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NASCER E CRESCER

revista do hospital de crianças maria pia


ano 2007, vol XVI, n.º 4

Conceitos e Critérios de Morte

Ferraz Gonçalves1

RESUMO ria Woody Allen “Não é que eu tenha significando umas vezes morrer, outras
Através dos tempos os conceitos medo da morte; eu apenas não que- estar morto e no seu sentido correcto.
da morte e os critérios para a determinar ro estar lá quando isso acontecer” ou Morrer é o processo que conduz a estar
evoluíram, sobretudo a partir da segun- “Não quero atingir a imortalidade com o morto e que ocorre em vida, portanto,
da metade do século XX. No início, era meu trabalho, mas sim não morrendo”. pode ser experimentado; quando se diz
observando se um individuo respirava ou A racionalidade desse medo tem sido que a morte de alguém foi muito longa,
não que se determinava se estava vivo alvo de reflexão por muita gente, entre os usa-se o termo no sentido de morrer. Es-
ou morto. Depois, com o aparecimento quais se incluem, como é natural, os filó- tar morto é um estado que ocorre após a
do estetoscópio, a existência ou não de sofos. De facto, a morte é um tema cen- morte, não fazendo parte da vida. A mor-
batimentos cardíacos passou a ser deter- tral da filosofia, e como sempre o modo te está entre o morrer e o estar morto.
minante. Com a invenção da reanimação como o tema é encarado é muito variado.
cárdio-pulmonar e da ventilação mecâni- Por exemplo, para Montaigne “filosofar é CONCEITOS E CRITÉRIOS DE MORTE
ca e o início da transplantação de órgãos, aprender a morrer “(1), o que significa que O conceito de morte diz-nos o que a
a morte passou a ser determinada pela o melhor modo de lidar com a questão, morte é. O critério ou os critérios de mor-
perda das funções cerebrais totais ou do é pensar nela frequentemente. Opinião te são as condições que nos permitem
tronco cerebral. Alguns filósofos e eticis- diferente é a de Espinoza para quem “O determinar se um indivíduo está morto
tas consideram ainda que deve ser pela homem livre em nada pensa menos que segundo esse conceito. O conceito de
perda irreversível das funções cerebrais na morte; e a sua sabedoria não é uma morte pode ser encarado de vários pon-
superiores, as que fazem de nós pesso- meditação da morte, mas da vida”(2). Já tos de vista como o religioso, o filosófico
as, que se determina a morte. para Epicuro, “a morte não é nada para e o biológico. Contudo, os critérios de
nós ... porque quando estamos vivos, a morte são indicadores biológicos. A de-
Nascer e Crescer 2007; 16(4): 245-248 morte não veio, e quando a morte vem, terminação do momento da morte tem
nós já não estamos”(3). O que significa implicações importantes dos pontos de
que enquanto estamos vivos a morte não vista legal, social e ético.
INTRODUÇÃO nos afecta e que estando mortos nada A morte a nível celular é um proces-
Embora as pessoas falem muitas sentimos e, portanto, estar morto não so, não é um acontecimento. As células
vezes como se não fizessem parte da na- pode ser mau para quem morre. não morrem todas ao mesmo tempo. É
tureza, na verdade somos um dos seus Há, porém, pessoas que desejam a por isso que as unhas e o cabelo podem
produtos e estamos dependentes dela. morte. Esse desejo advém do sofrimento, continuar a crescer ou que a pele pode ser
Por isso, como sucede com todos os ou- seja qual for a sua origem. Mas a grande usada para transplantação 24 horas após
tros seres vivos, todos os que pertencem maioria não a deseja, mesmo quando so- a paragem cardíaca. Então, o que há que
à nossa espécie morrem. É o que temos fre, por vezes intensamente. Como diria determinar é o ponto em que a situação
de mais certo, como diz o povo. Na ver- Schopenhauer, a negação da vontade de se tornou irreversível, independentemen-
dade, só existimos porque a morte é uma viver consiste na fuga dos prazeres, não te dos meios que se possam empregar,
realidade natural. Se não houvesse mor- do sofrimento da vida. Isto quer dizer que, e não se todas as células do corpo estão
te não haveria renovação nem evolução, no fundo, não é morrer que as pessoas mortas. O momento em que foi determina-
pelo que a diversidade da vida que hoje que sofrem querem, mas verem-se livres do esse ponto é o momento da morte.
existe e, portanto, nós próprios não exis- desse sofrimento. Quem, genuinamente, Determinar se alguém está morto
tiríamos. não quer viver, foge aos prazeres da vida parece ser fácil e é-o geralmente. Porém,
Tememos, em geral, a morte, e, e não ao sofrimentos. os conceitos de morte podem incluir,
portanto, não a desejamos. Como di- O termo morte é vulgarmente usado além dos aspectos biológicos, elementos
em vários sentidos. Pode significar o fim de ordem filosófica, moral e religiosa, ha-
__________ de alguma coisa ou de uma época. No vendo discordâncias inconciliáveis entre
1
Unidade de Cuidados Paliativos – IPO Porto seu sentido real, o termo morte é usado alguns desses conceitos.

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A determinação da morte como uma bral. Pela definição cárdio-respiratória de Com este novo conceito pretendia-se que
actividade médica, é um diagnóstico, e morte estes doentes estavam vivos. doentes que tinham perdido irreversivel-
como tal pode produzir resultados falsa- mente a actividade cerebral, portanto,
mente negativos ou positivos. Uma con- A MORTE DO TRONCO CEREBRAL/ sem hipóteses de sobreviver sem suporte
sequência dramática de um resultado fal- MORTE CEREBRAL GLOBAL intensivo, não fossem mantidos indefinida-
samente positivo, isto é, considerar morto (HOLOCEREBRAL) mente ligados a um ventilador, sem que
alguém que de facto está vivo, é enterrá- A manutenção de indivíduos, cuja tirassem disso algum benefício, e facilitar a
lo vivo. Esta possibilidade é reconhecida, função cerebral total ou do tronco cerebral colheita de órgãos para transplantação.
pelo que sempre se tomaram precauções se tinha perdido definitivamente, ligados a Os critérios para determinar a morte
para a evitar. Os rituais religiosos e outros ventiladores até à paragem cardíaca origi- cerebral evoluíram desde os que foram
relacionados com a morte, como a higie- nou problemas legais, éticos, psicológicos expressos acima, tornando-se mais pre-
ne e exposição do corpo, deixar o rosto e económicos. “Ventilar um cadáver”(6) cisos para evitar a maior preocupação
descoberto e o intervalo até à inumação não beneficiava ninguém, nem o próprio, expressa relativamente a esta definição
são exemplos dessas precauções. Havia nem os profissionais nem os familiares. de morte, que era a de um estado de in-
também o hábito de chamar em voz alta Sobretudo estes que viam o processo consciência reversível poder ser diagnos-
por três vezes o nome do presumido de- arrastar-se por tempo indeterminado com ticado como morte cerebral. No Quadro
funto – conclamatio(5). Ainda hoje o papa custos inerentes a nível emocional mas 1 podem ver-se os critérios em vigor em
é chamado três vezes pelo seu nome de também financeiro, dependendo do siste- Portugal, onde foi adoptado o conceito de
baptismo na sua morte. Mesmo actual- ma de saúde. Havia também custos para morte do tronco cerebral(9).
mente, para assegurar que a situação é a sociedade em geral. É de reforçar a ideia de que estes
definitiva, a autópsia ou a inumação do Na mesma época assistiu-se ao de- critérios de morte cerebral só necessitam
corpo não é permitida em muitos países senvolvimento das técnicas de transplan- de ser determinados quando as funções
antes de passarem 24 horas da verifica- tação com a consequente necessidade respiratórias e circulatórias são mantidas
ção do óbito. de órgãos viáveis, que têm mais proba- artificialmente, bastando nas outras situ-
bilidade de serem obtidos se forem extra- ações determinar a morte pela paragem
A MORTE CÁRDIO-RESPIRATÓRIA ídos de um corpo funcionante. De facto, cárdio-respiratória, porque a esta se se-
O modo tradicional de determinar a nos anos 50 do século XX começaram a gue fatalmente a morte cerebral, dentro
morte foi a paragem respiratória. O mo- fazer-se os primeiros transplantes renais de poucos minutos.
mento em que se deixava de respirar era o e no final dos anos 60 do mesmo século O conceito de morte cerebral total
momento da morte. E assim foi até ao final fez-se o primeiro transplante cardíaco. ou de morte do tronco cerebral é segui-
do século XIX. Depois, com a descoberta Tudo isto criou uma necessidade do na maioria dos países. No entanto, foi
do estetoscópio e da auscultação, passou de alterar o conceito de morte que já não rejeitado durante algum tempo em países
a basear-se na paragem cardíaca (1), prá- estava de acordo com a nova realidade, com culturas tão diferentes, como Japão
tica que ainda hoje se usa para a maioria colidindo muitas vezes com o bom senso e a Dinamarca, por razões religiosas, éti-
das situações. e com a necessidade de beneficiar outras cas e filosóficas(10), mas a procura de ór-
Contudo, após a invenção da venti- pessoas com os novos desenvolvimentos gãos para transplante fez com que tenha
lação artificial boca a boca e da massa- da medicina. acabado por ser aceite nesses países.
gem cardíaca externa, nos anos 50 do Em 1959, Mollaret e Goulon(7) de- O conceito de morte cerebral parece
século XX, foi possível, em alguns casos, ram o nome de coma ultrapassado (coma ser compatível com as crenças católica,
reverter a paragem cardíaca e respirató- dépassé) ao estado dos doentes que ti- protestante, ortodoxa, judaica e islâmica
ria. E o aparecimento dos ventiladores e nham perdido as funções cerebrais incluin- sobre a natureza da morte(11).
das unidades de cuidados intensivos na do as funções vegetativas. Em 1968, a Co-
mesma época tornaram possível manter missão Ad Hoc da Harvard Medical School A MORTE CEREBRAL SUPERIOR
artificialmente a função cárdio-respira- propôs que fosse declarada a morte de um (NEOCORTICAL)
tória. Assim, o que era tido como certo, indivíduo em coma irreversível, antes de Embora, em termos práticos, a
passou a não o ser. se desligarem os meios de suporte(8). Aqui questão da morte esteja resolvida para
Como disse atrás é pela paragem a designação foi de coma irreversível, em já, há pelo menos mais uma concepção
cárdio-respiratória que ainda hoje se de- vez de coma ultrapassado, e foi descrito diferente da morte. Esta resulta, entre
termina se alguém está morto, na maioria como um estado de não reactividade, sem outras, da questão do estado vegetati-
dos casos. Mas do desenvolvimento da movimento, respiração ou reflexos, e um vo persistente (EVP). No EVP há dano
reanimação cárdio-respiratória e das téc- electroencefalograma plano. Na Inglaterra cerebral de causas diversas com perda
nicas e dispositivos de suporte da vida re- o critério de morte cerebral é a morte do das funções cerebrais superiores que
sultou em que alguns doentes com a fun- tronco cerebral, o que não é muito diferen- controlam a consciência, a cognição e
ção respiratória artificialmente mantida te visto que a morte do tronco cerebral im- as emoções, mas as funções do tronco
tinham perdido totalmente a função cere- plica a cessação da actividade cerebral(4). cerebral que permitem manter funções

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corporais, entre as quais a respiração, e A determinação da morte segundo ta do cérebro, crânio e couro cabeludo
ciclos de sono-vigília mantêm-se(12). Este este conceito é mais difícil, devido aos (17)
. Como estes recém-nascidos não têm
estado pode ser reversível, mas ao fim de problemas que envolvem a determinação córtex cerebral, não têm nem podem vir
alguns meses, dependendo da causa e da irreversibilidade da perda da função a ter qualquer grau de consciência re-
da idade do doente, a recuperação torna- cerebral no EVP e até o seu diagnóstico, flexiva. No entanto, tal como acontece
se improvável(12,13). Como há funções ce- tendo-se detectado casos de diagnósti- no EVP, o seu tronco cerebral funciona
rebrais, nomeadamente as do tronco ce- cos errados de EVP(16). Neste conceito total ou parcialmente, por isso mantêm
rebral, estes doentes não estão incluídos há ainda uma questão de intensidade, pelo menos algumas funções do corpo
na definição de morte cerebral global ou de que não está completamente isento o como a respiração, a sucção, movimen-
de morte do tronco cerebral. conceito de morte cerebral global. Isto é, tos espontâneos, etc. A maioria desses
Há, porém, quem defenda o con- quanta consciência é necessário ter para recém-nascidos morre no primeiro dia e
ceito de morte cerebral superior argu- se considerar que a pessoa está viva. menos de 10% sobrevive mais do que
mentando que nessas circunstâncias o Este aspecto pode ser particularmente uma semana.
indivíduo já não é uma pessoa, porque importante em situações como doentes A escassez de órgãos para trans-
o conceito de pessoa implica a existên- com demências, em que há uma perda plante em crianças levou a que se consi-
cia de consciência e a capacidade de gradual da função cognitiva, pelo que derasse a possibilidade de colher órgãos
tomar decisões e assumir responsa- não seria fácil determinar quando se po- nos recém-nascidos anencefálicos, no-
bilidades e não apenas a capacidade deriam considerar mortos pela definição meadamente alguns pais destas crian-
de manter algumas funções orgânicas. de morte cerebral superior. ças que assim veriam uma finalidade no
Portanto, os doentes em EVP estariam Este conceito de morte envolve ain- nascimento do seu filho pelo bem que
mortos como pessoas, visto que per- da problemas de ordem emocional e social resultaria para outras criança da doa-
deram irreversivelmente a consciência. resultantes de, nessas circunstâncias, os ção dos órgãos. Porém, estas crianças
Os defensores deste conceito de morte parentes e amigos do indivíduo e a socie- não estão mortas, segundo o conceito
afirmam que no conceito de morte do dade em geral, aceitarem que quem respi- vigente de morte cerebral total ou de
tronco cerebral ou cerebral global, o ra espontaneamente possa estar morto. morte do tronco cerebral, condição ne-
cérebro é considerado um órgão con- cessária para se poder fazer a colheita
trolador e integrador das funções dos OS RECÉM-NASCIDOS ANENCEFÁLI- de órgãos. Por outro lado, a colheita dos
sistemas orgânicos, sendo a sua fun- COS COMO DADORES DE ÓRGÃOS seus órgãos depois da morte natural dos
ção como responsável pela consci- A anencefalia é uma anormalidade recém-nascidos com anencefalia permite
ência, a sua função mais nobre, vista do desenvolvimento do sistema nervoso o sucesso em apenas um em cada nove
como não essencial(14,15). central que resulta na ausência congéni- transplantes(18).

Quadro I - Critérios de morte cerebral

A certificação de morte cerebral requer a demonstração da cessação das funções do tronco cerebral e da sua irreversibilidade.

Para o estabelecimento do diagnóstico de morte cerebral é necessário que se verifiquem as seguintes condições:
1) Conhecimento da causa e irreversibilidade da situação clínica;
2) Estado de coma com ausência WWde resposta motora à estimulação dolorosa na área dos pares cranianos;
I - Condições prévias 3) Ausência de respiração espontânea;
4) Constatação de estabilidade hemodinâmica e da ausência de hipotermia, alterações endócrino-metabólicas, agentes depressores
do sistema nervoso central e ou de agentes bloqueadores neuromusculares, que possam ser responsabilizados pela supressão das
funções referidas nos números anteriores.

1) O diagnóstico de morte cerebral implica a ausência na totalidade dos seguintes reflexos do tronco cerebral:
a. Reflexos fotomotores com pupilas de diâmetro fixo;
b. Reflexos oculocefálicos;
II - Regras de semiologia c. Reflexos oculovestibulares;
d. Reflexos corneopalpebrais;
e. Reflexo faríngeo.
2) Realização da prova de apneia confirmativa da ausência de respiração espontânea.

A verificação da morte cerebral requer:


1) Realização de, no mínimo, dois conjuntos de provas com intervalo adequado à situação clínica e à idade;
2) Realização de exames complementares de diagnóstico, sempre que for considerado necessário;
III - Metodologia 3) A execução das provas de morte cerebral por dois médicos especialistas (em neurologia, neurocirurgia ou com experiência de
cuidados intensivos);
4) Nenhum dos médicos que executa as provas poderá pertencer a equipas envolvidas no transplante de órgãos ou tecidos e pelo menos
um não deverá pertencer à unidade ou serviço em que o doente esteja internado.

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Haveria três possibilidades de resol- observation of breathing determined the 9. Declaração da Ordem dos Médicos
ver este problema(18): definition of death but with the develop- sobre os critérios de morte cerebral
1) os recém-nascidos anencefáli- ment of the stethoscope the emphasis (prevista no artigo 12º da Lei nº 12/93,
cos serem considerados mortos, changed to the existence or absence of a de 22 de Abril). Diário da República –
porque não têm possibilidade de heartbeat. Following the invention of car- I Série B, nº 235, 11.10,1994.
virem a ter consciência e a sua diopulmonary reanimation and mechani- 10. Verspieren P. Critérios de morte. Em:
sobrevivência é muito curta; cal ventilation, coupled with the start of Hottois G, Parizeau MH, eds. Di-
2) adoptar a definição de morte ce- organ transplant techniques, death is cionário de Bioética. Lisboa: Instituto
rebral superior; ou currently determined by loss of function Piaget; 1998:105-110.
3) considerar os recém-nascidos of the whole brain or of the brain stem. 11. Lamb D. Death and reductionism: a
anencefálicos um grupo especial Some philosophers and ethicists con- reply to John F Catherwood. J Med
aplicando-lhes leis especiais. sider that irreversible loss of the higher Ethics 1992;18:40-42.
mental functions, which make people 12. The Multi-Society Task Force on
O “Council on Ethical and Judicial what they are, is the absolute determi- PVS. Medical aspects of the persis-
Affairs” da Associação Médica Americana nant of death tent vegetative state. N Engl J Med
(AMA) começou por concluir que a doa- 1994;330:1499-1508.
ção de órgãos de crianças anencefálicas 13. Council on Scientific Affairs and
só era legítima após a sua morte, quer Nascer e Crescer 2007; 16(4): 245-248 Council on Ethical and Judicial Affairs.
ela tenha ocorrido por cessação da fun- Persistent vegetative state and the
ção cardíaca ou da função cerebral, mas decision to withdraw or withhold life
depois mudou de opinião para mais tarde BIBLIOGRAFIA support. JAMA 1990;263:426-430.
voltar à posição inicial(17). As mudanças 14. Engelhardt HT. The endings and be-
de opinião descritas mostram bem as 1. Murphy JG. Rationality and the fear ginnings of persons: death, abortion,
dificuldades que esta questão envolve e of death. Em: Fischer JM, ed. The and infanticide. Em: The foundations
que têm a ver com questões éticas, mas metaphysics of death. Stanford, Cali- of bioethics. New York: Oxford Uni-
também com os desenvolvimentos cien- fornia: Stanford University Press; versity Press, 2ª ed; 1996b:239-287.
tíficos, com os sentimentos individuais e 1993:43-58. 15. Rich BA. Postmodern personhood:
com a opinião pública. 2. Espinoza B. Da servidão humana ou a matter of consciousness. Bioethics
das forças das afecções: proposição 1997;11:206-216.
CONCLUSÃO LXVII. Em Espinoza B. Ética. Lis- 16. Zeman A. Persistent vegetative state.
O conceito de morte do tronco ce- boa: Relógio D´Água Editores, Lancet 1997;350:795-799.
rebral ou cerebral global, resultante de 1992:423-424. 17. Council on Ethical and Judicial
problemas e soluções que a evolução 3. Rosenbaum SE. How to be dead and Affairs, American Medical Asso-
recente da medicina foi criando, é aceite not care: a defence of Epicurus. Em: ciation. The use of anencephalic
universalmente por razões éticas, mas Fischer JM, ed. The metaphysics of neonates as organ donors. JAMA
sobretudo por razões práticas, nomeada- death. Stanford, California: Stanford 1995;20:1614-1618.
mente, a sua aceitabilidade pela genera- University Press; 1993:117-134. 18. Lafreniere R, McGrath MH. End-
lidade das pessoas e a necessidade de 4. Faria R. O diagnóstico de morte: of-life issues: anencephalic infants
obter órgãos para transplantação. morte cerebral. Em: Archer L, Biscaia as organs donors. J Am Coll Surg
O progresso futuro da medicina J, Osswald W, eds. Bioética. Lisboa: 1998;187:443-447.
continuará, provavelmente, a resolver Editorial Verbo; 1996:372-377.
alguns problemas e a criar outros. As res- 5. Ariès P. O morto-vivo. Em: Ariès P,
postas a esses problemas serão também ed. O Homem perante a morte – II.
orientadas por razões de ordem prática Mem Martins: Publicações Europa-
ficando em segundo plano a reflexão filo- América 1988;122-134. CORRESPONDÊNCIA
sófica e ética. 6. Pallis C. Reappraising death. BMJ Dr. Ferraz Gonçalves
1982;285:1409-1412. Unidade de Cuidados Paliativos
7. Mollaret P. Goulon M. Le coma dé- Instituto Português de Oncologia
CONCEPTS AND CRITERIA OF passé : mémoire préliminaire. Revue Rua Dr. António Bernardino de
DEATH Neurologique 1959 ;101 : 3-15. Almeida
8. Report of the Ad Hoc Committee of 4200-072 Porto
ABSTRACT the Harvard Medical School to Ex- E-mail: ferrazg@ipoporto.min-saude.pt
The concept of death and definition amine the Definition of Brain Death. A ou ferrazg@netcabo.pt
of death have evolved, particularly in the definition of irreversible coma. JAMA
second half of the XXth century. Initially 196;:205:85-88.

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