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Universidade Estadual do Ceará

Centro de Humanidades
Curso Filosofia Noturno - Bacharelado
Disciplina: Filosofia da Educação
Professor: Fernando Facó
Rita Katiana Moreno da Costa – Mat. 1175510

Texto 1 – do livro ‘Paideia’ de Werner Jaeger


1)O Lugar dos gregos na história; e
2)Nobreza e Areté

RESUMO: O texto inicia explanando a cerca do significado da palavra educação. Sendo esta o
fruto do desenvolvimento de uma comunidade com o fim da conservação e da preservação, de
suas peculiaridades físicas e espirituais, isto é visto como uma vontade consciente da razão. A
educação para Jaeger é por excelência pertencente à comunidade e é a fonte de “toda” ação e
comportamento, servindo para “conformar/formar/modelar” as novas gerações. Apresenta-
nos também a questão de uma “estabilidade cultural” que teria ela mesma dois aspectos,
sendo um positivo, pois geraria uma prolongação desta “cultura” ou comunidade, porém a
rigidez desta “estabilidade” ou a não capacidade de mudanças e adaptação poderia gerar um
enrijecimento e declínio. Depois, propriamente, falará da importância da Grécia na historia
ocidental, da origem da palavra cultura, como concepção grega propriamente (idealização de
principio formativo). Diz-nos também de como essa concepção de educação na Grécia é
revolucionaria e solidária (humanista), pois visa à formação do homem grego ideal, onde
conhecimento próprio e inteligência encontram-se no topo do desenvolvimento. Coloca a
nossa necessidade recorrente de estudar os gregos e sua educação/cultura no fato de que os
Gregos ou a própria história da Grécia está na base do surgimento de todas as diversas
sociedades ocidentais. Diferencia a história como antropológica ao estudar um grupo isolado, e
nos coloca (ocidentais) como uma unidade histórica. Pontua a questão de o mundo grego ser
um símbolo da autoconsciência racional. Diz que o grego percebe o individuo e não o nega,
mas contrariamente aos modernos que o veem subjetivamente, eles o compreendem dentro
de uma estrutura maior, “natural, amadurecida, originaria e orgânica”, ou seja: total e objetiva.
Assim para o povo grego “a educação tem de ser um processo de construção consciente” não
do “eu” subjetivo, mas do “eu” humano/integral/totalidade. Existe um ideal de Homem –uma
ideia- que deve viva e persistente através dos tempos, um que se revela político (inserido
dentro da comunidade) Esse Ideal de Homem grego baseia-se na nobreza e na “areté”.
Novamente a educação é explicada como um movimento, uma evolução (mandamentos,
normas, conselhos, técnicas de produção e aptidões que são retransmitidas através das
gerações). A Nobreza vista como processo espiritual e de desenvolvimento na formação da
nação (aristocracia). Areté (“virtude”) na Grécia arcaica tem o sentido de designar a excelência
humana, atributo da própria nobreza (aristocracia), então não só os homens são avaliados pela
própria força, destreza e heroísmo, como tudo mais é visto a partir deste prisma. Neste
momento a “areté” ainda não tem conotação moral. Cita Jaeger que tanto Aristóteles como
Platão basearam suas éticas na “areté” dos gregos arcaicos, embora tenha havido uma
abstração e refinamento, a essência pareceu permanecer. Sempre se colocando em primeiro
lugar a questão da comunidade (totalidade) que se sobrepõe a questão da individualidade. A
educação deve despertar o dever (social) em face ao ideal (individual) demostrando a
soberania do espírito (logos/razão) e realizar ações (natureza orgânica), abrangendo a
totalidade do humano.
Palavras chaves: educação, cultura, mundo grego, totalidade, areté.
Texto 2 – do livro ‘Ética e Sociabilidade’ de Manfredo Araújo de Oliveira
Platão e o Ético Enquanto Condição de Possibilidade da “Politicidade”

RESUMO: Platão defendeu uma concepção ahistórica, ele viveu num momento de crise
política. Rompendo com a consciência mitológica, optando por uma realidade radical. Na
consciência mitológica o ente é igual ao ente. Já os pré-socráticos avançam para uma solução
logico-ontológica (o todo está em mim e eu estou no todo – onde a igualdade não é
coincidente). A crise politica está correlacionada com o surgimento do sofismo, que também
gera a primeira crise na filosofia grega, não estando interessado na verdade e sim na
“persuasão a qualquer custo”. O homem passa a determinar o sentido (1ª reviravolta
antropocêntrica). Platão vê no sofismo a dissolução da vida política, um individualismo radical,
muito embora não negue à necessidade de vê a relação do homem com o todo. A morte de
Sócrates determina a ida de Platão da atividade politica direta para o universo da filosofia, pois
ele vê a filosofia como a única capaz de “formar o homem” de bem, e de conhecer a
verdadeira “essência” do Estado. Da questão da “essência” surge a metafísica bidimensional
Platônica, apresentando a diferença entre o ser (fato) e o dever ser (norma), aqui está a raiz de
todo o pensamento crítico, e a visão platônica na sua ‘filosofia politica metafísica’, buscando a
norma imutável que deve regrar a vida politica empírica. Filosofia iguala-se a educação, sua
função é formar o quadro dirigente, buscando princípios fundamentais (bem e justiça) através
da norma (razão), sendo esta intersubjetiva, o indivíduo pertence a norma(razão), a vida digna
do homem é a vida racional. Política é pensada como techné (arte), relacionada com a virtude,
objeto da arte e o artista, coincide, a filosofia é a arte superior de “formar o homem”, que
sendo racional é sábia e funda sua vida na amizade, prudência e justiça. Esta é própria razão
ética, sem a qual, a política seria repressão. O tema da liberdade é pensado como decisão
racional, ideia de bem, expressa na ordem eterna (social e politica) concebida
metafisicamente. Esse ‘livre’ indivíduo ético-racional seria capaz de desenvolver todas as suas
capacidades no “melhor” Estado. Justiça é uma categoria central, tornando possível a vida feliz
no Estado, imbrica-se com igualdade (adequação ou nivelamento), harmonizando assim o
indivíduo e a vida comum, onde cada um ocupa o lugar que lhe compete (de acordo com sua
educação). “o estado deve realizar o bem enquanto tal na forma de Justiça”. Distingue
liberdade individual em Platão (que é o primado do indivíduo dentro da Polis, compondo com a
mesma-permanece uma visão de todo) versus liberdade individual liberal moderna (individuo
em primeiro lugar, irracional, egoísta, separado do todo). O homem politico pode e deve
criticar, mas para mediar à situação ideal e a fática e daí resultar o “bem” no Estado. Platão
propõe que o Estado se constitua de forma mista entre aristocracia e democracia, no
verdadeiro Estado há harmonia entre os diferentes artífices (agricultores, militares e filósofos),
sendo que os últimos devem fazer a todos raciocinar, passaríamos assim de um Estado de força
para um Estado de direito.
Palavras chaves: política, formar o homem, metafísica, razão, justiça.
Texto 3 – do livro ‘Ética e Nicômaco’ de Aristóteles
Apresentação
Introdução à Edição Brasileira

RESUMO: A ética em Aristóteles está no horizonte prático (alterável) em contraste com o


horizonte teórico (inalterável), a filosofia se expressa no agir do homem que é causa eficiente e
causa final da ação. A arte (competência) pode ser aprendida e é necessária para o produzir e o
agir, sendo estes diferentes, pois o último é ação do homem sobre o homem, ambos
pertencentes ao horizonte prático. Práxis será expressa de forma ampla como: ação, prática,
realizar, cumprir, levar a cabo. Caráter (ethos-local familiar) é constituído da possibilidade de
criar-se racionalmente a partir das diversas disposições (advindas dos costumes). Ética seria a
possibilidade de agir de modo excelente, frutos do processo de deliberação, do domínio de si,
capacidade de decisão, de fazer escolhas e preterir opções. No agir ético o homem é feliz e
encontra o seu lar, orientado pela sensatez (consciência aguda de si mesma e das situações)
trabalhada no interior do próprio homem, mesmo a contemplação é ação, é atividade pura, ser
por ser. Ênfase é dada a palavra phoronesis (prudência-excelência do pensar). Ética aqui é
pensada como político-jurídico. O político muito claro no mundo grego, o jurídico fica aqui dito
pela importância da colocação da autonomia do pensamento pratico em contraposição a razão
teórica, epistêmica. Ou seja, a cada situação temos de descobrir o que é o bem. Essa
capacidade avaliativa é dada na educação e na socialização, ao mesmo tempo em que não
devemos perder a visão social, devemos decidir viver, logo todas as nossas ações. A psyque
(alma-consciência inteligente e responsável) é estudada como ponto de partida na ética-
politica, sendo ela a parte que nos distingui dos animais. O agir humano é determinado pela
tensão entre sua irracionalidade-sensitiva e sua racionalidade (ambas partes da psyque). O
autodomínio, ou a sabia administração das paixões, facilitam a subordinação dos desejos
(irracionais) à razão, buscando um caminho do meio. O homem é marcado pela sua
incompletude (não bastar-se a si mesmo-ser social, e a tensão entre desejo-razão, e também
no horizonte prático) que gera fragilidade. Daí sua carência de política e leis. Sua carência o
torna social, lhe colocar em contato com o outro, gera necessidade do agir, da ética, capaz de
produzir caráter. O viver bem coincide com a felicidade. “o fim da arte e da educação em geral
é substituir a natureza e completar aquilo q ela apenas começou.”
Palavras chaves: ética, agir, caráter, político, felicidade.
Texto 4 – A resposta à pergunta: o que é esclarecimento de Immanuel Kant

RESUMO: “Esclarecimento significa a saída do homem de sua minoridade, pela qual ele
próprio é responsável”, assim inicia o texto. Minoridade é viver tutelado, esclarecer-se é servir
ao próprio entendimento. A preguiça e a covardia causa nos homens o desejo de viver como
menores porque é cômodo, não é preciso esforça-se, refletir, isso acaba por torna-se uma
segunda natureza, onde até mesmo preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos de uso
racional tornam-se entraves. Exercitar seu próprio espírito é libertar-se. O público pode
esclarecer-se se for dada a ele essa liberdade, pois alguns, incluindo os tutores já pensam por
si, no entanto isso deve-se dar de modo gradual afim de não gerar uma revolução. Esse
esclarecer igual à liberdade nada mais é que fazer uso publico da razão, onde pode-se pensar
contra ou a favor do socialmente colocado, mas não se deixa de obedecer aos costumes e a lei.
Tem-se, no entanto o direito de questioná-las. Uso público da razão é o que fazemos enquanto
sábio para o público que lê, uso privado da razão é a que fazemos uso no posto civil, numa
função da qual somos encarregados. Então o erudito, o especialista, que não esta exercendo
uma função civil especifica, pode sim exercitar a critica na escrita. O uso da razão diante do
publico numa situação formal, civil, é o uso da razão privada (limitada) e a ação de criticar
(pensar negativamente-livremente) é razão pública. Esse uso público da razão é necessário
para evitar o engessamento-embotamento-estagnação-esterilidade de uma sociedade que
deve mudar-melhorar de acordo com os novos conhecimentos que surgem, esses mesmo que
levantam novas questões. O esclarecimento pode ser negado ou adiado pelo homem, mas
renunciar a ele é agravar toda a sociedade. Há aqui uma crítica ao Estado apontando-o como
capaz de dispor obstáculos ao esclarecimento, quando deveria garantir a liberdade, sendo essa
sua missão, exceto o próprio monarca de seu estado a quem enaltece. Entretanto sua crítica
mais severa a minoridade se refere à religião (sendo essa a nociva e a mais desonrosa), onde
ainda mantem-se firme a tutela, e não no que se refere às ciências e as artes, segundo o qual, o
Estado não estaria tão preocupado.
Palavras chaves: esclarecimento, minoridade, liberdade, uso público, uso privado.
Texto 5 – Educação e Governabilidade Neoliberal de Alfredo Veiga-Neto

RESUMO: A educação será abordada tendo em vista o viés Neoliberal, aqui com a ajuda de
Foucault, para o qual tanto “o liberalismo como o neoliberalismo são formas de vida, de ser e
de estar no mundo – e não (...) ideologias, teorias econômicas ou teorias filosóficas”. Cita um
diagnostico da atualidade do avanço neoliberal e do revival foulcaultiano. Apresenta
brevemente a questão das práticas escolares de governamento e do controle neoliberal da
população. Foucault entende a educação moderna tanto implicada na ‘produção’ do sujeito
moderno, como da própria modernidade. Cita um crise de autoridade do ‘pastor’ a partir do
séc. XV que constituirá a busca de novas maneiras de governar e de se autogovernar. Há um
deslocamento da ênfase no território para a soberania da população, apontado para uma razão
governamental, que descobre como objetos: a economia e a população, quando se move das
tecnologias de dominação para aquelas de dominação do “eu”. Assim aqui o importante é
compreender o papel da educação nas mudanças do mundo atual, no sentido de produzir
novas subjetividades e na sua relação com o “governo dos homens”. O tema central é a
disciplina que no primeiro momento histórico é exercida no “jogo do pastor” (individualizador,
jogado no individuo) e depois no “jogo da cidade” (totalizador, jogado na população), onde a
disciplina é deslocada do religioso para o civil. Liberalismo visto como um refinamento do
próprio ato de governar, a tarefa do Estado é um ajuste social dentro da lógica da sociedade
como um todo harmônico, formada por sujeitos-parceiros. Após da segunda guerra surge dois
tipo de neoliberalismo, sendo o mais preponderante o norte americano. A escola se destaca
nessas e para essas transformações, em três níveis: criação, aplicação e difusão das novas
tecnologias, é a instituição que consegue capturar indivíduos e disseminar tecnologias, um
local onde o controle é possível e a preparação das massas para o Estado se dá, regulando seu
comportamento, sua subjetividade e a própria interioridade. Fazendo o nexo entre ‘tecnologia
de poder’ e ‘tecnologia do eu’ (poder x saber). Posto isso não adianta lamentar o fracasso da
educação de uma perspectiva iluminista ou platônica, mas reconhecê-la como ferramenta do
Estado, e procurar, a medida do possível pontos de fratura, para se possível alterá-la. Versará
sobre a produção e o consumo, os mecanismos de mídia, indústria cultural, marketing, para
criar o sujeito consumidor (manipulável). O Estado torna-se empresarial; o social subordina-se
ao econômico. O indivíduo é instruído a torna-se o empresário de si mesmo, acreditando-se
‘livre’ para fazer escolhas. A educação é pensando como mercadoria, a escolarização continua
mantendo seu papel na disciplinarização do indivíduo, e também é pensada para possibilitar a
“livre” escolha de consumo dos seus sujeitos clientes. Diferencia a escola publica (mais
disciplinar) da privada (menos rígida). E propõe uma saída análise histórica já citada (fora da
dicotomia sucesso-insucesso), não seria nem resignação nem niilismo, mas o reconhecimento
da escola como local ‘privilegiado para a resistência, para o exercício de praticas de
transgressão dos limites que nos são imposto pela própria episteme moderna’.
Palavras chaves: educação, neoliberal, disciplina, jogo do pastor, jogo da cidade.

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