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Universidade Federal de Juiz de Fora

Departamento de Ciências Sociais – ICH


Aluna: Luana Cristina Seixas

RESENHA do texto: ANTUNES, Ricardo. A sociedade dos adoecimentos do trabalho.


Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 123, p. 407-427, jul.set. 2015.

Ricardo Antunes destaca a industrialização através da exploração de


trabalhadores no sistema de produção capitalista. Trata-se de uma crítica à
modernização e ao Capitalismo, pois ambos são os responsáveis pelo adoecimento de
trabalhadores (as), assunto principal tema do texto. Inicialmente o texto contextualiza a
crise Taylorista e Fordista caracterizadas por uma crise estrutural do sistema capitalista
e também a adoção de velhas e novas formas de exploração do trabalho através da
divisão internacional do trabalho alterando a composição da classe trabalhadora em
escala global, a redução do proletariado industrial e o aumento de trabalhadores (as) na
indústria e na agroindústria.
Na situação social marcada pela diminuição e também pelo desgaste do trabalho
acordado e regulamentado, característico da era Taylorista e Fordista, aumenta o
trabalho precário e temporário, assim como as distintas modalidades de flexibilização de
vínculos empregatícios e de direitos, além do acréscimo do trabalho voluntariado e das
diversas formas de empreendedorismo e cooperativismo, os quais abrigam novas formas
de gestão e exploração. O que ocasiona também o aumento do desemprego em escala
global, que atinge homens e mulheres, contratados ou precarizados, formais ou
informais, e o agravamento do trabalho quanto aos salários, qualidade e condições de
trabalho.
Ainda dando um panorama sobre a exploração no trabalho, o autor cita a nova
divisão internacional foi fundada na superexploração da força de trabalho com baixos
salários e ritmo de produção intensa com jornadas de trabalho prolongadas acrescida a
desorganização do movimento operário e sindical devido à ditadura militar no Brasil na
década de 1990, passando por um processo de reestruturação produtiva com a
implantação de programas de qualidade total com a introdução de ganhos salariais
incorporados ao lucro e a produção promovendo um aumento dessa produção
ocasionando em flexibilização, informalidade e precarização das condições de trabalho
e de vida do trabalhador. Já no século XX surgem novas configurações de acidentes,
adoecimentos, pressão psicológica, insegurança e vulnerabilidade, fortalecidas pela
presença de robôs e sistemas aprimorados.
O autor aponta o maquinário e consequentemente a tecnologia como responsável
pela exposição do trabalhador em relação à flexibilização e o aumento de sua produção.
Também aponta o TIC (Tecnologias da informação e comunicação), trabalhadores e
trabalhadoras de telemarketing, supermercados, empresas de fast-food e call center
como os novos proletariados de serviço. Indica a flexibilização como a ruptura da
fronteira entre ambiente de trabalho e vida privada nos diversos modos de contratação,
sejam estes trabalho terceirizado, quarteirizado, exercido no lar do próprio trabalhador
ou em ambientes das corporações mundiais. Em relação a intensa produção, utiliza
como exemplo a fixação de freios ABS em picapes S10 na General Motors do Brasil, a
qual anteriormente durava 175 segundos em 2008 e após sua redução de tempo em
30%, ganhando 1 segundo produz 7 mil carros a mais por ano.
Ricardo Antunes articula o processo de adoecimento ao crescente processo de
individualização e isolamento do trabalho através de um rompimento da solidariedade
entre os trabalhadores desencadeando um adoecimento psíquico e suicídio. O suicídio
aqui relacionado à solidão devido às formas de organização e gestão do trabalho.
No próximo tópico são discutidos os modos de controle e coerção na maioria das
vezes direcionado a um trabalhador ou ao coletivo, sendo assim, as metas surgiram com
o objetivo de reestruturar a produção e a participação dos trabalhadores nos lucros e/ou
resultados baseando-se em três estratégias de controle: o direcionamento da função do
trabalhador; avaliação do desempenho do trabalhador e a premiação por sua disciplina.
Quanto a terceirização, o autor afirma que esta impõe aos trabalhadores
contratos por tempo determinado criando uma rotatividade, salários reduzidos,
insegurança e insalubridade. Também determina uma competição entre os trabalhadores
do mesmo espaço de produção e por englobar trabalhadores de diferentes setores
(limpeza, vigilância, alimentação…) divide a representação sindical prejudicando a
composição, relacionamento e resistência de classe. Além do fato dos terceirizados
serem mais vulneráveis e possuírem mais riscos quanto a acidentes.
Na conclusão do texto, o autor comenta sobre a importância da ferramenta
sindicato, uma vez que a flexibilização sugere o fim da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) para desconstruir os direitos do trabalho. E com o fim da CLT, as
flexibilizações, terceirizações, o aumento da informalidade e do desemprego serão mais
reforçados e propõe como solução a união dos laços de solidariedade e sentido de
pertencimento de classe, entre o sindicato e o trabalhador.
O capitalismo vem proporcionando um movimento propenso pela precarização e
informalidade como estruturas com o objetivo de aumento do ganho das empresas
globais e/ou transnacionais, pequenas ou médias empresas. A terceirização se torna uma
“aliada” ao ser identificado como ferramenta por empresas que se consolidam em rede,
com novos ofícios sendo sedimentados, com diversos modos de assalariamento. Novos
empregos são formados, como o exemplo já citado, os Operadores de Telemarketing
composto de serviços e indústrias, motivo esse pelo qual impossibilita enquadrá-lo em
alguma setorização.
A precarização atinge o trabalho ao afetar através insegurança do ofício, das
formas de contratação, da intensificação na produção, dos baixos salários, e de
resultados imediatos por meio do lucro, ausência de perspectivas de progresso e
promoção na carreira, dentre outros fatores. O capitalismo imbricado a super-exploração
vem reestruturando o trabalho e as relações sociais no ambiente de trabalho, o qual
força os trabalhadores em direção da flexibilização e da precarização, restringindo os
direitos trabalhistas obtidos, em que políticas neoliberais se estruturam conduzindo o
sua iniciativa na lucratividade e competividade no cenário do trabalho.

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