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Atibaia
2007
SUMÁRIO
Páginas
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 3
1
4. DILEMAS DA ADOLESCÊNCIA.............................................................. 31
4.1. Aparência.................................................................................................................. 32
6. CONCLUSÃO.............................................................................................. 50
2
1. INTRODUÇÃO
Entretanto, o ser humano não está apenas desfrutando desta era tecnológica.
Ele tem se deixado levar por filosofias vãs que se referem a Palavra de Deus como um livro
ultrapassado, não tendo as respostas necesárias para os dilemas da pós-modernidade. Diante
disso, pessoas convictas que são fruto de uma evolução têm buscado dentro de si respostas
para seus dilemas.
Negando o poder das Escrituras, pais têm levado seus filhos para
psicólogos, a fim de que estes tragam respostas necessárias para que o adolescente seja mais
obediente, honesto, disposto, entre outras características. Os pais não entendem que o
problema do adolescente não está apenas em seu comportamento, mas naquilo que está em
seu coração.
3
É fato que em diversas igrejas existe certa dificuldade em trabalhar com esta
faixa etária devido às características1 desta fase da vida. Além das dificuldades de trabalhar,
existe ainda a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a assumir um ministério duradouro,
visando investir na vida destes adolescentes. Diferentemente do que muitos pensam, este é um
ministério prazeroso e desafiador, pois leva-nos a depender de Deus, como de fato deve ser
em todo momento da vida.
1 Em características incluem-se pecados que se tornam mais evidentes nesta idade como a arrogância, o
4
2. ALGUMAS PERSPECTIVAS ACERCA DO
ACONSELHAMENTO
2 Extraído de http://www.cobra.pages.com.br/ecp-freud.html
5
Muito mais do que isto, a psicologia era a substituta para a religião. Sendo
assim, o ser humano deveria abandonar seus padrões morais absolutos declarados pela Palavra
de Deus para viver conforme seus instintos, já que o ser humano é um animal em evolução.
Isso resulta numa sociedade sem absolutos, onde o padrão é flexível aos desejos de cada
pessoa.
Certamente Freud tornou sua teoria bastante atraente, visto que o ser
humano não é responsável por seus atos, isto porque ele é essencialmente bom. Dessa forma,
o culpado por algum erro da pessoa é um terceiro. Os problemas são psicológicos e não há
possibilidade de ser algo espiritual. O ser humano é colocado como alguém muito especial,
pois as respostas para os dilemas da humanidade encontram-se dentro de cada um.
3 MACARTHUR Jr., John F., MACK, Wayne A.. Introdução ao Aconselhamento Bíblico Um guia básico dos
princípios e práticas do aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004. pág. 27.
6
métodos e as técnicas apropriados. A eles pertenceriam tanto o conhecimento como as
aptidões que se fazem mister”4.
Infelizmente estas duas atitudes têm se tornado cada vez mais freqüentes nas
igrejas evangélicas. Para agravar, não são só as igrejas liberais que estão neste caminho, mas
também várias igrejas reconhecidamente tradicionais, ortodoxas e que declaram ser a Bíblia
“nossa única regra de fé e prática”. É de se lamentar que esta frase tenha se tornado mais um
jargão na boca dos cristãos.
4 ADAMS, Jay E.. O Manual do Conselheiro Cristão; 5ª.ed. - São José dos Campos-SP: Fiel, 2000. pág. 78.
7
ser auxiliado. Aqueles que não conseguem solucionar seus problemas não o fazem por não
viverem de acordo com o potencial que possuem.
O Pastor José Laerton Alves Ferreira em sua tese comenta com muita
propriedade que:
Esta atitude trás algumas implicações consigo. Uma delas é que não há
espaço para o pastor ser um conselheiro. Conforme nota de rodapé do livro “O MANUAL DO
CONSELHEIRO CRISTÃO” de Jay Adams comentando a teoria de Rogers, “um ministro
deve cessar de ser pastor, sempre que tiver que agir como conselheiro”6. Olhando desta
maneira, os absolutos que a Escritura nos traz são deixados de lado, pois este é um momento
5 FERREIRA, José Laerton Alves. Trabalho de Mestrado em Ministério Bíblico com o título Treinamento em
Aconselhamento Bíblico Nível 1-A. Fortaleza: Seminário e Instituto Bíblico Marana – SIBIMA, 2000.
pág. 19.
8
de olhar para si mesmo. Sendo assim, a Bíblia é tratada como mais um livro teórico onde
podemos obter conhecimento, mas não como o único recurso necessário para trazer resposta
aos nossos problemas (2Tm 3.16). Como conseqüência também negamos o poder de Deus, a
obra de Cristo e da atuação do Espírito em nossas vidas (Rm 8.9; Gl 2.20; 2 Pe 1.3, 4).
O sistema de Rogers faz com que o ser humano tenha o sentimento de que
não precisa de Deus. Tal sentimento é preservado durante os séculos e cada vez mais aderido,
principalmente pelas sociedades mais abastadas, onde não vêem necessidade de crer em Deus,
visto que têm o sentimento equivocado de que possuem tudo o que é necessário para suas
vidas.
7 http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0176/aberto/pensadores.shtml
9
Skinner, “a cura é identificar os reforços8 que controlem o comportamento e manipulá-lo
sistematicamente a fim de produzir o comportamento desejado”9.
Já na adolescência, o filho será mais amigo dos pais caso ganhe uma
bicicleta ou um computador. Pais se sacrificam nesse sentido na ilusão de que terão um
ambiente melhor em casa.
Não podemos duvidar da boa intenção dessas pessoas, nem que reformar um
quarto, dar um presente ao filho ou criar um ambiente agradável para a igreja seja algo errado.
Entretanto, é uma falácia acharmos que estas coisas vão mudar o caráter de alguém ou fazê-lo
8 Para Skinner, as pessoas fazem aquilo que for seguido de conseqüências reforçadoras, ou seja, algum tipo de
recompensa. Por exemplo, vou roubar porque isto terá como conseqüência muito dinheiro. Segundo Skinner,
este reforço deveria ser adaptado.
9 CRABB Jr., Lawrence J.. Princípios Básicos de Aconselhamento Bíblico. Refúgio, 1984. Brasília, DF. pág. 33.
10
crer em Cristo. Na verdade, estas pessoas estarão temporariamente contentes com a situação,
até que surja alguma circunstância diferente, onde será negociado outro tipo de prêmio. Sendo
assim, trabalha-se o comportamento de uma pessoa, esquecendo-se do seu coração (Mt 15.19;
23.24-28; Tg 4.1)
Entretanto, é importante saber que esta perspectiva não foi inventada pelos
principais psicólogos ou terapeutas da história. Esta perspectiva existe desde o Éden, onde o
homem e a mulher foram colocados para cuidar do Jardim e desfrutar dele. Entretanto, o casal
não respeitou as regras dadas por Deus e deveria ser punido. O que é mais interessante é que,
tanto o homem quanto a mulher tentaram argumentar para se isentarem do erro que haviam
cometido.
Centralizado em Cristo porque exalta o “que Ele fez por nós em sua vida,
sua morte, sua ressurreição e seu envio do Espírito Santo; ao que Ele está fazendo por nós
agora em sua intercessão, à direita do Pai, e ao que ainda fará por nós, no futuro”10. Cristo está
10 MACK, Wayne.Características distintivas do aconselhamento cristão. Fé para hoje. São José dos Campos, SP,
ano 2004, n. 23. Retirado do site http://www.abcb.org.br.
12
presente em todos os momentos do aconselhamento. Não há como negligenciá-lo, pois desta
forma o ser humano vê a perfeição de Cristo e desvenda o ser humano, com todas as suas
dificuldades e limitações. Dessa forma, o ser humano é desafiado a buscar viver uma vida
semelhante a Cristo.
A igreja local é o instrumento designado por Ele para chamar o perdido a Si mesmo
e o ambiente no qual Ele santifica e transforma seu povo na própria semelhança de
Cristo. De acordo com as Escrituras, a Igreja é a casa de Deus, a coluna e o baluarte
da verdade; é o instrumento que Ele utiliza para ajudar seu povo a despojar-se da
velha maneira de viver (hábitos, estilo de vida, maneiras de pensar, sentimentos,
escolhas e atitudes características da vida sem Cristo) e vestir-se do novo homem
(uma nova maneira de viver com pensamentos, escolhas, sentimentos, atitudes,
valores, reações, estilo de vida e hábitos semelhantes ao de Cristo (ver 1 Timóteo
3.15; Efésios 4.1-32)12.
11 MACK. Ibid.
12 MACK. Ibid.
13 MACK. Ibid.
13
2.5. Podemos conciliar aconselhamento bíblico com a psicologia “cristã”?
Sob uma máscara de terminologia cristã, uma variada gama de psicoterapias está
assolando a Igreja, levando os crentes a afastarem-se e a voltarem-se para si
mesmos. Dentre elas, as mais nocivas são as terapias regressivas, criadas para sondar
o inconsciente do indivíduo à procura de lembranças escondidas que supostamente
causam males que vão desde a depressão, os acessos de ira e até as más condutas
sexuais, e por isso devem ser reveladas e "curadas". Estas ramificações de teorias
freudianas e jungianas, baseadas no ocultismo e que há décadas vêm causando um
impacto destrutivo na sociedade, estão agora fazendo estragos dentro da Igreja14.
O Pastor José Laerton Alves Ferreira em sua tese afirma que “a teoria
falaciosa de que o homem é basicamente bom, embora seus problemas sejam fruto de
ignorância e relacionamentos defeituosos, tem um potencial interno, que quando devidamente
14 FERREIRA 2000 apud Revista Chamada da Meia Noite Ano 29 – No 8 - Agosto de 1998. pág. 27.
14
explorado e educado, o possibilita a ser semelhante a um deus, ou seja, conseguir tudo que
quiser”15.
A depravação total não significa que os descrentes são tão ruins quanto
poderiam (Lc 6.33), nem que eles cometem todo mal que têm potencial. Também não
significa que são incapazes de fazer o bem, serem honestos, decentes ou talentosos. Significa
que nada disso possui qualquer mérito diante de Deus. Ações de caridade, programas sociais,
educar moralmente os filhos não mudará sua vida espiritual.
15 FERREIRA, José Laerton Alves. Trabalho de Mestrado em Ministério Bíblico com o título Treinamento em
Aconselhamento Bíblico Nível 1-A. Fortaleza: Seminário e Instituto Bíblico Marana – SIBIMA, 2000.
pág. 19.
15
A depravação total significa que o mal contaminou cada aspecto de nossa
humanidade – nosso coração, mente, personalidade, emoções, consciência, motivações e
vontade (Jr 17.9; Jo 8.44). Portanto, pecadores não redimidos são incapazes de qualquer
atitude que agrade a Deus (Hb 11.6). Os incrédulos são incapazes de amar a Deus ou obedecê-
lO com motivações corretas.
O padrão de Deus não está no ser humano. Isto fica claro quando se lê a
carta do apóstolo Paulo aos romanos, onde ele reconhece seu estado diante de Deus quando
declara: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24).
Paulo fala isto depois de compartilhar a guerra que existe no seu íntimo, e a sua depravação
inclinando-o a fazer aquilo que é mal (7.17-23).
16
escolheste para me abençoar e engrandecer e fazer a partir de mim uma grande nação (Gn
12.2). Diante dessa importância que tenho para a nação, peço ao Senhor que não destruas a
cidade de Sodoma”. Entretanto, Abraão, reconhecendo quem ele era e diante de quem estava,
colocou-se diante do Deus Todo Poderoso e disse: “Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu
que sou pó e cinza” (Gn 18.27).
17
se o homem confiar em sua própria mente, é certo que ele abandonará a Deus e inventará um
ídolo, segundo sua própria razão17.
É interessante notar pessoas concluindo que por nascer numa família cristã,
não beber, fumar ou roubar faz delas pessoas não depravadas. A auto-valorização faz dos
cristãos contemporâneos uma espécie de fariseus, pois consideram-se espirituais e justos, não
atentando para a herança que receberam no momento em que nasceram (Sl 51.5).
Jesus nos libertará desta condição de depravação total (Rm 7.25). Isso
acontecerá na vinda futura do Senhor Jesus Cristo. Quando este acontecimento se concretizar,
esse corpo mortal será revestido de imortalidade, e a nossa corrupção, de incorrupção (1 Co
15.53).
O ser humano cada vez mais se dedica a uma vida alucinante. Desde a
infância se aprende que o principal objetivo é ser bem-sucedido financeira e
profissionalmente. Tanto é verdade que desde a tenra idade já se assumem inúmeros
compromissos. Além das aulas na escola, a criança é colocada numa escola de inglês,
conservatório de música, escola de natação, entre outros. Quando se torna jovem, acrescenta-
se o emprego onde esta pessoa trabalha pelo menos oito horas diárias, os estudos extras para o
vestibular e depois a vida acadêmica desgastante.
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Pessoas em busca de significado para suas vidas envolvem-se nas mais
diversas atividades para buscar algo que somente Deus pode dar: satisfação. Como sentir-se
satisfeito se depois de um aumento de salário a pessoa ainda não atingiu o cargo na gerência.
E como explicar se tal pessoa já possui este cargo de gerência e continua reclamando da vida.
Jovens e adolescentes muitas vezes procuram satisfação nas amizades e namoro, mas o que
mais encontram é decepção e frustração.
19
3. A PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO BÍBLICO
20
aprimorado a cada dia, rumo a santificação, para buscar a semelhança com Cristo (2 Co 3.18).
A Escritura também conduz o crente para a “educação na justiça”. Educar é “paideian”
(paideian), que significa “educação de crianças”, “criação”, “disciplina”, “instrução”. Quanto
à justiça, a palavra é “dikaiosunh” (dikaiosune) que significa “praticar o que é reto”. Dessa
forma “educação na justiça” quer dizer que a Escritura instrui naquilo que é justo, reto, ou
seja, não conduz ao pecado.
Através da Escritura podemos encontrar tudo o que Deus disse sobre temas
específicos e também respostas às nossas perguntas. A suficiência das Escrituras é de grande
importância para nossa vida cristã, pois nos permite concentrar a busca das palavras de Deus
somente na Bíblia. Isso significa que podemos chegar a conclusões claras sobre muitos
ensinamentos da Palavra. Embora exija um pouco de esforço, é possível localizar todas as
passagens bíblicas relevantes para as questões de casamento e divórcio, ou das
responsabilidades dos pais para com os filhos, ou do relacionamento entre o cristão e o
governo civil (2Tm 3.15-17; 1Pe 1.23).
21
Deus sempre tomou a iniciativa de nos revelar a Sua palavra. Ele é quem
decidiu o que revelar e o que não revelar. Em cada estágio da história da redenção as palavras
que Deus revelara antes eram para o Seu povo daquela época e eles deveriam estudar, crer e
obedecer a Palavra.
Isso significa que é possível citar textos bíblicos de qualquer ponto da Bíblia
para demonstrar que o princípio da revelação de Deus para o seu povo em cada época
específica permaneceu o mesmo (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5-6; Gl 1.8).
• deve nos incentivar a tentar descobrir aquilo que Deus quer que pensemos
e façamos. É necessário compreender de que tudo o que Deus quer dizer sobre esta questão se
encontra nas Escrituras (Dt 29.29; 2Tm 3.17), portanto, Deus fala o que é necessário ao
homem, não o que o homem quer saber;
• afirma que Deus não exige que o crente creia em nada sobre si mesmo ou
sobre Sua obra redentora que não esteja na Bíblia (Pv 30.5-6);
22
A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá
sabedoria aos símplices.
São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais
doces do que o mel e o destilar dos favos.
Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são
ocultas.
Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei
irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.
As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua
presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!
23
Ela provê o fundamento transfiguração, baseia- A Bíblia o torna “sábio”
sobre o qual podemos se na Palavra profética = habilidoso na arte do
edificar nossas vidas. (2 Pe 1.19) viver santo. Hábil nas
questões da vida. Sabe
usar a Bíblia para
defender-se. Foge da
loucura (1 Co 1.20).
Fonte: Adaptado e complilado de FERREIRA 2000; MACARTHUR 2001 e Anotações das aulas do professor
Gavin Aitken sobre Aconselhamento Bíblico no Seminário Bíblico Palavra da Vida: Atibaia, 2005.
18 MACARTHUR Jr., John F., MACK, Wayne A.. Ibid. pág. 169.
25
Devemos pensar no processo de santificação do aconselhado. Olhar para
dentro de si mesmo, traumas, sentimentos feridos, desejos emocionais, jamais darão a
verdadeira resposta ao problema do aconselhado. Todas estas questões trazem a atenção para
o aconselhado para que este tenha suas necessidades satisfeitas. Entretanto, o verdadeiro
propósito do aconselhamento bíblico é levar o aconselhado a glorificar a Deus em qualquer
circunstância, colocando o Senhor como foco de sua vida.
Você já deve ter ouvido algo do tipo: “-Puxa irmão, que provação terrível
você está passando. Por que você não vai ao escritório do pastor para pedir aconselhamento?”
26
At 8.1-4); a igreja inteira “anunciava a mensagem das boas novas”, assim também os crentes
podem (e, de fato, devem) dedicar-se ao aconselhamento”19.
19 ADAMS, Jay E.. O Manual do Conselheiro Cristão 5ª.. ed.. São José dos Campos-SP: Fiel, 2000. p.24.
20 Paulo na carta aos colossenses refere-se a “rigor ascético” (Cl 3.23), ou seja, severidade para com o corpo.
Champlin comenta que “Os mestres gnósticos puniam o corpo mediante a negligência, os jejuns excessivos e
talvez até por desfiguramento, como era comum entre os pagãos”.
27
se ocupa com a orientação e desenvolvimento do intelecto. Paulo se refere a toda a igreja
quando fala em instrução.
28
O adolescente, como qualquer pessoa, por mais que se considere maduro,
não pode achar a resposta dentro de si mesmo. A Bíblia descreve o coração como
“Enganoso...mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto...” (Jr 17.9). Como
então aconselhar um adolescente a seguir seu coração, se a Escritura define-o de forma tão
chocante? Este coração que muitas vezes está amargurado, cheio de dúvidas, inseguro e
carente. E não é por causa da idade. Adolescentes têm o temperamento difícil não por causa
da faixa etária, mas pela herança pecaminosa que receberam ao nascer (Sl 51.5; Pv 22.15;
Rm 3.23).
Não se deve esquecer, como já foi visto, que a Palavra de Deus é inspirada
por Deus e útil para transformar o ser humano conforme a imagem de Cristo (2 Tm 3.16, 17).
Todo adolescente que recorrer de forma correta à Escritura como meio de aconselhamento,
terá êxito neste objetivo. Seu êxito não será baseado em suas experiências de vida, mas na
inspiração das Escrituras, que é poderosa para restaurar vidas.
21por exemplo, as crianças são vistas geralmente como manipuladores e mentirosas, mas não se pode negar que
são características peculiares em todas as faixas etárias, apenas com atitudes distintas.
29
experiência de vida podem aconselhar, pois é a Escritura que dá sabedoria para que instruam
pessoas a serem obedientes à Palavra.
Finalizando este tópico, é necessário falar que a Bíblia orienta para “instruí-
vos e aconselhai-vos mutuamente” (Cl 3.16). Paulo não está orientando especialistas ou
líderes da igreja. Ele está orientando os irmãos da igreja para que ensinem e sejam
conselheiros de outros irmãos da igreja. O que o apóstolo pede é que “Habite ricamente em
vós a Palavra de Cristo”. Todo aquele que cumpre este requisito está apto para aconselhar.
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4. DILEMAS DA ADOLESCÊNCIA
Como foi exposto anteriormente, adolescentes não são crianças, mas ainda
não são adultos22. Ele é cobrado para não agir com infantilidade, mas também é repreendido
quando fala ou faz algo para parecer mais maduro do que realmente é. Nestas circunstâncias,
alguns dilemas são comuns da adolescência. Todos eles têm apenas uma origem, que será
explanada a seguir.
31
encoraja outros crentes (1 Ts 1.6-7), pode beneficiar incrédulos (At 16.25-34) e nos capacita a
ajudar a outros (Hb 4.15, 16)23.
4.1. Aparência
O mundo nas últimas décadas passou a ser chamado por alguns de “aldeia
global”. Isso porque, com a velocidade da informação, o advento da internet, emissoras de
televisão do mundo inteiro para quem tem acesso a Tv à cabo ou via satélite, programas de
computador variados, fazem com que o mundo pareça muito mais acessível do que era a trinta
anos atrás. Com isso, as mudanças tornam-se mais freqüentes, as comparações são mais
intensas e a cobrança mais rígida do que nunca.
23 MACARTHUR Jr., John F.. Nossa Suficiência em Cristo; 2ª. ed. - São José dos Campos-SP: Fiel, 2001 . págs.
211-213.
24 Sem dúvida, esse é um dilema encontrado em praticamente todas as faixas etárias. Entretanto, a ênfase do
25Não condenamos de forma alguma cirurgias para restaurar o corpo devido a deformidades ocorridas por algum
acidente ou imperfeições do corpo que prejudiquem a saúde. A questão em pauta é a busca da cirurgia para
mudar partes do corpo por estar descontente com ele.
32
indiscriminadamente e, da mesma forma que se financia uma casa ou um carro, hoje é
possível financiar uma lipoaspiração.
Outra questão do coração que deve ser relatada é que adolescentes têm
aderido a este pecado, ludibriados pelo discurso de investir na sua “auto-estima”. O que não
sabem, ou não querem admitir, é que já se amam demais (Mc 12.31; Ef 5.29) e por isso
buscam satisfação cada vez maior. Desobedecem a ordem que Deus dá para colocá-lO como
prioridade (Mc 12.30) e fazem uma “auto-adoração”. O texto de Marcos 12.31 é usado muitas
vezes como argumento que eles precisam amar-se mais. Entretanto, este texto deve ser
interpretado da seguinte forma: “Da mesma forma que você naturalmente se ama, ame ao seu
próximo”.
26 Anorexia é a prática intencional e voluntária de privação alimentar auto-imposta. Com freqüência, há períodos
intercalados de ingestão copiosa de alimentos e purgação (vômito), que também é um padrão bulímico.
33
Jesus Cristo deixou muito claro quando disse que “Se alguém vem a mim e ama...sua própria
vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26; NVI).
Este dilema deve ser tratado com os padrões que Deus tem para o ser
humano, não com o padrão da mídia (Pv 11.22; Rm 12.2). Outro ponto a ser tratado é a
expectativa que cada um tem de si próprio. A Escritura orienta que este pensamento seja
moderado, sem buscar ser além daquilo que a pessoa realmente é (Rm 12.3). Este tratamento
não tem como objetivo apenas levar um adolescente a ser mais equilibrado em seus
pensamentos sobre si, mas em instruí-lo para focalizar seus pensamentos em Deus, sabendo
que Ele está olhando para o seu coração (1 Sm 16.7). Mudança de coração produz mudança
na adoração. O que antes era um culto a si próprio torna-se um culto genuíno a Deus,
adorando-O pelo que Ele é (Rm 11.36; 1 Co 10.31).
27 Estes são exemplos de maneiras errôneas que os pais usam para tentar educar seus filhos.
28Não se pode afirmar que a rebeldia de um adolescente necessariamente seja resultado de negligencia dos pais,
visto que todo ser humano nasce pecador e precisa reagir positivamente ao tratamento disciplinar (Sl 51.5).
Entretanto, a Escritura expõe que uma criança criada com disciplina bíblica tem mais probabilidades de levar
uma vida reta diante de Deus (Dt 6.6-9; Pv 22.15).
34
Isso fica evidente quando existe a oportunidade de presenciar atitudes de algumas crianças.
Como exemplo, não é raro ver pais rindo das palavras torpes que seus filhos proferem quando
estão aprendendo a falar, ou então vêem com bons olhos o filho insistindo em mexer naquele
objeto que os pais estão alertando para ele não mexer.
Todo pai deve ter consciência que seu filho nasce pecador (Sl 51.5),
perdido, longe dos caminhos do Senhor (Sl 58.3). Não se pode negar que aquela criança
sorridente, graciosa, que ainda nem sabe falar e é chamada de “anjinho” já possui um coração
cheio de maldade, pois a Bíblia assim o afirma (Pv 22.15a). Desde o nascimento, o ser
humano é “por natureza” filho da “ira” (Ef 2.3). Jay Adams comenta que “visto que as
crianças nascem pecadoras, manifestarão sua natureza pela conduta pecaminosa desde suas
primeiras oportunidades”29.
29 ADAMS, Jay E.. Conselheiro Capaz; 9ª. ed. - São José dos Campos-SP: Fiel, 2003. pág. 177.
35
algumas responsabilidades para estruturar sua vida. Logicamente isso não ocorre de uma hora
para outra, muito pelo contrário, estas responsabilidades são passadas paulatinamente desde a
infância, para que este agora assuma responsabilidades decorrentes daquilo que lhe foi
ensinado durante todo este tempo. Assumir seus erros e arcar com as conseqüências faz parte
deste desenvolvimento. Um exemplo simples é o de dar uma “mesada” ao filho e esclarecer
que ele precisa administrar esta verba durante o mês. Caso ele gaste tudo de uma vez só, terá
de colher as conseqüências de passar o restante do mês sem nenhum recurso. Esta é uma
oportunidade dos pais para trabalharem o domínio-próprio e a cobiça do coração do
adolescente.
Filhos adolescentes devem encontrar nos pais apoio em oração para tomada
de decisões, tirar suas dúvidas quanto a namoro, vestimenta, amizades, sexualidade, etc. Os
pais têm a responsabilidade de ensinar os padrões bíblicos para a vida cristã. Isso será apenas
a continuidade do que estava sendo feito na sua infância (Pv 1.8-9). A instrução dos pais deve
seguir o modelo de Deuteronômio 6.6-9, onde Moisés mostra que o ambiente de ensino é a
vida cotidiana. Cada atitude dos pais demonstrará realmente o quanto eles crêem naquilo que
ensinam ao seu filho, sendo os pais modelos de vida em toda circunstância. O relacionamento
de autoridade e disciplina dos pais para com os filhos será melhor desenvolvido quando
iniciado na infância30.
30 É melhor desenvolvido. Não quer dizer que, se os pais reconhecem seus erros quando seu filho já está na
adolescência, não há solução. O trabalho é mais árduo, mas em todo momento deve-se depender da atuação
restauradora de Deus através da Palavra (Sl 19.7). Algumas dicas encontram-se no Anexo 4.
36
Deus deseja que seus filhos construam relacionamentos que glorifiquem a
Ele. Para que isso aconteça, deve-se evitar qualquer tipo de atitude precipitada nesta área, pois
esta atitude pode trazer conseqüências ao adolescente que serão marcantes para o resto de sua
vida. Jaime Kemp, um conhecido conselheiro de casais afirma que “75% de todos os
problemas (...) em meu aconselhamento de casais têm sua origem na época de namoro e
noivado31”. Portanto, é necessária muita sabedoria para tomar qualquer decisão.
Esta questão não é simples de ser solucionada e o que deve ser detectado é a
motivação de cada um para assumir um namoro. Para isso é importante que se respondam
algumas perguntas: Por quê? E quando? Ou seja, quais as motivações (por que) para começar
um relacionamento e com que idade (quando) o adolescente pretende namorar.
A pergunta “Por quê” pode vir de maneiras mais sutis, para detectar as
motivações do coração. Uma dica quanto à pergunta é32: “Seus (suas) colegas já têm
31 KEMP, Jaime. Antes de dizer sim: um guia para noivos e conselheiros. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. pág.
29.
Ao contrário disso, o que a Bíblia orienta acerca do sexo é que este deve ser
praticado dentro do casamento (Gn 2.24). Portanto, relacionamento sexual que não seja dentro
do casamento é considerado por Deus como prostituição e impureza (1 Ts 4.3-7). Aqui entra
o papel dos pais e conselheiros na orientação dos padrões divinos (Rm 12.2).
33Este é apenas um exemplo. Outros motivos seriam solidão, problemas de relacionamento em casa, fantasias
sexuais, etc. Todas estas motivações precisam ser corrigidas através de instrução bíblica.
34O egoísmo existe devido a atitude de satisfazer um desejo, negligenciando o amor altruísta ensinado na
Escritura (Lc 10.27; Fp 2.4). Negligenciando, também, o amor a Deus acima de todas as coisas, manifesto na
obediência à Sua Palavra.
38
A masturbação é um hábito pecaminoso e, em nenhum momento é
apresentado como uma opção bíblica. Paulo, quando vai falar acerca de quem está “ardendo
de desejo” (1Co 7.9 – NVI), dá duas opções àqueles que estão nesta situação: auto-domínio
ou casamento. Em nenhum momento a Bíblia orienta a masturbação como forma de aliviar os
desejos da pessoa. Esta prática deve ser reconhecida como pecaminosa, pois perverte os
valores de amor e altruísmo que Deus deseja para o relacionamento sexual entre homem e
mulher (1Co 7.3-4).
A Bíblia não traz informações específicas sobre masturbação, mas fala sobre
os pensamentos, e não há como negar que a masturbação envolve um objeto de desejo. Jesus
declara que não é somente a traição conjugal que é considerada adultério. Ele disse:
“Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela”
(Mt 5.28). Dessa forma, é necessário orientar adolescentes quanto à maneira que pensam e
saber como têm lutado com relação a isso. A Escritura exorta a pensar nas coisas de Deus (Cl
3.2, 3) ocupando a mente com pensamentos edificantes (Fp 4.8).
35Por exemplo: Prestação de contas ao conselheiro, decorar versículos bíblicos e ler um livro ou artigo sobre
sexualidade indicado pelo conselheiro. Também deve-se investir na mudança de hábitos para combater a prática
pecaminosa, sendo elas, começar a práticar exercícios físicos, evitar programas de Tv e revistas que estimulem à
queda, entre outras (1Co 6.12).
39
5. DESENVOLVIMENTO DO ACONSELHAMENTO
BÍBLICO
Relacionamento pessoal com Jesus (Ef 2.8, 9; 2Tm 1.8,9), ler regularmente
as Escrituras (Sl 119.11), ter uma vida regular de oração (1Ts 5.17), estar envolvido com a
igreja local (Fp 1.1), possuir uma teologia sadia e biblicamente correta (1Tm 4.16),
estabelecer como alvo de vida à semelhança com Cristo (Rm 8.28, 29) e cultivar uma atitude
de servo (Mc 10.42-45) 36.
36 CÁCERES, Jairo M.. Qualidades Essenciais do Conselheiro Bíblico. Núcleo de Treinamento, Recursos e
Aconselhamento Bíblico – Igreja Batista Pedras Vivas-SP (NUTRA). págs 2-11.
40
Essas atitudes aplicadas de forma correta darão um senso de que cumprir
estes requisitos dados por Deus são possíveis, não porque há algo de especial no conselheiro,
mas devido à misericórdia de Deus, que escolheu seus servos, capacitando-os para o
ministério no corpo de Cristo (Ef 2.10)37.
37Deus também capacitou os crentes para o ministério fora da igreja (Mt 5.13-16), entretanto, aqui é enfatizado o
aconselhamento do Corpo de Cristo.
40Reconhecemos que existe um ministério frutífero com capelania hospitalar, asilos ou até pastores que dedicam
parte do seu tempo para aconselhar pessoas de outras igrejas ou incrédulos. Isso mostra a relevância do
aconselhamento bíblico para a evangelização e a importância de amar essas pessoas. Não entramos nesta questão
devido à ênfase do trabalho, que se concentra no aconselhamento na igreja. Os “profissionais” referidos são os
que tratam o que deveria ser ministério como um trabalho secular, usando-o como se fosse apenas uma fonte de
renda e o aconselhado é tratado como mais um cliente.
41
problema do aconselhado. O papel do conselheiro é aconselhar, podendo fazer parte da vida
do irmão, acompanhando seu desenvolvimento e estimulando o cumprimento de tarefas
práticas para o desenvolvimento do aconselhado.
Sempre que possível, procure aconselhar junto com outra pessoa. É um dos
modelos mais eficazes43 para a prática do aconselhamento bíblico. Poderá auxiliar para o
melhor desempenho do aconselhamento pois uma dupla é útil para:
• auxiliar, sendo que uma das pessoas pode ficar com o papel de aconselhar,
enquanto a outra anota as situações relatadas, bem como procura os textos bíblicos
relacionados. Isso torna o aconselhamento mais dinâmico e trabalha mais detalhadamente o
41 CÁCERES, Jairo M.. Apostila de Ética Pessoal 2. Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2003.
Material complementar.
42 As dicas foram adaptadas de ADAMS, Jay. Conselheiro Capaz, 9ª. ed.. São José dos Campos-SP: Fiel, 2003.
págs. 194-196.
43Com esta explicação, não se quer dizer que o modelo conselheiro/aconselhado é errado. Pelo contrário,
entende-se que tal modelo também é eficaz. Entretanto, entendo que o aconselhamento “em grupo” pode ser
mais prudente em nosso contexto.
42
caso do aconselhado (Ec 4.9-12). Os papéis de conselheiro e “observador” podem e devem ser
alternados;
A grande questão é que o ser humano serve a Deus ou serve aos ídolos do
coração. Não há como fugir disso, pois não existe meio termo (Lc 11.23). Edward T. Welch
comenta que:
Por meio dos nossos ídolos, tentamos satisfazer os desejos do coração. A bebida é
uma maneira de obtermos o que queremos. O mesmo acontece com o dinheiro. Até
mesmo as pessoas podem ser objetos de nossa adoração porque elas podem nos dar
o poder, o amor ou o respeito que tanto queremos. Todos os ídolos são objetos de
afeições egocêntricas do coração (Ez. 14:3). Seja qual for o objeto da nossa
confiança e de nosso amor, trata-se de um ídolo que substitui o verdadeiro Deus44.
44 Coletâneas de Aconselhamento Bíblico Volume 3; 1ª ed. - Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida,
2004. pág. 116.
43
esperança e o propósito de vida das pessoas. Fica evidente que a pessoa considera como parte
essencial de sua vida, e, caso ela falte, tudo perde o sentido.
Dessa forma, o adolescente que possui o Espírito Santo em sua vida deve
ser levado a aprender qual é a posição dele depois de ter crido no Salvador Jesus. Este
aprendizado só é possível através da Palavra de Deus que expõe a verdadeira posição dos
filhos de Deus. O adolescente poderá ver que a vida cristã é cheia de desafios (Rm 6.11; 1Co
9.25-27). Quando o adolescente é levado a fazer uma avaliação sobre si mesmo, tomando
como espelho a Palavra de Deus, surge a esperança e o reconhecimento do potencial existente
45 Necessidades sentidas, criadas no coração das pessoas por elas próprias, visando satisfazer seus prazeres. Essa
44
para mudanças. A Escritura irá revelar que esta pessoa morreu para a velha vida de escravidão
do pecado, vivendo agora para o Deus todo poderoso (Rm 6.4-10).
Após reconhecer que posição ocupa depois de crer em Cristo, entender que
existem ídolos no coração e estes precisam ser retirados, o conselheiro tem o papel de levar o
adolescente a colocar o foco em Jesus (2Pe 1.3). Mudanças são necessárias, e dentro do
aconselhamento bíblico ela deve começar com a Escritura, onde o Senhor Jesus se revela e
onde se encontra poder para mudar (Ef 1.17; 3.18-19). Quanto mais o adolescente cresce no
conhecimento de Deus, mais profunda é a mudança em seu coração (Sl 139.23).
45
por um senso de temor e reverência para com Deus. Ele deve ser confrontado demonstrando
como é insensato aquele que adora outro deus (Sl 73.22).
46 Pode-se conhecer a Deus através da natureza (Rm 1.19-20), da consciência humana (Rm 2.14-15) e da
providência divina (Mt 5.45), entretanto, a Escritura é a melhor forma de revelar a Deus pois são as palavras que
o próprio Deus transmitiu (2Pe 1.20-21).
47Reconhecemos que mesmo o cristão tendo uma vida de temor ao Senhor, pecará. Isso não o eximirá das
conseqüências, visto que Deus é justo e pune o pecado (Hb 12.6,9; 1Jo 1.8-10).
46
Salomão já convivia com este problema e adverte os filhos dizendo “Filho
meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque serão diadema de
graça para sua cabeça e colares, para o teu pescoço” (Pv 1.8-9). A Bíblia trata os pais como
fonte de sabedoria e instrução e, como já foi falado, esta confiança em buscar a instrução dos
pais deve ser cultivada desde a infância. O conselheiro deve estar atento em trabalhar com os
pais a necessidade deles serem fonte de conselhos a seus filhos.
Os pais são importantes neste processo porque, por fazerem parte da vida
dos filhos, já conhecem a personalidade destes, estão interados das suas virtudes e fraquezas,
sabem qual a situação espiritual do filho, ajudando-os neste desenvolvimento, e, acima de
tudo, amam os filhos e querem vê-los cada vez mais parecidos com Cristo. Estas
características contribuem para a aceitação das instruções que os pais colocam a seus filhos.
O terceiro passo a ser tomado rumo a comunhão com Deus é afastar-se dos
ímpios. A palavra ímpio no Antigo Testamento é evr (rasha’) significa “perverso”,
“crimonoso”. A expressão é usada como estar fora do padrão de Deus, ou seja, todo aquele
48 Em situações onde a instrução for dada por causa de uma questão grave, é interessante buscar a privacidade
47
que não teme ao Senhor é ímpio (Sl 1.1, 6). No Novo Testamento a palavra é asebhv
(asebes), comunicando que são pessoas sem reverência para com Deus, sendo condenadas por
Ele (2 Pe 2.5; 3.7; Jd 1.4, 15).
Afastar-se dos ímpios consiste em encontrar no lar pais tementes a Deus que
lhe tragam respostas bíblicas a seus dilemas (Pv 1.8). É encontrar compreensão e
companheirismo dos pais. O adolescente deve sentir-se amado em seu lar e, sempre que
precisar de pessoas confiáveis, ter a certeza que no lar encontrará isso. Trata-se de um grande
desafio, pois a família muitas vezes precisará decidir abrir mão de hora extra no emprego para
investir na família, viajar de férias, fazer projetos missionários, programar encontros
periódicos de bate-papo, entre outros.
Não se pode esquecer que este último ponto depende dos dois anteriores que
são o temor do Senhor e a aceitação da instrução dos pais. A comunhão com Deus não está
apenas naquilo que se faz, mas naquilo que Deus vê de fato, isto é, o coração do homem.
Portanto, o adolescente que volta à comunhão com Deus obedece a estes três requisitos que
trabalham no interior (coração), surtindo resultados exteriores (ações).
48
Santo na vida do adolescente (Tt 3.2-7). Os objetivos principais49 da mudança são a
transformação do adolescente, tornando-se cada vez mais parecido com Cristo (2Co 3.18) e a
glória de Deus (Rm 11.36).
49São objetivos principais, pois os outros como testemunho de vida, evangelismo, obediência aos pais, entre
outros, acontecerão como conseqüência destes dois.
49
6. CONCLUSÃO
Os três passos apresentados para voltar à comunhão com Deus são o temor
do Senhor, para assim reconhecer a posição do adolescente diante do Deus Todo-Poderoso,
aceitar a orientação dos pais como autoridade na vida deles, cumprindo o mandamento de
Deus (Ef 6.1-3) e afastando-se dos ímpios, não de forma a se isolar, mas tornando-se
influente, evangelizando e não se deixando levar pelas influências dos ímpios. Deve-se
entender que os três passos devem ser cumpridos com diligência. Este processo não é uma
formula mágica, por isso deve ser cumprido na dependência do Espírito Santo, pois Ele é
capaz de transformar corações (2Co 3.18).
Este trabalho sobre aconselhamento bíblico não tem como pretensão ser
exaustivo, mas trazer algumas respostas necessárias para o processo de aconselhamento. Foi
preciso omitir algumas questões como aconselhamento bíblico para adolescentes incrédulos,
para que o trabalho não se tornasse demasiadamente extenso.
52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ADAMS, Jay E.. Conselheiro Capaz; 9ª. ed. - São José dos Campos-SP: Fiel, 2003.
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2000.
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Vida, 2003.
CÁCERES, Jairo M.. Apostila de Ética Pessoal 2. Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da
Vida, 2003.
COY, Larry. Curso Conflitos da vida. São Paulo: Imprensa da fé, 1989.
CRABB Jr., Lawrence J.. Princípios Básicos de Aconselhamento Bíblico. Refúgio, 1984.
Brasília, DF.
53
FERREIRA, José Laerton Alves. Trabalho de Mestrado em Ministério Bíblico com o título
Treinamento em Aconselhamento Bíblico Nível 1-A. Fortaleza: Seminário e Instituto
Bíblico Marana – SIBIMA, 2000.
GRUDEM, Wayne A.. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L.; WALTKE, Bruce K.. Dicionário
Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005.
KEMP, Jaime. Antes de dizer sim: um guia para noivos e conselheiros. São Paulo: Mundo
Cristão, 2004.
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Fiel, 2001 .
MACARTHUR Jr., John F., MACK, Wayne A.. Introdução ao Aconselhamento Bíblico Um
guia básico dos princípios e práticas do aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004.
STOTT, John R. W.. A mensagem de 2 Timóteo; 5a. ed.- São Paulo: ABU Editora, 2001.
TRIPP, Ted. Pastoreando o Coração da Criança; 4a ed. - São José dos Campos, SP: Fiel,
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Sites consutados
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http://www.cobra.pages.com.br/ecp-freud.html
http://www.igrejaemanuel.org.br
http://www.monergismo.com
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Rogers
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0176/aberto/pensadores.shtml
Outras Fontes
54
ANEXO 1 - PERGUNTAS RAIO X51
Perguntas:
O que você ama? O que você odeia? Mateus 22.37-39; Lucas 16.13-14; 2
Timóteo 3.2-4.
O que você quer, deseja, anseia, cobiça? A que desejos você obedece?
Gálatas 5.16-25; Efésios 2.3; 4.22; 1 Pedro 1.14; 1 Pedro 2.11; 1 Pedro 4.2; 2 Pedro 1.4; 2
Pedro 2.10.
O que você procura, quer alcançar, busca? Quais são seus alvos e
expectativas? Mateus 6.32-33; 2 Timóteo 2.22.
Sobre o que você alicerça sua esperança? 1 Timóteo 6.17; 1 Pedro 1.13.
O que você teme? O que você não quer? O que o deixa preocupado? Mateus
6.25-32; 13.22.
No que você sente prazer? Gl 5.16-25; Efésios 2.3; 4.22; 1 Pedro 1.14; 2.11;
4.2; 2 Pedro 1.4; 2.10.
O que mexe com você? O seu planeta se move ao redor de que sol? Onde
está o seu jardim encantado? O que lumina seu mundo? De qual fonte de satisfação você
55
bebe? O que alimenta sua vida? o que de fato importa para você? Que castelos você constrói
nas nuvens? Você organiza sua vida ao redor de quê? O que orienta seu mundo? Isaías 1.29-
30; 50.10-11; Jeremias 2.13; 17.13; Mateus 4.4; 5.6; João 4.32-34; 6.25-69.
Onde você encontra refúgio, segurança, conforto, escape, alegria? Salmo 23;
Salmo 27; Salmo 31.
A quem você precisa agradar? Quais as opiniões que contam a seu respeito?
Você deseja a aprovação e teme a rejeição de quem? Qual o sistema de valores pelo qual você
se mede? Aos olhos de quem você está vivendo? Provérbios 1.7; 9.10; 29.25; João 12.43; 1
Coríntios 4.3-5; 2 Coríntios 10.18.
Quais os modelos que você segue? Que tipo de pessoa você deseja ou quer
ser? Romanos 8.29; Efésios 4.24; Colossenses 3.10.
Em seu leito de morte, o que a sua vida resumiria como de valor? O que dá
sentido à sua vida? Eclesiastes 12.1-14
O que faz com que você se sinta rico, seguro, próspero? O que o faria feliz?
Provérbios 3.13-18; 8.10; 8.17-21; Mateus 6.19-21; 13.45-46.
O que daria a você maior prazer, deleite? O que daria a maior dor e tristeza?
Salmo 1; Salmo 35; Jeremias 17.7-8; Mateus 5.3-11; Lucas 6.27-42
56
Você ficaria feliz com a vitória e o sucesso de quem? Como você define
vitória ou sucesso? Salmos 96-99; Romanos 8.37-39; Apocalipse 2.7.
O que você vê como seus direitos? O que você sente que tem direito de
fazer? Romanos 5.6-10; 1 Coríntios 9.
O que você quer alcançar na vida? Que recompensa quer extrair daquilo que
faz? O que consegue com isso? Provérbios 3.13-18; Mateus 6.1-5, 16-18.
Pelo que você ora? Mateus 6.5-15; Lucas 18.9-14; Tiago 4.3.
Sobre o que você costuma falar? O que é importante para você? Provérbios
10.19; Lucas 6.45.
Como você usa seu tempo? Quais são as suas prioridades? Provérbios 1.16;
Provérbios 10.4; Provérbios 23.19-21; Provérbios 24.33.
57
Quais são os seus ídolos ou falsos deuses? Em que você deposita sua
confiança ou coloca a sua esperança? Para o que você se volta ou o que busca? Onde se
refugia? Quem é o salvador, juiz, controlador do seu mundo? A quem você serve? Que
“voz”está no controle de sua vida? Identifique ao longo de toda a Bíblia o propósito de livrar
o homem de ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Jeremias 17.5; Ezequiel 14.1-8;
Efésios 5.5; Colossenses 3.5; Tiago 4.11-12; 1 João 5.21.
De que maneira você vive escravizado pelo mal? João 8.44; Efésios 2.2-3; 2
Timóteo 2.26; Tiago 3.14-16.
Como você implicitamente diz “Se apenas...” (alcançar o que você quer,
evitar o que não quer, segurar o que já possui)? 1 Reis 21.1-7; Filipenses 3.4-11; Hebreus
11.25.
O que instintivamente lhe parece certo? Quais são as suas opiniões, quais as
coisas que você sente que são verdadeiras? Juízes 21.25; Provérbios 3.5; Provérbios 3.7;
Provérbios 12.15; Provérbios 14.12; Provérbios 18.2; Isaías 53.6; Romanos 16.18; Filipenses
3.19.
Quais são as palavras mais usadas na Bíblia para falar a respeito do que há
de errado com as pessoas?
58
2.2, 4.22; 1Jo 2.16). Os conselheiros sábios seguem o modelo das Escrituras e se movimentam
entre as paixões da carne e as obras tangíveis da carne, entre fé e frutos tangíveis do Espírito.
Por causa das paixões enganosas (Ef 4.22). Nossos desejos nos enganam
porque eles se apresentam como plausíveis. Desejos naturais tornam-se deformados e
monstruosos, e nos cegam. Ansiar por conforto financeiro, sucesso no trabalho, comida
gostosa podem ser coisas boas quando vistas como bênçãos recebidas de Deus, entretanto,
podem ser anseios terríveis quando estes o dominam.
59
Cada pessoa tem um “pecado básico”?
Medo e desejo são dois lados de uma mesma moeda. Um medo pecaminoso
é um desejo ardente de que algo não aconteça. Por exemplo, se eu quero dinheiro, eu tenho
medo da pobreza com suas provações e humilhações, e vice-versa. Em algumas pessoas, o
medo pode ser mais pronunciado que o desejo correspondente, e o aconselhamento sábio
trabalha com aquilo que está em evidência.
61
Logicamente devemos atacar a questão (Gl 5; Tg 1; 2 Tm 3.16). Experiência
em lidar com pessoas confere sabedoria para estabelecer associações comuns.
Sim, pois os desejos do coração não são imutáveis. Seus anseios ardentes
não são fixos. Deus diz que você deve ser governado por outros desejos, diferentes dos atuais.
Isso é radical. Deus promete mudar o que você de fato quer! Deus insiste em ocupar o
primeiro lugar, e tudo mais deve ser subordinado ao amor a Ele.
62
ANEXO 2 - PRESSUPOSTOS DO ACONSELHAMENTO
TEOCÊNTRICO52
52 FERREIRA, José Laerton Alves. Trabalho de Mestrado em Ministério Bíblico com o título Treinamento em
Aconselhamento Bíblico Nível 1-A. Fortaleza: Seminário e Instituto Bíblico Marana – SIBIMA, 2000,
pág. 16.
63
seculares no extremo oposto, adotam a danosa filosofia do “reducionismo” (redução das
realidades espirituais a explicações de natureza meramente natural).
64
RESPONSABILIDADE - Deus responsabiliza pessoalmente o homem pelos
seus problemas não permitindo transferir a culpa para ninguém, advertindo que o pecado em
seu caráter enganador e corruptor, colocou a perder toda a personalidade e existência da
humanidade;
65