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PENTECOSTES

Armações em Arraiolos 2018


Carta aos Irmãos do Templo.

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Queridos Irmãos;

Hoje é o dia por excelência para se abordar o tema dos Ritos e


Sacramentos, do que são e para que servem.
Bem sabeis, que o conjunto sequencial de instruções e ações que
realizamos liturgicamente, nos permitem estabelecer correspondências entre
a face externa dos ritos e a nossa missão pessoal. Que a repetição dos
cerimoniais, fundados nos sacramentos, efetivam este processo que à
imagem da escada Jacob, permite o desenvolvimento de um sensório que
permite ter o vislumbre da mais alta morada.
Para entendermos como o este processo se dá, começarei por vos dar
resposta à questão: o que são os sacramentos? Os sacramentos, são
instrumentos ordenados da Graça que através de sinais externos e
visíveis, transferem ao recipiendário a graça interior e espiritual que
conduz à vida eterna.
Os Sacramentos são dispensas da divindade. Dádivas do Alto. Por isso,
e só por isso, não são passíveis de pertença grupal ou social. Entenda-se: não
pertencem a qualquer Igreja ou religião. Pertencem ao mundo e realizam-se
na humanidade, independentemente de credos, raças ou nomes que lhes
sejam dados. A única condição necessária aos sacramentos é que haja quem
os possa receber e ativar.
Notai o “receber” e ativar”. É importante diferenciar ambas as fases
dado serem diferenciadas na acção do sacramento. Podemos receber um
sacramento e nunca chegar a ativá-lo. Porquê? Analisemos a origem da
palavra. Sacramento deriva da junção das palavras latinas Sacro (sagrado)
com mentum (mente, meio e instrumento). A palavra explica! Para que haja
efetividade é necessário que a mente esteja preparada para a recepção e para
a ativação. Um exemplo contrário desta realidade é, por exemplo, o batismo
de bebés. O sinal é dado, mas não é reconhecido (dada a impossibilidade de
uma criança conseguir discernir e por isso manter a abertura ou dom que o
sacramento dispensa).
Para que se compreenda o Mistério dos Sacramentos teremos de usar a
chave que os revela, a Clavis Arcanum
Esta mostra-nos que a realidade sacramental se apresenta como uma
sequência ordenada que permite a subida até às portas do reino. Ou seja,
propiciam o Caminho a Verdade e Vida que resultam do compromisso
efetuado e nas mudanças de vida que produzem. O rito é a casca! O
sacramento a semente viva. De nada serve passar por mil rituais se não se
encontrar a semente viva que cada um contém.
Entendei que não contestamos os sinais externos que facilitam a
transferência da graça interna, pelo contrário. Não podemos é aceitar que
sejam dados indiscriminadamente falhando A posteriori o seu propósito,
reduzindo o sacramento a um ato de superstição indigno, destituído de
significado espiritual ou o cumprir de uma “tradição” que serve para
justificar festas.
Recordo a frase da tradição: “A semente lançada à terra, recebe dela a
vida! Mas se o seu gérmen está corrompido, a terra acelera a sua putrefação!”
A nossa esperança reside na semente! Em cada um de nós!
De ontem para hoje foi noite de sementeira. Neste espaço, os vigilantes
viveram o memorial iniciático referido nas escrituras. A noite sucedeu ao dia
e no raiar da aurora, foram armados. Durante essa vigília foram
acompanhados por irmãos que lhes deram as ferramentas necessárias ao seu
trabalho pela noite. Estes irmãos, ao invés de passarem a noite em
inconsciência a regenerar o corpo físico, escolheram passá-la
conscientemente num processo de regeneração espiritual a fim de se
apresentarem alvos para a sua armação.
Este batismo de fogo, simbolizado pelas línguas que desceram sobre os
discípulos é sinal do verdadeiro crisma, ou unção ardente, que propicia um
ou mais dons ao que o recebe. Sem milagres ou eventos extraordinários. Falo
de sementes! Falo da bolota que tem em si mesma a potência de ser tornar
num forte carvalho.
Os Dons constituem a germinação e o florescimento natural do Embrião
Divino oculto na Alma. As faculdades espirituais que jazem dormentes no
Homem carnal são manifestadas pela ação vigorosa do Crisma. A bolota
permanece oculta na alma - uma árvore potencial, mas não manifestada - até
o dia em que a combinação das influências vivificantes da humidade e do
calor impelem a semente a evoluir e a desempenhar o seu destino. A
humidade e o calor indispensáveis à vida vegetal, são as contrapartidas
físicas da "Água e do Espírito", ou da Psique e da Pneuma, os dois grandes
agentes da Regeneração mencionados por Cristo na sua resposta a
Nicodemos (João 3.5): "Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer
da água e do espírito, não entrará no Reino de Deus".
Enquanto a semente permanece oculta no solo, ela ainda pertence ao
domínio da terra. São necessários os elementos superiores, a água e o fogo
(que descem de cima) para ajudar a sua evolução. Graças a esta ajuda, a
semente emerge da sua prisão obscura e se eleva a um outro reino, o do ar.
A Ascensão do Homem da Terra para o Céu acontece de uma maneira
semelhante. A germinação da Humanidade Divina acontece, despercebida
aos olhos mortais: no fundo do coração.
Um dia quando o Cristo Interior, a Grande Luz oculta na espessa
matéria, abre caminho através da dura crosta que o aprisiona e emerge com
radiante consciência nos planos mais elevados da vida: um mundo novo se
apresenta com notória glória. O homem regenerado vê, ouve e sente com
sentidos completamente novos, que não possuía antes desse momento.
Os dons do Espírito Santo não são como vedes sobrenaturais; eles são
a herança gloriosa reservada à humanidade O homem irregenerado está na
escuridão: a sua consciência está aprisionada na matéria; possui cinco
sentidos com os quais percebe o mundo. Contudo no centro de sua natureza,
jaz oculta a semente de um sexto sentido - o da perceção espiritual.
Houve considerável especulação dentro da Igreja em relação aos "Dons
do Espírito", descritos no Novo Testamento. Geralmente acredita-se que
estes dons só foram distribuídos durante os Primeiros Séculos da Era Cristã.
Supõe-se em particular que um deles tenha desaparecido, o misterioso "dom
de falar em línguas". Até mesmo a memória do que este dom originalmente
significou foi obliterada das Comunidades Cristãs.
Hoje, supõe-se que "falar em línguas" consiste mais ou menos na
pronúncia involuntária de sons incoerentes sem qualquer sentido aparente.
Esta interpretação - que é completamente errada - incitou repetidamente os
excêntricos religiosos a despejarem torrentes de sons incompreensíveis – os
pentecostais são um exemplo clássico. Caros irmãos, uma coisa vos
asseguro: a capacidade de expressar ou compreender absurdos nunca foi
dispensada pelo Espírito Santo!
O verdadeiro dom de falar todas as línguas é de imenso valor e prende-
se a uma limitação humana. A limitação que impede as verdades celestes de
se projetarem diretamente na mente humana, dado que o divino transcende
o homem. O Espirito Santo, consolador, cede o dom que permite expor essas
mensagens. Falar em várias línguas é o poder de ocultar as verdades eternas
na roupagem mais ou menos transparente das alegorias, dos símbolos e dos
rituais.
Os pensamentos do Céu devem ser expressos no idioma da Terra senão
a mensagem não passa. Na sua maioria, os poetas e pintores possuem, mais
ou menos, o dom de falar em línguas. O seu cérebro funciona como um
sintonizador/receptor de ondas que por vezes mesmo que não percebam,
registam nas sua obras! Lohengrin, de Wagner, é por exemplo um destes
casos. Os quadros do Mestre Lima de Freitas outro. Ambas as obras possuem
verdades das esferas celestes captadas pelos seus autores.
Como percebereis agora, a capacidade de falar em línguas foi sempre
distribuída desde tempos imemoráveis por todas as nações de Terra. Na
Europa, foi particularmente abundante na Idade Média. Mas este dom só é
discernido por aqueles que receberam "do Espírito” o dom ainda maior da
interpretação. Este dom do Espírito Santo dá mais alegria que qualquer outro.
Consiste na perceção imediata (ou quase imediata) do significado oculto das
alegorias, metáforas, fábulas, parábolas etc. Ou seja, a uns é dada a
capacidade de criar enigmas, e a outros a capacidade de os explicar. Uns
recebem o dom de criar arcanos outros de criar chaves sempre que seja
necessária a acção coletiva no mundo.
O modo de operação do Espirito Santo é admirável!
Caros irmãos e especialmente irmãs Damas e irmãos Cavaleiros, hoje
vigilastes, orastes e recebestes os sinais (ou signos) da unção carismática da
Cavalaria. Foi-vos depositada a semente. Meditai em tudo o que hoje vos foi
transmitido e pedi, humildemente, ao Espirito-Santo que vo-los desvele a fim
de que os possais ativar!

Que Deus vos ajude!

Vosso, na Trindade;
Christophorus.

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