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na cidade de Natal/RN
Fernando Manuel Rocha da Cruz
Doutor em Ciências Sociais
DPP/UFRN
fmrcruz@gmail.com
Contextualizando Natal/RN…
O estado do Rio Grande do Norte localiza-se no Nordeste brasileiro possuindo uma
população, estimada em 2014, de 3.408.510 habitantes. A sua área é de 52.811,047
km2 e a sua densidade demográfica é de 59,99 hab/km2. Possui 167 municípios e a
capital do estado é Natal (IBGE, 2014) (cf. Fig. 1).
Fig. 1– Estado do Rio Grande do Norte (RN)
Natal é uma cidade de destino turístico devido ao seu clima e às praias que se
estendem pelo seu litoral. Durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu um
contingente de dez mil soldados norte-americanos quando sua população não ia
além de 60.000 habitantes (PEDREIRA, 2008). É uma cidade que depende
econômicamente do setor público e muitas empresas do setor privado dependem de
editais e concursos públicos. Hoje, Natal tem uma população estimada em 862.044
habitantes. Sua área territorial é de 167.263km2 e sua densidade demográfica é de
4.805,24 hab/km2 (IBGE, 2014) (cf. Fig. 2).
Fig. 2 - Natal
Certamente! Acho que não tem nenhum artista que não seja influenciado pelo
seu meio. Ele pode até negar esse meio, é uma possibilidade… mas dizer
que ele não é influenciado, que ele está completamente desconectado.
Absolutamente… eu não acredito nisso.
(Maestro André Muniz, Orquestra da UFRN)
tem os Projetos de Lei, tem a Lei Câmara Cascudo, a Lei Rouanet, que os
projetos se inscrevem e tudo mais… só que isso ajuda a viabilizar muita
coisa, muitos projetos… Só falta a curadoria abrir um pouco mais p’ra outras,
porque são sempre as mesmas pessoas com os mesmos projetos sendo
contemplados ano a ano. E enfim, talvez uma abertura maior fosse
importante p’ra ter outras pessoas podendo fazer as coisas também, até em
menor escala.”
(Cris Botarelli, Far From Alaska)
B) Teatro
No teatro, a origem das ideias criativas, tanto é de ordem individual como coletiva,
não tendo uma única fonte. Trata-se muitas vezes de um processo longo. Tanto
parte de um texto, como de temáticas, como de elementos da natureza. Somam-se
as experiências dos atores e diretores e se confronta por vezes com os próprios
autores ou dramaturgos. Conta, porém, com as limitações materiais.
o Grupo Carmin trabalha com dramaturgia própria, a gente não pega, pelo
menos até agora, não pegamos textos já prontos e montamos, a gente cria o
texto, convida o dramaturgo pra vir pros ensaios, pra trabalhar com a gente e
criar esse texto a partir das nossas experiências, dos nosso estudos, a
criação vem muito daí, da montagem do espetáculo, parte também dessa
coisa coletiva que o grupo mesmo propõe, eu proponho cenas
(Quitéria Kelly, Grupo Carmim)
C) Museus
As ideias criativas no âmbito museológico é fixado em editais, a que os artistas
podem concorrer e ter acesso às salas para suas exposições. A organização de
exposições temporárias procura inovar e coloca em prática as ideias criativas.
Igualmente, assinalar datas comemorativas e organizar eventos nos museus são
formas criativas de renovar as coleções. Desse modo, a criação pode ser provocada
através da definição de um edital, de uma proposta do próprio museu e do seu
diretor ou sua diretora, quer das propostas dos próprios artistas que aí expõem seus
trabalhos.
O Instituto tem sempre exposições temporárias que tem a ver com alguma
data que a gente está comemorando, tenha ela a ver com Cascudo ou não.
Por exemplo, a gente sempre comemora o aniversário dele, que é 30 de
dezembro. É nessa ala, que sempre é fora, sempre são painéis, e até para o
turista ter sempre alguma coisa diferente, a gente sempre tem alguma
exposição diferente. No Dia Internacional da mulher, a gente mostrou o
universo feminino pela visão de Cascudo, na semana agora de Museus, que
começa na próxima semana a gente vai fazer exposição sobre as coleções
de Câmara Cascudo, até porque o tema da Semana de Museus é coleções.
Então, a gente se adequa, a gente está dentro do Ibram- Instituto Brasileiro
de Museus, nós somos cadastrados no Ibram, e o Ibram sempre propõe
programações e exposições temporárias dependendo do que esteja
acontecendo. A semana de Museus específica, que é essa que começa
próxima semana, é a programação… é sempre voltada para um tema, tema
esse que agora é “Museus: as coleções criam Conexões”. A gente fará uma
exposição falando sobre as coleções Cascudianas, então sempre a gente tá,
ou com temas voltados para Cascudo, ou com temas que são propostos pelo
Ibram e por comemorações voltadas para a área de museus. Normalmente
sou eu que pensa um pouquinho como é que pode tecer esse tema, né? A
gente funciona aqui, também temos funcionários que nos auxiliam nisso aí,
mas basicamente a elaboração disso aí fica muito a meu encargo, em relação
a esse tipo de exposição.
(Daliana Cascudo, Ludovicus: Instituto Câmara Cascudo)
Nós queremos que ele fomente, que ele dê apoio, que ele inicie um política
contínua de editais, uma política contínua de capacitação, pedindo o apoio do
Ibram, chamando profissionais de outros estados, criando um ambiente para
que uma política museológica se desenvolva por si, e nem isso que seria
obrigação constitucional do estado, aqui no Rio Grande do Norte a gente não
tem a mão do poder público na área da cultura no que diz respeito aos
museus
(Sonia Otton, Museu Câmara Cascudo)
Concluindo…
A origem das ideias criativas nos três setores culturais e criativos são não somente
de ordem individual, mas sobretudo de ordem coletiva. A educação, a prática e a
experiência são determinantes para o desenvolvimento dessas ideias e não se
resumem a dotes genêticos ou inatos. O meio cultural, social e natural assume
também papel de destaque nessa produção criativa. Os recursos econômicos e as
infraestruturas disponíveis são no entanto condicionantes que importa considerar. A
ausência de Políticas Públicas locais, tanto municipais como estatais são igualmente
imprescindíveis para o desenvolvimento destes setores.
Quanto à estrutura e ambiente organizacional dos setores culturais e criativos –
música, teatro e museus – estes tendem a ser hierárquicos e especializados através
da divisão de funções, embora possa se tratar de estruturas flexíveis, bem como
colaborativas. Alguns grupos, deparam-se com dificuldades sobretudo logísticas,
sobretudo, ao nível do teatro.
Em todos os setores enunciados, a cultura potiguar encontra-se presente e se reflete
na produção cultural. Há, por isso, um diálogo entre o presente e o passado, entre o
tangível e o intangível que importa ter atenção e que é importante apoiar em termos
locais. É de salientar ainda que Natal se apresentando como uma cidade turística
deve olhar com especial cuidado para estes setores quer como setores identitários
ao nível local, quer como instrumento de afirmação de uma cultura local que é
exposta cotidianamente à cultura global e turística, quer nacional, quer internacional.
Por último, importa refletir sobre a demanda de apoios à cultura nos setores da
música, do teatro e da atividade museológica. A política pública de desenvolvimento
da economia criativa assentando seus pilares no empreendedorismo e na
criatividade em todo o ciclo econômico dos setores criativos e culturais coloca a
responsabilidade nos empreendedores culturais e criativos na busca de
financiamentos e receitas para o desenvolvimento das suas atividades. Porém, o
Estado, nos seus diferentes níveis, não se pode eximir da responsabilidade de
apoiar estes setores. Há, no entanto, que apoiar estes setores na criação de
mercados locais, nacionais e internacionais. Individualmente ou em pequenas
estruturas empresariais, esta tarefa é extremamente dificil de alcançar, daí que se
exija ao Estado o apoio e a adoção de medidas que permitam a criação de
mercados, a difusão de seus produtos culturais por meios tecnológicos e
informacionais.
Referências Bibliográficas
CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Ambiente Criativo: Estudo de caso na cidade
de Natal/RN. Natal: UFRN. 2014.
HOWKINS, John. Economia Criativa - Como ganhar dinheiro com ideias criativas.
São Paulo: M. Books. 2012.