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IEMAG

CURSO: 2º GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA


TURMA: ARAJARA – BARBALHA
DISCIPLINA: ARTE E EDUCAÇÃO
PROF(A): ESP. FABIANE LEMOS LEITE
DATA: 09, 16, 23, 30/05/2018
PLANEJAMENTO:
 09/05/2018 primeiramente como estátua e
posteriormente em linguagem teatral e
CONTEÚDO:
dança.
-História do Ensino da Arte no Brasil
 23/05/2018
-A Linguagem das Artes Visuais
CONTEÚDO:
ATIVIDADE:
-Música
-Desenho livro de uma memoria feliz em
ATIVIDADE:
sua vida.
-Relacionar a música, com obras e
-Releitura e uma obra de arte.
expressão teatral.
 16/05/2018
 30/05/2018
CONTEÚDO:
CONTEÚDO:
-A Linguagem Teatral
-O Ensino de Arte na Escola e como fazer
-Dança pesquisa no ensino de arte.
ATIVIDADE: ATIVIDADE:
- Analise das obras de artes de Carybé,  Exposição “Identidade: Arte
Djanira, Aécio, Aracy, Heitor dos Prazares, Educador”, nesta exposição todos
Ivan Angelo, Anderson Ferreira Lima, os alunos apresentaram todos os
Conceição da Silva e Josivaldo. As obras trabalhos artísticos desenvolvidos
estará organizadas em seis agrupamento nestas quatro semanas de aulas e a
com três obras que deveriam ser colocadas sua identidade enquanto educador.
em uma sequência narrativa e depois Será a nota da AV3.
representadas pelos cursistas,

AVALIAÇÃO
AV1: SOMATORIO DAS ATIVIDADES
AV2: PARTICIPAÇÃO
AV3: AVALIAÇÃO FINAL/ 3= MF
Arte e Educação

Introdução

“...é necessário pegar o texto da mesma forma como se pega uma flauta, pra acordar artista
que dorme em nós, ou como quem pega uma pipa, fazendo voar aos pensamentos. É sempre
assim com a Arte e o brinquedo: o prazer só vem quando o corpo se põe a dançar”. Rubens
Alves

É assim que gostaríamos que você, professor, lesse este texto: deixando voar os
pensamentos, completando com sua imaginação, conhecimento, experiência em sala de
aula, amor aos alunos e à educação as lacunas que não conseguimos preencher.
Acordando o artista que existe em você, este material se tornará muito mais rico com
as significações que a ele você acrescentar...
Quando se fala em Arte e educação, a primeira questão que se levanta é aquela
que diz respeito ao papel da Arte na educação formal. Afinal, todos sabem justificar o
porquê da Matemática, da história ou da Língua portuguesa em nossos currículos ; mas,
Arte, para quê?
O mundo contemporâneo apresenta -se cada vez mais simbólico. Além das obras
d e arte- o que já não é pouco! -, bandeiras, outdoors, distintivos, logomarca s, jingles,
propaganda, embalagens, filmes, ícones de computador, fotos vinhetas, videoclipes,
cartazes, sinais, novelas, charges, anúncios luminosos, comerciais, grafites, intertextos,
hipertextos, multimídias, a ficção e o virtual invadem o nosso cotidiano, disputando a
atenção de quem nem sempre os compreende ou, então, a eles se submete. A leitura
crítica de imagens, sons, gestos, corpos se faz cada vez mais urgente e necessária. A
não apropriação dos códigos não verbais é também uma forma de exclusão, pois
interfere na maneira de as pessoas se relacionarem com o real, com a vida.
Assim a Arte contribui, de forma inequívoca, na ampliação da leitura de mundo,
na construção de um olhar mais sensível, crítico, questionador, de um ser que não se torna
vítima da chamada “cultura de massa”, pois o que menos se pretende nas aulas de Arte , é a
formação de indivíduos alienados, submissos e indiferentes.
O conhecimento da produção artística da humanidade, a reflexão sobre ela, suas
possíveis leituras e a crítica fundamentada, mas a criação nos códigos não verbais são
conteúdos indispensáveis na construção da cidadania.

Arte é Linguagem

Desde os tempos mais remotos o se r humano vem buscando formas de


registrar e de transmitir a seu semelhante aquilo que lhe vai na mente e na alma. Mas
como concretizar algo que é abstrato? Como tornar acessível a o outro aquilo que é ideia,
pensa mento, sentimento?
Nesse embate entre sentimento e forma, ideia e signo, o homem provavelmente
come ç ou a simbolizar quando sua mão, tornada instrumento , pela primeira vez
registrou na parede da caverna algo que tinha significado, que transcendia o aqui agora,
que deslocava do autor para dirigir -se ao outro, que transformava uma ideia em
símbolo. Ou quem sabe, quando utilizou a voz e os sons, o corpo ou os gestos
significativamente, para se comunicar . O homem construindo e lendo/atribuindo
significados torno use um ser simbólico. Estava inaugurada uma nova era. Momento
histórico tão grandioso ou mais! Como aquele outro sinal deixado na Lua pelo primeiro
astronauta que nela pisou.
Esse ser simbólico povoou o planeta criando os mais diversos sistemas de
representação, inventando e interpretando signos, organizando seu mundo interior e
exterior por meio de linguagens. Dentre toda s aquelas que criou também estão presentes
as linguagens da arte. Linguagens plenas de significados que poetizam, expressam,
invadem, explicam, confundem, questionam seu mundo e inventam outros, na humana
tentativa de responder à necessidade de dar sentido à própria vida. ..
Quando o ser humano organiza sons, silêncios, ritmo s, cores, linhas, formas,
luzes, sombra s, movimentos, gestos etc., e, com alguma intenção lhes atribui
significados, poetizando-os, transformando-os em música, desenho, pintura , escultura,
dança, teatro etc., está se manifestando artisticamente.
Em todas a s civilizações, em todas as épocas, povos, países e culturas, o ser
humano produziu e vem produzindo obras de arte. A Arte é inerente a o home m, faz
parte do ser e do sentir-se humano, é patrimônio cultural da humanidade. Assim, se
Arte é linguagem, permite/obriga a leitura e a produção de textos: sonoros, visuais,
gestuais , corporais, audiovisuais...
Para que alguém possa ler e produzir numa determinada linguagem verbal ou
não verbal é necessário que entre em contato com suas diferente s produções, com seus
diferentes códigos, que se aproprie desses seus códigos, que sabia operar com eles,
atribuir-lhes significados, que conheça autores que produziram nesse sistema de
representação. Com a Arte se dá o mesmo, e é na escola que essa educação artística e
estética formal, institucionalizada, deverá acontecer. É direito de toda criança e jovem o a
cesso à leitura e à produção em Arte. É de ver da escola garantir aos estudantes um
ensino de Arte competente, que os habilite a opera r, além dos signos verbais, também com
signos não verbais.
Dessa forma , quanto mais conhecer da produção artística da humanidade, mais o
aluno poderá se aproximar de uma compreensão melhor tanto do mundo das inúmeras
culturas como daquilo que é próprio da sua, do que é comum a todo ser humano, assim
como daquilo que os diferencia, do que é particular e d o que é universal.
A arte permite ao homem saber -se um e sentir -se mil , encontra -se numa
personagem e evadir-se no som, plasmar -se eternamente na forma e t ornar-se
incrivelmente efêmero num gesto ... Por meio dela, “vejamos” a qualquer época, a
qualquer lugar. A Arte não só nos permite interpretar o passado e o presente como
também nos antecipa o futuro, é um vir a ser que intui, imagina, vislumbra e concretiza
mundos sonhados, buscados... Inaugura um discurso outro que nos faz refletir e reagir
sobre o quanto corremos o risco de nos automatizarmos, ou o quanto a vida, às vez es, se
deixa banalizar...

O conhecimento arte

A Arte é uma área do conhecimento humano, com objetivos, conteúdos e saberes


próprio.
O conhecimento supõe atos de sentir, pensar, faze r, construir, compreender,
relacionar, comparar, selecionar, transferir, simbolizar, conceituar, também presentes na
Arte enquanto razão, emoção, percepção, construção, simbolização, representação de
mundo, expressão... Conhecer Arte envolve, pois, o exercício conjunto do pensamento,
da razão, da intuição, da sensibilidade e da imaginação .
Todo produto artístico é também um produto histórico, faz parte de um contexto
social, político, filosófico, religioso, histórico, cultural. Portanto, já nasce impregnado do
sentimento e do pensamento da época, da cultura em que surge. Expressa os conflitos,
desejos, reflexões , paixões humanas como realmente fora m/são vividos e interpretados à
sua época, em seu ambiente. Essa dimensão sensível, cultural, genuína, nos é
possibilitada pela Arte, que ressignifica a nossa maneira de nos sentirmos no mundo.
Por isso mesmo dizemos que toda obra de arte é temporal, datada, tem a marca de
quem a fez, de seu tempo/espaço. Mas ela também pode ser atemporal, não
envelhecendo nunca, porque trata da s questões humanas e, além disso, o olhar que a
contempla é novo a cada dia, acrescentando e encontrando nela significações peculiares e
talvez insuspeitada s quando de sua criação...
Conhecendo obras de arte dentro do contexto em que foram produzidas, temos
acesso ao pensamento/sentimento de cada época, povo ou país e, dessa forma, à
possibilidade de um olhar mais perceptivo, crítico e sensível tanto à pluralidade de
pensamento s presentes nas manifestações artísticas e estéticas l ocais como às de toda
a diversidade cultural existente no planeta.
A Arte nos possibilita também um outro tipo de conhecimento , que é aquele
específico de cada uma de suas linguagens: música, dança, cinema, teatro, pintura, escultura,
desenho, fotografia e tantas outras... Técnicas, materiais, instrumentos, modos de representar,
sua estrutura formal, elementos que a compõe, gêneros, estilos , artista s, autores, profissões
circulação, a apreciação/fruição, a leitura, a crítica... Conhecimentos relacionados tanto ao
fazer/criar como ao interpretar/ler/ fruir e contextualizar Arte.
Como produto da imaginação, do pensamento e do sentimento humano, a obra
de arte é universal e particular. Universal porque presente em todos os recantos do
planeta, produzida e interpretada por se res humanos. Particular também enquanto fruição
e produção, pois é uma síntese de significações cujas representações/leituras parte m de
um ponto de vista único, de alguém, do autor ou fluído de Arte . Proporciona tantas
leituras e interpretações quantas forem as pessoas que dela fruírem, leituras também
únicas, porque refletem a história de vida de quem as lê; n esse momento, o apreciador
torna-se quase um coautor porque, livre das a marras d o certo e do errado, do possível
e do utópico, empresta à obra tantos outros significados quanto sua imaginação e memória
significativa permitirem.
O ensino de Arte pretende possibilita r ao al uno tanto a manifestação da sua
singularidade como o sentir -se participante de um grupo social, de uma cultura, no sentido
mais amplo de pertencimento.
À medida que produz/aprecia Arte, ele poderá refletir sobre se u e u, seu
mundo, sua história de vida, expondo suas ideias e sentimentos, fazendo-se ouvir e
ouvindo o outro. A Arte na escola contribui, assim -além de seu conhecimento
específico-, para o desenvolvimento desse aluno nos níveis cognitivo e afetivo,
colaborando na construção de valores éticos, estéticos e políticos, fundamentais à sua
formação como cidadão.
Fazer e compreender Arte são processos de humanização . Processos que podem
e devem estar presentes na escola e em cada sala de aula, onde se convive diariamente
com a heterogeneidade, com diferentes histórias de vida, de alunos
e professores que partilham momentos comuns em suas trajetórias.
É preciso dançar, atuar, pintar, desenhar e cantar a vida com vozes, cores e gestos
diversos, mas com TODA S as vozes, cores e gestos, com a s mais diferentes e infinitas
forma s e possibilidades sensíveis e subjetivas que compõe a humanidade e sua
multiculturalidade, para que TODOS tenham voz e vez e sintam -se participantes ativos
dessa aventura chamada viver.
Em cada criança, “como d entro de ‘cada antiga’ criança, existem imensas
virtualidades sensoriais, aptidões emotivas, possibilidade de ‘felicidades sensíveis’. O
educador que não faz tudo o que p ode, agora (...) para exaltar e realizar essas virtualidades,
que deixa passar o momento oportuno quer por indiferença, por cansaço ou pro
negligência, contribui para manter a banalidade do mundo, a mediocridade do homem, a
insignificância da vida. (...) Mas, então, por que pretender que somos educadores? E m
nome de que futuro humano? Em nome de que adiamento? Em nome de que
desvios das razões de existir?”

A organização do ensino de Arte

O objetivo de conhecimento da Arte é o seu próprio universo, mais especifica


mente, as suas linguagens. No Ensino Fundamental, de acordo com as propostas
Curriculares para o ensino da disciplina de Arte da Seesp/Cenp e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais- MEC, o foco dos estudos artísticos e estético s está centrado em
algumas delas: a Música, o Teatro, a Dança e as Artes Visuais, vistas como “um tipo de
conhecimento que envolve tanto a experiência de apropriação de produtos artísticos quanto
o desenvolvimento da competência de configurar situações através da realização de
formas artísticas. Ou seja, entendem os que aprender Artes envolve não apenas uma
atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do
que fazem , através do desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o
fenômeno artístico visto como objeto de cultura através d a história e como conjunto
organizado de relações formais. (PCN- Artes)
Assim, são três os eixos metodológicos articuladores do processo de ensino e
aprendizagem em Arte:

1. Produção em Arte: o fazer artístico

É o próprio ato de criar.


Como diz o teórico italiano Luigi Pareyson, a Arte não é apena s um fazer, mas
“um tal fazer que, enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer”.
O que é criar/fazer um desenho? Uma música? Construir uma personagem? Ou
uma dança, uma insta lação, uma escultura, um filme?... Como fazê -lo? Com lápis, óleo,
aquarela ? Com qual instrumento? E a música? Piano ou violino? Sons graves ou
agudos? Qual a cenografia, a coreografia, a iluminação? Como construir a personagem?
Como simbolizar através de gestos, cores e sons, uma ideia?
O momento de criação é extremamente importante e necessário e deve ser garantido
na sala de aula, pois as situações de embate entre intenção e signo, subjetivo e objetivo,
abstrato e concreto produzem um fervilhar de ideias, de pensamentos, de relações
cognitivas, de articulações de sentidos que são fundamentais no processo de
ensinar/aprender Arte.
Quando se trabalha com construção de significados, caso específico das
linguagens, o professor precisa investir em situações de aprendizagem que se tornem
momentos fecundos de elaborações afetivas, perceptivas e cognitivas; de pesquisa e
experimentação incessante por parte dos alunos, na busca da construção formal que se
rá a síntese poética de seu pensamento.
Esse fazer é exclusivo de cada um; por isso mesmo cada produção artística tem a
marca única de quem a fez, porque é a maneira particular de cada ser humano “pro cessar”
sua visão de mundo , sua forma de pensar e sentir a vida.
É fundamental, portanto, garantir que cada aluno seja o autor de seu texto.

2. Fruição: apreciação significativa da Ar te e do universo a ela relaciona do

Arte é linguagem. Cada produção artística é um campo de sentidos.


A apreciação estética é o próprio ato de percebe r, ler, analisar, interpretar, criticar,
refletir sobre um texto sonoro, visual, corporal. Supõe, mais que a decodificação, a
interpretação dos signos da s linguagens da Arte, o estudo de seus elementos, sua
composição, técnica, organização formal, qualidades etc. É uma “conversa” entre o
apreciadores a obra, uma apreensão intelectual, em que estão presentes a intuição, a
imaginação e a percepção, ou seja, a cognição. Ler é atribuir sentido.
A leitura de imagens, sons, gestos pressupõe muito m ais do que decodificar linhas
retas ou cores primárias, sons graves ou agudo s, gestos suaves ou movimentos
sinuosos... Significa interpretar o discurso por trás da cor, a ideologia presente no gesto,
o significado político de uma canção, a intenção de uma campanha publicitária. É
assegurar ao aluno perceber-se enquanto cidadão que atribui e produz significa dos aos
códigos não verbais; que não se t orna presa fácil da chamada “cultura de massa”, que
tem acesso à produção erudita e ao s bens culturais produzidos pela humanidade e deles
usufrui porque os compreende.
Para tanto, é fundamental a presença de um professor que amplie referências , que, de
fato, apresente a obra como um imenso e profundo campo de sentidos, que proporcione a
seus alunos a leitura das mais diversas obras de arte e produtos artísticos de diferentes
épocas, povos, países, culturas, gêneros, estilos, movimentos , técnicas, autores, artistas,
bem como a apreciação das produções dos alunos da classe envolvida.
O conhecimento da produção artística da humanidade é um campo fértil de
aproximação de diferentes culturas, do reconhecimento, acolhimento e respeito à s
semelhanças e diferenças nas maneiras de se ver, pensar, relacionar -se emocionar-se
diante dos fatos da vida e da morte, presentes nas diversas formas de manifestações
artísticas através da história.

3.Reflexão: a Arte é produto da história e da multiplicidade de culturas

Assim como o faze r e o apreciar Arte, é também de fundamental importância a


contextualização da obra de arte: o panorama social, político, histórico cultural em que
foi produzida; como foi o contexto de sua criação e com o este momento se refletiu
nela. Pensar a Arte como objeto de cultura, de conhecimento. É trazer para a sala de
aula a história da produção artística. De que outra forma ter acesso a uma
compreensão mais ampla, por exemplo, da Guernica de Picasso? Da Abertura 1812 de
Tchaikovsky ? De Quando as maquinas param, de Plínio Marcos? De qualquer obra de
arte ?
Além do conhecimento d a história da s artes - obras autores, artistas, intérpretes,
dramaturgos, coreógrafos, movimentos artísticos, estilos, gêneros etc. - esta reflexão sobre
a Arte inclui também o conhecimento específico de cada linguagem artística: elementos,
regras de composição, estilos, técnicas, materiais, instrumentos...
Também é objeto de estudo o papel da mediação e a divulgação da produção
artística: museus, galerias, teatros, apresentações musicais e coreográficas, a mídia,
curadoria s, monitorias, jornais, revistas, emissoras de rádio, TV etc., assim como as pro
fissões relacionadas uni verso da arte.
A história das Artes também é história da humanidade...

A avaliação no ensino de Arte

A avaliação é sempre um processo contínuo, que deverá envolver alunos e


professores, pois todos compartilham um período de suas vidas que é dedicado ao ensinar/a
prender Arte.
Como em todo projeto pedagógico, a avaliação é sempre diagnóstica. Antes de
se pensar uma situação de aprendizagem para determinado grupo de aprendizes, é
fundamental a o professor conhecer seu repertório simbólico, o que seus alunos já
conhecem (e como conhecem) sobre música, dança, pintura, escultura, teatro... Dessa
forma, processos avaliativos estão presentes o tempo todo, sempre que o professor
observa, ajuda, interfere, colabora, espera, instiga, se distancia, investiga, é cúmplice, ouve,
questiona, desafia seus alunos...
Se o grande alvo dessa área de conhecimento é que os aprendizes sejam
competentes na produção, leitura e conhecimento histórico de textos sonoros, visuais e
gestuais/corporais, é evidente que a avaliação deverá caminhar nessa direção. Por isso,
torna -se fundamental que tanto o professor como os alunos saiba m em que ponto se
encontram e onde pretendem chegar, que organizem portfólios contendo registros de seus
percursos na construção desses sabe res. Em Arte , tanto os registros nos códigos verbais
como desenhos, pinturas, gravações (em áudio ou audiovisuais), fotografias etc, são
objetos fecundos p ara análise de quanto o aluno se apropriou da significação desses sabe
res, seus avanços e dificuldades, e ao mesmo tempo apontam pistas para o professor rever sua
prática, mudar caminhos, organizar intervenções.
A avaliação reflete a maneira de o educador pensar a educação, seus critérios d
e valores, seu posicionamento em face da função social e política da escola e do papel
da Arte na educação. É preciso , também, considerar que os seus alunos são aprendizes,
pessoas que têm ideias, sonhos, projetos de vida...

Artes visuais
Nossa vida é plena de imagens visuais. Elas fazem parte de nossa existência desde o
momento em que nascem os e (felizmente!) nunca mais nos abandonam. Imagens d o
mundo natural e cultural... Imagens do cotidiano, do real e da ficção, do concreto e do
virtual...
O mundo contemporâneo cada vez mais nos oferece (ou no impõe) imagens que
se sucedem numa velocidade e quantidade de informações alucinantes. Luzes, sombras,
cores , formas, cartazes, outdoors, esculturas, filmes, anúncios, propagandas, placas de
sinalização, cinema, tele visão, audiovisuais , ícones de computadores, vídeo clipes,
logotipos, logomarcas, símbolos, distintivos, revistas, fotografias, grafites, tatuagens e
tantas outras. Mesmo de olhos fechados o u sonhando, as imagens estão presentes.
Imagens: é possível viver sem elas? É possível ao homem pensar, se expressar, s e
comunicar sem imagens ?
O ser humano é um produtor/ decodificador/intérprete de imagens. Utiliza -se de
signos para tornar concreto algo que é totalmente abstrato: seus sentimentos e pensamentos.
Quando o primeiro homem conseguiu gravar na parede da caverna um sinal,
uma marca, e a ela atribuir um significado, que fazia a ponte entre pensamento e símbolo,
entre as dimensões subjetiva e objetiva, inaugurou uma nova era, estabeleceu um marco na
história da humanidade. Tornou -se um ser simbólico.
A partir desse momento, todo ser humano vem se comunicando através de
sistemas simbólico s, sistemas de representação criados por ele para melhor organizar sua
vida e também para manifestar o que lhe vai na mente e na alma. Um desses sistemas
simbólicos é exatamente o das Artes Visuais.
O desenho, a pintura, a escultura, a história e m quadrinhos, a fotografia, o
cinema, a tapeçaria , a gravura, a arquitetura, o desenho animado, o objeto, a instalação,
a computação gráfica, o design, entre tantas outras manifestações artísticas, fazem parte do
que hoje se convencionou chamar Arte s Visuais.

As Artes Visuais na Escola

O ensino de Arte nas escolas, e notadamente o de desenho e pintura, desde a


Educação Infantil ao Ensino Médio, vem sofrendo, há décadas, de uma falta de
compreensão do real significado desses saberes na educação. Usadas como lazer, terapia ,
“descanso das aula mais sérias”, as Artes Visuais têm aparecido nas escolas como de
coração de salas e corredores, execução de cartazes: da prima vera, da semana da Pátria ;
bandeirinhas de festas juninas, a pintura do coelho da Páscoa e da árvore de Nata l,
sem falar da s centenas de desenhos mimeografados, dos presentinhos para o Dia da s
Mães e das dobradura s. Tudo em nome da “Arte”!
O que se pretende hoje é um ensino de Arte visto como área de
conhecimento, com objetivos e conteúdos próprios, isto é, artísticos e estéticos. Num
mundo onde a presença da imagem é tão onipotente, a escola te m como dever formar
produtores e leitores competentes nos códigos visuais. Esse mar de visualidade a que
hoje somos submetidos torna ainda mais urgente uma educação do olhar, um olhar
sensível, consciente, pensante, que seleciona, reconhece qualidades estéticas, critica e se
comunica com e por meio de imagens.
Para tanto, é de fundamental importância que o aluno a prenda a operar com os
códigos da linguagem visual, a conhecer suas modalidade s, manipular técnicas e
recursos, conhecer seus elementos e regras de composição. A não “alfabetização” nesses
códigos é também uma forma de exclusão.
Pontos, linhas, cores, formas, luzes, sombras, planos, volumes, fazem parte do
universo de elementos da s artes visuais. Estão e sempre estiveram à disposição de
uma mente criativa, imaginativa, perceptiva, sensível e inteligente, que os organize
poeticamente e lhes atribua significados.
Além de desenhar, pintar, esculpir, ou seja, além da produção/criação, é de
funda mental importância, na sala de aula, a reflexão sobre as Artes Visuais enquanto
produto de uma época, de uma cultura, de um povo. As relações de uma obra de arte
com a história, a política, a religião, a filosofia, a cultura e a sociedade que a produziu
fazem com que alunos de hoje tenham a cesso a o sentimento e ao pensamento de toda
a humanidade, estimulando -os, através das imagens do passado e da produção
contemporânea, a um olhar sensível, a desvendar seus mistérios, a construir significados, a a
prender com elas.
A apreciação estética rompe fronteiras de tempo e espaço, ampliando
possibilidades de leituras, aprofundando conhecimentos, contribuindo com significações que
enriquecem, tanto a visão de si próprio, como individuo, quanto a percepção da diversidade
cultural, o respeito ao outro, a outra cultura, ao universal.
A produção e a leitura crítica de imagens possibilita m ao aluno, além do
conhecimento da produção artística da humanidade, uma ampliação de sua leitura de
mundo, sua inserção no universo simbólico e a não submissão à chamada “cultura de m
assa”.
Inserir-se no mundo da contemporaneidade exige, mais do que nunca, inserir -se no
mundo da imagem.

Dança

Dança é a área de conhecimento, um modo cognitivo de se relacionar com o


mundo, de entende - lo, pensa -lo. O corpo que dança deve ser entendido como uma
relação física, emocional e intelectual, que capta e transmite informações em um
processo de comunicação constante com o ambiente, com o próprio corpo, com outros
corpos.
Mente e corpo não se dissociam: a experiência do corpo que dança não é
separada de pensamentos, ideias. A experiência corporal é a base primeira do que
podemos dize r, pensar, comunicar, por isso é importante que meninas e meninos dance m.
A presença da Dança na sala de aula, entendida como área de conhecimento e
linguagem, é recente e há muito desejada.
Dança pensada como Ar te, como cultura, presente em todas as época s e países,
de todos os povos que já habitaram este planeta, e que, por isso mesmo, é patrimônio
cultural da humanidade, objeto de estudo, criação e fruição nas escolas da atualidade.
Assim, o ensino de Dança que se pretende contempla os alunos - meninos e meninas-
como seres sociais, corpos/mentes em movimento, inserido s em um contexto
multicultural que exige, na contemporaneidade, cada vez mais, um vocabulário corporal
mais amplo e flexível.
A consciência e a autonomia corporais constituem fatores indispensáveis na
produção de novas formas de expressão, de novas possibilidades de construção de
sentidos e que nem sempre se mostram viáveis por meio da hegemonia do código
verbal.
A produção e a leitura desses textos corporais, gestuais, coreográficos
representam uma possibilidade a mais de ampliação de valores artísticos e estéticos, de
leitura de mundo, contribuindo assim para o reconhecimento de diferentes culturas,
etnias, de solidificação de identidades, de dialoga r consigo mesmo, com outro, com a
sociedade...
Desse modo, uma das funções da Dança na es cola é a de forma r construtores e leitores
de códigos da dança para a compreensão e a apreciação das inúmeras e variadas manifestações
de movimento do corpo e do ambiente no qual ele se insere. No pro cesso de construção
de conhecimento dos alunos, percebe -se o quanto o ensino da dança possibilita um
trabalho criativo com o corpo , a discussão sobre valores éticos e estéticos, o
desenvolvimento do pensamento crítico, da ampliação da visão de mundo e da formação da
cidadania.
Esta proposta muda a abordagem da s questões do corpo que dança e dos discursos
sobre o corpo, retirando -os do domínio exclusivo de uma Educação de Arte tratada
apenas como entretenimento, lazer, relaxamento das tensões cotidianas, para inscrevê -los
numa Edu cação de Arte que é ação, conhecimento e análise.
Em tal concepção, Dança não se restringe somente a um aprendizado de passos,
ou a uma cópia de paradigmas e estereótipos, que não educa os alunos para serem
pessoas criativas, produtoras e apreciadoras dos signos corporais, capazes de lidar com
situações diversa s no seu processo de vida .
A proposta, também, não pretende criar dançarinos profissionais, e sim permitir a
t odos os alunos a vivência das possibilidades infinitas do universo do movimento,
estimulando a experiência do sistema corpora l em um amplo sentido.
O pensamento de Dança desta proposta não traz a s ideias de virtuosidade e
muito menos de competição, sem a ingenuidade de querer ignorar a existência de ambos o s
conceitos. Nessa perspectiva, a Dança na escola precisa partir de uma experiência
corpórea familiar ao aluno, ou seja, é necessário respeitar se u repertório de movimentos.
Movimentos que o singularizam dentro da convivência em um
grupo, assim com o identificam com o mesmo. Dança é socialização, envolve os
jovens, suas experiências, e seu conjunto de informações. É importante, então, uma
avaliação diagnóstica para conhecer o que o aluno traz de conhecimento sobre Dança, o
que gosta de dançar. Retome professor, as a notações registradas em seu portfólio e m
relação ao projeto movimentos expressivos, à ocupação do espaço, dos níveis, a suas
possibilidade s de movimentação. A partir disso podemos introduzir novos código s,
ampliando as experiências do fazer, do apreciar e do contextualizar dança, mostrando ao
aluno que seu corpo é um fluxo de diferentes signos, sempre em processo, que pode se
organizar em forma de dança.
Reconhecimento que o ensino e a aprendizagem de Dança como área de
conhecimento nas escolas é muito recente, tanto no Brasil como em outros países, nossa
proposta é oferecer um instrumental para conhecer, fazer e apreciar Dança num senti do
amplo, abrangedor. Uma dança possível, uma dança que todos possam dançar, uma
dança inteligente, expressiva e participativa.

A Dança na Escola

Compreendemos que dança r é para t odos; isto significa que t odos pode m dançar.
Dança não é privilégio de alguns que têm agilidade, corpos esbelto s. Nesse sentido, tom
amos côoreferencial a teoria de Rudolf Laban (1879 -1958), um pensador da
movimentação humana que deixou um legado precioso: a “Arte do Movimento”, expressão
por ele criada para designar as mais variadas manifestações do movimento no ensino, no
trabalho, na arte, na terapia etc.
Em seus estudos sobre o movimento humano, Laban observou que o corpo
humano executa três funções básicas: dobrar, esticar, e torcer. Além disso, destacou
quatro fatores abrangentes que compõe o movimento, em maior ou menor grau de
manifestação: fluência, que trata da contenção e continuação do movimento; espaço, que
trata de formas, volumes, linhas, caminhos, direções; peso, que trata de energia , força;
tempo, que trata de duração, pulsação, métrica, ritmo.
A cada um desses fatores Laban atribuiu ainda outras qualidades: à fluência -
qualidade s com gradações de livre a controlada; ao espaço - qualidades com gradações,
d e direto (um único f oco) a flexível (multilobado); ao peso- qualidades com gradações,
de leve afirme; ao t empo- qualidades com gradações, de súbito (rápido) a sustentado
(lento). Esses conceitos ajudam a conhecer princípios mais gerais sobre movimento, pois eles
compõem danças e fornecem, para as aulas, um instrumental para proporcionar aos
estudantes uma movimentação menos restrita, mais criativa a expressiva em dança.
A teoria de Laban constitui uma chave de leitura para movimentos realiza dos em
dança. Os movimentos usa dos nobreak, por exemplo, são bastante diretos (fator espaço),
firmes (fator peso ) e rápidos (fator tempo). Têm uma fluência m ais para controla da;
por mais rápido que seja, o dançarino executa, bem definidamente, um movimento após
o outro. Essa modalidade de dança emprega várias partes do corpo: ombros, cabeça,
joelho s, pés. Usa -se muito o nível (relação de altura) baixo, bem perto do chão ou n
o c hão e, também, o nível médio. Esse jeito de dançar expressa ideias e contextos
sociais. Os movi mentos firmes e rápidos ( características marcantes do break) ajudam,
neste caso, a tornar visíveis significados de denúncia e contestação , assim como o
pertencimento a um grupo, por exemplo. Vamos refletir um pouco s obre o frevo. Há um
passo nessa dança que se chama tesoura, em que as pernas se cruzam em direção latera
l, usando um caminho no espaço bem direto, enquanto o tronco do intérprete, os braços e
as mãos, segurando a sombrinha, são mais flexíveis. Seu uso da qualidade de tempo é
bem súbito (rápido). É leve enquanto cruza as pernas, mas ao abri-las, há uma
acentuação um pouco menos leve (não chega a ser firme) do calcanhar no chão (ou
controlada). A qualidade de fluência do passo tesoura v aria entre livre e mais contida
(ou controlada). Livre enquanto cruza as pernas e contida quando há a batidinha d o
calcanhar. A execução d o frevo, e de qualquer dança, não é separada de sentimentos e
ideias que se queria expressar. Assim, da rapidez e leveza das pernas e da flexibilidade do
tronco no frevo podem emergir “flexibilidade ” de pensamento e alegria , por exemplo. É
importante possibilitar ao aluno oportunidades de vivenciar, analisar diferente s tipos de
dança, pesquisar danças locais, regionais- frevo, break, valsa, bumba -meu -boi, swing,
pavana, jongo, entre tantas outras - para o conhecimento de seus códigos, ampliação de
repertório e maiores possibilidades de criação. E também é importante saber que podemos
criar danças. Criar danças é buscar uma singularidade , algo que é próprio a cada pessoa.
O sistema Laban ajuda a criar danças. É justamente a isso que se propõe o
Projeto DIÁLOGOS DO CORPO. Ele a presenta exemplos de o que e como dançar, por
meio de uma série de atividades que você, professor, pode utilizar, recriar, refletir, criticar.

Música
A Música na Escola

Segundo alguns pesquisadores, mesmo antes de nascer já estamos imersos e m


um mundo de sons... Sons e silêncios são a matéria -prima da linguagem musical,
presente em todas as culturas existentes no planeta e de maneira absoluta na
contemporaneidade.
Aprender uma linguagem significa conhecer seus códigos, saber operar com eles,
apropria r -se de seus sentidos, ampliar referências pesquisando suas produções nos mais
diversos espaços geográficos e em diferentes eras da humanidade... Existe, portanto, um
conhecimento que é de cada linguagem – verbal ou não . No que diz res peito à
Linguagem Musical, sua especificidade consiste, na sala de aula, na criação/produção de
“textos sonoros”, na sua fruição e no exame do s contextos de produção de música na história
da humanidade.
A vida contemporânea, especialmente nos grandes centros urbanos, é intensamente
permeada pelos mais diversos, incríveis e variados tipos de sons, de ruídos: a pitos,
alarmes, sirenes, motores, freadas, pregões, propagandas, músicas vindo de rádio, TVs,
CDs, DVDs, microfones, audiovisuais, aparelho de som, videoclipes, vídeo games, cinema,
jingles... Sonoridades presentes também, cada vez mais, no hipertexto da internet... Nesse
sentido, a s aulas de Arte, quando têm a linguagem musical como objeto de estudo, são
campos fecundos de aprendizagens, buscando colaborar na construção de um cidadão
ético, consciente de sua identidade e da multiculturalidade e m que vive, do respeito às
mais diferentes produções musicais presente em sua vida e da possibilidade de tornar -se
apenas consumidor, mas também produtor de música s...
Esta proposta não pretende criar músicos profissionais, mas permite, a todos os
alunos, a vivência de possibilidades de experimentação e de criação dentro do universo
sonoro, opondo -se à ideia de que música só pode ser feita por quem foi agraciado por
Deus com um talento, um “d om” fora do comum.
Sem ignorar que facilidade e habilidade diferenciadas caracterizam os indivíduos
(alguns, extraordinariamente talentosos em diferentes áreas) e sem desprezar as aquisições
advindas do treina mento – muitos sã o necessários e mesmo indispensáveis p ara a
realização de trabalhos não só artísticos cotidianos -, cabe lembrar que frequentação e a
convivência com a linguagem musical sã o as únicas maneiras de estimular, desenvolver
e forma r um pensamento e uma sensibilidade capazes de lida r com as especificidades que a
área exige.
Nesta concepção, o ensaio da música na escola, c om finalidades estéticas, não
pode se resumir a penas em melhorar o comportamento e a concentração dos alunos, em
ser instrumento para o desenvolvimento de outras áreas no currículo ou em animar
festividades d o calendário escolar. Do ponto de vista cognitivo, o aprendizado musical
propicia o desenvolvimento, como as demais áreas do conhecimento, das habilidades da
fala e da linguagem; estimula as consciências temporais, corporal, espacial e o domínio
da lateralidade; incrementa a operacionalização da memória, da s capacidades de
descriminação em vários níveis perceptivos, do pensamento reversível, e da s habilidades
operativo-matemática tais como comparação, seriação, agrupamento e sequenciarão, base do
pensamento simbólico e abstrato.
O mesmo ocorre com a emoção afetiva – tomada aqui em sua expressão
visíveis e externas , ou seja, a relação do aluno com o meio social m ais imediato a
cessível a o professor, que é a convivência escolar. A música, assim como as demais
disciplinas curriculares, contribui para o estabelecimento da dinâmica interativas que
incluem o exercício do compartilhar e do congregar, do ceder e do exigir, do liderar e
d o obedecer, do espera r e do interferir, do avançar e do retroceder, do arriscar e do
planejar, do recolher e do expor -se, do angustiar e do regozijar-se , enfim, de uma
infinidade de situações reais e simbólicas pelas quais o ser humano experimenta e expressa
sua afetividade e sua imaginação.
Processos criativos, em música, também dependem de uma familiaridade com a
s especificidades da linguagem musical e só podem ser engendrados a partir do
desenvolvimento de uma convivência estimulante e plena de qualidade. Para que um
ambiente e um espírito criativos se instaurem, alguns conteúdos e atributos afetivos ,
cognitivos e sociais, entre outros, sã o, ao mesmo tempo, solicitados e estimulados.
Coragem, segurança e espontaneidade, por exemplo, são requisitos para que a autoestima
e auto confiança cresçam e se expressem . Imaginação, intuição, perspicácia, memória,
capacidade de construção/desorganização favorecem uma vivência positiva do caos e o
desenvolvimento do potencial de análise e de síntese. Curiosidade, persistência, paciência,
inconformismo, estados de alerta, observação e busca, quando orientados, resultam na
tão necessária disposição para a transformação, para o que ainda não foi pensado.
A educação musical tem grandes apologistas desde a Grécia Antiga. Dependendo
da forma como a música foi considerada nos diferentes períodos históricos e sociedades,
sua defesa adquiriu perfis diversos. Plantão, em A República Livro III e Aristóteles, na
Política Livro VIII, são explícitos em suas considerações a respeito da música como fator
crucial na formação do cidadão e do homem liberal, respectivamente. A comunidade
cristã, da Idade Média até o período Barroco, encontrou na música a possibilidade de
comunicar -se mais eficazmente com o divino e, no século XVIII, pensadores laicos
apoiaram -se na ciência- em especial na física e na matemática - para explicar por que a
música não podia ser toma da como mero divertimento. Para os românticos do século
XIX, a música era uma forma de compreende r o mundo e , por meio de suas alianças
com a filosofia, os mistérios da alma e do universo podiam ser perscrutados. Nos séculos
XX e XXI, inúmeros ramos das ciências humanas e exatas têm estudado c om afinco as
relações entre música, sociedade e individuo e as mediações que a música opera entre os
mundos interno e externo.
Assim, se quisermos proporcionar aos alunos um ver dadeiro encontro afetivo,
cognitivo, estético e sensível com a música, precisaremos pensar e cuidar, também, de
nosso próprio desenvolvimento perceptivo, de nosso convívio fundamentado com um
amplo repertório que nos faça sentido e que - assumamos - nos agra de e n os faça felizes. Se
só cultivarmos estereótipos lançados pela mídia ou nos fixarmos exclusivamente em
uma determinada fase da MPB (a bossa nova, por exemplo), será difícil estabelecer um
diálogo com outros repertórios, com outras histórias, com outras possibilidade de
fruição. Não se ensina a usufruir, por exemplo, se não cultivarmos nossos momentos de
fruição estética. Como querer mostrar a importância histórica de uma obra se ela é uma
desconhecida para nossa sensibilidade? Como fazer o aluno acreditar que a ampliação de
seu repertorio resulta em uma abertura de seus referenciais culturais e pessoais se nós
mesmo nos mantemos rígidos e impermeáveis a outros repertórios?
Erudito (clássico) ou popular, internacional ou brasileiro, urbano ou rural,
tradicional ou experimental, instrumental ou vocal, quaisquer que sejam os gêneros e
estilos, cada fatia de repertório encerra um universo que deve ser desvendado, estudado
e usufruído, aumentando as chances de diálogo e de interação que podemos ter com o
mundo.
Escutar, portanto, tentar perceber o que o outro que nos dizer, é dialogar.
Diálogo que requer investimentos t ais como o exercício do respeito e da valorização
do que é diferente, da tolerância, da paciência, da confiança, da curiosidade, do
interesse , e, sobretudo , da crença de que o diálogo seja a real possibilidade de
encontro com uma cultura, com um pensamento, com uma outra temporalidade, com um outro
que não sou eu. Por isso, obra s de arte atravessam séculos e milênios propondo e
mantendo diálogos sempre novos e inusitados com as mais diferentes sensibilidades.
Sejamos, pois, frequentadores assíduos dessas sessões de diálogo. Sua prática e
o desejo de enriquece -las nos levarão em busca de um aprofundamento do s conteúdos
específicos de linguagem musical e, assim, concluiremos que ampliar horizontes artísticos
e estéticos é ampliar horizontes existenciais. Nós, professores de Arte, somos
privilegiados por encontrarmos, no cotidiano, essa possibilidade e esse convite.

Teatro

O projeto que ora se inicia focaliza mais uma das linguagens artísticas: o Teatro.
Como toda s as outras linguagens da Arte, est a também é área de conhecimento
e, portanto, o ensinar/a prender teatro na sala de aula deve garantir aos alunos momentos
de produção cênica, de conhecimento histórico da dramaturgia e de apreciação estética da
obra teatral.
O Teatro na escola possibilita aos educandos, além d o conhecimento específico
dessa linguagem, um verdadeiro trabalho em grupo e, com isso, melhor capacidade d e
socialização, de entende r o outro, de compartilhar ideias, tempo e espaço, de dialogar,
argumentar, negociar, tolerar, respeitar, observar regras, solidarizar -se, comprometer-se,
conviver com semelhanças e diferenças.
Interpretando os mais diversos personagens, o aluno poderá ver a vida sob múltiplos
pontos de vista, coloca r -se na situação do outro, viver situações reais e fictícias, correr
risco s, expor -se, buscar soluções, pensar a própria existência e a de tantos outros seres
humanos que viveram ou sonharam, para si ou para humanidade, diferentes histórias de
vida.
Conhecendo e interpretando obras da drama turgia universal, as adolescente s
terão acesso ao pensamento e ao sentimento de diferentes povos, países , culturas,
épocas retratados na obras cênicas, assim como aos textos dramáticos e seus autores .
Comparando -os, confrontando-os, pensando sobre eles, poderão reconhecer -se como seres
ao mesmo tempo únicos e universais, parte integrante de uma multiculturalidade e, por
isso mesmo, respeitadores de diferenças, penetrando em n ovos mundos de cultura e de
possibilidades estéticas.
Construindo personagens, histórias e cenários, o aluno poderá transpor fronteiras
de tempo e espaço, compreendendo que há diferentes m odos de viver, sentir, pensar,
emocionar -se e relacionar-se com a vida e o mundo. É um bom momento para refletir
sobre valores , atitudes e toda a diversidade cultural da qual é composta a humanidade.
Incentivado p elo professor, ele poderá estabelecer relações entre a sua e outras culturas,
ampliando conceitos de ética, identidade, cidadania e solidariedade humana.
Enquanto produtor , de codificador e intérprete de signos gestuais/ corporais, o
aluno poderá aprofundar suas possibilidades de atribuir e construir significados, de
entender -se enquanto um ser/corpo simbólico que propõe e lê gestualidades.
Assim como todas as linguagens da Arte, também o Teatro permite a reflexão sobre os
conflitos, medos e angustias da vida contemporânea. É possível, por meio da s artes
cênicas, não apenas mostrar como também refletir sobre o problema das drogas, da
gravidez precoce, da globalização, do desemprego... Denunciar a corrupção, o
autoritarismo, o preconceito, o trabalho infantil e tantos assunto s que já fazem,
infelizmente, parte da vida dos adolescentes.
É fundamental, também, possibilitar momentos de magia e encantamento, nos
quais se vive o sonho, a fantasia, o amor, o romance, a fic ção... Dar asas à imaginação,
buscar o utópico, o inatingível...
Vivendo no palco uma realidade fictícia, o aluno terá a chance de, além de
pensar a vida como ela é, propor soluções, prever alternativas, imaginá-la e apresentá-la
como poderia ser, se assim não fosse...
Que a alegria e a busca da felicidade estejam sempre presentes no trabalho desses
alunos/ atores, que ensaiam , no palco, exercícios de vida, da é tica e de cidadania, pauta
dos pela procura e respeito ao outro, no melhor e m ais difícil dos encontros: cada um
consigo mesmo!

O Teatro na Escola

O Teatro na educação não tem como objetivos a formação de atores, a


apresentação de espetáculos, e muito menos o “teatrinho” a serviço da compreensão de
outros componentes curriculares, assim como apresentações vazias de significado e m
comemorações de datas cívicas ou festinhas escolares. Trata -se de um letramento, de uma
alfabetização artística e est ética na linguagem cênica, cujos focos são a produção e a
leitura dos signos gestuais, acompanhados da história da dramaturgia. Teatro visto como área
de conhecimento e linguagem.
Para tanto, alunos e professores de vem sentir-se “cúmplices” no trabalho. Além
da necessidade de grande envolvimento e afetividade, é fundamental que as atividades
cênicas só tenham início quando o professor perceber que seu grupo tem um
relacionamento razoável, pois, como nenhuma outra linguagem, o teatro expõe as
pessoas que dele participam.
Portanto, recomenda -se que a s arte s dramáticas não aconteçam logo no início
do ano letivo , quando os alunos ainda não se conhecem ou não estabeleceram vínculos
afetivos mais fortes entre si. A presença na sala de pessoas estranhas ao grupo também
poderá inibir alguns deles.
Uma outra recomendação é que, inicialmente, nenhum aluno seja forçado a
representar. Para algumas pessoas, expor-se publicamente pode ser um ato de violência.
Aos poucos, por meio dos jogos, exercícios, improvisações e muito incentivo do
professor, cada um, dentro de suas possibilidade s, acabará por tomar partes nas
atividades.
Alunos que inicialmente se sentirem desconfortáveis na apresentação cênica poderão
criar cenários, trilhas sonoras, coreografias, sonoplastia, iluminação, figurinos, maquiagem...
Além de, é óbvio, recebem do professor incumbências no que diz respeito à apreciação.
Para que o teatro aconteça é necessário um espaço, que será dividido - ainda que
imaginariamente- em palco e plateia. Isso pode ocorrer na própria sala de aula: alunos
e professore s combinarão onde ficarão os al unos/ atores – o palco – e os alunos/
apreciadores – a plateia. Se a escola tiver um local apropriado, melhor, mas até a
quadra de esportes, quando estiver desocupada, poderá servir para as atividades cênicas.
É preciso lembrar, também, que todas as aulas deverão iniciar -se com jogos de
aquecimento e concentração, além de uma fala do professor que deverá explicar ao
grupo os objetivos das atividades. Isso facilita rá a avaliação conjunta do dia e o
trabalho dos alunos que, dessa forma, terá mais significado, pois saberão o porquê de
cada exercício.
A aula terminará sempre c om uma conversa na qual serão discutidos o que
cada um aprendeu, a construção, das personagens, o desempenho do grupo, a utilização
de recursos cênicos , a exploração de possibilidades estéticas, o papel de cada um
enquanto ator ou fruidor etc. É importante, ainda, debater o assunto da peça o u da
improvisação criada, lembrando que nas Artes forma e conteúdos não se dissociam.
Como o teatro é efêmero, fugaz, se o professor puder filmar alguns exercícios
ou improvisações, será ótimo. Ao ver-se atuando, o aluno pode rá fazer uma melhor
avaliação de seu desempenho, assim como o próprio professor de seu trabalho.
As atividades propostas terão sempre um encaminha mento voltado para a
resolução de problemas, a procura de alternativas, de soluções criativas e estética s.
Reforçando mais uma vez, a Arte na escola não busca “talentos”. As atividades cênicas
deverão ser vivenciadas por TODA a classe. Portanto, se, ao final do projeto, os alunos
quiserem ampliar seu público e mostrar sua peça a toda a escola, pais, professores,
funcionários, comunidade, será ótimo. Mas ficando claro que “espetáculo” foi
consequência e não o objetivo do trabalho. Uma obra artística só se completa quando
apresentada ao outro. No caso do teatro, a reposta do público é fundamental ao trabalho
do aluno/ ator que se realimenta, avalia seu desempenho, cresce em conhecimento e
autoestima .
É de fundamental importância, também, que a escol a possibilite que os alunos
assistem a uma ou m ais peças de teatro, de preferência profissional, para que conheçam
um pouco do universo cênico. É provável que muitos dos alunos nunca tenham ido a o
teatro!
Se os alunos puderem conversar com dramaturgos, diretores, cenógrafos, atores,
encenadores, iluminadores, maquiadores, figurinistas, músicos responsáveis pela trilha
sonora e sonoplastia, carpinteiros, arquitetos, enfim, com todas as dezenas de pessoas
que permite m que o fascinante mundo do faz -de- conta aflore no palco, seria
extremamente enriquecedor. Além de ampliarem seus horizontes, os adolescentes poderão
comprovar que teatro é trabalho, pro fissão.

Referências Bibliográficas
LOPES, Joana. Pega Teatro . Campinas: Papirus, 1989.
TOMÁS, L. Música e filos ofia- estética m usical. São Paulo: Vitale, 2004.
________, Dança educativa moderna. São Paulo: Í cone, 1990. ARNHEIM, Rudolf. Ar te e
percepção visual: uma psicologia da visão criadora. Trad. Ivone Terezinha de Faria, São
Paulo: Pioneira, 1980.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da Arte, São Paulo: Perspectiva, 1994.
http://fals.com.br/revela/REVELA%20XVII/art_exp05_14.pdf

http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2005-Ligia_Bacarin.pdf

https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40427/3/2ed_art_m1d2.pdf

http://impactodopacto.blogspot.com.br/2015/07/ensino-de-arte-concepcoes-e-praticas.html
COM MUITAS DICAS PARA ATIVIDADE EM SALA DE AULA

https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG064/nova/files/im
presso/UIA4.pdf

https://pt.slideshare.net/susannemessias/fundamentos-tericos-e-metodolgicos-do-ensino-da-
artes

https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG064/nova/files/im
presso/UIA3.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=DOiHDstHc_o abordagem triangular na sala de


aula

https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG064/nova/files/im
presso/UIA2.pdf

https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG064/nova/files/im
presso/UIA1.pdf

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