consciência de Krsna são naturalmente práticas recíprocas. Se formos incapazes de sintetizar essas práticas, então
devemos buscar abrigo em um acarya qualificado. Quem consegue sintetizar essas práticas no comportamento cotidiano vive como um vaisnava, sua vida
familiar é centrada em Deus, e a sua existência é divina. Quando nos liberamos da vida material, então começamos a praticar o serviço devocional imotivado. Até
que sejamos liberados necessitamos cultivar todos os sete itens mencionados a seguir.

——————————

CATEGORIA DESCRIÇÃO (*)

1. Cultivo espiritual — (1) priti e (2) realização de sambandha, abhidheya e prayojana.

2. Cultivo mental — (1) lembrança, (2) pensar, (3) meditação, (4) meditação concentrada, (5) samadhi, (6) consideração da ciência de
sambandha, (7) arrependimento, (8) yama (**), e (9) purificação do coração.

3. Cultivo corporal — (1) niyamas (***), (2) servir aos outros, (3) ver e tocar os devotos e o Srimad Bhagavatam, (4) orar, (5) ouvir, (6)
dedicar os sentidos ao serviço devocional, (7) transformações de amor extático, e (8) desenvolver um humor de servidão em relação ao
Senhor.

4. Cultivo da fala — (1) cantar hinos, (2) estudar, (3) kirtana, (4) ensinar, (5) orar, e (6) pregar.

5. Cultivo do relacionamento — (1) santa, (2) dasya, (3) sakhya, (4) vatsalya, e (5) kanta. Existem dois tipos de relacionamentos:
como o Senhor e com os associados do Senhor.

6. Cultivo social — (1) varAa: brahmaAa, katriya, vaisya e s™dra — ocupações e posições que estão fundamentadas na natureza da
pessoa; (2) asrama: ghastha, brahmacarya, e sannyasa — divisões conforme a situação social da pessoa, (4) festivais gerais, e (5)
atividades como sacrifício.

7. Cultivo dos objetos dos sentidos — os seguintes objetos dos sentidos nos ajudam a desenvolver a consciência de Krsna: (1) os objetos
para os olhos são as Deidades, os templos, as escrituras, os locais sagrados, os dramas espirituais e os festivais espirituais; (2) os objetos
para os ouvidos são as escrituras, as canções, as conferências e conversas; (3) os objetos para o nariz são tulasi, flores, pasta de sândalo e
outros itens aromáticos oferecidos ao Senhor; (4) os objetos para a língua são o kirtana e o voto de só aceitar os comestíveis e bebidas que
foram oferecidos ao Senhor; (5) os objetos para o toque são o ar dos locais sagrados, a água pura, o corpo de um vaisnava, a cama macia
oferecida a Krsna e a associação com uma esposa casta para propagar uma família centrada em Deus; (6) ocasiões como Hari-vasara
(ekadasi) e dias festivos; e (7) os locais como Vndavana, Navadvipa, Jagannatha Puri e NaimiaraAya.

(*) É dever de todos seguir essas sete categorias de cultivo. Mas todas essas descrições não são seguidas por todo mundo, porque há a necessidade de
considerar a qualificação de cada um.

(**) Veracidade, evitar de roubar, abandonar a má associação, inteligência, não acumular mais do que o necessário, religiosidade, celibato, evitar conversas
desnecessárias, determinação, destemor e clemência.

(***) Limpeza, japa, austeridade, sacrifício, fé, hospitalidade, adoração, peregrinação, trabalho beneficente, comportamento adequado e serviço ao mestre
espiritual.

——————————

Se o nosso apego experimenta o sabor mais elevado da consciência de Krsna, então esse apego naturalmente irá fazer com que nos
desapeguemos dos objetos materiais e ficaremos absortos com esse gosto superior. Quando o apego está absorto em objetos materiais,
como experimentar um gosto superior? Portanto, os vaisnavas, que são os bem-querentes de todas as entidades vivas, engendraram um
processo para dedicar os objetos materiais à consciência de Krsna. Apesar da criação de Maya ser um aspecto pervertido da Verdade
Absoluta pura, ela é uma criada do Senhor e está sempre dedicada a Seu serviço. Portanto, se alguém desejar adorar a Krsna através de
Maya, ela abandona o seu aspecto adverso e aceita essa adoração com respeito como uma devota. Esse é o grande mistério da fé vaisnava.
Para estabelecer a família vaisnava para o bem-estar das entidades vivas, Sri Narada Muni deu a seguinte indicação a Vyasadeva no Srimad
Bhagavatam (1.5.20):

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“Tenha como certo que esse mundo material é não-diferente do Senhor, porque ele é criado, mantido e aniquilado por Ele. O mundo
espiritual, VaikuA˜ha, é a morada eterna do Senhor. Esse mundo material visível é apenas um reflexo de VaikuA˜ha. Os ingredientes, a
existência e natureza desse mundo material são portanto simples imitações de VaikuA˜ha. As entidades vivas condicionadas são as
desfrutadoras desse mundo material. A falha do mundo material é que as entidades vivas têm natureza rebelde. Ó Vyasadeva, não tenha
medo de descrever os passatempos do Senhor por meio desse mundo material, porque, na verdade, descrever o mundo material é o mesmo
que descrever VaikuA˜ha, pois eles são considerados material ou espiritual unicamente devido à convicção pessoal. Se você descrever esse
mundo material em termos do seu relacionamento com o Senhor Supremo, então o seu apego por Vaikuntha será despertado
automaticamente. Você já conhece esse fato devido à sua auto-realização. Uma vez que você me perguntou, estou lhe dando uma sinopse.
Portanto, por favor, descreva os passatempos do Senhor através do processo de samadhi natural e dirija as entidades vivas para
VaikuA˜ha. Você já descreveu anteriormente os princípios da religiosidade mundana e o processo de pseudo-samadhi, que nem sempre são
benéficos.”

As pessoas que seguem a corrente de pratyak têm estabelecido o mundo todo como uma família vaisnava por dedicarem todos os objetos
materiais à consciência de Deus. As pessoas que desfrutam comer grãos podem comer a maha-prasada que foi oferecida ao Senhor, e
dessa maneira praticar a corrente de pratyag com a língua. Analogamente, aquelas que são apegadas em ouvir, podem ouvir os nomes e
passatempos do Senhor e praticar essa corrente de pratyag com os ouvidos. Dessa maneira elas acabam gradualmente dedicando os seus
sentidos e objeto dos sentidos ao Serviço do Senhor e dessa maneira incrementam a sua corrente interna de raga ao proverem os seus
sentidos com um gosto superior. Isso é chamado sadhana-bhakti. Para poder liberar as entidades vivas da mentalidade ateísta de: “Eu sou
o desfrutador,” Sri Mahadeva, que é adorado por todos os vaisnavas, estabeleceu nos tantras diversos métodos tais como lata-sadhana,
vamacara, viracara e pasvacara. Definitivamente, Sri Mahadeva estabeleceu o Senhor Supremo como desfrutador e as entidades vivas
como desfrutadas e criou uma plataforma de onde podemos alcançar um gosto superior ao obtido pelo desfrute dos objetos dos sentidos
materiais. Não existe contradição entre os tantra-sastras e os vaisnavas-sastras. Eles são unicamente diferentes provisões para o
caminho de raga para as pessoas de diferentes qualificações. Sadhana-bhakti é dividido em nove processos como estão descritos no
Srimad Bhagavatam (7.9.23):

“Ouvir e cantar sobre os transcendentais santo nome, forma, qualidades, parafernália e passatempos do Senhor Visnu, lembrá-los, servir aos
pés de lótus do Senhor, oferecer ao Senhor adoração respeitosa, tornar-se Seu servo, considerar o Senhor como o melhor amigo e entregar
tudo a Ele (em outras palavras servi-lO com o corpo, a mente e as palavras): Esses são os nove processos de sadhana-bhakti. “

Alguns is dividiram esses nove processos em sessenta e quatro processos. Inúmeras pessoas têm alcançado a perfeição por seguir qualquer
um dos processos, alguns deles ou todos eles.

Existem dois tipos de sadhana-bhakti: Vaidhi e raganuga. Os praticantes que ainda não tiveram a sua raga despertada são elegíveis para
Vaidhi-bhakti, na forma das injunções das escrituras. Eles são seguidores dos devotos puros. Os praticantes que ainda não tiveram raga
despertada mas que tentam imitar a raga de um acarya e se dedicam ao sadhana dessa maneira são denominados raganuga-sadhakas.
Essa também é uma forma de serviço devocional regulado. Mas em seu estado maduro, raganuga-sadhana já não é mais controlado por
regulações.

Quando sadhana-bhakti amadurece, ou quando desperta um pouco de raga devido à associação com os devotos, atravessamos a
jurisdição de Vaidhi-bhakti. Os sintomas dos nove processos de serviço devocional são encontrados igualmente tanto em sadhana-bhakti
quanto em bhava-bhakti, mas em bhava-bhakti eles são mais profundos. Em bhava-bhakti o sentimento interior de servo, amigo ou de
alma rendida se torna mais proeminente. Em sadhana-bhakti as atividades corpóreas grosseiras são mais proeminentes. Mas em bhava-
bhakti as atividades do corpo sutil espiritualizado, por serem mais próximas da existência sutil da alma, são mais proeminentes do que as
atividades grosseiras. Nessa situação as necessidades corpóreas diminuem e o desejo e esforço de alcançar prayojana tornam-se muito
intensos. Nessa ocasião, dentre os membros de sadhana-bhakti, desenvolvemos um gosto especial em cantar os santos nomes.

Quando bhava amadurece, então ocorre o despertar de prema-bhakti. Enquanto estivermos ligados ao mundo material, prema-bhakti não
pode alcançar o priti puro, mas permanece uma réplica do priti puro. As pessoas que atingiram o estágio de prema-bhakti alcançam todos
os puruarthas. Sua existência pura poderosa desperta as suas existências grosseira e espiritualmente refletida, ou sutil. Não há na vida
estágio superior a esse.

Podemos encontrar muitas contradições aparentes nas características das pessoas em prema-bhakti. No entanto, as suas características são
na verdade as mais puras e independentes. As regulações e o racionalismo não pode controlá-las. Elas não estão sob a jurisdição de
nenhuma escritura e nem de preceitos sectários. Suas atividades emanam da compaixão, e o seu conhecimento é naturalmente puro. Elas
estão além das dualidades de piedade e de impiedade, ou de religião ou irreligião. Elas vivem sempre situadas no eu, e sempre estão vendo
VaikuA˜ha, mesmo enquanto habitam o corpo material.

As pessoas comuns não lhes dão muito respeito, porque o kani˜ha e o madhyama-adhikaris são incapazes de compreender a sua
qualificação e portanto as criticam. Mas esses devotos que estão no estágio de prema conhecem muito bem o significado de todas as
escrituras e conforme a situação às vezes eles agem de modo contrário ao das injunções das escrituras. Ao verem isso as pessoas asininas
podem julgá-los malcomportados. As pessoas sectárias que vêem que eles não estão decorados com os sinais de uma seita concluem que
eles são irreligiosos. Os lógicos que vêem as suas trocas amorosas podem julgá-los irracionais. Os renunciantes secos que vêem as suas
atividades físicas e familiares podem equivocadamente julgá-los apegados às suas famílias e ao corpo. As pessoas apegadas aos desfrutes
materiais que vêem o desapego que os devotos que estão no estágio de prema têm pelo mundo podem suspeitar que eles sejam incapazes.
Os jnanis que vêem a sua indiferença pelo impersonalismo podem considerá-los irracionais. Os materialistas podem considerá-los loucos.
Mas realmente eles são completamente independentes e situados espiritualmente. Para essas pessoas os prema-bhaktas são
incompreensíveis e sem propósito de vida.

Apesar do serviço devocional elevado dos prema-bhaktas às vezes parecerem atividades fruitivas, na verdade essas atividades jamais são
maculadas pelo karma, porque todas as atividades que eles realizam visam exclusivamente a liberação das atividades fruitivas e não o
enredamento. Apesar de às vezes o serviço devocional deles parecer conhecimento especulativo, na verdade ele jamais está maculado com

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
jnana, porque o conhecimento puro que eles possuem nunca é contaminado com impersonalismo ou a teoria budista da anulação da alma.
Apesar do conhecimento e da renuncia serem a sua riqueza, eles não os consideram como parte do seu serviço devocional, porque
concluíram que bhakti é diferente do conhecimento e da renúncia.

Os devotos que estão no estágio de prema, que têm comportamento de cisnes, são exemplos adoráveis para todos os devotos, mesmo que
ajam como fazendeiros entre os fazendeiros, como negociantes entre os negociantes, como servos entre os serviçais, como um general entre
os soldados, como um esposo com sua esposa, como uma criança com os seus pais, como um irmão com os seus irmãos, como um
castigador entre os criminosos, como um rei e seus súditos, como um súdito e seu rei, como um pensador entre os eruditos, como um médico
e seu paciente, ou como um paciente e seu médico. Pela misericórdia dos devotos puros, estamos sempre desejando com a atenção
indesviável o abrigo aos pés de lótus do casal divino, que é a sua única riqueza. Ó prema-bhaktas mahajanas! Por favor, despejem a
chuva da sua misericórdia, na forma da sua associação e reguem esse coração seco, que vive apegado ao argumento lógico e esmagado pelo
desfrute material. Permita que a maravilhosa verdade transcendental do casal divino, que é a Verdade Absoluta inigualável, seja refletida
nesse coração purificado e derretido.

Oˆ Hari

sri Krsnarpanam astu

Final da conclusão.

APÊNDICE A

PUTANA
PUTANA

Esse ensaio foi publicado na edição de janeiro de 1932 no The Harmonist, ou Sree Sajjanatoshani.

A primeira atividade do recém-nascido Krsna registrada no Bhagavatam é a matança da demônia Putana.

A demônia P™tana foi designada pelo rei Kamsa para matar todos os bebês recém-nascidos em Vraja, porque foi informado pelo sábio
divino Narada que quem deveria matá-lo acabara de nascer. Enquanto isso Sri Krsna nascera na prisão de Kamsa e havia sido levado pelo
Seu pai Vasudeva para a casa de Seus pais adotivos Nanda e Yasoda, em Vraja, durante a noite do Seu advento. Os guardas da prisão não
conseguiram detectar os movimentos de Vasudeva, que havia regressado para sua prisão com a filha recém-nascida de Yasoda, por quem
ele havia trocado o seu bebê, sem que nem a própria Yasoda percebesse. Vasudeva havia carregado Krsna em seus braços atravessando o
Yamuna durante a inundação, agitado pelo tempo tempestuoso em uma noite sem luar. Ele havia transposto a pé as águas profundas que
haviam se transformado em rodamoinhos terríveis devido à fúria da tempestade. As algemas de ferro, travas e trancas que barravam as celas
da prisão abriram-se por si só quando Vasudeva se aproximou levando Krsna para a casa de Seus pais adotivos. A filha de Yasoda foi
então denunciada ao rei Kamsa como sendo a temível recém-nascida de Devaki. O rei correu até a cela ao receber a notícia que vinha
aguardando e que há anos lhe tirava o sono. No início ele pensou em poupar a vida do bebê, pois a profecia dizia que ele seria morto por um
bebê do sexo masculino, o oitavo filho de Devaki e Vasudeva. Mas por via das dúvidas, ele achou melhor matar aquela menina recém-
nascida. No entanto, quando o rei kamsa estava para esmagar o bebê contra um bloco de pedra, ela escapou-lhe das mãos e se revelou
como a Energia Ilusória do Senhor Supremo, e assim se manteve por um breve tempo visível no meio do céu, assegurando ao rei que seu
futuro algoz já havia nascido, tentando dissuadi-lo de continuar matando cruelmente crianças inocentes, pois o seu destino já estava traçado.
Ao dizer isso Mahamaya desapareceu da visão do rei atônito. Logo a seguir kamsa foi informado pelo sábio Narada que o seu futuro algoz
deveria ter nascido entre os cidadãos de Vraja e se ele estivesse preocupado com a sua segurança não deveria perder tempo e tratar de
adotar medidas drásticas para eliminar o mal pela raiz. Esse conselho deixou o covarde sanguinário muito satisfeito, e sem perda de tempo
ele delegou à demônia P™tana a missão de matar todos os recém-nascidos do território vizinho usando um método acima de suspeita.

A demônia P™tana então fez sua aparição em Vraja e se apresentou na casa de Yasoda na ausência de Nanda Maharaja, que havia ido
para Mathura pagar o tributo devido a Kamsa. A demônia assumiu a forma de uma matrona maravilhosa, com o aspecto mais benevolente, e
se aproximou do berço onde mãe Yasoda havia posto o bebê Krsna para dormir. Yasoda notou aquela senhora desconhecida assim que
ela entrou na casa, mas não suspeitou da sua intenção sórdida. Ela observou a recém-chegada sem nenhuma ansiedade, e nisso a demônia foi
até o berço do Bebê, O pegou no colo e ofereceu o seu seio para o Ele mamar. Mas o bico dos seios de P™tana haviam sido untados com
um veneno letal.

O bebê Krsna sabia da intenção da demônia e segurou o seio da monstra com os Seus bracinhos delicados. O agarrar do bebê foi tão
terrível que fez com que a demônia entrasse em pânico, temendo por sua vida e ela começou a convulsionar em uma agonia mortal devido à
pressão das mãozinhas de Krsna. Então o bebê colocou os Seus lábios no seio de P™tana e em um instante sugou a vida dela. A monstra
terrível urrando de dor foi compelida a revelar a sua feiura e a sua forma demoníaca enorme ao cair morta no chão. Sua carcaça hedionda
cobriu uma longa distância e o bebê Krsna ainda estava agarrado aos seus seios venenosos.

A primeira atitude das vaqueirinhas de Vraja, que correram com Yasoda até o local, foi o de retirar Krsna do peito daquela demônia

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
terrível. Então todas ficaram maravilhadas ao ver como o menino pôde escapar sem nenhum ferimento das garras daquela demônia. Elas
atribuíram a imunidade do bebê à misericórdia dos semideuses, que são especialmente bondosos como os desamparados. As vaqueirinhas
aflitas invocaram a ajuda de todos os semideuses e semideusas para que continuassem a proteger a criança.

Enquanto isso, P™tana foi salva devido ao seu serviço a Krsna, por ter-Lhe oferecido o seio envenenado para que Ele mamasse. O autor
do Bhagavatam é cuidadoso em mencionar que a boa fortuna da demônia eqüivaleu à de Yasoda no sentido em que o seu seio foi sugado
por Krsna. Portanto, P™tana, alcançou a posição eterna de mãe adotiva do Senhor Supremo na plataforma do Absoluto.

A narrativa do Bhagavatam citada encerra uma moral muito importante para os aspirantes à Verdade Absoluta. Mas antes de oferecer as
interpretações dos textos que foram dadas pelos acaryas anteriores, gostaria de despertar a atenção do leitor para certos possíveis
equívocos sobre a natureza das interpretações a serem oferecidas.

Existe uma classe de pessoas que insistem que os textos devem ser apreciados no seu sentido literal. Tem sido usada muita ingenuidade para
extrair significados que podem ser satisfatórios para o julgamento empírico dos intérpretes que trabalham com esse método literal. O
argumento deles é ininteligível. Como as escrituras reveladas devem ser consideradas como portadoras de informações sobre o Absoluto a
linguagem deve ser considerada como parte integrante do significado do texto. A partir dessa conclusão os intérpretes literais saltam para a
inferência errada de que deve ser possível que uma alma condicionada determine o significado verdadeiro das escrituras atribuindo um
sentido lexicográfico ao seu palavreado verdadeiro. Essa argumentação moderna é inaplicável ao tema transcendental. As palavras possuem
um duplo significado. O significado lexicográfico se refere às entidades vivas desse mundo e portanto, ele não se aplica nesse caso. O
significado esotérico não é acessível aos sentidos grosseiros e à mente da alma condicionada. Essa é a grande e insuperável dificuldade. Os
intérpretes literais, que seguem o significado lexicográfico das palavras, cometem erros graves por não considerarem esse aspecto de suma
importância.

O significado transcendental das palavras não pode ser transferido para os sentidos da alma condicionada enquanto ela não concordar em
seguir o método de ouvir submissamente o som transcendental que surge dos lábios de um devoto puro. Há uma linha bem definida de
sucessão de mestres fidedignos da verdade. O mestre fidedigno deve ser encontrado pelo verdadeiro aspirante da Verdade, mais cedo ou
mais tarde. O acarya fidedigno não é reconhecível para os hipócritas e ateístas que na verdade não têm desejo de servir ao Supremo.
Enquanto o mestre fidedigno não manifestar o seu aparecimento para a essência cognitiva pura do aspirante pela Verdade Absoluta é
necessário que o candidato à iluminação espiritual se concentre na auto-realização para que ele seja capaz de evitar de dar abrigo a qualquer
traço de insinceridade. As palavras do sadhu também estão disponíveis, por sua misericórdia sem causa, para dar sustentação aos esforços
desses candidatos, para que eles avaliem a sua falta de sinceridade.

É por desconsiderar ou negligenciar deliberadamente a submeterem-se a esse treinamento preliminar para obterem acesso ao significado
transcendental de todas as palavras, que os intérpretes literais, que seguem o significado lexicográfico comum das palavras das escrituras, não
conseguem compreender a necessidade de jamais se desviarem das interpretações dadas pelas almas auto-realizadas, que conhecem o
significado transcendental das palavras. Esses empíricos que, ao seguirem o método lexicográfico e sintático dos intérpretes literais, não têm
escrúpulo de ler o significado próprio dos textos, julgando equivocadamente que as escrituras e os produtos do cérebro humano estão
sujeitos ao mesmo tipo de erro e, que portanto, tornam-se vítimas dos mesmos erros cometidos pelos pensadores hipotéticos sob a alegação
de que o erro não pode ser provado, ficam predispostos a imaginar que as interpretações oferecidas pelos acaryas não são
escrupulosamente fiéis aos texto e oferecem explicações alegóricas para suportar os seus pontos de vista sectários.

Salientamos esses possíveis equívocos para despertar a atenção do leitor, para que ele seja capaz de compreender a interpretação da
narrativa de P™taAa baseada na exposição dos acaryas anteriores e para que ele a ouça dos lábios de um mestre fidedigno do Absoluto. A
interpretação não é oferecida como uma explicação literal lexicográfica, nem é uma alegoria forjada sob a luz do conhecimento empírico da
história passada da raça e portanto deve ser aceita como ela é.

Sri Krsna manifesta o Seu nascimento eterno na essência cognitiva pura da alma servil que está situada acima de todos as limitações
mundanas. O rei kamsa é o típico empírico agressivo. Ele está sempre de olho no aparecimento da Verdade com o propósito de suprimi-lA
antes que Ela se desenvolva. Isso não é um exagero da verdadeira conotação da posição empírica consistente. O materialista tem uma
repugnância natural por tudo aquilo que é transcendental. Ele está disposto a pensar que essa fé no incompreensível é parente do dogmatismo
e da hipocrisia sob o disfarce de religião. Ele também está sob a ilusão de que não há e nem pode haver uma linha divisória entre o material e
o espiritual. Sua ilusão é reforçada pelas interpretações das escrituras dadas por pessoas que têm a mesma mentalidade. Isso inclui todos os
intérpretes lexicográficos. A interpretação lexicográfica é mantida por kamsa como a explicação científica verdadeira das escrituras e essa
interpretação mantém-se estritamente contrária ao transcendental. Esses intérpretes lexicográficos são empregados por kamsa para
eliminarem qualquer indício do aparecimento de uma fé genuína no transcendental.

O rei kamsa sabe muito bem que se permitir que se cresça a fé no transcendental, todos os seus prospectos empíricos estarão liquidados.
Existe um campo histórico para essa apreensão. Se o domínio empírico deve ser preservado intato é necessário não perder nenhum instante
para eliminar a heresia transcendental no instante em ela tenta fazer sua aparição com seriedade. O rei kamsa agindo com o seu medo
tradicional nunca tarda em tomar a precaução científica de lançar mestres empíricos das escrituras apoiados pelas fontes do dicionário e da
gramática e de todas as sutilezas empíricas para derrotar a verdadeira interpretação da religião eterna revelada pelas escrituras, através de
uma exibição de extensos argumentos baseados em princípios hipotéticos. kamsa está fortemente persuadido de que a fé no transcendental
pode ser derrotada pelo empirismo se for pronta e decididamente combatida com medidas a serem adotas assim que ela surja. Ele atribui às
falhas do ateísmo no passado em negligenciar a adoção de tais medidas antes que a falácia teísta tivesse tempo de se espalhar entre as
massas fanatizadas.

Mas kamsa não pôde contar com a sua legião. Quando Krsna nasce Ele se mostra capaz de eliminar todos os desígnios sinistros daqueles
que foram avisados por Ele mesmo do Seu advento. A aparente fé imotivada exibida por pessoas a despeito da idade, sexo e condição de
vida podem confundir todos os empíricos radicais que a princípio são contrários à Verdade Absoluta, cuja aparição é altamente incompatível
com o domínio do empirismo. Mas nenhum esforço contrário dos empíricos, cuja supremacia parece tão bem estabelecida sobre as mentes
das almas iludidas desse mundo, pode dissuadir qualquer pessoa de seguir exclusivamente a Verdade quando ela realmente manifesta o Seu
nascimento na essência cognitiva pura da Sua alma.

P™tana é a algoz de todas as crianças. O bebê, menino ou menina, quando sai do ventre materno, cai nas garras dos pseudo-mestres
religiosos. Esses professores são bem sucedidos em inibir todas as tentativas de um bom mestre cuja a ajuda nunca é solicitada pelos ateístas
desse mundo ao batizarem as suas crianças. Isso é garantido pelos arranjos de todas as igrejas estabelecidas do mundo. Elas têm sido bem

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sucedidas apenas por suprirem atentas P™tanas para efetivarem a destruição espiritual das pessoas no momento do seu nascimento com a
cooperação dos seus pais mundanos. Nenhum artifício humano pode prevenir que essas P™tanas tomem posse de seus pupilos. Isso se
deve à prevalência geral da disposição ateísta das pessoas nesse mundo. A igreja que tem a melhor chance de sobrevivência nesse mundo
condenado é aquela que advoga o ateísmo disfarçado de teísmo. As igrejas sempre têm provado ser as maiores defensoras das mais
grosseiras formas de mundanismo, superando até os piores criminosos não-eclesiásticos.

Essas observações não visam qualquer oposição deliberada ao clero organizado. O propósito original das igrejas estabelecidas no mundo
não podem ser sempre contestado. Mas nenhum arranjo religioso estabelecido para instruir as massas ainda foi bem sucedido. O Senhor
Supremo Sri Krsna Cheitanya com o propósito de ensinar as escrituras estimula a completa ausência de convencionalismo para os
pregadores da religião eterna. Isso não quer dizer que a adoção mecânica de uma vida não-convencional por parte de qualquer pessoa a
tornará capacitada para ensinar religião. A regulação é necessária para o controle do mundanismo inerente das almas condicionadas.
Nenhuma regulação mecânica tem qualquer valor para esse propósito. O mestre fidedigno de religião não é nenhum produto nem o
favorecido de nenhum sistema mecânico. Em suas mãos nenhum sistema tem a chance de degenerar para um arranjo sem vida. O simples
seguimento de doutrinas fixas e de liturgias fixas não podem elevar uma pessoa ao verdadeiro espírito da doutrina ou da liturgia.

A idéia de uma igreja organizada em uma forma inteligível, na verdade marca o encerramento de um movimento espiritual vivo. Os grandes
estabelecimentos eclesiásticos são como diques ou represas para reter uma corrente que não pode ser interrompida por nenhum desses
dispositivos. Na verdade eles indicam um desejo por parte das massas de explorar um movimento espiritual para benefício próprio. Eles
também indicam inequivocamente o fim do da direção de um mestre fidedigno absoluto e não-convencional. As pessoas desse mundo
compreendem os sistemas preventivos, elas não podem ter idéia da vida eterna positiva sem impedimentos. Nem pode haver nenhum artifício
terreno para preservar permanentemente a vida eterna nesse plano mundano em uma escala popular.

Portanto, as pessoas que estão dispostas a vislumbrar uma grande melhoria das condições mundanas em qualquer sentido mundano
acreditando no sucesso mundano de qualquer movimento espiritual verdadeiro, estão completamente equivocadas. São esses esperançosos
mundanos que se tornam os patronos da malévola raça de pseudo-mestres religiosos, as P™tanas, cuja função adequada é suprimir a
disposição teísta no exato momento em que suspeitam do seu aparecimento. Mas a verdadeira disposição teísta nunca pode ser suprimida
pelos esforços dessas P™tanas. As P™tanas só têm poder sobre os ateístas. É uma tarefa ingrata mas salutar que elas realizam para o
benefício das suas vítimas condescendentes.

Mas logo que a disposição teísta apropriada faz o seu aparecimento na essência cognitiva pura das almas despertas, as P™tanas são
silenciadas decisivamente assim que elas se defrontam com o recém-nascido Krsna. Mas a suposta algoz acaba sendo morta. Essa é a
recompensa dos serviços negativos que as Putanas involuntariamente prestam para a causa do teísmo ao sufocar todas as demonstrações
hipócritas contra sua própria hipocrisia. Mas P™tana não deseja nem um pouco receber a sua recompensa na forma que envolve a
completa destruição da sua personalidade errônea. O rei kamsa também não deseja perder o serviço dos seus agentes mais confiáveis. O
silêncio definitivo de toda a raça de pseudo-mestres de religião é a primeira indicação clara do aparecimento do Absoluto no plano mundano.
O mestre fidedigno do Absoluto anuncia o advento de Krsna com a sua campanha sem compromisso contra os pseudo-mestres de religião.

APÊNDICE B
BATASURA

Esse ensaio foi impresso na edição de fevereiro de 1932 do The Harmonist, ou Sree Sajjanatoshani.

Batasura é um dos demônios mortos pelo menino Krsna. Ele representa os males que são peculiares da infância. O neófito é extremamente
susceptível a tais males. Ele não pode se livrar deles a não ser pela misericórdia de Krsna. Se alguém se dedica ao serviço a Krsna os vícios
juvenis são completamente erradicados em um estágio precoce.

Há um provérbio inglês que diz que plantar aveia selvagem (que é muito amarga) é inevitável durante a juventude. O termo “puritanismo” foi
originalmente usado para expressar o protesto dos meninos e jovens contra qualquer restrição indevida da propensão de desfrutar que eles
considerassem ser-lhes permissível. Meninos e jovens acham que é direito deles serem divertidos e brincalhões. Não há nenhuma objeção
quanto a isso e isso é considerada uma qualidade positiva, de exibição de qualidades juvenis. Se for feita uma tentativa de suprimir essas
atividades inocentes da natureza juvenil sob a impressão de que isso é uma exibição de sensualidade e por essa razão, tão prejudicial quanto
uma conduta similar por parte das pessoas maduras, o resultado não é o encorajamento mas o desencorajamento, da inocência juvenil.

Na verdade, existem ovelhas negras e elas não devem ser encorajadas a macular todo o rebanho, para esse propósito são necessários
guardiães com plena convicção de sua delicada responsabilidade para manterem-se vigilantes, cuidando que a inocência juvenil não seja
causa de infelicidade. Mas com toda a precaução verifica-se ser impossível alcançar esse duplo propósito.

As escrituras dizem que não está sob o poder humano garantir aos meninos e meninas a imunidade contra a cegueira da sensualidade precoce
exceto por meio do serviço a Krsna. Isto está declarado como sendo o único método natural eficiente. Permitam que os meninos fiquem
expostos à atração do vaqueirinho de Vraja. Logo eles aprenderão a adotar a Sua companhia. Eles realizarão facilmente que só o menino
Krsna pode salvá-los de todas as formas de perigo a que eles estão expostos pelo ”direito” da sua natureza juvenil.

Por que isso deve ser assim? Há uma razão muito simples. Krsna não limita o Seu serviço apenas para as pessoas de meia-idade e para os
velhos. O ideal puritano do Supremo é uma concepção que remonta a sua origem a pessoas que são mais velhas apesar de honestas o
bastante para viverem ansiosas em estabelecer o “Reino de Deus” nessa terra. Mas se você remover a fina película da superfície do seu
esquema sábio e sóbrio que cai bem na sua idade, você só vai detectar o arranjo podre para assegurar-lhes o máximo de desfrute sensorial
até mesmo para as próprias crianças que forem levadas para o seu caminho “virtuoso”. Se permitirem às crianças gastar a sua riqueza na
juventude, pensam essas pessoas direitas, mais tarde elas não estarão em condições de desfrutar os prazeres legítimos de uma pessoa
madura. A menos que os jovens poupem seus recursos de capacidade sensorial, eles também serão vítimas da velhice prematura. A política
de expediente é a de proporcionar um pequeno desfrute no presente para mais tarde colher um desfrute muito maior através dos longos anos

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que virão.

O espúrio ideal de brahmacarya como tem sido deturpado pelos seus proponentes mundanos corporifica esse panorama dos puranas. As
escrituras, na verdade, incentivam que todo mundo deve servir ao Supremo desde o ventre. Esse é o verdadeiro significado de brahmacarya.
As práticas de ascetismo que os levam a ter essa concepção foram interpoladas nas escrituras para poder assegurar valores mundanos por
essa forma de método empírico. O esquema requer que as leis do desenvolvimento dos corpos físico e mental devam ser observados e
seguidos. A natureza é considerada como o tipo de mãe que só favorece aos filhos que cultivam o hábito filial de inquirir sobre seus segredos.
A natureza é tida como incapaz de evitar de divulgar os seus segredos para seus filhos inquisitivos apesar dela estar bem ciente de que seus
filhos irão explorar esse conhecimento aproveitando para colocá-la ao seu serviço. Em outras palavras também se presume ser o dever de
uma mãe bondosa consentir ser posta no jugo para poder satisfazer os apetites sensoriais de seus filhos valorosos. Presume-se que a
natureza seja capaz de fazer o bem para os seus filhos apenas ao permitir que eles sejam vítimas da sua luxúria.

As práticas de ascetismo estão realmente idealizadas no espírito adepto do epicurismo. O asceta sonha em poder se assenhorar da natureza
pelo método do controle dos sentidos. Se os sentidos se desenvolverem empedernidos às tentações do mundo o asceta julga que terá menos
oportunidade de cair sob o poder da natureza. Ele tem a idéia de que quando se tornar perfeito com esses arranjos defensivos, será o
verdadeiro dono da situação. O brahmacari-asrama, segundo o ponto de vista do asceta, é passar por um período de treinamento com
abstinência severa junto de seu Guru para poder ser capaz de desempenhar os deveres de cidadão, que exigirão grande desempenho
nervoso e muscular e grande aptidão. Não há nenhuma referência ao serviço ao Supremo ou a nenhum tema espiritual.

Já explicamos inúmeras vezes que o espiritual é transcendental. Nenhum tipo de consideração mundana pode fazer parte do treinamento ou
da conduta espiritual. Não é uma atividade espiritual que deve ser capaz de controlar os desejos carnais. Na verdade esse autocontrole é
automaticamente produzido pelo despertar da alma. A alma nada tem a ver com os sentidos. A alma não deseja nem a sensualidade e nem a
pureza sexual. A alma não é um mero ser moral. Se brahmacariya significa um método de aquisição de poder moral ele passa a ser
simplesmente uma atividade mundana e como tal nada tem a ver com a alma e é positivamente pernicioso para o bem-estar espiritual.

Isso é assim porque sob o ponto de vista da alma ela é todo-penetrante. A alma não rejeita nada. Ela não considera nada como redundante
ou inútil. A alma tem um uso para tudo. Mas a alma vê tudo como se fosse realmente relacionada com ela e com as outras entidades.
Portanto não há espaço para nenhum tipo de moralidade nos seus relacionamentos com as outras entidades. Tudo é absolutamente bom no
plano da alma. A instituição de brahmacharya das escrituras literalmente quer dizer serviço ao Brahman; isto é, à realidade que é sempre
grande e é sempre a ajuda. O servo do Absoluto está livre de toda a ilusão.

Moralidade é um artigo que só é válido no plano da ilusão. Mas ela não tem direito de petição no plano onde as condições de existência são
perfeitas.

Até que o serviço ao Supremo seja realizado é impossível ser realmente moral no sentido de ser necessária e perfeitamente virtuoso.

Se uma pessoa é imotivadamente virtuosa no sentido mundano ela estará sujeita a ser explorada por todos os tipos de patifes desse mundo.
Isso ocorre devido à moralidade ser estabelecida pelos empíricos, com referência ao corpo físico e à mente mutável e é portanto, sujeita a
mudanças enquanto que as condições não são radicalmente alteradas.

O plano empírico do bem-estar juvenil se empenha em produzir condições que favoreçam o desenvolvimento e a continuação da atitude
moral empírica. Essas condições artificiais são confiáveis o suficiente para que delas se espere um benefício permanente aos jovens que
estejam mantidos nessas condições artificiais. Mas o tipo de mentalidade que tem que ser produzido pela manipulação artificial do meio
ambiente mostra ser de pouco valor quando as escoras são retiradas. A analogia com as escoras que protegem o crescimento das plantas
delicadas não se aplicam a essas plantas que são sempre esotéricas. A moralidade caseira é assim um equívoco e uma ilusão em relação a
alma.

O brahmacariya asrama corporifica o ideal substantivo de pureza espiritual refletido distorcidamente no conceito de ética empírica.
Brahmacariya significa serviço ao Absoluto. A inocência juvenil não é um monopólio das pessoas jovens, mais do que seja a malcriação
juvenil. Elas são as porções animais que correspondem às qualidades espirituais análogas. As atividades espirituais são perfeitamente
saudáveis. Elas incluem todos os valores e harmonizam todos os efeitos disjuntivos, os quais são extremamente raros em seus aspectos
mundanos pervertidos para serem encontrados nesse mundo.

Não é de se supor que tudo seja feito por Krsna e que não haja nada a ser feito por nós em qualquer situação. Na verdade existe uma
divisão de papéis a serem assumidos no que se refere a nós mesmos e entre nós e Krsna. Certos deveres são nossos. Outras funções são
reservadas a Krsna. Batasura não pode ser morto por nós. Ele é mais forte do que nós. Isso pode ser avaliado pela experiência da maioria
dos educadores. A inocência juvenil é uma necessidade tanto para os jovem quanto para o velho. Ela não pode ser adquirida por nenhum
processo artificial. Também nenhuma pessoa comum pode retê-la depois da meninice e da juventude. Essa é uma verdadeira tragédia da vida
humana.

A inocência juvenil é desejada devido ao desfrute que ela proporciona. Mas ela só pode ser desejada apropriadamente para o serviço a
Krsna. (O pai não tem dever mais elevado do que empregar o menino a serviço de Krsna ao colocá-lo sob a tutela de um mestre
apropriado, ou seja de um devoto de KrAa. Nenhum pai está habilitado para se encarregar do treinamento espiritual do próprio filho. Ele é
inapto para a tarefa devido ao seu relacionamento mundano. Uma vez que relacionamento é considerado um obstáculo no caminho do
treinamento juvenil a necessidade de se enviar o menino o mais breve possível a um mestre adequado se torna evidente. Se o pai continua a
manter o seu interesse paternal no menino depois dele ter sido posto na escola para o propósito citado ele só estará impedindo o progresso
do menino. O treinamento não é apenas para o filho, mas para os pais também.)

A malcriação infantil deve ser desconsiderada, mas não encorajada, sob a impressão de que é da sua natureza ser malcriado. Essa opinião
desconsidera o aspecto de suma importância de que o treinamento visa o bem-estar da alma do menino e não o seu corpo e mente juvenis. A
alma não precisa ser tratada com indulgência. Ela não é nem jovem nem velha no sentido mundano. O corpo e a mente do menino devem ser
empregados no interesse da alma. É necessário que a alma se livre da forma e do mundanismo. A natureza mundana do menino não é senão
um obstáculo para o progresso espiritual, tanto quanto a natureza cada vez mais ligada ao mundo do adulto. O processo de treinamento é
idêntico nos dois casos, pois a alma não é nem velha nem nova.

Muita piedade irracional é perdida com meninos que desde a tenra infância estão empregados o tempo todo a serviço de Krsna, nos mesmo
termos que as pessoas crescidas. As pessoas que dedicam boa vontade com a fragilidade dos jovens professam serem incapazes de

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compreender porque as ofensas juvenis são levadas tão a sério no treinamento espiritual, tanto quanto as dos adultos.

Mas o mestre encarregado do treinamento espiritual dos meninos podem realizar seus deveres apenas como agente especial de Krsna. Se
esse mestre prefere confiar em sua própria engenhosidade ele acaba se frustando a cada passo. O que ele realmente tem que fazer é usar o
menino constantemente a serviço de Krsna. Para esse propósito é necessário que o mestre também esteja integralmente dedicado a Krsna.
É apenas por se abster de fazer qualquer coisa que não seja diretamente ordenada por Krsna ou pelo Seu verdadeiro agente, ou seja, o Sat-
guru que o mestre espiritual do meninos pode ter esperança de ser útil aos seus pupilos.

A assim chamada ciência da pedagogia deve ser completamente revista para poder permitir que o devoto fidedigno de Kna tenha plena
liberdade de tutelar pessoas jovens. Os arranjos atuais baseados na experiência desse mundo e na hipótese de um relacionamento casual
relacionando cada fenômeno com o resto, por abandonar a reverência a Krsna, só pode fazer o papel de um curandeiro que administra todo
tipo de drogas erradas a um paciente portador de doença mortal.

kamsa, o rei dos ateístas, está sempre enviando o demônio Batasura para corromper e destruir os meninos. O mestre do jovem empregado
pela sociedade ateísta é na verdade um agente do rei kamsa. O ateísta tem medo que os meninos sejam usados no serviço a Krsna. Ele está
naturalmente ansioso em evitar qualquer relacionamento dos meninos com Krsna. Mas se um menino está realmente apegado a Krsna as
tentativas nefastas do mestre empíricos não têm poder para destruir a sua inocência. Se tal mestre persevera na inútil tentativa, acabará
rapidamente acarretando a sua própria degradação moral e toda a sua triste trama também acabará completamente exposta. Porque nesse
caso é o próprio Krsna quem se opõe a essa atividade maléfica estendendo a Sua proteção ao jovem.

Na realidade o interesse que os educadores empíricos têm em assegurar aos meninos a imunidade contra os efeitos perniciosos da
precocidade é uma total hipocrisia. O pedante empirismo só deseja que o menino desenvolva um corpo e uma mente que assegurará um
maior apego pelo seu uso mundano. Ele não deseja que o uso mundano de seu corpo e de sua mente seja reduzido em hipótese alguma. Em
outras palavras ele é a princípio contrário ao emprego de um corpo saudável e de uma mente sadia a qualquer propósito espiritual. Mas por
que ele deseja um corpo sadio para um propósito nefasto? Apenas para poder ser capaz de ter o prazer de um desperdício mais prolongado
e o progresso da libertinagem em total determinação? Um corpo doentio na verdade não é prejudicial para uma pessoa que não tem nenhum
objetivo em vista além de permanecer iludida com a auto-gratificação.

APÊNDICE C

A SERPENTE KALIYA

Esse ensaio foi publicado na edição de maio de 1932 do The Harmonist, ou Sree Sajjanatoshani.

Existe um lago maravilhoso de água muito fresca no Yamuna que possui o nome de Kaliya. Esse lago foi infestado pela serpente mais
venenosa, de quem o lago recebe o seu nome. Em um certo dia, enquanto os vaqueirinhos de Vraja saíram para pastorear seus bezerros nas
frondosas margens do Yamuna, eles ficaram com sede e não sabendo que as águas do lago estavam envenenadas por Kaliya, beberam
aquela água e tiveram morte instantânea. Ao ser informado da situação, Krsna foi até o local e restaurou-lhes a vida.

Depois disso, Krsna entrou no lago com a intenção de brincar na água. Ele enfureceu o monstro hediondo que imediatamente saiu das
profundezas do lago em companhia de seus adeptos e partiu para cima de Krsna envolvendo-O com os seus capelos, pois Kaliya era uma
serpente com mil capelos e a sua laia era igualmente formidável.

Sendo assim atacado por Kaliya e por todos os seus seguidores Krsna pareceu desfalecer sob o seu ataque mortífero. Ao vê-lO
aparentemente derrotado pelos Seus inimigos os vaqueirinhos e todos os habitantes de Vraja começaram a se lamentar profundamente. Mas
Krsna logo mostrou que Ele estava a salvo, subiu sobre os capelos de Kaliya e começou a dançar sobre os mil capelos. Ele dançou em uma
infinita variedade de formas maravilhosas. A pressão dos pés de Krsna esmagaram o orgulho monumental do monstro de mil cabeças.
Kaliya baixou os seus capelos e vomitou sangue. Mas a dança de Krsna não cessou. Kaliya estava quase morrendo quando vieram as suas
esposas e com as mãos postas começaram a orar implorando para Krsna que poupasse a vida do esposo delas. As orações das esposas de
Kaliya, que tinham fé em Krsna, comoveram o filho de Nanda e Ele teve misericórdia por Kaliya. Krsna então parou a Sua dança terrível,
com a condição de que Kaliya deveria se retirar do lago imediatamente e ir viver em seu lar original na ilha de Ramanaka. Krsna lhe deu a
Sua garantia de que Garuda não iria molestá-lo, porque respeitaria a marca dos Seus pés sobre os capelos de Kaliya. A água do lago então
ficou imune do veneno e se tornou fresca como antes do advento de Kaliya.

A submissão de Kaliya é um dos passatempos de Vndavana do menino Krsna. Kaliya é o caráter de astúcia e malícia. Ele é a
corporificação da crueldade em compaixão. Não há lugar para Kaliya na realidade feliz de Vraja. Falsidade e crueldade agem como veneno
na natureza sincera dos cidadãos de Vraja. Imagina-se que os amigos íntimos e confidenciais de Krsna não guardem nenhuma suspeita
quanto a intenção maliciosa de pessoas cruéis e falsas cujo propósito é o de envenená-los contra Krsna. Eles podem até cair
involuntariamente no conselho dessas pessoas maléficas, mas Krsna certamente os resgatará das garras do inimigo.

Krsna também não pretende curar a propensão maléfica de Kaliya. O processo consiste em fazê-lo sentir o toque da dança dos Seus pés.
Mas Kaliya tenta suportar toda a tentativa de castigo curativo. Ao invés de sentir alegria ao receber os pés de lótus de Krsna em seus
capelos repulsivos o monstro sente que é impossível suportar essa boa-fortuna sem se submeter às dores de uma verdadeira morte. As leais
esposas de Kaliya, que desejam a reforma do monstro, que desejam o seu bem-estar e que são a causa da misericórdia de Krsna por ele,
por fim são obrigadas a interceder com uma oração para que ele seja banido da realidade de Vraja. Mas o orgulho de Kaliya recebe um
golpe mortal.

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O banimento de Kaliya do lago do Yamuna tem um significado espiritual importante. Aqueles que têm intenção de criar problemas para os
devotos puros de Krsna, infectando a natureza deles com as sua disposição maléfica, no início encontram um certo grau de sucesso em suas
atividades nefastas. Isso os compele a fazer um ataque direto a Krsna. Krsna então aparece na cena das atividades depravadas do monstro e
restaura a fé dos Seus associados.

Aqueles que não são extremamente inteligentes jamais podem ser servos de Krsna. Mas o serviço a Krsna também jamais estará disponível
para quem utiliza a inteligência para privar Krsna da plenitude do Seu desfrute. Kaliya e todos aqueles que atuam com uma natureza
maliciosa também podem ser considerados inteligentes segundo a fraseologia comum desse mundo condenado. Esses patifes também podem
ter a audácia de assumirem as suas posições apoiados nos textos das escrituras, usando a sua inteligência e habilidade na malfadada tentativa
de privar Krsna do serviço dos Seus associados. Mas Krsna acaba certamente expondo a natureza maliciosa desses indivíduos bem no
momento em que aparentemente eles alcançam a realização de seus propósitos, desencaminhando os Seus entes mais queridos.

Na verdade é muito difícil compreender os caminhos de Krsna. Krsna aparentemente permite que sejam perpetradas quase todas as formas
de ofensas contra os Seus entes mais queridos com impunidade. Isso tem o efeito de dar uma oportunidade aos Seus associados de
aumentarem o seu amor por Ele por meio dessa exibição singular do Seu amor ao derrotar de uma maneira bastante frutífera as maquinações
dos Seus piores inimigos. Os amigos e companheiros íntimos de Krsna ficam sujeitos à malevolência de brutos maléficos e traiçoeiros para
poder mostrar a diferença entre os dois e dessa maneira capacitar os inimigos de acabar desistindo de aborrecer os devotos.

Mas esses brutos nunca recebem a permissão de associarem com os servos de Krsna, mesmo depois que abandonam a sua malícia contra
eles. Eles são eternamente barrados de prestar serviço a Krsna em Vraja. Mas o toque dos pés de lótus de Krsna faz a verdadeira diferença
entre o recipiente da Sua misericórdia e dos demais brutos. Kaliya já não é considerada por Garuda como um inimigo de Krsna. Portanto,
Kaliya alcança a posição de um dos protegidos de Krsna.

Isso não quer dizer que seja um bom negócio envenenar os corações dos servos de Krsna, e que mais tarde a proteção de Krsna estará
assegurada. É certo que isso ocorre depois do orgulho do descrente ter sido espezinhado por Krsna. O descrente fica inspirado por uma
saudável veneração, que efetivamente o impede de tentar molestar os devotos fieis, ao alcançarem uma involuntária sujeição a Krsna e ao
conquistarem um emblema da Sua condição de servos, ganhando em suas cabeças os pés de lótus de Krsna.

A misericórdia exibida a Kaliya é tão obvia e desproporcionalmente grande em sua magnitude devido à extrema gravidade da ofensa, que
nenhuma explicação racional pode fazer justiça ao seu pleno significado benéfico.

ANEXO INSERIDO NESSA TRADUÇÃO

COMO KRSNA DESTRÓI NOSSAS IMPUREZAS: SEUS PASSATEMPOS DE MATAR


DEMÔNIOS

Extraído do Sri Cheitanya Sikamta (Os Nectáreos Ensinamentos de Sri Cheitanya) por Srila Thakura Bhaktivinoda

Da Sexta Chuva, Sexta Corrente: Sri Krsna Nitya-lila e Naimitika-lila

"...As atividades de Sri Krsna são de dois tipos diferentes; as chamadas nitya (eternas) e as naimittika (ocasionais). Em Goloka
Vndavana, a nitya-lila de Krsna ou passatempos eternos são conduzidos em oito períodos do dia, e eles estão em constante movimento.
Mas na Bhauma-Vndavana, a Vndavana da superfície da Terra, essa ata-kaliya-lila está misturada com a naimittika-lila ou passatempos
ocasionais. Alguns passatempos ocasionais incluindo a saída de Krsna de Vraja para viver em Mathura e Dvaraka, Seu retorno a Vraja,
Sua matança de vários tipos de demônios, etc. Esses passatempos são muito úteis para inspirar o devoto que está atado a esse mundo
material. Os naimittika-lila, ou passatempos ocasionais de deixar Vraja e matar demônios realmente existem em Goloka Vndavana, mas de
maneira proeminentemente ausente; eles se manifestam de verdade somente no mundo material. Os devotos praticantes (sadhakas)
compreendem esses passatempos ocasionais como sendo opostos aos nitya-lila (passatempos eternos), porque os passatempos ocasionais
são como reflexos em negativo dos passatempos eternos. E tais devotos sinceros esperam que pela influência do conhecimento o propósito
das atividades de Krsna em diferentes passatempos ocasionais, seus vários anarthas ou contaminações materiais indesejáveis sejam
destruídos.

Alguns passatempos ocasionais são descritos da seguinte maneira:

1) P™tana-vadha (a morte de P™tana): A demônia chamada P™tana representa a falsidade do assim chamado "Guru" que prega o
afastamento da gratificação materialista dos sentidos, bem como da liberação impessoal. Pessoas enganosas que se fazem passar por santas

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e que estão apegadas a coisas temporárias expressam o princípio de P™tana. Mostrando misericórdia para com os Seus devotos puros, o
bebê Krsna mata P™tana (sugando sua vida através do seio) para proteger Seu próprio êxtase inocente que acaba de despertar no coração
de seus novos devotos.

2) Shakata-bhanjana (a destruição do carro): Esse passatempo denota a mentalidade pesada que envolve o problema dos hábitos que
surgem do mau karma, gerado em vidas prévias bem como na presente vida. Isso resulta em estupidez e falsa vaidade. O humor de Krsna
bebê quebrando o demônio carro chutando-o, faz com que essas contaminações sejam chutadas para longe.

3) Trinavarta-vadha (a morte do demônio rodamoinho de vento): Esse passatempo indica a falsa vaidade produzida pela escolaridade
inútil, que dá origem a discussões acirradas, raciocínio estéril e indulgências lógicas inúteis em companhia daqueles que são apegados a essas
coisas. Esse é um campo fértil para filosofias diabólicas pecaminosas. O sentimento da criança Krsna se torna misericordiosamente inclinado
ao ver a humildade de Seus devotos (que não exibem esse tipo de escolaridade com ostentação), e Ele estrangula esse demônio rodamoinho
de vento chamado Trinavarta. Ao fazer isso, Ele remove o espinho que aflige a atividade devocional de adoração (bhajana).

4) Yamalarjuna-bha‰ga (a derrubada das árvores Arjuna gêmeas): Esse passatempo representa a vaidade arrogante que se origina da
aristocracia inflada com base na loucura pelas riquezas. Essa loucura por dinheiro da alta sociedade dá origem à matança de animais, luxúria
por mulheres, indulgência com o álcool e tudo mais. E tudo isso provoca toda sorte de descontroles da língua (hábitos descontrolados em
comer, bem como linguajar permissivo), e mais a crueldade com os outros devido a dureza do coração, falta de vergonha e muitos outros
problemas degradantes. Krsna muito misericordiosamente derruba as duas árvores gêmeas enquanto está atado ao pilão (e dessa maneira
libera os dois semideuses arrependidos que estavam presos a elas) para destruir todas essas faltas citadas.

5) Vatsasura-vadha (a morte do demônio bezerro): Uma mentalidade infantil dá origem a um tipo de ganância resultando em atividades
perversas; e também favorece uma tendência de ser muito influenciado pelos outros. Essa é uma contaminação indesejável conhecida como
Vatsasura, ou demônio bezerro. Krsna muito misericordiosamente põe um fim nessa dificuldade.

6) Bakasura-vadha (a morte do demônio cegonha): Duplicidade astuciosa, comportamento enganoso e hipocrisia caracterizam um falso
estilo de vida de atividades enganosas; isso necessita que Krsna mate o demônio cegonha (cujo bico Ele separou em dois). Sem destruir essa
tendência, um devoto nunca pode alcançar o serviço devocional puro a Krsna.

7) Aghasura-vadha (a morte do demônio serpente): A destruição desse demônio elimina a mentalidade pecaminosa da crueldade contra os
outros, bem como todas as tendências violentas causadas pela inveja. Essa mentalidade também é uma ofensa contra o cantar dos santos
nomes do Senhor.

8) Brahma-mohana (a ilusão do Senhor Brahma): Esse passatempo purifica o cultivo de atividades fruitivas e conhecimento especulativo,
que acabam levando a uma mentalidade céptica. Esse passatempo também retifica a ofensa de desrespeitar a qualidade superior de doçura
transcendental do Senhor (madhurya) em favor de Suas opulências majestáticas inferiores (aisvarya).

9) Dhenuka-vadha (a morte do demônio asno): Esse demônio representa a inteligência grotescamente materialista, a ignorância do puro
conhecimento espiritual e a cegueira diante de todas as obvias verdades devidas a uma pura tolice asinina. Essa mentalidade é um grande
bloqueio para o conhecimento puro do verdadeiro eu.

10) Kaliya-damana (o castigo da serpente Kaliya): O castigo que Krsna dá a Kaliya remove a falsa vaidade, a inveja, o fazer mal para os
outros, a desonestidade como a das serpentes e a falta de misericórdia.

11) Davagni-nastha (extinção do incêndio na floresta): O fogo na floresta representa os argumentos mútuos, o ódio entre diferentes
grupos, organizações e religiões, o ódio pelos deuses adorados pelos outros, guerra e todos os tipos de conflitos.

12) Pralambha-vadha (a morte do demônio Pralambha pelo Senhor Balarama): Balarama mata esse demônio para poder remover a
excessiva luxúria por mulheres, bem como o desejo de lucro, adoração e distinção.

13) Davanala-pana (devorando o incêndio na floresta, a segunda vez): Krsna fez isso para parar com o desrespeito aos princípios
religiosos e com o ateísmo de pessoas religiosa e outras filosofias antagônicas.

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
14) Yajnika-vipra-tadana (a correção dos brâmanes que faziam sacrifícios): Esse passatempo ilustra a insensibilidade em relação a Krsna,
devido a estar-se inflado por falso prestígio pela nossa suposta posição elevada no varnasram-dharma, ou estrutura social. Também indica
a estupidez devida a total absorção em atividades fruitivas.

15) Indra-p™ja-varana (proibição de adorar Indra, o deus da chuva): Krsna fez isso para eliminar a idéia de adorar a muitos semideuses
para obter benefícios materiais. Também fez isso para retificar o engano de uma alma inflada que pensa: "Eu sou o Supremo, eu sou
adorável".

16) Varuna Hoite Nandoddhara (a liberação de Nanda Maharaja da morada do deus do oceano, Varuna): Por esse passatempo, Krsna
conserta o falso conceito de que a bem aventurança de bhajana é alcançada por se beber vinho ou indulgenciar com outros tipos de
intoxicantes.

17) Sarpa Hoite Nanda-mochana (a liberação de Nanda Maharaja das mandíbulas da serpente): Isto representa como Krsna salva o
verdadeiro serviço devocional, que foi engolido pelos impersonalistas mayavadis e outros. Também é uma instrução de como abandonar a
companhia de impersonalistas que são como serpentes.

18) Shankhach™da-vadha, MaAi-mochana (a morte do demônio concha e a recuperação da jóia roubada por ele): É assim que Krsna
mata o desejo de nome e fama, bem como o desejo da associação imprópria com mulheres.

19) Aristasura-vrisa-vadha (a morte do demônio touro): Algumas pessoas ficam muito infladas com o falso prestígio por se permitirem a
religiões fraudulentas inventadas por charlatães; isto faz com que eles desrespeitem o serviço devocional puro. Krsna destrói essa tendência
quando Ele mata esse demônio touro chamado Aristasura.

20) Kesi-vadha (a morte do demônio cavalo): Isto representa a destruição da vaidade de pensar: "Sou um devoto muito avançado e Guru."
Aqui Krsna também manda para longe o falso ego do apego às ricas opulências que acompanham a educação mundana.

21) Vyomasura-vadha (a morte do demônio do céu): Krsna mata esse demônio para poder instruir Seus devotos a abandonarem a
companhia de larápios e de outros patifes, bem como de quaisquer impostores que se disfarçam de devotos do Senhor Krsna.

Princípios Opostos a Vraja-bhajana

Srila Bhaktivinoda continua: "...Em meu outro livro denominado Sri Krsna-samhita, oitavo capítulo, do verso 13 até o fim do capítulo,
descrevi dezoito anarthas específicos, ou contaminações materiais indesejáveis que são obstáculos para a execução de Vraja-bhajana (a
adoração em Vndavana). Acrescentando a essa lista o passatempo de Krsna derrubando as árvores Arjuna gêmeas, mais a correção do mal
comportamento dos inflados brâmanes que realizavam sacrifícios, temos o total de 20 obstáculos. Todas essas coisas são certamente avessas
a Vraja-bhajana. (nota: a listas acima de 21 obstáculos se tornam 20 se tomarmos os de número 11 e 13, a extinção de dois diferentes
incêndios na floresta, como sendo um).

O devoto que adora o santo nome deve primeiro pedir ao Senhor que elimine todas essas tendências desfavoráveis — e deve orar
diariamente diante do Senhor Hari com essa disposição. Fazendo isso regularmente, o coração do devoto irá se purificando. Sri Krsna matou
inúmeros demônios que podem surgir no reino do coração — assim, para destruir esses problemas, um devoto deve chorar muito
humildemente diante do Senhor e admitir sua desanimada derrota — e então, o Senhor irá anular todas essas contaminações.

Como Sri Baladeva Misericordiosamente Destrói Os Anarthas

Simbolizados em Matar Demônios como Dhenuka, Pralambha e Outros.

Além desses, há inúmeros demônios que Sri Baladeva matou - mas todos esses demônios são contaminações que devem ser removidas do
coração do devoto às custas do próprio esforço do devoto. Esse é um dos misteriosos segredos de Vraja-bhajana.

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O demônio asno chamado Dhenukasura representa a má mentalidade de se andar com cargas desnecessárias. O demônio chamado
Pralambhasura representa a luxúria pela companhia de mulheres, bem como pelo desejo de lucro, adoração e distinção. Quando um devoto
se esforça com entusiasmo para remover essas contaminações, então a misericórdia do Senhor as manda para longe. O demônio asno ou
Dhenukasura causa uma total e completa ignorância de nossa identidade eterna; também estimula o tolo equívoco sobre a natureza eterna do
santo nome do Senhor e também nos desvia em desilusões sobre o que é realmente adorável. Essas impurezas devem ser eliminadas do
coração do devoto com grande esforço da parte dele.

A luxúria por associação imprópria tanto com mulheres quanto com homens, a ansiedade por dinheiro, os esforços pela gratificação dos
sentidos, as ambiciosas tentativas de aumentar a própria honra e o falso prestígio, demandando a atenção adorável dos outros, o alcance de
imagem social realçada — tudo isso são certamente grandes obstáculos e os mais difíceis de serem superados. Mas o conhecimento deles é
extremamente favorável à realização de nama-bhajana, e devemos nos esforçar com muito entusiasmo para eliminar essas coisas
indesejáveis. Se nossa humildade se tornar intensa, Krsna certamente mostrará a Sua misericórdia. Então, pelo despertar do humor do
Senhor Baladeva no coração do devoto, as contaminações aqui descritas serão instantaneamente destruídas. A assim, por cultivar
gradualmente esse processo purificatório, o avanço espiritual será grandemente acelerado.

Os métodos particulares desse processo são naturalmente muito profundos e misteriosos, e sendo assim, é necessário aprendê-los
diretamente de um mestre espiritual fidedigno.

tradução

Satyaraja dasa.

revisão

Phanibhusan das

Sri Sri Sva Niyama Dvadasakam


"12 Versos dos Meus Próprios Princípios Regulativos Auto Impostos"

Srila Saccidananda Bhaktivinoda Thakura

Verso 1

(Os objectos de devoção nascimento após nascimento)

gurau sri-gaurange tad-udita-subhakti-prakarane


saci-sunor-lila-vikasita-sutirthe nija manau
harer namni presthe hari-tithisu rupanuga-jane
suka-prokte sastre prati-jani mamastam khalu ratih

"Não importa quando e onde eu aceite outro nascimento, deixe que meu carinho e apego amorosos permaneçam intocáveis durante esta vida
e todas as demais para os seguintes aspectos:

- para o meu divino Mestre Espiritual,


- para Sri Gauranga,
- para a discussão detalhada dos temas do serviço devocional puro (e os métodos de sua execução), como pessoalmente instruídos por Ele,
- para os lugares sagrados de peregrinação, como Sri Navadvipa, Sri Ksetra, Sri Vrndavana, etc, que florescem todos com santidade divina
devido ao Seu desempenho de passatempos maravilhos nestes locais,
- para o Diksa Mantra oferecido a mim pela graça divina do meu Mestre Espiritual,
- para o Santo Nome de Sri Hari,
- para os associados eternos amados do Senhor,
- para os dias de festa sagrados durante todo o ano, como o Sri Ekadasi, Sri Janmasthami, Sri Radhastami, e o aparecimento /
desaparecimento dos grande Acaryas Vaisnavas etc,
- para os devotos queridos do Senhor que rigorosamente seguem as sagradas pegadas de Srila Rupa Gosvami,
- e para as Escrituras Sagradas narradas por Srila Sukadeva Gosvami como o Srimad Bhagavatam, etc."

Verso 2

(A identidade interna do Senhor Caitanya, o Guia Eterno)

sada vrndaranye madhura-rasa-dhanye rasa-mayah


param saktim radham parama-rasa-murtim ramayati
sa caivayam krsno nija-bhajana-mudram upadisan
saci-sunur gaude prati-jani mamastam prabhu-varah

"O Senhor Supremo Sri Krsna é a personificação da morada de todas as doçuras extáticas divinas. E Sri Radhika é a morada mais elevada
de todas as Suas potências energéticas divinas. Na verdade, Ela é a forma personificada da doçura mais elevada de amor em separação.
Dentro da floresta de Vrnda, que é gloriosamente rica com a doce Madhura Rasa que permeia tudo, este Senhor Sri Krsna está
continuamente desfrutando ao fazer Sri Radhika feliz pelo Seu serviço prestado à Ela durante 24 horas por dia. Este mesmo Senhor Krsna é

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27/08/2016 Sri Krsna Samhita em Portugues- Sri Bhaktivenodha Takur
exactamente idêntico ao Filho de mãe Saci que eternamente vive em simultâneo ainda que separadamente em Gauda Desa como o Instrutor
do processo para render o Seu próprio serviço. Possa este Supremo Saci Nandana tornar-se meu Mestre Supremo e Guia, e possa Ele
sempre aparecer para mim guiando-me no caminho devocional apropriado nascimento após nascimento após nascimento."

Verso 3

(Rejeição das coisas desfavoráveis ao eterno serviço à Sri Sri Radha Krsna)

na vairagyam grayham bhavati na hi yad bhakti-janitam


tatha jnanam bhanam citi yadi visesam na manute
sprha me nastange hari-bhajana-saukhyam na hi yatas
tato radha-krsna-pracura-paricarya bhavatu-me

"Que nenhuma forma da assim chamada renúncia ou ascetismo tornem-se aptos para a minha aceitação se isto não der lugar à contínua
expansão do meu humor eterno de serviço em amor devocional. Que nenhuma forma dos assim chamados conhecimento ou cultivo
intelectual apelem de todo para mim se não admitem a realidade da individualidade eterna partilhada pelo Senhor e Seus devotos durante
seus eternos passatempos diários. Não tenho qualquer desejo de praticar qualquer dos ramos do sistema óctuplo de Yoga, porque nenhum
deles contem qualquer possibilidade de desfrutar do prazer diário de servir o Senhor Hari, como a Sua adoração confidencial
proporciona. Pelo contrário, que eu possa render um serviço profuso e confidencial ininterrupto durante 24 horas por dia para Sri Sri Radha
Krsna nos tempos vindouros (e que tal serviço seja o meio, bem como o fim)."

Verso 4

(Aonde viver e aonde não viver)

kutire pi ksudre vraja-bhajana-yogye taru-tale


saci-sunos tirthe bhavatu nitaram me nivasatih
na canyatra ksetre vibudha-gana-sevye pulakito
vasami prasade vipula-dhana-rajyanvita iha

"Que eu possa residir permanentemente em uma pequena e solitária cabana ao pé de uma árvore dos desejos na santíssima morada de Sri
Navadvipa Dhama, o qual é santificada pelos pés de lótus de Sri Saci Nandana. Tal Bhajana Kutir é perfeitamente adequado para uma
lembrança constante e serviço aos passatempos divinos diários que estão sempre presentes em Sri Vraja Dhama. Na verdade, em contraste
com isso, eu nunca vou viver em qualquer outro lugar, mesmo que este lugar seja gerido com grande entusiasmo por grandes sábios e
Semideuses de todos os tipos. No que diz respeito a todos os outros lugares deste mundo material, ainda que palácios ou templos
opulentos, que possuem uma vasta riqueza de grande valor, ou reinos principescos e propriedades----- nenhum destes lugares podem atrair-
me tanto como o meu modesto Bhajana Kutir em Sri Navadvipa Dhama pode."

Verso 5

(O verdadeiro princípio de Dharma que é destituido de designações)

na varne saktir me khalu mamata hyasrama-vidhau


nd dharme nadharme mama ratir ihaste kvacid api
param tat-tad-dharme mama jada-sariram dhrtam idam
ato dharman sarvan subhajana-sahayann abhilase

"Não tenho de qualquer forma nenhum apego a todas estas Castas e divisões da sociedade, tais como Brahmana, Ksatriya, Vaisya ou Sudra.
E eu certamente não me identifico com qualquer ordem de vida, tais como Brahmacarya, Grhasta, Vanaprasta, ou Sannyasa. Não tenho
nenhuma consideração ou respeito a assim chamada piedade da religiosidade ou até mesmo para a assim chamada impiedade da vida
pecaminosa neste mundo ----- nem mesmo a menor consideração. Em vez disso, eu realmente desejo o que quer que seja praticamente
necessário apenas para manter esse corpo material, a fim de facilitar o meu desempenho de serviço devocional puro. Esta é a
verdadeira retidão que vou almejar enquanto este corpo material continuar a existir."

Verso 6

(Práticas favoráveis, autorizadas e qualidades devocionais)

sudainyam saralyam sakala-sahanam manada-danam


dayam svikrtya sri-hari-carana-sua mama tapah
sadacaro sau-me prabhu-pada-parair yah samuditah
prabhos caitanyasyaksaya-carita-piyusa-krtisu

"Meu voto austero é a constante devoção aos pés de lótus de Sri Hari. A fim de executar este voto, eu aceitei as seguintes qualidades pelo
meu próprio esforço:

- Eu pratico grande humildade no meu relacionamento com os outros;


- Tento manter a simplicidade e pureza proeminente em todos os meus aspectos práticos;
- Mantenho extrema tolerância em todos os tipos de circunstâncias favoráveis e desfavoráveis;
- Ofereço respeito a todos independentemente de quem quer que sejam;
- Sinto verdadeira compaixão por todos os seres vivos e ajo em conformidade;

Existem muitas actividades transcendentais que são recomendadas pelos grandes devotos fixos no serviço devocional imaculado aos pés de

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lótus de Sriman Mahaprabhu, e estas podem ser encontradas descritas nos livros que estão repletos do imperecível caráter e passatempos de
Mahaprabhu Sri Krsna Caitanya. Somente estas actividades transcedentais nectáreas - sendo recomendadas por grandes devotos e
praticadas pelo próprio Senhor Caitanya - são na verdade minhas."

Verso 7

(Repulsa a tudo o que está desconectado de Sri Radhika)

na vaikunthe rajye na ca visaya-karye mam ratir


na nirvane mokse mama matir ihaste ksanam api
vrajanandad anyadd hari-vilasitam pavanam api
kathancin mam radhanvaya-virahitam no sukhayati

"Não tenho nenhuma atração por viver em Vaikuntha, a parte do céu espiritual presidida por Sri Sri Laksmi Narayana, nem desejo
actividades inúteis de gratificação grosseira dos sentidos neste mundo material. Eu nunca acalentarei o desejo de alcançar o êxtase divino da
liberação impersonalista, mesmo por um segundo. Além disso, existem muitos passatempos transcendentais de Sri Hari que podem ser muito
purificantes para todas as almas condicionadas - tais passatempos nunca dar-me-ão de todo a verdadeira felicidade. Isso ocorre porque
esses passatempos são bastante diferentes dos êxtases beatíficos da Consciência de Vraja, sendo completamente desprovidos de qualquer
relação com Sri Radhika, a qual é a única fonte e manancial da alegria pura."

Verso 8

(Renúncia a todos os tipos de má associação)

na me patni-kanya-tanaya-janani-bandhu-nicaya
harau bhakte bhaktau nd khalu yadi tesam sumamata
abhaktanam-anna grahanam api-doso visayinam
katham tesam sangadd hari-bhajana-siddhir bhavati-me

Eu agora renego minha esposa,


minhas filhas,
meus filhos,
minha mãe,
e todos os meus amigos,
se eles não têm verdadeira fixação pelo Senhor Hari,
por Seus devotos,
ou para o Seu serviço devocional.

É definitivamente um grande pecado até mesmo aceitar alimentos preparados por tais gratificadores dos sentidos materialistas e não
devocionais. Se eu tivesse que permanecer na companhia de tais pessoas, então, como a eterna perfeição do meu Hari Bhajana ocorreria?

Verso 9

(Evitar os assim chamados "Devotos" que orgulhosamente negligenciam Sri Radhika)

asat-tarkair-andhan jada-sukha-paran krsna-vimukhan


ku-nirvanasaktam satatam ati-dure pariharan
aradham govindam bhajati nitaram dambhikataya
tad-abhyase kintu ksanam api na yami vratam idam

"Existem certas pessoas que parecem estar muito avançadas em devoção. Na verdade, para aumentar o seu serviço ao Senhor, elas têm
rejeitado desde a muito tempo a má companhia de:

- aqueles que são completamente cegos por argumentos falsos decorrentes da assim chamada lógica intelectual,
- aqueles que são loucamente viciados pelos prazeres fugazes deste mundo material monótono,
- aqueles que são avessos e tem inveja do Senhor Sri Krsna,
- e aqueles que estão muito afeiçoados ao conceito de liberação inferior e desagradável como valorizado pelos impersonalistas.

Eles tem, portanto, favoravelmente evitado todos os tipos de má associação; mas é visto que essas pessoas adoram o Senhor Govinda sem
Srimati Radharani estar presente. Isto apenas mostra que estão inflados com excessivo orgulho e arrogância vaidosa dirigidas contra Sri
Radhika, que é a melhor adoradora de Govinda. Por isso nunca vou em qualquer lugar perto de tais assim chamados devotos ----- sequer
por um segundo. Este é o meu voto estrito."

Verso 10

(Como viver de forma simples e executar Vraja Bhajana até a morte)

prasadanna-ksirasana-vasana-patradibhir aham
padarthair nirvahya vyavahrtim asangah ku visaye
vasam isa-ksetre yugala-bhajananandita-manas
tanum moksye kale yuga-pada-paranam pada-tale

"Passando a minha vida de uma forma prática e simples----

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- comendo apenas alimentos Prasada e produtos lácteos, os restos do Senhor Supremo, Sua misericórdia,
- vestindo apenas roupa Prasada que foi oferecida à Deidade,
- utilizando apenas os potes e utensílios santificados pelo exclusivo serviço ao Senhor,
- irei, portanto, estar completamente afastado da gratificação material dos sentidos.

Vivendo mesmo ao lado do Sri Radha Kunda (Sua (de Radha)própria morada), adorando o Divino Casal com uma mente feliz, o tempo virá
para minha morte. Na sola dos pés de lótus dos devotos, que estão eles próprios a servir os pés de lótus do Casal Divino, abandonarei o
meu corpo."

Verso 11

(Como adorar os pés de lótus dos devotos puros de Sri Radhika)

saci-sunor-ajna-grahana-caturo yo vraja-vane
pararadhyam radham bhajati nitaram krsna-rasikam
aham tvetat-padamrtam anudinam naisthika-mana
vaheyam vai pitva sirasi ca muda sannati-yutah

"Existe uma classe de devotos puros que são completamente peritos e experientes em seguir todas as instruções de Sri Saci Nandana. Tais
devotos incessantemente adoram exclusivamente Srimati Radharani, que é realmente a personalidade mais adorável, e que esta
profundamente absorta todos os dias na doçura Divina da associação com Sri Krsna. Os devotos puros deste calibre definitivamente
realizam de todo coração o seu culto confidencial com exclusiva entrega à Sri Radhika. Assim, eles vivem sempre em Sri Vraja Mandala.
Vou beber a água nectárea que lavou os pés de lótus de tais devotos e transportá-la sob minha cabeça. Bebendo esta água com grande
satisfação, e com um coração devotado, vou com alegria prostrar-me completamente no chão da melhor e mais perfeita forma possível. Isso
na verdade será a minha rotina de todos e cada dia."

Verso 12

(Firme determinação de transcender Maya por diariamente seguir este Stava)

harer dasyam dharmo mama tu cira-kalam prakrtito


maha-maya-yogad-abhinipatitah duhkha-jaladhu
ito yasyamy urddhvam sva-niyama-suratya prati-dinam
sahayo me matram vitatha-dalani vaisnava-krpa

"Como alma espiritual, a minha tendência natural é a de estar eternamente situado no serviço devocional amoroso ao Senhor Hari; porém,
devido ao forte poder e influência da Maha Maya do Senhor, mergulhei profundamente no oceano material insondável de tristeza e
dor. Devo transcender este mundo de Maya e ir para o Mundo Espiritual por seguir fielmente estes votos auto impostos todos os dias. E a
única maneira de obter a força para seguir estes votos é de alcançar a misericórdia de todos os devotos Vaisnavas do Senhor. Possam a sua
(dos devotos) misericórdia sem causa e coração cheio de compaixão, os quais repelem toda a ilusão, tornarem-se meus amigos exclusivos e
guias para todo o sempre."

Verso 13

(Phal Sruti - A benção do serviço eterno por ler este Stava)

krtam kenapyetat sva-bhajana-vidhau svam niyamakam


parthed yo visraddhah priya-yugala-rupe 'rpita manah
vraje radha-krsnau bhajati Kila samprapya nilayam
sva-manjaryah pascad vividha-varivasyam sa kurute

"Este Stava chamado Sva Niyam Dvadasakam foi escrito por alguém para ajustar e regular o seu próprio modo de realizar Bhajana. Se
acontecer de qualquer outro devoto recitar este Stava com uma qualidade muito especial de fé resoluta, totalmente a oferecer sua
mente para as:

- belas formas supremas do Divino Casal, Sri Sri Radha Govinda, a sua posse mais querida,
- ou para a beleza Divina da Sua forma de Deidade,
- ou para a beleza de Sri Gaura Sundara, a forma combinada de Sri Sri Radha Govinda,
- ou para Srila Rupa Gosvami, o devoto mais querido de Sri Sri Radha Govinda e Sri Gaura Sundara,

----- então este leitor afortunado definitivamente atingirá seu próprio local de residência eterna em Sri Vraja Dhama. Seguindo sempre atrás
de sua própria Manjari Guru, no seu próprio corpo espiritual de uma Manjari, ele finalmente prestará todos os tipos variados de
serviços eternos exclusivos no culto de Sri Sri Radha Krsna."

Assim termina o "SVA NIYAMA DVADASTAKAM"

por Srila Bhaktivinoda Thakura,


o seu último escrito.

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AS TRÊS GRANDES ONDAS DE SRI CAITANYA MAHAPRABHU NO


BRASIL

(História do Movimento Hare Krsna no Brasil - por Vyasa Dasa)


Relato Histórico do Inicio do Vaisnavismo no Brasil em 1973, com A.C. Bhktivendanta Swami
Prabhupada, e os demais momentos importantes que se seguiram com a continuidade evolutiva do
Estabelecimento de Grandes Acaryas Vaisnavas, sendo Srila Sridhara Maharaja a partir de 1.980 e
atualmente Srila Narayana Maharaja.

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