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APRESENTAÇÃO

O presente projeto de pesquisa visa conhecer a realidade sócio-afetiva das


mulheres dos presidiários que são internos no CIR – Centro de Internação e Reeducação
- do Complexo da Papuda, tendo como objetivo, identificar as causas relevantes que as
influenciam na manutenção do vínculo sócio-afetivo, uma vez que, na atualidade, as
mulheres têm superado o paradigma de submissão aos homens e vêm ocupando seu
espaço perante a sociedade.

Tendo em vista as conquistas em relação à questão de gênero, esta pesquisa


busca compreender o que leva as mulheres a não abandonarem seus companheiros no
presídio; a relação de poder enfatiza um encontro do poder e saber, esse encontro
configura a disciplina, ou seja, o poder não é dominação e sim disciplina. Contudo, o
poder é uma dialética, transforma-se e, ao mesmo tempo, em que se encontra nas mãos
dos companheiros internos pode se reverter às mulheres, rompendo com o paradigma do
empoderamento.

Propõe-se como base para esse estudo autores que buscam a compreensão da
temática, como o filósofo Michel Foucault que explica as relações de poder, bem como
no que implica a coerção e a imposição e Michelle Perrot, autora contemporânea que
trata da história das mulheres.
REFERENCIAL TEÓRICO

A presente pesquisa tem como fundamento teórico as categorias de gênero que,


segundo a socióloga brasileira Lourdes Bandeira (2005) expressar a “igualdade de
gênero é romper com um universo restrito do não reconhecimento da alteridade, do
outro, da diferença, para caminhar em direção ao espaço de equidade, da emancipação e
do pertencimento”. De acordo com Perrot (1988, p. 171) a “perpetuação do mito do
poder masculino serve aos interesses dos dois “gêneros” por trás da ficção desse poder,
as mulheres podem desenvolver a vontade de suas próprias estratégias”.

Nos dias atuais, mesmo com tantas transformações em favor das mulheres,
muitas não conseguem decidir e prosseguir suas vidas devido ao empoderamento do
sexo masculino.

Perrot (1988, p. 185) afirma ainda que “muitas vezes a mulher é excluída” e
que essa “exclusão feminina é ainda muito forte”, pois o lugar das mulheres é na
maternidade ou na cozinha, ou seja, Perrot (1988, p. 188) discorre o assunto afirmando
que é “preciso desprender-se delas, pois moldam a história dentro de uma visão
dicotômica do masculino e feminino: o homem criador / a mulher conservadora, o
homem revoltado / a mulher submissa etc.”.

A sociedade é composta de regras que se sobrepõe entre homens e mulheres.


Percebe-se que desce a sociedade patriarcal havia um desejo de que as mulheres fossem
submissas, dóceis e passivas, enquanto dos homens, esperava-se um comportamento
agressivo, impositivo e autoritário.

Partindo-se deste pressuposto, as mulheres dos presidiários estão inclusas nesta


ideologia, uma vez que, é difícil para essas mulheres perceberem as desigualdades de
gênero e procurar sua autonomia.

Foucault (2008, p. 62-63) afirma que “o homem descoberto no criminoso


tornará o alvo da intervenção penal, o objeto que ela pretende corrigir e transformar, o
domínio de uma série de ciências e de práticas estranhas – penitenciárias
criminológicas”, ou seja, o homem que comete o crime terá que ficar recluso em
presídio, denominado instituições totais, onde o indivíduo é isolado por um determinado
tempo, cumprindo normas, e passam a ter as necessidades básicas, como dormir e se
alimentar, realizadas sob autoridades. Com isso, as mulheres passam a visitá-los uma
vez por semana e vendo-se obrigadas a administrar o lar e sustentar a família sujeitam-
se aos subempregos como faxinas, lavagem de roupas etc. desdobrando-se de forma a
amparar tanto o companheiro preso, quanto o restante da família.

Segundo os dados estatísticos do primeiro semestre de 2009, do Ministério da


Justiça, Brasília tem aproximadamente 7.700 presidiários divididos em cinco prédios
carcerários, sendo eles:

1) CDP – Centro de Detenção Provisório;

2) CPP – Centro de Proteção Penitenciária;

3) PDF I e PDF II – Penitenciária do Distrito Federal - considerados de


segurança máxima são destinados aos reclusos considerados de alta
periculosidade, ou seja, reclusos que oferecem perigo à sociedade.

4) CIR – Centro de Internamento e Reeducação – destinado ao regime semi-


aberto contém certa de 1.390 presos. Esta população foi a escolhida como
objeto de estudo desta investigação.

PROBLEMA

Quais os principais fatores que contribuem para que as mulheres mantenham os


vínculos sócio-afetivos com seus companheiros durante o período de internação no
Centro de Internamento e Reeducação – CIR do Distrito Federal?

HIPÓTESE
OBJETIVO GERAL

Identificar as causas relevantes que influenciam na manutenção dos vínculos


sócio-afetivos das mulheres com os seus companheiros internos no Centro de
Internamento e Reeducação – CIR, do Distrito Federal.

Objetivos Específicos

• Estabelecer o perfil sócio-econômico e cultural das mulheres dos presidiários


para que se possa analisar o comportamento, hábitos e costumes do grupo
estudado através do agrupamento das variáveis: social, econômica e cultural;

• Analisar a perspectiva de vida das mulheres dos presidiários diante da


sociedade;

• Produzir um resultado que contribua para a ampliação do campo de


conhecimento sobre a realidade das companheiras dos presidiários.

JUSTIFICATIVA

A história da sociedade brasileira é marcada pela questão da desigualdade entre


homens e mulheres. As mulheres foram, por um longo tempo, vistas como o sexo frágil,
sensíveis, dóceis e passivas, enquanto os homens dominadores e viris, autoritários e
agressivos.

A partir de 1970, com o movimento feminista na sociedade brasileira, pela


conquista de direitos sociais, pela igualdade entre homens e mulheres, o conceito de
gênero começou a ganhar amplitude no campo acadêmico e na realidade social.

Já está inserido no contexto social atual mulheres desempenhando vários


papéis ao mesmo tempo: trabalha, cuida de filhos, da casa e ainda, muitas delas, são
abandonadas pelos maridos, tendo que administrar a família e o orçamento doméstico
sozinhas. A realidade das mulheres contemporâneas também é marcada pela busca de
um cotidiano mais independente, permeada de individualidade, autonomia financeira e
responsabilidades sociais, demonstrando uma grande contradição entre as exigências
sociais referentes aos papéis femininos.

Diante das transformações comportamentais observadas na história da mulher


surgiu o interesse pessoal em pesquisar os motivos pelos quais as mulheres dos
presidiários, mesmo com toda independência e emancipação demonstrada ao longo dos
anos e cada vez mais apreciada pelas mulheres da sociedade moderna, persistem na
manutenção do vínculo sócio-afetivo, mesmo com tantas dificuldades advindas.

Durante o período de reclusão a que seus companheiros são submetidos, as


mulheres passam a ter várias responsabilidades, como assumir o comando familiar,
cuidar dos filhos, prover economicamente a família convivendo com a baixa renda,
realizar trabalhos domésticos, acompanhar o processo penal do companheiro e enfrentar
o preconceito da sociedade.

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