Professional Documents
Culture Documents
INTRODUÇÃO
O presente artigo emerge de uma pesquisa3 cujo foco foi o estudo das
particularidades da configuração do atendimento para a Educação de Jovens e
de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua como professora tutora do
curso de Especialização em Ciências no Instituto Federal de Santa Catarina – Florianópolis/SC. E-
mail: sidneyamagaly@gmail.com.
3 A pesquisa foi realizada por Sidneya Magaly Gaya, na dissertação de mestrado intitulada Elementos
(2011), Kleiman (2000), L. Soares (2006, 2006a), Moura (1999, 2007 e 2009), Laffin
(2006, 2010 e 2012), entre outros.
Assim, o quadro desse conjunto de pesquisas constitui-se um recorte temporal
e definido e possibilita “[...] sistematizar um campo de conhecimento, reconhecer os
principais resultados da investigação, identificar temáticas e abordagens dominantes
e emergentes, bem como lacunas e campos inexplorados abertos à pesquisa futura.”
(HADDAD, 2000, p. 4).
Para caracterizar a relevância da configuração do estado do conhecimento, M.
Soares (2000) situa que:
A primeira razão é que a identificação, caracterização e análise do estado do
conhecimento sobre determinado tema é fundamental no movimento
ininterrupto da ciência ao longo do tempo. Assim, da mesma forma que a
ciência se vai construindo ao longo do tempo, privilegiando ora um aspecto
ora outro, ora uma metodologia ora outra, ora um referencial teórico ora
outro, também a análise, em pesquisas de estado do conhecimento
produzidas ao longo do tempo, deve ir sendo paralelamente construída,
identificando e explicitando os caminhos da ciência, para que se revele o
processo de construção do conhecimento sobre determinado tema, para que
se possa tentar a integração de resultados e, também, identificar duplicações,
contradições e, sobretudo, lacunas, isto é, aspectos não estudados ou ainda
precariamente estudados, metodologias de pesquisa pouco exploradas. (M.
SOARES, 2000, p.4).
5 Neste artigo, apenas serão identificados os dados quantitativos e suas referências em relação ao ano
de 2011, os quais estão sendo analisados na continuidade da pesquisa. Sobre esse processo de
produção dos estudos do tipo estado da arte e do conhecimento, M. Soares (2000, p. 5) situa que as
“[...] pesquisas de estado do conhecimento tenham caráter permanente, isto é, não tenham um
término, é que, num país como o nosso, em que as fontes de informação acadêmica são poucas e
precárias, sobretudo no que se refere a teses e dissertações, o banco de dados que forçosamente se
constitui como subproduto desse tipo de pesquisa precisa manter-se atualizado, dada a sua grande
relevância para pesquisadores e estudiosos.”
6CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Apresenta banco de dados
com as produções nacionais em Pós-Graduação.
Norte 3
Nordeste 8
Centro-Oeste 4
Sudeste 18
Sul 14
Total de trabalhos 47
Fonte: Elaboração própria a partir de: http://www.capes.gov.br/
Total Região Nordeste Região Norte Região Sudeste Região Centro-Oeste Região Sul
Ano
Dissertações Teses Dissertações Teses Dissertações Teses Dissertações Teses Dissertações Teses Dissertações Teses
2001 3 1 1 1 1 1
2002 1 1 1 1
2003 3 1 1 1
2004 3 1 1 1
2005 5 1 1 1 3
2006 4 1 3
2007 6 1 2 3
2008 3 1 1 1 1 1
2009 4 3 1
2010 4 2 1 1 2 2
2011 4 1 1 1 1 1 1
Total 40 7 7 1 3 - 13 5 4 - 14 -
Fonte: Elaboração própria a partir de: http://www.capes.gov.br/
Esse quadro nos indica que há maior concentração das pesquisas nas regiões
Sudeste e Sul, com (dezoito) 18 e (quatorze) 14 trabalhos respectivamente. Embora se
perceba essa concentração em função de maior número de instituições e programas,
não se evidencia um grupo de docentes orientadores que caracterize uma atuação
específica na área de Educação de Jovens e Adultos e formação docente.
Quadro 3: Pesquisas no campo da Formação (inicial) de professores para EJA na Região Sudeste
ÁREA DO
TITULAÇÃO/ CONHECIMENT
TESES E DISSERTAÇÕES REGIÃO SUDESTE O
INSTITUIÇÃO
/ANO
BERNARDES, Adriana Auxiliadora Martins. Nos fios da história: Mestrado
UNIVERSIDADE
1 contextos, saberes e práticas de alfabetizadoras de Jovens e Adultos FEDERAL DE
Educação/2001
Orientador: Selva Guimarães Fonseca UBERLÂNDIA
MONTIBELLER, Iara Tamagnini. Histórias de vida de educadores de Mestrado
UNIVERSIDADE Educação/2002
2 Jovens e Adultos: Um caminho para a (auto) formação. Orientador (S): METODISTA DE SÃO
Marília Claret Geraes Duran PAULO
Mestrado
NOGUEIRA, Renata de Menezes. Reflexões sobre a política de PONTIFÍCIA
3 formação docente em Guarulhos: com a palavra os professores de EJA. UNIVERSIDADE Educação/2004
CATÓLICA DE SÃO
Orientador: Sérgio Haddad
PAULO
ALVANI, Daniela Pinheiro de Andrade. Educação escolar de Jovens e Mestrado
4 Adultos: desafios da formação de professores e o ensino da leitura e da UNIVERSIDADE DE SÃO Educação/2005
PAULO
escrita. Orientador: Stela Conceição Bertholo Piconez
Mestrado
5 PEGGION, Penélope Priscila. Educação escolar de Jovens e Adultos e UNIVERSIDADE DE SÃO
Educação/2006
Quadro 4: Pesquisas no campo da Formação (inicial) de professores para EJA na Região Sul
ÁREA DO
TESES E DISSERTAÇÕES REGIÃO SUL TITULAÇÃO/ CONHECIMENT
INSTITUIÇÃO O
/ANO
TEBCHERANI, Marisete Mazurek. Estudo da educação básica de Mestrado
UNIVERSIDADE Educação/2001
1 jovens e adultos para o ensino médio na rede pública estadual na ESTADUAL DE PONTA
cidade de Ponta Grossa. Orientador: Rosilda Baron Martins GROSSA
PESSOLANO, Juliana. Pedagogia de projeto e cultura de ensinar- Mestrado
UNIVERSIDADE
2 aprender língua inglesa: algumas reflexões. Orientador: Marcos FEDERAL DE SANTA
Educação/2003
Gustavo Richter MARIA
Mestrado
CAMPOS, Joselaine Aparecida. Educação de Jovens e Adultos no UNIVERSIDADE
3 ESTADUAL DE PONTA
Educação/2004
Período de 1994 a 2002. Orientador: Ivo José Both
GROSSA -
Mestrado
GELATTI, Lilian Schwab. A formação de educadores de Jovens e PONTIFÍCIA
4 Adultos: potencializadora e potencializada pela educação a distância? UNIVERSIDADE Educação/2005
CATÓLICA DO RIO
Orientador: Marilú Fontoura de Medeiros
GRANDE DO SUL
TRAMONTIN, Nelzi Maria. Programa de Alfabetização Solidária: uma Mestrado
perspectiva para educação de jovens e adultos na formação de UNIVERSIDADE
5 ESTADUAL DE PONTA
Educação/2005
educadores pelas Instituições de Ensino Superior. Orientador: Mirian
GROSSA
Martins Sozim
NÜHRICH, Soraia Liégi. Educação de Pessoas Jovens e Adultas: um Mestrado
6 UNIVERSIDADE DO
Educação/2005
olhar investigativo sobre uma proposta curricular. – Orientador:
Quadro 7: Pesquisas no campo da Formação (inicial) de professores para EJA na Região Centro-Oeste
ÁREA DO
TITULAÇÃO/ CONHECIMENT
TESES E DISSERTAÇÕES REGIÃO CENTRO-OESTE O
INSTITUIÇÃO
/ANO
TELES, Letícia de Lourdes Curado. Constituição de professores em
Mestrado
Educação de jovens e adultos numa escola pública do Distrito Federal:
1 UNIVERSIDADE DE Educação/2003
completude na incompletude? Ou incompletude na completude?. BRASÍLIA
Orientador: Renato Hilário dos Reis
MIRANDA, Joseval dos Reis. O currículo na formação inicial de Mestrado.
2 professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos: do concebido UNIVERSIDADE DE Educação/2008
BRASÍLIA
ao vivido.Orientador: Lívia Freitas Fonseca Borges
MORAES, Ana Paula Gomes de. Narrativas de vida e de formação: as Mestrado
3 aprendizagens dos professores de Educação de Jovens e Adultos.. UNIVERSIDADE FEDERAL Educação/2009
DE MATO GROSSO
Orientador: Filomena Maria de Arruda Monteiro
SANTOS , Jakeline Jeniffer dos. “O Ensino de Ciências e a Abordagem Ensino de
Mestrado.
Ciências e
4 CTS na Proposta Político-Pedagógica de Goiânia para a Educação de UNIVERSIDADE FEDERAL
Matemática/201
DE GOIÁS
Jovens e Adultos”. Orientador: Mirian Pacheco Silva 1
Fonte: Elaboração própria a partir de: http://www.capes.gov.br
O tema “formação inicial” nem sempre foi abordado como objetivo geral ou
específico nos trabalhos, estando, contudo, relacionado com a forma da temática de
8Um dos trabalhos sobre o currículo situa-se na área de conhecimentos “Ciências” e outro analisa o
PROEJA.
9Os resultados foram socializados pelos autores, na página do banco de dissertações e teses da
CAPES, nos resumos dos trabalhos.
10 Foram usados como fontes os catálogos de teses em Educação e os CD-ROMs produzidos pela
Associação Nacional de Pesquisa em Educação (ANPEd) - que situam a produção de teses e
dissertações de 34 instituições de programas de pós-graduação em Educação. Foram analisadas 183
dissertações e teses sobre a Educação de Jovens e Adultos, defendidas entre o período de 1986 e 1998.
panorama dessa área em educação de jovens de adultos nas produções que têm o
foco da formação inicial de docentes.
Nesse mesmo ano, Laffin (2006) apresentou artigo sobre a tese de doutorado
“A constituição da docência entre professores de escolarização inicial de jovens e
adultos”, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, e também
publica artigo na Revista Currículo sem Fronteiras, em 2012, intitulado “A
constituição da docência na Educação de jovens e Adultos”, nos quais problematiza,
além da docência, questões da formação docente para a EJA.
A mesma pesquisadora, já em 2010, no XXIII Seminário Internacional de
Formação de Professores para o MERCOSUL/CONE SUL, no artigo “Processos de
Formação Docente para a Educação de Jovens e Adultos (em Santa Catarina)”,
aponta ainda a pouca oferta de formação em EJA nos cursos de Pedagogia por parte
das universidades do referido Estado. Essa situação, segundo a pesquisadora,
necessita de maiores estudos e proposições que possibilitem “[...] aprovar, criar e
constituir processos formativos e educativos que combatam” a função da Escola (da
EJA) como legitimadora das desigualdades sociais. (LAFFIN, 2010, p. 348).
Em um trabalho de um seminário da rede municipal de Maceió, Moura
produziu, em 2001, “A (de) formação do alfabetizador: uma das causas pedagógicas
do analfabetismo?11”; em 2005, também produziu, como organizadora, o livro: “A
formação de professores(as) para a educação de jovens e adultos em questão”; e, em
2007, “A formação de professores para a EJA: dilemas atuais.” Já em 2009, no artigo
“Formação de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas
11FREITAS, Antonio F. Ribeiro de (org.). Currículo e cultura no ensino fundamental de jovens e adultos. In:
Anais do III Seminário Municipal de EJA, Maceió/DEJA, Secretaria Municipal de Educação, 2001.
docente”. Desse modo, a concepção dessa formação “[...] no plano pedagógico está
anunciada pelas racionalidades política e epistemológica que afirmam o currículo da
formação do/a professor/a”. E, assim, defende “[...] propostas curriculares
ancoradas na Educação Popular em diálogo com os Estudos Culturais como uma
forma de qualificação da docência em suas dimensões política, acadêmica e cultural.”
(L. SOARES, 2006, p. 255).
Continuando esse valioso evento, o II Seminário Nacional sobre a Formação do
Educador de Jovens e Adultos foi realizado em 2007, em Goiânia, pela Universidade
Federal de Goiás, com o objetivo de refletir e apontar diretrizes acerca da formação,
desafios e perspectivas da formação de educadores de Jovens e Adultos no Brasil. Foi
organizado por Maria Margarida Machado e teve sua publicização em 2008, pela
mesma autora.
Machado (2008) abriu os trabalhos com a introdução intitulada “Formação de
Educadores de Jovens e Adultos (EJA): desafios e perspectivas”. Carlos Rodrigues
Brandão apresentou o estudo “A educação popular e a educação de jovens e adultos:
antes e agora”. Leôncio Soares debateu o texto “Avanços e desafios na formação do
educador de jovens e adultos”. Sandramara Matias Chaves problematizou “Política
da UFG de formação de educadores de jovens e adultos”; e, Maria Aparecida Zanetti,
“Reflexões sobre a formação de educadores de jovens e adultos em redes de ensino
públicas”.
A segunda parte das apresentações, denominada “Reconfiguração do
Currículo da EJA e Formação de Educadores”, iniciou com o trabalho de Heleusa
Figueira Câmara intitulado “Saberes, sabores, travos e ranços: a vida no currículo”;
Paulo Carrano apresentou “Educação de jovens e adultos (EJA) e Juventude: o
desafio de compreender os sentidos da presença dos jovens na escola da “segunda
chance”; e, Domingos Leite Lima Filho apresentou “Educação de jovens e adultos
(EJA) e mundo do trabalho: elementos para discussão da reconfiguração do currículo
e formação de educadores”.
A terceira parte foi composta de Grupos de Trabalho nos quais Luiz Olavo
Fonseca Ferreira abordou “Que diretrizes devem nortear a formação inicial e
continuada dos educadores de jovens e adultos? Perspectiva dos professores de
12Segundo Torres (1996, p. 133), a noção de educação básica e de educação em geral, apresentada
pelos documentos do Banco Mundial e incorporada pelos documentos nacionais, ainda apresenta
nuances de uma concepção centrada na educação formal e na educação infantil, ou seja, segundo a
pesquisadora, educativo equipara-se ao escolar e às crianças. Desse modo, outros âmbitos do processo
CONSIDERAÇÕES
educacional e da própria educação básica e mesmo a educação de jovens e adultos ficaram excluídos
das iniciativas de proposições e políticas públicas. Torres ressalta que essa noção de educação básica
afasta-se da "visão ampliada" de educação básica que foi determinada, em 1990, na Conferência
Mundial de Educação para Todos, que compreendia crianças, jovens e adultos durante todo o
processo de vida.
Abstract : This article presents a survey of the production and results of researches in
the field of the initial teaching training for Young and Adult Education, mainly in
the Pedagogy undergraduate courses, and the teachers’ training provided in such
courses. The research was undertaken through the analysis of dissertations, theses
and scientific articles about teachers’ training for this kind of education in the years
between 2000 and 2011. A bibliographical research was undertaken for the data
collection which covered the academic production (dissertations and theses) as well
as the production found in periodicals, books and scientific works on the subject.
Thus the present text provides a panoramic view of the present studies and
production related to the teachers’ training for Young and Adult Education.
Keywords: Research; Studies; Initial Teaching Training; Young and Adult Education.
REFERÊNCIAS
Disponível em:
http://proxy.furb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=736. Acesso em
mar. 2013.
http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/1861/1/Dissert_Joseval%20dos%20
Reis%20Miranda.pdf. Acesso em abril de 2013.