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Apostila de
Redação
Dicas para escrever melhor
INÍCIO DE CONVERSA
Vamos começar de um modo diferente. Vamos iniciar nosso trabalho lendo algumas da
famosas Pérolas dos Vestibulares, que são facilmente encontradas em várias páginas da
Internet. Vamos torcer para que durante o ano vocês não consigam escrever nada parecido. A
situação é triste, mesmo assim, divirta-se!
Tema: A mudança é indubitável, mas progresso é uma questão controversa. Por isso todas
falam de evolução, mudança, progresso...
"A mudança sempre ocorreu e sempre vai ocorrer. Ela ocorre para os seres vivos, mortos, para
o concreto, para o abstrato (idéias)."
"Desde o seu surgimento o homem galopou pela escala orgânica, tendo seu cérebro como
montaria, pois anda a frente das demais espécies, dominando-as a seu favor."
"Dificilmente vamos encontrar mudanças ou progressos que são positivamente bons para
ambas as partes."
"Pode-se notar que o homem só conseguiu ir para diferentes lugares do mundo a partir dos
primatas, que desenvolveram a roda, tendo como conseqüência a possibilidade de conhecer
culturas variadas."
"Antigamente ao bater uma carroça na outra dificilmente alguém morria, hoje após a evolução,
milhares morrem em acidentes de carro."
"O homem progrediu as custas de outros, como Frankstein, que deu vida a uma criatura,
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adquiriu a evolução mas não teve bom êxito com o monstro criado. Já que este monstro não
tinha noção da sua força e deformação."
"Pode até ser por acidente. Tropeçamos no progresso, caimos na mudança e levantamos na
evolução."
"E o Homo Sapiens continua seu progresso: desmatando, poluindo e usando desinfetantes, só
para dar cheirinho no seu banheiro."
"Todos os seres evoluem, cada um com a sua evolução, pois somos todos individualistas."
"O homem tem a capacidade infinita de evoluir, mas não sabe utilizá-la de forma segura e
promíscua."
"A falta de consideração para com a natureza ocorre devido a falta de maturidade da cabeça e
dos pensamentos humanos."
"Sonhamos com um mundo melhor, visto que o dinossauro cedeu lugar ao cachorro, gato..."
"Fazendo uma comparação das proezas do coelho que se reproduz em grande quantidade, os
humanos já venceram com maior número populacional."
"Segundo a terceira lei de Newton, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
"A cultura mudou, os costumes mudaram, até os dentes dos nossos bisavós eram diferentes,
temos dentes a menos."
"Após cinco anos de sua introdução à sociedade, havia concluído dois cursos superiores e
penetrado na vida política."
"FMI, gente que nunca veio aqui e nem sabe o que é sofrer..."
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"O filósofo Nich do início o século já observava que a evolução geréri a teria que ser de
forma moderada..."
"Os maias, por exemplo, puco se sabe sobre essa civilização, muitos a reditam que eles
chegaram a tal ponto evolu tivo que transcenderam. Ou mesmo as civiliz ações dos cristais que
ocuparam o planeta há mui to tempo
atrás e que obtinham todos os seus poderes dos cristais."
"Anafaquistão, um país qu derrubou as torres e que tem como deus um tal de Bilack..."
universo das idéias dos o tros. Como há uma grande carência de gê ios no mundo atual, é
sempre bom que nos apoi mos naquilo que os mais experientes nos eixaram como herança
cultural, sem, contudo, fa zer de nossos textos meras imitações do q ue já lemos em outras
páginas. Nosso cronogram de trabalho é repleto de texto dos mais va iados autores, dos mais
variados estilos, tudo iss para que você possa entrar em contato com alguns dos mais
perceberá que é normal pe der o fio do raciocínio durante a elaboração e um texto. Poucos são
os que conseguem ir da in rodução à conclusão sem que a linha do pe samento sofra qualquer
interferência interna ou externa.
Ver a escrita como um terrível desafio é a forma mais simplis ta de propagar a antiga
idéia de que escrever é u m dom recebido apenas pelos “iluminados . Restando, então, aos
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outros pobres mortais apenas a tarefa de ler o que os “gênios” escreveram. Ora, se escrever
fosse unicamente um dom, de nada adiantaria estudar, para nada serviriam os anos e mais anos
que passamos diante de livros, na ingente busca de um aprimoramento intelectual.
Mais do que uma questão de dádiva divina, escrever é uma constante tarefa de prática e
de aperfeiçoamento. De nada adianta ficar lendo manuais de “como escrever bem”, se a pessoa
não estabelece para si um programa de treinamento que busque melhorar a expressão escrita.
Além disso, não se pode esquecer também de que a leitura tem uma importância vital para
quem almeja dominar as palavras no papel. Sem ler, ninguém consegue ter idéias e argumentos
para desenvolver. A leitura (em todos os níveis) é uma espécie de mãe da escrita, uma vez que
é a partir dela que o homem armazena conhecimento para fundamentar as próprias teses ou
mesmo para compreender as motivações alheias.
Escrever é um desafio? Claro que sim. Mas a velha expressão “eu não sei escrever
deveria ser substituída por outra bem mais coerente: “eu não estou acostumado a escrever”.
Afinal, não se pode gostar daquilo que não se conhece direito. Para sair vitoriosa desse desafio,
cada pessoa deve tomar consciência de que a prática constante e sistematizada é o caminho
1
mais curto para perder o medo de enfrentar uma folha em branco.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Temos a seguir, algumas das perguntas mais freqüentes por parte daqueles que desejam
ingressar em um curso superior e que temem os desafios impostos pela famigerada redação.
Claro que nem todas as dúvidas estão elencadas no questionário abaixo, então você terá o
direito (e até mesmo o dever) de também expor seus questionamentos.
1
NERES, José. Estratégia para matar um leitor em formação . São Luís: Carajás, 2005. pág. 71-73
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verdade, nada é fácil. Tudo (tudo mesmo) depende do esforço de cada indivíduo na tentativa de
tira o melhor de si em cada situação.
pretende dissertar, pois, para que se desenvolva coerentemente um raciocínio, é preciso que se
esteja seguro daquilo que está sendo defendido. Ler jornais e revistas, assistir aos noticiários e
analisar criticamente a realidade devem ser tarefas do cotidiano, uma vez que servirão de
alicerce para outras informações que surgirão com o tempo.
RESPOSTA: Já demos uma pequena dica sobre isso no tópico anterior, mas nunca é
demais complementar uma idéias com mais alguns detalhes. Algumas pessoas acreditam que o
sucesso de uma redação está no uso de palavras difíceis e de termos pomposos. Mera ilusão!
Quem vai ler um texto escrito para concurso não está interessado em saber se o vocabulário é
rico, mas sim se as palavras foram empregadas adequadamente e se conseguem traduzir com
lógica o pensamento do candidato sobre o assunto. Portanto, é sempre bom fugir da tentação de
mostrar erudição. O melhor mesmo é usar palavras simples, sem cair, porém no simplismo e na
vulgaridade.
candidato que acredita que já sabe tudo e que o tema proposto “é moleza”. Ele começa a
escrever compulsivamente, confiante no fato de que, pelo menos à primeira vista, domina o
assunto. Quando chega ao meio do texto, percebe que as idéias estão escasseando e o texto
“não anda” mais. A solução é recorrer a argumentações desligadas do contexto. Para que não se
fuja ao tema, é de primordial importância a elaboração de um plano de trabalho, ou seja, de um
esquema em que o redator fique sabendo desde o princípio quais serão as idéias que aparecerão
em todas as partes do texto.
bonita. No entanto, uma letra muito bonita e cheia de curvas pode dificultar a leitura do texto.
Portanto, o importante é não inovar no tipo de letra a ser usada na redação.
Normalmente, o modelo ENEM pede um mínimo de 07 (sete!!!!) linhas. Mas não se deve
limitar ao mínimo, pois o ato de contar quantas linhas faltam para que cheguemos ao mínimo
especificado costuma levar o candidato a uma tensão desnecessária. O candidato não deve,
porém, ficar muito entusiasmado com a aparente facilidade do tema e escrever mais do que o
espaço reservado na folha oficial de redação. O ideal é uma redação que se aproxime das 25
linhas ou um pouquinho mais
as palavras até o limite das linhas. O que não se deve fazer em vestibular é o texto em verso,
isto é, aquele em forma de poema.
usar palavras que expressem pobreza vocabular, como COISA, NEGÓCIO, ETC, E OUTRAS
COISAS MAIS... Evite também a primeira pessoa do singular (EU) e idéias muito subjetivas,
como, por exemplo, PARA MIM, NO MEU PONTO DE VISTA, EU ACHO, ACHAMOS... e
outras que tenham valor semelhante. A menos que o tema peça, não use também gírias e
palavras de baixo calão. Lembre-se. O vocabulário usado deve ser simples, porém elegante
exagerado de parágrafos pode ser prejudicial ao texto, por alongá-lo além do número de linhas
reservado para a confecção do texto.
O texto abaixo passa, à primeira vista, a impressão de que foi elaborado apenas para
servir de exemplo para uma apostila de redação. Mas, infelizmente, a história é bem diferente.
Ele foi escrito por um aluno pré-universitário que recebeu como tema a seguinte frase:
“Futebol: Ópio para enganar a fome de justiça social”. O texto foi transcrito tal e qual estava no
srcinal.
COPA DO MUNDO
SIMPLICIDADE
Use palavras conhecidas e adequadas. Escreva com simplicidade. Para que se tenha bom
domínio, prefira frases curtas. Amarre as frases, organizando as idéias. Cuidado para não
mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira leve pela linha de argumentação.
CLAREZA
O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que
você quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a
sua opinião, falando de suas idéias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.
OBJETIVIDADE
Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras
possíveis. Por isso não repita idéias, não use palavras demais ou outras coisas que só para
aumentem as linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o texto. A pesquisa
prévia ajuda a selecionar melhor o que se deve usar.
UNIDADE
2
Esta redação não é inventada, ela foi escrita realmente por um aluno que sonhava com uma vaga na
Universidade.
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COERÊNCIA
A coerência entre t das as partes de seu texto, é fator primordial para se escrever bem. É
necessário que elas forme um todo. Para isso, é necessário estabele cer uma ordem para as
idéias se completem e f ormem o corpo da narrativa. Explique, ostre as causas e as
conseqüências.
EXEMPLOS
Obedecer uma orde m cronológica é um maneira de se acertar se mpre, apesar de não ser
criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para subjetivo, do concreto
para o abstrato. Use figur s de linguagem para que o texto fique int ressante. As metáforas
também enriquecem a reda ão.
ÊNFASE
Procure chamar a tenção para o assunto com palavras fortes , cheias de significado,
principalmente no início d narrativa. Use o mesmo recurso para desta ar trechos importantes.
Uma boa conclusão é ess ncial para mostrar a importância do assunt o escolhido. Remeter o
leitor à i éia inicial é uma boa maneira de fechar o te to.
os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não repetiu palavras e idéias. À medida
que você relê o texto, essas falhas aparecem, inclusive, erros de ortografia e acentuação. Não se
apegue ao escrito. Refaça se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes
forem necessárias. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre uma cópia do
texto srcinal. Assim você se sentirá à vontade para corrigir quanto quiser, pois sabe que
Defenda suas idéias de forma coerente, sem usar as expressões para mim, eu acho, no meu
ponto de vista...
Evite escrever movido por emoções fortes. Temas polêmicos sobre política e religião
costumam levar o redator a envolver-se de forma emocional. Cuidado.
Antes de começar a escrever, leia com atenção o tema proposto e certifique-se de que seus
conhecimentos sobre o assunto serão suficientes para o desenvolvimento do texto.
Faça uma introdução que dê uma idéia geral do tema, mas sem esgotá-lo completamente. A
introdução deve servir como “aperitivo” para o restante do texto.
Desenvolva sua redação de modo lógico e claro, evitando o uso de palavras desconhecidas
e de termos exóticos.
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Conclua seu texto de forma clara, sem apelar para o sentimentalismo excessivo.
Faça uma revisão gramatical antes de entregar o texto ao fiscal.
Apresente personagens, tempo, espaço e ação de modo a despertar no leitor o gosto por sua
história.
Se possível, use diálogos. Eles tornam mais leve a narrativa.
Crie personagens interessantes, que fujam ao padrão de expectativa do leitor.
Mesmo sem pedir uma linguagem padrão, o texto narrativo não despreza a forma
gramatical, portanto, cuidado com ortografia, pontuação, acentuação...
As personagens podem ter uma linguagem próxima à oral, mas somente se for algo
fundamental para o desenrolar do enredo. Nada de tentar inovar
A ESTÉTICA DO TEXTO
As questões estéticas sempre são polêmicas. Para alguns professores, o que importa de
verdade é o conteúdo do texto; outros, porém, são partidários de que o candidato também não
pode descuidar da parte gráfica da redação. De um modo ou de outro, é sempre bom ter em
mente que um presente apenas razoável pode ser valorizado por uma embalagem bem
chamativa e que, da mesma forma, um produto valioso pode ser menosprezado por não
apresentar um invólucro agradável à vista. Não se trata, claro, de afirmar que o continente seja
mais importante que o conteúdo, mas de deixar bem claro que um pode ajudar o outro.
Mesmo que não queiramos admitir, nosso primeiro contato é com os aspectos exteriores
de algo. A beleza sempre atrai e a essência de alguma coisa ou de alguém é mais facilmente
buscado quando o contato inicial foi satisfatório. Desse modo, é muito mais agradável ler um
texto bem escrito e que tenha sido escrita com uma letra bonita, com margens regulares, sem
borrões e/ou rasuras que enfrentar alguns garranchos escritos de qualquer maneira. Uma forma
ou outra não alterarão o que está escrito. Pode até ser que o texto que não seja tão agradável à
vista traga mais informação que o outro bem arrumadinho, mas, como nos diz o velho e sábio
adágio popular, “a primeira impressão é a que fica”.
Temos, a seguir, algumas dicas e observações para que seu texto tenha uma aparência
mais agradável e para que as pessoas fiquem cativadas pelos aspectos exteriores de seus
escritos. Não se pode esquecer, no entanto, de que de nada servirá um extremo capricho nos
aspectos gráficos, se o conteúdo não estiver suficientemente elaborado para “prender” o leitor.
O mais importante é o equilíbrio entre o visual e as idéias defendidas.
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O FANTASMA DA REDAÇÃO*
José Neres
A falta de leitura também contribui para que o ato de escrever seja visto como quase
tortura para muitos e privilégio para bem poucos. Há no mercado uma ampla bibliografia
comprovando que o mal maior do vestibulando não é o uso inadequado das normas
*
Texto publicado inicialmente no jornal O Imparcial, no dia 11 de junho de 2001. Parte do livro Estratéias para
matar um leitor em !orma"#o, $#o %u&s, 'araj(s, 200).
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Enquanto o estudant estiver mais preocupado com a quantidad de linhas que com as
idéias defendidas, estiver preterindo o texto original em prol de resumo e estiver com medo de
redigir, a redação continua á sendo um eterno fantasma a atormentar su vida.
1.4. Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros a margem e mantê-los
alinhados.
1.5. Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não d eixar de atingi-las.
1.6. Evitar rasuras e b orrões. Caso o aluno erre, ele deverá anul r o erro com um traço
apenas. .
1.10. Escrever apenas om caneta preta ou azul. O rascunho ou o e sboço das idéias podem
ser feitos a lápis e rasura os. O texto não será corrigido em caso d utilização de lápis ou
caneta vermelha, verde etc. na redação definitiva.
OBSERVAÇÕES:
Números
A) I dade - deve-se es rever por extenso até o nº 10. Do nº 11 e diante devem-se usar
algarismos;
B) D atas, horas e distâ cias sempre em algarismos: 10h30min, 12h , 10m, 16m30cm, 10km
(m, h, km, I, g, kg).
Palavras Estrangeiras
As que estiverem inco rporadas aos hábitos lingüísticos devem vi sem aspas: marketing,
merchandising, software, dark, punk, status, offlce-boy, hippie, show etc.
(FONTE:www.portrasdasl tras.com.br)
Diante dos exames ve stibulares, oferecemos alguns procedimentos para que o estudante
faça um bom texto na prov de redação.
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1. Pense no que você quer dizer e diga da forma mais simples. Procure ser direto na
construção das sentenças.
2. Corte palavras sempre que possível. Use a voz ativa, evite a passiva.
6. Tente fazer com que os diálogos escritos (em caso de narração) pareçam uma conversa.
Uso do gerúndio empobrece o texto. Exemplo: Entendendo dessa maneira, o problema vai-
se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais claro...
7. Adjetivos que não informam são dispensáveis. Por exemplo: luxuosa mansão. Toda
mansão é luxuosa.
8. Evite o uso excessivo do "que". Essa armadilha produz períodos longos. Prefira frases
curtas. Exemplo: O fato de que o homem que seja inteligente tenha que entender os erros dos
outros e perdoá-los não parece que seja certo.
9. Evite clichês (lugares comuns) e frases feitas. Exemplos: “subir os degraus da glória”,
"fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “silêncio mortal", "calorosos
aplausos", "mais alta estima".
10. Verbo "fazer", no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: "Fazem
alguns anos que não leio um livro". O certo é “Faz alguns livros que não leio um livro”.
11. Cuidado com redundâncias. É errado escrever, por exemplo: "Há cinco anos atrás".
Corte o "há" ou dispense o "atrás". O certo é “Há cinco anos...”
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13. Leia os bons autore s e faça como eles: trate a vírgula com bons odos.
14. Nas citações, use a pas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse
ou escreveu aquilo. Exem lo: “O que é escrito sem esforço é geral ente lido sem prazer.”,
disse Samuel Johnson.
15. Leia muito, leia se pre, leia o que lhe pareça agradável.
Escreva diários, cartas, e-mails, crônicas, poesias, redações, qualqu r texto. Só escrevendo,
se aprende a escrever
Vamos começar no ssos trabalhos com algumas informações s bre o que podemos ou
não fazer em nossas dissertações:
ÀS
ASOS SIM ÃO
VEZES
Usar letra de forma
Incluir-se nos textos
Fugir ao tema proposto
Usar gírias
Exemplificar os argument s
Escrever movido por emo ões fortes
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1 – A LETRA – Sua letra não precisa se bonita, mas deve, obrigatoriamente, ser
legível. De nada adianta um traçado cheio de volteios e de curvas, se isso pode inclusive
atrapalhar o processo da continuidade da leitura. Observe os seguintes detalhes:
- Sobre a letra i devemos pôr um pingo, jamais uma bolinha ou outro sinal qualquer;
- A cedilha deve ficar ligada à letra c, para evitar que seja confundida com outro sinal
diacrítico qualquer;
- Não devemos encher as letras de detalhes, eles podem dificultar a leitura;
- Tomemos um cuidado especial com m e n, algumas pessoas costumam escrevê-los de
“cabeça para baixo”.
4 – A CANETA – or incrível que pareça, até mesmo o tipo de caneta que você irá usar
em sua aprova será importante. Quant o mais simples, melhor.
As mais sofisticadas costumam trazer problemas na hora da
prova. No caso do vestibular as melh res canetas são sempre
as mais simples. Não adianta levar a uela caneta importada,
ou aquela folheada a ouro. O mais im ortante é levar uma que
escreva e que não falhe na hora ma is importante da nossa
vida. No dia da prova, lev pelo menos duas canetas da mesma marca e da mesma cor, paras
prevenir o possível caso de alguma falhar.
alongar muito o título, para não cansar o leitor, bem como evitar usar as primeiras palavras do
texto como título.
7 – A LIMPEZA – Parece óbvio, mas algumas palavras devem ser ditas com relação à
limpeza da folha de resposta das questões objetivas e da redação. Além de evitar os já
comentados borrões, é necessário também cuidar da limpeza das mãos e evitar que o suor
manche o papel. Em casos assim, um lenço pode ser de grande utilidade para o candidato que
não queira arriscar tudo em um pequeno detalhe técnico.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem
idéias próprias”.
13. Frases incompletas podem causar
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta
mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias
vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.
18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém mais
sabe utilizar o ponto de interrogação
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca! O seu texto fica horrível!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas
contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo
acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de
forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da
leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
27. Seja incisivo e coerente, ou não.
28. Não fique escrevendo no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar
causando ambigüidade - e esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda
estão acontecendo.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar é usar muitas expressões que acabem por denunciar a
região onde tu moras, carajo!
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar, já que é
insuportável o mesmo final escutar o tempo todo sem parar.
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NOÇÕES DE DESCRIÇÃO
Como se pode ver, o texto do jornalista traz as mesmas infor ações que uma pessoa
teria se não conhecesse a foto. Algumas informações que não aparec em na imagem servem
para dar maior brilho ao t exto. Desse modo, é importante ter em me nte que não basta ter o
material para descrever, é ssencial que se tenha também um certo estil que “prenda” o leitor e
o faça “visualizar” o mes o que o escritor viu ou imaginou. Mas tam bém não se pode deixar
de lado que todo texto é brigatoriamente carregado de ideologias e ue sempre se descreve
aquilo que nos interessa, c mo pode ser facilmente notado no texto aci a transcrito.
Alguns escritores prezam bastante pela descrição, outros f azem dela apenas um
complemento para a narra ão ou para a dissertação. Você terá a segui r um outro texto, que é
fragmento de um conhec ido romance. Observe como o escritor t rabalhou os elementos
descritivos.
Veja agora como, em poucas linhas, o mesmo escritor descreve a personagem Leocádia:
Continuando esta parte sobre a descrição, vamos ler um fragmento das Cartas Chilenas.
Nele, você poderá comprovar que a descrição não é uma exclusividade da prosa, podendo
também aparecer em forma de versos.
Dona Gigi
Waguinho
Vejamos também uma descrição que Moacyr Scliar faz da protagonista do livro “A
Mulher que escreveu a Bíblia”:
Não havia ali nenhuma simetria, naquela face, nem mesmo a temível simetria do
focinho do tigre; eu buscava em vão alguma harmonia. Não era a grande harmonia das
esferas que eu pretendia, um pequeno astro harmônico já me seria suficiente, mas nem
isso eu obtinha, porque havia um conflito naquele rosto, a boca destoando do nariz, as
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orelhas destoando entre si. E os olhos, que poderiam salvar tudo, eram estrábicos, um
deles mirando, desconsolado, o espelho, o outro com o olhar perdido, fitando
desamparado o infinito, talvez para não ter de enxergar a cruel imagem. (...) Resumindo,
era isso que eu via: a) assimetria flagrante; b) carência de harmonia; c) estrabismo
(ainda que moderado); d) excesso de sinais. Falta dizer que conjunto era emoldurado
(emoldurado! Essa é boa, emoldurado! Emoldurado como um lindo quadro é
emoldurado! Emoldurado! Por uns secos e opacos cabelos, capazes de humilhar
qualquer cabeleireiro. (SCLIAR, Moacyr. A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007. pág. 17-18)
O CASARÃO
NOÇÕES DE NARRAÇÃO
CONCEITO BÁSICO: Narrar é contar uma história real ou imaginária, é fazer com que o leitor
compreenda o desenrolar de uma ação interligando ações e preencheu os espaços que ficam no
desenrolar de qualquer texto.
Todas as vezes que contamos uma história, estamos fazendo uma narração. Já faz parte
do ser humano narrar fragmentos de sua história e/ou da história alheia. Mas para que o texto,
oral ou escrito, fique mais atraente, são necessários alguns elementos importantes, como os a
seguir:
As narrações costu am, desde tempos imemoriais, seguir uma strutura mais ou menos
padronizada, mas que pode ser facilmente modificada pelos grandes esc ritores. Normalmente, o
que se encontra nos livros e ficção é a seqüência :
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ATIVIDADE PRÁTICA
Como atividade, leia o texto abaixo localize cada uma de suas partes.
Cidade de Deus
Rubem Fonseca
Hoje à noite Zinho chegou em casa depois de passar três dias distribuindo, pelos seus
pontos, cocaína enviada pelo seu fornecedor em Puerto Suarez e maconha que veio de
Pernambuco. Foram para a cama. Zinho era rápido e rude e depois de usar a mulher virava as
costas para ela e dormia. Soraia era calada e sem iniciativa, mas Zinho queria ela assim,
gostava de ser obedecido na cama como era obedecido na Cidade de Deus.
“Antes de você dormir posso te perguntar uma coisa?”
“Pergunta logo, estou cansado e quero dormir, amorzinho.”
"Você seria capaz de matar uma pessoa por mim?"
“Amorzinho, eu mato um cara porque ele me roubou cinco gramas, não vou matar um
sujeito que você pediu? Diz quem é o cara. É aqui do condomínio?”
“Não”.
“De onde é?”
“Mora na Taquara”.
“O que foi que ele te fez?”
“Nada. Ele é um menino de sete anos. Você já matou um menino de sete anos?”
“Já mandei furar a bala as palmas das mãos de dois merdinhas que sumiram com uns
papelotes, pra servir de exemplo, mas acho que eles tinham dez anos. Por que você quer matar
um moleque de sete anos?”
“Para fazer a mãe dele sofrer. Ela me humilhou. Tirou o meu namorado, fez pouco de
mim, dizia para todo mundo que eu era burra. Depois casou com ele. Ela é loura, tem olhos
azuis e se acha o máximo.”
“Você quer se vingar porque ela tirou o seu namorado? Você ainda gosta desse vadio, é
isso?”
“Gosto só de você, Zinho, você é tudo para mim. Esse nojento do Rodrigo não vale nada,
só sinto desprezo por ele. Quero fazer a mulher sofrer porque ela me humilhou, me chamou de
burra, ria na frente dos outros.”
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AÇÃO: _______________________________________________________________
PERSONAGENS: ______________________________________________________
NARRADOR: __________________________________________________________
DISCURSO: ___________________________________________________________
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ESPAÇO: _____________________________________________________________
TEMPO: ______________________________________________________________
COMPLICAÇÃO _______________________________________________________
CLÍMAX ______________________________________________________________
TIPOS DE NARRATIVAS
Quando se fala em narrativa para vestibular, pensa-se logo em um texto bastante curto,
o que é natural, pois o espaço para criação é relativamente pequeno e não dá para escrever
muito em um intervalo de tempo tão reduzido, ainda mais com um tema imposto e a pressão de
uma prova.
Os textos narrativos mais conhecidos são:
a) Romance – geralmente uma narrativa bastante longa, com muitas personagens e um
espaço de tempo amplo e, principalmente, com vários sub-núcleos temáticos que
convergem para um mesmo ponto. Como exemplos temos: Dom Casmurro (de
Machado de Assis), O Mulato (de Aluísio Azevedo) e O Ateneu (de Raul Pompéia)
b) Novela – texto também com muitas personagens em sem limite de tempo e de
espaço, mas em que os núcleos temáticos se sucedem de forma mais dinâmica. Como
exemplos temos: A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (de Jorge Amado), Uma
Tarde, Outra Tarde (de Josué Montello)
c) Conto – uma narrativa mais curta, com poucas personagens, tempo e espaço
reduzidos. O texto lido anteriormente (Cidade de Deus) é um conto. Como se trata de
algo bastante sintético, só há espaço para um núcleo narrativo.
d) Fábula – Um texto geralmente curto, que traz animais como personagens. As mais
conhecidas são as Esopo e as de La Fontaine. No Brasil, dois grandes fabulistas são
Monteiro Lobato e Millôr Fernandes.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 41
Daí a pouco, passaram por uma aldeia. À porta de uma estalagem estavam uns velhos que
comentaram:
- Ali vai um exemplo da geração moderna: o rapaz, muito bem refestelado no animal, enquanto
o velho pai caminha, com suas pernas fatigadas.
- Talvez eles tenham razão, meu filho, disse o pai. Ficaria melhor se eu montasse e você fosse a
pé.
Trocaram então as posições.
- Oh!! Gritaram outros fazendeiros que se encontravam lá. Pobre burro, maltratado, carregando
uma dupla carga! Não se trata um animal desta maneira. Os dois precisavam ser presos.
Deviam carregar o burro às costas, em vez de este carregá-los.
foram escritas em forma de poemas. Na atualidade, os texto de cordel também são bons
exemplos de narrativas em versos.
A narração em prosa é a mais conhecida de todos. O texto se divide em parágrafos e o
desenrolar do enredo é mais claro, como ocorre em “O Abridor de Latas” – transcrito a seguir.
Quando se trata de uma narrativa em prosa, os recursos usados pelos poetas podem deixar o
texto mais estético, mas também podem dificultar a leitura de uma pessoa menos acostumada a
esse estilo. É o que acontece nas duas letras de música, que serão estudas logo depois.
O Abridor de Latas
Millôr Fernandes
PROBLEMA SOCIAL
Guará/Fernandinho
Se eu pudesse dar um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão
Trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que lesar ninguém
Juro que nem conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse tocar em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam de pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social
AÇÃO: _______________________________________________________________
PERSONAGENS: ______________________________________________________
NARRADOR: __________________________________________________________
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 45
DISCURSO: ___________________________________________________________
ESPAÇO: _____________________________________________________________
TEMPO: ______________________________________________________________
OUTRO EXEMPLO
CIDADÃO
(Lúcio Barbosa)
se deixe amedrontar
Fui eu quem criei a terra enchi o rio fiz a serra não
deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas eu
também não posso entrar
AÇÃO: _______________________________________________________________
PERSONAGENS: ______________________________________________________
NARRADOR: __________________________________________________________
DISCURSO: ___________________________________________________________
ESPAÇO: _____________________________________________________________
TEMPO: ______________________________________________________________
Escrever um texto narrativo pode, á primeira vista, ser uma tarefa fácil. Basta inventar
uma história, pôr algumas personagens e dar um final que agrade ao leitor. Mas, na prática, não
é bem assim. Elaborar uma narração exige paciência e cuidado estético. Muitas vezes,
reescrever é mais importante que escrever, pois as falhas vão sendo corrigidas e o estilo se
torna mais apurado. É o que acontece, por exemplo, com o escritor piauiense O. G. Rego de
Muitos outros escritores de primeira linha deram , e dão, depoimentos a respeito das
dificuldades que sentiam ao escrever seus textos ficcionais. Leia agora o que disse sobre o ato
de escrever o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade:
Muitas vezes, somos levados a pensar que as narrativas nascem de formas estapafúrdias.
Acreditamos que os escritores são pessoas tocadas pela mão divina e só por isso conseguem
produzir obras de elevado nível. No entanto, a prática de leitura nos permite perceber que o que
existe na verdade é o trabalho incessante de seleção daquilo que pode ser transformado em obra
de arte. Não se trata de ser iluminado, mas de usar a iluminação natural para compor textos que
poderiam ser escritos por qualquer pessoa com lucidez suficiente para não deixar escapar
nenhuma das oportunidades que o dia-a-dia nos oferece. O escritor mineiro Fernando Sabino
ilustra muito bem as palavras acima em um de seus textos.
passando àvárias
Mandava máquina
por as minhase crônicas
semana, e mandando-as
era natural que volta e para
meiaouma
concurso.
fosse
premiada.
minha vida, que foi o Winnetou de Karl May, cujas aventuras procurava
imitar nos meus escritos.
Mas nada se pode comparar à ajuda que recebi nesta primeira fase
dos escritores de minha terra Guilhermino César, João Etienne filho e
Murilo Rubião -- e, um pouco mais tarde, de Marques Rebelo e Mário de
Andrade, por ocasião da publicação do meu primeiro livro, aos 18 anos.
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 4 - Crônicas", Editora Ática -
São Paulo, 1980, pág. 8.
APRENDI que, quando se começa, plagiar não faz mal nenhum. Copiei
descaradamente muitos escritores, Monteiro Lobato, Viriato Correa e
outros. Não se incomodaram com isto. E copiar me fez muito bem.
APRENDI que, quando se começa a escrever, sempre se é
autobiográfico, o que - de novo - não prejudica. Mas os escritores que
ficam sempre na autobiografia, que só olham para o próprio umbigo,
acabam se tornando chatos.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 50
APRENDI que uma boa idéia é realmente boa quando não nos
abandona, quando nos persegue sem cessar. O grande teste para uma
idéia é tentar se livrar dela. Se veio para ficar, se resiste ao sono, ao
cansaço, ao cotidiano, é porque merece atenção.
APRENDI a rasgar e jogar fora. Quando um texto não é bom, ele não é
bom - ponto. Por causa da auto-comiseração (é a nossa vida que está ali!)
temos a tentação de preservá-lo, esperando que, de forma misteriosa,
melhore por si. Ilusão. É preciso ter a coragem de se desfazer. A cesta de
papel é uma grande amiga do escritor. (...)
Escrevo sobre aquilo que não sei para ficar sabendo. Tenho a
impressão de que tudo que a gente escreve, consciente ou
inconscientemente é sempre uma catarse... É uma forma de recuperação
do sentido da vida. (Fernando Sabino)
TIPOS DE DISCURSO
2. DISCURSO INDIRETO – Quando o narrador sintetiza com suas palavras aquilo que
seria dito pelas personagens. Geralmente o texto é constituído de vários períodos
compostos por subordinação, com orações substantivas evidenciadas pelo uso da
conjunção integrante.
Vílson chegou mansamente e perguntou se Saul queria ir ao cinema com ele. Saul,
espantado, respondeu que sentia muito, mas já estava com compromisso marcado para
aquele final de semana.
exatidão quem está falando. As falas podem tanto ser do narrador quanto das
personagens, ou ainda serem apenas reflexos dos pensamentos de algum deles.
Convidar ou não Saul para ir ao cinema? E se ele já tivesse compromisso para o fim de
semana. Decepção. Resolveu arriscar.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 53
PRÁTICA
Observe o tipo de discurso utilizado pelo cronista Stanislaw Ponte Preta, no texto a
seguir:
O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse
café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses,
argelinos, alemães, o diabo.
De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem
pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um
turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:
— Isso é comigo?
— então
Aí Pode ser com avançou
o turco você também
para o—alemão
respondeu o alemão.
e levou uma traulitada tão segura que
caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele.
Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-
se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um
murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.
O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes
que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-
se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do
inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc. etc. Até que, lá do
canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para
perguntar, como os outros:
— Isso é comigo?
O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio
de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou
o corpo e... pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força
que quase desmonta o brasileiro.
Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí,
madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e
pensar que são mais malandros do que os outros.
CURSO MÉTODO VEST BULARES 54
DICAS IMPORTANTES:
A CRÔNICA
CO CEITO BÁSICO: Crônica deriva da palav a Cronus (tempo), por
isso é tida como um tipo de texto que busca representar os
acon ecimentos de uma época. O bom cronista está sempre atento aos
acon ecimentos circundantes e não titubeia e transformar um fato
corri ueiro em uma obra de arte. Tecnicamen te, a crônica segue os
mesmos passos de um tex to narrativo. A grande diferença está no fat o de ser uma produção
necessariamente ligada ao acontecimentos de nosso cotidiano. O Bra il pode ser orgulhar de
ter alguns dos mais impo tantes cronistas do mundo. É o caso de R ubem Braga, Fernando
Sabino, Lourenço Diaféria, Stanislaw Ponte Preta e outros de grande tal nto.
UM EXEMPLO DE CRÔNICA
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 55
A ÚLTIMA CRÔNICA
Fernando Sabino
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
texto jornalístico, ela não tem a intenção de ser difícil, mas sim de mostrar um pouco de uma
realidade que não é observada por todos da mesma forma.
Para concluir esta parte sobre crônica, vamos ler um belíssimo texto de Vinícius de
Morais, mais conhecido no mundo literário como poeta, mas que também nos deixou
maravilhosas páginas de prosa, como o texto a seguir. Observe bem o senso lírico do autor e e
sua sensibilidade para tratar de um tema tão belo.
Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho
amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É
preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois
quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de
que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem
trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa,
indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de
arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é
preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a
bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no
seu finado amor.
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto
e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um
cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois
qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser
bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro
com poesia — para viver um grande amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se
souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 58
Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág.
130.
O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá
uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para
os jornais e revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São
Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário.
Mas foi somente quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do
Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor
crônico.
O que é um cronista?
Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu
ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas,
podem
de casa ser doces ou azedas
ou espremidas na salae de
seraula.
consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona
O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto,
há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão
entre articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas
e idéias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser
subjetivo. Pode (e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu "eu",
como o do poeta, é um eu de utilidade pública.
Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições,
anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é
interferir no cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em
assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro.
Não tem importância. O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar
encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 59
DICAS IMPORTANTES:
2. Evite palavras difíceis, pois um cronista deve sempre prezar pela clareza de suas idéias.
3. A defesa da idéia não precisa ser direta e evidente. É nas entrelinhas que um cronista demonstra todo o
seu potencial de observação e de argumentação.
4. Evite a repetição de idéias. O importante é a essência do texto.
LENDO UM CONTO
Para concluir o estudo do texto narrativo, vamos ler um conto de Ítalo Calvino, um dos
mais importantes escritores do século XX. Note que por traz de um enredo aparentemente
simples, podemos encontrar muitas informações de caráter histórico e ideológico. Veja também
como um tema bastante complexo pode ser trabalhado de forma bastante simples e didática.
A OVELHA NEGRA
Ítalo Calvino
NOÇÕES DE DISSERTAÇÃO
Num tempo em que a hipocriia e a m!dia" de m#o dada" ditam noo modo de a$ir
e penar" %ico muito %e&i' ao &er o (&timo arti$o de L)a Lu%t *+Ba&eia n#o me emocionam+"
Ponto de ,ita" -. de a$oto0 N1 no eni2i&i'amo com aqui&o que n#o no caua
e%or3o0 Como no eni2i&i'ar com um mendi$o na ca&3ada quando poder!amo t45&o
au6i&iado7 Me&hor penar na 2a&eia" coitadinha0 Como tam28m #o coitadinho aque&e
que paam %ome na 9%rica" nunca o %aminto de noa rua0 Pao" a partir de ho:e" a
&er eu te6to com outro o&ho0 A enhora $anhou meu repeito e minha admira3#o0
Gilberto Carlos Nunes Bra!&ia" ;F
Etou decepcionada com o Ponto de ,ita ecrito por L)a Lu%t0 N#o epera,a um
te6to t#o %rio de uma ecritora que ha,ia demontrado tanta eni2i&idade anteriormente0
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 63
Sou de%enora do animai e acredito que o ere humano t4m uma id8ia terri,e&mente
equi,ocada de que #o prioridade na <erra0 Somo apena e&emento que comp=em a ,ida
no p&aneta0 Acredito que a humanidade 8 reponá,e& pe&a maiore tra$8dia do noo
p&aneta" dede 2a&eia enca&hada at8 a mi8ria 2rai&eira de todo o dia0
Frida Frick Cacai" Portu$a&
> intereante como certo +inte&ectuai+ 2rai&eiro $atam eu tempo em criticar o
de%enore de animai0 E 8 empre o memo ar$umento? a ,ida da ep8cie humana 8 mai
importante que a ,ida de qua&quer outra ep8cie anima&0 Ee tipo de penamento Peter
Sin$er de%iniu como +peciim+0 Em ,e' de criticar o que %a'em" da pr16ima ,e' que
uma crian3a %aminta aparecer na :ane&a do eu carr#o com ar5condicionado" %a3a como o
protetore de animai? pe$ue ee er e &e,e para ua caa" d4 de comer e trate5o com
amor e carinho0
uando L)a Lu%t prop=e que 1 ,o&temo noa aten3#o para o direito animai
depoi que ti,ermo reo&,ido o pro2&ema humano" e&a prop=e a ne$&i$4ncia perp8tua
do animai0 Io porque nunca che$ará o dia em que todo o pro2&ema humano
etar#o reo&,ido0
Regina Rheda Gaine,i&&e" F&1rida" E@A
@m etudo %eito no E@A motra uma re&a3#o entre crue&dade com ere humano e
com animai muito eria& i&&er come3aram matando animai0 O ado&ecente
reponá,ei pe&o recente tiroteio em co&8$io americano t4m em comum um paado
de ,io&4ncia contra animai0
Como podemos ver, há os mais diversos pontos de vista sobre um mesmo assunto. Cada
pessoa pode manifestar-se de formas diferentes das outras, sem que necessariamente alguém
tenha que estar errado. Saber argumentar é o foco principal de um trabalho dissertativo. E é isso
que vamos estudar a seguir.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 64
CONCEITO BÁSICO: Dissertar significa defender um ponto de vista com relação a um tema
proposto, ou seja, o escritor deve demonstrar suas idéias de modo a deixar claro que se
posiciona contra ou a favor de determinado assunto.
isso aconteça. Como já estudamos anteriormente, escrever um texto narrativo exige uma boa
dose de criatividade e um certo domínio técnico da formação do enredo. Já para elaborar um
texto dissertativo, o primordial é que se esteja bem informado acerca do(s) assunto(s)
discutido(s). a dissertação exige um vocabulário teoricamente mais rico que o da narração, ao
mesmo tempo em que os aspectos gramaticais são tratados de forma mais rigorosa.
A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
A defesa da idéia, com argumentos e
exemplificação.
X parágrafos
1 parágrafo breve
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 65
ATIVIDADE PRÁTICA – leia o texto dissertativo a seguir, observando cada uma das partes
do texto. É bom também prestar atenção para os elementos que fazem a coesão entre os
parágrafos.
Uma greve geral dos professores alguns anos atrás teve uma conseqüência
interessante. Reintroduziu, para milhares de estudantes, o valor esquecido das
bibliotecas. Os melhores alunos readquiriram uma competência essencial para o
mundo moderno - voltaram a aprender sozinhos, como antigamente. Muitos
descobriram que alguns professores nem fazem tanta falta assim. Descobriram
também que nas
bibliotecas estão os livros srcinais, as obras que seus professores usavam para dar
as aulas, os grandes clássicos, os autores que fizeram suas ciências famosas.
Muitos professores se limitam a elaborar resumos malfeitos dos grandes
livros. Quantas vezes você já assistiu a uma aula em que o professor parecia estar
lendo o material? Seria bem mais motivador e eficiente deixar que os próprios
alunos lessem os livros. Os professores serviriam para tirar as dúvidas, que
fatalmente surgiriam.
Hoje, muitas bibliotecas vivem vazias. Pergunte a seu filho quantos livros
ele tomou emprestado da biblioteca neste ano. Alguns nem saberão onde ela fica.
Talvez devêssemos pensar em construir mais bibliotecas antes de contratar mais
professores. Um professor universitário, ganhando 4.000 reais por mês ao longo
de trinta anos (mais os cerca de vinte da aposentadoria), permitiria ao Estado
comprar em torno de 130.000 livros, o suficiente para criar 130 bibliotecas.
Seiscentos professores poderiam financiar 5.000 bibliotecas de 10.000 livros cada
uma, uma por município do país.
Universidades são, por definição, elitistas, para a alegria dos cursinhos.
Bibliotecas são democráticas, aceitam todas as classes sociais e etnias. Aceitam
curiosos de todas as idades, sete dias por semana, doze meses por ano. Bibliotecas
permitem ao aluno depender menos do professor e o ajudam a confiar mais em si.
Nunca esqueço minha primeira visita a uma grande biblioteca, e a sensação
de pegar nas mãos um livro escrito pelo próprio Einstein, e logo em seguida o de
cálculo de Newton. Na época, eu queria ser físico nuclear.
Infelizmente, livros nunca entram em greve para alertar sobre o total
abandono em que se encontram nem protestam contra a enorme falta de
bibliotecas no Brasil. Visitei no ano passado uma escola secundária de Phillips
Exeter, numa cidade americana de 30.000 habitantes, no desconhecido Estado de
New Hampshire. Os alunos me mostraram com orgulho a biblioteca da escola, de
NOVE andares, com mais de 145.000 obras. A Biblioteca Mário de Andrade, da
cidade de São Paulo, tem 350.000. A bibliotecária americana ganhava mais do que
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 66
Tão importante quanto ter conhecimento sobre o que se vai escrever, é ter poder de
argumentação para convencer os leitores de que nossas idéias são lógicas e devem ser levadas a
sério. Para que isso ocorra, será necessário que o escritor trabalhe seu poder de raciocínio e que
haja uma espécie de progressão temática no decorrer do texto, caso contrário, teremos o que
chamamos de circunlóquio, ou seja, idéias repetidas com palavras diferentes, o que é altamente
prejudicial ao entendimento global dos argumentos.
In A ernacionalização do Mundo
Cristovam Buarque
Durante debate em uma Universida e, nos Estados Unidos,
fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da
Amazônia. O jovem americano introduzi sua pergunta dizendo
que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
Foi a primeira vez que um debatedor deter inou a ótica humanista
como o ponto de partida para uma resposta minha.
De fato, como brasileiro eu simple mente falaria contra a
internacionalização da Amazônia. Por ma is que nossos governos
não tenham o devido cuidado com esse pat imônio, ele é nosso.
Respondi que, como humanista, sentindo o risco da
degradação ambiental que sofre a Amazôn ia, podia imaginar a sua
internacionalização, como também de udo o mais que tem
importância para a Humanidade.
Se a mazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada,
internaciona
petróleo é t lizemos também
o importante para as reservas da
o bem-estar de humanid
petróleo de
do quanto
mundoa inteiro.
AmazôniaO
para o noss futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de
aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou n ão o seu preço. Os ricos
do mundo, n o direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.
Dam sma forma, o capital financeiro dos pa íses ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para t odos os seres humanos,
ela não pod ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a
Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado p elas decisões arbitrárias
dos especul adores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras
sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especu ação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de
todos os gr ndes museus do mundo. O Louvre não d ve pertencer apenas à
França. Cad a museu do mundo é guardião das mais bela s peças produzidas pelo
gênio huma o. Não se pode deixar esse patrimônio cult ral, como o patrimônio
naturalama ônico, seja manipulado e destruído pelo gos o de um proprietário ou
de um país.
quadro de Não faz muito,
m grande um milionário
mestre. japonês,
Antes disso, deciq uadro
aquele iu enterrar comterelesido
deveria um
internacionalizado.
Duran e o encontro em que recebi a pergunta, as N ações Unidas reuniam o
Fórum do ilênio, mas alguns presidentes de países ti veram dificuldades em
comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA . Por isso, eu disse que
Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser i nternacionalizada. Pelo
CURSO MÉTODO VEST BULARES 68
menos Man hatan deveria pertencer a toda a Humanida de. Assim como Paris,
Veneza, Ro a, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recif , cada cidade, com sua
beleza espec ifica, sua história do mundo, deveria pertenc r ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia , pelo risco de deixá-la
nas mãos d brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos
EUA. Até p orque eles já demonstraram que são capaz s de usar essas armas,
provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis
queimadas f itas nas florestas do Brasil.
Nos s us debates, os atuais candidatos à presi dência dos EUA têm
defendido a idéia de internacionalizar as reservas flores ais do mundo em troca
da dívida. omecemos usando essa dívida para garant ir que cada criança do
mundo ten a possibilidade de ir à escola. Internaci nalizemos as crianças
tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasc eram, como patrimônio
que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do q ue merece a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um
patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que las trabalhem quando
deveriames udar; que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionali zação do mundo. Mas,
enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei pa a que a Amazônia seja
nossa. Só nossa.
O HINO SÓ ATRAPALH
Diogo Mainardi
Após extrair da orientação sua idéia básica, você irá iniciar o seu primeiro parágrafo. Para isso,
faça uma afirmação pessoal em torno do assunto, evidenciando sua opinião sobre a tese. Para se
tornar mais simples a introdução do assunto podem ser usadas expressões do tipo “É
inadmissível”, “É vergonhoso”, “É inevitável”, “É inaceitável” e assim por diante. Após inserir
o assunto, partimos então para a análise da conseqüência imediata causada pelo assunto
tratado. Nesse caso, tente relacionar conseqüências de caráter mais social.
No segundo parágrafo da redação, vamos contestar a tese, tentando buscar o porquê de haver
tal problema ou tal situação.
No terceiro parágrafo trabalha-se o elemento que cria uma contradição com o assunto tratado,
com a tese em geral. Para ficar mais simples a comparação pode-se iniciar com “Enquanto...”.
O quarto parágrafo trabalha a exemplificação, que torna o texto muito mais rico e interessante.
Por isso é importante sempre ler jornais e revistas, para que tenha algum assunto para usar
como exemplo.
Tipos de Introdução
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 71
A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de, muitas vezes,
trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Dessa forma, é ela quem provoca no leitor o
primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto e, portanto deve ser muito bem trabalhada,
o que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de começar uma dissertação. As formas
abaixo são algumas possíveis, mas, certamente, não são as únicas.
Vale ainda salientar que a introdução só deve ser feita após estar concluído o "Projeto de
Texto".
Roteiro
Além disso, neste tipo é apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido
durante o desenvolvimento. Para exemplificação, suponhamos o tema:
0 principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro roteiro
que não seja o nela citado.
Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende
provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e não copiada - na
conclusão.
0 principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese
apresentada.
Perguntas
Exemplo:
Histórica
Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas vezes de
contraponto ao presente.
É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas
brasileiras. Na França, nos EUA ou na Inglaterra - países desenvolvidos - nessa idade
as crianças estão na escola e não submetidas a violência das ruas.
É bastante importante que a comparação seja adequada e sirva a algum propósito bem claro
- no caso, mostrar o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.
Definição
Menor: o mais pequeno, de segundo plano, inferior, aquele que não atingiu a
maioridade. O uso da palavra “menor” para se referir às crianças no Brasil já
demonstra como são tratadas: em segundo plano.
Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma maneira de se definir algo e, portanto a
escolha da definição mais adequada dependera do ponto de vista a ser defendido.
Contestação
Repare como esse tipo de introdução pode ser bastante atraente, uma vez que desfazer
clichês atrai mais a atenção do que usá-los.
Narração
Trata-se de contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise do
tema.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 74
Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um
ano e meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital
uma semana depois. A mulher, também vitima de espancamentos, o denunciou à
polícia. O agressor fugiu.
Cuidado, ao fazer este tipo de introdução, para não cometer o erro de contar um fato sem
relevância, ou transformar toda sua dissertação em uma narrativa.
Estatística
crianças.
Veja que o dado estatístico, muitas vezes, não diz nada por si só. E necessário que ele
apareça acompanhado de uma análise criteriosa.
Mista
Procura fundir várias formas de introdução. Veja como o exemplo dado em contestação traz
também a introdução com perguntas. Vejamos um outro possível exemplo.
possível imaginar o Brasil um país desenvolvido e com justiça social enquanto perdurar
tão triste quadro.
CURSO MÉTODO VEST BULARES 75
1. Vícios de lingua em
BARBARISMO:
É o vício de linguagem qu consiste em usar uma palavra errada quant à grafia, pronúncia,
significação, flexão ou for ação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, ortoépico, prosódico,
semântico, morfológico e órfico.
• Gráficos: hontem, roesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.
•
Semânticos: Tráfio (por tráfego) indígena (como sinônimo e índio, em vez de
autóctone).
AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA:
É o vício de línguagem que consiste em usar diversas palavras na frase de maneira a causar
duplo sentido na sua interpretação.
Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o
empregado e estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou
paciente).
CACOFONIA:
• A colisão.
• O eco
• o hiato
• O cacófato
o Ex.: Tem uma mão machucada: A aliteração - Ex.: Pede o Papa paz ao
povo. O antônimo é a "eufonia".
ECO:
Ex.: É possível a aprovação da transa ção sem concisão e sem associa ção.
Na poesia, a "rima" é uma forma normal de eco. São expressivas as repetições vocálicas a
curto intervalo que visam à musicalidade ou à imitação de sons da natureza (harmonia
imitativa); "Tíbios flautins finíssimos gritavam" (Bilac).
ARCAÍSMO:
Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou
passaram a ter emprego diverso.
Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então),
vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de
enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais
o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.
VULGARISMO:
• Fonético:
o A queda dos erres finais: anda, comê, etc. A vocalização do " L" final nas
sílabas.
o
• Morfológico e sintático:
o
Temos a simplificação das flexões nominais e verbais.
o Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.
o Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.
o Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.
ESTRANGEIRISMO:
• Estrangeirismos morfológicos:
Estrangeirismos Sintáticos:
Exemplos:
SOLECISMOS:
Exemplos:
• Solecimos de regência:
• Solecismo de concordância:
• Solecismo de colocação:
OBSCURIDADE:
Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne
Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez de efusão inútil de
sangue).
NEOLOGISMO:
• Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua.
Podem ser de srcem culta ou popular.
PRECIOSISMO:
Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama
de "falar difícil", "estar gastando".
Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da
sua magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza,
arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos."
PLEONASMO:
O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma repetição inútil e desnecessária dos
elementos.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 82
Exemplos:
2. Frases-feitas
Um outro defeito que deve ser evitado nos textos dissertativos (e em quaisquer outros) é
o uso de expressões já vulgarizadas pelo uso excessivo. Não se trata de um caso de erro
gramatical, mas sim de uma questão de criatividade. Se todo mundo usa as mesmas frases, os
textos ficarão sem srcinalidade. Veja a seguir algumas frases que devem ser evitadas a todo
custo:
- Arrebentar a boca do balão
- Silencio sepulcral
- A vida é uma caixinha de surpresas
- No Brasil, o rico cada dia fica mais rico e o pobre fica cada vez mais pobre.
- Caso haja pena de morte no Brasil, somente negros e pobres irão morrer.
- Vitória esmagadora.
- Somente Jesus cristo salvará o nosso povo desta crise.
- Cair pelas tabelas
- Esmagadora maioria
- Chover no m olhado
- Botar pra quebrar
- Passar em brancas nuvens
- Ver o sol nascer quadrado
- Segurar com unhas e dentes
- Ficar literalmente arrasado
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 83
3. Vícios de raciocínio
Como o nome já indica, trata-se de uma falha na articulação das idéias. A mais comum
de todas é a que traz generalizações com vestes de verdade absoluta, ou seja, o escritor sai de
um ou de vários casos particulares e cria uma espécie de regra que ele tenta impor como sendo
verdade universal. Vejamos alguns casos:
- Mulher não sabe dirigir.
- Toda loira é burra.
- Todo político é corrupto.
- Todo homem é safado.
- Os cariocas são malandros
- Os baianos são preguiçosos
Agora vamos ler e comentar algumas redações de alunos aprovados. Aproveitaremos para ver o
que deve ou não ser feito em nossos próximos textos:
REDAÇÃO 01
SÃO PAULO / SP
HISTÓRIA (1A OPÇÃO)
Globalização X exclusão
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 84
COMENTÁRIOS______________________________________________________________
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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 85
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REDAÇÃO 02
O que tem sido feito com a cultura nos faz achar normal a exibição, em
um programa de tevê, de uma mulher e seu cotidiano dentro de uma casa, como
se paredes de vidros fossem a própria transgressão dos limites público-privado.
Mas temos, por outro lado, pessoas isoladas em apartamentos quaisquer de
megalópoles, buscando criar uma identidade, real ou não, diante de uma tela de
computador. Diante de personalidades virtuais, que se criam e desfazem. Aí sim
tudo é privado, porque, frente a uma realidade tão ampla, a essência não se
expande e essas pessoas permanecem sozinhas.
Comentários
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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 87
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REDAÇÃO 03
“olhos” que temos. Queremos que a nossa verdade seja a verdade do mundo
todo. Foi desta forma que os colonizadores ocuparam a América,
desconsiderando que os povos nativos tinham uma outra bagagem ética, viam o
mundo e a vida de uma outra forma. Foram desta forma as Cruzadas, as guerras
religiosas. Acabar com as fronteiras sempre significou construir o mundo
conforme a lógica do dominador. E a lógica do dominador é sempre criar uma
fronteira entre ele e o dominado.
Comentários
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PRÁTICA
TRECHO 01
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 89
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TRECHO 02
Pura mascaração da realidade, o carnaval, faz as pessoas esquecerem dos seus
problemas, dos seus direitos e deveres como cidadães. TEMA: Carnaval como mascaramento
da realidade
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TRECHO 03
Quem rouba s tênis das crianças? Quem rouba sua bolça? São os menores. A lei acaba
deixando sem recursos a maioria, que são as vítimas.
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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 90
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TRECHO 04
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TRECHO 05
Enfim, assistir televisão de ser considerado um lazer como outro qualquer, e não uma
obrigação, como é escovar dente. Existem variados meios de comunicação que podem
proporcionar as mesmas coisas, e muitas, e muitas vezes, com maior precisão. Além do mas, é
melhor viver do que assistir à vida, e melhor ainda, é ir às comprar do que imaginar-se indo.
TEMA: Televisão
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TRECHO 06
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 91
O homem promoveu alta tecnologia, mas não sabe utilizar de forma a oferecer a
informação, a educação, a cultura e a cidadania. TEMA: A televisão como meio de
comunicação
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TRECHO 07
Atualmente, a tecnologia também é uma forma de fazer com que essas mesmas
informações possam chegar com a mesma facilidade à todas as classes da sociedade, onde quer
que estejam. TEMA: A televisão
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TRECHO 08
O que se tem notado atualmente é o aumento do número de graduados no mercado, e,
esse número tende a aumentar com a existência de um mercado que cada dia cobra mais.
O mercado busca competência, e para tal feito, ele não irá absorver aqueles que apenas
possuem um curso superior, mas sim aquele que tendo ou não um diploma, são sinônimos de
inteligência, responsabilidade e força de vontade.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 92
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TRECHO 09
A população de Paço do Lumiar e São José de Ribamar são obrigados a passar por
situações desagradáveis quase todos os dias; sofrem com a lotação e demora dos ônibus. Sem
opção, ou por pressa mesmo, acabam recorrendo ao transporte alternativo. TEMA: transporte
alternativo.
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TRECHO 10
Acho que com está idéia de que por causa da televisão os jovens não lêem, não se está
falando mal da televisão. Geralmente está se querendo falar dos jovens, porque se deixam levar
pelo que se passa na televisão.
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CURSO MÉTODO VESTIBULARES 93
TRECHO 11
Enquanto todas as atenções estam voltadas para a guerra dos estados Unidos com o
Iraque, o povo brasileiro sofre com uma guerra: Governo contra o crime organizado.
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TRECHO 12
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Veja agora algumas falhas de alunos de anos anteriores (as de vocês – se houver – virão
nas apostilas posteriores)
Olhos azúis
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 94
biblia
...um casal que se encontram juntinhos
Cabelos castanhos caidos no rosto...
Uma postura sempre muito seria...
Sempre bem arrumada com um sorriso no rosto.
Nos ultimos anos...
O chapeu
Essa familia tinha pessoas que eram muito religiosas. Onde a religião para eles vinha
em primeiro lugar.
Pessoas muito espontaneas
As melhores impressões possiveis
Todos aparentam serem boas pessoas...
Tranquila
Aparenta uns trinta e cinco à quarenta anos...
Certo animal têm como caracteristica principal...
Quem ver até se impreciona
Como caracteristica meio que apeladora, carrega em sua mão uma belissima rosa
vermelha.
Tem pêlos bem macio...
Talvéz
Bastante semelhante a mãe...
E por ultimo o caçula, o méis mimado por todos e o mais bagunceiro.
Nem toda família é perfeita, mais essa parece ser uma das poucas exeções.
E Nina com seus doze anos já prostituía-se.
... assistindo desenho animado...
Uma cinta que parecei desnecessário
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 95
COESÃO E COERNCIA
CONCEITOS BÁSICOS: Um bom texto deve estar coeso e ser coerente. COESÃO é
uma idéia mais gramatical que semântica. Ela é conseguida através do uso adequado dos
pronomes, das conjunções, dos advérbios, dos artigos e dos numerais. Mas, infelizmente, ter
um texto totalmente coeso não equivale a ter um texto excelente, pois há muitos outros fatores
que interagem para que a articulação textual fique perfeita. Por outro lado, quando falamos de
COERÊNCIA, o mais importante não é mais o fator gramatical, mas sim a organização das
idéias e a ausência de situações contraditórias.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 96
É sempre bom lembrar que o que realmente faz de um texto um Texto é a sua coerência.
Sem ela o que teremos é um amontoado de palavras alinhadas, sem tessitura e sem sentido
lógico. Logo abaixo, teremos um caso bem significativo em que a presença da coesão não
salvou a coerência textual. Veja como as idéias ficam conflitantes e sem sentido... o texto foi
tirado do livro A Coerência Textual, de autoria dos professores Ingedore Koch e Luís Carlos
Travaglia.
Nem precisamos comentar a leitura, pois fica claro que as partes do texto não se
encaixam perfeitamente no que diz respeito à significação, embora do ponto de vista gramatical
não apresentem problemas que possam desvirtuar o autor.
TAREFA:
Como tarefa, leia os dois textos e identifique neles os elementos que fazem a coesão,
bem como buscar possíveis incoerências (se houver).
TEXTO 01
OS PATOLÓGICOS
regato para que eles iniciassem suas aulas de natação, prática fundamental à
espécie.
- Vejam só, amados filhinhos! - disse a pata, depois de verificar, com uma das
patas, se a temperatura da água estava adequada. - Reparem bem na maneira
correta e elegante de entrar na água (3).
- Mãe, você deve ser mesmo uma velha supremamente idiota supondo que nós
vamos arriscar nossas vidas tão tenras da maneira tola porque você está
arriscando a sua. Que você não tenha aprendido nada através da existência e não
saiba o risco que corre se atirando num elemento tão estranho e imprevisível, ou
está se arriscando simplesmente porque lhe resta muito pouco de vida, isso é lá
com você. Mas nós, os jovens, sabemos mais; não nos atemos nem à filosofia do
absolutismo biossocial, nem às besteiras do condicionamento total. Pois se é
verdade que, devido à lei natural desconhecida para nós - nos recusamos a testá-
la sem salva-vidas, pois pode ser coisa absolutamente individual -, você flutua
confortavelmente (apesar do seu peso, gorda como está), isso pode não acontecer
conosco. Nos atirarmos à água pode nos ser fatal. Portanto, madame, esteja certa
de que só agiremos no sentido de experiências aquáticas a partir de um
conhecimento mais profundo - o duplo sentido é involuntário - do líquido
elemento. No momento, porém, dispensamos a sua orientação e permanecemos
em terra. Tchau, bela!
Nota
H Fam!&ia nuc&ear0
- Perd#oQ
K N#o e6ite maneira correta de entrar na á$ua0 N#o e6ite maneira correta
de %a'er coia nenhuma0
hQ
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 98
TEXTO 02
SNOOER
Mi&&r Fernande
Certa vez eu jogava uma partida de sinuca e só havia a bola sete na mesa. De
modo que mastiguei-a lentamente saboreando-lhe os bocados com prazer. Refiro-
me à refeição que havia pedido ao garçom. Dei-lhe duas tacadas na cara. Estou me
referindo à bola. Em seguida saí montado nela e a égua, de que estou falando
agora, chegou calmamente à fazenda de minha mãe. Fui encontrá-la morta na
mesa, meu irmão comia-lhe uma perna com prazer e ofereceu-me um pedaço:
"Obrigado" disse eu, "já comi galinha no almoço".
Malaquias, meu primo, vivia com uma velha de oitenta anos. A velha era sua
avó, esclareço. Malaquias tinha dezoito filhos, mas nunca se casou. Isto é, nunca
se casou com uma mulher que durasse mais de um ano. Agora, sentado à nossa
frente Malaquias fura o coração com uma faca. Depois corta as pernas e o sangue
vermelho do porco enche a bacia.
E.C.T
TE!AS DE REDAÇÃO
01. aborto
Proposta de redação
Com base em leitura, inclusive do artigo abaixo, redija uma dissertação de 30 linhas sobre o
tema: "Aborto: uma questão policial, política, religiosa, social ou pessoal?"
Quando falamos sobre o aborto, a primeira pergunta que nos ocorre é se somos contra ou a
favor. Não é nestes termos que quero abordar a questão. O ato abortivo quase sempre acontece
acompanhado por muito sofrimento. As mulheres que o praticam, experimentam vazio,
remorso, tristeza, ainda que conscientemente tenham encontrado no aborto uma solução
imediata e uma espécie de alívio. Portanto, a questão que se coloca não é a de ser contra ou a
favor do aborto, mas de examinar as circunstâncias em que o mesmo acontece e o que pode ser
feito para diminuir o sofrimento de tantas mulheres.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 101
Estou aqui representando as Católicas pelo Direito de Decidir, ou seja um grande número
de mulheres, que são católicas e exercem o direito de decidir sobre sua vida sexual e
reprodutiva.
1. Dados da realidade
3. O que propomos.
1. Dados da realidade:
A prática do aborto no Brasil é proibida por lei, exceto em duas situações: estupro e risco de
vida da gestante. Porém, os hospitais não estão preparados, para atender mulheres que se
enquadrem em uma dessas situações. Em São Paulo, apenas o Hospital do Jabaquara tem
implantado um programa de "aborto legal", que atende com dignidade mulheres vítimas de
estupro ou com risco de vida, mediante a apresentação de um boletim de ocorrência e com no
máximo 12 semanas de idade gestacional. Atualmente estes serviços começam a se expandir
para outros estados.
As pesquisas públicas apontam que a nível mundial, cerca de 150 mil mulheres morrem
anualmente por prática de abortos clandestinos, incompletos. No Brasil, a média de morte
materna é de 156 mulheres para cada 100 mil nascimentos. O aborto é considerado uma das
principais causas de mortalidade materna. Cerca de 60% dos leitos de ginecologia no Brasil são
ocupados por mulheres com sequelas de aborto. O número de abortos é enorme, porém não há
dados estatísticos claros, devido a clandestinidade com que é praticado.
Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde revelou que cerca de 45 milhões
de abortos são realizados anualmente. Entre esses abortos, em média 20 milhões são realizados
em condições inseguras e ilegais, causando a morte de mais de 70 mil mulheres por ano. É nos
países do terceiro mundo que se dão 50% dos abortos realizados no mundo.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 102
Os métodos anticoncepcionais não são acessíveis à todas as mulheres, seja por questão
econômica ou cultural. Muitas vezes, os homens "não gostam de usar camisinha".
A "família ideal" com boas condições econômicas, sociais, psicológicas e afetivas, que
tranquilamente planeja o nascimento dos filhos, está longe do nosso cotidiano. A realidade
mostra que no Brasil, 25% das famílias é mantida por mulheres, ou seja há muitas mulheres
sozinhas, sem companheiro, com os filhos para criar. Esse é o nosso cotidiano, isso é o que
vemos nas periferias das grandes cidades e nos lugares pobres do meio rural.
Quando a Igreja Católica fala da defesa incondicional da vida, parece-nos que este princípio
sempre foi parte de seu pensamento, de forma contínua, imutável. De fato os estudos históricos
vão nos mostrar que não é bem assim.
A Igreja historicamente não tem tido o mesmo rigor de defesa da vida em outras questões
que não o aborto. Por exemplo:
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 103
. A Igreja patrocinou a Inquisição, com a eliminação física de pessoas tidas como hereges
da fé.
Por que a Igreja Católica é tão intransigente em sua defesa da vida na questão do aborto?
Seria uma reafirmação do androcentrismo... medo da autonomia das mulheres?
Nos primeiros séculos, os teólogos mais importantes da época, argumentavam que o aborto
não era um homicídio durante as primeiras etapas da gravidez. Os escritos de S. Agostinho
expressavam a posição geral da Igreja, que por um lado, condenava o controle da natalidade e o
aborto - porque destruiam a conexão entre o ato conjungal e a procriação - e por outro lado, não
entendiam o aborto como homicídio. S. Agostinho escreve:
"A grande interrogação sobre a alma não se decide apressadamente com juízos não
discutidos e opiniões imprudentes; de acordo com a lei, o aborto não é considerado um
homicídio, porque ainda não se pode dizer que exista uma alma viva em um corpo que carece
de sensação uma vez que ainda não se formou a carne e não está dotada de sentidos".
A discussão teológica se dava em torno do momento em que o feto passaria a ser uma
pessoa, porque somente a partir desse momento o aborto seria considerado um homicídio. Não
havia consenso sobre o momento da "hominização". Para alguns ela ocorria no momento da
concepção, mas a maioria dos teólogos aceitava a teoria da "hominização tardia", que ocorria
40 dias depois da concepção para os homens, e 80 dias depois da concepção para as mulheres.
A idéia da hominização tardia, baseava-se no conceito de hilomorfismo, que veio de
Aristóteles. Segundo esse conceito, o ser humano é uma unidade formada de corpo e alma, e
não pode haver alma em um corpo que ainda não está formado.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 104
Durante o período medieval prevaleceu a teoria de Tomás de Aquino, que afirmava que só
haveria aborto pecaminoso quando o feto estivesse totalmente formado. Os "Catálogos
Penitenciais" da época evidenciavam o dissenso, pois as punições variavam, sendo mais ou
menos rígidas de acordo com as diferentes concepções.
A teoria da hominização tardia foi predominante até o século XIX, quando então, o Papa
Pio IX, em 1869, declara que o aborto é pecado em qualquer situação e em qualquer momento
que se realize. Pela primeira vez Papa e teólogos coincidem e rechaçam a teoria da
hominização tardia.
No século XX o dissenso interno voltou. Quando a encíclica Humanae Vitae foi publicada,
em 1968, as questões de sexualidade e contracepção não encontraram acordo entre teólogos
católicos e episcopados, que reagiram aos ensinamentos do Papa Paulo VI. Os bispos belgas
afirmaram que:
"Segundo a doutrina tradicional, há que reconhecer que a última regra prática é ditada
pela consciência devidamente esclarecida segundo o conjunto de critérios que se expõem na
Gaudium et Spes (n.50, &2, n.51, &3), e que o juízo sobre a oportunidade de uma nova
transmissão da vida pertence, em última instância, aos esposos, que devem decidir sobre a
questão, na presença de Deus".
"A anticoncepção é não somente lícita, como pode ser moralmente obrigatória. Da mesma
forma, a opção por um aborto - uma opção que, ironicamente, faz-se mais necessária quando
se proibe a anticoncepção artificial - e, em muitas circunstâncias, uma opção moral para as
mulheres".
Também a Irmã Ivone Gebara, em 1993 assumiu uma posição de concordância com a
liberalização da legislação em vigor com relação ao aborto.
3. O que propomos:
. Que se leve em conta a fala, a vida e a prática das mulheres para elaborar um pensamento
que realmente se refira à vida delas e não simplesmente ignorar tudo e defender o princípio
absoluto "nós defendemos a vida"... e pronto.
. As mulheres não vão abortar mais se os serviços de saúde pública em relação ao aborto
forem implementados... pois trata-se de uma experiência de sofrimento. Na Holanda o aborto é
. As mulheres não abortam sozinhas.. o homem que abandona uma mulher grávida, está
abortando antes mesmo que a mulher.
. Nós, católicas, queremos diminuir o peso da culpa que recai sobre os ombros das mulheres
e afirmar sua autonomia para decidirem sobre seu próprio corpo e os filhos que desejam ter.
. Queremos que o Estado ofereça educação sexual e ofereça serviços de saúde relativos à
vida reprodutiva de homens e mulheres e proporcione o acesso aos métodos anticonceptivos.
A água existe no universo há muitos e muitos milhões de anos, mas em estado sólido, como
gelo, ou em estado gasoso, como vapor.
O único planeta conhecido em que se encontra água no estado líquido é o planeta Terra. E a
água é justamente o elemento vital que diferencia o nosso planeta dos outros.
Foi na água dos oceanos que, há mais de 3 bilhões de anos, surgiram as primeiras formas de
vida. Esses organismos foram se desenvolvendo, se desenvolvendo e, durante muito tempo, a
água foi o único ambiente no qual podia haver vida.
Somente há 360 milhões de anos, mais ou menos, que apareceu um ser capaz de viver tanto
na água quanto na terra. Depois surgiram os dinossauros, depois os mamíferos, e somente há 4
milhões de anos surgiram os primeiros seres humanos.
Tudo isso nos mostra como a água é importante em nossas vidas, os seres vivos têm seus
organismos compostos por 2/3 de água, e o homem, ou qualquer outro animal, resiste a até
trinta dias sem alimento, mas não suporta mais do que alguns poucos dias sem água. Apesar de
Portanto os seres humanos, os animais e as plantas necessitam de água doce para viver.
Apenas 3% da água existente é doce, além disso, apenas 1/3 dessa água doce não está debaixo
da terra, nos lençóis freáticos, ou congelada nos pólos em forma de geleiras, calotas polares e
icebergs.
No caso da água, este 1/3 é igual a 40 quintilhões de litros, mas toda essa água está em
constante movimento, evaporando-se dos oceanos, rios e lagos, transformando-se em vapor e
formando as nuvens na atmosfera. Quando o vapor se condensa, a água volta para a Terra em
forma de chuva, granizo ou neve, este é o ciclo da água, que acontece por causa da influência
do sol e da gravidade.
CURSO MÉTODO VEST BULARES 107
Você Sabia?
Proposta de redação
Leia o texto acima, vej a figura e redija uma dissertação de 30 linh s sobre o tema:
"Haverá um dia em que o homem beberá as águas de suas lágrimas ara matar a sua sede."
Após ler os textos abaixo e interpretar a figura, redija texto dissertativo de 30 linhas sobre o tema que os
norteia.
Favero - As estatísticas dizem que a grande maioria dos abusos sexuais acontecem dentro das famílias.
Infelizmente, cometidos pelos próprios pais. Então, o problema não é o celibato. O problema realmente deve
ser desvios na personalidade. Depois, também tem o mistério do pecado humano, em que todos nós podemos
errar. O problema é a natureza humana que é limitada e falha.
Favero - A própria sociedade condena isso porque é um desvio grave. A Igreja não é juiz, ela é mãe.
Quando alguém erra, a Igreja nunca coloca um dedo para julgar. A Igreja não está aqui para julgar nem
condenar alguém, e sim para ajudar. Mas é claro que a pedofilia é uma coisa muito grave. É um problema
que entra também na questão da liberdade sexual.
PROPOSIÇÃO
A maioria dos brasil iros condena a corrupção, considerando-a culpada dos principais
males que atingem o país, mas há também quem afirme que é uma "d oença sem remédio" ou
que faz parte da natureza e nossa sociedade. Nesse contexto, o cartu m de Millôr Fernandes,
parodiando um gênero de ublicidade oficial, convoca sarcasticamente s jovens a participar da
corrupção em todos os seto res da vida nacional.
Posicionando-se como alguém que pensa em seu futuro e sabe que pode encontrar no
caminho a corrupção, ma ifeste sua opinião sobre o assunto,e scre endo uma redação, de
gênero dissertativo, sobre o tema:
Leia a reportagem toda (a aixo) e redija um texto dissertativo em pros a, de 30 linhas, sobre a
diversidade cultural e a tol rância no Brasil.
Uma tese de doutorado na USP dá vez, voz e rosto a dez comunidades de imigrantes até
então pouco estudadas em São Paulo
MOACIR ASSUNÇÃO
Qual a verdadeira face dos estrangeiros que ajudaram a construir a cidade? Para responder a
isso, a historiadora Sonia Maria de Freitas pesquisou a trajetória de dez comunidades que
vieram para o País a partir do fim do século 19 e depois das duas guerras mundiais. Menos
expressivos numericamente que italianos e japoneses, povos mais estudados por historiadores e
sociólogos, eles abandonaram seus países, em muitos casos ocupados militarmente, e fugiram
da guerra e da fome, instalando-se em São Paulo.
Com suas tradições, hábitos e costumes, colaboraram para tornar a cidade um multifacetado
mosaico cultural.
A face dos imigrantes, então, se revela ou loira de olhos azuis ou com traços orientais. A
contribuição desses povos à cultura nacional variou de aspectos arquitetônicos, artísticos e
culturais em igrejas de todas as crenças à culinária.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 111
zona norte, poloneses e alemães, também inimigos, se tornaram vizinhos e amigos. Durante a
2.ª Guerra, a Alemanha de Hitler invadira e ocupara a Polônia.
"O que nos separava na Europa nos unia no Brasil", afirma o arquiteto polonês e professor
da Universidade de São Paulo (USP) Witold Snitrowic. Em outro país, diz ele, um encontro
entre um compatriota de Gdansk, cidade que viu nascer o sindicato Solidariedade de Lech
Walesa, e um alemão de Danzig, que vinham a ser o mesmo local, anteriormente ocupado pelos
germânicos, acabaria em briga. "Aqui, eles se cumprimentariam como conterrâneos."
Adaptação - A vida dos imigrantes teve lances curiosos de adaptação. O arenque, peixe
típico de regiões frias, foi substituído pela sardinha. Nativo de regiões tropicais e subtropicais,
o palmito virou o sucessor natural do cogumelo no pastel pierogi, de srcem polonesa. O
mesmo ocorreu, de acordo com o jornalista Saul Galvão, crítico gastronômico do Jornal da
Tarde, com o quibe. Feito de carne de carneiro nos países árabes, passou a ser produzido com
carne de vaca no Brasil.
Para aprender a nova língua, o filho de okinawanos Kioshi Teruya, de 70 anos, escrevia
palavras em português no dorso da mão. Enquanto trabalhava no arado em Promissão, interior
de São Paulo, gravava as palavras, retiradas de jornais que comprava aos montes. "Não me
conformava quando não aprendia pelo menos cinco palavras novas por dia", diz.
A lituana Elena Vidmontas, de 89 anos, inventou outro método peculiar: lia dois livros,
emprestados por vizinhos italianos, ao mesmo tempo. Com isso, a imigrante, que sabia apenas
rudimentos da língua falada no Brasil, foi 'alfabetizada' por Machado de Assis, Monteiro
Lobato e Olavo Bilac.
O polonês Szot Kazimierz, cujo nome foi mudado para Casimiro, viveu, pouco antes de vir
para o Brasil, uma situação curiosa: dias depois do fim da 2.ª Guerra, reencontrou em uma
estação de trem na Alemanha um ex-soldado que o havia agredido pelo simples fato de ele não
entender a ordem de tirar as mãos do bolso, forma de se proteger do frio.
Assustado, o oficial se ajoelhou, pedindo perdão. "Falei que não era tão animal como eles
haviam sido conosco durante o conflito e ele podia seguir tranqüilo", conta, ainda com forte
sotaque.
No caso da Vila Zelina, a aglomeração de lituanos, depois seguidos por russos e ucranianos,
não foi acidental. O dono dos terrenos, Cláudio Monteiro Soares, doou à comunidade a área em
que foi erguida a igreja, em 1935. Católicos, os lituanos, que tinham começado a chegar nove
anos antes, compraram os lotes para ficar próximos de seu templo. Hoje, de acordo com o
padre Petras Ruksys, o Pedrinho, a maioria da comunidade é composta por brasileiros.
"Anteriormente, faziam-se três missas em lituano e uma em português. Agora é o contrário."
Escondida em meio aos prédios da Liberdade, a Catedral Ortodoxa de São Nicolau, nome
do mais importante ícone (equivalente a santo) russo, é um tesouro da comunidade. Com
cúpula dourada, paredes brancas e estilo arquitetônico dos Montes Urais, o templo dirigido pelo
padre Konstatin Bussyguin tem ícones medievais, trazidos pelos imigrantes. Vítimas de
perseguição religiosa por parte do regime soviético, os refugiados da Rússia encontraram no
Brasil um porto seguro.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 113
O curioso é que o refúgio russo, onde também há missas na língua natal aos domingos, fica
na Rua Tamandaré, em pleno coração da Liberdade. Em outro país, talvez isso fosse encarado
como provocação. Os russos, rivais históricos da China, potência socialista contrária a Moscou,
combateram os japoneses na guerra da Coréia, em 1904. No Brasil, porém, as diferenças são
amainadas.
Ninguém ouse, entretanto, ter idéias xenófobas a respeito dos estrangeiros radicados no
País. Embora mantenham sua língua, tradições e cultura, eles se consideram tão brasileiros
quanto os nativos. "O amor pelo Brasil não abafa o amor pela terra natal. Os dois coexistem
tranqüilamente", defende a húngara Eva Tirczka Piller, de 68 anos. O apreço pelo País que a
acolheu é tão forte que a lituana Elena recorda como o momento de maior emoção de sua vida
o dia em que se naturalizou brasileira. "Quando pisei na Avenida Paulista, senti que aquele solo
também era meu. Nunca me senti tão feliz."
OBS: Uma boa sugestão para continuar a pensar sobre o tema é assistir ao filme Casamento
Grego
Proposta de redação
(Ufsm – 2001 - adaptado) É raro encontrar alguém que não tenha dado uma esmola numa
determinada esquina ou semáforo. No entanto, esse gesto provoca polêmica, o que se comprova
por opiniões como as que seguem.
- "A esmola reproduz a cultura do favor, que está na raiz do paternalismo brasileiro, mas,
numa sociedade injusta como a nossa, é preciso ter uma certa dose de generosidade."
- "A esmola é um sinal de que as pessoas ainda não endureceram inteiramente diante da
miséria."
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 114
- "A esmola pode servir para que as crianças continuem na rua e aprofundem sua
marginalização social".
Todas as pessoas, em sã consciência, ficam indignadas com a fome que assola o mundo e
também o Brasil. Estatísticas dão conta de que um terço da população brasileira é mal nutrida,
9% das crianças morrem antes de completar um ano de vida. Herbert de Souza, o Betinho,
afirmou que "Quando uma pessoa chega a não ter o que comer é porque tudo o mais já lhe foi
negado ." É a morte em vida. Instaura-se, dessa forma, uma grande contradição, pois sendo o
Brasil o quinto país em extensão territorial com 8,5 milhões
O BRASIL QUE COME AJUDANDO O BRASIL QUE TEM FOME. (Slogan do Fome
Zero).
Esquema:
2..º § - Argumento 1
3..º § - Argumento 2
4..º § - Fato-exemplo
Tema 08 – Homossexualidade
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 115
Na sociedade moderna, freqüentemente vêm surgindo situações inusitadas, que fogem às regras
e à tradição, assinalando mudanças cada vez mais rápidas nas estruturas, nas relações e nos
valores sociais.
Em 2003, a homossexualidade esteve presente nas discussões diárias: Manoel Carlos, autor
da novela Mulheres Apaixonadas, exibida pela Rede Globo, compôs duas personagens
femininas que são namoradas. A Parada Gay, na Avenida Paulista, contou com muito mais
pessoas, além das que se
já podem casar-se. Não é possível, portanto, ignorar situações tão relevantes, que mexem
com valores, conceitos, direitos e sentimentos das pessoas.
Leia os textos seguintes e elabore uma dissertação em prosa, na qual exponha e fundamente
A força do arco-íris
Os gays já foram considerados criminosos - e julgados por isso. A Inglaterra do século XIX
enforcou dezenas deles. Na mesma época, as autoridades russas mandavam o
muzhelozhstvo(que quer dizer "homem que dorme com homem") passar até cinco anos na
Sibéria. A Alemanha nazista deu aos homossexuais
o mesmo tratamento reservado aos judeus. Num dos mais famosos julgamentos da história,
ocorrido em 1895, o escritor irlandês Oscar Wilde foi acusado de sodomia e comportamento
indecente. Diante do juiz, definiu a atração física entre dois homens como o "amor que não
ousa dizer o nome". Wilde acabou condenado e sentenciado a dois anos de prisão e trabalhos
forçados.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 116
Numa fase seguinte, os homossexuais passaram a ser tratados não mais como criminosos,
mas como doentes, "portadores de uma anomalia" que podia conduzi-los à depressão e ao
suicídio, donos de uma propensão especial à prática de crimes. Somente há pouco mais de dez
anos a Organização Mundial da Saúde retirou o homossexualismo da Classificação
Internacional de Doenças. Atualmente, os especialistas já não discutem o que leva alguém ao
(...)
(...)
Mesmo no Brasil, onde a legislação não é das mais avan-çadas, os gays registram diversas
conquistas. (...) A decisão
mais famosa ocorreu em janeiro do ano passado, após a morte da cantora Cássia Eller. A
Justiça carioca resolveu que Chicão, o filho da cantora, poderia ficar provisoriamente com a
companheira dela, Maria Eugênia Vieira Martins, que viveu com Cássia durante catorze anos.
"A questão da homossexualidade não tem importância", escreveu o juiz na sentença. "O
essencial foi assegurar o interesse superior de Chicão." O respeito aos gays e a seus direitos
produz um efeito imediato na vida deles, mas também inocula na sociedade uma preocupação
crescente em respeitar as diferenças individuais, não apenas de ordem sexual,
O Vaticano lançou hoje uma campanha mundial contra a legalização da união civil
homossexual e pediu aos políticos católicos de todo o mundo que se pronunciem de forma
"clara e incisiva" contra as leis que favorecem casamentos gays.
da Fé.
O documento, aprovado em março passado pelo papa João Paulo II, estabelece que
reconhecer legalmente as uniões civis homossexuais ou equipará-las ao matrimônio "significa
não apenas aprovar um comportamento desviado e convertê-lo em modelo para a sociedade
atual, como também afetar os valores fundamentais que pertencem ao patrimônio comum da
humanidade".
Vaticano, na semana passada, que condena o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os manifestantes estão reunidos na frente da Catedral da Sé. O objetivo da associação é
conversar com os fiéis após a celebração da missa das 12h. Não há estimativa de público.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 118
protestar.
alimentação do shopping Frei Caneca para assistir ao "beijaço" coletivo organizado por
grupos gays em protesto contra o preconceito sofrido por um casal gay na semana passada. Um
casal de homossexuais foi expulso do shopping após um beijo na boca.
(O Globo. 03.08.2003.)
mas não escondem sua satisfação: o tema agora promete ser o divisor de águas da próxima
campanha presidencial, na qual George W. Bush, candidato à reeleição, vai posar como
defensor da família e da moral.
"O casamento é uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher. E vou trabalhar
com os líderes do Congresso
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 119
para fazer o que for legalmente necessário para defender a santidade do casamento",
afirmou Bush, que está na Grã-Bretanha, em visita oficial. Em Washington, o líder da maioria
na Câmara, o republicano Tom Delay, do Texas, anunciou que vai acelerar a votação de uma
emenda constitucional que define o casamento "apenas como a união de um homem e uma
mulher", proposta por Marilyn Musgrave, republicana do Colorado.
Todos os dias, entre nove e dez horas da manhã, pode se ver sair a fila de negros a serem
punidos; vão eles presos pelo braço, de dois em dois, e conduzidos sob escolta da polícia até o
local designado pelo castigo, pois existem em todas as praças mais freqüentadas da cidade
pelourinhos erguidos com o intuito de exibir os castigados, que são em seguida devolvidos à
prisão. Aí o carrasco recebe o direito de pataca por cem chicotadas aplicadas.
De regresso à prisão, a vítima é submetida a uma segunda prova, não menos dolorosa: a
lavagem das chagas com vinagre e pimenta, operação sanitária destinada a evitar a infecção
do ferimento.
JEAN BAPTISTE DEBRET. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, de 1816 até 1831.
Entrevista concedida em 16 de junho de 1995 pelo professor Milton Santos, então titular da
cadeira de Geografia Humana da USP, ao repórter Maurício Stycer, da Folha de São de Paulo.
Ex-professor da Sorbone (Paris), Columbia (Nova York) e Dar-es-Salaam (Tanzânia),
Santos, 69, é hoje uma das mais respeitadas figuras de sua área no mundo. Em 1994, recebeu
no França o prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 120
Santos – Aqui é natural os negros serem tratados de forma subalterna.Você não tem como
reclamar. Se você protesta, é visto como alguém que está perturbando o "clima agradável" que
possa existir nesse ou naquele lugar (...)
Santos – Olhado com desconfiança. Parece que isso faz parte do ethos (caráter peculiar a
determinado povo). A grande aspiração do negro brasileiro éser tratado como um homem
comum. (...)
Folha – Diversos negros bem-sucedidos que entrevistei tendem a considerar que a chave do
sucesso é o esforço pessoal. O que o senhor acha?
Santos – Acho um enorme equívoco. Quando dizem isso, fazem um enorme mal à
comunidade negra. Fica parecendo que para ficar milionário basta fazer esforço e que a
questão pode ser tratada na base do voluntarismo. Neste finaldo século 20, quando a
referência tem um papel evidente que certas formas de esforço são importantes e devem ser
mostradas. Mas é importante mostrar também o mecanismo social que leva a isso.
A partir da relação entre os textos apresentados, faça uma dissertação a tinta, com
aproximadamente 30 linhas. Dê um título.
Leia os textos e faça sua dissertação em prosa, em torno de 30 linhas, sobre o culto da
beleza física. É válido, não é válido, é mais ou menos ou outra coisa? E a moda vem de
longe...
2. "(...) nunca a beleza foi tão imperativa quanto é hoje - é obrigatório ser lindo, magro,
saudável. (...) Por que tal obsessão pela beleza nos dias que ocorrem? Necessidade de afeto,
3. "O império da vaidade: 'Em tempos de ditadura da beleza, o corpo é massacrado pela
indústria e pelo comércio, que vivem de nossa insegurança, impotência e angústia. Criou-se
uma tirania que não suporta quando um cidadão tenta ser feliz como gosta e como pode,
mesmo que seja comendo uma pizza.'"
4. "Os cabelos à moda hippie de algumas mulheres dão uma impressão desagradável de
relaxamento, as roupas manchadas, as unhas maltratadas e os pés geralmente sujos causam em
muitos homens certa aversão. Esquecem-se essas mulheres de que poderiam embelezar o
mundo e encantar os olhos e corações masculinos. Os homens de sensibilidade sentem
necessidade de estar sempre em contato com a beleza e a harmonia, e quando isso não acontece
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 122
5. "O filósofo grego Platão fez eco a Pitágoras, ao dizer que o belo residia no tamanho
apropriado das partes, que se ajustavam de forma harmoniosa no todo, criando assim o
equilíbrio. Esse ideal estaria personificado em Helena, pivô da Guerra de Tróia (...). De tão
deslumbrante, Helena foi elevada à categoria de semideusa no célebre poema épico Ilíada, de
Omero. Sabe-se que a beleza da rainha egípcia, esposa do faraó Amenófis IV, que viveu
catorze séculos antes de Cristo, também se amparava no equilíbrio das formas. O busto com
sua imagem, hoje exposto no Museu Egípcio de Berlim, mostra que tinha o semblante
perfeitamente simétrico e perfil bem delineado, além de maças do rosto salientes e lábios
carnudos - detalhes que remetem ao conceito atual de beleza feminina. A doutrina grega da
beleza comportava, ainda, um outro conceito importante - o da luminosidade. Em Homero,
pode-se ler que 'belas são as armas dos heróis, porque são ornadas e resplandecentes; é bela a
luz do sol e da lua, e belo é o homem de olhos brilhantes'. A luminosidade se tornaria, assim,
um ideal a ser perseguido, principalmente na pintura renascentista. (...)
Muitos estudiosos vão à frente nessa teoria e afirmam que atualmente, mais do que nunca, a
aparência física é levada em conta não apenas no terreno do amor e do sexo, mas em todos os
relacionamentos pessoais."
O Que É O Que É
(...)
Viver
Eu sei
e será
(...)
Luiz Gonzaga Jr. (Gonzaguinha)
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 124
Redija um texto dissertativo, sobre o tema “ Viver e Aprender”, no qual você exponha suas
idéias de forma clara, coerente e em conformidade com a norma culta da língua, sem se remeter
a nenhuma expressão do texto motivador “O Que É O Que É”.
Dê um título à sua redação, que deverá ser apresentada a tinta e desenvolvida na folha
anexa ao Cartão-Resposta. Você poderá utilizar a última página deste Caderno de Questões
para rascunho
O encontro Vem ser cidadão reuniu 380 jovens de 13 Estados, em Faxinal do Céu-PR. Eles
foram trocar experiências sobre o chamado protagonismo juvenil.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 125
O termo pode até parecer feio, mas essas duas palavras significam queo jovem não precisa
de adulto para encontrar o seu lugar e a sua formade intervir na sociedade. Ele pode ser
protagonista.
Eu não sinto vergonha de ser brasileiro. Eu sinto muito orgulho. Mas eu sinto vergonha por
existirem muitas pessoas acomodadas. A realidade está nua e crua (...) Não dá para passar e ver
uma criança na rua e achar que não é problema seu. ( E.M.O.S. – 16 anos, Minas Gerais)
A maior dica é querer fazer. Se você é acomodado, fica esperando cair no colo, não vai
acontecer nada. Existe muita coisa para fazer. Mas primeiro você precisa se interessar. (C.S.
Jr., 16 anos, Paraná)
Ser cidadão não é só conhecer os seus direitos. É participar, ser dinâmico na sua escola,
no seu bairro. (H.A., 19 anos, Amazonas)
A redação deverá ser apresentada a tinta na cor azul ou preta e desenvolvida na folha
grampeada ao cartão-resposta. Você poderá utilizar a última página deste caderno de questões
para rascunho.
“Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito.
Quero ser mecânico”.
Entender a infância marginal significa entender porque um menino vai para a rua e não à
escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros
fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a
diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
Gilberto Dimenstein.O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19a. edição.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 127
Observações:
Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita
culta da língua.
TEMA
Bonnie nasceu nesses dias em que a morte rondou-nos com sua brutal e irredutível presença.
Em sua ovina, alva e simbólica inocência, ela surgiu na TV e nos jornais, ao lado da mãe,
Dolly. Nenhuma das duas suspeita de onde veio e para onde irá. Não se indagam, não
formulam, não têm angústias: são apenas ovelhas, viverão e morrerão.
Para os humanos, contudo, Dolly e Bonnie são mais do que dois límpidos e pacíficos animais.
São um novo episódio do ancestral duelo que a humanidade trava contra a natureza. Um ensaio
divino da razão, uma esperança, possivelmente vã, de que um dia o destino humano complete-
se e triunfe sobre a mãe criadora.
Até lá, porém, continuará a conviver com a morte, esse defeito irrevogável da criação,,.
Ita
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 128
1. Aos 9 anos comecei a tentar trabalhar. Ajudava um vizinho que fazia doce de banana e de
mamão para vender na feira. Na hora de lavar aqueles tachos enormes de cobre, os filhos e os
netos dele achavam feio fazer trabalho de mulher _ arear a panela, com areia mesmo, porque
Bombril vim conhecer só aqui no Rio. Eu ganhava aquele dinheirinho para a merenda. Também
quebrei pedra _ é, pedra mesmo. Lá no sertão não tinha máquina para fazer concreto, era tudo
na mão. Os homens gritavam fogo na hora de estourar a pedreira e todo o mundo da vila se
escondia debaixo das camas. Quando acabava o estouro, a gente corria com cesto ou lata para
pegar os pedaços de pedra, trazia para o quintal, quebrava tudo com a mão e esperava o
medidor que vinha pesar as latas. ( Veja, Especial Mulher, _ set/ 1994)
2. Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto
caracterizam, no Brasil, os trabalhos rurais. Espelhava bem essas condições o fato, notado por
alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantes se distribuíam as coisas
mais disparatadas deste mundo, e era tão fácil comprarem-se ferraduras a um boticário como
vomitórios a um ferreiro. Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida inteira a um só mister
sem se deixarem atrair por outro negócio aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os
casos em que um mesmo ofício perdurava na mesma família por mais de uma geração, como
acontecia normalmente em terras onde a estratificação social alcançara maior grau de
estabilidade. ( Holanda, Sérgio Buarque de, Raízes do Brasil, Rio de Janeiro: José Olympio,
1978)
3. Muito diferente da concepção anglo-saxã que equaciona trabalho ( work) com agir e fazer,
de acordo com sua concepção srcinal. Entre nós, porém, perdura a tradição católica romana e
não a tradição reformadora de Calvino, que transformou o trabalho como castigo numa ação
destinada à salvação. Para nós, brasileiros, que não nos formamos nessa tradição calvinista,
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 129
achamos que o trabalho é um horror. ( Da Matta, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de
janeiro, Rocco, 1984)
4. Os executivos estão desfrutando cada vez menos o período de férias. É o que aponta uma
pesquisa feita pelo grupo Catho, especializado em Recursos Humanos, com 1.356 profissionais
em todo o país. Os resultados revelam que o descanso tradicional de 30 dias já virou utopia
para muitos: 57,5% dos entrevistados tiraram férias de apenas duas semanas ou menos nos
últimos 12 meses. Outros 21% não tiraram um dia sequer. Gerentes, supervisores e
profissionais especializados _ como advogados, contadores e engenheiros _ são os que menos
dão pausa no trabalho durante o ano. ( Folha de São Paulo, 17/5/98)
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• TEMA DE REDAÇÃO
TEXTO I: "A ciência não deve ser limitada por conceitos éticos. O cientista tem de
gozar de plena liberdade para levar a cabo suas pesquisas e experimentos, não
TEXTO II: "Compete à sociedade vigiar o cientista. Está é aúnica forma de coibir
pesquisas que possam transgredir as normas éticas que preservam a coesão social das
comunidades. Progresso não significa o avançocientífico em detrimento da Ética; o
verdadeiro avanço da civilização consiste em respeitar as coordenadas da
moralidade".
ENTENDA O TEMA
O primeiro texto defende que a pesquisa científica não deve ser policiada pela ética; o
segundo, pelo contrário, coloca a Moral acima do progresso científico.
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TEMAS DE REDAÇÃO:
Texto 2: "As novelas da televisão são, hoje, o que foram os 'folhetins' do século XIX: o
divertimento das classes semi-letradas e semi-cultas das diversas sociedades que formam a
comunidade mundial"
Texto 3: "A televisão é a máquina de fazer loucos" (Stanislau Ponte Preta, notável humorista
brasileiro)
Muitas pessoas podem pensar na Sétima Arte apenas como entretenimento, como forma
de passar o tempo, mas o cinema pode ser um valioso aliado no estudo de redação. Assim
como os livros, os filmes também são feitos baseados em temáticas que podem ou não estar
vinculadas à nossa realidade. Temos a seguir uma relação de filmes que podem servir de
incentivo à reflexão sobre temas polêmicos. A lista é, logicamente, incompleta, mas serve para
dar uma visão panorâmica de alguns temas que podem ser abordados em vestibulares. Os
filmes nacionais vêm seguidos da indicação (BR)
RELACIONAMENTO FAMILIAR
- Pequeno Dicionário Amoroso (BR)
- Perdas e Danos
- Traição (BR)
- De olhos bem Fechados
- Eu – o Filme (BR)
- A Partilha (BR)
- Os Normais (BR)
- Um Amor para recordar
- O Filho da Noiva
- Bicho de sete cabeças (BR)
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 132
- A Corrente do bem
- Baixio das Bestas (BR)
DOGMAS RELIGIOSOS
- O Padre
- Dogma
- Estigmata
- O Último Portal
- A Última Tentação de Cristo
- A Missão
- Rainha Margot
- Por um Fio
- O Pagador de Promessas (BR)
- O Auto da Compadecida (BR)
- Seven
- O exorcista
- Em nome de Deus
BRASIL
- Central do Brasil (BR)
- Pixote – A Lei do mais Fraco (BR)
- Quem matou Pixote? (BR)
- O Que é isso, Companheiro? (BR)
- Lamarca (BR)
- Cidade de Deus (BR)
- Cronicamente Inviável (BR)
- Uma onda no ar (BR)
- Olga (BR)
- O ano em que meus pais saíram de férias
ÉTICA
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 133
- O Homem Bicentenário
- Matrix
- O Professor Aloprado
- Patch Adans – O Amor é Contagioso
- O Todo-Poderoso
- Um ato de coragem
- Inteligência Artificial
- A Ilha
- Jogos Mortais
- O Albergue
- Avatar
HOMOSSEXUALISMO
- O Eclipse da Paixão
- Assunto de Meninas
- A Lei do Desejo
- Má Educação
SISTEMA EDUCACIONAL
- A Sociedade dos Poetas Mortos
- Mudança de Hábito II
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 134
- Escritores da Liberdade
DE OLHINHO FECHADO
(Dalton Trevisan)
No sábado, com dor de cabeça, não fui para o emprego. Fiquei deitada quietinha no
quarto escuro. A minha filha de cinco anos chegou da escola e entrou no quarto. Sentou-se no
canto da cama: Mãe, eu tenho uma coisa pra te contar. Pela voz chorosa e trêmula, senti logo
um aperto no coração.
Sou viúva. Tinha um namorado, João, quer passava os fins de semana comigo. No
sábado, depois do almoço, eu saía para o trabalho. Deixava-o cuidando da menina.
Daí ela contou que o João sentava-se no sofá e ligava a tevê. Punha-a no colo e ficava
passando as mãos pelo seu corpo. Primeiro sobre a roupa e depois por baixo. O tempo todo
gemia e falava bobagem.
Mandava que tirasse o vestidinho e se deitasse no sofá. Olhava-a de longe e vinha aos
poucos se chegando. Beijava e babava o seu rosto. Acariciando e lambendo o corpo, baixava-
lhe a calcinha.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 135
Para não apanhar – Se você não deixa, eu te rasgo todinha! E não grite que eu te mato!
– A coitadinha fechava os olhos e chorava. Sentia alguma coisa no meio das pernas, mas não
tinha coragem de ver o que era.
O João dizia que estava com muito calor e queria tomar banho. Entrava com ela debaixo
do chuveiro e a esfregava devagarinho. Depois a vez dela, o que não era fácil, de olhinho meio
fechado.
Isso desde antes do Papai Noel. Ai, sim, tantos meses... ele jurou que matava direitinho
as duas, se a guria me contasse. Com a faca de ponta ali na gaveta da cozinha.
O que ela podia? Uma criança, cinco aninhos, já pensou? Só obedecer e chorar. E sentia
as lágrimas quentes que rolavam sob as pálpebras descidas.
Só agora, que briguei com ele e que não vem mais aqui, a pobrinha achou coragem de
me dizer tudo. Bem ela pedia todo sábado que a professora a deixasse ficar na escola, mas não
era atendida.
Daí perguntei por que nunca ela gritou para chamar a vizinha. Ele podia até acabar
comigo, respondeu. E eu ia deixar que matasse a minha mãezinha?
Tema geral:
Tipologia textual:
Críticas sociais:
Técnica:
O uso de substâncias que alteram o estado mental para fins médicos, sociais, culturais e
religiosos é relatado há muito tempo. Atualmente o fácil acesso a vários tipos de drogas vem
contribuindo para o aumento do uso de tais substâncias por adolescentes
O adolescente em nossa sociedade usa drogas por diversos motivos:
· aspiração da condição de adulto (a droga é vista como símbolo de maturidade);
· independência do domínio parental (a droga é vista como facilitadora do processo);
· aceitação pelo grupo de amigos;
· redução do estresse;
· fuga e rebelião contra o sistema;
· busca pelos limites das suas capacidades cognitivas.
Mais de 90% dos adolescentes já experimentaram drogas, na forma de álcool ou maconha, em
alguma época de sua vida. Os esforços para conter seu uso devem ser voltados para a
prevenção, uma vez que é mais fácil resistir às pressões para usar drogas do que interromper
seu uso.
Um dado alarmante que vem acometendo a sociedade é o crescente consumo de drogas entre
crianças escolares. Este fato parece estar ligado ao aumento do número de crianças vivendo nas
ruas e pelo recrutamento destas crianças para trabalho no tráfico de drogas.
Por que os adolescentes se tornam usuários de drogas?
O uso continuado de uma droga depois que ela é experimentada geralmente sugerem problemas
graves que podem estar motivando ou complicando o uso da mesma. Por exemplo, o uso de
drogas é mais comum entre adolescentes deprimidos assim como entre aqueles que susceptíveis
a um comportamento problemático.
Na avaliação de um adolescente que é descoberto abusando de drogas, devem ser considerados
os seguintes aspectos:
· o tipo de droga usada;
· as circunstâncias do uso;
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 137
seu uso limitado em quantidade, em situações e evitar seu uso durante a condução de veículos
motorizados. Os esforços devem ser baseados em informações objetivas e realistas sobre as
complicações médicas do uso de drogas, além de estratégias que ensinam os adolescentes mais
jovens a resistir à pressão dos mais velhos para experimentar drogas, uma vez que as técnicas
de amedrontação se mostraram falhas.
Classificação
O usuário de drogas, de uma maneira geral, pode ser "rotulado" de acordo com a freqüência em
que faz uso destas substâncias:
-usuário experimentador: é aquele que, como o próprio nome diz, fez uso de maneira isolada da
substância psicoativa e por determinada razão não tornou a utiliza-la.
-usuário ocasional: é o tipo de usuário que utiliza a droga de uma maneira intermitente,
geralmente em festas ou situações especiais.
-usuário habitual: o consumo da substância passa a fazer parte da rotina diária do usuário. A
maioria das suas atividades esta ligada ao uso da droga ou a tem como atividade principal.
-usuário dependente: a substância psicoativa tem interferência direta na vida do usuário. Este
não consegue ficar sem a substância, entrando em crise de abstinência se ficar certo período de
tempo sem utilizar a droga.
Tratamento
O tratamento agudo é individual para cada tipo de droga, já o crônico é baseado em esquemas
de internação e acompanhamento ambulatorial. O aspecto mais importante deste tratamento
consiste na avaliação médica continuada após a desintoxicação e o oferecimento de sistemas de
apoio psicossocial apropriados ao nível de desenvolvimento dos pacientes.
Tipos de drogas
1) Opiáceos:
Seu uso vem diminuindo nos últimos tempos, embora a magnitude e a variedade de seqüelas
médicas justifiquem uma atenção continuada. Seu principal efeito se reproduz como euforia e
analgesia. Geralmente é administrada por meio de inalação (efeito após 30 minutos),
subcutânea (efeito dentro de minutos) e intravenosa (efeito imediato).
Após um período de 8 horas ou mais de abstinência, o indivíduo sofre, durante um período de
24-36 horas uma série de alterações fisiológicas, a síndrome de abstinência. A principal causa
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 139
de morte por opióide é a síndrome de overdose, caracterizada por uma reação aguda de estupor
ou coma, convulsões, depressão respiratória, cianose e edema pulmonar.
2) Alucinógenos
Fenciclidina (poeira-de-anjo): geralmente feita em laboratórios domésticos, causa cólicas,
diarréia e vômitos. Geralmente está disponível em forma de comprimidos, líquido ou pó e pode
6) Tabagismo
A taxa de fumantes entre as mulheres vem crescendo devido ao seu efeito emagrecedor. Além
disso, causa tosse crônica, aumenta a produção de muco e a sibilância, elevando a mortalidade
e morbidade pré-natal. Quando combinado ao uso de contraceptivos orais, está associada à
maior mortalidade por infarto do miocárdio.
Tabaco sem fumaça (fumo de mascar): pode levar a lesões, principalmente na prega mucobucal
mandibular e estas podem se malignizar.
7) Álcool
Seu uso vem aumentado na última década e constitui uma ameaça às atividades normais dos
adolescentes, bem como às vidas das pessoas colocadas em perigo por motoristas bêbados. O
uso crônico pode culminar em cirrose e câncer hepático.
Síndrome de abstinência (após uso diário por semanas): ocorre 8 horas após a última dose e
dura até 48 horas, gera ansiedade, tremor, insônia e irritabilidade.
8) Esteróides anabolizantes
Prevalente no sexo masculino, seu uso está baseado na busca por melhor desempenho atlético.
Efeitos físicos adversos: anormalidades do fígado (carcinoma), efeitos endócrinos, do
crescimento (devido à aceleração do fechamento epifisário), entre outros. Além disso, podem
ocorrer efeitos psicológicos como depressão, mania, flutuações do humor, alterações da libido e
ódio incontrolável.
Como tornar o Brasil uma nação letrada? É o título de um documento de Ottaviano Carlo
De Fiore, secretário do Livro e Leitura. Honestamente, eu nem sabia que o Ministério da
Cultura tinha um secretário do Livro e Leitura.
Mas tem. Sua principal tarefa é “acompanhar, avaliar e sugerir alternativas para as
políticas do livro, da leitura e da biblioteca”. Foi exatamente o que Ottaviano Carlo De Fiore
tentou fazer em seu documento, estudando maneiras de aumentar o interesse por livros no
Brasil. Cito um trecho: “É fundamental que nos meios de massa, políticos, estrelas,
sindicalistas, professores, religiosos, jornalistas (através de depoimentos, conselhos,
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 141
RÉU CONFESSO
Tim Maia
ANOREXIA NERVOSA
Dráuzio Varela
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 142
Anorexia nervosa
Sintomas
·Perda exagerada de peso em curto espaço de tempo sem nenhuma justificativa. Nos casos mais
graves, o índice de massa corpórea chega a ser inferior a 17;
·Recusa em participar das refeições familiares. Os anoréxicos alegam que já comeram e que
não estão mais com fome;
·Preocupação exagerada com o valor calórico dos alimentos. Esses pacientes chegam a ingerir
apenas 200kcal por dia;
·Interrupção do ciclo menstrual (amenorréia) e regressão das características femininas;
·Atividade física intensa e exagerada;
·Depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos;
·Visão distorcida do próprio corpo. Apesar de extremamente magras, essas pessoas julgam-se
com excesso de peso;
·Pele extremamente seca e coberta por lanugo (pêlos parecidos com a barba de milho).
Causas
Diversos fatores favorecem o aparecimento da doença: predisposição genética, o conceito atual
de moda que determina a magreza absoluta como símbolo de beleza e elegância, a pressão da
família e do grupo social e a existência de alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente
nas concentrações de serotonina e noradrenalina.
Recomendações
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 143
·Algumas profissões são consideradas de risco para a anorexia. Bailarinas, jóqueis, atletas
olímpicos, precisam estar atentos para a pressão que sofrem para reduzir o peso corporal;
·A faixa etária está baixando nos casos de anorexia. A família precisa observar especialmente
as meninas que disfarçam o emagrecimento usando roupas largas e soltas no corpo e se
recusam a participar das refeições em casa;
·Às vezes, os familiares só se dão conta do que está acontecendo quando, por acaso,
surpreendem a paciente com pouca roupa e vêem seu corpo esquelético, transformado em pele
e osso. Nesse caso, é urgente procurar atendimento médico especializado;
·O ideal de beleza que a sociedade e os meios de comunicação impõem está associado à
magreza absoluta. É preciso olhar para esses apelos com espírito critico e bom senso e não se
deixar levar pela mensagem enganosa que possam expressar;
·Se o paciente anoréxico estiver correndo risco por causa da caquexia e dos distúrbios
psiquiátricos deve ser internado num hospital para tratamento médico.
Tratamento
A reintrodução dos alimentos deve ser gradativa. Caso contrário provocaria grande sobrecarga
cardíaca. Às vezes, é necessária a internação hospitalar para que essa oferta gradual de calorias
seja controlada por nutricionistas. Não há medicação específica para a anorexia nervosa.
Medicamentos antidepressivos podem ajudar a atenuar sintomas depressivos, compulsivos e de
ansiedade. Em geral, o tratamento de pacientes anoréxicos exige o trabalho de equipe
multidisciplinar.
Operário em Construção
Vinícius de Moraes
POLÍCI A BRITÂNIC
PEDOFILIA ONLINEA ALERTA PARA RISCO DE
Por Michael Holden
"É para esses sites que os pedófilos vão, sabedores de que neles é possível procurar e
encontrar crianças pequenas", disse o detetive inspetor Brian Ward.
Ainda que os grandes sites disponham de medidas de segurança, os pedófilos
usualmente conseguem evitá-las. Quando conquistam a confiança da criança, os homens
entram em contato privado com elas por meio de serviços de mensagens instantâneas como
os do Yahoo! e MSN.
Jeffrey diz que 31 por cento das pessoas com idade entre nove e 19 anos haviam
recebido mensagens de conteúdo sexual enquanto usavam a Internet, mas apenas 7 por
cento dos pais sabiam disso.
A I!#"OSÃO DA !ENTIRA
Affonso Romano de Sant’Anna
Mentiram - me.
Mentiram - me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo impunemente.
Não mentem tristes,
alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acho que mentindo história afora,·vão enganar a morte eternamente.
Mentem, mentem e calam,
mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade
em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns
é cara e escura,
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 148
permanentemente.
Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente,
mentem como a doença ao doente,
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma
lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na mão
o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos
seus instantes de febre,
mentem fabulosamente
como o caçador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a caça é que
caça o caçador
e assim cada qual mente indubitavelmente.
Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir
tão bravamente
constroem um país de mentiras diariamente.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 149
PEQUIM – Embora os italianos tenham fama de mais belos do mundo, não são eles
os mais vaidosos. Esse terreno vem sendo ocupado por outro biotipo físico. Os homens
chineses, cujas características são bem distintas dos latinos, avançam no terreno dos
metrossexuais e já são considerados, de acordo com uma pesquisa, os campeões mundiais
na frente do espelho.
Os chineses gastam, em média, oito minutos por dia só para se admirar no espelho,
em especial os que vivem em áreas urbanas. Os novos metrossexuais do planeta não
poupam o bolso na hora de tentar dar um toque na aparência. Eles chegam a gastar 80 Iuans
(cerca de US$ 10) por mês em produtos de beleza, informa a agência de notícias Xinhua.
Pesquisa
A pesquisa estudou homens entre 18 e 60 anos em sete grandes cidades chinesas e foi
realizada pelo Horizon Research Consultancy Group em parceria com uma companhia de
moda e mídia de Xangai. O chinês não é mais um povo que só curte o corpo através das
artes marciais, como revelava os filmes das décadas de 1970 e 1980.
Os moradores de Pequim e de Xangai, principais cidades do país, ficaram empatados
na avaliação sobre quem seria o mais vaidoso. Nesses dois centros, os homens vão e vem
na frente do espelho.
17 minutos
Os habitantes da capital chinesa vão às compras para cuidar do corpo com mais
freqüência. Eles gastam mais em cosméticos, numa média de 119 Iuans por mês, ou US$
148,7. Os homens de Xangai, por sua vez, não desembolsam tanto, porém, eles passam
mais tempo na frente do espelho: cerca de 17 minutos por dia ou mais de uma hora a cada
quatro dias.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 150
O VERBO FOR
João Ubaldo Ribeiro
Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.
- Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra - dizia ele ao entanguido
vestibulando.
- "Catilina, quanta paciência tens?" - retrucava o infeliz.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 151
Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a
platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.
- Ai, minha barriga! - exclamava ele. - Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha
asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor
meu Pai!
Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a
enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de
barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um
latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.
O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do
candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português
até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um
cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:
- Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino
Nacional!
- As margens plácidas - respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a
xícara.
- Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?
- Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as
margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem
te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...
- Chega! - berrou ele. - Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de
Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de
português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje
considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e
trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo,
muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima.
Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam
ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural
de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 152
responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra
"for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir
qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.
- Esse "for" aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a
Dizem por aí que todo homem tem seu preço. Há quem vá mais longe afirmando que
alguns homens são vendidos a preço de banana. Sempre esperei, na vida, o dia da Grande
Corrupção, e confesso, decepcionado, que ele nunca veio. A mim só me oferecem causas
abaixo e depois conclua sobre sua própria personalidade: você é um corrupto total ou um
idiota completo? (Não há meio-termo.) Conte 10 pontos para cada resposta certa (você é
quem decide qual é a certa) e verifique depois o grau de sua corruptibilidade. Nota: Se você
roubar neste teste, é porque sua corrupção é mesmo absolutamente incorruptível.
A) Você descobre que o chefe do seu departamento está com um caso complicado com a
secretária do outro chefe em frente. Você: 1) Finge que não viu nada. 2) Diz à secretária
que ou também está nessa ou vai botar a boca no mundo. 3) Oferece o seu sítio ao chefe pra
ele passar o fim de semana. 4) Bota a boca no mundo. 5) Insinua ao chefe que há a perigosa
hipótese de a mulher dele vir a saber (e enquanto isso põe a promoção embaixo do nariz
dele pra ele assinar).
B) Você acha que a Lei e a Ordem é uma mística social maravilhosa para: 1) Impor a lei e a
ordem. 2) Acabar com a grita dos descontentes. 3) Grandes oportunidades de ganhar algum
por fora. 4) Dividir o bolo entre os íntimos sem ninguém de fora piar.
C) A primeira vez em que você ouviu falar do escândalo de Watergate você disse: 1) Isso é
que é país! 2) Como é que o governo americano permite uma imprensa dessas? Isso
desmoraliza um país! 3) Eu não compraria um carro usado desse Nixon. 4) Isso jamais
aconteceria entre nós. 5) Quanto terão levado esses caras pra se arriscarem dessa maneira?
triplicar o seu salário. Você: 1) Recusa, indignado, por pensarem que é tudo uma questão de
dinheiro. Só ficará se eles derem também as três viagens anuais à Europa a que todos os
diretores têm direito. E participação nos lucros retidos da companhia. 2) Diz que,
evidentemente, isso e uma prova moral de que eles estão de acordo com você. O dinheiro,
aí é definitivo como demonstração de confiança na sua gestão. 3) Pede para pensar 5
minutos antes de dar a resposta. 4) Explica que tem mulher e filhos e não pode manter um
pedido de demissão feito, afinal de contas, por motivos tão irrelevantes.
F) Há uma diferença fundamental entre fraudar e evitar o imposto de renda. Quando você
descobriu isso, você: 1) Ficou indignado com as possibilidades de os poderosos usarem
tudo a seu favor. Como é que se pode escamotear um ordenado? 2) Começou a estudar
furiosamente a legislação para descobrir todos os furos. 3) Tinha 11 anos de idade e estava
terminando o curso primário. 4) Nunca mais pagou um tostão de imposto.
G) Você dá uma nota de 10 pra pagar o jornal, no jornaleiro velhinho da banca da esquina,
e percebe que ele lhe deu 50 como troco. Você imediatamente: 1) Corrige o erro do
velhinho? 2) Reclama chateado aproveitando a gagaíce do vendedor: "Pô, eu lhe dei uma
nota de 100?" 3) Chega em casa e manda todos os seus filhos comprarem vários jornais? 4)
Bota o dinheiro no bolso e fica freguês?
H) Você teve que fazer um trabalho na rua, não pôde almoçar, comeu um sanduíche. Você
apresenta a conta na companhia: 1) Um sanduíche — 3 cruzeiros. 2) Almoço — 32
cruzeiros. 3) Almoço com o representante da A&F Ltda. — 79 cruzeiros. 4) Despesas
gerais — 143 cruzeiros.
I) Quando o desfalque dado pelo auditor geral (8.000.000 pratas) chega a seus ouvidos você
murmura: 1) "Idiota, se deixar apanhar assim". 2) "Será que eles vão descobrir também os
meus 10.000?". 3) "Se ele tivesse me dado 10% eu tinha feito o negócio de maneira que
ninguém nunca ia descobrir". 4) "Eu fiz bem em não entrar no negócio".
Conselho de amigo:
Quando alguém, na rua, gritar "Pega ladrão!", finge que não é com você.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 155
Como é que o servo de Deus deve encarar este novo meio de comunicação? Algumas
pessoas o consideram uma ferramenta do Diabo. Outros vêem a Internet como uma
oportunidade para comunicar com outras pessoas, até sobre os assuntos mais importantes,
os que vêm da palavra do Senhor. O propósito deste artigo é tentar colocar em perspectiva a
Internet, considerando alguns princípios bíblicos que devemos lembrar quando avaliamos e
usamos essa rede internacional.
O que é a Internet?
Qualquer coisa boa que pode ser comunicada entre seres humanos vai longe com grande
facilidade pela Internet. Ela serve como ferramenta poderosa para manter contato entre
parentes e amigos separados por grandes distâncias. É útil na pesquisa educacional,
profissional e até religiosa, pois oferece acesso rápido a muitos textos e imagens de todos
os cantos do mundo. Este artigo que você está lendo apareceu na Internet antes de ser
distribuído pelo correio na edição tradicional do boletim. Notícias de qualquer lugar no
mundo chegam em poucos instantes, permitindo um contato maior entre pessoas.
A capacidade de se comunicar com palavras é um presente que Deus deu aos homens desde
a criação do primeiro casal. Tudo que a Bíblia fala sobre o uso da língua deve ser aplicado
à comunicação pela Internet. "Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com
o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. . . . Não saia da vossa boca
nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a
necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Efésios 4:25,29). "Todo homem,
pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar; tardio para se irar.... Se alguém supõe ser
religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua
religião é vã." (Tiago 1:19,26).
Sabemos que a língua é difícil de controlar e que ela facilmente machuca outras pessoas
(Tiago 3:1-12). A Internet apresenta uma tentação enorme para quem não aprendeu segurar
a língua. Qualquer mensagem, mesmo mentiras, fofocas, e falsas acusações, pode chegar ao
outro lado do mundo em meros segundos. E, pior que a conversa particular ou por telefone,
neste ponto a Internet facilita a comunicação a centenas ou milhares de pessoas em poucos
instantes.
Qualquer coisa que o homem pode imprimir no papel pode ser colocada na Internet.
Pesquisas, literatura, notícias, etc. se encontram na Internet. Mas, há alguns perigos neste
aspecto da rede.
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 157
A Internet pode contribuir à solidão. Parece engraçado! Uma ferramenta que abre portas
de comunicação com o mundo inteiro acaba, muitas vezes, criando mais isolação e solidão.
Na segurança do próprio lar, uma pessoa pode se comunicar com muitos sem ter contato
pessoal com ninguém. Deus nos criou como seres sociais, precisando de contato com outras
pessoas. Por isso, ele nos deu o casamento, a família e a igreja. Nós precisamos de outras
pessoas. Uso descontrolado da Internet rouba as pessoas deste contato essencial com outros.
A melhor sugestão sobre o uso da Internet foi feita mais de 1.900 anos antes dela! Paulo,
um dos apóstolos do Senhor, disse: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o
que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso
pensamento" (Filipenses 4:8). Seria bom se tivesse como colar este versículo do lado do
monitor de cada computador no mundo. Este mandamento de Deus exige uma preocupação
da nossa parte quando assistimos à televisão, escutamos música ou entramos na Internet.
Mas, de todos esses meios de comunicação, é a Internet que exige mais cuidado. Algumas
sugestões:
Pais devem sempre supervisionar o uso da Internet por crianças e jovens. Imagine uma
banca de jornais com milhares de revistas pornográficas, livros que incentivam a adoração
de Satanás, e outros que ensinam como conseguir armas e fazer bombas, junto com uma
locadora de vídeos igualmente maus. Agora, imagine a seguinte placa na frente deste
comércio: "Entrada franca para pessoas de qualquer idade. Toda a nossa mercadoria é de
graça. Fique à vontade e leve o que quiser!"Infelizmente, a Internet, mal-usada, pode ser
exatamente assim. Pesquisas mostram que qualquer pessoa, até uma criança, pode acessar
textos, imagens e conversas absolutamente horríveis, sem pagar nada. Existem programas
para facilitar os esforços dos pais a controlar o acesso dos filhos aos sites inapropriados,
mas não há garantia que sempre conseguem identificar e bloquear as coisas erradas. Uma
boa regra é de não deixar os filhos usar a Internet se não tiver um dos pais presente
supervisionando.
Qualquer usuário deve controlar seu tempo na rede, nunca deixando de fazer as coisas
mais importantes. Enquanto a Internet oferece coisas que podem ajudar no estudo da Bíblia,
ninguém deve se enganar pensando que tempo navegando de um site para outro é tempo
investido no estudo das Escrituras. Clique em "desconectar" e abra a sua Bíblia! "Portanto,
vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o
tempo, porque os dias são maus" (Efésios 5:15-16).
CURSO MÉTODO VESTIBULARES 159
Mantenha o computador de sua família num lugar aberto e acessível. "E não sejais
cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles
fazem em oculto, o só referir é vergonha. Mas todas as coisas, quando reprovadas pela
Conclusão
Deus criou a comunicação humana para o nosso bem. Desde Gênesis 3, o Diabo tem
pervertido este dom de Deus para envolver o homem no pecado. A Internet é um meio de
comunicação. Pode ser pervertido pelos servos de Satanás, ou bem empregado pelos servos
de Deus.
DANIELLE CHEVRAND
da Fundação Banco do Brasil
Jovens do bairro de São Pedro, periferia de Teresina, capital do Piauí, estão trocando
o vício das drogas por um outro, de alto valor cultural. O que os entorpece agora são os 21
computadores da estação digital montada no bairro, em julho deste ano, pela Fundação
Banco do Brasil, em parceria com a ONG Movimento pela Paz na Periferia, a Secretaria de
Administração de Teresina e o Movimento Meninos e Meninas de Rua. Se antes os
meninos entravam na sala, emprestada pela Secretaria de Administração da cidade, para
roubar aparelhos de videocassete e até ventiladores para sustentar o vício, hoje eles vivem
uma realidade bem contrária: invadem a sala para aprender informática. O bairro de São
Pedro foi o primeiro do Brasil a receber uma escola do Programa de Inclusão Digital da
FBB. Hoje, 10 estações digitais já oferecem cursos e serviços de informática a crianças e
adultos. As salas têm de 10 a 30 computadores. Na última quarta-feira, dia 24, mais uma
Para cobrir esta demanda, ações como a da FBB têm feito a diferença. Segundo
Germana, a Fundação emprega, em média, 40 mil reais para montar uma escola digital com
computadores novos. Por seis meses, os gastos com internet e bolsas para os monitores são
financiados pela entidade. Depois desse tempo, a escola tem de passar a se auto-sustentar,
mas continua sendo permanentemente vistoriada pela Fundação. Para instalar o centro, a
FBB procura fazer parcerias com organizações locais – prefeituras ou empresas –, que
fornecem o espaço para as salas e arcam com gastos com eletricidade, água e impostos. São
estas organizações que escolhem os programas que vão usar em seus computadores. Podem
optar por softwares proprietários – que exigem o pagamento pelo uso, como, por exemplo,
os programas da Microsoft –, ou pelo software livre – que pode ser manipulado de acordo
com os interesses dos usuários. Uma vez que opte pelo software proprietário, a entidade
deve se comprometer a pagar as licenças de uso.
“O assunto auto-sustentabilidade é tratado desde o primeiro encontro com a entidade
disposta a ser parceira da Fundação. Então, ao longo dos seis meses em que a FBB ajuda a
financiar o programa, monitores de todas as escolas fazem encontros para elaborar a melhor
forma de manter suas salas. Uns contam com o apoio de cooperativas de artesãos, outros
fazem acordos com empresas ou com prefeituras. Até autorizamos que, para ajudar nas
despesas da estação, seja cobrada uma taxa simbólica proporcional ao valor que o usuário
possa pagar, desde que nunca se impeça o acesso de quem não tem dinheiro”, contou
Germana.
Mesmo recente, o Programa de Inclusa Digital da FBB já tem gerado resultados
satisfatórios. A coordenadora observa que, depois de certo tempo, a comunidade realmente
entende a importância das estações e por isso Germana não teme que um dia elas se tornem
fonte de renda para aproveitadores.
“Eu vejo que a comunidade se apropria das estações, que elas passam a ficar acima de
qualquer questão política ou partidária. A partir daí, a própria comunidade protege aquele
lugar. Mesmo assim, se a Fundação notar que há alguma irregularidade, os computadores
são transferidos para outra comunidade”, pondera Germana Macena.
Um novo vício
moradores conseguiram estabelecer uma parceria com uma empresa de ônibus para
transportar gratuitamente a criançada das comunidades distantes até as salas de aula. Hoje,
os 21 computadores ligados à internet servem de laboratório para 300 crianças, que são
divididas em 15 turmas. Nelas, as crianças aprendem as ferramentas do programa Open
Office – um software livre semelhante ao Office da Microsoft – e da internet e podem fazer
Francisca Pereira de Melo, a Chiquinha, 22, nasceu em São Luís (MA) e é empregada
doméstica em São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo). Quando tinha 18
anos, sua patroa falou de um curso chamado Promotoras Legais Populares, sobre direitos da
mulher. "Fiquei interessada porque era um curso para mulheres, e a gente não vê muito
disso por aí", diz.
Após participar de encontros semanais durante um ano, Chiquinha aprendeu assuntos
que nem sabia que existia. "Descobri que as mulheres têm direito a licença-maternidade,
por exemplo." Com o novo conhecimento, ela passou a ajudar outras pessoas, como a sua
cunhada, quando esta se separou do marido, orientando-a sobre os órgãos que deveria
procurar e os direitos que possuía.
Chiquinha é uma entre as mais de mil mulheres que já passaram pelo projeto, uma das
iniciativas não-governamentais brasileiras que pretendem difundir o conhecimento do
direito pela educação popular. Trata-se de programas fornecem informações, divulgam
campanhas de conscientização e até propõem ações judiciais. Há também grupos que atuam
internacionalmente pela efetivação de direitos em território nacional. O que todas têm em
comum é o ideal de ensinar às pessoas que elas têm direitos e, se não os conhecem, é muito
difícil lutar por eles.
O curso de promotoras legais populares gira em torno dos problemas enfrentados
pelas alunas no dia-a-dia, como questões sobre saúde da mulher, violência doméstica e
direitos trabalhistas, que são abordadas de maneira multidisciplinar, com aulas ministradas
por médicos, sociólogos, psicólogos, assistentes sociais, advogados e juízes.
"Algumas mulheres usam o conhecimento adquirido no trabalho que já realizavam,
outras passam a atuar em suas comunidades", diz Alcione Massula, uma das coordenadoras
do curso em São José dos Campos, onde ocorre há sete anos. Ela diz que as alunas que
Ailton Alves da Silva, 40, ex-marceneiro e hoje assessor parlamentar do deputado estadual
Simão Pedro (PT), conheceu o trabalho do CDHEP há dez anos.
Silva conta que, em 1980, mudou-se da Vila Mariana para o Parque Rondon, no
Capão Redondo (zona sul). O contato com uma realidade tão diferente o motivou a
procurar a associação de moradores para tentar ajudar as pessoas. Foi nesse período que ele
se interessou pelas atividades que a ONG fazia com comunidades do bairro, dando
orientação jurídica e formando pessoas para lidar com as dificuldades do local.
"Tivemos muitas conquistas no bairro onde eu moro. A regularização do loteamento
no Parque Rondon, que era clandestino, é um dos exemplos. Cada morador tem hoje um
lote desmembrado", diz Silva. No início dos anos 80, ele e outras 179 pessoas compraram
lotes em um terreno que era irregular. Apesar de cada uma ter seu terreno, para a prefeitura
a área era uma única gleba.
A garantia do acesso à Justiça também está presente em outra iniciativa difusora de
direitos da população. "Conhecer para reivindicar" é a idéia da campanha "O Brasil Tem
Fome de Direitos", desenvolvida pela Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e
Educacional), que atua em várias regiões do país, como a Amazônia e o sertão baiano, com
projetos de economia solidária e desenvolvimento sustentável.
Sandra Mayrink Veiga, coordenadora da Fase, conta que a campanha consiste em
exigir que sejam cumpridos direitos constitucionais, como educação, saúde, trabalho,
moradia, lazer e segurança. Por meio da formação de uma rede de parcerias entre entidades,
movimentos sociais e até personalidades famosas, a campanha divulga panfletos e vídeos e
promove debates em escolas, rádios e TVs locais. Desde o lançamento, em junho, a
campanha foi adotada por 465 cidades e 1.237 instituições.
"O trabalho das fortalece a democracia. Não dá para deixar a coisa pública sob a
responsabilidade exclusiva do Estado", diz Virgínia Feix, da Themis, organização que gere
o curso de promotoras legais populares em Porto Alegre. Esse é o caso do Instituto Pro
Bono, que tem na advocacia com responsabilidade social o ponto de partida de suas
atividades. A advocacia "pro bono" tem srcem nos EUA e é a atividade realizada de
maneira voluntária, para pessoas que não podem pagar por esse tipo de serviço.
Coordenador do Instituto Pro Bono, Marcos Fuchs afirma que a entidade conta com o
trabalho de 150 advogados e já atendeu cerca de cem organizações, como a Amar
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TEXTOS %$NCIONAIS
Às vezes, o redator não precisa de muito conhecimento e/ou de muito talento para
confeccionar alguns tipos de textos. É o caso da elaboração de textos funcionais, ou seja,
escritos que têm uma finalidade documental e que geralmente segue regras. Como esta
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apostila é voltada para estudantes do Ensino Médio, iremos abordar apenas dois tipos
básicos que poderão ser pedidos em situações específicas: requerimento e procuração.
A teoria aqui estudada, bem como os exemplos foram tirados do site
portrasdasletras
REQUERIMENTO
que o texto do abaixo assinado esteja expresso na folha em que você for colocar sua
assinatura.
Antigamente ele era feito em papel almaço (com ou sem pauta), sua redação era uma
iniciativa do requerente, por isso o cidadão semiletrado pagava uma taxa a um escritório
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Modelo 1:
A indústria Laticínios Sousa Maia, localizada na rua Acácia nº 500, Bairro São João,
nesta cidade, inscrita no C.G.C. 48.784.943/0001-08 e Inscrição Estadual nº
244.152.262, vem requerer a V.Exa. a cessão do Ginásio Costa Rodrigues, para a
realização do 1º Campeonato Esportivo Interno de seus funcionários, nos dias 16 e 17
de março próximo, das 8 às 18 horas, em virtude de não possuir espaço físico adequado.
Nestes termos,
pede deferimento.
Assinatura
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Modelo 2
Nestes termos,
pedimos deferimento.
2ssinatura3
Endere4o3
2ssinatura3
Endere4o3
5sucessi%amente6
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PROCURAÇÃO
P78972:;8
Assinatura
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BIBLIOGRAFIA
Além dos muitos sites visitados para recolher os textos que compõem esta apostila,
principalmente o www.portrasdasletras.com.br, recorri também aos seguintes livros que
vão relacionados a seguir.
ALMEIDA, Sonia. Aula de redação: uma viagem transdisciplinar. São Luís: Fundação
Sousândrade, 2004.
BASTOS, Lúcia Kotschitz. Coesão e coerência em narrativas escolares. São Paulo:
Martins Fontes, 1994
BASTOS, Lúcia Kotschitz e MATTOS, Maria Augusta. A produção escrita e a
gramática. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff e SOUSA, Jésus Barbosa. Produção de textos e uso da
linguagem. São Paulo, 1998.
FAULSTICH, Enilde L. Como ler, escrever e redigir um texto. Rio de Janeiro: Vozes,
2002.
KOCH, Ingedore G. Villaça e Travaglia, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo:
Cortez, 2002.
_________ e __________.. A coerência Textual. São Paulo: Cortez, 2002.
_________. A Coesão textual. São Paulo: Cortez, 2002.
MACHADO, Irene A. Literatura e Redação. São Paulo: Scipione, 1994.
MOTTA, Mirta Piris da. Los textos en el aula. Asunción. 2001.
NERES, José. Estratégias para matar um leitor em formação. São Luís: Carajás, 2005.
SAVIOLI, Francisco Platão e FIORIN José Luís. Lições de texto: leitura e redação. São
Paulo, Ática, 1999.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.