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Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I


Aluno: Mateus Aragão Silva

Resumo “Economia Agroexportadora”


(Cap. 13 do livro “Economia Brasileira Contemporânea”)

A economia brasileira, até a década de 1930, era caracterizada como uma


economia agroexportadora, baseada na monocultura de produtos primários voltados
para a exportação de sua total produção. Essa produção possuía uma característica
cíclica, onde, ao longo da história econômica do Brasil, cada produto tinha um período
de foco produtivo, que se diferenciavam de acordo com o tipo da produção, com a
demanda do mercado internacional, etc.

Notoriamente, a economia agroexportadora possuía uma enorme dependência


das condições do mercado internacional para o desempenho das exportações,
causando oscilações nos preços dos produtos (a demanda pelos mesmos variavam de
acordo com as crises e as condições dos países consumidores) e uma vulnerabilidade
econômica para o país, pois direta ou indiretamente, todas as outras atividades
produtivas dependiam do setor exportador, sendo afetadas quando havia alguma
queda na demanda. A concentração da renda no setor exportador foi uma outra
característica, na qual os recursos e os capitais se concentravam todos no setor
exportador, gerando assim uma desigualdade na distribuição da renda do país.

Num modelo de desenvolvimento voltado para fora, como chama Maria da


Conceição Tavares (1975), o Brasil, assim como outros países da América Latina que
possuíam as mesmas características do mesmo modelo de desenvolvimento, possuía
uma desigualdade entre a base produtiva e a estrutura de consumo, onde as
importações visavam atender a demanda por produtos manufaturados, tanto para o
consumo da população quanto para a produção agrícola. Essa dependência por
importações tem forte impacto na vulnerabilidade econômica do país, ao passo que
qualquer problema no balanço comercial implicava uma diminuição das importações,
afetando diretamente as condições de consumo da economia.

Um outro problema que afetou a economia agroexportadora foi as fortes


oscilações dos preços do café. O produto sofria com problemas em sua produção, a
exemplo de geadas e pragas, que afetavam a oferta do café no mercado internacional.
Também havia o descompasso entre o tempo de plantação e de colheita – por volta de
quatro anos – onde não havia a certeza do retorno dos investimentos feitos na época
do plantio após o fim desse tempo. Com o aumento da oferta sendo maior que o
crescimento da demanda pelo produto, o preço do café tende a diminuir, e com o
crescimento da renda da população impulsionando uma maior necessidade de
importação de produtos manufaturados, ocorre assim a chamada deterioração dos
termos de troca, uma vez que os preços das exportações estavam caindo em
comparação com o preço das importações.

Em vista da crescente queda dos preços, cria-se as políticas de defesa do café


pelo governo. Tais políticas destacam dois mecanismos de defesa:

• A desvalorização do câmbio consistia em aumentar os preços das sacas de café,


assim, mesmo com a queda do preço no mercado internacional, o preço em moeda
nacional permanecia o mesmo. Essa desvalorização cambial mascarava o excesso de
oferta do produto que estava por acarretar uma superprodução do café, ao passo que
a desvalorização mantinha a renda dos cafeicultores e, por conseqüência, os
investimentos na produção. Por outro lado, se gerava uma inflação, pois encarecia os
preços dos produtos importados, fazendo com que se refletisse os problemas do setor
agroexportador em toda a sociedade.

• A política de valorização do café consistia na retenção de parte da oferta de café na


forma de estoques. Com menor oferta de café no mercado, os preços poderiam se
recuperar. A política também acentuava a tendência a superprodução, pois com a
estocagem, acabavam por receber preços pelo café acima daqueles que seriam fixados
normalmente pelo mercado e outros países seriam indiretamente incentivados a
plantar café.

A fragilização do modelo agroexportador trouxe à tona a consciência sobre a


necessidade da industrialização como forma de superar os constrangimentos externos
e o subdesenvolvimento. Sendo a partir desse momento a industrialização meta
prioritária da política econômica brasileira. Essa meta, porém, só seria possível com
uma grande alteração política que rompesse com o Estado oligárquico e
descentralizado da República Velha e centralizasse o poder e os instrumentos de
política econômica no governo federal.

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