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MMTR-NE 1995 1ª Oficina Matriz para construção da metodologia e planejamento das atividades
1986
Marco Institucional
1995 Multiplicação nos nove estados, experimentando os instrumentos educativos
a 1998
Lançamento de "A Coragem de Ser", primeiro filme do MMTR-NE, que relata
histórias da organização da mulheres rurais nas décadas de 80 e 90.1999 –
1998 Oficina de Reciclagem: Análise das experiências e revisão dos instrumentos
pedagógicos
Margareth Maria Costa Cunha (MA) narra sua história de vida e é premiada com
Menção Honrosa no Prêmio Margarida Maria Alves de Estudos Rurais e de
Gênero. A partir desta edição o Prêmio incorpora a categoria Relato de
Experiência
2008
2ª Edição do Livro “A Estrada da Sabedora: Sistematizando os caminhos para a
formação de educadoras rurais do Nordeste-1994-2006”
– Inicia a Escola Feminista de Formação Política e Econômica,
com a Rede Mulher e Democracia.
– Multiplicação da Escola nos nove estados do Nordeste, com duas oficinas microrregionais
2013/2014
Metodologia da Escola Feminista de Formação Política e Econômica levada como experiência regional junto
à organizações de mulheres do Peru, Equador e Colômbia. Em convênio com a Facultad Latinoamericana de
Ciencias Sociales (Flacso) do Equador com duas turmas
– Experiência de formação nos moldes da Escola Feminista de Formação Política e Econômica inter-regional
com os estados de SE, BA e AL e parceria com a Universidade Tiradentes de Sergipe
Filme “Mulheres Rurais em Movimento”, lançado durante o Encontro dos 30 anos do MMTR-NE
Multiplicação da Escola de Educadoras Feminista em oito estados do Nordeste, facilitada pelas lideranças
de cada estado.
Estabelecida parceria entra a UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e o MMTRP/AL (Movimento da Mulher
2016 Trabalhadora Rural e Pescadora de Alagoas) para realização da Escola Feminista de Formação Política e
Econômica
Aprofundamento da pedagogia do MMTR-NE em dois módulos com 18 educadoras dos nove estados
Realização da Escola de Educadoras em duas oficinas inter-regionais com os estados de PE, PB e RN, se-
guidos por PI, MA e CE e com continuidade da multiplicação em PE, SE, AL, MA, PB, RN e PI.
Primeira experiência de replicação da Escola Educadoras Feminista com mulheres atendidas pela chamada de
ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) no Agreste de Pernambuco em parceria com o Centro de Desen-
volvimento Agroecológico Sabiá
Replicação da Escola Feminista de Educadoras Feminista nas chamadas de Ater Agroecologia no Agreste de Perna-
2014 mbuco em parceria com Centro Sabiá e Agroflor
A 2017
Replicação da Escola com mulheres do sertão de Alagoas na chamada de ATER Mulheres em parceria com Emater-
AL (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural)
“Como é que a gente faz?” Sistematização da Pedagogia do MMTR-NE, constituída em diferentes formas e jeitos de fazer
ATER, vinculada ao Projeto Mulheres, Feminismo, Ater e Agroecologia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
2018 Sistematização da Escola de Educadoras Feminista como uma Tecnologia Social, disponível para ser replicada por diversos grupos.
A Escola de Educadoras Feminista
como uma Tecnologia Social
E por que a Escola pode ser uma Tecnologia Social? Bem, primeiro
vamos entender um pouco mais sobre Tecnologia Social (TS): esse é um
conceito que se popularizou no Brasil desde os anos 2000, cuja definição
mais frequente diz que compreende produtos, técnicas e/ou metodologias
reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que
representem efetivas soluções de transformação social. Nós sabemos que
toda tecnologia pressupõe um conjunto de saberes, métodos e técnicas que
são estruturadas para atender às demandas e organizar a sociedade. E isso
nos leva aos questionamentos: Quem cria as tecnologias? A quem servem
as tecnologias? Quais valores são incorporados? Elas defendem quais
projetos de sociedade?
Acreditamos que toda tecnologia é socialmente determinada. Ou
seja, o contexto social em que ela é produzida e quem a produz deixam
marcas e uma intenção em sua composição. A tecnologia não é e nunca foi
neutra. A sua criação e seu uso implica em tomadas de decisões e em
valores. E uma vez que compreendemos isso, nos tornamos responsáveis
pelas escolhas que fazemos, sendo assim, a Escola de Educadoras
Feminista tem como posicionamento um projeto de sociedade feminista,
anticapitalista, anti-racista e agroecológica. É uma Tecnologia Social, pois
está engajada na construção de soluções a partir de métodos e instrumentos
próprios, que estão orientados pelos conhecimentos daquelas que produzem
a educação para si. A Escola busca inclusão social e visa desconstruir as
hierarquias e as estruturas de dominação que são encontradas nas
tecnologias convencionais.
O nome “Escola” é escolhido como uma referência à essa escola das
quais muitas de nós fomos excluídas. Mas nós a ressignificamos: além de
também estarmos ocupando as instituições formais de ensino, como as
universidade, estamos principalmente promovendo nossas próprias
experiências pedagógicas e reinventando a escola em qualquer lugar.
Estamos decididas a nos definir a nós mesmas. Ninguém falará por nós.
Planejar e executar a Escola de Educadoras Feministas enquanto uma
Tecnologia Social - que reflete os nossos valores e saberes enquanto
trabalhadoras rurais diversas - se torna uma estratégia do mundo que
desejamos construir a partir do agora, de nós mesmas. Além disso, é uma
ferramenta com habilidade de ser sustentável, podendo ser adaptada e
aplicada envolvendo diversas circunstâncias, grupos e temáticas. Quando a
tecnologia se alia ao sonho, partimos do possível para promover o que
parecia impossível.
E como é que a gente faz?
6. Os temas que vamos debater não são nossos, e nem são delas: são de
todas nós. Quando identificamos que os processos vividos entre nós se
conectam, cria-se um sentido de que juntas poderemos nos educar
coletivamente por meio da Escola. A escolha do nome Escola de
Educadoras Feministas se deu porque decidimos ressaltar que toda
trabalhadora rural enquanto sujeita do seu processo de auto educação pode
ser uma educadora.
7. Pensar o espaço físico para que ela aconteça é fundamental. È
importante criar um ambiente seguro emocionalmente em que vínculos de
confiança possam ser criados e haja abertura para que as narrativas das
mulheres sejam expressas. Isto não quer dizer que é necessário uma sala de
aula com cadeiras, lousa, giz, porta e paredes. O que é preciso é que o
lugar seja acolhedor e acessível, como em áreas de convivência da
comunidade, ou nas sedes dos movimentos parceiros, em espaços que
remetem ao sentido de luta da Escola.
“A Escola Feminista pra mim foi uma faculdade. Foi uma Escola
que eu realmente aprendi, uma escola diferenciada da escola regular que
a gente estudou. Foi uma escola que me ensinou e me preparou pra vida
- e me mostrou que nós mulheres somos sim capazes, formadoras de
opiniões, podemos mudar a realidade. Ela também nos fez refletir,
questionar e não se conformar com a realidade de vida que nós mulheres
vivenciamos, que é a violência, a submissão, e tantas outras questões.
A Escola Feminista trouxe um grande crescimento pessoal pra mim pois
eu fui articuladora e ao mesmo tempo educadora dessa Escola. Pra mim
isso foi um grande desafio e eu acredito que cresci muito. Também me
fortaleci enquanto grupo, enquanto MMTR no Ceará. Hoje nós temos
uma base muito boa e isso é resultado também da Escola Feminista. Ela
também contribuiu muito com meu empoderamento feminino. A partir
do debate do feminismo que a Escola proporcionou, eu compreendi
realmente o que é feminismo. E aí eu entendi realmente que eu nasci
feminista, só não entendia o que era o feminismo. E hoje não tenho
nenhuma dúvida: Sou Lucivane Ferreira, feminista, com muito orgulho.”
(Lucivane Ferreira, Negra, 34 anos, Assentamento Maceió, Itapipoca,
Ceará).
eu tenho certeza que quem está ali na frente também aprende. Como a
gente aprende, é uma coisa maravilhosa.”
(Josefa Bezerra da Silva, 54 anos, Negra, Garanhuns, Pernambuco)