Professional Documents
Culture Documents
A língua, para Ataliba de Castilho, deve ser definida através de uma “abordagem
multissêmica” que relaciona léxico, semântica, discurso e gramática através de
uma perspectiva sociocognitiva. A língua estaria situada na relação entre esses
elementos. Para o autor, a relação entre língua e linguagem remetem ao
estruturalismo: a língua entendida como um código abstrato e suas
manifestações concretas, como a fala, e a linguagem entendida como um meio
de comunicação não necessariamente verbal, um conjunto de sinais criados pelo
ser humano para se comunicar.
Fiorin, por sua vez, afirma que a língua está vinculada a uma sociedade; “língua
é a condensação de um homem historicamente situado”, “a concretização de
uma experiência histórica” (p. 72). Já a linguagem é a capacidade humana que
permite construir mundos, criar realidades e alcançar realidades não presentes.
A relação entre língua e linguagem está, então, para o autor, no fato de que a
língua está imbricada à sociedade e é parte constituinte da faculdade da
linguagem.
Já Mari Kato afirma ter duas visões sobre a língua: uma de caráter biológico,
derivada da visão chomskiana (língua-I), que envolve a ideia de que o ser
humano tem uma faculdade que lhe permite aprender uma língua, o que o
diferencia dos animais; e outra visão que deriva do conceito de língua
externalizada (língua-E), que é aquela produzida pelo homem, de forma
concreta, seja falada ou escrita. Já a linguagem, por outro lado, é tudo aquilo
que possui alguma estrutura e alguma informação; “é um termo muito mais
genérico” (p. 115). De acordo com os argumentos da autora, é possível inferir
que a língua está impressa na linguagem, contudo, ela não estabelece uma
relação clara entre esses dois fenômenos.
Marcuschi afirma que língua é algo de difícil definição, que é mais que um
sistema ou uma forma de dizer o mundo e que não é um sistema de
representação mental ou sistema de comunicação. Para o autor, a língua é uma
atividade que se desenvolve social, histórica e interativamente entre os
indivíduos, com o objetivo de se fazerem entender ou de construir um sentido
sobre algo. Marcuschi concorda com Chomsky quando entende a linguagem
como uma faculdade mental característica da espécie humana. A língua tem a
capacidade de organizar e concretizar essa instância humana da linguagem nas
atividades cotidianas situadas histórica, social e culturalmente. É nesse ponto
que se dá, para o autor, a relação entre língua e linguagem.