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NOÇÕES DE GEOLOGIA

2. ESTRUTURA DA TERRA
A Terra tem uma forma aproximada de um elipsóide de revolução com aproximadamente
12.700 km de diâmetro e está sendo estudada detalhadamente por meio de satélites
artificiais. A maior parte do interior da Terra não pode ser examinada diretamente, pois os
poços mais profundos até hoje perfurados são da ordem de apenas 6 km abaixo da
superfície. Muitas das deduções se referem ao passado remoto, anteriores ao
aparecimento do homem.
Assim, em geologia são feitas muitas inferências, principalmente no que diz respeito ao
interior da Terra. Quando se afirma que a Terra possui núcleo denso com um raio de
aproximadamente 3470 km, que dizer que esta afirmação se baseia em numerosas
observações, principalmente na propagação de ondas sísmicas que penetrando no
interior deste planeta e durante seus percursos, sofrem numerosas reflexões e refrações
indicativas de existência de tal núcleo.
Em razão da complexidade dos fatos geológicos, raramente poderão ser feitas afirmações
perfeitamente rigorosas. Tal dificuldade reside não só na variedade de materiais que
compõe a Terra, como também na grande diversidade dos processos operantes.
Aos materiais sólidos que entram na composição da Terra e são diretamente acessíveis à
observação, chama-se rocha. Tais materiais geralmente são formados de minerais, os
quais possuem uma estrutura organizada, cristalina. Assim, o estudo da Terra em escala
pequena começa pela mineralogia, em seguida passa para uma escala um pouco maior,
isto é, rochas e sua origem (Petrologia) e finalmente alcança um âmbito ainda maior e
muito especulativo que é o estudo da Terra como um todo, tarefa a que se propõe a
geologia.
2.1. CONSTITUIÇÃO DA TERRA
Os resultados sismológicos indicam haver duas grandes interfaces entre a superfície da
Terra e o seu centro, limitando, portanto camadas concêntricas de diferentes constituições
químicas e físicas, conforme se mostra na Figura 1. Assim, além da atmosfera (camada
gasosa que envolve a superfície da Terra) tem-se a crosta (litosfera), manto e núcleo.

Figura 1.

Crosta (litosfera): é a camada mais externa. A sua parte superior é constituída de rochas
graníticas ricas em silício e alumínio (Sial) a qual é encontrada nos continentes. A parte
inferior é formada por rochas basálticas, ricas em silicatos ferro-magnesianos (Sima) e
constitui a base dos continentes e fundos dos oceanos, correspondendo a uma contínua
camada que envolve toda a Terra.
• Manto: Porção localizada entre 50 a 2900 km de profundidade média. Acredita-se que
seja uma camada plástica e formada por silicatos ferro-magnesianos. Subdivide-se em
manto superior e inferior e está em constante movimentação.
• Núcleo: Ocupa os 3470 km restantes até o centro da Terra e deve ser constituído,
conforme hipótese de vários autores, de ferro e níquel. Subdivide-se em núcleo externo
(fluido) e núcleo interno (sólido)

2.2. MAGNETISMO TERRESTRE


Admite-se que a origem do magnetismo terrestre esteja na defasagem na rotação da
Terra entre a parte líquida do núcleo e o manto inferior ao qual atribui-se propriedades
termoelétricas capazes de criar campo magnético à superfície.

2.3. IDADE DA TERRA


Para poder entender os vários processos geológicos, deve-se ter em mente o enorme
intervalo de tempo decorrido desde a origem da Terra até hoje e que é da ordem de 4,6
bilhões de anos.

Algumas maneiras de se verificar o tempo geológico são:


a. A partir da superposição de camadas, onde se considera que as camadas mais
modernas estão sobrepostas às mais antigas.
b. Através da radioatividade emitida pelo núcleo de certos elementos (datação
radiométrica). Sabe-se que os núcleos de certos elementos emitem partículas de energia
espontaneamente e dão origem a novos elementos, como por exemplo, U238 e Pb206.
Teoricamente, desejando-se determinar a idade de um mineral uranífero, verifica-se as
quantidades de U238 e Pb206 no mineral.
A proporção entre elas permite calcular a idade do mineral. Modernamente utiliza-se de
outro elemento também radioativo como o C14, mas somente é usado para datações em
períodos menores que 30 mil anos.

3. MINERALOGIA
A mineralogia é uma ciência complexa que investiga a gênese, as formas cristalinas, as
propriedades físicas e químicas e os tipos de ocorrência dos minerais. Minerais são
conjuntos de partículas sólidas de composição química e estruturas definidas que compõe
as rochas.
3.1. MINERAIS COMPONENTES DAS ROCHAS
Os minerais mais abundantes da crosta terrestre são os feldspatos e os quartzos que
entram na composição da maior parte das rochas. Assim as rochas são compostas
freqüentemente por agregados cristalinos de diversas espécies minerais, soldados entre
si.
Os minerais são classificados em grupos: silicatos; carbonatos; óxidos e sulfatos. Os
silicatos são o grupo mais importante, pois ocupam cerca de 93% do volume da litosfera.
– Silicatos: feldspatos; mica; quartzo; serpentina; dorita; talco e minerais argílicos;
– Minerais argílicos: caolinita, ilita e montmorilonita;
– Óxidos: hematita; magnetita; limonita;
– Carbonatos: calcita e dolomita;
– Sulfatos: gesso e anidrita.

3.2. PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS


Dependem dos elementos químicos que entram na composição, bem como da maneira
em que estão agrupados espacialmente. Certos minerais, principalmente alguns do grupo
dos feldspatos, tem grande facilidade de reagir com a água dando origem aos
argilominerais. Estes são de grande importância para a geologia de engenharia, pois
deles depende o comportamento mecânico dos solos.
Algumas das propriedades físicas são:
− Densidade: geralmente sofre desvios em razão das impurezas que ocorrem nos
minerais.
Os minerais mais comumente encontrados nas rochas apresentam valores de densidade
de 2,5 a 3,5 g/cm3;
Dureza: é a resistência oferecida pela superfície do mineral ao ser riscado. Essa
propriedade reflete as qualidades físicas e mecânicas de importância para o engenheiro,
tais como abrasividade, resistência à perfuração, etc;
− Brilho: é o aspecto da superfície do mineral quando reflete luz, ou seja, se metálico ou
não metálico;
− Cor: os minerais que tem brilho metálico geralmente se apresentam com a mesma cor,
mas nos minerais com brilho não metálico a cor não tem valor nenhum como critério de
identificação, pois podem se apresentar em diversas cores;
− Risca: constitui a cor do pó fino do mineral quando se risca uma placa de porcelana não
vitrificada
4. PETROLOGIA
Ciência que estuda as rochas. As rochas são agregados naturais formados por uma ou
mais espécies de minerais. Geralmente as rochas apresentam como corpos maciços que
constituem partes importantes da crosta terrestre.
As rochas, quanto à origem, podem ser classificadas em:
− Magmáticas ou ígneas: resultantes da consolidação por resfriamento do material em
estado de fusão (magma) formado no interior da Terra. Essa consolidação, quando se dá
no interior da crosta, o resfriamento é mais lento gerando rochas denominadas
magmáticas intrusivas (exemplo: granito); quando o magma chega à superfície através de
erupções se dá uma consolidação mais rápida formando as rochas magmáticas
extrusivas (exemplo: basaltos);
− Sedimentares: os processos envolvidos são de natureza bem diversa, pois
compreendem deposição, compactação e cimentação de material fragmentado ou
precipitado. Como exemplo tem-se o arenito;
− Metamórficas: formada pela transformação de rochas pré-existentes por ação do calor,
pressão e fluidos. Os mármores são exemplo deste tipo de rocha.
5. GEOLOGIA ESTRUTURAL OU TECTÔNICA
A geologia estrutural ou tectônica é a parte da geologia que trata das deformações da
crosta terrestre (deformações crustais). Essas deformações são conhecidas como efeitos
tectônicos que dependem dos esforços submetidos e das características (como o módulo
de elasticidade) do maciço.
Durante a história geológica da Terra, e mesmo em tempos atuais, a crosta terrestre já
sofreu empenamentos, adernamentos, levantamentos, abatimentos, etc., resultando em
mudanças de posições relativa das formações rochosas. Esses movimentos podem ser
lentos ou rápidos e ocorrer em qualquer direção (para cima, para baixo, horizontalmente
ou de forma inclinada).
Os principais movimentos da crosta terrestre são de dois tipos:
− Orogênicos: são tangenciais e rápidos, causadores das cadeias montanhosas. As
montanhas são, portanto, constituídas de rochas dobradas devido a fortes movimentos.
− Epirogênicos: são movimentos verticais (ascendentes ou descendentes), sem
dobramentos, de difícil conhecimento.Certas partes do globo ficam expostas à superfície,
sofrendo erosão, enquanto outras se aprofundam abaixo do nível do mar, servindo como
base dos depósitos marinhos.

5.1. OS EFEITOS TECTÔNICOS


Os efeitos tectônicos são resultantes da movimentação das chamadas placas tectônicas.
Segundo a teoria tectônica de placas a camada superficial da Terra (crosta) está
fragmentada em meia dúzia de placas maiores, e algumas outras menores, que estão em
movimento relativo umas em conexão com as outras, enquanto se assentam numa
camada estrutural mais quente, menos rígida e mais móvel (manto).
Segundo alguns estudos, o calor radioativo acumulado no interior da Terra e não
completamente dissipado pelo vulcanismo é suficiente para aquecer as camadas do
manto e gerar correntes de convecção térmicas ascendentes (semelhantes as que se
formam quando a água começa a ferver) que transportam as placas por arrastamento. As
estruturas resultantes dos movimentos da crosta são: dobras; falhas; discordâncias e
rupturas.

5.1.1. Dobras
Quando as rochas são submetidas a tensões superiores ao seu limite elástico, em regiões
confinadas e sob temperaturas elevadas, elas poderão sofrer uma deformação de
flexionamento, formando ondulações, concavidades ou convexidades.
Esses encurvamentos do estrato rochoso, conforme mostrado na Figura 2, são
denominados de dobras anticlinais, quando convexas para cima, e dobras sinclinais,
quando côncavas para cima.
As dobras podem ser normais, inclinadas ou horizontais.
Na Figura 2, os elementos de uma dobra são apresentados: o plano axial é a superfície
imaginária que divide uma dobra em duas partes similares, que podem, ou não, ser
simétricas; o eixo axial nada mais é que a linha correspondente a cada interseção do
plano axial com as camadas dobradas; os flancos são os dois lados de uma dobra; a
crista, ou lombada é a linha resultante da ligação dos pontos mais altos de uma dobra e
núcleo é a parte interna compreendida entre os dois flancos de uma dobra.

Figura 2.

5.1.2. Falhas
As falhas são fraturas resultantes de um deslocamento perceptível entre um ou mais
blocos de rochas. O plano de falha é a superfície, ou plano, segundo a qual se dá o
deslocamento. O rejeito é a medida do deslizamento linear resultante do movimento que
ocasionou a falha, ou seja, é o desnível resultante entre as camadas. O atrito entre os
blocos produz um material fragmentado chamado de brecha de falha.
5.1.3. Discordâncias
O contato entre duas camadas é concordante quando não houve interrupção, a não ser
em pequenas pausas, na seqüência de deposição de duas camadas, mas será
discordante quando o contato entre duas camadas apresenta uma interrupção na
deposição ou uma erosão entre a deposição da primeira camada e a segunda. Diz-se que
ocorre um hiato quando há uma interrupção no tempo de deposição ou de erosão que
separa as duas seqüências de camadas.
As discordâncias angulares são aquelas em que há ausência de paralelismo entre as
camadas mais antigas e as mais jovens, o que geralmente ocorre é que a seqüência mais
antiga sofreu dobramento e mudou sua posição e depois camadas mais novas foram se
depositando sobre elas. As discordâncias paralelas resultam de hiatos na seqüência de
sedimentação.

5.1.4. Rupturas
Processo pelo qual a rocha perde a capacidade de transmitir qualquer carga em
decorrência desta se dividir em fragmentos ocasionados pela aplicação de tensões
externas. Os terremotos de grande intensidade podem ocasionar rupturas de grandes
massa de rochas, mas no caso de pequenas vibrações pode-se citar como rupturas
ocorrentes o desmoronamento do teto de cavernas.

6. GEOLOGIA DO BRASIL
O Brasil está totalmente contido na plataforma Sul-Americana, cujo embasamento de
evolução geológica é muito complexo, remontando à era do Arqueano. A sua
consolidação foi completada entre o período Proterozóico superior e o inicio do período
Paleozóico, com o encerramento no ciclo Brasiliano.
O embasamento da Plataforma Sul-Americana acha-se essencialmente estruturado sobre
rochas metamórficas de idade arqueana. Esse embasamento acha-se exposto em
grandes escudos, destacando-se o escudo das Guianas, Brasil Central e Atlântico. O
Escudo das Guianas compreende o norte da Bacia do Amazonas. O Escudo Brasil
Central estende-se pelo interior do Brasil e sul desta Bacia. O escudo Atlântico expõe-se
na porção oriental atingindo a borda atlântica. Esses escudos estão expostos em mais de
50% da área do Brasil.
Sobre essa plataforma desenvolveram-se no Brasil as coberturas sedimentares e
vulcânicas que preencheram espacialmente três extensas bacias: Bacias do Amazonas;
do Paraíba e Paraná.
Além dessas bacias, diversas outras bacias menores, inclusive bacias costeiras e outras
áreas de sedimentação ocorrem expostas sobre a plataforma. Na Figura 3 mostra-se o
mapa da geologia do Brasil.
FIGURA 4. Mapa da geologia do Brasil.

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