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04/05/2018 Jurisprudência - TJPR

Processo: 0004328-17.2016.8.16.0187

Relator: Vanessa Bassani

Orgão Julgador: 1ª Turma Recursal

Data de 28/03/2018 00:00:00


Publicação:

Ementa: EMENTA: RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL
ADQUIIRIDO NA PLANTA. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
(R$5.000,00) MANTIDO. JUROS DE OBRA. RESTITUIÇÃO DEVIDA.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Íntegra: PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ


1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI
Rua Mauá, 920 - 28º Andar - Alto da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 -
Fone:
3017-2568
Autos nº. 0004328-17.2016.8.16.0187

Recurso: 0004328-17.2016.8.16.0187
Classe Processual: Recurso Inominado
Assunto Principal: Indenização por Dano Material
Recorrente(s): FMM ENGENHARIA LTDA.
Recorrido(s): LAURA PREISNER
Recurso inominado nº 0004328-17.2016.8.16.0187do Juizado Especial Cível de
Curitiba –
CIC.
Recorrente:FMM ENGENHARIA LTDA
Recorrido: LAURA PREISNER
Relatora: Juíza VANESSA BASSANI

EMENTA: RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL
ADQUIIRIDO NA PLANTA. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
(R$5.000,00) MANTIDO. JUROS DE OBRA. RESTITUIÇÃO DEVIDA.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

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RELATÓRIO
Trata-se de ação de restituição de valores com pedido indenizatório, em que
alegam os reclamantes que adquiriram um imóvel da reclamada, com prazo de
entrega para
Abril de 2012, mas o imóvel somente foi entregue em fevereiro de 2013. Ao
final requereram o
ressarcimento dos valores pagos a título de juros de obra e ao pagamento de
indenização por
danos morais.
Sobreveio sentença julgando procedente o pedido inicial, condenando a
reclamada a restituir a importância de R$1.731,49 em favor dos reclamantes e
ao pagamento
de R$5.000,00 a título de danos morais.
Inconformado o reclamado interpôs recurso inominado, alegando, em síntese,
que
os juros da obra são cobrados pelo agente financiador, de modo que não
poderia arcar com
eles, além de ser indevida a indenização por danos morais, por se tratar de
mero dissabor;
sucessivamente, requereu a minoração da indenização por danos morais, pois
em desacordo
com o valor do imóvel.
O recurso foi recebido e as contrarrazões não foram apresentadas.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
Satisfeitos os pressupostos viabilizadores da admissibilidade do recurso, razão
pela qual, merece conhecimento.
Primeiramente, verifica-se que presente caso é uma típica relação de consumo,
pois as partes enquadram-se nos conceitos de consumidor e fornecedor
constantes nos artigos
2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. Assim, é assegurado ao
consumidor a aplicação
do instituto da inversão do ônus da prova, previsto no art. 6º, VIII, do Código
de Defesa do
Consumidor.
De pronto há que se apontar que são descabidas as alegações referentes à
ocorrência de caso fortuito ou força maior para justificar o atraso na entrega
do imóvel. Sabe-se
das particularidades à que os empreendimentos imobiliários estão submetidos,
incluídos aí a

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eventual falta de mão de obra especializada e de material. Entretanto, estes


são riscos típicos
desta atividade, compensados pela sua alta lucratividade. Admitir estes
argumentos seria ao
mesmo tempo reconhecer a ausência de perícia da recorrente para a
delimitação dos termos
de como exerce sua atividade e transferir os riscos da atividade para os
consumidores,
situação que não se pode tolerar, sob pena de afronta à legislação
consumerista.
Incontroverso que houve atraso na entrega do imóvel, incorrendo a recorrente
no
descumprimento contratual, violando a boa-fé objetiva esperada nas relações
de consumo,
configurando falha na prestação dos serviços, gerando, assim, o dever de
indenizar os danos
morais e materiais suportados (art. 14 do Código de Defesa do Consumidor).
Assim, comprovado que a demora na entrega no imóvel, mostra-se um
verdadeiro
descaso e desrespeito com o consumidor que viu frustrada a sua expectativa
de usufruir do
imóvel.
Portanto, ante a evidente falha na prestação dos serviços que ocasionam
dissabores que ultrapassam a normalidade da vida cotidiana, mostra-se correta
a decisão
singular na condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos
morais.
Neste sentido, é o entendimento do Tribunal de Justiça do Paraná:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - IMÓVEL
EM CONSTRUÇÃO - DEMORA NA ENTREGA DA UNIDADE HABITACIONAL E
CONCLUSÃO DAS OBRAS DO CONDOMÍNIO - REPARAÇÃO DE DANOS
MATERIAL E MORAL - PEDIDOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS EM PRIMEIRA
INSTÂNCIA - APELAÇÃO DA RÉ PROVIDA EM PARTE - RECURSO ADESIVO
DOS AUTORES DESPROVIDO. Relator: Domingos Ramina, Processo: 103961-2,
Data Publicação: 01/10/2001, Órgão Julgador: 6ª Câmara Cível, Data
Julgamento:
19/09/2001 – TJPR)

APELAÇÃO CÍVEL - RESCISÃO CONTRATUAL - PROMESSA DE COMPRA E


VENDA DE IMÓVEL - ATRASO NA CONCLUSÃO E ENTREGA DO IMÓVEL -

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INADIMPLÊNCIA DA CONSTRUTORA - DEVOLUÇÃO DE PARCELAS PAGAS -


FRUSTRAÇÃO EM ADQUIRIR CASA PRÓPRIA - DANO MORAL
CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO DEVIDA - PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS - RECURSO PROVIDO. (Relator: Dimas Ortêncio de Melo,
Processo: 288959-8, Data Publicação: 03/06/2005, Órgão Julgador: 17ª
Câmara
Cível, Data Julgamento: 17/05/2005 – TJ)
No que tange ao indenizatório, resta consolidado, tanto na doutrina,quantum
como na jurisprudência pátria o entendimento de que a fixação do valor da
indenização por
dano moral deve ser feita com razoabilidade, levando-se em conta
determinados critérios,
como a situação econômica do autor, o porte econômico do réu, o grau de
culpa, visando
sempre à atenuação da ofensa, a atribuição do efeito sancionatório e a
estimulação de maior
zelo na condução das relações.
Por tais razões, conclui-se que o valor dos danos morais fixado em R$5.000,00
(cinco mil reais), é devido e consoante parâmetro adotado por esta Corte.
Como se sabe a cobrança dos juros de obra somente são devidos no
interregno
da construção, não podendo ser mantidos quando esta se encerra e o imóvel é
entregue aos
compradores. A responsabilidade pelo pagamento destes juros, quando
cobrados de forma
legítima, é do comprador, transferindo-se às empreiteiras quando estas
encontram-se de
alguma forma em mora.
Como a própria recorrente assume o atraso ocorrido, ou seja, seu estado de
mora, é inquestionável que deve arcar com os prejuízos que esta gerou à parte
reclamante com
o pagamento de juros de obra no período de atraso.
Não logrando êxito no recurso, o recorrente deve arcar com as despesas do
processo, nos termos da Lei Estadual 18.413/14, e verba honorária arbitrada
em 15% sobre o
valor da condenação, com fulcro no art. 55 da Lei 9.099/95, observada a
suspensão da
exigibilidade prevista no art. 98, §3º, do Código de Processo Civil, caso a parte
recorrente seja
beneficiária da assistência judiciária gratuita.

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DISPOSITIVO

Ante o exposto, esta 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por
unanimidade dos votos, em relação ao recurso de FMM ENGENHARIA LTDA.,
julgar pelo (a)
Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz (a) Maria Fernanda Scheidemantel
Nogara
Ferreira Da Costa, com voto, e dele participaram os Juízes Vanessa Bassani
(relator) e
Nestario Da Silva Queiroz.
Curitiba, 15 de Março de 2018

VANESSA BASSANI
Juíza Relatora

Acessado em: 04/05/2018 17:43:42

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