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mágica
é essa?
Os números e a invenção
do computador | O mundo digital
Bits e Bytes
PROFESSORES
Cristiane R. C. Tavolaro Física
Leo Akio Yokoyama Matemática
Sinopse do Programa
No final do século XX os computadores pessoais
revolucionaram a vida em todo o planeta. Traba-
lho, educação, lazer e entretenimento são alguns
exemplos de atividades que estão cada vez mais
dependentes da informática. Mas, apesar dessa
onipresença, poucas pessoas sabem que essa
revolução nasceu do casamento da Matemática
com a Física, da linguagem dos números com
a eletrônica. No programa “Sala de Professor”,
os convidados propõem uma série de jogos e
desafios que desvendam os números binários e
a digitalização de dados.
Apresentação
Em um mundo tecnológico cada vez mais ins-
tigante e sedutor, é desafiador sensibilizar o
estudante para um olhar científico. A série “Bits
e Bytes” nos possibilita esse enfoque a partir da
linguagem da Matemática e da Física. Em nossa
proposta, abordaremos o funcionamento do sis-
tema binário de numeração, uma aplicação para
a detecção de erros no computador (em forma
de uma brincadeira mágica) e um desafio mate-
mático que é solucionado por meio do sistema
binário. Além disso, mostraremos como se dá
a tradução do mundo analógico para o mundo
digital, em uma abordagem experimental inova-
dora e tão sedutora quanto a própria tecnologia.
Um olhar para o documentário
a partir da matemática
A proposta apresentada poderá ser aplicada em porém, no final do programa, essa mágica será re-
qualquer série do Ensino Médio. O professor poderá velada e a relação com o documentário ficará clara.
desenvolver conteúdos que envolvam o sistema
de numeração binário e a detecção de erros. Ini- Depois, um desafio matemático será lançado para
cialmente será apresentado um número de mágica outros dois voluntários. O desafio tem como objeti-
para dois voluntários. vo iniciar o ensino do sistema de numeração binária
por meio de um painel de luzes, que em sala de aula
Aparentemente essa mágica não tem nada a ver pode ser substituído por alunos segurando cartões
com o documentário e nem com números binários, com os números 1, 2, 4, 8 e 16 impressos.
IMPAR
PAR
PAR
Solicite que os voluntários distribuam 25 quadra- deverá escolher os cartões adicionais de forma
dinhos imantados em cinco linhas e cinco colunas que haja um número par de cartas coloridas em
sobre uma placa metálica, assim a mágica se inicia- cada linha e coluna. Ou seja, se na primeira linha
rá. É importante que metade dos quadrados tenha havia três cartões coloridos (ímpar), o professor
um dos lados colorido. Os alunos podem escolher colocaria mais um colorido, formando assim um
aleatoriamente qual cor ficará à mostra. número par de cartões coloridos na primeira linha.
Na segunda linha não há cartões coloridos (par),
Em um segundo momento, o professor acrescen- portanto o professor deverá colocar um cartão
tará mais 11 cartões para formar a sexta coluna sem cor (ou da outra cor), continuando assim com
e linha, com a desculpa de “dificultar o truque”. um número par de cartões sem cor (zero). Para as
Esses cartões inseridos pelo professor são, na colunas, o professor deve seguir o mesmo racio-
verdade, o segredo para o truque. O professor cínio das linhas.
IMPAR
Após finalizar o acréscimo das cartas, o professor Essa mágica exemplifica o conceito de detecção
pedirá para um voluntário virar apenas um cartão de erros por bit paridade exibido no documen-
de qualquer linha ou coluna; enquanto isso, o pro- tário. Retome que os dados de um computador
fessor irá virar-se de costas e cobrir seus olhos. são armazenados em um disco ou transmitidos
A linha e a coluna que contêm a carta modificada de um computador para outro de forma que estes
terão um número ímpar de cartas coloridas, e isto não sofram alterações no processo. Mas, às vezes,
identificará a carta modificada. problemas acontecem, e os dados são alterados
acidentalmente. O bit de paridade serve para
Ao final, incentive seus alunos a descobrir o truque. detectar quando e onde os dados foram cor-
Ouça as sugestões deles, motive-os a conjecturar rompidos para que possam ser corrigidos.
sobre o problema. Propomos, a seguir, um plano
para o ensino do truque aos estudantes.
Outra atividade que pode ser realizada para auxi-
1. O s alunos podem trabalhar em grupos. liar no ensino dos números binários se passa na
Peça para eles distribuírem suas cartas em forma de desafio:
um quadrado 5x5.
“Uma senhora se hospedou em um hotel para
2. Pergunte a eles: Quantas cartas coloridas
ficar sete dias, mas esqueceu-se do dinheiro.
estão em cada linha e coluna? Trata-se de
um número par ou ímpar? Lembre-os que Ela explicou ao dono do hotel que ao final de
zero é um número par. sete dias teria o dinheiro para pagar sua hos-
pedagem e lhe propôs um acordo. Ela tinha
3. A seguir, adicione uma sexta carta em cada um colar de ouro, constituído de sete argolas
linha, certificando-se de que o número de unidas e transpassadas umas às outras. A
cartas coloridas seja sempre par. Esta carta senhora então propôs pagar cada diária com
extra é chamada de carta de “paridade”.
uma argola (uma argola por dia de hospeda-
4. Adicione uma sexta linha de cartas na parte gem), e no final dos sete dias pagaria a hospe-
de baixo, fazendo com que o número de dagem de todos os dias e pegaria as argolas
cartas em cada coluna seja um número par. de volta. O dono do hotel aceitou.
5. Peça para que virem uma carta qualquer. Para realizar o prometido à senhora, preci-
Pergunte a eles o que notam sobre a linha e a saria cortar pelo menos uma argola para
coluna na qual essa carta foi virada. Certifique- liberar as outras. Como ela gostava muito de
se de que eles visualizaram o número ímpar sua joia, encontrou uma maneira de efetu-
de cartas coloridas. Cartas de paridade são ar poucos cortes para não danificar o colar.
usadas para mostrar a ocorrência de um erro. Quantos cortes, no mínimo, a senhora terá
6. Sugira que se revezem na realização do que realizar, e de que maneira será feita a
“truque”. separação das argolas?”
1. No primeiro dia ela deu a argola única cortada. Antes de dar as respostas da mágica e do desafio para
os alunos, será interessante que o professor explique
como funciona o sistema binário de numeração.
Observe a tabela abaixo que representa um painel
2. No segundo dia pegou a cortada de volta e deu de luzes. Se o professor desejar, em sala de aula o
as duas unidas. painel pode ser substituído por alunos segurando
cartões com os números 1, 2, 4, 8 e 16 impressos.
Números
24 = 16 23 = 8 22 = 4 21 = 2 20 = 1
4. No quarto dia ela pegou todas as que estavam Decimais
Luzes
5. No quinto dia ela foi até o dono do hotel e entre-
gou a argola cortada novamente para somar 5 com Número
0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1 0 ou 1
Binário
as quatro que já estavam com ele.
6. No sexto dia ela pegou todas as argolas com o 1 basta levantar o cartão 1 (da direita) e esconder
dono e entregou as duas unidas, mais as quatro os outros.
unidas, somando 6.
Números
24 = 16 23 = 8 22 = 4 21 = 2 20 = 1
Decimais
5 basta levantar os cartão 4 e 1 e esconder os
outros. E assim por diante. Cartões
Luzes
Apresentação da mágica;
O mundo físico, isto é, o mundo real, não é digital! As em experimentos ou em dispositivos automatizados
grandezas físicas que medimos como intensidade como os robôs?
luminosa, intensidade sonora, massa, temperatura
e tantas outras têm valores que podem variar em A conversa entre o mundo real e o computador pre-
frações em suas unidades de medida, muito dife- cisa de um tradutor que podemos também chamar
rentes de 0 e 1. Então, como o computador registra de conversor AD (analógico - digital). A placa de som
e reproduz com fidelidade imagens, sons e ainda do computador, cuja entrada pode ser acionada
consegue gerenciar valores de outras grandezas através do microfone, é um exemplo de conversor.
120Hz
Sensor transforma Tradutor/ Código/ 300W
em tensão elétrica. conversor A/D digital/binário
15A
A onda sonora captada pelo microfone possui infor- Vejamos um exemplo: o software disponível na
mações sobre a intensidade e a frequência do som, Internet Gram V6 é um analisador de sons que
que por sua vez são transformadas em valores de permite alterar a taxa de amostragem do som
tensão elétrica (voltagem) no microfone. gravado. Sugerimos que o professor estimule os
alunos a utilizarem o software da seguinte forma:
Então o computador lê com o microfone conectado ao computador, abra
apenas voltagens, não sons! o software; depois clique em SCAM INPUT e es-
colha o valor de FFT points desejado; finalmente
Mas estes valores de voltagem ainda são analógicos, cante ou fale ao microfone e observe o resultado.
isto é, são sinais análogos aos reais, cujos formatos
são semelhantes ao das ondas originais, cheios de As figuras a seguir mostram o mesmo som ana-
curvas, picos e vales. O conversor AD os transformará lisado por duas taxas de amostragem diferentes:
em um sinal de tensão digital. Mas essa transforma- 16824 pontos e 512 pontos. O eixo horizontal da
ção poderá acarretar em perdas de informação! figura mostra a frequência do som.
Som analisado por taxa de 16824 pontos. Som analisado por taxa de 512 pontos.
Note que no segundo caso o som ficou desca- corresponde ao que chamamos de bit. É esse nú-
racterizado, isto é, a frequência do som gravado mero de bits na sua saída que define a precisão
ficou indefinida, já que no lugar de curvas temos na análise do sinal de entrada. Vamos imaginar
retângulos. Isso acontece por conta dos sinais um conversor AD cuja saída tenha 3 bits. Quantas
de tensão analógicos, quando são transformados frases binárias podemos escrever, sabendo que os
em frases binárias pelo conversor AD. Uma frase valores possíveis para os bits são 0 e 1? Vejam a
binária tem um conjunto de dígitos e cada dígito tabela abaixo.
0 1 0
0 1 1
1 0 0
1 0 1
8 frases = 2 3
Transformação dos sinais de tensão pelo conversor digital de 3 bits.
Os componentes eletrônicos, por sua vez, podem binária será utilizada para representar cada sinal?
ser polarizados com tensões de no máximo 5 volts. Veja no quadro abaixo a distribuição dos sinais para
Imagine, por exemplo, que os sinais de tensão pro- cada frase, já que teremos 8 frases possíveis. Lem-
duzidos em microfones que entram no conversor AD bre-se que teremos no máximo 5V para 8 frases!
têm valores que variam entre 0 e 5 volts. Que frase
Frases
1 1 1
1 1 0
1 0 1
1 0 0
0 1 1
0 1 0
0 0 1
0 0 0
0 0.625 1.25 1.875 2.5 3.125 3.75 4.375 5.0 Tensão (V)
A entrada e saída de informações se dão por meio da neste experimento) possui uma saída digital de 10
do sensor de luz LDR, ligado à “porta” de entrada bits e isso significa que escreve 210 = 1024 frases bi-
analógica A0 do Arduino. Por esta porta entrarão nárias. Logo, os sinais de tensão do LDR poderão se
sinais de tensão em formato analógico que terão distribuir entre 1024 possibilidades de sinais digitais
valores altos ou baixos, dependendo da intensidade e para cada frase com 5V/1024 que serão enviadas
luminosa. O Arduino Duemilinove (versão usa- ao computador e lidas pelo software Arduino.
Os valores lidos no LDR são decimais. Lembre-se que são no máximo 5V de entrada para 1024 frases biná-
rias. Cada valor indica a frase binária correspondente ao valor de tensão na porta de entrada. Por exemplo:
para certa intensidade de luz o valor lido é 432. Este é o valor da tensão no LDR: 2,10 volts. A tradução da
frase binária de 10 bits para o valor decimal 432 pode ser realizada por regra de três simples:
if(LDR>700)
{digitalWrite(ledPin, HIGH);
delay(1000);}
else
{digitalWrite(ledPin, LOW);
delay(1000);}
ETAPAS
Livros e Revistas
CALVALCANTE, M. A.; TAVOLARO, C. R. C.; MOLISANI, E. Física com Arduino para iniciantes. Revista Brasileira de
Ensino de Física (Online), v. 33, p. 4503-1-4503-9, 2011.
CAVALCANTE, M. A.; BONIZZIA, A.; GOMES, L.P.C. O ensino e aprendizagem de Física no século XXI: sistemas de
aquisição de dados nas escolas brasileiras, uma possibilidade real. Revista Brasileira de Ensino de Física (Impresso),
v. 31, p. 4501-1-6, 2009.
Blog contendo tutoriais para utilizar o Arduino, além de projetos educacionais. Disponível em: <labduino.blogspot.com.br>.
Acesso em 21 de set. de 2012.
Site contendo dicas de projetos com o Arduino disponível em: <labdegaragem.com>. Acesso em 21 de set. de 2012.
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