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3 O tempo presente:

a ocupação do
território brasileiro
Na Unidade 2, você estudou a ocupação do território brasileiro
pelos colonizadores europeus. Você conheceu as nações indígenas que
já viviam no Brasil e pôde ver como foi a escravização dos povos do
continente africano. Viu também como o trabalho dessas populações
influenciou na transformação do território brasileiro naquele período.
Nesta Unidade, você estudará a população do País, as pessoas que
moram no campo e na cidade, os tipos de trabalho, as indústrias e a
produção do campo.

Para iniciar...
Converse com seus colegas e professor.

• O que você conhece sobre a população do Brasil?

• Quais atividades profissionais são típicas da zona rural e da zona


urbana?

• Quais são os serviços oferecidos à população urbana e rural,


como rede de esgotos, fornecimento de água e luz, e quais ainda
faltam?

A população no território brasileiro


Hoje, no Brasil, há aproximadamente 190 milhões de pessoas.
Matemática
Nosso país é um dos mais populosos do planeta. No entanto, segundo 7o ano – Unidade 4
o Censo 2010, o número de pessoas que habita nosso território é
de 22,43 por km², o que significa que a densidade populacional é
baixa. Mas é preciso lembrar que esse número é uma média, ou seja,
há regiões e lugares em que há mais pessoas por km² do que em
outros, como pode ser visto no mapa a seguir, no qual as cores mais
escuras indicam as áreas mais densamente povoadas (entre 76,25 e
444,07 habitantes por km²). Por exemplo, há mais pessoas por km²
no Estado de São Paulo do que no Estado do Pará.

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Geografia – Unidade 3

GEO_7_U3_001.pdf 1 5/31/12 12:04 PM


Brasil: densidade demográfica (hab/km²), 2010

© Maps World
70 ° O 40 ° O

RR
AP
Equador

AM
PA MA CE
RN

PB
PI
PE
AC
AL
RO TO SE

MT BA

DF

GO

MG OCEANO
MS
OCEANO ES ATLÂNTICO
PACÍFICO
SP
RJ

órnio PR
e Capric
Trópico d

Densidade demográfica
em 2010
SC
76,25 a 444,07
Fonte: IBGE. Sinopse do censo 52,4 a 66,7 RS
demográfico 2010. Disponível
17,65 a 39,79
em: <http://www.censo2010.
ibge.gov.br/sinopse/index. 4,98 a 12,4

php>. Acesso em: 4 jun. 2012 2,01 a 4,69


0 286 km

(adaptado). 70 ° O 40 ° O

O crescimento demográfico no Brasil foi intenso durante muitas


décadas. Atualmente, o índice de natalidade (número de nascimentos) e
a taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) estão caindo, bem
como os números de mortalidade. Assim, pode-se concluir que as taxas
de crescimento demográfico estão menores.

Uma pergunta que cabe colocar a esse respeito é: Por que essas
taxas vêm caindo ou se alterando no Brasil? Essas mudanças estão
relacionadas a uma série de transformações da sociedade brasileira,
especialmente ao movimento de urbanização da população, que desde
a década de 1930 vem se aprofundando. Na década de 1970, mais de
50% da população passou a viver em cidades. Hoje, esse índice está
em torno de 85%.

Essa transformação de uma população predominantemente rural


para urbana acarretou mudanças de hábitos e mesmo de necessidades.

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Geografia – Unidade 3

A mulher passou a se inserir mais no mercado de trabalho, repen-


sando suas prioridades em relação à constituição de famílias nume-
rosas, o que as levou a adotar métodos anticoncepcionais.

Soma-se a essas questões o fato de o custo de vida nas cidades ser


muito maior do que no campo. Isso se dá, em especial, pela depen-
dência que a população urbana possui de um número maior de bens
e serviços. Enquanto viviam no campo, as necessidades familiares, em
muitos casos, eram supridas pela própria produção rural. Por exem-
plo: é comum, em pequenas propriedades, que parte do plantio seja
consumida pelas próprias famílias que o produziram.

Outro fator relevante nessa radical transformação da estrutura


demográfica brasileira foram os avanços da medicina, particular-
mente da medicina preventiva, que fez cair abruptamente os índices
de mortalidade, embora os índices de mortalidade infantil tenham
persistido por muito mais tempo e sejam, para muitos casos, até hoje
enormes.

No entanto, de maneira geral, os avanços recentes nesse aspecto


são relevantes. Os índices de mortalidade infantil têm diminuído,
sobretudo, em razão do progresso no acolhimento à gestante, na
ampliação do acesso ao exame pré-natal, na melhoria da higiene de
modo mais amplo (educação, saneamento básico, acesso à água tra-
tada) etc.

É importante lembrar que ainda há no Brasil distinções entre as


regiões mais pobres e as mais ricas e que, mesmo nestas, há diferenças
sociais. Portanto, existem diversas realidades em relação à mortali-
dade, taxa de fecundidade e expectativa de vida.

Atividade 1 Índices ligados à população


Em grupo, discutam as questões a seguir e registrem as conclusões
a que chegarem em seu caderno.

1. Quais foram os aspectos positivos e negativos em relação à queda


da natalidade, da fecundidade e da mortalidade no Brasil? Enu-
merem os fatores por ordem de importância.

2. Quais foram, na opinião do grupo, os principais desafios colo-


cados para as mulheres depois da participação mais intensa no
mercado de trabalho? E quais foram as consequências sociais des-
se fenômeno? Façam a análise com base em situações reais de
mulheres que vocês conhecem e que trabalham.

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Geografia – Unidade 3

População, industrialização e urbanização


Possivelmente, todo mundo conhece pessoas que antes moravam
na zona rural e depois se mudaram para a zona urbana. Esse processo
relaciona-se com a urbanização iniciada há quase cem anos, e que
trouxe como consequência um aumento da população urbana em rela-
ção à rural.

Essa dinâmica foi potencializada quando as políticas governamen-


tais passaram a oferecer incentivo às indústrias. Antes disso, a popula-
ção era mais fixada no campo, em fazendas, em pequenas propriedades
ou em vilas agrícolas, pois as economias mais fortes eram ligadas à
agricultura, a exemplo do café, como você teve a oportunidade de estu-
dar na unidade anterior.

Esse processo aumentou muito a partir da década de 1950, com o


aumento do número de indústrias principalmente na região Sudeste do
Brasil. No entanto, o território brasileiro urbanizou-se de fato somente
quando mais da metade da sua população começou a morar nas cidades,
na passagem para a década de 1970. O gráfico a seguir mostra a evolu-
ção das populações urbana e rural no Brasil desde a década de 1940.

Brasil: evolução da população urbana e rural, 1940-2010 (em %)

90

75

60
pop. rural 45
pop. urbana
30
15
Fonte: IPEAdata. Tema 0
População: IBGE/pop. Disponível 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
em: <http://ipeadata.gov.br>.
Acesso em: 25 maio 2012.

Trabalho Com as indústrias instaladas, foi necessária a criação de uma infra-


7o ano – Unidade 2 estrutura composta de sistemas técnicos, como as redes de energia elé-
trica, ruas com asfalto, transporte, casas para os trabalhadores, comér-
cio, hospitais, escolas, rede de esgoto etc., para que a indústria pudesse
funcionar, ou seja, produzir e comercializar sua produção, além de
também criar condições para que os trabalhadores pudessem realizar
suas atividades. É por isso que muitas vezes se associa, para o caso bra-
sileiro, a indústria ao processo de urbanização.

58
Geografia – Unidade 3

Também é preciso levar em consideração que, em áreas menos


industrializadas, os índices de urbanização se elevaram entre os anos
1950 e 1970 e continuaram aumentando nas décadas posteriores.
Esse fenômeno ocorreu, principalmente, por causa da integração dos
meios de transporte, facilitando os fluxos migratórios, e do desejo de
conseguir emprego nas áreas mais dinâmicas dos seus Estados.

Na estrutura urbana, observa-se uma distinção entre setores comer-


ciais, administrativos, culturais, de serviços e industriais. Você pode
ver a diferença na divisão espacial do trabalho, pois existem, principal-
mente nas cidades, grupos especializados nas diversas atividades produ-
tivas necessárias para o bom funcionamento do município, como as ati-
vidades relacionadas aos serviços (saúde, educação, transportes). Com
o crescimento das indústrias, principalmente nos Estados de São Paulo
e Rio de Janeiro, houve a necessidade de mais trabalhadores para fábri-
cas, construção civil, comércio e serviços. Assim, gerou-se, ao longo do
século XX, em todo o Brasil, um processo histórico que atraiu milhares
de migrantes do campo para as cidades, o chamado êxodo rural, parti-
cularmente de trabalhadores do Nordeste rumo ao Sudeste.

Atividade 2 Os tipos de trabalho urbano


Leia a canção e responda às questões a seguir em seu caderno.

Sonora Garoa
Passoca

Sonoro sereno na porta da fábrica


serena garoa o radinho grita
pela madrugada com voz metálica
não faço nada que me condene uma canção
a sirene toca Sonora garoa
bem de manhãzinha sereno de prata
quebrando o silêncio sereno de lata
sonorizando a madrugada reflete o sol
Passa o automóvel bem no caminhão

Marco Antonio Vilalba (Passoca).

1. Qual é o tipo de trabalho tratado pela canção? Como você acha


que era o cotidiano das pessoas que faziam esse trabalho nos anos
1960? E hoje?

2. Escreva sobre outros trabalhos exercidos nas cidades. Como você


acha que era o cotidiano das pessoas que faziam esse trabalho nos
anos 1960? E hoje?

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Geografia – Unidade 3

Atividade 3 Processos migratórios


1. Observe a figura a seguir para responder às questões propostas.

© Paulo Savala

José Miguel da Silva. Os Retirantes, 2004.

a) Como os personagens dessa obra estão representados?

b) A quais conclusões você chega observando essa imagem?

2. Quais foram as condições de migração dos nordestinos em di-


reção ao Centro-Sul no passado? Essa realidade persiste até a
atualidade? Por quê?

3. Você conhece algum migrante nordestino? Escreva a história dele


em seu caderno e, depois, conte-a para seus colegas.

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Geografia – Unidade 3

A urbanização e as novas formas de trabalho


Os tipos de trabalho nas cidades variam: indústrias, serviços,
construção civil, comércio, trabalho informal e trabalho nas repar-
tições públicas do Estado, entre outros. Esses tipos de serviço exi-
gem muito da infraestrutura urbana, isto é, redes elétricas, telefonia,
transporte etc. Como exemplo, tome-se o trabalho de um telefonista.
Ele precisa de transporte para chegar da sua casa até o trabalho. A
empresa onde trabalha necessita de um edifício, que precisa de ener-
gia elétrica, das redes de telefonia, de telefones, de papéis.

Para que tudo funcione bem, é necessário que essas redes fun-
cionem adequadamente e que a empresa esteja em um lugar de fácil
acesso para seus funcionários. Os telefones e os papéis usados na
empresa precisam ser transportados para lá. As redes elétrica e de
telefonia, os transportes e os edifícios são a infraestrutura (a parte
física) que as empresas e indústrias precisam para produzir. Desse
modo, elas são também a causa da urbanização.

Essas empresas ou indústrias, conhecidas como multinacionais


ou transnacionais, encontram vantagens conferidas pelos governos
em relação aos gastos para sua implantação e para o aumento de
seus lucros, obtendo, por exemplo, isenção ou desconto no paga-
mento de impostos. Elas, em geral, pagam salários mais baixos aos
trabalhadores sem qualificação, sobretudo na maior parte das fun-
ções operacionais.

Nos países mais desenvolvidos, há maior produção de bens


industrializados para a exportação, ou seja, existe mais tecnologia
aplicada à produção. Esses produtos são, portanto, caros e lucrati-
vos. Já nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o
Brasil, a maior parte da produção voltada para a exportação é com-
posta de bens não industrializados, como a soja e a cana-de-açúcar,
que não utilizam tecnologia e são mais baratos e menos lucrativos.
Essa diferença chama-se divisão territorial do trabalho, de acordo
com a qual cada lugar ou região produz, importa e exporta determi-
nados produtos.

Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil,


o México e a Índia, são considerados bons países para mão de obra
barata também. Assim, as cidades nesses países atraem a maior parte
da população trabalhadora, havendo então uma tendência de aumento
da população urbana. Segundo a projeção da Organização das Nações
Unidas (ONU), 90% da população mundial será urbana em 2050.

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Geografia – Unidade 3

A segregação urbana
O crescimento populacional e a ausência de planejamento urbano
voltado para equacionar questões sociais causaram problemas nas
cidades que não estavam preparadas para acolher essa população.
Segundo o Censo 2010, cerca de 6% da população brasileira vive em
condições precárias (favelas, palafitas ou assentamentos irregulares),
em moradias muitas vezes localizadas em áreas de risco ou de pro-
teção ambiental. Esses dados reafirmam a situação de desigualdade
social a que está submetida uma parcela significativa da população.

Embora cada região do País tenha dinâmicas próprias de urbani-


zação, devido às suas particularidades, esses problemas são mais con-
centrados onde a urbanização é mais incrementada, como na região
Sudeste, que concentra mais de 90% da população vivendo em áreas
urbanas.

Atividade 4 Os contrastes nas cidades


Observe a imagem ao lado e responda às questões propostas.
© Eduardo Knapp/Folhapress

1. Que tipo de infraestrutura urbana, que atende aos moradores da


cidade, você vê na foto?

2. Qual é a relação que pode ser estabelecida entre esses dois tipos
de estrutura de moradia, transporte, acesso à água, saneamento e
eletricidade, telecomunicações, entre outros?

3. Como vivem as pessoas na estrutura representada, na foto, em


primeiro plano?

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Geografia – Unidade 3

A população agrária
O êxodo rural ocorrido no século XX no território brasileiro pode
ser considerado o grande propulsor do processo de urbanização. Esse
longo processo está associado, de modo geral, ao crescimento industrial
do País durante todo o século XX e pela intensificação das tecnologias
no campo.

O uso de máquinas pela agricultura moderna teve, como uma de


suas consequências, a diminuição no número de postos de trabalho
dedicados aos trabalhadores rurais, que passaram a ser substituídos
pelas máquinas agrícolas. Esse é um dos fatores que provocaram o
êxodo rural. Todavia, muitos trabalhadores que moram nas cidades
são requisitados em épocas de plantio ou colheita para trabalharem
nos campos, são os boias-frias, que compõem a chamada população
agrícola, que mora nas cidades, mas trabalha no campo. Lembre-se de
que você já estudou os boias-frias na Unidade 1.

Em busca de melhores condições de vida, já que não têm mais


acesso aos empregos e terras na zona rural, os migrantes tentam se
inserir no mercado de trabalho das cidades.

Como a economia brasileira também é baseada na agricultura de


exportação (de cana-de-açúcar e soja, por exemplo) e como a distri-
buição de propriedades rurais no território brasileiro foi derivada do
tipo de colonização que o Brasil teve, uma pequena e privilegiada classe
social possui a maior parte das terras cultiváveis. Sua produção está
voltada especialmente para a exportação, mais lucrativa do que a des-
tinada ao mercado interno.

A estrutura da agricultura moderna e capitalista no Brasil é a


monocultura voltada para a exportação (ou para grandes consumos
internos, como é o caso do álcool derivado da cana), que utiliza máqui-
nas agrícolas e mão de obra barata. O Brasil, assim como outros paí-
ses em desenvolvimento e mesmo os subdesenvolvidos, é responsável
pelo fornecimento de produtos agrícolas mais procurados no mercado
internacional, como café, açúcar, cacau, soja, frutas diversas etc. Esse
é um papel importante do País na divisão internacional do trabalho e
do comércio mundial. O consumo interno de alimentos é mantido por
pequenas e médias propriedades no Brasil.

A condição da produção dos pequenos e médios produtores é


muito diferente das monoculturas para a exportação, pois as variáveis
climáticas, o acesso mais restrito aos empréstimos e os lucros mais

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Geografia – Unidade 3

baixos podem levar essas famílias produtoras a uma situação difícil.


É importante lembrar que o suprimento de alimentos para o mercado
interno é feito pelos pequenos e médios proprietários, responsáveis
pelo cultivo e pela venda desses produtos.

Pode haver também o trabalho de pequenos proprietários em gran-


des propriedades na época da colheita, contratados como assalariados
temporários. O trabalhador agrícola também pode alugar um pedaço
de terra e pagar o aluguel em dinheiro. Esse processo chama-se arren-
damento. No caso da lavoura de subsistência, o trabalho é familiar,
sendo que os lavradores produzem para o consumo de suas famílias.

A agroindústria
Hoje, com a substituição do extrativismo natural pelo plantio e
pela criação de novas tecnologias e processos, a indústria passou a
desenvolver técnicas que alteram até a reprodução e o crescimento
natural de espécies vegetais e animais. A indústria também desenvolveu
máquinas e instrumentos para aumentar a produção com menor custo.
Desse modo, podem exportar mais e consequentemente ter maior
lucro. É importante lembrar que essa produção de alimentos ocorre em
grandes extensões de terra e provoca uma profunda transformação no
espaço da zona rural.

Também é preciso lembrar o uso indiscriminado de agrotóxicos e


fertilizantes no Brasil. Eles são substâncias químicas que combatem as
pragas e doenças vegetais e animais, mas eles apenas atuam nos sinto-
mas e não combatem as causas do surgimento dessas pragas e doen-
ças. As consequências desse uso são a destruição dos microrganismos
do solo, podendo torná-lo infértil, a contaminação dos alimentos e
a promoção de danos sérios à saúde dos trabalhadores rurais, como
intoxicação e até morte.

Na agroindústria, as atividades das indús-


© All Canada Photos/Dave Reede/Diomedia

trias transformam os produtos agropecuários.


Elas são exemplos da presença da cidade no
campo, pois são modernas e precisam de infra-
estrutura, como as rodovias, ferrovias, silos
para armazenamento da produção e portos
secos que garantem o escoamento da produ-
ção, entre outros elementos. Essas indústrias
possuem grandes extensões de terras e são tam-
bém uma das causas da expulsão dos pequenos
proprietários de terra do campo.
Colheita mecanizada.

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Geografia – Unidade 3

A divisão do trabalho entre o campo e a cidade


O meio rural e o meio urbano se complementam e dependem um
do outro. A cidade gera produtos industriais (tratores, caminhões, adu-
bos etc.) e os serviços para o campo (comércio, hospitais, bancos, escolas
etc.). Por sua vez, o campo fornece os alimentos e as matérias-primas de
que a cidade necessita. Assim, ocorre a divisão territorial do trabalho
entre o campo e a cidade.

Atividade 5 Conhecendo a divisão do trabalho campo/


cidade
Compare as imagens a seguir e responda às questões propostas.

© Ingram Publishing/Diomedia

© Carlos Goldgrub/Opção Brasil Imagens


Agricultura mecanizada. Agricultura familiar.

1. Quais são os tipos de agricultura que as imagens representam?

2. Descreva as diferenças entre esses dois tipos de produção.

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Geografia – Unidade 3

Uma família está há gerações na pacata cidade do interior do Pará. Com a instalação
de um porto para escoamento da soja produzida na região, agricultores do Centro-Sul
do País migram em busca de empregos. Chegam à pequena cidade com recursos sufi-
cientes para comprar as propriedades dos antigos moradores, que vendem suas terras
ancestrais a baixos preços, na ilusão do dinheiro grande e fácil.
O político da região afirmara que o porto criaria empregos, mas, na prática, os em-
pregos são para os trabalhadores do Centro-Sul que já conhecem a cultura da soja. A
indústria instala-se com incentivos fiscais. Em poucos anos, poluem-se rios, desmatam-se
florestas e a cidade cresce com a chegada dos moradores rurais, que se avolumam em
busca de trabalho. Estes vivem de expedientes, de comércio ambulante, ou dos novos
serviços, pressionando os serviços públicos urbanos.
Para manter o planejamento urbano, teria sido necessário prever a entrada de todos estes
atores e antecipar suas demandas, o que não foi feito. O ciclo produtivo gera demandas que
o poder público não consegue atender e o investimento privado é restrito ou inexistente.

Os grandes sistemas de engenharia


O que são os grandes sistemas de engenharia? São as gigantescas
construções que possibilitam o transporte, a produção e o funciona-
mento de uma cidade ou das grandes empresas.
Esses grandes sistemas e estruturas são necessários para que o País
possa levar adiante sua economia: o transporte de pessoas, a produ-
ção de bens e seu escoamento, o uso de energia pelas casas, indústrias
e firmas, a rede de telefonia e internet etc.
© Renata Mello/Olhar Imagem

Porto de Suape, PE.

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Geografia – Unidade 3

Essas grandes obras são essenciais para que o País possa se desen-
volver econômica e socialmente. Sem elas, as empresas não conse-
guem produzir e vender suas mercadorias e as oportunidades de tra-
balho ficam bastante restringidas.

Do mesmo modo que uma empresa necessita dos grandes portos


para embarcar suas produções ou importar matéria-prima, as pessoas
precisam de metrô, trens, sistema viário etc., para poder trabalhar e
ganhar o seu sustento.

O sistema rodoviário

Desde a década de 1930, em virtude do processo de industriali-


zação, o transporte pelas rodovias foi o modelo adotado no Brasil
para integrar o país e ligar as regiões aos centros urbanos indus-
triais, como o Sudeste, e, assim, tornar mais eficientes a produção e
o consumo. Porém, a adoção desse sistema gerou alguns problemas,
como o impacto no preço final dos produtos, porque esse tipo de
transporte é mais adequado para percorrer distâncias menores. Para
longas distâncias, ele é o mais caro e, tendo o Brasil vasta extensão
territorial, seria mais barato e adequado o transporte por ferrovias
e hidrovias.

O uso intenso de rodovias no território brasileiro consolidou-se


na década de 1950 em diante, com a instalação das indústrias auto-
mobilísticas multinacionais. Essa escolha foi impulsionada pelos bai-
xos preços dos combustíveis e derivados do petróleo.

Naquela época, ainda não se conheciam com clareza os impactos


dos automóveis nas cidades.

Na década de 1990, as estradas começaram a adotar um processo


chamado privatização. Até aquele momento, todas as rodovias eram
construídas e mantidas pelo Estado. Privatização
É o processo pelo qual
Depois das privatizações, parte das estradas passou a ser gerida uma empresa ou serviço
público é vendido ao
por empresas privadas, que obtêm o direito de concessão, ou seja, setor privado, que
passará a responder pelos
de explorar e fazer render seus investimentos na manutenção e nas produtos ou serviços
melhorias das estradas. Para isso, elas utilizam as taxas pagas pelos anteriormente oferecidos
por órgãos públicos.
motoristas nos pedágios, as quais crescem em número e em valores.
Esses valores acabam sendo repassados aos produtos, já que, para
transportá-los, os custos são maiores.

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Geografia – Unidade 3

O País apresentava uma extensão de 1,6 milhão de quilômetros


de estradas de rodagem, em 2004, sendo apenas 10% dessa extensão
pavimentados. E estavam concedidos à exploração privada 9,6 mil qui-
lômetros das estradas asfaltadas no território. As rodovias são impor-
tantes para a integração de muitas regiões e Estados, e, atualmente,
Tipos de rodovias
o maior número de rodovias e estradas pavimentadas se encontra na
região Sudeste, como pode ser visto no mapa a seguir.

Brasil: tipos de rodovia

Tipo de estrada
Pista dupla
Pista dupla em construção
Estrada asfaltada
Estrada sendo asfaltada
Estrada não asfaltada
Estrada não asfaltada em construção
Trilha
Balsa (travessia de rio) 0 500 km
Em projeto Fonte: Geobase Logit 1997 © HT-2003 MGM-Libergéo

THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 209.

Porém, há um alto custo de manutenção e de implantação. Há


também o custo ambiental e social para sua implantação, pois a vege-
tação nativa deve ser retirada e pessoas que moram próximas às futu-
ras construções têm de deixar suas casas.

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Geografia – Unidade 3

Atividade 6 Conhecendo a rede rodoviária do Brasil


1. Veja o mapa a seguir e responda às perguntas em seu caderno.
GEO_7_U3_012.pdf 1 5/31/12 6:03 PM

Brasil: pontos extremos

© Maps World
70 ° O 40 ° O

Boa Vista
AP
RR Macapá
Equador

Belém São Luís


Manaus
Fortaleza
AM PA MA CE
Teresina RN Natal
PI PB João
(4319,4 km)
Pessoa
PE Recife
AC Porto Palmas
Rio Velho AL Maceió
(4 394,7

Branco SE
RO TO Aracaju

MT BA
km)

Salvador
Cuiabá
DF
Goiânia

GO MG OCEANO
MS
Belo
Horizonte
ATLÂNTICO
ES
OCEANO
Campo Vitória
PACÍFICO Grande SP
RJ
Rio de Janeiro
órnio
e Capric PR São Paulo
Trópico d
Curitiba

SC
Florianópolis
RS
Pontos extremos do Brasil Porto Alegre
Nascente do Rio Ailã (RR) – Ponto no
Rio Arroio Chuí no município de Chuí (RS)
Nascente do Rio Moa (AC) – Ponta do
0 382 km Fonte: IBGE. Atlas geográfico
Seixas em João Pessoa (PB)
Escala no Equador
escolar. 5. ed. Rio de Janeiro:
70 ° O 40 ° O
IBGE, 2009, p. 90-91 (adaptado).

a) Pela extensão territorial do Brasil, como deveriam ser suas


rodovias para que se integrasse todo o País?
b) Desenhe sobre o mapa como você acha que poderiam ser as
rodovias.
2. Por que, até hoje, o modelo rodoviário é o mais utilizado no País?
Quais as desvantagens desse modelo?
O sistema ferroviário
As primeiras ferrovias eram, em geral, construídas ou financia-
das com dinheiro inglês, com a finalidade de atender apenas aos seus
negócios de exportação de café e de importação de produtos ingleses.
Assim, não houve um planejamento comprometido com o transporte
de passageiros, com o uso social da ferrovia ou com o seu papel na
integração das regiões do País.

69
Geografia – Unidade 3

A primeira estrada de ferro foi construída no Rio


© National Railway Museum, London, UK/Diomedia

de Janeiro, em 1852, com a concessão do governo


imperial. Segundo dados do Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (DNIT), até 1884
foram construída­s mais de dez outras ferrovias nas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul do País.
Com o crescente uso do automóvel, principal-
mente após a década de 1950, as ferrovias começa-
ram a ser menos utilizadas e entraram em uma fase,
que perdura até hoje na maioria dos casos, de esta­
gna­ção e deterioração. O Brasil possui uma malha
Estação ferroviária do
fim do século XIX.
ferroviária pouco extensa e mal distribuída, sendo o Sudeste o deten-
tor de quase metade das ferrovias.
Hoje, muitas malhas ferroviárias estão sucateadas. Algumas delas
foram privatizadas. Por exemplo, a empresa América Latina Logís-
tica (ALL) transporta grãos, produtos siderúrgicos, contêineres, água,
vinho, pedra e cimento entre Brasil (Sul, Sudeste e Centro-Oeste),
Argentina e Uruguai.
Assim, as que estão em melhor qualidade são as privatizadas. Porém,
seu uso é apenas para o transporte de cargas. Não houve prioridade no
planejamento do Estado para o transporte de passageiros pelas ferrovias.

Atividade 7 Conhecendo a rede ferroviária do Brasil


1. Leia a canção transcrita a seguir.

Trenzinho do caipira
Heitor Villa-Lobos

Lá vai o trem com o menino Lá vai o trem com o menino


Lá vai a vida a rodar Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra Correndo vai pela terra
Vai pela serra Vai pela serra
Vai pelo mar Vai pelo mar
Cantando pela serra do luar Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar Correndo entre as estrelas a voar
No ar no ar no ar no ar no ar No ar no ar no ar

Universal Music Ricordi Srl./Universal Music MGB Brasil Ltda.

70
Geografia – Unidade 3

a) Por que você acha que a canção chama-se Trenzinho do caipira?


Fica a dica
Que tal uma sessão
pipoca para assistir ao
filme Villa-Lobos, uma
vida de paixão (direção
b) Considerando que essa canção foi escrita entre 1930 e 1945, de Zelito Viana, 2005)?
como você imagina que era o sistema ferroviário brasileiro Assim você poderá
conhecer um pouco
naquela época? mais da história de
vida deste grande
brasileiro e compositor.

2. Descreva as características dos trens no Brasil e o que eles trans-


portam na atualidade. Lembre-se de tratar dos trens urbanos.

3. Onde se pode observar maior densidade de ferrovias? Por que elas


estão concentradas nessa região?

A navegação (cabotagem, hidrovias, portos)

O Brasil é um país que possui grande número de rios que cortam


vários Estados e regiões e servem como fonte de renda e alimentação
para ribeirinhos (população que mora na beira dos rios), como ponto
de turismo para os brasileiros e, principalmente, como meio de trans-
porte. Pelos rios do Brasil, as embarcações navegam levando cargas e
pessoas, muitas vezes, sem segurança. Você sabia que
70% dos produtos
Assim, eles são utilizados como hidrovias. É um meio de trans- comercializados
entre os países são
porte mais barato do que rodovias e ferrovias. As principais hidrovias transportados de
são o Rio São Francisco, que abrange grande parte da região Nor- navios?
Dê uma olhada em
deste, e a Tietê-Paraná, na região Sudeste. algum produto que você
usa e, se ele estiver com
Ainda hoje, com maior conhecimento sobre o território brasi- alguma indicação de
leiro e com extensa rede de rios, grandes e numerosos, as hidrovias que foi feito em outro
país, provavelmente
não são muito exploradas. O maior uso dos rios como hidrovias ele chegou até aqui
acontece na região Norte do País, conforme pode ser observado no de navio, por meio de
algum de nossos portos!
mapa a seguir.

71
Geografia – Unidade 3

Navegabilidade e profundidade dos rios


Brasil: navegabilidade e profundidade dos rios

Rios
Não navegável
Apenas em tempos de cheia
Vias navegáveis permanentes
(profundidade em metros)
de 0,8 até 1,3
de 1,3 até 2,1 0 500 km
> 2,1 Fonte: Rede hidroviária brasileira © HT-2003 MGM-Libergéo

THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 199.

O território brasileiro tem, atualmente, mais de 4 mil quilômetros


de costas navegáveis, além de milhares de quilômetros de rios que
são, ou poderão se tornar, navegáveis no futuro.

Além das hidrovias, há outras formas de utilizar os corpos hídri-


cos para o transporte de passageiros ou cargas: pelo mar. Essas
incluem a navegação de grandes distâncias entre países e o sistema
chamado cabotagem, no qual os navios percorrem os vários portos de
um mesmo país, não se distanciando muito da costa.

72
Geografia – Unidade 3

Aeroportos e fluxos aéreos


A aviação brasileira cresceu muito nos últimos anos, com o sur-
gimento de novas companhias aéreas e a modernização das demais,
ao mesmo tempo que empresas estrangeiras ingressaram no mercado
aéreo do País. Dessa maneira, foi possível aumentar o número de
assentos disponíveis na malha aérea e popularizar esse transporte no
Brasil. Além do transporte de pessoas, os aviões transportam também
produtos de alto valor ou cargas urgentes.

© Delfim Martins/Pulsar Imagens


Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP.

O Brasil teve um grande aumento de passageiros e fluxo nos últi-


mos anos. O Estado de São Paulo, acompanhando a ampliação nacio-
nal, teve o aumento mais significativo, principalmente a capital, pois
possui a maior população e é o centro econômico e financeiro do País,
o que explica a diversificação das rotas para outras regiões e cidades.

Nas demais regiões do País, também houve um crescimento impor-


tante do tráfego aéreo. Com o aumento da renda e o barateamento
relativo de passagens, maior número de pessoas têm oportunidade de
utilizar este transporte.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos – Cumbica, conforme


dados da Infraero, é o mais importante do País, tanto em termos de
número de passageiros, como em voos nacionais e internacionais.

Atividade 8 Conhecendo os fluxos aéreos do Brasil


1. O que é transportado principalmente nos fluxos aéreos?

73
Geografia – Unidade 3

2. Descreva como é o fluxo aéreo hoje no Brasil.

3. Você conhece alguém que viaja constantemente de avião? Se sim, de


onde essa pessoa vem, para onde vai e que tipo de serviço ela presta?

A produção de energia
O Brasil possui muitas alternativas energéticas menos agres-
sivas ao meio ambiente e que podem substituir o uso de recursos
limitados, como o petróleo. Entre essas alternativas está a ener-
gia hidrelétrica, a solar e a eólica (pela força dos ventos, prin-
cipalmente na região Nordeste). Essas energias são consideradas
renováveis porque não esgotam os recursos naturais, que podem
se renovar. A maior parte da energia consumida é produzida pelas
usinas hidrelétricas e termelétricas.

As usinas termelétricas têm custos de instalação bem menores do


que os de uma hidrelétrica, além de causarem impactos ambientais
mais reduzidos, em termos de extensão territorial e zonas afetadas,
uma vez que as hidrelétricas necessitam que uma grande área seja
alagada para poder entrar em operação. Mas as termelétricas podem
ser muito poluentes devido ao uso do
carvão mineral. Por isso, essas usinas
© Juergen Richter/LOOK-foto/Glow Images

localizam-se apenas onde há disposi-


ção de minas de carvão: Rio Grande
do Sul, São Paulo e Santa Catarina.

Atualmente, no Estado de São


Paulo, muitas usinas de açúcar e
álcool estão usando a queima do
bagaço da cana-de-açúcar como
fonte primária para a produção de
energia, a fim de se tornarem autos-
Hidrelétrica de Itaipu, PR. suficientes.

74
Geografia – Unidade 3

Quanto à construção de hidrelétricas, muitos rios brasileiros têm


grandes potenciais hidráulicos (fluxo de água). A principal hidrelé-
trica do Brasil encontra-se na área do Rio Paraná. Há outros rios que
também apresentam esse potencial hidráulico, como os rios da região
Amazônica.

A construção dessas usinas é fundamental para o funcionamento


do País. Elas começaram a ser erguidas em razão da necessidade de
energia decorrente do aumento do número de indústrias e da urbani-
zação, principalmente após a década de 1970.

Existem muitas observações a serem feitas quando se pensa na cons-


trução dessas grandes estruturas. Sua implementação necessita de muitas
transformações no espaço, como o desalojamento de populações para
construir represas e as inundações em extensas áreas, que podem acarre-
tar problemas ambientais e sociais. Dessa forma, a discussão da construção
de usinas hidrelétricas leva sempre para a questão que envolve a relação
entre progresso e preservação do meio ambiente.

Atividade 9 Conhecendo a rede elétrica do Brasil


1. Quais são os tipos de fontes energéticas existentes no Brasil?

2. Qual delas causa maior impacto ambiental? Por quê?

75
Geografia – Unidade 3

As telecomunicações
© European Space Agency/SPL/Latinstock

Em qualquer país, as telecomunicações, ou seja, as


comunicações feitas a distância, como a telefonia fixa e a
celular, são essenciais para a divulgação de informações
e para a integração entre pessoas e bens.
No Brasil, entre 1972 e 1998, este setor era contro-
lado pela Telebrás, quando ocorreu sua privatização,
substituindo o controle estatal pelo controle de empre-
sas privadas.
Hoje, as telecomunicações são essenciais para qual-
quer tipo de transação de negócios e para a vida social.
Para que a transmissão de dados seja rápida e infalível,
as tecnologias utilizadas vão desde a fibra óptica até os
satélites. Dependendo da qualidade dos materiais e da
tecnologia disponível, essa transmissão pode ocorrer de
maneira instantânea.
Satélite de comunicação.

Atividade 10 As telecomunicações do Brasil


1. Converse com os colegas e pergunte quem possui celular e quan-
tos celulares cada um possui. O que isso mostra sobre a amplia-
ção da telefonia no mundo atual?

2. Você faz uso da internet? Para que a utiliza?

3. Para que servem as telecomunicações em geral?

76
Geografia – Unidade 3

O setor de serviços no território brasileiro


Em uma sociedade extremamente urbanizada como é a socie-
dade brasileira, conforme você já estudou antes nessa Unidade, na
qual em torno de 85% da população é urbana, o setor de serviços e
comércio, conhecido como terciário, é o que mais emprega pessoas e
também o que mais representa custos. Segundo a Pesquisa Anual de
Serviços (IBGE, 2000-2001), são 945 mil empresas no País, gerando
um volume aproximado de 16 milhões de empregos. São empresas
dos mais variados portes, das microempresas familiares ou de poucos
integrantes até grandes corporações nacionais e estrangeiras.

Nos dias de hoje, esse é um importante setor no Brasil e tem


tido grande crescimento. Um exemplo de atividade desse setor é o
de serviço­s bancários e financeiros. Essas instituições, os bancos, são
integradas e promovem o uso de seus serviços (cartões, empréstimos,
crédito, venda a prazo etc.) por todo o território nacional. Observam-se
avanços tecnológicos e mudanças importantes com a introdução de
serviços eletrônicos e a internet e mudanças no padrão dos empregos,
sendo que a maioria desses serviços requer mão de obra qualificada.

Os serviços do Estado também são outro exemplo desse tipo de


serviço, como o Sistema Único de Saúde (SUS), os sistemas de auxílios
sociais (como o Bolsa Família), os Correios, a vacinação, a educação
e a previdência social. Esses serviços que integram as regiões são rela-
tivamente padronizados em todo o território nacional e são importan-
tes para os cidadãos.
© G. Evangelista/Opção Brasil Imagens

Funcionário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

77
Geografia – Unidade 3

Atividade 11  O setor de serviços do Brasil


Em que ramo de atividade você atua? Descreva esse ramo e rela-
cione-o com o que você viu nesta aula. Dê exemplos de outros tipos
de trabalho do setor de serviços.

Você estudou
Nesta Unidade, você viu as características das populações
urbana e rural do Brasil e os tipos de trabalho desempenhados
por eles. Conheceu a infraestrutura necessária para o desenvol-
vimento das economias das zonas urbana e rural, e como elas
são necessárias tanto para as indústrias quanto para as pessoas.

Você também estudou as profundas transformações no


espaço proporcionadas pelas indústrias e agroindústrias e a
situação dos trabalhadores das zonas rural e urbana. Além
disso, pôde compreender os grandes sistemas de engenharia
e de serviços como estruturas para o funcionamento da dinâ-
mica econômica do Brasil, fundamental para você conhecer
melhor a economia do País.

Pense sobre

Reflita sobre a situação do transporte na sua cidade. Qual tipo


de transporte seria mais eficiente para os usuários e para a cidade?
Reflita sobre as vantagens e desvantagens desse tipo de transporte.

78
4 As grandes regiões
socioeconômicas
brasileiras
Nesta Unidade, você vai estudar as diferentes
regiões brasileiras, suas características agrárias

© Ale Ruaro/Pulsar Imagens


e urbanas. Também verá como são os trabalhos
desempenhados pelas suas populações, como são
as divisões das regiões pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e também os cha-
mados grandes complexos regionais.

Para iniciar...
• Converse com os colegas e o professor.

– O que você conhece sobre as outras regiões


do Brasil e suas características?

– Como você acha que vivem as pessoas


que moram nestas outras regiões?

• Observe as imagens desta página. O que é


possível dizer sobre o modo de vida dos brasi-
leiros retratados nessas fotografias?

© Lula Sampaio/Opção Brasil Imagens


© Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens

79
Geografia – Unidade 4

O desenvolvimento desigual do território brasileiro


Para você entender as dinâmicas espaciais do nosso país, é pre-
ciso que você conheça a dimensão do Brasil: segundo o IBGE, seu
território possui 8 514 876,599 km2 e se estende por grande parte da
América do Sul.

Com essa extensão, você pode então compreender, lembrando


o que você já estudou anteriormente, que o território brasileiro
abrange variados tipos de vegetação, climas, formas de relevo, cultu-
ras e populações. Essas variações são ainda mais acentuadas quando
se analisam as diferenças operadas pela força do trabalho de homens
e mulheres nesses diferentes tipos de meios naturais.

As diversidades sociais e culturais de um país sempre resultam


de sua história. Há também diferenças que podem ter como fonte a
diversidade ambiental, mas é com base no modo como se desenvol-
vem os sistemas econômicos e políticos que se forma a diversidade
social de um país.

No caso do Brasil, isto é especialmente percebido: aqui, onde viviam


originalmente as várias nações indígenas, chegaram vários povos de
diferentes continentes. Primeiro, o colonizador europeu, que dizimou a
maior parte dos povos indígenas; em seguida, os africanos, trazidos para
servir como escravos; e, mais tarde, os imigrantes originários de vários
lugares da Europa, mas também da Ásia e do Oriente Médio.

Brasil: político
A divisão oficial do IBGE
© IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) dividiu o Brasil em cinco
regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste e Sul. Essa divisão foi feita na
década de 1970, com algumas modifica-
ções que datam da década de 1990.

Os critérios para a regionalização são


baseados nas características humanas,
como as etnias e a demografia, bem como
nas físicas e econômicas. Vale lembrar que
essas particularidades não são homogêneas.

Fonte: IBGE. Disponível em: <http://


www.ibge.gov.br/7a12/mapas/>.
Acesso em: 4 jun. 2012 (adaptado).

80
Geografia – Unidade 4

• A região Norte é formada pelos Estados do Amazonas, Pará, Acre,


Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Com 3 869 637 km², esta
é a maior das regiõe­s brasileiras, representando 45,7% do território,
mas somente cerca de 13 milhões de pessoas vivem aí. A densidade
demográfica é de 3 habitantes por km².

• A região Nordeste tem 1 561 177 km² e abrange os Estados do Ma-


ranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Com uma população de mais de 47 mi-
lhões de pessoas, ela corresponde a 28% da população do Brasil.

• A região Centro-Oeste compreende os Estados do Mato Grosso,


Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, e possui
uma área de 1 612 077 km². Com uma população de mais de 11
milhões de pessoas, corresponde a 6,8% do total de habitantes do
nosso país.

• A região Sudeste é formada pelos Estados de São Paulo, Rio de


Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Com 927 286 km², é a re-
gião mais populosa do Brasil, com mais de 72 milhões de pessoas
que totalizam 42,6% da população brasileira. É também a região
mais urbanizada e industrializada do Brasil.

• A região Sul é constituída pelos Estados do Paraná, Rio Grande


do Sul e Santa Catarina. Com 576 409 km², possui uma popula-
ção de mais de 25 milhões de habitantes, equivalendo a 15% do
total nacional. O clima mais frio e a migração europeia em grande Fica a dica
número são características marcantes dessa região. Muitos dos dados
com os quais os
Essa divisão regional proposta pelo IBGE é comumente empre- geógrafos e outros
gada para fins econômicos, distribuição de financiamento por parte profissionais trabalham
são produzidos pelo
do governo federal, estatísticas regionais etc. Considerando que o Instituto Brasileiro de
Brasil é o quinto maior país do mundo em dimensão territorial, o Geografia e Estatística.
Esses dados são
agrupamento dos Estados brasileiros é importante para contemplar as apresentados em
características particulares de cada uma dessas regiões. censos e estatísticas
produzidas pelo órgão
federal, que é uma fonte
Atividade 1 Relacionando as regiões do Brasil oficial de informações
sobre o País, realizando
pesquisas nas áreas de
1. Relacione, brevemente, as características da região em que você demografia, economia e
mora com as da região Norte. emprego, entre outras.
Para consultar os dados
do IBGE, visite o site
<http://www.ibge.gov.
br>. (Acesso em:
24 maio 2012.)

81
Geografia – Unidade 4

2. Das regiões brasileiras, qual é a mais populosa e a menos populosa?


Você sabia que
povoado e populoso Por quê?
não significam a mesma
coisa?
O termo “povoado” é
utilizado para expressar
a relação direta entre
população (número de
habitantes) e espaço
por ela ocupado, como
no caso do cálculo da 3. Por que a população brasileira ainda hoje se concentra mais próxi-
densidade demográfica. ma ao litoral?
A região Sudeste, por
exemplo, é mais povoada
do que as demais. Já o
termo “populoso” refere-
-se apenas ao número
de habitantes de uma
localidade, ou seja, a
população absoluta.
Assim, São Paulo é
mais populosa do que
Manaus.
Outras formas de regionalização do Brasil
Além da divisão regional oficial proposta pelo IBGE, existem outras
possibilidades de se regionalizar o território brasileiro, de modo a consi-
derar a ocupação histórica, as características culturais e as formas econô-
micas desenvolvidas em cada parte do Brasil, entre outras variáveis. Uma
dessas possibilidades é a divisão por macrorregiões, também chamadas
complexos regionais: Nordeste, Centro-Sul e Amazônia. Essa proposta
considera, além de aspectos naturais, traços históricos e geoeconômicos,
não se atendo aos limites das atuais fronteiras de cada Estado.

Brasil: macrorregiões geoeconômicas © IBGE

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar.


5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 152
(sem indicação da escala cartográfica e
sem orientação do norte geográfico).

82
Geografia – Unidade 4

O complexo Nordeste, marcas da primeira região colonizada


O complexo Nordeste conta com a seguinte composição: todo o
Estado do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco,
de Alagoas e de Sergipe; grande parte da Bahia e do Piauí; porções de
Minas Gerais e do Maranhão; e um território minúsculo do Espírito
Santo. Durante 300 anos, o Nordeste foi a principal região econômica
do Brasil colonial, fomentando o crescimento e o desenvolvimento das
primeiras e importantes cidades brasileiras, a exemplo de Salvador (BA),
Recife (PE) e São Luís (MA).

Em relação à economia da região Nordeste nesse período, des-


taca-se a importância do cultivo das lavouras monocultoras de cana-
-de-açúcar, cujo trabalho era realizado pelos negros escravizados, e
a exportação do açúcar para a Europa. Esse regime econômico, que
você estudou na Unidade 2, é chamado plantation, típico de econo-
mias coloniais.

Outro importante produto de exportação, já no século XIX, foi


o algodão, que proporcionou também grande impulso econômico ao
Nordeste, gerando expansão urbana e industrial, especialmente no caso
de Recife. No entanto, a economia algodoeira não foi tão duradoura
quanto a economia açucareira.

O sistema colonial, objetivando exclusivamente o enriquecimento


de Portugal, acabou por deixar suas marcas no Nordeste: destruição
da vegetação original, forte presença de escravos e o poder do coro-
nelismo. Eram chamados “coronéis” aqueles que possuíam grandes
extensões de terra, anteriormente conhecidos como os “senhores de
engenho”. Não eram necessariamente do exército. Às vezes, eles com-
pravam as suas patentes, outras a utilizavam para mostrar o seu poder.
Tinham grande poder de mando, chegando a contratar pessoas (os
jagunços) para executar quem se opusesse à sua forma de manter rela-
ções de trabalho, pela escravidão ou pela superexploração.

Com violência, conquistaram amplas terras e expulsaram de suas


propriedades as famílias que não queriam viver sob seu comando.
Só recentemente tal situação vem sendo alterada, devido: a políticas
sociais e transferência de renda; ao estabelecimento de indústrias e ao
crescimento dos portos e do turismo, que dinamizam a economia do
Nordeste; e à valorização dos direitos políticos que a população vem
exercendo.

Assim, a região conhecida hoje como complexo do Nordeste, a


primeira a ser ocupada e a primeira a desenvolver-se economicamente

83
Geografia – Unidade 4

no País, é também a região onde se encontra uma das maiores diversida-


des de atividades econômicas geradas ao longo dos séculos. As cidades
mais antigas, como Salvador, Recife, Olinda e Fortaleza, foram palco
desse desenvolvimento econômico desde a época colonial. Durante um
longo período, três séculos pelo menos (XVII a XIX), foi a região com
maior presença de populações e com grandes cidades: Salvador, por
exemplo, foi a maior cidade de todo o continente americano.

No século XX, a população do Nordeste migrou em grande quan-


tidade para a região Sudeste, e em menor proporção para o Norte.
Hoje, a situação é diferente, pois muitos nordestinos voltam à sua
região de origem em razão das melhorias econômicas e do cresci-
mento de oportunidades de emprego que a região vem oferecendo.

Atividade 2 Conhecendo o complexo regional do


Nordeste
Pesquise sobre as principais características atuais da região Nor-
deste e cite as diferenças que há entre essa região e a que você mora.
Apresente suas descobertas para a turma.

O complexo Centro-Sul, o mais industrializado e urbanizado


O Centro-Sul abrange: os Estados da Região Sul; todo o territó-
rio dos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Rio de
Janeiro; grande parte de Minas Gerais e do Espírito Santo; e porções da
Bahia, do Tocantins, do Piauí e do Maranhão. É importante lembrar
que, nesse complexo, encontram-se a capital federal, Brasília, e metró-
poles como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e
Curitiba (PR). É a porção mais industrializada do território brasileiro,
com importantes indústrias sediadas nos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio
Grande do Sul.
© Hércules Testa/OXPHOTO/Latinstock Brasil RF/Latinstock

Essa região concentra, também, a


agricultura mais moderna do Brasil, além
de sediar modernos serviços de saúde,
educação, publicidade e propaganda. As
metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro
concentram o sistema financeiro e as
sedes de grandes empresas nacionais e
estrangeiras, o que lhes confere poder de
influência econômica, política e cultural
A cidade de São Paulo, SP. sobre o território nacional.

84
Geografia – Unidade 4

O processo de modernização que ocorreu desde o final do século


XIX foi mais intenso nas regiões Sudeste e Sul do País, impulsionando
mais cedo a urbanização dessa parte do território. Nessa área, fixa-
ram-se os maiores contingentes de imigrantes que vieram para o Bra-
sil após a abolição dos escravos, em 1888: italianos, espanhóis, por-
tugueses, japoneses, eslavos, alemães e sírio-libaneses, entre outros.

A principal economia que impulsionou esse desenvolvimento foi


a do café, plantado no Estado de São Paulo e amplamente produzido
para a exportação. Assim, com a dinâmica da produção e do trabalho
utilizado para o café, começaram a crescer as cidades. Houve a neces-
sidade de comércio e de fábricas e a instalação de toda a infraestru-
tura que fez dessa região a mais industrializada e urbanizada do País.
Conforme você viu na Unidade 2, nessa época, a população de São
Paulo duplicava a cada dez anos, e várias cidades foram sendo criadas
no interior à medida que a cafeicultura se expandia.

A exploração mineral no século XVIII, com a entrada dos ban-


deirantes nas terras dos indígenas, foi responsável pela fundação de
algumas grandes cidades na região central do Brasil, como Cuiabá.
No século XX, foram implementadas políticas de povoamento,
inclusive de incentivo a fazendeiros e pecuaristas do Sudeste. Toda-
via, foi com a construção de Brasília, iniciada na década de 1950, e
com o plantio da soja, após a década de 1970, que ocorreu um pro-
cesso mais intenso de urbanização. Segundo o Censo 2010, Brasília
era uma cidade com 2 562 963 habitantes, cuja economia pujante
baseava-se nos serviços.

Foi na região do complexo Centro-Sul que se concentrou a


melhor infraestrutura do País, em cidades com alto padrão de
urbanização, com indústrias de todos os tipos, dos serviços gerais e
de alto padrão tecnológico. Como consequência, os níveis de renda
e de escolaridade da população aumentaram, assim como os inves-
timentos (privados e governamentais). É a região que desde o iní-
cio da industrialização brasileira, já no final do século XIX, mais
vem se desenvolvendo e fortalecendo a sua capacidade produtiva.

Atividade 3 Conhecendo o complexo Centro-Sul


Em grupos, pesquisem as características da região Centro-Sul,
considerando o seguinte roteiro:

• Quais foram as razões que fizeram a região ter esse tipo de desen-
volvimento?

85
Geografia – Unidade 4

• Quais são as características da cultura dos habitantes nessa região?

• Por que essa cultura predominou na região?

Apresentem suas descobertas para os demais grupos.

O complexo Amazônico, o menos povoado


Essa macrorregião é composta por: todo o território dos Estados do
Amazonas, do Pará, de Roraima, de Rondônia, do Acre e do Amapá;
quase todo o Tocantins; e parte do Mato Grosso e do Maranhão. É a
menos povoada do Brasil. Em muitas áreas, a densidade demográfica
é de menos de um habitante por quilômetro quadrado.
Porém, é fundamental ressaltar que as cidades e a população
dessa região vêm crescendo. Novos processos de ocupação territorial
(resultantes de migrações internas, especialmente oriundas do Sul e do
Nordeste do País), grandes investimentos em infraestrutura energética
e de transporte, além do crescimento vegetativo (a diferença entre a
taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) têm produzido cresci-
mento da população, sobretudo urbana.
Inicialmente, durante o período de colonização, a Amazônia foi
apenas procurada por exploradores europeus, que buscavam as cha-
madas “drogas do sertão”, e por missões científicas. A própria natu-
reza da Floresta Amazônica e seu clima equatorial, além da maior
distância em relação à metrópole, dificultavam a fixação em grande
número do português colonizador.
Como exemplo de atividade econômica e de trabalhos desen-
Você sabia que as volvidos nessa região, pode ser citada a produção do látex, um tipo
chamadas “drogas do
sertão” eram alguns de borracha natural: os trabalhadores retiravam a seiva das serin-
produtos retirados do gueiras, das quais obtinham esse produto. Tal atividade trouxe o
sertão brasileiro?
cresciment­o das cidades dessa área, já que muitos trabalhadores se
Na época da colonização
do Brasil, produtos mudaram em busca de oportunidades.
como cacau, canela,
castanha-do-pará, cravo, Já na década de 1960, também foi desenvolvida, próxima a
guaraná e urucum Manaus (AM), a Zona Franca de Manaus, com o objetivo de levar
eram muito valorizados
pelos europeus, que até
maior dinamismo econômico a essa região. Entretanto, até hoje a Ama-
então os desconheciam. zônia é a região com menor densidade populacional e com a maior
O interesse por essas presença de povos indígenas.
chamadas “novas
especiarias” levou a uma
exploração da região
Como você pôde ver, a região do complexo Amazônico caracte-
do sertão brasileiro e da riza-se por uma baixa densidade demográfica, pois por muito tempo
prática de contrabando não foi explorada por uma economia moderna e capitalista. Contudo,
desses produtos para o
exterior. hoje ela está sendo ocupada e explorada e vem sendo alvo de gran-
des projetos hidrelétricos, exploração mineral e mesmo crescimento

86
Geografia – Unidade 4

industrial. Tudo isso vem promovendo o crescimento populacional e


a expansão da urbanização.

Atividade 4 Conhecendo o complexo Amazônico


1. Em duplas, observem as duas imagens a seguir e respondam às
questões.
Foto 1 Foto 2

© Fernanda Preto/Folhapress
© Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens

a) Quais as principais diferenças que podem ser observadas entre


as imagens?

b) As mudanças na floresta são necessárias? Por quê?

c) É possível aliar o desenvolvimento social, político e econômico


com a preservação do meio ambiente? De que forma?

2. Quais são as atuais atividades econômicas desenvolvidas no


complexo Amazônico?

87
Geografia – Unidade 4

Estudando as diferenças entre as regiões, sejam elas físicas


(como os diversos climas e vegetações), sejam históricas e sociais
(as ocupações, os trabalhos desenvolvidos etc.), é possível ob-
servar que as realidades das regiões brasileiras no presente estão
relacionadas com a convivência de fatores geográficos, históri-
cos e políticos.
Assim, tome-se como exemplo a região Sul do Brasil. Ela
exibe o mais alto índice de desenvolvimento humano do País
(IDH), índice que se baseia em informações sobre a saúde, a es-
colaridade e a expectativa de vida ao nascer da população. Isso
não quer dizer que a região Sul não tenha problemas, mas que,
na média, seus problemas sociais são em menor quantidade do
que nas outras regiões.
A que se devem esses indicadores? Talvez valha a pena lem-
brar que o Sul do Brasil desenvolveu uma modalidade de colo-
nização diferenciada das demais regiões, em um processo com
muitos conflitos, mas que, ao final, fez com que predominasse a
instalação da pequena propriedade agrícola.
Nesse tipo de propriedade agrícola, o fundamental é a pro-
dução de mais de um tipo de alimento (como grãos), além de
esta­r sempre presente o trabalho da família. O vínculo com a
terra, a estabilidade de poder produzir algo que é para o consu-
mo interno, o apoio para a produção e distribuição são fatore­s
que podem ter contribuído para que a relação campo-cidade
fosse um pouco mais equilibrada do que no resto do País.

As ligações entre os complexos regionais


Os três complexos regionais – Nordeste, Centro-Sul e Amazônia –
dependem uns dos outros. Eles participam de uma economia única e de
uma única vida cultural e política, mesmo com todas as diversidades
sociais (entre pessoas e culturas) e espaciais (diferentes espaços e regiões).

Por exemplo, a decadência econômica do Nordeste, provocada pela


concentração de terras e pela monocultura na região sem uma base
industrial para absorver a população trabalhadora, e o desenvolvi-
mento do Centro-Sul, principalmente a partir do fim do século XIX,
modificaram os fluxos de pessoas e de mercadorias entre as regiões. O
Centro-Sul cresceu e desenvolveu-se com o café e a industrialização,

88
Geografia – Unidade 4

fazendo com que o centro econômico do País fosse deslocado do


Nordeste para o Centro-Sul.

A concentração de renda e terras nas mãos principalmente dos coro-


néis fez com que muitos nordestinos migrassem para a região Centro-
-Sul, em especial, para São Paulo. Foram eles que deram o seu trabalho Trabalho
para fazer a cidade crescer, construíram e trabalharam nas fábricas e na 7o ano – Unidade 1
construção civil, nos serviços domésticos e nas atividades de comércio e
serviços, contribuindo para o desenvolvimento dessa região.

A Amazônia, desde a década de 1970, vem sendo intensamente


ocupada com o desmatamento da floresta para a venda de madeira,
com a chegada da agroindústria da soja e com a abertura de pastos
para a criação de gado. Também é explorada para a mineração e para
a construção de povoados ou cidades, aspectos esses que têm atraído
migrantes das diversas regiões do País.

Mesmo com a influência econômica de outros países, as ativida-


des de cada região exercem papel importante na economia interna do
País. O Nordeste, por exemplo, abastece o Centro-Sul com produ-
tos agrícolas e matérias-primas, entre outros, enquanto o Centro-Sul
abastece o Nordeste principalmente com produtos industrializados,
entre outras mercadorias.

Há, então, uma divisão do trabalho entre as regiões que compõem


o espaço nacional. É possível observar que, quando uma região entra
em decadência e outra se expande, migrantes se deslocam de uma
região para a outra.

Atividade 5 As regiões do Brasil e seu cotidiano


1. Em seu caderno, responda individualmente às questões a seguir.

a) Sua família é originária de qual região?


b) Quais são as características da região da qual sua família é pro-
veniente? Como são a cultura culinária, as festas, as danças etc.?

2. Relate suas respostas ao seu colega e ouça as dele: Quais são as


diferenças e as semelhanças entre as respostas de ambos?

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Geografia – Unidade 4

Você estudou

Nesta Unidade, você viu como o território brasileiro mostra


desigualdades em relação às suas regiões, dadas pela história e
pelas relações socioespaciais, econômicas e políticas.

Viu também a concentração populacional em determinadas


regiões do País e as divisões em regiões pelo IBGE e por meio
dos complexos regionais. Esses complexos (Nordeste, Amazônia
e Centro-Sul) apresentam ligações entre si de ordem econômi-
ca, política, cultural e social, mas não são homogêneos. Eles
apresenta­m características próprias, com divisão do trabalho
entre as regiões que compõem o espaço nacional.

Pense sobre

Você aprendeu nesta Unidade as diferenças entre as regiões e viu


que cada uma tem suas características e que elas são interdependen-
tes. Reflita sobre as desigualdades de classe (poder econômico, esco-
laridade, condições de vida) e quais seriam as principais causas do
deslocamento de pessoas que decidem viver em outras regiões.

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