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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE UNAÍ

Processo N° 0000164-30.2016.4.01.3818 - JEF ADJ - UNAÍ


Nº de registro e-CVD 00788.2017.00713818.1.00403/00128

SENTENÇA

Trata-se de pedido de concessão de benefício assistencial ajuizado por


RONALDO ROMULO NUNES DE MOURA contra o Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS.

Conforme art. 20 da Lei 8.742/93, para a concessão do benefício assistencial,


o qual independe de contribuições, faz-se necessário o preenchimento dos seguintes
requisitos: a) a comprovação de falta de meios de prover a própria manutenção ou tê-
la provida por sua família; e b) seja a pessoa portadora de deficiência ou idosa, assim
considerada a partir dos 65 (sessenta e cinco) anos.

No que tange à deficiência, a parte autora foi submetida a perícia médica


judicial, que constatou a presença de polineuropatia sensitiva axonal e
desmielinizante, que a incapacita para exercer atividade que lhe garanta o próprio
sustento de forma total e permanentemente (fls. 55/56).

Com relação à condição de miserabilidade, a legislação vigente determina que


será considerado incapaz de prover o próprio sustento aquele cuja renda familiar per
capita seja igual ou inferior a ¼ do salário mínimo (art. 20, §3º, da Lei 8.742/93).

Assim, no laudo pericial socioeconômico (fls. 61/63) foi constatado que a


família é composta de três pessoas, o autor, um irmão e sua genitora, e que a única
renda da família é pensão por morte recebida pela genitora, pessoa idosa (76 anos),
no valor de R$937,00.
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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL GUSTAVO SORATTO ULIANO em 27/10/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2014383818240.

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Nº de registro e-CVD 00788.2017.00713818.1.00403/00128

Embora num primeiro momento isso possa parecer um óbice ao deferimento


do pedido, observo que o STJ já firmou o entendimento de que, tratando-se de
benefício recebido por pessoa idosa, no valor do salário mínimo, tal renda não deve
ser computada para fins de cálculo da renda per capita familiar na ocasião da
concessão do benefício assistencial.

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL
PREVISTO NA LEI N. 8.742/93 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
AFERIÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO NÚCLEO FAMILIAR.
RENDA PER CAPITA. IMPOSSIBILIDADE DE SE COMPUTAR
PARA ESSE FIM O BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, NO VALOR
DE UM SALÁRIO MÍNIMO, RECEBIDO POR IDOSO.
1. Recurso especial no qual se discute se o benefício
previdenciário, recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, deve
compor a renda familiar para fins de concessão ou não do benefício de
prestação mensal continuada a pessoa deficiente.
2. Com a finalidade para a qual é destinado o recurso especial
submetido a julgamento pelo rito do artigo 543-C do CPC, define-se:
Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n.
10.741/03), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa
com deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido por idoso,
no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo da renda per
capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.
3. Recurso especial provido. Acórdão submetido à sistemática do §
7º do art. 543-C do Código de Processo Civil e dos arts. 5º, II, e 6º, da
Resolução STJ n. 08/2008.

(REsp 1355052/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA


SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 05/11/2015)

Nesse diapasão, verifico que a renda familiar per capita não ultrapassa o
limite legal de ¼ do salário mínimo, razão pela qual a procedência do pedido é
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medida de rigor.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO formulado por


RONALDO ROMULO NUNES DE MOURA (CPF: 137.988.406-36), para condenar
o INSS a conceder-lhe o benefício assistencial a partir de 04/05/2015 (DER/DIB).
Antecipo os efeitos da tutela, para determinar a implantação do benefício a partir de
01/11/2017 (DIP), devendo o INSS comprovar a implantação no prazo de 15 dias.

Condeno-o, ainda, no pagamento das parcelas atrasadas, no montante de R$


27.895,65 (vinte e sete mil, oitocentos e noventa e cinco reais e sessenta e cinco
centavos), atualizados e devidos até a competência outubro/2017, conforme o
Manual de Cálculos da Justiça Federal.

O INSS deverá ressarcir os honorários periciais.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios por força dos artigos 54


e 55 da Lei nº. 9099/95.

Após o trânsito em julgado, expeça-se RPV.

Realizado o pagamento, arquive-se.

Registre-se. Intime-se. Cumpra-se.

Unaí, data infra.

GUSTAVO SORATTO ULIANO


JUIZ FEDERAL

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