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Linguagem, texto e contexto nos signos verbais e não-verbais. A intermediação entre linguagem verbal
e não verbal no processo de constituição do texto/discurso.. ................................................................... 1
A linguagem das ciências e das artes e seu entendimento como chaves à compreensão do mundo e
da sociedade. A linguagem das ciências humanas no processo de formação das dimensões estéticas,
éticas e políticas do atributo exclusivo do ser humano. A linguagem das ciências e das artes e as
implicações ao pensar filosófico, a partir do Renascimento. ................................................................... 16
As linguagens das ciências, das artes e da matemática: sua conexão com a
compreensão/interpretação de fenômenos nas diferentes áreas das relações humanas com a natureza e
com a vida social. ................................................................................................................................... 24
As linguagens das ciências e das artes e sua relação com a comunicação humana. O significado social
e cultural das linguagens das artes e das ciências – naturais e humanas – e suas tecnologias. ............ 29
As linguagens como instrumentos de produção de sentido e, ainda, de acesso ao próprio
conhecimento, sua organização e sistematização. ................................................................................. 37
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1384439 E-book gerado especialmente para RONIE FRANCA COSTA
Linguagem, texto e contexto nos signos verbais e não-verbais. A intermediação
entre linguagem verbal e não verbal no processo de constituição do
texto/discurso.
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br
Linguagem
Como instrução geral, podemos dizer que uma hipótese interpretativa é aceitável sempre que o texto
apresenta pista ou pistas que a confirmam e sustentam. O texto abaixo é bastante apropriado.
O que é a linguagem?
É qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos
através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos
órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: visual, auditiva, tátil, etc., ou,
ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos
constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar
conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos. Embora os animais também se
comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao Homem.
Não se devem confundir os conceitos de linguagem e de língua. Enquanto aquela (linguagem) diz
respeito à capacidade ou faculdade de exercitar a comunicação, latente ou em ação ou exercício, esta
última (língua ou idioma) refere-se a um conjunto de palavras e expressões usadas por um povo, por uma
nação, munido de regras próprias (sua gramática).
Noutra acepção (anátomo-fisiológica), linguagem é função cerebral que permite a qualquer ser humano
adquirir e utilizar uma língua.
Por extensão, chama-se linguagem de programação ao conjunto de códigos usados em computação.
O estudo da linguagem, que envolve os signos, de uma forma geral, é chamado semiótica. A linguística
é subordinada à semiótica porque seu objeto de estudo é a língua, que é apenas um dos sinais estudados
na semiótica.
A respeito das origens da linguagem humana, alguns estudiosos defendem a tese de que a linguagem
desenvolveu-se a partir da comunicação gestual com as mãos. Posteriores alterações no aparelho
fonador, os seres humanos passaram a poder produzir uma variedade de sons muito maior do que a dos
demais primatas.
De acordo com Kandel apesar das dificuldades de se apontar com precisão quando ou como a
linguagem evoluiu há certo consenso quanto a algumas estruturas cerebrais constituírem-se como pré-
requisitos para a linguagem e que estas parecem ter surgido precocemente na evolução humana.
Segundo esse autor essa conclusão foi atingida após exame dos moldes intracranianos de fósseis
humanos. Na maioria dos indivíduos o hemisfério esquerdo é dominante para a linguagem; a área cortical
da fala do lobo temporal (o plano temporal) é maior no hemisfério esquerdo que no direito. Visto que os
giros e sulcos importantes deixam com frequência impressões no crânio, o registro fóssil foi estudado
buscando-se as assimetrias morfológicas associadas à fala nos humanos modernos. Essas assimetrias
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foram encontradas no homem de Neanderthal (datando de cerca de 30.000 a 50.000 anos) e no Homo
erectus (datado de 300.000 a 500.000 anos), o predecessor de nossa própria espécie.
(...)
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
Cecília Meireles.
Romanceiro da Inconfidência. In: Obra poética.
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985, p. 442.
Esses versos foram extraídos do poema “Romance LIII ou das palavras aéreas”, em que Cecília
Meireles fala sobre o poder da palavra. Mostram que a palavra, apesar de frágil, por ser constituída de
sons, é ao mesmo tempo extremamente forte, porque, com seu significado, derruba reis e impérios; serve
para construir a liberdade do ser humano e também para envenenar a sua vida; serve para sussurrar
declarações de amor, para exprimir os sonhos, para impulsionar os desejos mais grandiosos, mas
também para caluniar, para expor a raiva, para impor a derrota.
- A linguagem é o traço definidor do ser humano, é a aptidão que o distingue dos animais.
O provérbio popular “Palavra não quebra osso”, contrapondo a palavra à ação, insinua que a linguagem
não tem nenhum poder: um golpe, mas não uma palavra, é capaz de quebrar osso. Ora podemos desfazer
facilmente essa visão simplista das coisas, analisando para que serve a linguagem.
“Este deve ser o bosque”, murmurou pensativamente (Alice), “onde as coisas não têm nomes”. (...)
Ia devaneando dessa maneira quando chegou à entrada do bosque, que parecia muito úmido e
sombrio. “Bom, de qualquer modo é um alívio”, disse enquanto avançava em meio às árvores, “depois de
tanto calor, entrar dentro do... dentro do... dentro do quê?” Estava assombrada de não poder se lembrar
do nome. “Bom, isto é, estar debaixo das... debaixo das... debaixo disso aqui, ora!”, disse, colocando a
mão no tronco da árvore. “Como é que essa coisa se chama? É bem capaz de não ter nome nenhum...
ora, com certeza não tem mesmo!”
Ficou calada durante um minuto, pensando. Então, de repente, exclamou: - Ah, então isso terminou
acontecendo! E agora quem sou eu? Eu quero me lembrar, se puder.
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Esse texto, reproduzido do livro “Através do espelho e o que Alice encontrou lá”, mostra que a
protagonista, ao entrar no bosque em que as coisas não têm nome, é incapaz de apreender a realidade
em torno dela, de saber o que as coisas são. Isso significa que as coisas do mundo exterior só têm
existência para os homens quando são nomeadas. A linguagem é uma forma de apreender a realidade:
só percebemos aquilo a que a língua dá nome.
Roberto Pompeu de Toledo, articulista da Veja, comenta essa questão na edição de 26 de junho de
2002 (p. 130), ao falar da expressão “risco país”, usada para traduzir o grau de confiabilidade de um país
entre credores ou investidores internacionais:
(...) As coisas não são coisas enquanto não são nomeadas. O que não se expressa não se conhece.
Vive na inocência do limbo, no sono profundo da inexistência. Uma vez identificado, batizado e
devidamente etiquetado, o “risco país” passou a existir. E lá é possível viver num país em risco? Lá é
possível dormir em paz num país submetido à medição do perigo que oferece com a mesma assiduidade
com que a um paciente se tira a pressão? É como viajar num navio onde se apregoasse, num escandaloso
placar luminoso, sujeito a tantas oscilações como as das ondas do mar, o “risco naufrágio”.
O segundo projeto era representado por um plano de abolir completamente todas as palavras, fossem
elas quais fossem (...). Em vista disso, propôs-se que, sendo as palavras apenas nomes para as coisas,
seria mais conveniente que todos os homens trouxessem consigo as coisas de que precisassem falar ao
discorrer sobre determinado assunto (...). ...muitos eruditos e sábios aderiram ao novo plano de se
expressarem por meio de coisas, cujo único inconveniente residia em que, se um homem tivesse que
falar sobre longos assuntos e de vária espécie, ver-se-ia obrigado, em proporção, a carregar nas costas
um grande fardo de coisas, a menos de poder pagar um ou dois criados robustos para acompanhá-lo (...).
Outra grande vantagem oferecida pela invenção consiste em que ela serviria de língua universal,
compreendida em todas as nações civilizadas, cujos utensílios e objetos são geralmente da mesma
espécie, ou tão parecidos que o seu emprego pode ser facilmente percebido.
Esse trecho do livro “Viagens de Gulliver” narra um projeto dos sábios de Balnibarbi: substituir as
palavras – que, no seu entender, têm o inconveniente de variar de língua para língua – pelas coisas.
Quando alguém quisesse falar de uma cadeira, mostraria uma cadeira, quem desejasse discorrer sobre
uma bolsa, mostraria uma bolsa, etc. Trata-se de uma ironia de Swift às concepções vulgares de que a
compreensão da realidade independe da língua que a nomeia, como se as palavras fossem etiquetas
aplicadas a coisas classificadas independentemente da linguagem, quando, na verdade, a língua é uma
forma de categorizar o mundo, de interpretá-lo.
O que inviabiliza o sistema imaginado pelos sábios de Balnibarbi não é apenas o excesso de peso das
coisas que cada falante precisaria carregar: é o fato de que as coisas não podem substituir as palavras,
porque a língua é bem mais que um sistema de demonstração de objetos ou mera cópia do mundo natural.
As coisas não designam tudo que uma língua pode expressar.
Mostrar um objeto, por exemplo, não indica sua inclusão numa dada classe. No léxico de uma língua,
agrupamos os nomes em classes. Maçã, pera, banana e laranja pertencem à classe das frutas. Ao
mostrar uma fruta qualquer, não consigo exprimir a ideia da classe fruta; não posso, então, expressar
ideias mais gerais. Não produzimos palavras somente para designar as coisas, mas para estabelecer
relações entre elas e para comentá-las. Mostrar um objeto não exprime as categorias de quantidade, de
gênero (masculino e feminino), de número (singular e plural); não permite indicar sua localização no
espaço (aqui/aí/lá), etc. A língua não é um sistema de demonstração de objetos, pois permite falar do que
está presente e do que está ausente, do que existe e do que não existe; permite até criar novas realidades,
mundos não existentes.
A linguagem é uma atividade simbólica, o que significa que as palavras criam conceitos, e eles
ordenam a realidade, categorizam o mundo. Por exemplo, criamos o conceito de pôr-do-sol. Sabemos
que, do ponto de vista científico, o Sol não “se põe”, uma vez que é a Terra que gira em torno dele.
Contudo esse conceito, criado pela linguagem, determina uma realidade que encanta a todos. Outro
exemplo: apagar uma coisa escrita no computador é uma atividade diferente de apagar o que foi escrito
a lápis, a caneta ou mesmo a máquina. Por isso, surgiu uma nova palavra para denominar essa nova
realidade, deletar. No entanto, se essa palavra não existisse, não perceberíamos a atividade de apagar
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no computador como uma ação diferente de apagar o que foi escrito a lápis. Uma nova realidade, uma
nova invenção, uma nova ideia exigem novas palavras, e estas é que lhes conferem existência para toda
a comunidade de falantes.
As palavras formam um sistema independente das coisas nomeadas por elas, tanto é que cada língua
pode ordenar o mundo de maneira diversa, exprimir diferentes modos de ver a realidade. O inglês, por
exemplo, para expressar o que denominamos carneiro, tem duas palavras: sheep, que designa o animal,
e mutton, que significa a carne do carneiro preparada e servida à mesa. Em português, dizemos as duas
coisas numa palavra só: Este carneiro tem muita lã e Este carneiro está apimentado, ou seja, não
aplicamos a distinção que os falantes da língua inglesa têm incorporada à sua visão de mundo. Isso
mostra que a linguagem é uma maneira de interpretar o universo natural e segmentá-lo em categorias,
segundo as particularidades de cada cultura. Por essa razão, a linguagem modela nossa maneira de
perceber e de ordenar a realidade.
A linguagem expressa também as diferentes maneiras de interpretar uma ocorrência. Querendo
desculpar-se, o filho diz para a mãe: O jarro de porcelana caiu e quebrou. A mãe replica: Você derrubou
o jarro e, por isso, ele quebrou. Observe que, na primeira formulação, não existe um responsável pela
queda e pela quebra do objeto. É como se isso se devesse ao acaso. Na segunda formulação, atribui-se
a responsabilidade pelo acontecimento a um agente.
Funções da Linguagem
Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem, a resposta mais comum é que ela serve
para comunicar. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir informações. É também
exprimir emoções, dar ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve a linguagem?
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Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a aumentar o número de correntistas da Caixa
Econômica Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a adotar esse comportamento,
formulou-se um convite com uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a forma vem, de
segunda pessoa do imperativo, em lugar de venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer determinadas coisas, a crer em determinadas ideias,
a sentir determinadas emoções, a ter determinados estados de alma (amor, desprezo, desdém, raiva,
etc.). Por isso, pode-se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, emoções, paixões. Quem
ouve desavisada e reiteradamente a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende a ter
sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”,
aprendemos os preconceitos contra a mulher.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos
que nos influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios publicitários
que nos dizem como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas,
se consumirmos certos produtos.
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, que colocam o respeito ao outro acima
de tudo, quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemorizados, que se
deixam conduzir sem questionar.
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem quando esta é usada para interferir no
comportamento das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A palavra conativo é
proveniente de um verbo latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo).
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação com alguma coisa que aconteceu. Com
palavras, objetivamos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. Exprimimos a revolta e a
alegria, sussurramos palavras de amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, desdém,
desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos
dizerem “A intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O Fernando tem mudado o país”.
Essa maneira informal de se referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de insinuarem
intimidade com ele e, portanto, de exprimirem a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para
mostrar nossa valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou nossa competência na
conquista amorosa.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que empregamos, etc., transmitimos uma
imagem nossa, não raro inconscientemente.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utilização da linguagem para a manifestação
do enunciador, isto é, daquele que fala.
Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num elevador e devem manter uma conversa
nos poucos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o silêncio poderia ser
constrangedor ou parecer hostil.
Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos manter-nos em silêncio, olhando uns para os
outros. Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso, quando não se tem assunto, fala-se do
tempo, repetem-se histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso,
não tem nenhuma função que não seja manter os laços sociais. Quando encontramos alguém e lhe
perguntamos “Tudo bem?”, em geral não queremos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
está doente, se está com problemas. A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo social.
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Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre alunos de uma escola, entre torcedores
de um time de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas não entendam
bem o significado da letra do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o importante é que, ao
cantá-lo, sentimo-nos participantes da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função fática para indicar a utilização da linguagem
para estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor.
Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”;
“Estou usando o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar palavrões”, não estamos
falando de acontecimentos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É
o que chama função metalinguística. A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos sobre o
mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos comentando o que declaramos: é um modo de
esclarecer que não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a que estamos enunciando;
inversamente, podemos usar a metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo de dizer. É o
que se dá quando dizemos, por exemplo, Parodiando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não podem pescar”.
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também do que nunca existiu. Com ela,
imaginamos novos mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que outros modos
de ser são possíveis, que outros universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa púrpura do
Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligidos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo
inúmeras vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o galã é carinhoso e romântico. Um
dia, ele sai da tela e ambos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra realidade, os homens
são gentis, a vida não é monótona, o amor nunca diminui e assim por diante.
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons são formas de tornar a linguagem um
lugar de prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrairmos satisfação.
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a
frase shakespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emílio de Menezes, quando soube que
uma mulher muito gorda se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: “É
a primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”. A palavra banco está usada em dois
sentidos: “móvel comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está empregado em dois sentidos
o termo fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”.
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas, com significados diferentes, nesta frase do
deputado Virgílio Guimarães:
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu continência para os militares, bateu palmas
para o Collor e quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de consciência e bata
em retirada.”
(Folha de S. Paulo)
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é
utilizada para informar, para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo, para produzir um
efeito prazeroso de descoberta de sentidos. Em função estética, o mais importante é como se diz, pois o
sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de Raimundo Correia, a sucessão dos sons
oclusivos /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
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Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos.
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos ocorre no segundo verso, quando se afirma
que o barulho dos cavalos aumenta.
Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar sentidos ao conteúdo transmitido por
ela, diz-se que estamos usando a linguagem em sua função poética.
Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da
comunicação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desenvolvido de maneira "sistematizada" (alguém
pergunta - alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro escuta em silêncio, etc).
Exemplo:
Elementos da comunicação
- Emissor - emite, codifica a mensagem;
- Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
- Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
- Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem;
- Referente - contexto relacionado a emissor e receptor;
- Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se
a conclusão que quando se trata da parole, entende-se que é um veículo democrático (observe a função
fática), assim, admite-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diálogo interativo):
- locutor - quem fala (e responde);
- locutário - quem ouve e responde;
- interlocução - diálogo
As respostas, dos "interlocutores" podem ser gestuais, faciais etc. por isso a mudança (aprimoração)
na teoria.
As atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a
comunicação
Lembramo-nos:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais profundamente distingue o homem dos
outros animais.
Podemos considerar que o desenvolvimento desta função cerebral ocorre em estreita ligação com a
bipedia e a libertação da mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a par do desenvolvimento
de órgãos fonadores e da mímica facial.
Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada e escrita, o homem, aprendendo pela
observação de animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em diferentes países, não
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só para melhorar a comunicação entre surdos, mas também para utilizar em situações especiais, como
no teatro e entre navios ou pessoas e não animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas que
se podem observar entre si.
Potencialidades da Linguagem
Depois de analisar as funções da linguagem, conclui-se que ela é onipresente na vida de todos nós.
Cerca-nos desde o despertar da consciência, ainda no berço, segue-nos durante toda a vida e
acompanha-nos até a hora da morte. Sem a linguagem, não se pode estruturar o mundo do trabalho, pois
é ela que permite a troca de informações e de experiências e a cooperação entre os homens. Sem ela, o
homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. Sem ela, não se exerce a cidadania, porque os
eleitores não podem influenciar o governo. Sem ela não se pode aprender, expressar os sentimentos,
imaginar outras realidades, construir as utopias e os sonhos. No entanto, a linguagem parece-nos uma
coisa natural. Não prestamos muita atenção a ela. Nem sempre dedicamos muito tempo ao seu estudo.
Conhecer bem a língua materna e línguas estrangeiras é uma necessidade.
Que é saber bem uma língua? Evidentemente, não é saber descrevê-la. A descrição gramatical de
uma língua é um meio de adquirir sobre ela um domínio crescente. Saber bem uma língua é saber usá-
la bem. No entanto, o emprego de palavras raras e a correção gramatical não são sinônimos do uso
adequado da língua. Falar bem é atingir os propósitos de comunicação. Para isso, é preciso usar um nível
de língua adequado, é necessário construir textos sem ambiguidades, coerentes, sem repetições que não
acrescentam nada ao sentido.
O texto que segue foi dito por um locutor esportivo:
“Adentra o tapete verde o facultativo esmeraldino a fim de pensar a contusão do filho do Divino Mestre,
mola propulsora do eleven periquito.”
(Álvaro da Costa e Silva. In: Bundas, p.33.)
O que o locutor quis dizer foi: Entra em campo o médico do Palmeiras a fim de cuidar da contusão de
Ademir da Guia (filho de Domingos da Guia), jogador de meio de campo do time do Parque Antártica.
Certamente, aquele texto não seria entendido pela maioria dos ouvintes. Portanto não é um bom texto,
porque não usa um nível de língua adequado à situação de comunicação. Outros exemplos:
“As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende a
uma portaria de dezembro de 1991, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem,
exponham e vendam fitas pornográficas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de
18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.”
Certamente a portaria não deveria obrigar os pais a acompanhar os filhos aos motéis nem a dar-lhes
uma autorização por escrito para ser exibida na entrada desse tipo de estabelecimento.
O jornal da USP publicou uma série de textos encontrados em comunicados de paróquias e templos.
Todos são mal escritos, embora neles não se encontrem erros de ortografia, concordância, etc.:
- Não deixe a preocupação acabar com você. Deixe que a Igreja ajude.
- Terça-feira à noite: sopão dos pobres, depois oração e medicação.
- (...) lembre-se de todos que estão tristes e cansados de nossa igreja e de nossa comunidade.
- Para aqueles que têm filhos e não sabem, nós temos uma creche no segundo andar.
- Quinta-feira às 5h haverá reunião do Clube das Jovens Mamães. Todos aqueles que quiserem se
tornar uma Jovem Mamãe, devem contatar padre Cavalcante em seu escritório. (...)
Humor à parte, esses exemplos comprovam que aprender não só a norma culta da língua, mas também
os mecanismos de estruturação do texto.
A palavra texto é bastante usada na escola e também em outras instituições sociais que trabalham
com a linguagem. É comum ouvirmos expressões como “O texto constitucional desceu a detalhes que
deveriam estar em leis ordinárias”; “Seu texto ficou muito bom”; “O texto da prova de Português era muito
longo e complexo”; “Os atores de novelas devem decorar textos enormes todos os dias”. Apesar de
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corrente, porém, o termo não é de fácil definição: quando perguntamos qual é o seu significado,
percebemos que a maioria das pessoas é incapaz de responder com precisão e clareza.
Texto é um todo organizado de sentido, delimitado por dois brancos e produzido por um sujeito num
dado tempo e num determinado espaço.
O texto é um todo organizado de sentido, isso quer dizer que ele não é um amontoado de frases
simplesmente colocadas umas depois das outras, mas um conjunto de frases costuradas entre si. Por
isso o sentido de cada parte depende da sua relação com as outras partes, isto é, o sentido de uma
palavra ou de uma frase depende das outras palavras ou frases com que mantêm relação. Em síntese, o
sentido depende do contexto, entendido como a unidade maior que compreende uma unidade menor, a
oração é contexto da palavra, o período é contexto da oração e assim sucessivamente. O contexto pode
ser explícito (quando é exposto em palavras) ou implícito (quando é percebido na situação em que o texto
é produzido). Observe os três pequenos textos abaixo:
- Todos os dias ele fazia sua fezinha. Na noite de segunda-feira sonhou com um deserto e jogou seco
no camelo.
- Nos desertos da Arábia, o camelo é ainda o principal meio de transporte dos beduínos.
- O camelo aqui carrega a família inteira nas costas, porque lá ninguém trabalha.
Em cada uma dessas frases a palavra camelo tem um sentido diferente. Na primeira, significa “o oitavo
grupo do jogo no bicho, que corresponde ao número 8 e inclui as dezenas 29, 30, 31 e 32”; na segunda,
“animal originário das regiões desérticas, de grande porte, quadrúpede, de cor amarelada, de pescoço
longo e com duas saliências no dorso”; na terceira, “pessoa que trabalha muito”. O que determina essa
diferença de sentido da palavra é exatamente o contexto, o todo em que ela está inserida. No texto,
portanto, o sentido de cada parte não é independente, tudo são relações. Aliás, a palavra texto significa
“tecido”, que não é um amontoado de fios, mas uma trama arranjada de maneira organizada. O sentido
não é solitário, é solidário. Vejamos outros dois períodos:
Tomando apenas os dois primeiros versos, pode-se pensar que esse poema seja uma apologia do
caráter universalista e cosmopolita da brasilidade: macieiras e gaturamos representam a natureza vegetal
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e animal, respectivamente; Califórnia e Veneza são a imagem do espaço estrangeiro, e minha terra, a do
solo pátrio. No Brasil, até a natureza acolhe o que é estrangeiro.
Pode-se ainda acrescentar, em apoio a essa tese, que esses versos são calcados nos dois primeiros
do poema homônimo de Gonçalves Dias, que é uma glorificação da terra pátria:
Essa hipótese de leitura, se não é absurda quando isolamos os versos em questão, não encontra
amparo quando os confrontamos com o restante do texto. Murilo Mendes mostra, na verdade, que as
características da brasilidade não têm valor positivo, não concorrem para a exaltação da pátria: o poeta
denuncia que a cultura brasileira é postiça, é uma miscelânea de elementos advindos de vários países.
Ele mostra que os “poetas são pretos que vivem em torres de ametista”, alienados num mundo idealizado,
evitando as mazelas do mundo real, sem se preocupar com os negros, que vivem, em geral, em condições
muito precárias (trata-se de uma referência irônica ao Simbolismo e, principalmente, a Cruz e Sousa);
que “os sargentos do exército são monistas, cubistas”, ou seja, em vez da preocupação com seu ofício
de garantir a segurança do território nacional, têm pretensões de incursionar por teorias filosóficas e
estéticas; que “os filósofos são polacos vendendo a prestações”, são prostituídos (polaca é termo
designativo de prostituta) pela venalidade barata; que “os oradores” se identificam com “os pernilongos”
em sua oratória repetitiva; que o romantismo gonçalvino estava certo ao afirmar que a natureza brasileira
é pródiga, só que essa prodigalidade não é acessível à maioria da população. A exclamação do final é,
ao mesmo tempo, a manifestação do desejo de ter contato com coisas genuinamente brasileiras e um
lamento, pois o poeta sabe que não se tornará realidade.
O texto de Murilo faz referência ao de Gonçalves Dias, mas, diferentemente do poema gonçalvino, não
celebra ufanisticamente a pátria. Ao contrário, ironiza-a, lamenta a invasão estrangeira. O exílio é a
própria terra, desnaturada a ponto de parecer estrangeira.
Desse modo, os dois primeiros versos não podem ser interpretados como um elogio ao caráter
cosmopolita da cultura brasileira. Ao contrário, devem ser lidos como uma crítica ao caráter postiço da
nossa cultura. Isso porque só a segunda interpretação se encaixa coerentemente dentro do contexto.
Por exemplo, comprova-se que o significado das frases não é autônomo. Num texto, o significado das
partes depende do todo. Por isso, cada frase tem um significado distinto, dependendo do contexto em
que está inserida.
Que é que faz perceber que um conjunto de frases compõe um texto? O primeiro fator é a coerência,
ou seja, a compatibilidade de sentido entre elas, de modo que não haja nada ilógico, nada contraditório,
nada desconexo. Outro fator é a ligação das frases por certos elementos que recuperam passagens já
ditas ou garantem a concatenação entre as partes. Assim, em “Não chove há vários meses. Os pastos
não poderiam, pois, estar verdes”, a palavra “pois” estabelece uma relação de decorrência lógica entre
uma e outra frase. O segundo fator, entretanto, é menos importante que o primeiro, pois mesmo sem
esses elementos de conexão, um conjunto de frases pode ser coerente e, portanto, um todo organizado
de sentido.
Tipos de Linguagem
Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e
sentimentos. Está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem.
Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, tais como:
sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica,
por exemplo). Num sentido mais genérico, a linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de
sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se.
A linguagem pode ser:
- Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.
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As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa palavras para
transmitir a informação).
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre
elas estão: a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a
expressão facial, um gesto, etc.
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam.
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que possibilitam
que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e
compreender-se. Por exemplo: falantes da língua portuguesa.
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre
ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado,
não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada
indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre
condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para
permitir um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte
maneira:
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico,
as mímicas e o tom de voz do falante. No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas
existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
- Fatores Regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região
nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso
da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um
cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
- Fatores Culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores
que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma
maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.
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- Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos:
quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos
discursando em uma solenidade de formatura.
- Fatores Profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de
língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso
praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e
da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
- Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e
sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem
infantil e linguagem adulta.
Fala
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a
manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua
necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente sociocultural em que
vive, etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos mais variados
níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é
por isso que somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, embora nem
sempre a linguagem delas seja exatamente como a nossa.
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis:
- Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente
em situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preocupamos em
saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.
- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais.
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais
estabelecidas pela língua.
Signo
Estudo do Significado
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uma intenção para esconder outra. A linguagem pode também manifestar-se sob grande variedade de
formas:
- Sons produzidos pela voz (linguagem verbal)
- Cores, formas e volumes (linguagem visual)
- Movimentos do corpo (linguagem corporal, dança)
- Sons produzidos por instrumentos (linguagem musical)
- Imagens em movimento (cinema), etc.
Para resumir, costumamos distinguir duas grandes divisões para definir as formas de linguagem:
- Linguagem Verbal: mais especificamente constituída pela língua, seja ela oral, seja escrita.
- Linguagens não-verbais: constituídas por todas as outras modalidades diferentes da língua: pintura,
escultura, música, dança, cinema, etc.
Hoje em dia, graças, sobretudo à facilidade de reprodução de sons, cores, movimentos e imagens, é
muito comum a exploração conjunta de várias formas de linguagem: a linguagem do cinema e da televisão
é uma demonstração eloquente da exploração conjunta de sons musicais e da voz humana, de cores, de
imagens em movimento.
Qualquer que seja a forma de manifestação, toda linguagem tem um ponto em comum: nenhuma opera
com a realidade tal que ela é, mas com representações da realidade. Dizendo de outra maneira, toda
linguagem é constituída de signos. E o que são signos?
Signos são qualquer forma material (sons, linhas, cores, volumes, imagens em movimento) que
representam alguma coisa diferente dela mesma. Em outras palavras, todo signo é constituído de algo
material, perceptível pelos órgãos dos sentidos (ouvido, olho) e de algo imaterial, uma representação
mental, inteligível. A dimensão material do signo costuma ser designada por dois nomes: plano de
expressão ou significante.
A dimensão imaterial e inteligível é chamada por dois nomes: plano de conteúdo ou significado. Por
uma questão de simplificação, usaremos a seguinte nomenclatura:
Signo: qualquer tipo de sinal material usado para representar algo, isto é, tornar presente alguma
coisa ausente.
Uma árvore plantada no bosque não é um signo, porque não passa de uma árvore, não representa
nada além de si mesma. Prova disso é que não podemos trazer para este livro a árvore real, apenas uma
representação dela, formada de cores e formas sobre uma superfície de papel.
Que o signo não passa de representação da realidade é um tema que tem sido objeto de debate entre
os homens. O célebre pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967), pintou um cachimbo com
requintes de pormenores, dando a máxima impressão de realismo. Surpreendentemente, num jogo de
ironia, escreveu abaixo da pintura a frase Ceci n’est pás une pipe (“Isto não é um cachimbo”).
Aos que o contestavam, achando absurda a ideia de negar que aquilo fosse um cachimbo, conta-se
que ele desafiava:
Podemos, então, após esses dados, montar um esquema daquilo que os estudiosos chamam de signo:
Signo: é qualquer objeto, forma ou fenômeno material que representa a ideia de algo diferente dele
mesmo.
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São os signos que nos permitem trazer para a lembrança referentes que já deixaram de existir. As
palavras, por exemplo, são signos e, por meio delas, podemos trazer para o presente pessoas e fatos
que já desapareceram. Tomemos, por exemplo, uma palavra como Camões.
Trata-se de um signo, pois o referente (o poeta em carne e osso) não existe mais. Significante: uma
conjunto de sons, representado pelo espectro de uma onda sonora. Significado: o conceito associado no
intelecto quando ouvimos essa combinação de sons. O referente é o famoso poeta português Luís Vaz
de Camões, que, como se sabe, morreu faz tempo.
Observação: A rigor, não é exato usar um retrato de Camões para ilustrar o significado da palavra
Camões, pois este, na verdade, é de instância intelectual. Excluindo esse inconveniente, a pintura, serve
para sugerir o conceito que a combinação de sons (k – a – m – õ – e – s) cria no nosso intelecto.
A conclusão mais importante de tudo isso é que usamos os signos no lugar das coisas e, pela
linguagem, construímos um universo paralelo ao universo real. Se levarmos em conta que as relações
entre os homens são determinadas mais pelas representações que fazemos das coisas do que pelas
coisas em si, vamos compreender que interpretar e produzir significados é a competência de maior
importância para quem deseja dominar os segredos da linguagem.
Relacionando o aprendizado do português com esses dados preliminares, podemos encadear os
seguintes raciocínios:
- A principal função de qualquer forma de linguagem é a construção de significados para atingir certos
resultados planejados pelo construtor.
- O português é uma forma de linguagem.
- Portanto a competência mais importante para os falantes da língua portuguesa é saber construir
significados e decifrar os significados produzidos por meio dela.
Esse é um dado de extrema importância tanto para quem ensina quanto para quem aprende não só o
português como qualquer outra língua, com o propósito de usá-la para o mundo do trabalho, para o
exercício da cidadania e para aquisição de novos conhecimentos.
Para quem aprende uma língua com esse tipo de interesse, o que mais importa é adquirir a capacidade
de compreender, com a máxima proficiência, os significados direcionados para atingir os resultados
programados.
Resumindo tudo, para quem estuda uma língua do ponto de vista de quem vai conviver e trabalhar
com ela, o que mais importa é a capacidade de produzir e compreender significados.
Todos os demais tipos de aprendizado linguístico estão subordinados a essas duas competências mais
amplas e mais altas.
A Semântica é um ramo da Linguística que se ocupa do significado das formas linguísticas em geral.
Por formas linguísticas vamos entender tanto as mínimas unidades de significado constituintes das
palavras (os prefixos e sufixos, por exemplo) quanto enunciados maiores, como orações e períodos.
Analisar, pois, uma palavra ou uma frase sob o ponto de vista semântico equivale a tentar decifrar o que
elas significam ou o que querem dizer.
Dado que a finalidade última de qualquer linguagem é a produção de significado, não é preciso
destacar a importância fundamental da Semântica dentro dos estudos linguísticos. Nem é preciso também
falar da importância desse tópico nas provas de concursos na matéria de língua portuguesa em geral.
Para facilitar a compreensão de certas particularidades relativas ao significado das palavras e das
formas linguísticas em geral, uma noção primária se impõe como necessária: a de que o significado de
um signo não é constituído por uma peça única, mas por um punhado de significados menores que se
combinam entre si para criar a noção com que representamos as coisas ou os eventos do mundo.
Dizemos de outra maneira, o significado das palavras não é simples, mas complexo, constituído de
um feixe de unidades menores a que os estudiosos chamam de traços semânticos ou traços de
significado.
São os traços semânticos que usamos para definir o significado das palavras. Tomemos um exemplo
que já ficou clássico nos estudos de Semântica, usado pelo linguista francês contemporâneo Bernard
Pottier. Segundo ele, a palavra “cadeira” é um móvel doméstico que contém os seguintes traços
semânticos:
- com encosto.
- sobre pernas.
- para uma só pessoa.
- para sentar-se.
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Se aos quatro traços da palavra “cadeira” acrescentarmos mais um, “com braços”, teremos a palavra
“poltrona”. Uma mesma palavra pode, num dado contexto, trocar um traço semântico por outro e ganhar
novo sentido. É o que acontece, por exemplo, em:
A palavra “peixe” é marcada, nesse contexto, pelo traço semântico “não humano”. Esse traço pode ser
trocado, por exemplo, por um traço “humano”, noutro contexto como este:
“Peixe”, nesse contexto, não fará sentido se não trocarmos o traço semântico “não humano” por
“humano”.
Em síntese, concluímos que, por ser constituído de feixes de traços semânticos, o sentido da palavra
não é estável, podendo sofrer variações de época para época, de lugar para lugar, de contexto para
contexto.
Há contextos em que uma palavra não pode ser interpretada com todos os traços semânticos que
comumente a definem. Por isso é que os bons dicionários costumam dar os diferentes sentidos possíveis
de uma palavra, acompanhados do contexto em que ela adquire cada um dos seus vários sentidos.
Tomemos como exemplo uma palavra como “cadeia” e alguns de seus múltiplos sentidos no
português:
Levando esses dados em consideração, torna-se mais fácil compreender as particularidades sobre o
significado das palavras.
O texto é delimitado por dois brancos. Se ele é um todo organizado de sentido, ele pode ser verbal,
visual (um quadro), verbal e visual (um filme), sonoro (uma música), etc. Mas em todos esses casos ele
será delimitado por dois espaços de não-sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e outro
depois. É o branco do papel; é o tempo de espera para que um filme comece e o que está depois da
palavra FIM; é o silêncio que precede os primeiros acordes de uma melodia e que sucede às notas finais,
etc.
O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço. Esse sujeito, por
pertencer a um grupo social que vive num dado tempo e num certo espaço, expõe em seus textos as
ideias, os anseios, os temores, as expectativas desse grupo. Todo texto, assim, relaciona-se com o
contexto histórico e geográfico em que foi produzido, refletindo a realidade apreendida por seu autor, que
sobre ela se pronuncia.
O poema de Murilo Mendes que comentamos anteriormente mostra o anseio de uma geração, no
Brasil, em certa época, de conhecer bem o país e revelar suas mazelas para transformá-lo.
Não há texto que não reflita o seu tempo e o seu lugar. Cabe lembrar, no entanto, que uma sociedade
não produz uma única forma de ver a realidade, um modo único de analisar os problemas estabelecidos
num dado contexto. Como a sociedade é dividida em grupos sociais, que têm interesses muitas vezes
antagônicos, ela produz ideias divergentes entre si. A mesma sociedade que gera a ideia de que é preciso
pôr abaixo a floresta amazônica para explorar suas riquezas, produz a ideia de que preservá-la é mais
rentável. É bem verdade, no entanto, que algumas ideias, em certas épocas, exercem domínio sobre
outras.
É necessário entender as concepções correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido,
para não correr o risco de entendê-lo de maneira distorcida. Como não há ideias puras, todas as ideias
estão materializadas em textos, analisar a relação de um texto com sua época é estudar a sua relação
com outros textos.
É preciso que fiquem bem claras estas conclusões:
- No texto, o sentido não é solitário, mas solidário.
- O texto está delimitado por dois espaços de não-sentido.
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- O texto revela ideais, concepções, anseios, expectativas e temores de um grupo social numa
determinada época, em determinado lugar.
1
PCN. Artes.
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Arte a linguagem universal2
O homem através de seu trabalho constrói utensílios e ferramentas através de diversas técnicas para
facilitar a sua sobrevivência e ao mesmo tempo ele expressa seu pensamento, com desenhos, esculturas,
danças e ritmos musicais como forma de se comunicar.
As linguagens artísticas estão enraizadas em todas as culturas em cada canto do mundo. As
manifestações musicais, danças, representações e construções têm os mesmo conceitos de arte em
qualquer povo que a manifeste.
Ao pensarmos nas manifestações artísticas de povos diferentes, entendemos que cada um tem seu
jeito, sua maneira de desenvolvê-las e pensá-las. A arte se apresenta com funções distintas e conceitos
próprios na vida dos povos a qual pertence. Para Duarte Junior (1988, p. 106) “O homem utiliza a
linguagem para ordenar e significar o mundo, mas ela condiciona sua percepção e seu pensamento”.
É através das produções artísticas de uma época e de uma cultura que entendemos o pensamento
científico, filosófico, religioso e estético, seus valores e crenças. E ao conhecê-las compreenderemos as
transformações ocorridas ao longo da história, até os nossos dias, e que essas produções são resultados
do tempo histórico do qual estão inseridas. Portanto ao analisá-las teremos suporte para compreender e
respeitar as produções contemporâneas.
A arte constitui na necessidade do homem em se comunicar, expressar através da música, danças,
representações, rituais...
Para Bello (2003, p.2) “a arte é uma forma de produção e reprodução cultural que só pode ser
compreendida dentro do contexto e dos interesses de suas culturas de origem e apreciação”. De modo
que as produções artísticas estão relacionadas a uma época, país ou região e onde cada uma tem sua
estrutura social, econômica, religiosa e política. A arte é o reflexo de uma sociedade, por isso precisamos
estar atentos às manifestações artísticas atuais para entender, refletir e analisar criticamente o nosso
cotidiano, sempre buscando no passado o sentido da evolução humana.
Muitos artistas buscam inspirações em obras já existentes e a partir delas fazem novas interpretações.
A unidade do eterno e do novo, aparentemente impossível, realizar-se pelos e para os humanos.
Chama-se de Arte (Chauí, 2003 p. 21).
É através da arte como expressão que o artista exprime e revela a essência do mundo e nos leva a
descobrir o sentido da cultura e da história. A Arte como trabalho de expressão está relacionada com a
ciência, técnica e tecnologia de cada época.
De acordo com a Chauí (2003, p. 150) “o artista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar
no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade, volta-se para ela, seja
para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”. O artista deixa o seu testemunho do mundo,
produzindo a sua arte.
Nas DCes (2007, p.29) consta que: “toda linguagem artística possui uma organização de signos que
propicia comunicação e a interação”. Por isso a arte sempre esteve baseada na: representação do mundo
que o cerca, seus deuses e a si próprio.
É nas manifestações artísticas que o homem pensa, sente, cria e transforma a sua realidade. A função
da arte hoje é de analisar, criticar e refletir a realidade humana socialmente.
Analisando as mais variadas manifestações artísticas que o homem desenvolveu através da história,
entendemos o mundo que fazemos parte.
A arte não é um conceito fechado.
A Arte tem um significado infinito.
2
LIZ, A. B. ELZA. O ensino da arte e a formação de docentes. SEED/PR. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1585-
6.pdf>
3
SOUZA, J. Arte no Ensino Fundamental
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aquilo para o qual alguns dançam ou fazem amor: mas, tal não é necessariamente o caso. Em algumas
culturas há categorias complexas para pensar sobre música, em outras, parece nem haver a necessidade
de especular sobre música, contemplando-a.
O que se espera da música hoje? O que milhares de pessoas esperam é poder relaxar, buscar o
prazer, ou mesmo utilizá-la com fins terapêuticos. Música, nessa direção, tem o efeito de uma droga leve:
ela ajuda a sair de um momento ruim, dá um consolo fugitivo, por permitir que se saia de si mesmo por
um momento, como acontece nas festas raves ou na trance-music.
Na necessidade da arte ou, entre os objetivos da arte colocados por Platão (político ideológico) a
Stockhausen (espiritual-terapêutico), existe, portanto, um amplo leque de possibilidades no qual a
sociedade utilizou e utiliza a arte para diversos fins, inclusive os não artísticos. Assim, as artes também
tornam-se um campo vasto de produções.
Posição do artista
O Conhecimento Artístico como Produção e Fruição
— A obra de arte situa-se no ponto de encontro entre o particular e o universal da experiência humana.
“Até mesmo asa branca/ Bateu asas do sertão/ Então eu disse adeus Rosinha/ Guarda contigo meu
coração” (Luís Gonzaga e Humberto Teixeira).
No exemplo da canção “Asa Branca”, o voo do pássaro (experiência humana universal) retrata a figura
do retirante (experiência particular de algumas regiões).
Cada obra de arte é, ao mesmo tempo, um produto cultural de uma determinada época e uma criação
singular da imaginação humana, cujo valor é universal.
Por isso, uma obra de arte não é mais avançada, mais evoluída, nem mais correta do que outra
qualquer.
— A obra de arte revela para o artista e para o espectador uma possibilidade de existência e
comunicação, além da realidade de fatos e relações habitualmente conhecidos.
O conhecimento artístico não tem como objetivo compreender e definir leis gerais que expliquem por
que as coisas são como são.
“Tudo certo como dois e dois são cinco” (Caetano Veloso).
As formas artísticas apresentam uma síntese subjetiva de significações construídas por meio de
imagens poéticas (visuais, sonoras, corporais, ou de conjuntos de palavras, como no texto literário ou
teatral). Não é um discurso linear sobre objetos, fatos, questões, ideias e sentimentos. A forma artística
é antes uma combinação de imagens que são objetos, fatos, questões, ideias e sentimentos, ordenados
não pelas leis da lógica objetiva, mas por uma lógica intrínseca ao domínio do imaginário.
O artista faz com que dois e dois possam ser cinco, uma árvore possa ser azul, uma tartaruga possa
voar. A arte não representa ou reflete a realidade, ela é realidade percebida de um outro ponto de vista.
O artista desafia as coisas como são, para revelar como poderiam ser, segundo um certo modo de
significar o mundo que lhe é próprio. O conhecimento artístico se realiza em momentos singulares,
intraduzíveis, do artista ou do espectador com aquela obra particular, num instante particular.
— O que distingue essencialmente a criação artística das outras modalidades de conhecimento
humano é a qualidade de comunicação entre os seres humanos que a obra de arte propicia, por uma
utilização particular das formas de linguagem.
A corporificação de ideias e sentimentos do artista numa forma apreensível pelos sentidos caracteriza
a obra artística como produto da criação humana.
O produto criado pelo artista propicia um tipo de comunicação no qual inúmeras formas de
significações se condensam pela combinação de determinados elementos, diferentes para cada
modalidade artística, como, por exemplo: linhas, formas, cores e texturas, na forma plástica; altura, timbre,
intensidade e ritmo, na forma musical; personagens, espaço, texto e cenário, na forma teatral; e
movimento, desenho no espaço, ritmo e composição, na forma da dança.
O que seria essa utilização particular das formas da linguagem? Num texto jornalístico, a matéria pode
informar sobre uma peça teatral de fim de ano ocorrida na escola X, feita por um grupo de alunos,
descrevendo e relatando o acontecimento. Seu objetivo é informar o leitor sobre o fato.
No conto “Pirlimpsiquice”, Guimarães Rosa também fala de um acontecimento semelhante, de um
modo completamente diferente. É um texto poético que se inicia com a seguinte frase: “Aquilo em nosso
teatrinho foi de Oh!”. Nessa frase, o texto não dá apenas uma informação ao leitor, mas concretiza uma
multiplicidade de significações relativas à experiência de um grupo de alunos que fizeram uma peça de
final de ano num colégio de padres. A expressão “foi de Oh!” é uma síntese poética que ganha sentido
para o leitor dentro do conjunto do texto e contém tudo o que é relatado a seguir, ao mesmo tempo em
que lhe propicia conferir a este “Oh!” suas próprias significações. Essa expressão quer dizer o quê?
Espanto, maravilha, embevecimento, susto, medo e muitas outras coisas para cada leitor. O que importa
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é que, em vez de descrever minuciosamente o que foi a experiência, Guimarães Rosa condensa toda
essa experiência numa única frase síntese que, como imagem poética, é um modo particular de utilização
das possibilidades da linguagem, criando um tipo diferenciado de comunicação entre as pessoas.
Assim como cada frase ganha sentido no conjunto do texto, realizando o todo da forma literária, cada
elemento visual, musical, dramático ou de movimento tem seu lugar e se relaciona com os demais daquela
forma artística específica.
— A forma artística fala por si mesma, independe e vai além das intenções do artista.
A “Guernica”, de Picasso, contém a ideia do repúdio aos horrores da guerra. Uma pessoa que não
conheça as intenções conscientes de Picasso pode ver a “Guernica” e sentir um impacto significativo; a
significação é o produto revelado quando ocorre a relação entre as imagens da obra de Picasso e os
dados de sua experiência pessoal.
A forma artística pode significar coisas diferentes, resultantes da experiência de apreciação de cada
um. Seja na forma de alegoria, de formulação crítica, de descoberta de padrões formais, de propaganda
ideológica, de pura poesia, a obra de arte ganha significado na fruição de cada espectador.
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— Já pensou se fosse possível? — respondeu Nasrudin”.
A imaginação criadora permite ao ser humano conceber situações, fatos, ideias e sentimentos que se
realizam como imagens internas, a partir da manipulação da linguagem. É essa capacidade de formar
imagens que torna possível a evolução do homem e o desenvolvimento da criança; visualizar situações
que não existem, mas que podem vir a existir, abre o acesso a possibilidades que estão além da
experiência imediata.
A emoção é movimento, a imaginação dá forma e densidade à experiência de perceber, sentir e
pensar, criando imagens internas que se combinam para representar essa experiência. A faculdade
imaginativa está na raiz de qualquer processo de conhecimento, seja científico, artístico ou técnico. A
flexibilidade é o atributo característico da atividade imaginativa, pois é o que permite exercitar inúmeras
composições entre imagens, para investigar possibilidades e não apenas reproduzir relações conhecidas.
No caso do conhecimento artístico, o domínio do imaginário é o lugar privilegiado de sua atuação: é
no terreno das imagens que a arte realiza sua força comunicativa.
“Oi, meu patrão, a gente num deve de levá os negoço de arranco, lá cumo quem diz a ferro e fogo.
Quem num arranja de bons modo, de cum força é que num vai.
Corda munto esticada rebenta.
Ancê já viu cumo é que se tempera viola? Pois arrepare.
Caboclo pega da viola cum jeito, cumo quem corre a mão na crina de burro chocro.
Puxa pras cavera de devagá.
Aperta elas leve leve.
Passa os dedo nas corda, experimenta.
Bombeia o bordão.
Entesa as tripa do meio: ipa! Não vai rebentá.
Destroce, torna a experimentá.
Tempera a prima na afinação, sorta um espiricado e cumeça a ponteá.
Por daí um poco viola tá chorano cumo gente.
Magina ancê se o violero de um arranco apertasse as cravera numa vezada.
Num ficava uma corda só.
Era um desastre dos diabo.
A gente, meu patrão, decede os negoço cumo quem tá temperano viola”.
Indústria Cultural
O mundo vive num sistema econômico-político-cultural capitalista e o surgimento da sociedade
capitalista transformou as manifestações culturais em produto. Este cenário desencadeou a formação da
indústria cultural, que é o conjunto de empresas, instituições e redes de mídia que produzem, distribuem
e transmitem conteúdo artístico – cultural com o objetivo de adquirir lucros.
A heterogeneidade da indústria cultural brasileira é percebida não somente no grau de diversidade
cultural e territorial de nosso país, mas por focar conteúdos de culturas estrangeiras em detrimento de
nosso conteúdo nacional. Quando ocorre em nossas mídias uma exposição de nossos valores e
identidades, há o abarcamento de interesse comercial que interfere no que deve ser mostrado para
adquirir audiência.
A produção da indústria cultural é direcionada para o retorno de lucros tendo como base padrões de
imagem cultural pré – estabelecida e capazes de conquistar o interesse das massas sem trabalhar o
caráter crítico do expectador. Para se manter e conquistar público, a produção cultural não objetiva
somente a expressão artística, quando esta planejada sob pretensões profissionais.
A expressão tendencial elaborada com elementos artísticos é incluída num produto cultural como forma
de diferenciação. A indústria cultural assim como toda indústria está atenta a custos, distribuição e retorno
de lucros.
Um forte exemplo de indústria cultural é a televisão que apresenta pontos positivos em possuir ótima
cobertura geográfica, penetração de público e variedade de conteúdo em vários horários, mas ao mesmo
tempo apresenta conteúdos sensacionalistas e que escapam do consciente do expectador, cujo indivíduo
possa vir a entrar em estado de alienação. Em outras mídias há o uso do termo “cult”, termo em inglês
que significa obras com características específicas e com público direcionado e devoto.
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A arte em geral, as manifestações histórico – culturais e a identidade de uma região servem como
inspiração e conteúdo de obra e produto cultural. Em suma a indústria cultural busca produzir algo que
conquiste público e relevância comercial e se ramifique em produtos licenciados.
Texto Argumentativo
O texto argumentativo, de modo simples e direto, atinge diretamente o leitor-avaliando visto que propõe
uma discussão sobre temas muito caros ao debate popular: telenovelas, moda e crítica à televisão.
Letra – Canção
A letra – canção atinge o leitor-avaliando pelo caráter humorístico, o que potencializa a crítica ao
comportamento dos sujeitos sociais diante da televisão.
Competências:
Dominar linguagens
Avalia-se a capacidade de o examinando demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.
Compreender fenômenos
Avalia-se a compreensão de fenômenos, a capacidade de o aluno compreender a proposta de redação
e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumentativo. O que se avalia, então, é a progressão textual em relação
ao tema e ao projeto de texto do estudante, e a adequação do texto ao gênero dissertativo-argumentativo.
É importante ressaltar que o estudante que não atende a essa habilidade não tem seu texto corrigido,
pois qualquer produção textual que não seja dissertação ou que não esteja dentro do tema é
desconsiderada.
Enfrentar situações-problemas
Avalia-se o enfrentamento de situações- problema. Na prova discursiva este quesito avalia a
capacidade de o estudante selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista.
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UnB. Cespe. Coordenadoria de Pesquisa em Avaliação. Pesquisa & Avaliação: Revista do Professor: Avalie 2009: Linguagens, Códigos e suas tecnologias/
UnB. Cespe. Coordenadoria de Pesquisa em Avaliação; SEC/BA – n. 2, 2011 – Brasília, 2011.
58 p.: il. color. 28 cm
"Edição composta de quatro cadernos: Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; e
Ciências da Natureza e suas tecnologias."
Periodicidade: Anual - ISSN: 2178-5686
1. Avaliação educacional. 2. Avalie 2009. 3. Enem. 4. Linguagens e Códigos. 5. Elaboração de Itens.
Disponível em:
http://www.sec.ba.gov.br/jp2011/documentos/rev_linguagens_C_T_pronto.pdf.
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Um bom desempenho nesse quesito depende de um repertório cultural vasto que possa ser acionado
no processo de seleção dos argumentos.
Além disso, o desempenho também está ligado à coesão textual, que também interfere no processo
de organização das informações.
Portanto, é necessário promover a construção de um vasto repertório cultural, que se obtém por meio
da leitura de textos de gêneros diversos (literatura, jornais, revistas, ensaios); da frequência com que se
assiste a filmes, seriados, telejornais; da relação dos estudantes com as artes plásticas, cênicas e com a
música. Pensa-se nessa relação num contexto para além do conteúdo, frequentemente histórico, que a
escola traz para esses alunos. O repertório é construído fundamentalmente por estímulo da escola e da
família, mas extrapolando os espaços dessas instituições.
Construir Argumentos
O quarto quesito avalia se o estudante demonstra conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação. Trata-se, portanto, no caso da prova discursiva, de
avaliação do uso dos recursos coesivos explícitos e implícitos no texto.
Este eixo-cognitivo mobiliza tanto o domínio técnico da linguagem quanto o da lógica que rege o
desenvolvimento do texto e a seleção de argumentos. São atividades cognitivas complexas que refletem
a boa ou má formação do aluno tanto no que se refere à gramática quanto no que se refere ao
desenvolvimento das ideias.
Elaborar propostas
Avalia-se o desempenho do estudante na elaboração de propostas. Na prova discursiva, este quesito
avalia se o estudante é capaz de elaborar proposta de intervenção para o problema abordado,
demonstrando respeito aos direitos humanos.
Os estudantes apresentaram propostas subentendidas no enviesamento crítico da redação, provocado
pelos textos-estímulo.
Tradicionalmente, este é um quesito problemático por vários fatores.
O primeiro deles está no modo como ele é solicitado objetivamente no enunciado. Ademais, a
habilidade mobiliza uma série de operações mentais complexas, dentre as quais se destaca a reflexão
para a ação em relação ao tema e ao seu ambiente sócio-histórico-cultural.
Por fim, deve-se destacar que o modelo de produção textual ensinado nas escolas frequentemente
ressalta a importância de uma conclusão que contempla, no máximo, uma opinião pessoal mais original
traduzida para a linguagem do gênero dissertativo.
É necessário, então, propiciar nas práticas pedagógicas de preparação para a escrita o espaço para a
elaboração de propostas que possam posteriormente se articular aos textos produzidos pelos estudantes.
Dessa forma, sua participação criativa nos debates será estimulada, contribuindo para a formação de um
cidadão de fato, capaz de influir nos processos decisórios da sociedade em que vive.
O quadro a seguir foi apresentado aos avaliadores como um guia para a identificação e mapeamento
de problemas:
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Como era esperado, devido à tradição da disciplina, foram apontados muitos problemas referentes ao
emprego na norma-padrão da língua, bem como de escolha de registro. Os mais frequentes dizem
respeito à ortografia, com relação à distinção dos pares fonéticos mínimos, como nos exemplos a seguir:
"vicam" - ficam; "puplico" - público. É o tipo de desvio inaceitável nesta etapa de escolarização, mas que
pode estar relacionado a outros fatores cognitivos, como a dislexia e a dislalia.
Além desse, também foi comum o surgimento de desvios ligados à acentuação gráfica, distinção entre
o emprego de ss, ç e c, dos prefixos en- e in- e suas variações.
O fator comum a todos esses desvios é o fato de eles estarem relacionados à passagem da língua do
plano fonético para o plano da escrita, isto é, do som para a representação gráfica. Os estudantes
apresentam dificuldades no que se refere a estabelecer relações entre a língua que dominam na
expressão oral e o padrão da língua escrita.
Daí advém outro problema relatado pelos avaliadores: a interferência da oralidade no texto escrito.
Além do vocabulário, por vezes chulo, mas frequentemente repleto de expressões da língua oral, a
estrutura sintática por vezes também foi afetada, principalmente no que se refere à topicalização do
discurso.
Mais uma vez, deve-se ressaltar a importância da inserção desses estudantes na cultura letrada, que
os tornará mais íntimos da língua escrita.
Trata-se de uma necessidade e, por isso, mais ligada à subjetividade de quem necessita do que
daquele pode ajudar a sanar a carência. Os próprios alunos sentem na suas experiências a falta que faz
domínio pleno da escrita.
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As linguagens das ciências, das artes e da matemática: sua conexão com a
compreensão/interpretação de fenômenos nas diferentes áreas das relações
humanas com a natureza e com a vida social.
O conhecimento matemático5
A Matemática, surgida na Antiguidade por necessidades da vida cotidiana, converteu-se em um imenso
sistema de variadas e extensas disciplinas. Como as demais ciências, reflete as leis sociais e serve de
poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e domínio da natureza.
Mesmo com um conhecimento superficial da Matemática, é possível reconhecer certos traços que a
caracterizam: abstração, precisão, rigor lógico, caráter irrefutável de suas conclusões, bem como o
extenso campo de suas aplicações.
A abstração matemática revela-se no tratamento de relações quantitativas e de formas espaciais,
destacando-as das demais propriedades dos objetos. A Matemática move-se quase exclusivamente no
campo dos conceitos abstratos e de suas inter-relações. Para demonstrar suas afirmações, o matemático
emprega apenas raciocínios e cálculos.
É certo que os matemáticos também fazem constante uso de modelos e analogias físicas e recorrem
a exemplos bem concretos, na descoberta de teoremas e métodos. Mas os teoremas matemáticos são
rigorosamente demonstrados por um raciocínio lógico.
Os resultados matemáticos distinguem-se pela sua precisão e os raciocínios desenvolvem-se num alto
grau de minuciosidade, que os torna incontestáveis e convincentes.
Mas a vitalidade da Matemática deve-se também ao fato de que, apesar de seu caráter abstrato, seus
conceitos e resultados têm origem no mundo real e encontram muitas aplicações em outras ciências e
em inúmeros aspectos práticos da vida diária: na indústria, no comércio e na área tecnológica. Por outro
lado, ciências como Física, Química e Astronomia têm na Matemática ferramenta essencial.
Em outras áreas do conhecimento, como Sociologia, Psicologia, Antropologia, Medicina, Economia
Política, embora seu uso seja menor que nas chamadas ciências exatas, ela também constitui um
subsídio importante, em função de conceitos, linguagem e atitudes que ajuda a desenvolver.
Em sua origem, a Matemática constituiu-se a partir de uma coleção de regras isoladas, decorrentes
da experiência e diretamente conectadas com a vida diária. Não se tratava, portanto, de um sistema
logicamente unificado.
A Aritmética e a Geometria formaram-se a partir de conceitos que se interligavam. Talvez, em
consequência disso, tenha se generalizado a ideia de que a Matemática é a ciência da quantidade e do
espaço, uma vez que se originou da necessidade de contar, calcular, medir, organizar o espaço e as
formas.
O desenvolvimento da Geometria e o aparecimento da Álgebra marcaram uma ruptura com os
aspectos puramente pragmáticos da Matemática e impulsionaram a sistematização dos conhecimentos
matemáticos, gerando novos campos: Geometria Analítica, Geometria Projetiva, Álgebra Linear, entre
outros. O estudo das grandezas variáveis deu origem ao conceito de função e fez surgir, em decorrência,
um novo ramo: a Análise Matemática.
A Matemática transforma-se por fim na ciência que estuda todas as possíveis relações e
interdependências quantitativas entre grandezas, comportando um vasto campo de teorias, modelos e
procedimentos de análise, metodologias próprias de pesquisa, formas de coletar e interpretar dados.
Embora as investigações no campo da Matemática se situem ora dentro do campo da chamada
matemática pura, ora dentro da chamada matemática aplicada, elas se influenciam mutuamente; dessa
forma, descobertas dos chamados “matemáticos puros” revelam mais tarde um valor prático inesperado,
assim como o estudo de propriedades matemáticas em acontecimentos particulares conduzem às vezes
ao chamado conhecimento matemático teórico.
Se Matemática pura e aplicada não se contrapõem, também a característica de exatidão não diminui
a importância de teorias como das probabilidades, nem de procedimentos que envolvem a estimativa e a
aproximação.
5
PCN - Matemática
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O conhecimento matemático é fruto de um processo de que fazem parte a imaginação, os
contraexemplos, as conjecturas, as críticas, os erros e os acertos. Mas ele é apresentado de forma
descontextualizada, atemporal e geral, porque é preocupação do matemático comunicar resultados e não
o processo pelo qual os produziu.
A Matemática desenvolve-se, desse modo, mediante um processo conflitivo entre muitos elementos
contrastantes: o concreto e o abstrato, o particular e o geral, o formal e o informal, o finito e o infinito, o
discreto e o contínuo. Curioso notar que tais conflitos encontram-se também no âmbito do ensino dessa
disciplina.
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Os projetos proporcionam contextos que geram a necessidade e a possibilidade de organizar os
conteúdos de forma a lhes conferir significado. É importante identificar que tipos de projetos exploram
problemas cuja abordagem pressupõe a intervenção da Matemática, e em que medida ela oferece
subsídios para a compreensão dos temas envolvidos.
Tendo em vista o estabelecimento de conexões entre a Matemática e os Temas Transversais, algumas
considerações devem ser ponderadas.
Ética
A formação de indivíduos éticos pode ser estimulada nas aulas de Matemática ao direcionar-se o
trabalho ao desenvolvimento de atitudes no aluno, como, por exemplo, a confiança na própria capacidade
e na dos outros para construir conhecimentos matemáticos, o empenho em participar ativamente das
atividades em sala de aula e o respeito à forma de pensar dos colegas.
Isso ocorrerá na medida em que o professor valorizar a troca de experiências entre os alunos como
forma de aprendizagem, promover o intercâmbio de ideais como fonte de aprendizagem, respeitar ele
próprio o pensamento e a produção dos alunos e desenvolver um trabalho livre do preconceito de que
Matemática é um conhecimento direcionado apenas para poucos indivíduos talentosos.
A construção de uma visão solidária de relações humanas a partir da sala de aula contribuirá para que
os alunos superem o individualismo e valorizem a interação e a troca, percebendo que as pessoas se
complementam e dependem umas das outras.
Orientação Sexual
Acomodar num mesmo patamar os papéis desempenhados por homens e mulheres na construção da
sociedade contemporânea ainda encontra barreiras ancoradas em expectativas bastante diferenciadas
com relação ao papel futuro de meninos e meninas.
No entanto, como importante instituição formadora de cidadãos, a escola não pode estabelecer
qualquer tipo de diferença em relação à capacidade de aprendizagem entre alunos de diferentes sexos.
Ao ensino de Matemática cabe fornecer os mesmos instrumentos de aprendizagem e de
desenvolvimento de aptidões a todos, valorizando a igualdade de oportunidades sociais para homens e
mulheres.
Meio Ambiente
A compreensão das questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar em que a Matemática
está inserida. A quantificação de aspectos envolvidos em problemas ambientais favorece uma visão mais
clara deles, ajudando na tomada de decisões e permitindo intervenções necessárias (reciclagem e
reaproveitamento de materiais, por exemplo).
A compreensão dos fenômenos que ocorrem no ambiente — poluição, desmatamento, limites para
uso dos recursos naturais, desperdício — terá ferramentas essenciais em conceitos (médias, áreas,
volumes, proporcionalidade, etc.) e procedimentos matemáticos (formulação de hipóteses, realização de
cálculos, coleta, organização e interpretação de dados estatísticos, prática da argumentação, etc.).
Saúde
As informações sobre saúde, muitas vezes apresentadas em dados estatísticos, permitem o
estabelecimento de comparações e previsões, que contribuem para o autoconhecimento, possibilitam o
autocuidado e ajudam a compreender aspectos sociais relacionados a problemas de saúde.
O acompanhamento do próprio desenvolvimento físico (altura, peso, musculatura) e o estudo dos
elementos que compõem a dieta básica são alguns exemplos de trabalhos que podem servir de contexto
para a aprendizagem de conteúdos matemáticos e também podem encontrar na Matemática instrumentos
para serem mais bem compreendidos.
Pluralidade Cultural
A construção e a utilização do conhecimento matemático não são feitas apenas por matemáticos,
cientistas ou engenheiros, mas, de formas diferenciadas, por todos os grupos socioculturais, que
desenvolvem e utilizam habilidades para contar, localizar, medir, desenhar, representar, jogar e explicar,
em função de suas necessidades e interesses.
Valorizar esse saber matemático, intuitivo e cultural, aproximar o saber escolar do universo cultural em
que o aluno está inserido, é de fundamental importância para o processo de ensino e aprendizagem.
Por outro lado, ao dar importância a esse saber, a escola contribui para a superação do preconceito
de que Matemática é um conhecimento produzido exclusivamente por determinados grupos sociais ou
sociedades mais desenvolvidas.
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Nesse trabalho, a História da Matemática, bem como os estudos da Etnomatemática, são importantes
para explicitar a dinâmica da produção desse conhecimento, histórica e socialmente.
Outros temas
Além dos temas apresentados, cada escola pode desenvolver projetos envolvendo outras questões
consideradas de relevância para a comunidade. Temas relacionados à educação do consumidor, por
exemplo, são contextos privilegiados para o desenvolvimento de conteúdos relativos a medida,
porcentagem, sistema monetário, e, desse modo, podem merecer especial atenção no planejamento de
Matemática.
6
PCN – Ciências Naturais
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caça e pesca, substituído pela pedra polida no período neolítico, marcado pelo desenvolvimento da
agricultura, da criação de animais e a utilização do ouro e do cobre.
Atualmente, em meio à industrialização intensa e à urbanização concentrada, também potenciadas
pelos conhecimentos científicos e tecnológicos, conta-se com a pílula anticoncepcional, com a
sofisticação da medicina científica das tomografias computadorizadas e com a enorme difusão da
teleinformática. Ao mesmo tempo, convive-se com ameaças como o buraco na camada de ozônio, a
bomba atômica, a fome, as doenças endêmicas não controladas e as decorrentes da poluição. A
associação entre Ciência e Tecnologia se amplia, tornando-se mais presente no cotidiano e modificando,
cada vez mais, o mundo e o próprio ser humano.
Portanto, a divisão que muitas vezes se faz entre o conhecimento científico e o desenvolvimento de
tecnologia para a produção e para outros aspectos da vida é geralmente imprecisa. Isso vale tanto para
a roda d´água medieval, para a pasteurização de alimentos, para as indústrias farmacêutica e química e
para o motor elétrico do século passado como para o desenvolvimento do laser, da imunologia e dos
semicondutores neste século.
Mas, ao contrário da Tecnologia, grande parte do conhecimento científico não é produzido com uma
finalidade prática. As Ciências Naturais, em seu conjunto, incluindo inúmeros ramos da Astronomia, da
Biologia, da Física, da Química e das Geociências, estudam diferentes conjuntos de fenômenos naturais
e geram representações do mundo ao buscar compreensão sobre o Universo, o espaço, o tempo, a
matéria, o ser humano, a vida, seus processos e transformações.
Ao descobrir e explicar fenômenos naturais, organiza-se e sintetiza-se conhecimento em teorias
continuamente debatidas, modificadas e validadas pelas comunidades científicas. As teorias sinalizam
aos cientistas quais fenômenos e problemas investigar, quais métodos empregar. Teorias apresentam-
se como conjunto de afirmações, hipóteses e metodologias fortemente articuladas.
As diferentes Ciências utilizam-se de diferentes métodos de investigação, sendo impreciso definir as
etapas de um método científico único e igualmente significativo para todas as Ciências e suas diferentes
abordagens. Muitas metodologias vão sendo criadas; às vezes, confundem-se com as próprias
pesquisas. Apesar disso, são constantes na prática científica os procedimentos de observação, de
experimentação, de hipotetização, de quantificação, de comparação e a busca de rigor nos resultados.
Embora o processo de acumulação de herança cultural tenha grande significado, o conhecimento da
natureza não se faz por mera acumulação de informações e interpretações. A produção científica
comporta rupturas e delas depende. Quando novas teorias são aceitas, convicções antigas são
abandonadas, os mesmos fatos são descritos em novos termos criando-se novos conceitos, um mesmo
aspecto da natureza passa a ser explicado segundo uma nova compreensão geral, uma nova linguagem
é proposta. Debates e controvérsias acompanham as verdadeiras revoluções do conhecimento, que não
se restringem apenas ao âmbito interno das Ciências, mas interagem com o pensar filosófico e a
sociedade em geral.
Muitas teorias levam o nome de quem conseguiu fazer essas grandes sínteses, como a teoria da
evolução de Darwin ou a teoria da relatividade de Einstein; porém, elas são sempre o resultado de
acúmulo de pesquisas coletivas e debates entre a comunidade científica, devendo ser, portanto,
compreendidas como fruto de produções coletivas. Para fazer jus à história, a teoria da evolução dos
seres vivos, por exemplo, tem sido mais recentemente referida como teoria de Darwin/Wallace.
Na história das Ciências são notáveis as novas teorias, especialmente a partir do século XVI, quando
começa a surgir a Ciência Moderna, cujos resultados ampliam as relações entre Ciência e Tecnologia. O
sucesso dessa parceria e o grande desenvolvimento teórico desde então provocaram inegável otimismo
e confiança em relação a esses fazeres humanos, muito significativos no século passado, mas que foram
revistos mais recentemente pela percepção de que também o desenvolvimento e a aplicação da ciência
devem ser alvo de controle social.
A Ciência Moderna se inicia com os trabalhos de Copérnico, Kepler e Galileu (séculos XVI e XVII) na
Astronomia, os quais, de posse de dados mais precisos obtidos pelo aperfeiçoamento dos métodos e
instrumentos, reinterpretam as observações celestes e propõem o modelo heliocêntrico, que desloca
definitivamente a Terra do centro do Universo.
Newton (século XVII), a partir dos trabalhos de outros pensadores, como Galileu e Kepler, formulou a
Mecânica apoiada em um modelo matemático rigoroso, que foi hegemônico até o século passado. A
Termodinâmica surgiu (século XVIII) com a primeira revolução industrial, da sistematização da operação
de máquinas térmicas, assim como o Eletromagnetismo (século XIX), sistematizado por Maxwell, surgiu
com a segunda revolução industrial, com a disseminação da iluminação e dos motores elétricos. A Física
moderna, com a Relatividade e a Mecânica Quântica (século XX), constitui a base da terceira revolução
industrial, em particular da microeletrônica, da robótica e dos computadores.
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A teoria da combustão pela participação do gás oxigênio, formulada por Lavoisier (século XVIII), teve
importante papel na solução dos debates da época e é considerada a pedra angular da revolução do
pensamento químico, auxiliado também pela introdução de uma linguagem simbólica característica. Mas
a Química contemporânea se constitui a partir da descoberta de partículas subatômicas, entre as quais o
elétron (início do século XX). O pensamento químico sobre a matéria adquire então novas dimensões e,
com isso, novas possibilidades de interação entre as substâncias tornam-se possíveis. Isto possibilitou
ao ser humano intervir mais intensamente na transformação e síntese de substâncias novas, como
plásticos, fertilizantes, medicamentos e aditivos alimentares, o que está em íntima relação com os
processos industriais e os padrões de desenvolvimento e consumo gerados neste século.
Lyell (século XIX) leva adiante a teorização acerca da crosta terrestre, entendida como camadas
geológicas de diferentes idades, contribuindo para a concepção de que os ambientes da Terra se
formaram por uma evolução contínua atuando por longos períodos de tempo. Inspirado também pela
geologia de Lyell, Charles Darwin elaborou uma teoria da evolução que possibilitou uma interpretação
geral para o fenômeno da diversidade da vida, fundada nos conceitos de adaptação e seleção natural.
Sua teoria levava em consideração conhecimentos de Geologia, Botânica, Zoologia, Paleontologia e
Embriologia, e muitos dados colhidos em diferentes regiões do mundo. Ainda no século XIX, Pasteur faz
avançar o conhecimento sobre a reprodução de microorganismos ao desenvolver novas técnicas de
conservação de bebidas fermentadas, atendendo a demandas de produtores de vinhos franceses. O
desenvolvimento da Genética e da Biologia Molecular (século XX) faz surgir a engenharia genética, que
tem aplicações diretas na agricultura e na pecuária dos grandes produtores.
As muitas mudanças nas explicações sobre a natureza exprimem-se em diferentes campos da Ciência
contemporânea. Verificou-se que elétrons, por exemplo, consagrados como partículas, comportam-se
como ondas ao atravessar um cristal, assim como a luz, consagrada como onda, pode se comportar como
partícula. O desenvolvimento da Física Quântica mostrou uma realidade que demanda outras
representações, que permitem compreender, pela primeira vez, a enorme regularidade das propriedades
químicas, ópticas, magnéticas e elétricas dos materiais e desvendar a estrutura microscópica da vida. Na
Biologia estabeleceram-se modelos para as microscópicas estruturas dos seres vivos e de sua
reprodução. E, apesar de todos os avanços, ou até mesmo por causa deles, debatem-se hoje, com grande
repercussão filosófica, a origem do Universo e da Vida como questões científicas ainda abertas.
Comunicação e linguagem7
A Comunicação é um dos mais vastos campos dos saberes, podendo ser subdividida em
especificidades de áreas ou assuntos, conforme a linha teórica seguida. Tratamos aqui da comunicação
feita por humanos como forma de relação e troca de informações apoiadas em sistemas de signos de
diversas naturezas.
A necessidade da comunicação para a sobrevivência nos fez desenvolver vários tipos de
representações utilizando-se de elementos visuais, sonoros e corporais. Esses elementos foram se
desenvolvendo e criando uma complexidade que gerou várias linguagens específicas, para que uma
complexidade maior do pensamento também pudesse ser materializada e vice-versa.
Durante a história da humanidade desenvolvemos basicamente três linguagens até o momento: a
visual, a sonora e a verbal. Com certeza nos comunicamos através do tato, do olfato e do paladar, mas
de fato os sentidos, por si só, não se constituem como linguagem. A linguagem requer elementos básicos
e uma sintaxe, como temos na linguagem verbal. Mesmo a linguagem verbal, que possui a palavra como
referência, apresenta duas modalidades que, apesar da mesma referência, se configuram quase como
duas linguagens diferentes: a fala e a escrita.
A linguagem oral é uma linguagem híbrida, pois geralmente é acompanhada da linguagem corporal.
Mesmo durante a utilização do telefone falamos gesticulando e fazendo expressões faciais. Nesse caso,
o interlocutor só é impedido de “ler” a mensagem do corpo devido ao tipo de dispositivo de comunicação.
A outra modalidade que é a escrita, precisa de detalhamento de elementos do oral, pois algumas palavras
7
SOGABE, Milton; LEOTE, Rosangella. Rede São Paulo de Formação Docente - Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP- Ensino
Fundamental II e Ensino Médio. UNESP/São Paulo/2012. Disponível em:
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/47004/1/2ed_art_m4d8_txt.pdf.
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ditas no contexto presencial são acompanhadas de gestos e expressões faciais, como numa montagem,
criando outro significado, que deve ser traduzido para o contexto apenas escrito.
Os códigos sempre foram materializados para que acontecesse a comunicação com outro semelhante,
e assim se desenvolveram as diversas linguagens, seja a verbal, a sonora e a visual.
A história da escrita está diretamente ligada à história dos suportes da escrita (ROTH, 1983), que
facilitaram o seu ensinamento e disseminação de pensamentos. Da pré-história, passando pela imprensa
e chegando ao digital, as diversas materialidades definiram diferentes características de comunicação e,
consequentemente, novas linguagens.
Desenvolvemos vários aparatos para a escrita, para a imagem e para o som, mas não conhecemos
nenhum tipo de notação ou de suporte para o olfato, o paladar ou o tato, como temos no caso visual,
sonoro e verbal. Embora possuam uma materialidade não conseguimos descobrir seus elementos
básicos para construir uma linguagem propriamente dita, para gerar, armazenar e distribuir esse tipo de
informação. Entretanto, a música, por exemplo, não pode ser executada sem a presença do tato, o que,
em escala mínima, já hibridiza a linguagem sonora.
Tanto quanto uma peça de argila tem, na sua modelagem, a expressão do tato como elemento da
linguagem da cerâmica.
O conceito de linguagem é aqui desenvolvido apoiado em aspectos da semiótica, que conferem à
linguagem a capacidade de assimilação e transformação através de signos (SANTAELLA, 2001).
Uma linguagem só pode ser considerada como existente quando sua gramática é reconhecida e
operada por mais de uma pessoa. Esta gramática se formata através de códigos, os quais devem ser
reconhecidos, interpretados e utilizados pelas pessoas que operam com a linguagem. Nós nos
comunicamos por códigos o tempo todo. Porém, para que esses códigos possam ser reutilizados e
transformados é importante que o repertório das pessoas que nos acercam seja minimamente compatível
com os nossos repertórios.
Isso quer dizer que as linguagens se constroem em estreita relação com o que se visa atingir no
processo de informar o outro, através dos códigos que produzimos, assim como de obter, desse outro,
respostas que confirmam ou transformam aspectos da linguagem que estamos operando.
Alguns códigos são mais popularizados, isto é, mas reconhecidos como códigos do que outros.
Um exemplo claro é a própria escrita. Embora cada cultura tenha resolvido, lentamente, em seu
processo de formação, qual seria o código para o seu sistema de escrita, Ao olharmos hoje, qualquer
cultura letrada, tendemos a entender a sua escrita como um código dado. Como se na conformação atual
de tal código não estivesse implícita uma longa série de ambiguidades até que ele se estabelecesse como
código. Ou seja, até que le se tornasse código, reconhecido por uma cultura, uma assimilação geral do
mesmo foi passada de geração para geração até a automatização de seu uso como língua. Ou seja, para
que um código seja perfeitamente assimilado é necessário que ele seja automatizado. Por exemplo, é
pouco provável que consigamos fazer uma obra literária antes de aprendermos a escrever
automaticamente. Portanto, existe automatização do código. Ou seja, para poder criar dentro de uma
linguagem é necessário conhecer, e de preferência, obter-se a capacidade de automatizar um código.
Sem conhecer o código podemos desenvolver proposições ingênuas – o contrário da
desautomatização.
Em outras palavras, para se criar com segurança, deve existir, por parte de quem opera a
transformação, o domínio dos signos que compõem uma linguagem. Esse domínio também deve ser ao
menos parcial de parte de quem recebe a informação transformada. Do contrário o receptor, o público,
nada entenderia.
Isto é, mesmo que não se conheça uma linguagem, ela deve fazer sentido em algum nível para quem
a recebe. Por exemplo, ao vermos a grafia de palavras chinesas podemos saber que se trata de uma
língua. Podemos saber que é chinês embora não se entenda o que ali está escrito.
Isto significa que conhecemos parte do código desta língua.
O processo completo de comunicação só se estabelece quando há proximidades culturais, mas
atenção: comunicação não se confunde com código. O código é um elemento dentro de um processo de
comunicação e esse processo só se estabelece quando há repertórios similares.
Há diversos códigos que não conversam entre si, assim como há infinitas possibilidades de se
comunicar.
O código, porém, não existe desassociado da cultura. Isto é, são os membros de uma cultura que dão
o valor de código para um determinado conjunto de informações. Aí reside a comunicação.
Todavia, para que este conjunto se converta em linguagem é necessário que o mesmo seja passível
de ser convertido em gramática, ou seja, em uma lista de regras pelas quais tais códigos são associados.
A linguagem não-verbal sofre desse tipo de problema. O que é gramática em um contexto, pode não ser
em outro. Por exemplo, o movimento das mãos na dança indiana é feito segundo uma lista de regras
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associadas a significados, os quais são reconhecidos pelo público. Os mesmo movimentos, para os
ocidentais, denotam conteúdos associados à forma, ao senso estético e a técnica, menos que ao
significado pré-estabelecido de cada movimento.
Ou seja, sabemos que ali há uma linguagem, embora não tenhamos o domínio para decifrá-la.
Na comunicação, no sistema de produção de obras comunicacionais, é necessário que se tenha o
domínio dos códigos e o conhecimento da parcela de público que se quer atingir, incluindo uma
prospecção de números de receptores, ou seja, audiência. É importante que se saiba qual é o repertório
deste público para que se fale o mais proximamente ao que ele é capaz de compreender, portanto, o mais
próximo possível do repertório deste público. A transformação é buscada em escalas mais gradativas
para manter-se a conexão evitando o estranhamento do público com relação ao que ele já conhecia da
fonte emissora. Portanto, a ambiguidade e a imprecisão na linguagem, tornam-se fatores de risco para a
capacidade de atingir o objetivo.
O objetivo da comunicação, por mais criativa que seja, é a utilização da linguagem dentro das suas
normas, pois é o que estabelece o produto, ideia ou serviço veiculado como principal informação da peça,
ou evento, publicitário, mesmo quando se utiliza de elementos do campo da arte, que no novo contexto
ganha outras características.
A maioria das áreas de conhecimento se aproveita principalmente da linguagem verbal para a
produção e divulgação de seus conhecimentos, e podemos dizer que falar e escrever é uma arte, no
sentido do fazer bem, e que necessita ser desenvolvida desde a infância.
O mesmo pode ser dito da comunicação efetuada a partir de obras poéticas, realizadas em qualquer
linguagem.
É importante que o artista tenha domínio sobre os processos e o sobre o contexto de arte em que se
situa. Quanto mais cedo o contato com esse contexto se der, melhores serão as condições que ele terá
para conseguir compartilhar com o outro a sua poética. Isto também é comunicação. O curioso é que,
mesmo o artista não se preocupando ou desejando comunicar, toda vez que alguém vê uma obra sua
esta comunica, em algum nível, algo para esta pessoa. Mesmo que esse algo esteja completamente fora
das intenções do artista.
A arte se transforma em seus propósitos tanto quanto na gama de linguagens que produz e opera. Em
qualquer das linguagens da arte graus de comunicação se estabeleceram, ou seja, arte comunica. Mas
como se vale de ambiguidades, também a clareza do que comunica se resolve em escala poética. Em
outras palavras, do público de uma obra de arte é exigido capacidade de reconhecimento da linguagem
em que ela se constrói. Isso não pode ser feito sem repertório estético. Este repertório confere relação
poética entre público e obra no momento da fruição, que, afinal, é processo de comunicação.
8
PCN – Artes.
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uma peça de final de ano em um colégio de padres. A expressão “foi de Oh!” é uma síntese poética que
ganha sentido para o leitor dentro do conjunto do texto e contém tudo o que é relatado a seguir, ao mesmo
tempo que lhe propicia conferir a este “Oh!” suas próprias significações. Essa expressão pode significar
o quê? Espanto, maravilha, embevecimento, susto, medo e muitas outras coisas para cada leitor. O que
importa é que, em vez de descrever minuciosamente o que foi a experiência, Guimarães Rosa condensa
várias experiências numa frase síntese que, como imagem poética, é um modo particular de utilização
das possibilidades da linguagem, criando um tipo diferenciado de comunicação entre as pessoas.
Assim como cada frase ganha sentido no conjunto do texto, realizando o todo da forma literária, cada
elemento visual, musical, dramático ou de movimento tem seu lugar e se relaciona com os demais em
cada obra.
A imaginação criadora
“Já pensou se fosse possível?” A imaginação criadora transforma a existência humana com essa
pergunta que dá sentido à aventura de conhecer.
A imaginação criadora permite ao ser humano conceber situações, fatos, ideais e sentimentos que se
realizam como imagens internas, a partir da articulação da linguagem. Essa capacidade de formar
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imagens acompanha a evolução da humanidade e o desenvolvimento de cada criança e adolescente.
Visualizar situações que não existem abre o acesso a possibilidades que estão além da experiência
imediata.
A emoção é movimento, a imaginação dá forma e densidade à experiência de perceber, sentir e
pensar, criando imagens internas que se combinam para representar essa experiência. A faculdade
imaginativa está na raiz de qualquer processo de conhecimento, seja científico, artístico ou técnico. A
flexibilidade é o atributo característico da atividade imaginativa, pois é o que permite exercitar inúmeras
composições entre imagens, para investigar possibilidades e não apenas reproduzir relações conhecidas.
No caso do conhecimento artístico, o domínio do imaginário é o lugar privilegiado de sua atuação: é
no terreno das imagens (forma, cor, som, gesto, palavra, movimento) que a arte realiza sua força
comunicativa.
A imaginação e a imagem são elementos indispensáveis na apreensão dos conteúdos, possibilitando
que a aprendizagem estética se realize nos meios de conhecer de cada aluno e na materialidade da
linguagem artística.
- a experiência de fazer formas artísticas incluindo tudo que entra em jogo nessa ação criadora:
recursos pessoais, habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, a relação entre perceber, imaginar e
realizar um trabalho de arte;
- a experiência de fruir formas artísticas, utilizando informações e qualidades perceptivas e
imaginativas para estabelecer um contato, uma conversa em que as formas signifiquem coisas diferentes
para cada pessoa;
- a experiência de investigar sobre a arte como objeto de conhecimento, no qual importam dados sobre
a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e os elementos e princípios formais
que constituem a produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios alunos.
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A aprendizagem artística envolve, portanto, um conjunto de diferentes tipos de conhecimentos, que
geram diferentes significações, exercitando no aluno a possibilidade de perceber-se como agente de
transformações. Além disso, encarar a arte como produção de significações que se transformam no tempo
e no espaço permite tornar-se contemporâneo de si mesmo.
No convívio com o universo da arte, os alunos podem enfim conhecer:
- o fazer artístico como experiência poética (a técnica e o fazer como articulação de significados e
experimentação de materiais, suportes e instrumentações variados);
- o fazer artístico como desenvolvimento de potencialidades: percepção, intuição, reflexão,
investigação, sensibilidade, imaginação, curiosidade e flexibilidade;
- o fazer artístico como experiência de comunicação humana e de interações no grupo, na comunidade,
na localidade e nas culturas;
- a obra artística como forma sínica (sua estrutura e organização);
- a obra de arte como produção cultural (documento do imaginário humano, sua historicidade e sua
diversidade).
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complexos movimentos, ao mesmo tempo, de avanço, retrocesso, dependência, autonomia. É importante
que professores e alunos de arte sintam, percebam, pensem na mobilidade desse conhecimento presente
na história da arte e nos processos pessoais e coletivos.
Trabalhar ética e estética na produção de arte dos alunos e de artistas significa considerar suas
possibilidades criadoras correlacionadas com as realidades socioculturais e comunicacionais em que
vivem. Na elaboração artística, há questões e situações que são inerentes à arte e que podem ser
problematizadas, como o respeito mútuo, a justiça, o diálogo, a solidariedade humana. No âmbito da arte
e da dimensão estética, a produção sociocultural do gosto pode ser trabalhada em diversos momentos
durante as aulas de Dança, Teatro, Música, Artes Visuais.
Os professores de Arte podem planejar experimentos e debates que ajudem os alunos a posicionar-
se com sensibilidade e critérios éticos, diante de um conjunto de circunstâncias, por vezes contraditórias,
que coexistem na vida das pessoas. São, entre outras, situações relacionadas a: corresponsabilidades
referentes à conservação e degradação de patrimônios artísticos existentes nos locais em que as pessoas
moram, trabalham, divertem-se, estudam ou em outras regiões; diálogo ou autoritarismo na condução de
trabalhos e comunicação em arte; manifestação de respeito ou desrespeito sobre as produções artísticas
de diferentes grupos étnicos, religiosos, culturais.
Aspectos de ética estão presentes em situações humanas de todos os temas transversais, ou seja, às
questões relativas ao meio ambiente, à orientação sexual, à saúde, ao trabalho, consumo e cidadania, à
comunicação e informática, à pluralidade cultural etc.
O meio ambiente apresenta-se como fonte de conhecimento para a criação artística. Por intermédio
das imagens, formas, cores, sons e gestualidades presentes no ambiente natural e simbólico, estabelece-
se uma relação “ativo-receptiva” favorável à produção artística e recepção estética. O caráter ativo-
receptivo desse encontro cria um universo particular de interação entre indivíduo/natureza e cultura, no
qual pode-se estabelecer um diálogo estético e artístico, no qual as respostas também se dão por meio
de ações no ambiente e na produção artística.
Por outro lado, nas aulas de Arte, os alunos podem ainda criar e apreciar produções artísticas que
tratem de questões ambientais, pensando em melhorar a qualidade de vida hoje e no futuro. Para isso,
professores e alunos precisam refletir sobre questões e processos muitas vezes contraditórios de:
respeito e desrespeito quanto à vitalidade e diversidade do planeta Terra e de seus habitantes;
corresponsabilidades na preservação, reabilitação ou depredação de espaços e patrimônios físicos,
biológicos, socioculturais, entre os quais aqueles com características estéticas e artísticas;
corresponsabilidades no manejo, conservação, transformação de estéticas ambientais no interior e no
exterior dos lugares em que vivem as pessoas.
As produções artísticas podem contribuir para alargar as dimensões da compreensão que se têm da
sexualidade humana, quando documentam ações de homens e mulheres em diferentes momentos da
história e em culturas diversas.
Uma constante da história da arte é a representação da figura humana. As obras de arte que
apresentam relações humanas existem nas mais variadas formas: pintura, gravura, escultura, canções
sobre heróis e heroínas, cinema, peças de teatro. Por meio da apreciação dessas obras os alunos podem
refletir e expressar-se sobre diferenças sexuais, diferenças de atitudes, valores e inter-relações humanas.
Com o intuito de ajudar os alunos a pensar e agir de maneira responsável com o corpo e a sexualidade,
há processos artísticos e estéticos que podem ser trabalhados nas aulas de Arte. A esse respeito podem
ser pensados criticamente os conceitos e preconceitos que se manifestam sobre: semelhanças e
diferenças nas preferências e nas rejeições relativas ao gosto e escolhas pessoais, por exemplo de
vestuários, embelezamentos, manifestações corporais de homens e de mulheres, em diversas idades,
etnias e épocas, presentes na arte e no cotidiano.
Ressalta-se ainda a possibilidade de pensar-se criticamente sobre as imagens corporais que estão
presentes nas mídias (televisão, rádio, imprensa, Internet). Nos dias de hoje é evidente a exaltação de
corpos “fortes, jovens, vigorosos” associados frequentemente às manifestações artísticas, como às
danças e novelas televisivas. Fruto de modismos, essas maneiras de ver o corpo passam pela vida e se
instalam nos corpos sem que realmente se tenha uma atitude reflexiva em relação a elas. Artistas exibindo
seus corpos em danças, representações, marcam gerações e impõem padrões corporais de beleza e,
consequentemente, impingem valores em relação à sexualidade, saúde, convívio social, raça, etnia,
gênero etc.
Com o corpo interligam-se emoções, sentimentos, sensações, ideais, desejos prazerosos ou não,
intensos ou tênues, fortes ou fracos, solidários ou egoístas, justos ou injustos etc., diante da arte e de
outras manifestações, transformando as pessoas ao longo do tempo.
Os cuidados para se conseguir a realização individual e coletiva dos corpos e vidas saudáveis, ou seja,
os cuidados com saúde, com bem-estar físico, mental e social de todas as pessoas inserem-se no
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desenvolvimento e manutenção contínua, particularmente no que se refere às cidades saudáveis em um
planeta Terra saudável. Nas escolas podem-se introduzir práticas e reflexões sobre arte articulados às
possibilidades de ajudar e lutar por manter pessoas e cidades saudáveis. Tais ações podem ser
vivenciadas pelos alunos e professores nas aulas de Arte, a partir de experiências que mostrem, por
exemplo, a corresponsabilidade e a luta pela conservação de produções artísticas de ambientes públicos,
comunitários, privados, incentivando diálogos com intuito de comunicação estética coletiva nos diversos
ambientes das cidades.
O desenvolvimento de práticas que colaborem para a manutenção contínua de cidadãos ativos e
saudáveis em cidades também saudáveis requer legitimações de valores e princípios de justiça,
solidariedade, respeito mútuo, diálogo, dentre outros componentes éticos, quanto ao consumo de bens e
trabalho, inclusive os artísticos. A elaboração, as vendas e as compras de produções ligadas a artes
visuais/plásticas, dança, música, teatro incluem sempre o trabalho das pessoas envolvidas nesses
processos e as condições de produção e de vida delas. Nas aulas de Arte alunos e professores podem
expressar e discutir questões relativas a corresponsabilidades nas qualidades de consumos de diversos
bens artísticos e estéticos. Podem ainda refletir sobre as condições justas e injustas que envolvem a
produção desses bens artísticos e sobre as condições de vida e trabalho de seus produtores, bem como
sobre os consumidores dessas produções, como os espectadores, ouvintes, leitores, telespectadores,
apreciadores.
Intermediando o processo de produção e apreciação de arte encontram-se, entre outros, os meios de
comunicação (as mídias), que podem ser informatizados, ou não. Os modos de praticar e pensar a
comunicação sociocultural em arte mediados pelos meios de comunicação (mais tradicionais, novos e
novíssimos), incluindo os informatizados, são por vezes contraditórios, o que implica encontrar maneiras
de compreendê-los e superá-los. Nas aulas, alunos e professores podem vivenciar e refletir sobre
situações comunicacionais em arte e suas propagações nas mídias. Haverá uma ampliação da
compreensão do processo comunicacional e artístico se eles puderem relacionar questões que tratem
das contradições quanto às resistências e às rupturas nos princípios éticos e nos critérios de qualidades
técnicas, expressivas e socioculturais presentes nas formas e conteúdos dos meios de comunicação em
arte; às transformações necessárias e às possíveis de serem praticadas para aperfeiçoar os princípios
éticos, os critérios de qualidade, inclusão e exclusão das pessoas e a ressignificação de valores estéticos,
humanos nos meios de comunicação de arte.
Nas aulas, o professor tem de levar em conta que o domínio da tecnologia e da generalização das
redes midiáticas fez com que nossos conceitos de tempo, espaço, corpo e, portanto, dança, se
transformassem, independentemente de se possuírem ou não computadores, fornos de microondas,
telefones celulares etc. No mundo de hoje, os valores, atitudes e maneiras de viver e conviver em
sociedade estão em constante transformação por causa da presença das novas tecnologias.
O tema da pluralidade cultural tem relevância especial no ensino de arte, pois permite ao aluno lidar
com a diversidade de modo positivo na arte e na vida. Na sala de aula inter-relacionam-se indivíduos de
diferentes culturas que podem ser identificados pela etnia, gênero, idade, locação geográfica, classe
social, ocupação, educação, religião.
O estudo pluriculturalista considera como os diversos grupos culturais encontram um lugar para arte
em suas vidas, entendendo que tais grupos podem ter necessidades e conceitos de arte distintos. O
sentido pluriculturalista amplia a discussão sobre a função da arte e o papel do artista em diferentes
culturas, assim como o papel de quem decide o que é arte e o que é arte de boa qualidade. Essas
discussões podem contribuir para o desenvolvimento do respeito e reconhecimento de diferenças.
O pluriculturalismo no ensino de arte tem como objetivos: promover o entendimento de cruzamentos
culturais pela identificação de similaridades, particularmente nos papéis e funções da arte, dentro e entre
grupos culturais; reconhecer e celebrar a diversidade étnica e cultural em arte e em nossa sociedade,
enquanto também se potencializa o orgulho pela herança cultural em cada indivíduo, seja ela resultante
de processos de erudição ou de vivências do âmbito popular, folclórico ou étnico; possibilitar
problematizações acerca do etnocentrismo, estereótipos culturais, preconceitos, discriminação e racismo
nas ações que demarcam os eixos da aprendizagem; enfatizar o estudo de grupos particulares e/ou
minoritários (do ponto de vista do poder) como mulheres, índios e negros; possibilitar a confrontação de
problemas, como racismo, sexismo, excepcionalidade física ou mental, participação democrática,
paridade de poder; examinar a dinâmica de diferentes culturas e os processos de transmissão de valores;
desenvolver a consciência acerca dos mecanismos de manutenção da cultura dentro de grupos sociais;
questionar a cultura dominante, latente ou manifesta e todo tipo de opressão; destacar a relevância da
informação para a flexibilização do gosto e do juízo acerca de outras culturas.
Na prática da sala de aula, uma abordagem pluriculturalista não se limita a adicionar à cultura
dominante conteúdos relativos a outras culturas, como fazer cocar no dia do índio, ovos de páscoa
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ucranianos na Páscoa, dobraduras japonesas ou qualquer outra atividade clichê de outra cultura. O que
precisamos é manter uma atmosfera investigadora na sala de
O processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa9 tem sido uma questão bastante discutida
pelos educadores nas últimas décadas. As preocupações em torno do fracasso escolar no ensino do
Português são evidenciadas pelas constantes pesquisas e projetos de ensino, que abrangem o processo
geral – Linguagem Verbal -, os quais vêm sendo desenvolvidos por linguistas brasileiros, de modo a
conhecer e interpretar a realidade das atividades em torno da linguagem em sala de aula, com o objetivo
de implantar reflexões, propor soluções e contribuir, com subsídios teóricos e práticos, no
desenvolvimento da prática pedagógica do ensino do Português. Destacam-se, entre esses estudos,
vastos e complexos temas - oriundos dos problemas detectados nesta área-, como, por exemplo: evasão
escolar, causas das reprovações na disciplina, dificuldades de aprendizagem dos alunos no uso da língua
escrita, produção de textos orais e escritos, leitura, interpretação, gramática, análise de livro didático,
língua padrão, variedades linguísticas, relação professor-aluno, programas de ensino, metodologias de
ensino, formação do professor, modelo tradicional de ensino, concepções de língua/linguagem, entre
tantos outros.
Diversos autores já discutiram a relação entre concepção de linguagem e sua importância para o
ensino. De acordo com Silva e outros (1986), a forma como vemos a linguagem define os caminhos de
ser aluno e professor de língua portuguesa, por isso, há de se buscar coerência entre a concepção de
linguagem e a de mundo. Kato (1995) diz que o professor e suas atitudes e concepções são decisivos,
no processo de aprendizagem, para se configurar o tipo de intervenção nesse processo. Travaglia (1997)
destaca que a concepção de linguagem e a de língua altera em muito o modo de estruturar o trabalho
com a língua em termos de ensino e considera essa questão tão importante quanto a postura que se tem
em relação à educação. Geraldi (1997a) afirma que toda e qualquer metodologia de ensino articula uma
opção política com os mecanismos utilizados em sala de aula. Por sua vez, a opção política envolve uma
teoria de compreensão da realidade, aí incluída uma concepção de linguagem que dá resposta ao para
que ensinamos o que ensinamos.
Os estudos mostram, ainda, que nem sempre o professor está consciente da teoria linguística ou do
método que embasa o seu trabalho. Muitas vezes, não ocorre uma reflexão sobre os pressupostos da
metodologia que adota em sala de aula, chegando mesmo a não saber exatamente o que está fazendo
e qual o objetivo pretendido com os seus procedimentos. Essa questão é alarmante, pois não há ensino
satisfatório sem o conhecimento profundo da concepção de linguagem e, consequentemente, da definição
de seu objeto específico, a língua. Essa concepção (consciente ou não) interfere nos processos de
ensino/aprendizagem, determinando o que, como e para que se ensina. Em outras palavras, subjacente
à prática pedagógica do professor, instaura-se, primeiramente, a sua concepção de língua/linguagem,
ainda que essa não seja consciente. É certo, porém, que o fato de se pensar de uma determinada forma
e agir de acordo com ela não significa que o professor esteja alheio a tudo que o rodeia e que tenha uma
postura irredutível diante das situações. A sensibilidade, a percepção e a intuição aguçadas caracterizam
os profissionais dessa área e os tornam capazes de, a qualquer momento, refazer o traçado do próprio
caminho.
9
Fonte: http://www.unigran.br/interletras/ed_anteriores/n1/inter_estudos/concepcoes.html (adaptado)
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Por isso, acredita-se que o pensar logicamente, resultando na lógica da linguagem, deve ser incorporado
por regras a serem seguidas, sendo que essas regras situam-se dentro do domínio do estudo gramatical
normativo ou tradicional, que defende que saber língua é saber teoria gramatical.
Expondo os princípios lógicos da linguagem, a gramática normativa prediz os fenômenos da linguagem
em “certos” e “errados”, privilegiando algumas formas linguísticas em detrimento de outras. Nas palavras
de Franchi (1991:48), a gramática normativa é “o conjunto sistemático de normas para bem falar e
escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons
escritores.”
Dessa forma, acredita-se que quem fala ou escreve bem, seguindo e dominando as normas que
compõem a gramática da língua, é um indivíduo que organiza logicamente o seu pensamento.
A língua é concebida como simples sistema de normas, acabado, fechado, abstrato e sem
interferência do social. Em decorrência disso, os estudos tradicionais consideram apenas a variedade dita
padrão ou culta, ignorando todas as outras formas de uso da língua, consideradas corrupções da língua
padrão pautada nos modelos literários, na língua literária artística. Não estabelecem, portanto, relação
com a língua viva do nosso tempo e com o uso do nosso cotidiano. As línguas, nesse caso, obedecem a
princípios gerais racionais, lógicos, e a linguagem é regida por esses princípios. Assim, impõe-se a
exigência de que os falantes a usem com clareza e precisão, pois ideias claras e distintas devem ser
expressas de forma lógica, precisa, sem equívocos e sem ambiguidades, buscando a perfeição.
Nesta tendência, observa-se a relação psíquica entre linguagem e pensamento, caracterizando a
linguagem como algo individual, centrada na capacidade mental do indivíduo. As dificuldades de
expressão, o discurso que se materializa no texto, então, independem da situação de interação
comunicativa, do interlocutor, dos objetivos, dos fenômenos sociais, culturais e históricos. Se há algum
desvio quanto às regras que organizam o pensamento e a linguagem, ele só pode ser explicado pela
incapacidade de o ser humano pensar e raciocinar logicamente.
De acordo com Koch (2002: 13), “à concepção de língua como representação do pensamento
corresponde a de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações”. Para ela, como
esse sujeito é dono absoluto de seu dizer e de suas ações, “o texto é visto como um produto – lógico –
do pensamento (...) do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão “captar” essa representação
mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel
essencialmente passivo” (p. 16).
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Decorre disso, que o processo pelo qual as línguas se modificam não é levado em consideração. O que
interessa é saber o modo como elas funcionam, num dado momento, como meio de comunicação entre
os seus falantes, a partir da análise de sua estrutura e configuração formal.
Noam Chomsky, na década de 1950, censura o estruturalismo por esse não se ater à criatividade da
linguagem. Daí o termo gerativa, porque permite que com um número finito de categorias e de regras
(Competência), o locutor-ouvinte de uma língua possa gerar e interpretar um número infinito de frases
dessa língua. Ao introduzir os conceitos de competência e de performance (o uso da língua em situações
concretas ou a concretização da competência através da fala e da escrita), Chomsky se aproxima do
conceito saussuriano de língua e de fala, porém, substitui uma concepção estática da língua por uma
concepção dinâmica.
Para Orlandi (1986:48), “os recortes e exclusões feitos por Saussure e por Chomsky deixam de lado a
situação real de uso (a fala, em um, e o desempenho, no outro) para ficar com o que é virtual e abstrato
(a língua e a competência)”. Isolam o homem, portanto, de seu contexto social, uma vez que não
reconhecem as condições de produção dos enunciados.
A linguística chomskyana não ultrapassa a linguística estrutural. Assim como Saussure, que não
focaliza a fala, Chomsky não se interessa pela performance. O seu “locutor ouvinte ideal” não é um locutor
real do uso concreto da linguagem. O estruturalismo exclui o papel do falante no sistema linguístico, o
que significa que não há interlocutores, mas emissores e receptores, codificadores e decodificadores. A
gramática gerativa baseia-se, segundo Suassuna (1995: 74), em “um modelo traçado com base em uma
comunidade linguística homogênea, formada por falantes-ouvintes-ideais, com a consequente
desatenção às variações linguísticas”.
Essa concepção levou ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de sua utilização - na fala
(cf. Saussure) ou no desempenho (cf. Chomsky). Isso fez com que a Linguística não considerasse os
interlocutores e a situação de uso como determinantes das unidades e regras que constituem a língua,
isto é, afastou o indivíduo falante do processo de produção, do que é social e histórico na língua. Essa é
uma visão monológica e imanente da língua, que a estuda segundo uma perspectiva formalista - que
limita esse estudo ao funcionamento interno da língua - e que separa o homem no seu contexto social.
Koch (2002:14) mostra que a noção de sujeito, nessa concepção de linguagem, “corresponde a de
sujeito determinado, assujeitado pelo sistema, caracterizado por uma espécie de “não-consciência”.
Explica que “o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo
leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código, já que o texto, uma vez codificado,
é totalmente explícito.” (p. 16). O decodificador, portanto, assume, também nessa concepção, um papel
passivo, uma vez que a informação deve ser recebida tal qual havia na mente do emissor.
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Em outras palavras, o locutor constrói o seu discurso mediante as suas necessidades enunciativas
concretas, escolhendo formas linguísticas que permitam que seu discurso figure num dado contexto e
seja adequado a ele. Sendo assim, o locutor leva em consideração o seu interlocutor, tanto no que se
refere à imagem que tem dele, quanto à construção de seu discurso, empenhando-se para que ele seja
compreendido num contexto concreto, preciso e, consequentemente, atinja o objetivo pretendido.
O pensador russo Bakhtin (1997:95), questionando as grandes correntes teóricas da linguística
contemporânea, que reduzem a linguagem ou a um sistema abstrato de formas (objetivismo abstrato) ou
à enunciação monológica isolada (subjetivismo idealista), prioriza que:
(...) na prática viva da língua, a consciência linguística do locutor e do receptor nada tem a ver com o
sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos
contextos possíveis de uso de cada forma particular.
Segundo o autor, não se pode separar a linguagem de seu conteúdo ideológico ou vivencial, já que
ela se constitui pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação, que é um
diálogo (no sentido amplo do termo, englobando as produções escritas). O sentido do enunciado se dá
através de uma compreensão ativa entre os sujeitos, ou seja, é o efeito da interação dos interlocutores.
Para Bakhtin, todo enunciado tem um destinatário, entendido como a segunda pessoa do diálogo. A
atividade mental do sujeito e sua expressão exterior se constituem a partir do social, portanto, toda a
enunciação é socialmente dirigida. É no fluxo da interação verbal que a palavra se transforma e ganha
diferentes significados, de acordo com o contexto em que surge. A categoria básica da concepção de
linguagem em Bakhtin é a interação verbal, cuja realidade fundamental é o seu caráter dialógico.
Dentro de uma concepção interacionista, a linguagem é entendida, então, como um dos aspectos das
diferentes relações que se estabelecem historicamente em nível sociocultural. Ela caracteriza-se por sua
ação social.
Nas palavras de Koch (1992:9), a concepção de linguagem como forma (lugar) de ação ou interação,
“é aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual
finalisticamente orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a
prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e ou comportamentos.”
Ainda, como observa Osakabe (1994: 7): “uma linguagem entendida como uma interlocução e, como
tal, de um lado, como processo, e de outro, como constitutiva (de) e constituída (por) sujeitos.”
Decorre daí que, numa visão sociointeracionista da linguagem, a percepção das variedades
linguísticas não se faz, como se observa no interior da primeira concepção de linguagem, com explicações
simplistas que refletem o “certo” e o “errado”, o “aceitável” e o “inaceitável” ou porque uma linguagem é
mais rica do que a outra. Penetrando mais fundo na essência da linguagem e entendendo que a língua
está em constante evolução, entende-se também que todas as variedades existentes em nossa
sociedade pertencem à nossa língua e que, embora a língua padrão possua maior prestígio social, as
demais variedades possuem, como a variedade culta, a mesma expressividade e comunicatividade. Do
ponto de vista interacionista da linguagem, a norma culta é vista como uma variante, uma possibilidade a
mais de uso e não exclusivamente como o único uso linguisticamente correto e a única linguagem
representante de uma cultura. Instaura-se a relação dialógica e polifônica em contextos não imunes às
variações e diferenças existentes nas situações concretas de uso.
Koch (2002: 15) explicita que “os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais”. Destaca,
portanto,
(...) o caráter ativo dos sujeitos na produção mesma do social e da interação e defendendo a posição
de que os sujeitos (re)produzem o social na medida em que participam da definição da situação na qual
se acham engajados, e que são atores na atualização das imagens e das representações sem as quais
a comunicação não poderia existir.
(...) o texto passa a ser considerado o próprio lugar de interação (...). Desta forma, há lugar, no texto,
para toda uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente identificáveis quando se tem, como
pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação. (...) – a compreensão deixa de
ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação de
mensagem resultante de uma codificação de um emissor. Ela é, isto sim, uma atividade interativa
altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos
linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização
de um vasto conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução deste no interior do evento
comunicativo.
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Arte e Linguagem Poética10
A arte é um campo de liberdade. O artista tem como referência a história da arte e a ética para atuar
no universo da arte. Ele ganhou um papel dentro da sociedade, que lhe permite ter atitudes estranhas,
pois o novo sempre contém o estranhamento. Assim tem posse da licença poética que lhe permite
subverter as regras da linguagem, para que possa ir além dos limites desta.
Quando tratamos de linguagem poética sob o enfoque da linguística, vemos que, ao escrever, o autor
agrega elementos de graus de abertura à interpretações diversas daquela esperada pela regra comum
da organização das letras e das palavras escritas. Essas ambiguações geram interpretações, procuradas
pelo autor, ou ocasionais em função do repertório do leitor, que são conhecidas como linguagem poética.
Portanto, não se trata apenas de poesia, mas a poesia também carrega linguagem poética, como uma
escultura ou pintura por exemplo. Os signos verbais utilizados por esse autor são signos de natureza
estética. Isto é, não é a palavra, mas o modo como ela é apresentada que lhe confere este valor. O
escritor opera com as palavras numa liberdade que consegue ultrapassar seus significados, e na poesia
a palavra ganha significados múltiplos, muito além daqueles prospectados pelo poeta.
Arte é forma que trabalha as propriedades das materialidades nas quais opera. Quando o poeta visual
trabalha com a forma da palavra, e a materialidade do meio no qual produz, constrói significados diversos
através desses elementos, alterando ou acrescentando outros aspectos ao significado convencionado.
As palavras PEQUENO e GRANDE podem ganhar vários significados através da sua forma:
Estas são as características do signo estético, referentes mais as suas qualidades materiais.
A linguagem poética é toda formada por signos estéticos.
Mas a aplicação do termo “Poética” deve ser ampla, saindo do contexto da palavra. Poética é o que
confere a uma obra realizada dentro de qualquer contexto, o valor de arte. Assim, a poética é um dos
elementos de composição da linguagem em questão.
É a poética a principal responsável pela mudança dos padrões estéticos aplicados a cada época.
Esses padrões vão se alterando tanto quanto as teorias estéticas forçadas pela arte de cada tempo e a
razão é simples: o desenvolvimento de uma linguagem gera, inevitavelmente, a sua transformação. Os
operadores dessa linguagem são os principais responsáveis por esse processo. Tanto quanto uma língua
é viva e se transforma adicionando procedimentos da cultura onde está estabelecida, a arte é viva e
efetua o mesmo processo. A diferença está no fato de que a língua mantém uma relação mais zelosa
com a sua gramática, visando preservação da mesma, enquanto a arte só zela a razão de continuar
existindo, aceitando mais facilmente as deturpações da própria estrutura, sendo que isso mesmo já é
parte da sua gramática.
Os operadores dessas transformações são os artistas. É pelo processo individual de trabalho de cada
artista, mesmo que agregados a coletivos, que a poética se constrói. Poética, então, como coloca
Pareyson (2001) está ligada ao fazer artístico. Pode-se dizer que são os procedimentos que o artista se
impõe, ou utiliza e que, aos poucos, lhe definem como tal, atestam a existência de uma linha de ação ou
estilo e que, conforme o impacto, ou a infiltração, que essas propostas obtenham designarão caminhos
para modificação do senso estético de uma época.
10
SOGABE, Milton; LEOTE, Rosangella. Rede São Paulo de Formação Docente - Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP- Ensino
Fundamental II e Ensino Médio. UNESP/São Paulo/2012. Disponível em:
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/47004/1/2ed_art_m4d8_txt.pdf.
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Isso significa dizer que estética e poéticas, embora sendo coisas diferentes, estão intrinsecamente
ligadas de tal modo que uma não se modifica sem a outra. Afinal, todo artista compõe sua poética a partir
de um repertório baseado no senso estético da época em que vive.
Por isso mesmo, seus processos de criação também serão afetados por esse senso estético.
Além disso, não existe poética sem processo criativo.
No meio da arte, o valor que se da à criação é um valor diferente do que se dá em outras áreas porque
esta faz parte da matéria com a qual o artista lida, mas o processo de criação é igual ao das outras áreas
de conhecimento e da vida em si.
É claro que os resultados são diferentes tanto quanto tem finalidades diferentes, mas as etapas do
processo criativo são idênticas.
Quando se desenvolve uma obra ela conjuga várias camadas de soluções de problemas, portanto, há
vários processos criativos intrincados que resultam na materialização da obra. O número de processos
depende da complexidade da obra em questão.
Um exemplo claro é o desenvolvimento de uma instalação artística, pois ela requer soluções de
problemas de espaço, de materiais diversos, muitas vezes de equipamentos e softwares, da circulação
das pessoas, e que todos esses elementos combinados definem a poética da obra. São problemas
diferentes entre si e, portanto, momentos diferentes do processo de desenvolvimento da obra que, de
fato, se constrói com vários processos criativos adequados a cada um desses problemas do corpus da
obra. Mas é importante dizer que nem só de solução de problemas vive a atividade criativa.
Howard Gardner (1996) considera que existem cinco espécies bem definidas de atividades criativas
sendo elas associadas ao resultado que o processo criativo encaminha. São elas:
1 - Solução de um problema;
2- Concepção de uma teoria abrangente;
3- A criação de uma “obra congelada”;
4- A execução de um trabalho ritualizado;
5- Uma execução de “alto risco”.
Podemos entender o processo associado à “solução para um problema” como sendo o principal motor
da transformação das tecnologias, bem como da vida cotidiana. Toda e qualquer melhoria para o nosso
bem estar, sem exclusividade, acontece por este tipo de processo.
Para entender o conceito de criação associado à “concepção de uma teoria”, basta lembrar de Einstein
e a Teoria da Relatividade. De fato a sua teoria partiu de um insight ligado à intuição (abdução). Na época
ele só podia contar com isso porque não havia instrumentos que dessem conta da comprovação da ideia
– nesse caso a materialização do insight é a própria teoria, materializada em texto e fórmulas. É preciso
observar que não se pode confundir teoria com ideia.
Ele angariou uma série de hipóteses que poderia ou não ser corroborada pelo meio científico.
Uma grande parte delas talvez nunca seja. A arte conceitual pode se encaixar no conceito de teoria
abrangente, e é preciso considerar o campo de ideias e aplicação deste campo no fazer do artista que a
concebe, tanto quanto sua influência em seu meio.
Sobre o tipo “obra congelada no tempo”, podemos dizer que a maioria das obras de artes plásticas
entraria neste seu conceito. A escultura ficará parada – pronta - no tempo. Isso não deve ser visto como
o estancamento da sua evolução como obra em termos de semiose. A semiose é a ação do signo, o que
quer dizer que sempre que alguém olhar para essa obra construirá um significado. Esses significados
criados na mente de quem vê a obra é semiótico. Portanto, infinito. Obviamente, se fala de forma obtida
para atender noções de durabilidade.
Para a execução de um “trabalho ritualizado” pode-se exemplificar desde a forma de desenvolver um
rito religioso até atividades de Body Art.
Como criação de “alto risco” considere-se desde um ato terrorista até performances como as da Fura
Dels Baus, o trabalho tem a possibilidade de não dar certo e pode comprometer a vida daquele que cria
ou que se envolve na atividade.
Observe-se que Gardner não está falando de arte, mas de criação. Por essa tipificação se pode ver
que a atividade de criação não se restringe ao campo da arte, mas ao pensamento.
Estes tipos de criação, porém, acontecem em etapas similares entre si. É o que se pode ver conforme
o trabalho realizado por Paulo Laurentiz (1991), onde demonstra apoiado em Peirce, que o processo de
criação se dá em três etapas, relacionadas aos três níveis lógicos do pensamento: abdução, indução e
dedução.
Para Laurentiz, o processo criativo se dá nesta sequência:
1 – Insight
2 – Operacionalização
3 – Avaliação
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Estas etapas envolveriam a sequência do momento em que a ideia surge – insight –, passando pelo
modo como ela se concretiza em obra – operacionalização – e pelo modo como ela chega até alguém
que lhe exerce julgamento – avaliação –, podendo este ser o próprio artista.
Depois disso, o processo recomeça para o desenvolvimento de novas obras.
Também avaliando as etapas do processo criativo, trabalharam em equipe, Julio Plaza e Monica
Tavares, demonstrando, a partir da combinação dos modelos de Wallas, Kneller e Moles, que o processo
criativo tem, na verdade seis etapas, sendo elas:
1 – Apreensão
2 – Preparação
3 – Incubação
4 – Iluminação (insight)
5 – Verificação
6 – Comunicação
O momento da “iluminação” visto aqui como insight, está no meio do processo criativo, semlevar em
conta esta medida em temporalidade. Este é um momento fugaz, de amostragem à consciência, de uma
percepção, que pode ser a solução para um problema, a concatenação de possibilidades desta solução,
ou uma das possibilidades para determinado problema.
Nem sempre o insight pode ser materializado como obra, por isso ele, por si só não pode ser
considerado obra, e sim, etapa do processo criativo.
Para que vá além de uma ideia, o insight deve ser coerente com a possibilidade de materialização da
obra. Após esse momento fugaz é necessário um exame sobre as reais condições de realização da obra.
Esta etapa é a verificação, sendo a da comunicação equiparável a da “avaliação” para Laurentiz.
A grande profundeza a ser explorada fica na fase anterior ao insight, afinal, que acontece antes dele?
Tal como todos os seres humanos, o artista processa sua criação completamente imbricado com o
mundo no qual vive e ao qual fornece elementos de construção contínua.
Quando criamos o fazemos baseados em um repertório que já está montado de acordo com as
predisposições no seu conjunto e não apenas nosso conhecimento técnico, teórico ou poético.
Criamos com o nosso eu, e ele está em contínua transformação. Isto se dá a partir das relações que
criamos com o mundo, sendo elas técnicas, teóricas, sociais etc. Não é só a nossa cultura, o nosso
conhecimento que muda, mas toda a nossa percepção sobre o mundo. Assim também mudamos esse
mundo.
Assim, toda vez que temos um momento abdutivo, o fazemos porque, no manancial de informações
que agrupamos e processamos internamente, de forma forçada ou espontânea, se depositou um grande
acúmulo de elementos capazes de gerar o tal insight. É neste processo, envolvendo uma larga escala de
elementos dos quais não temos consciência absoluta, que se encontram as três fases anteriores ao
insight, segundo Plaza e Tavares, a “apreensão”, a “preparação” e a “incubação”.
As agências de publicidade costumam adotar técnicas de brainstorming (incubação), para atender uma
demanda urgente (briefing) e para isso aplicam etapas de pesquisa (preparação) associada à demanda,
a fim de facilitar o surgimento da ideia que fará resultar na campanha.
Esta é uma forma de compreender facilmente o que acontece no processo anterior ao insight, mas
temos que aplicar as etapas ao nosso cotidiano para localizá-las no nosso fazer artístico.
Vemos que nunca faríamos em outra época uma obra tal qual a fizemos hoje. Quando olhamos para
traz, olhamos com esse repertório atualizado e, portanto, nosso juízo, até sobre o próprio fazer, muda.
Imagine isso com relação à história da arte!
Pensar sobre o processo criativo nos faz ver que o nosso olhar, atualizado pelo mundo em que
vivemos, não é eficiente para captar todas as qualidades de uma obra executada em outra época, e
sobremaneira, por outra pessoa.
É função e obrigação do artista reconhecer o próprio comprometimento com o seu fazer, o quanto seu
meio ambiente influencia neste fazer. Tornar consciente aquilo que é possível conscientizar. Essas
relações aparecem naturalmente, mas é evidente que será sempre uma rede parcial porque é impossível
para a pessoa ter consciência do todo vivido por ela.
Ter a noção de que não há dualidade, de que o artista não se impõe ao mundo tanto quanto o mundo
não se impõe a ele é umas das mais eficientes formas de ver o processo criativo.
Isso pode ser compreendido também através de Paulo Laurentiz. Quando ele explica a filosofia
cartesiana ele está apontando um pensamento que é útil para determinadas situações, mas é menos útil
para a interpretação do pensamento criativo, embora tenha sido René Descartes (1983) o primeiro a
tentar estudar a criatividade em seu “O Discurso do Método”. Laurentiz mostra que ainda reside um forte
cartesianismo em nossa cultura, mas que o artista vem percebendo que está trafegando nos meandros
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de interconexão com o mundo de uma forma integral, o que ele qualifica como pertencente à uma
holarquia.
Um caminho bastante fundamentado para abordar esse modo de produção do artista é desenvolvido
por Cecília Salles em dois trabalhos de suma importância: “O Gesto Inacabado” (1998) e “Redes de
Criação” (2006). Nesses estudos, vemos como é possível localizar as interconexões da produção com a
vida do artista. Em “O Gesto Inacabado” ela fala, principalmente, do conceito de acabamento e
inacabamento da obra, enquanto em “Redes de Criação” o enfoque é o processo e o conceito de rede
que ele envolve.
Sabemos que o próprio artista julga a própria obra. Toda vez que ele toma uma decisão sobre cada
um de seus atos em favor de fazer a obra, há um juízo envolvido.
Mas não podemos dizer que ele tem o controle total da situação já que todo ato criativo é sempre um
recorte da relação do executor com um sistema. Para analisar um fato é necessário sair do sistema em
questão. Mas aí se encontra um paradoxo: se um observador só pode olhar para o evento estando fora
dele o ato analítico sobre o fazer em sua totalidade demandaria um olhar de fora, o que é impossível para
quem o executa. Afinal, o artista não pode estar simultaneamente nesses dois momentos, mas ele os
alterna assessorado pelo juízo, a fim de elaborar as etapas de execução da obra.
Ou seja, ele processa um transformar a partir de um repertório existente formado por suas memórias.
Em outras palavras nossa criação esta profundamente ligada com a memória, uma espécie de banco de
códigos para conexões possíveis. Não há gavetas, há códigos para formas de organizar as sinapses que
vão gerar os insights.
Obviamente, a memória está ligada ao aprendizado. É preciso primeiro conhecer para depois criar.
Daí a importância em que o artista conheça as atividades que se desenvolvem na sua época, tanto quanto
as que se desenvolveram antes, aproximadas da sua poética e mesmo as mais distantes. Além de gerar
“incubação” para o insight ele estará evitando trafegar por terrenos ocupados.
Para apoiar essa visão, nos cercamos da fala de Cecília Salles que diz que o “crescimento e as
transformações que vão dando materialidade ao artefato, que passa a existir, não ocorrem em segundos
mágicos, mas ao longo de um percurso de maturação. O tempo do trabalho é o grande sintetizador do
processo criador” (SALLES, 2000, p. 32).
Quando o artista finaliza uma pintura, por exemplo, é a partir daí que a obra estará no mundo. Ela irá
construir uma rede de significados num processo infinito, mesmo que haja a destruição desta obra em
sua fisicalidade.
Temos aí duas situações:
Primeiro: houve um processo criativo que gerou a obra que foi levada à público.
Segundo: houve um processo semiótico que aconteceu após a finalização do processo criativo.
Este processo também é criador. Mas este, não pode ser considerado um processo criativo no sentido
da facção da obra, no sentido de construção da fisicalidade da qual ela é formada. Ou seja, aqui se fala
da rede de significados que essa obra suscita.
Até aqui trabalhamos com conceitos que envolvem etapas de realização e que, em algum momento
se define como obra. Se dá a mesma por acabada. Tomando-se qualquer obra perenizada, no tempo ou
na cultura, veremos que tudo que vem depois do momento de finalização, é signo.
Apesar de ser fato que é o processo semiótico sobre a obra que lhe atribui graus de valorização como
arte, ou como objeto de valor cultural, trata-se mesmo de semiose, onde a transformação não modifica a
natureza física da obra.
Criação envolve semiose e pode envolver transformação, representação, mas há momentos desse
processo que se cristalizam no tempo e ali param, ou lentificam, e há processos que envolvem o conceito,
da interpretação que se faz sobre a obra. Nesses casos em geral, a natureza da obra é processual,
portanto, a noção de acabamento torna-se crítica. O que define o acabamento ou inacabamento de uma
obra está ligado à poética que o artista escolhe por desenvolver.
A ideia de inacabamento pode estar presente no insight embora o converter a ideia em matéria nunca
terá a exatidão imaginada na forma acabada da obra pois “há sempre uma diferença entre o que se
concretiza e o projeto do artista” (SALLES, 1998, p. 32).
Há obras as quais se resolvem como forma pela ação do tempo, das pessoas que interagem com elas,
por equipamentos que as atualizam ou simplesmente pela duração. Tais obras, de natureza processual,
têm seu processo criativo confundido com a etapa de “verificação” da obra.
Isto é uma característica que deve ser avaliada com cuidado ao tentar localizar-se o processo criativo
que essa obra apresentou.
O inacabamento está também associado à poética do artista, àquilo que é o seu transcurso de vida
em favor do próprio fazer. Não tem um tempo para ser finalizado, e se altera ao sabor das suas pesquisas
e interesses além de ser alavancado pelas obras que vai realizando, por assim dizer, dadas por acabadas.
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Mas, em qualquer caso, se lidando com obras cujo acabamento é visado ou lidando com obras
processuais, o artista opera ligado a uma rede. Isto é bastante esmiuçado no trabalho de Cecília Salles
(2006), mas também pode ser compreendido pelas teorias dos sistemas aplicados à biologia
(MATURANA; VARELA, 2003).
O artista, tanto quanto qualquer pessoa que esteja produzindo em qualquer área, naturalmente cria
em rede. A dificuldade está em perceber qual é essa rede de relações que ele vivencia.
É mais fácil construir a rede após determinada fase da vida, quando sua visão sobre o que produziu e
vivenciou se tornam mais palpáveis. Isto tem relação com o amadurecimento em função de seus objetivos
com sua poética. Dessa forma, seria possível, uma vez que ele tenha tornado consciente a rede de
relações que geram sua criação, torná-la graficamente visível, a partir de um exercício básico de
representação dessa rede, levando em conta um determinado momento, que pode ser um “auge” num
processo criativo específico, enfocando uma obra, ou numa fase de vida do artista.
O “auge” de um processo criativo só pode ser feito em comparação com momentos anteriores.
Então o “auge” aparece com esse valor por algum tempo, e em conformidade com o olhar que
depositamos sobre esse ponto no momento especifico desse olhar. Portanto, essa rede estará sempre
imprecisa e em modificação.
Além disso, mesmo depois do período de vida do artista, ela pode ser modificada.
Um exemplo interessante é o “Código Atlântico” de Leonardo da Vinci (2006). Este livro é resultado de
um recorte na vida de da Vinci. Ali se pode ter referências sobre como, em seus escritos, as anotações
compiladas têm potencial de rede, embora, a união das partes que temos acesso hoje em dia seja dada
por um filtro criado pelo seu compilador e depois pelo editor da versão impressa. Após sua morte, o
escultor Pompeu Leoni, fez um recorte literal, segundo critérios próprios, nas anotações de Leonardo da
Vinci, montando dois álbuns separados por temática, sendo um deles o “Código Atlântico” e o outro a
“Coleção Windsor”. É visível o descarte de páginas, bem como de partes das páginas utilizadas
consideradas pelo compilador como irrelevantes. Ao ler-se o livro criado com o resgate do álbum do
“Código Atlântico”, tem-se acesso à uma materialização de uma parte da rede, que não tinha sido criada
pelo artista, mas que tem uma parcela de representação da rede de criação operada por da Vinci em vida.
As observações trazidas pela editora auxiliam nisso, e embora fiquemos ressentidos pelo que se perdeu,
temos que agradecer pelo que se resgatou. Todavia, nunca saberemos de fato a imensidão da rede que
vivenciou da Vinci, embora saibamos que fazemos parte da rede que o proclamou como um dos maiores
artistas que a humanidade conheceu.
Questões11
02. (CREF-11ª Região – Assistente Administrativo – Quadrix) Para responder a questão, observe
o anúncio abaixo.
11
https://www.qconcursos.com/questoes-de-
concursos/questoes/search?utf8=%E2%9C%93&todas=on&q=linguagem+verbal&instituto=&organizadora=&prova=&ano_publicacao=&cargo=&escolaridade=&mod
alidade=&disciplina=1+302+&assunto=&esfera=&area=&nivel_dificuldade=&periodo_de=&periodo_ate=&possui_gabarito_comentado_texto_e_video=&possui_com
entarios_gerais=&possui_comentarios=&possui_anotacoes=&sem_dos_meus_cadernos=&sem_anuladas=&sem_desatualizadas=&sem_anuladas_impressao=&se
m_desatualizadas_impressao=&caderno_id=&migalha=&data_comentario_texto=&data=&minissimulado_id=&resolvidas=&resolvidas_certas=&resolvidas_erradas=
&nao_resolvidas=
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Sobre o anúncio como um todo, análise as afirmações.
I. A linguagem é direta e clara.
II. Linguagens verbal e não verbal em nada se relacionam.
III. Texto verbal e imagem são complementares na construção dos sentidos.
Sempre dá para separar um dinheirinho para o futuro. Em sete passos fáceis, veja como: 1. Ande
com um caderninho na bolsa e anote tudo o que gasta para saber para onde está indo seu dinheiro.
2. Se você não tem certeza de que conseguirá conter seus impulsos, deixe em casa cartões de crédito
e cheques. Estabeleça um limite em dinheiro para carregar na carteira. 3. Planeje suas compras,
todas elas, e pague apenas à vista. 4. Sempre pesquise preços e pechinche. 5. Só compre pela
internet ou pelo telefone se for algo necessário, oferecido a um preço ótimo (a internet é u m prato
cheio para compradores compulsivos). 6. Passe longe das liquidações. 7. Pesquise pacotes
econômicos para celular, telefone fixo, internet e TV a cabo.
No texto 6, a marca que indica uma preocupação com o paralelismo na construção de grande parte
das frases do texto é:
(A) o início traz sempre uma forma verbal;
(B) o emprego de formas de imperativo;
(C) o apelo ao humor nas instruções;
(D) o uso de formas coloquiais de linguagem;
(E) a presença de testemunhos de autoridade.
04. (SEAP-DF – Professor – IBFC) Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sobre
Apresentação dos temas transversais encontramos que:
(A) A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas. A pergunta ética, por excelência, é:
Como sobressair-se perante os outros?
(B) O grande desafio da escola é investir na discriminação, dando a conhecer a diversidade que
compõe o patrimônio sociocultural brasileiro.
(C) Podemos compreender ou transformar a situação de um indivíduo ou de uma comunidade levando
em conta que ela não é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural.
(D) O ser humano faz parte do meio ambiente e as relações que são estabelecidas (sociais,
econômicas e culturais) também fazem parte desse meio.
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05. (Prefeitura de Congonhas-MG – Professor – Consuplan) Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s) a disciplina Língua Portuguesa é apresentada:
(A) Como Língua Moderna, inserindo na mesma o conteúdo Arte.
(B) Como desenvolvimento de competências específicas de representações.
(C) Para desenvolver o vocabulário dos sujeitos, visando à formação para a cidadania.
(D) Para desenvolver a codificação e decodificação de símbolos.
(E) Como constitutiva da área de Linguagens, códigos e suas tecnologias
06. (IFB – Professor – IFB) Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) para o
Ensino de Língua Portuguesa, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O caráter sócio-interacionista da linguagem verbal aponta para uma verificação metodológica do
saber linguístico do aluno, como ponto de partida para decisão daquilo que será desenvolvido.
(B) O aluno deve ser considerado como um produtor de textos, aquele que pode ser entendido pelos
textos que produz e que o constituem como ser humano.
(C) O processo de ensino/aprendizagem deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem,
consideradas em um processo discursivo de construção do pensamento simbólico
(D) A natureza social e ativa da língua deve ter destaque, em contraposição às concepções
tradicionais, deslocadas do uso social.
(E) Os conteúdos tradicionais de ensino de língua, ou seja, nomenclatura gramatical e história da
literatura deverão ser eliminados do currículo.
Respostas
01 – A
Por exclusão ficamos com a alternativa A.
b)Quando ver seu primo, dê-lhe um abraço meu. (ERRADA)
Quando VIR seu primo;
c) Todos os dias tenho trago o cadeado prometido. (ERRADA)
Verbo aux. (TER e HAVER) funcionam com verbo do participio regular (-ado e -ido); verbo aux. (SER
e ESTAR) funcionam com verbos do participio irregular. Tenho trazido
d) Antigamente, fazem muitos anos, as escolas eram levadas a sério. (ERRADA)Faz muitos anos, os
verbos FAZER e SER indicando tempo são impessoais, assim como o verbo HAVER = existir
(impessoal)e os verbos indicando fenômenos da natureza (impessoal)exceto no sentido conotativo. Ex.:
Chove canivetes.
e) Ontem houveram reuniões e debates para que se encontrassem melhores formas de aprimorar o
ensino. (ERRADA)verbo haver = existir (impessoal) Ontem houve reuniões e debates ...
02 – D
I - A linguagem direta geralmente é marcada por um diálogo, não confunda, ela NÃO é direta por ser
destinada a alguém especificamente.
III - Perceba que a imagem transfere uma ideia de paixão/amor pelo esporte, marcada principalmente
pelo enorme "bandeirão" estendido nas arquibancadas.
03 – B
Erro da A: nem todos os itens iniciam por forma verbal, o item 2 inicia por uma conjunção subordinativa
condicional;
Erro da C: nos itens há instruções claras com verbos no imperativo, não há ironias expressas;
Erro da D: poderia ser a certa se você pensar que a informalidade está presente na maioria dos itens,
mas isso não é marca de paralelismo sintático conforme pede a questão;
Erro da E: óbvio que não tem testemunho de nada, mesmo que tivesse, não caracterizaria paralelismo
04 – D
O ser humano faz parte do meio ambiente e as relações que são estabelecidas (sociais, econômicas
e culturais) também fazem parte desse meio.
05 – E
De acordo com o PCN “compõem esta área de conhecimento têm por objetivo tornar o aluno capaz de
aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos
relevantes para sua vida; conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de
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acesso a informações; compreender e usar a linguagem corporal; compreender a arte como saber cultural
e estético, analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, compreender e usar os
sistemas simbólicos das diferentes linguagens, compreender e usar a língua portuguesa como língua
materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.”.
06 – E
Os conteúdos tradicionais de ensino de língua, ou seja, nomenclatura gramatical e história da literatura
deverão ser eliminados do currículo.
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