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“No que se refere a formação contínua, a prática mais frequente tem sido a de realizar

cursos de suplência e/ou atualização dos conteúdos de ensino. Esses programas têm se
mostrado pouco eficientes para alterar a prática docente e, consequentemente, as
situações de fracasso escolar, por não tomarem a prática docente e escolar em seus
contextos” (p. 16).

Professor Skywalker ministra aulas de História há dez anos na rede pública de


ensino. Só possui graduação. Surge uma oportunidade de que ele realize uma
especialização em História do Brasil pagando uma mensalidade de duzentos reais.
As aulas acontecem apenas uma vez ao mês, mas, mesmo assim, ele, cansado da
rotina cotidiana, apenas quer concluir a pós para ter um aumento salarial.

A formação complementar altera a prática docente?

“A identidade é um dado imutável. Nem externo, que possa ser adquirido. Mas é um
processo de construção do sujeito basicamente situado. [...] Uma identidade profissional
se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão das tradições.
Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que parecem
significativas” (p. 18-19).

A professora Leia Organa leciona a disciplina de Geografia há muitos anos e


conseguiu elaborar uma técnica quase infalível de fazer com que alunos aprendam
sobre o conteúdo da formação dos relevos brasileiros. Ela criou uma paródia sobre
o tema a partir da música “estúpido cupido”. Leia tem percebido que, a medida
que o tempo passa, a sua estratégia vem diminuindo a eficácia. A professora
passou pelo corredor e ouviu alunas cantando em coro músicas de uma jovem
artista chamada Mc Lona e também percebeu um grupo de alunos conversando
enfaticamente sobre um jogo chamado League Of Legends. A professora resolveu
buscar informações sobre Mc Lona e sobre o jogo. Ficou apaixonada pelos dois.
Desde então suas aulas nunca mais foram as mesmas...

A experiência educacional muda a identidade do professor? Como se constitui uma


identidade profissional?
“Quando os alunos chegam ao curso de formação inicial, já têm saberes sobre o que é
ser professor. [...] O desafio, então, posto aos cursos de formação inicial é o de
colaborar no processo de passagem dos alunos de seu ver o professor como aluno ao seu
ver-se como professor. Isto é, de construir a sua identidade de professor” (p. 20).

A professora Vanessa Ives foi aluna de um grande matemático que lecionou na


universidade em que ela fez graduação. As suas primeiras aulas lembravam muito
o modelo de aula desenvolvido por seu antigo professor. Depois de certo tempo
ministrando aulas, ela chegou na sala e encontrou uma aluna fazendo uma
imitação dela. A professora escondeu-se e olhou em silêncio. Aquela imitação,
quase um espelho, não lembrava em nada o antigo mestre. Ela agora tinha sua
identidade original?

Quais técnicas são comprovadamente melhores para dar uma boa aula?

“Conhecimento não se reduz a informação. Esta é um primeiro estágio daquele.


Conhecer implica um segundo estágio: o de trabalhar com as informações classificando-
as, analisando-as e contextualizando-as” (p.21).

O professor Kenobi deparou-se com uma situação peculiar em uma de suas


primeiras aulas: a aluna Asoka conhecia todos muitos fatos da história da
civilização grega: nome de deuses, batalhas, curiosidades, etc. Ao ser indagado pelo
professor sobre a relação da civilização grega com a nossa, Asoka respondeu: “E
eu sei? Eu não morava lá”.

Como construir conhecimentos múltiplos e correlacionados na sala de aula?

“Um enorme poder flui do conhecimento, mas não daqueles que o produzem. Portanto,
não basta produzir conhecimento, mas é preciso produzir as condições de produção do
conhecimento. Ou seja, conhecer significa estar consciente do poder do conhecimento
para a produção da vida material, social e existencial da humanidade” (p.22).
Certo dia, a professora Galadriel questionou-se sobre a utilidade da disciplina
História para a vida cotidiana de suas alunas e alunos. Em que medida estudar
sobre a Revolução Inglesa no século XVIII poderia ajudar aquele conjunto de
jovens em suas atividades do dia a dia? Após algum tempo refletindo, a professora
percebeu que os debates realizados durante suas aulas só teriam sentido caso eles
fossem utilizados para a transformação da vida material, social e existencial
daquelas alunas e alunos.

De que forma podemos trabalhar o conhecimento para a transformação da vida de


alunas e alunos?

“A última ilusão (a dos práticos) não é a dominante entre os cientistas da educação. A


estes fica colocada a questão do para que serve seu saber, se não instrumentaliza a
prática. Qual o interesse das ciências da educação para as práticas? Os saberes sobre a
educação e sobre a pedagogia não geram os saberes pedagógicos. Estes só se constituem
a partir da prática que os confronta e os reelabora. Mas os práticos não o geram só com
o saber da prática. As práticas pedagógicas se apresentam nas ciências da educação com
estatuto frágil: reduzem-se os objetos de análise das diversas perspectivas (história,
psicologia, etc.). É preciso conferir-lhes estatutos epistemológicos”(p.27).

“Vai começar. Você estudou anos para isso. Preparou aquela aula. Leu e debateu
autores que tratam do tema. Porém, nada no planeta pode substituir a experiência
de enfrentar uma turma pela primeira vez. Uso o verbo enfrentar porque é esta a
sensação: dezenas de olhos colocados sobre você. Um pouco mais de silêncio se for
uma turma que não se conhece ou... muito barulho se for uma turma que se
reencontra depois das férias. E, finalmente, cadernos e livros na mão, ei-lo
entrando para o local privilegiado da sua profissão: a sala de aula. A faculdade
antecipa pouco essa experiência real?” (Leandro Karnal – Conversas com um
jovem professor)

Em que medida a universidade pode ajudar a “antecipar” a experiência real da


sala de aula?

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