Hoje é o dia por excelência para se abordar o tema dos Ritos e
Sacramentos, do que são e para que servem. Bem sabeis, que o conjunto sequencial de instruções e ações que realizamos liturgicamente, nos permitem estabelecer correspondências entre a face externa dos ritos e a nossa missão pessoal. Que a repetição dos cerimoniais, fundados nos sacramentos, efetivam este processo que à imagem da escada Jacob, permite o desenvolvimento de um sensório que permite ter o vislumbre da mais alta morada. Para entendermos como o este processo se dá, começarei por vos dar resposta à questão: o que são os sacramentos? Os sacramentos, são instrumentos ordenados da Graça que através de sinais externos e visíveis, transferem ao recipiendário a graça interior e espiritual que conduz à vida eterna. Os Sacramentos são dispensas da divindade. Dádivas do Alto. Por isso, e só por isso, não são passíveis de pertença grupal ou social. Entenda-se: não pertencem a qualquer Igreja ou religião. Pertencem ao mundo e realizam-se na humanidade, independentemente de credos, raças ou nomes que lhes sejam dados. A única condição necessária aos sacramentos é que haja quem os possa receber e ativar. Notai o “receber” e ativar”. É importante diferenciar ambas as fases dado serem diferenciadas na acção do sacramento. Podemos receber um sacramento e nunca chegar a ativá-lo. Porquê? Analisemos a origem da palavra. Sacramento deriva da junção das palavras latinas Sacro (sagrado) com mentum (mente, meio e instrumento). A palavra explica! Para que haja efetividade é necessário que a mente esteja preparada para a recepção e para a ativação. Um exemplo contrário desta realidade é, por exemplo, o batismo de bebés. O sinal é dado, mas não é reconhecido (dada a impossibilidade de uma criança conseguir discernir e por isso manter a abertura ou dom que o sacramento dispensa). Para que se compreenda o Mistério dos Sacramentos teremos de usar a chave que os revela, a Clavis Arcanum Esta mostra-nos que a realidade sacramental se apresenta como uma sequência ordenada que permite a subida até às portas do reino. Ou seja, propiciam o Caminho a Verdade e Vida que resultam do compromisso efetuado e nas mudanças de vida que produzem. O rito é a casca! O sacramento a semente viva. De nada serve passar por mil rituais se não se encontrar a semente viva que cada um contém. Entendei que não contestamos os sinais externos que facilitam a transferência da graça interna, pelo contrário. Não podemos é aceitar que sejam dados indiscriminadamente falhando A posteriori o seu propósito, reduzindo o sacramento a um ato de superstição indigno, destituído de significado espiritual ou o cumprir de uma “tradição” que serve para justificar festas. Recordo a frase da tradição: “A semente lançada à terra, recebe dela a vida! Mas se o seu gérmen está corrompido, a terra acelera a sua putrefação!” A nossa esperança reside na semente! Em cada um de nós! De ontem para hoje foi noite de sementeira. Neste espaço, os vigilantes viveram o memorial iniciático referido nas escrituras. A noite sucedeu ao dia e no raiar da aurora, foram armados. Durante essa vigília foram acompanhados por irmãos que lhes deram as ferramentas necessárias ao seu trabalho pela noite. Estes irmãos, ao invés de passarem a noite em inconsciência a regenerar o corpo físico, escolheram passá-la conscientemente num processo de regeneração espiritual a fim de se apresentarem alvos para a sua armação. Este batismo de fogo, simbolizado pelas línguas que desceram sobre os discípulos é sinal do verdadeiro crisma, ou unção ardente, que propicia um ou mais dons ao que o recebe. Sem milagres ou eventos extraordinários. Falo de sementes! Falo da bolota que tem em si mesma a potência de ser tornar num forte carvalho. Os Dons constituem a germinação e o florescimento natural do Embrião Divino oculto na Alma. As faculdades espirituais que jazem dormentes no Homem carnal são manifestadas pela ação vigorosa do Crisma. A bolota permanece oculta na alma - uma árvore potencial, mas não manifestada - até o dia em que a combinação das influências vivificantes da humidade e do calor impelem a semente a evoluir e a desempenhar o seu destino. A humidade e o calor indispensáveis à vida vegetal, são as contrapartidas físicas da "Água e do Espírito", ou da Psique e da Pneuma, os dois grandes agentes da Regeneração mencionados por Cristo na sua resposta a Nicodemos (João 3.5): "Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do espírito, não entrará no Reino de Deus". Enquanto a semente permanece oculta no solo, ela ainda pertence ao domínio da terra. São necessários os elementos superiores, a água e o fogo (que descem de cima) para ajudar a sua evolução. Graças a esta ajuda, a semente emerge da sua prisão obscura e se eleva a um outro reino, o do ar. A Ascensão do Homem da Terra para o Céu acontece de uma maneira semelhante. A germinação da Humanidade Divina acontece, despercebida aos olhos mortais: no fundo do coração. Um dia quando o Cristo Interior, a Grande Luz oculta na espessa matéria, abre caminho através da dura crosta que o aprisiona e emerge com radiante consciência nos planos mais elevados da vida: um mundo novo se apresenta com notória glória. O homem regenerado vê, ouve e sente com sentidos completamente novos, que não possuía antes desse momento. Os dons do Espírito Santo não são como vedes sobrenaturais; eles são a herança gloriosa reservada à humanidade O homem irregenerado está na escuridão: a sua consciência está aprisionada na matéria; possui cinco sentidos com os quais percebe o mundo. Contudo no centro de sua natureza, jaz oculta a semente de um sexto sentido - o da perceção espiritual. Houve considerável especulação dentro da Igreja em relação aos "Dons do Espírito", descritos no Novo Testamento. Geralmente acredita-se que estes dons só foram distribuídos durante os Primeiros Séculos da Era Cristã. Supõe-se em particular que um deles tenha desaparecido, o misterioso "dom de falar em línguas". Até mesmo a memória do que este dom originalmente significou foi obliterada das Comunidades Cristãs. Hoje, supõe-se que "falar em línguas" consiste mais ou menos na pronúncia involuntária de sons incoerentes sem qualquer sentido aparente. Esta interpretação - que é completamente errada - incitou repetidamente os excêntricos religiosos a despejarem torrentes de sons incompreensíveis – os pentecostais são um exemplo clássico. Caros irmãos, uma coisa vos asseguro: a capacidade de expressar ou compreender absurdos nunca foi dispensada pelo Espírito Santo! O verdadeiro dom de falar todas as línguas é de imenso valor e prende- se a uma limitação humana. A limitação que impede as verdades celestes de se projetarem diretamente na mente humana, dado que o divino transcende o homem. O Espirito Santo, consolador, cede o dom que permite expor essas mensagens. Falar em várias línguas é o poder de ocultar as verdades eternas na roupagem mais ou menos transparente das alegorias, dos símbolos e dos rituais. Os pensamentos do Céu devem ser expressos no idioma da Terra senão a mensagem não passa. Na sua maioria, os poetas e pintores possuem, mais ou menos, o dom de falar em línguas. O seu cérebro funciona como um sintonizador/receptor de ondas que por vezes mesmo que não percebam, registam nas sua obras! Lohengrin, de Wagner, é por exemplo um destes casos. Os quadros do Mestre Lima de Freitas outro. Ambas as obras possuem verdades das esferas celestes captadas pelos seus autores. Como percebereis agora, a capacidade de falar em línguas foi sempre distribuída desde tempos imemoráveis por todas as nações de Terra. Na Europa, foi particularmente abundante na Idade Média. Mas este dom só é discernido por aqueles que receberam "do Espírito” o dom ainda maior da interpretação. Este dom do Espírito Santo dá mais alegria que qualquer outro. Consiste na perceção imediata (ou quase imediata) do significado oculto das alegorias, metáforas, fábulas, parábolas etc. Ou seja, a uns é dada a capacidade de criar enigmas, e a outros a capacidade de os explicar. Uns recebem o dom de criar arcanos outros de criar chaves sempre que seja necessária a acção coletiva no mundo. O modo de operação do Espirito Santo é admirável! Caros irmãos e especialmente irmãs Damas e irmãos Cavaleiros, hoje vigilastes, orastes e recebestes os sinais (ou signos) da unção carismática da Cavalaria. Foi-vos depositada a semente. Meditai em tudo o que hoje vos foi transmitido e pedi, humildemente, ao Espirito-Santo que vo-los desvele a fim de que os possais ativar!