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O que é Sinestesia?

Escrito por:

Steve Andreas

Publicado em:

qua, 03/05/2017

Um problema que surge repetidamente na PNL é a imprecisão no significado de uma palavra,


criando uma ambiguidade sobre o tipo de experiência sensorial a que uma palavra se refere. Como
a maioria da PNL trabalha diretamente com a experiência da mudança sensorial, é crucial saber o
que é isso. A palavra "sinestesia" tem sido usada na PNL para dois tipos muito diferentes de
experiência, e isso muitas vezes causa confusão — seja essa confusão notada ou não. Abaixo está
uma definição disponível na internet do que significa a palavra sinestesia no mundo em geral:

"A sinestesia é uma condição na qual um sentido (por exemplo, audição) é simultaneamente
percebido junto com um ou mais sentidos adicionais, como a visão. Outra forma de sinestesia
junta objetos como letras, formas, números ou nome das pessoas com uma percepção sensorial,
como cheiro, cor ou sabor. A palavra sinestesia vem de duas palavras gregas: sin (junto) e aisthesis
(percepção). Portanto, sinestesia significa literalmente ‘percepção associada’.”

Quero apontar três critérios cruciais incorporados nessa citação: duas (ou mais) percepções
sensoriais são associadas simultaneamente, no mesmo lugar no espaço e no tempo. Quando
alguém vê um número em uma determinada cor, ele vê um número colorido — ele não vê um
número ao lado de uma amostra da cor, ou um número seguido por uma cor ou uma cor seguida
por um número.

A sinestesia é muitas vezes descrita como algo raro e incomum, e é verdade que ver letras ou
números coloridos é incomum. Anos atrás, quando Connirae e eu estávamos investigando
detalhadamente diferentes estratégias de soletração, encontramos uma mulher que via cada letra
do alfabeto associada a uma cor individual específica. Quando ela soletrava uma palavra, ela sabia
que estava certa se todas as letras mudassem para uma cor! Embora isso fosse uma maneira
complexa de soletrar palavras, eu não a recomendaria no lugar da “estratégia da soletração”
descoberta no inicio da PNL, porém para ela funcionava.

Outro aspecto da sinestesia é que, embora possa parecer incomum para aqueles que não a
experimentam, nunca ouvi falar que seria um problema para aqueles que o fazem. É bastante
comum entre os “savantistas* autistas”, mas não é uma das causas das suas limitações. Pelo
contrário, é sempre uma parte útil de algumas habilidades incríveis que estão muito além do que a
maioria de nós pode fazer, como perceber rapidamente se um número de muitos algarismos é
primo ou não, ou multiplicar dois números de vários algarismos. Eu nunca ouvi falar de alguém
para quem a sinestesia fosse um problema significativo. Mais exatamente, é um interessante
embelezamento da experiência e é, muitas vezes, creditado como uma contribuição para a
criatividade.

Na verdade, todos nós experimentamos a sinestesia de uma forma tão comum que é fácil ignorá-
la, e não perceber que é fundamentalmente o mesmo processo. Ao digitar essas palavras, a
sensação nos meus dedos ocorre ao mesmo tempo — e no mesmo lugar — que a da visão dos
meus dedos movendo-se sobre as teclas e do som do clique das teclas. O mesmo é verdade se eu
fechar os olhos e me imaginar digitando — eu vejo e sinto os meus dedos se movendo sobre as
teclas, e ouço o som do clique que as teclas fazem.

Esse é apenas um exemplo de como o nosso cérebro integra a informação proveniente dos
diferentes sentidos em uma única experiência coerente.

Imagine como seria estranho e desconcertante se aquelas três percepções diferentes ocorressem
em locais diferentes e em momentos diferentes! O feedback da informação de cada sentido
estaria fora de sincronia com os outros, tornando difícil aprender até mesmo o mais simples dos
movimentos, como levar um copo até a boca para beber alguma coisa.

Sobrepor

Quando alguém tem uma representação em apenas uma modalidade, a intervenção inicial e
básica da PNL é justapor outras modalidades a fim de adicionar informações dos outros sentidos.
“Quando você ouve essas palavras nessa tonalidade, que imagem vem à sua mente?” “Quando
você vê essa imagem, que sons você consegue ouvir?” Esse tipo de pergunta é uma instrução
deliberada para eliciar a sinestesia, a fim de enriquecer a experiência de alguém ao acessar
informações úteis e relevantes que podem estar sendo ignoradas. A imagem de um evento futuro
pode parecer maravilhosa, mas quando você adiciona sons e/ou sensações táteis cinestésicas, ela
pode se tornar menos desejável. Com mais informações, nós sempre tomamos decisões que são
previsões mais precisas e equilibradas de satisfação futura.

Na conversa do dia a dia, nós falamos frequentemente de um som afiado, de um cheiro azedo, de
um ponto no doce, de uma cor lisa ou uma camisa berrante. Embora algumas dessas expressões
possam ser apenas metafóricas, muitas vezes elas indicam uma sinestesia inconsciente, ou no
limite do que nós normalmente observamos na nossa experiência interna. Por exemplo, quando
escuto música ou vozes, eu sempre tenho uma experiência visual de formas abstratas e
transparentes em 3D que se movem da esquerda para a direita. Como qualquer outra habilidade,
isso tem vantagens e inconvenientes. Eu sempre preferi melodias mais simples ou tocadas por
pequenos conjuntos, porque é mais fácil visualizar um menor número de sons. Quando há muitos
sons, como acontece com uma grande orquestra ou uma banda, minhas imagens ficam
desordenadas, emaranhadas e desagradáveis. Eu também tenho problemas para entender as
conversas em locais barulhentos, e se eu estiver procurando um endereço num local
desconhecido, preciso desligar o rádio do carro senão começo a ter os sintomas do TDAH.

Resumindo, o significado amplamente aceito para a sinestesia é experimentar duas ou mais


percepções sensoriais simultaneamente no mesmo lugar no espaço. Isso é um aprimoramento da
experiência que geralmente é útil, e apenas muito raramente um problema.

Qual é a outra definição de sinestesia?

Na Enciclopédia de PNL de Robert Dilts encontramos a seguinte definição para sinestesia:

“Às vezes, várias sensações se conectam e se sobrepõem tão completamente que não é possível
distinguir facilmente uma da outra em uma relação causal. Sentir-se profundamente comovido
por uma música seria um exemplo disso. A sensação não pode ser realmente distinguida ou
separada do som da música. O mesmo pode ser dito para a sensação de medo ou de prazer que as
pessoas experimentam quando veem certo tipo de imagens.”

Esses vínculos causais “ouvir-sentir” ou “ver-sentir” foram chamados de “funções difusas” no


início da PNL. Eles são muito importantes para nós — às vezes problemáticos; às vezes muito úteis
— mas são radicalmente diferentes da definição anterior de sinestesia de várias maneiras:

1. A relação causal mencionada por Dilts pressupõe uma passagem do tempo entre a causa e o
efeito, de modo que a união das duas sensações é sequencial em vez de simultânea — mesmo que
seja muito rápida.

2. As duas sensações estão em locais diferentes no espaço. O som ou a imagem que causa a
sensação é tipicamente ouvido ou vista em um local fora do corpo, enquanto a sensação é sentida
dentro do corpo, principalmente ao longo da linha mediana do peito e/ou da barriga. Mesmo
quando o som é ouvido nos ouvidos, ou a imagem é vista dentro da cabeça, esse ainda é um local
muito diferente do que a sensação emocional da “sensação deslocada”, “prazer” ou “medo”.
3. Finalmente, a sensação emocional em reação ao som ou a imagem é uma sensação de avaliação
que é muito diferente de uma sensação perceptiva tátil na pele ou nos dedos. As sensações táteis
fornecem informações sobre o que foi tocado — seu tamanho, temperatura, pressão, textura, etc.
Já as sensações emocionais fornecem informações sobre os valores da pessoa que está tendo as
sensações.

Essa distinção entre sensações táteis e de avaliação é mais clara quando temos uma sensação de
avaliação como resposta a uma sensação tátil. Se você está desfrutando de um toque amoroso,
você experimenta sensações táteis na pele e no tecido subjacente (pressão, temperatura, etc.) e
também a sua experiência emocional de prazer ao longo da linha mediana. Mas se alguém
indesejável tocou você exatamente da mesma maneira, você teria uma resposta emocional muito
diferente para o mesmo grupo de sensações táteis.

Essas três diferenças indicam como essa segunda definição de sinestesia é muito diferente da que
é aceita mais amplamente. Quando um penelista diz que um cliente tem uma “sinestesia”, ele está
quase sempre usando esse segundo significado da palavra. Ele também costuma falar sobre uma
sinestesia da qual um cliente se queixa porque a sensação resultante é desagradável ou tem
consequências problemáticas.

Será que essa distinção interessa?

Uma vez que qualquer ambiguidade possa levar à confusão, é sempre útil ser muito claro quanto
ao significado da palavra, especialmente quando o resto do mundo tem um significado diferente
para ela. Uma maneira de evitar a ambiguidade da palavra "sinestesia" é simplesmente não usá-la
em tudo, o que Connirae e eu temos feito há muitos anos. A maioria dos clientes que busca
mudanças pessoais o faz por causa de sensações de avaliação desagradáveis. Como geralmente ele
tem pouca ou nenhuma consciência de como essas sensações são geradas, na maioria das vezes,
pelas imagens visuais inconscientes, os sons auditivos, as sensações táteis — e/ou, menos
frequentemente, pelo cheiro ou o gosto — não encontramos nenhuma vantagem em usar uma
palavra específica para ele. Além disso, a palavra "sinestesia" é uma substantivação que
transforma um processo em substantivo e tende a distrair e obscurecer a experiência sensorial
específica a que se refere. Tendo em mente que a sensação emocional é em resposta a uma
percepção ou memória em uma ou mais das modalidades sensoriais nos ajuda a nos concentrar
em ajustar essa memória ou percepção a fim de mudar a sensação resultante.

Mas antes de fazer tais ajustes, é importante pensar sobre a sensação do "problema" em um
contexto mais amplo de espaço e tempo, para ter certeza de que a mudança é "ecológica". Uma
sensação "ruim" de vergonha ou de culpa pode ser muito útil para nos motivar a pedir desculpas
ou fazer as pazes para corrigir um relacionamento que foi danificado por algo que fizemos ou que
não conseguimos fazer. Se essa função positiva não é incorporada em qualquer mudança, será
muito difícil fazer qualquer mudança e, que provavelmente ela não irá durar.

O outro lado disso é que algumas sensações "boas" levam a consequências destrutivas, como
comer em excesso, o uso de drogas ou qualquer outro comportamento compulsivo. Nesses casos,
pode ser útil fazer ajustes que resultem em sensações "ruins" que serão mais proveitosas no
contexto mais amplo do espaço e do tempo.

* Savantismo, também chamado de síndrome do sábio ou síndrome de savant, é um distúrbio


psíquico. A condição é um mistério que fascina e intriga a ciência. Seus portadores geralmente
possuem altas habilidades, incríveis MESMO, como memória extraordinária, e ao mesmo tempo
sérios problemas de desenvolvimento, como dificuldade para falar e se relacionar socialmente.

O artigo original "What is Synesthesia?" encontra-se no site realpeoplepress.com/blog/

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