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Resumo: Realidades Construídas analisa a questão da imagem fotográfica como documento do real e como representação
construída pelo fotógrafo e pelo processo de edição do fotojornalismo. Ao estudar os usos e funções da fotografia jornalística,
compreende-se sua construção midiática. O modelo analógico de expressão de verdade e realidade, intrínseco à fotografia de
imprensa, foi discutido e desmontado, dessa forma, tenta-se evidenciar a complexidade da fotografia ao ser considerada como
espelho do mundo e, ao mesmo tempo, uma interpretação-transformação do real.
Palavras chaves: Fotografia, Jornalismo, Realidade, Verdade e Representação
Abstract: Built Realities analyses the question of the photographic image as documentation and as representation built by the
photographer through the photojournalism editing process. While studying the uses and functions of photojournalism, its
mediatic construction becomes understandable. The analogical model to express the truth and reality, intrinsic to photos used
by the press, is discussed and deconstructed. This way, an attempt is made to show the complexity of photography, as
mirroring the world and, at the same time, being an interpretation-transformation of the real.
Keywords: Photography, Journalism, Reality, Truth and Representation
O objeto de estudo deste trabalho é a fotografia apresentada pela imprensa como espelho do mundo
e que, por isso, propõe uma leitura neutra da realidade. Ao explorar a automatização do aparelho
Porém, ao examinar as imagens como produtos da tecnologia e de quem as manipula, percebe-se sua
construção. Por essa razão, é essencial investigar a fotografia não só como ícone, mas como símbolo e
1
Mestre em Ciências da Comunicação, ECA/USP, docente do Curso de Propaganda e Publicidade da
UNIBERO E FITO. Fotógrafa e artista plástica. Principais exposições: 1 Salão Aberto/ XXVI Bienal de São
Paulo, 23° Salão de Arte Contemporânea de Santo André, IX Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Corpo
Estranho- MIS/ Museu da Imagem e do Som, IX Salão Paulista de Arte Contemporânea, Estação Júlio
Prestes\São Paulo-SP.
Na história da fotografia, já em 1845, primórdios de sua descoberta, Talbot lança o primeiro livro
ilustrado chamado The Pencil of Nature, induzindo ser a fotografia espelho da natureza, sinônimo de
realidade e verdade. Mas por outro lado, segundo Annateresa Fabris (1998: 251), fotógrafos como
Hyppolyte Bayard, Oscar Rejlander e Henry Robinson, já em 1857, realizavam uma fotografia que
denunciava essa ilusão de captação da realidade. Para Rejlander, o truque era realmente importante para a
produção de uma foto natural, pois a especificidade do meio fotográfico era uma estranha mistura de
verdade e ficção. Já Bayard apresentava um auto-retrato sobre seu suposto suicídio, montando a imagem
qual podiam ser vistos, ao mesmo tempo, um céu e uma paisagem para corrigir a imperfeita focalização
Da mesma forma, ao investigar a utilização da câmara fotográfica, percebe-se que antes de ser
uma imagem que reproduz a aparência de algo, a fotografia é fundamentada no princípio da perspectiva
da câmara escura. Conforme Jacques Aumont (1995: 216), seu código baseia-se em um sistema de
representação do espaço, conhecido como perspectiva artificialis, inventado no século XV. Ao refletir
sobre esses aspectos, compreende-se que a fotografia mesmo sendo vista como espelho do real é
construída pelas intervenções do aparelho e de quem o manuseia. O fotógrafo, através de suas escolhas,
ao registrar o assunto, selecionará seu ponto de vista, intervindo no resultado final da imagem.
Em uma sociedade que, cada vez mais, a imagem está presente através de diferentes meios, é
semelhança que a fotografia apresenta com o real. Mas não se pode esquecer que essa imagem é
construída durante todo o seu processo. Ao representar um olhar tecnológico sobre um fragmento do real,
após sua obtenção na forma como for editada e exposta. Para compreender o discurso da fotografia nos
dias atuais, é essencial que se investigue sua natureza: a fotografia não pode ser apenas vista como
imagem fotoquímica com seu referente. Essas discussões nasceram com a descoberta da fotografia e
Philippe Dubois apresenta uma retrospectiva histórica sobre a questão do realismo na fotografia no
livro O Ato Fotográfico (1990: 26) e acentua a forma indiciativa da fotografia. Para Dubois, a fotografia,
entre as diversas posições defendidas no decorrer da história, apresenta três fases: a fotografia como
espelho do real, a fotografia como transformação do real e a fotografia como traço de um real.
principalmente, pela semelhança que existe entre a foto e seu referente. Essa capacidade procede de sua
natureza técnica, sem que intervenha no processo a mão do artista. Uma imagem automática e mecânica,
uma imagem do mundo exterior se forma, automaticamente, sem a intervenção criadora do homem, segundo um rigoroso
determinismo.(1991, p.43)
Bazin explicita A gênese automática da fotografia e sustenta que a técnica fotográfica anula o lado
Fotojornalismo
Inicialmente poderíamos dizer que o jornal é uma empresa prestadora de serviços, ou, mais
especificamente, uma indústria produtora de informação. Mas é prioritário compreender que o jornalismo
tem o poder de construir opiniões a respeito dos fatos. Dirige a atenção do leitor/espectador, envolvendo-
o em uma narrativa alimentada por escolhas administradas dentro da própria instituição. A partir das
construções narrativas, por meio de histórias, palavras e imagens que falam dos acontecimentos do dia,
proporciona-se a criação de um imaginário comum. Esse universo veiculado pelos jornais impressos,
Através da construção desse lugar configurado pela mídia, criam-se signos universais que
imprensa, através de sua suposta objetividade, desempenha um papel fundamental na construção e difusão
Por essa razão, devemos compreender a linguagem fotojornalística, primeira fonte a ser consultada
para a elaboração deste trabalho. Analisando suas características, constatamos que ela mostra-se
responsável pelos registros dos acontecimentos, oferecendo-os como recortes do mundo. Fotos de jornais
devem informar com clareza, sendo a objetividade a essência declarada de seu discurso.
Devido ao desenvolvimento do gênero reportagem, cresce a utilização da fotografia pelo
jornalismo. Por outro lado, os fotógrafos começaram a explorar mais a nova configuração do
equipamento dos anos 30, concretamente as possibilidades das câmaras rápidas de pequeno formato e da
película de rolo.
Assim, a fotografia cria uma nova visão de mundo, constrói um imaginário a partir da memorização
dessas imagens bidimensionais. Com a consolidação do fotojornalismo, que nasce dentro do marco das
indústrias editoriais e de comunicação, essa nova imagem é produzida. Utilitarista por responder a
fotógrafo possui “a consciência do caçador” na mirada inquieta de “um gato de um olho só”. Para o
acontecimentos. Era prioridade investir na aplicação dos meios fotográficos como a velocidade do
Primeiramente analisaremos os mecanismos do obturador. Esse dispositivo tem a sua própria forma
de tornar visível o referente, bastante diferente da maneira como o olho humano vê. Ele é uma fenda que
se move em alta/baixa velocidade, expondo em diversos momentos a superfície do filme. Em uma longa
dessas novas possibilidades da técnica alcança-se uma nova maneira de enxergar o mundo, toda uma
dimensão “invisível” da experiência óptica aflora. Quanto à questão da utilização do visor da câmara
espaço/tempo. Limitada pelo enquadramento, a foto isola um pequeno espaço organizando o visível:
separa o que interessa do que é naquele instante supérfluo. Na determinação do ângulo de tomada, ou
seja, na posição que o olho/sujeito ocupa em relação ao objeto fotografado já se estabelece uma
ganhando destaque; outras estarão no fundo do quadro vistas em um tamanho reduzido e perdendo
importância. Como último recurso técnico explorado neste parágrafo, tem-se o diafragma. Na imagem
fotográfica tradicional busca-se simular uma continuidade no espaço, desde o primeiro plano até o ponto
de fuga. Porém, nem sempre a técnica permite alcançar esses objetivos. Um dos principais responsáveis
por essa quebra do espaço é o foco. Para estabelecer a profundidade de campo em foco da cena, ou seja, a
profundidade de campo na procura de uma imagem mais realista, opta-se por uma menor abertura do
diafragma. Na utilização de uma abertura maior, o foco vai abrangendo um campo cada vez menor, isto é,
uma menor profundidade de campo. Pode-se perceber que, devido tanto à posição da câmara na escolha
Para atender às necessidades do fotojornalismo (que queria captar o mais real possível), uma série
de recursos técnicos foram desenvolvidos: câmaras de pequeno formato, filmes em rolo, aumento da
velocidade do obturador, lentes mais luminosas, etc., o que acabou gerando uma nova forma fotográfica.
Essa nova forma libertou a fotografia das matrizes da pintura, que seria um direcionamento para a
A técnica evoluiu tanto que ultrapassou as capacidades do homem. O olho humano não consegue
imobilizar o instante como a máquina consegue. A tecnologia se sobrepôs à verdade da vida humana. Em
vez de buscar o real, ela buscou mais que o real. De tão real, ficou mais irreal.
O jornalismo, muitas vezes, vende a foto como espelho da realidade. Manuais de empresas
jornalísticas defendem que uma foto não pode ser montada. Recentemente, a Folha de São Paulo, foi
criticada por causa de uma foto publicada na capa da edição SP, 19 de junho de 2001, em que mostra um
homem supostamente se protegendo do frio sob um relógio de rua da avenida Paulista. Para o
ombudsman Bernardo Ajzenberg essa foto é uma fraude. A foto não foi "espontânea", não houve
flagrante, mas interferência "artificial" do fotógrafo. O fotógrafo criou um fato chamando um conhecido e
pedindo para o mesmo ficar ali sob o relógio. Para Ajzenberg/ Folha de S. Paulo, esse procedimento é
condenável. Ele justifica que essa construção pode ter a ver com as artes plásticas, mas não com o
jornalismo. Dessa maneira a credibilidade do jornal se abala. Porém chega a ser ingênua essa colocação,
pois, se na obtenção de uma fotografia, há várias construções, por que seria essa a mais
criticável?
Seria necessário perguntar por que uma fotografia é considerada jornalística. Como meio
como um aparelho que retém a imagem em um determinado instante: o momento em que registra o
referente junto com o tempo em que o fotógrafo apertou o disparador. Obtém-se assim uma prova da
realidade que, após os procedimentos químicos, transformam essa imagem latente em imagem real. As
narrativo que apela para as imagens guardadas em nossa memória. Na relação fotografia/tempo, constrói-
se uma ligação com o real. Ao imobilizar o tempo, o jornalismo utiliza-se das fotografias para concretizar
uma verdade. É uma forma de a foto atestar o texto, ou seja, o que está escrito é comprovado pela
imagem. Mas sem uma análise de todo o processo que envolveu o ato fotográfico, a única verdade que
temos é o momento em que a foto foi tirada, isto é, quando aconteceu determinada cena. O fotojornalismo
utiliza-se desses indícios que o processo fotográfico oferece, esquecendo-se que, entre o ato fotográfico e
a utilização dessas imagens, outro tempo transcorreu. As imagens podem adquirir diferentes funções
conforme o tempo, o espaço, a maneira e o motivo pelo qual serão usadas. Dessa forma, desmontamos a
de verdade.
Posteriormente, no século XX, desenvolve-se a idéia de transformação do real pela foto. Vive-se
um movimento crítico do “efeito do real” que podemos acompanhar pela leitura de textos da teoria da
transparência, firma-se que a foto é eminentemente codificada em seus aspectos culturais, técnicos,
sociológicos e estéticos. Como foi discutido anteriormente, entre as diferenças que a imagem apresenta
em relação ao real quando isolamos um ponto preciso no espaço-tempo estão: ângulo de visão escolhido,
técnica fotográfica e de seus efeitos perceptivos. As análises de caráter mais sociológico de Pierre
Comentário: A oração não
Bordieu (1965) discutem a neutralidade da câmara e insistem na concepção do espaço convencionalpossui
da o primeiro verbo!
câmara escura guiada pelos princípios da perspectiva renascentista. Por essa razão, seria esclarecedor
Câmara Escura
O desejo de capturar a imagem especular é tão antigo quanto a humanidade. A câmara obscura foi
o primeiro passo para a invenção da fotografia: era um sistema óptico que proporcionava a cópia da
natureza. Segundo pesquisas do artista David Hockney (2001: 131), muitos pintores renascentistas
aperfeiçoaram a utilização de lentes na obtenção da imagem e utilizavam com freqüência esses aparelhos,
pois conseguiam capturar a projeção da realidade externa, enquanto que ao artista cabia somente sua
cópia com o pincel. É fácil deduzir que a fotografia nasceu, pelo menos em sua parte física, a partir da
descoberta da câmara obscura, gerando, portanto, em um código de representação criado por Leo Batista
significou o descobrimento de um sistema de representação objetivo, fiel ao espaço real visto pelo homem
(até o nome das lentes que constituem o olho fotográfico chamar-se-ão objetivas). Mas o que se
conquistava naquele momento era um espaço fictício condicionado historicamente, fruto das atitudes
científicas e reformas sociais e políticas que vinham ocorrendo no século XV. Pela câmara obscura, a
visão se dá através de um único olho correspondente a um único ponto de fuga, diferentemente de nossa
percepção tridimensional de nossos dois olhos que vêem partes diferentes dos objetos permitindo-nos
A perspectiva carrega, ainda hoje, o pressuposto de configurar o espaço tal qual os olhos o
encontramos: “Técnica de desenho que permite retratar os objetos da forma como são vistos pelo olho
humano na realidade ou em uma fotografia”. Mas, na verdade, o que se esquece de ensinar é que a
perspectiva traduz-se por ser um sistema ficcional de construção da realidade condicionado por
A fotografia surge para assegurar a continuidade de uma visão sustentada por um sistema de
representação perspectivo, uma vez que serve como base para a estruturação da câmara fotográfica. Ao
olharmos um quadro construído em perspectiva, o espectador parece ver o reflexo da própria realidade,
mas na verdade esse quadro já foi visto por um olhar que dá direção. A subjetividade de uma visão
particular aparece como objetiva, porém não podemos esquecer que antes de passar por nossos olhos a
Após apresentar a foto como espelho do mundo e a foto como transformação do real, vamos
expor a fotografia como traço de um real, última concepção de Dubois em relação ao realismo na
fotografia.
Dubois (1994) faz uma relação com a semiótica de Charles Sanders Peirce ao definir três
três categorias que Peirce chama de ícone (representação por semelhança), símbolo (representação por
convenção geral) e índice (representação por contigüidade física do signo com seu referente). Como
mostra Dubois, a imagem indiciária é dotada de um valor todo singular ou particular, pois é determinada
Comentário: Não encontrei no
unicamente por seu referente e só por este: traço de um real. E segundo ele, para que a pregnância dodicionário.
real
na fotografia fosse trabalhada de uma forma positiva, seria necessário passar por uma fase negativa de
desconstrução do efeito do real e da mimese. Ao voltar à questão do realismo referencial sem a obsessão
do mimetismo, a fotografia anuncia reflexões sobre esse objeto captado que irresistivelmente retorna. Por
essa razão, não poderíamos deixar de citar os últimos escritos de Roland Barthes em A Câmara Clara
(1980). Esses escritos trouxeram diversas reflexões teóricas e filosóficas em relação à fotografia. Barthes
considera a imagem fotográfica como uma emanação do real que carrega consigo o referente.
“Com efeito, uma determinada foto não se distingue nunca do seu referente (daquilo que representa), perceber o significante
fotográfico não é impossível, mas requer um segundo ato de saber ou de reflexão(...). A fotografia pertence a essa classe de
objetos folheados onde não é possível separar duas folhas sem as destruir, eu não sabia ainda que dessa teimosia do referente
em estar sempre presente iria surgir a essência que eu procurava. Esta fatalidade, não há foto sem alguma coisa ou alguém”.
(1980, p. 18)
complementa:
"Chamo referente fotográfico não a coisa facultativamente real para que remete uma imagem ou um signo, mas a coisa
necessariamente real que foi colocada diante da objetiva sem a qual não haveria fotografia. Na fotografia não posso negar
nunca que a coisa esteve lá. Há uma dupla exposição conjunta de realidade e de passado. E, uma vez que esse constrangimento
só existe para ela devemos tomá-la por redução, pela própria essência, o noema da fotografia”. (Ibid., p. 109)
A fotografia não pode mentir sobre a existência do objeto, negar que ele esteve lá.
O referente fotográfico é necessariamente real: estava diante da objetiva quando a foto foi captada.
Diferente da pintura, na fotografia (analógica), não se pode simular a realidade do referente. Ao ser o
passado congelado, a realidade torna-se uma prova, uma verdade. Toca-se na essência da fotografia o isto
foi de Barthes que nos faz confundir em uma única emoção a realidade e a verdade. Porém, conforme
mostra Philippe Dubois (1990), o princípio da impressão natural só funciona em toda a sua pureza entre
esse o antes e esse depois, durante a única fração de segundo em que se opera a própria transferência
luminosa. É somente nesse momento infinitesimal que a foto é puro ato-traço, co-presença real. E é
somente durante esse relâmpago instantâneo que a foto pode ser chamada de mensagem sem código
(Barthes, 1988), por que é aí, e somente aí, entre a luz que emana do objeto e a impressão que deixa na
película, que o homem não intervém sob pena de modificar o caráter fundamental da fotografia. A partir
disso, a foto é imediatamente reinscrita nos códigos. Portanto, acreditar que a fotografia seja um atestado
de veracidade é uma crença ingênua; as imagens fotográficas comportam um sistema de signos, uma
linguagem com a qual reinterpretamos o mundo através do aparato técnico. Perceber a realidade e a
Segundo Ferreira (1975, p.1191 e 1451), real/realidade é aquilo que existe efetivamente, que existe de
fato, que diz respeito a coisas e opõe-se a tudo que é fictício e ilusório. Já a verdade aparece como o que
tem conformidade com o real, o que é exato, a verdade do ocorrido, representação fiel de alguma coisa da
natureza. Refletir sobre essas definições é atestar a impossibilidade da captação da realidade pela
fotografia.
Dessa forma, ultrapassa-se o realismo fotográfico, ou seja, a mimese não resiste em termos de uma
ontologia. Considerar não o produto icônico concluído, mas seu processo de produção, abre caminho a
uma verdadeira análise da condição da imagem fotográfica. Interessa-nos a natureza técnica do processo,
o princípio da impressão luminosa, regido pelas leis da física e da química, o que faz ser a fotografia
traço, marca, aproximando-se da questão da sombra (indício de uma presença). A conseqüência dessa
imagem indiciada encontra-se em testemunhar somente sua existência em uma fração de segundo e nunca
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