Resumo: Caráter Inicial e Geral da Formação Econômica Brasileira, de Caio Prado
Júnior, páginas 13 a 23.
No capítulo em questão, o autor inicia defendendo a ideia de que para entender a
colonização brasileira é necessário refletir sobre as circunstâncias anteriores ao seu começo, que teriam proporcionado as condições para que ela ocorresse. Isso significa voltar a análise para os séculos XIV e XV, momento em que determinados Estados europeus passam a investir cada vez mais e a ganharem destaque nas navegações, descobrindo e dominando novas rotas marítimas comerciais e adquirindo posição de grande poder e protagonismo no continente, destacando-se então o pioneirismo português. Sob a luz dessas constatações, o autor pretende demonstrar como a ideia de povoar e colonizar as Américas em si, não era um objetivo prioritário para esses Estados navegadores, cujo foco estava no comércio, especialmente com o Oriente. A noção de colonização, como a que veio a ocorrer mais tarde, não surge como objetivo inicial, e sim por necessidade, para dar suporte e abastecimento às feitorias.
O sistema de colonização vai então tomando forma de acordo com as necessidades,
condições e interesses que vão surgindo ao longo do tempo, como clima, tipo de exploração que será feita no local, topografia etc, sem um plano prévio já estabelecido. De forma semelhante guia-se o povoamento e a imigração para esses territórios. As colônias receberam, por exemplo, muitos perseguidos religiosos que apenas buscavam um local para abrigar-se dos conflitos europeus ou indivíduos que vinham vivendo em grande pobreza na Europa e migram em busca de melhores condições de sobrevivência. Não houve deliberadamente grandes incentivos para tais deslocamentos por parte das metrópoles. Dessa forma, até mesmo as regiões de climas distintos do europeu, mesmo exigindo certas adaptações e não sendo a maior preferência de muitos, foram sendo ocupadas. Uma das adaptações veio a ser incorporação do trabalho escravo, o que aliviaria grande parte do transtorno do clima tropical para o europeu.
A partir de então vai se delineando a principal função da colônia: a de fornecer o que
quer que fosse de interesse da metrópole, como açúcar, ouro, algodão, café, tabaco, dentre outros. Tudo se orientará por esse objetivo, por esse caráter externo e exportador da colônia: as atividades, as instituições formadas, as medidas administrativas etc. Isso marcará profundamente o desenvolvimento do futuro país, em especial seu aspecto econômico, moldando-o de tal forma que essa influência é extremamente perceptível ainda hoje.
Referência:
PRADO JR., Caio. Caráter Inicial e Geral da Formação Econômica Brasileira. In: História Econômica do Brasil. 33 ed. São Paulo Brasiliense, 1986, p. 13-23