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Fidelidade Diária
Fernando Dias
Sermão pregado na capela da Casa Publicadora Brasileira em 2 de março de 2018
Hino: Hinário Adventista do Sétimo Dia no 484 “Faze como Daniel”.
Tema: Fidelidade
Texto-bíblico: Apocalipse 2:10
Objetivos: saber que a fidelidade é essencial para a vitória em Cristo; sentir o desejo de
permanecer fiel; fazer da fidelidade uma meta de vida por meio do poder de Jesus Cristo.
Proposição: “Seja fiel até a morte, e Eu lhe darei a coroa da vida.”
Esboço:
Vocativo: Relacionar Apocalipse 2:10 com os dez dias de oração.
Introdução: Contexto da mensagem à igreja de Esmirna.
Argumentação:
I. Os desafios da fidelidade
II. As provas da fidelidade
a) Fidelidade com as dádivas de Deus
1. Fidelidade nos dízimos e nas ofertas
2. Fidelidade na administração do que está sob nossa responsabilidade
b) Fidelidade conjugal
c) Fidelidade na vida de comunhão com Cristo
d) Fidelidade no uso dos dons e talentos
III. As recompensas da fidelidade
Conclusão: Uma história de fidelidade
Apelo:
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Fidelidade Diária
Fernando Dias
Sermão pregado na capela da Casa Publicadora Brasileira em 2 de março de 2018

Hino: Hinário Adventista do Sétimo Dia no 484 “Faze como Daniel”.


Que a graça de Jesus e o amor de Deus esteja com todos. Nesses dez dias, nossa
igreja tem vivido dez dias de oração. O lema desse período de tempo é “primeiro Deus
na família”. Eu espero que esses dez dias estejam sendo para você e para sua família um
incentivo para buscar mais a Deus.
Alguém pode perguntar: “por que dez dias?” Há uma razão bíblica para a igreja
haver proposto para todos nós dez dias especiais de oração e consagração a Deus. A
Bíblia menciona dez vezes diretamente e três indiretamente um período de dez dias (Gn
24:55; Nm 11:19; 1Sm 25:38; Ne 5:18; Jr 42:7; Dn 1:12, 14, 15; At 25:6; Ap 2:10; ver
também Lv 16:29; Lv 23:24-27; At 1:3, 5; 2:1). Dessas, quero destacar quatro períodos
especiais de dez dias mencionados na Bíblia. Dez dias de provas seguidos de grandes
recompensas para os fiéis.
No calendário do santuário do Antigo Testamento, dez dias se estendiam desde
a Festa das Trombetas até o Dia da Expiação (Lv 23:24-27). No primeiro dia do sétimo
mês, ou mês de etanim ou tishrei, que, em nosso calendário, equivale geralmente a
setembro ou outubro, os sacerdotes no templo israelita tocavam trombetas de prata
anunciando que todo o povo deveria se preparar para o Dia da Expiação, que seria dez
dias depois. “Os rabis chamavam o tempo entre a Festa das Trombetas e o Dia da
Expiação de ‘dez dias de arrependimento’. Esses dias davam ao antigo povo de Deus a
oportunidade de se preparar para o ‘juízo’ ou ‘julgamento’ que — segundo se acreditava
— ocorria no Dia da Expiação” (Leslie Hardinge e Frank Holbrook, Levítico e Vida, Lição
da Escola Sabatina do 1o trimestre de 1989, p. 90). Nessa ocasião, aqueles que não
haviam se arrependido eram exterminados por Deus, mas os que haviam se arrependido
tinham todos os seus pecados perdoados definitivamente. Dez dias de provas seguidos
de grandes recompensas para os fiéis. Nesse caso, a recompensa do perdão.
O segundo período de dez dias que destaco foram os dez dias em que Daniel,
Hananias, Misael e Azarias, os quatro príncipes hebreus cativos em Babilônia, foram
provados quanto à alimentação (Dn 1:12-15). A fim de convencer a Melzar, o cozinheiro-
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chefe da corte do rei de Babilônia, de que era vantagem permitir que não comessem a
comida que era servida na mesa do rei, que era inadequada conforme os mandamentos
de Deus, os quatro se submeteram a uma prova durante dez dias. Os resultados foram
surpreendentes. Eles passaram no teste e provaram para si e para os pagãos que a
fidelidade a Deus leva ao sucesso: “No fim dos dez dias, a aparência dos jovens era
melhor, e eles estavam mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas
iguarias do rei” (Dn 1:15). “O Senhor recompensou com aprovação a firmeza e renúncia
desses jovens hebreus, e Sua bênção os acompanhou” (Fundamentos da Educação
Cristã, p. 80). Dez dias de provas seguidos de grandes recompensas para os fiéis. Nesse
caso, a recompensa da saúde e da inteligência.
No livro de Atos (1:3), conta-se que Jesus Cristo, quarenta dias depois de ter
ressuscitado, quando almoçou pela última vez com os apóstolos, prometeu que eles
seriam “batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (v. 5). Naquele mesmo
dia, Jesus foi para o Céu. Os discípulos e familiares de Jesus desceram o monte das
Oliveiras, entraram em Jerusalém, foram até o cenáculo e ali “perseveravam unânimes
em oração” (v. 12-14). Eles ficaram reunidos orando até o dia do Pentecostes (2:1), que
acontecia 50 dias após o primeiro domingo depois da Páscoa, e, portanto, dez dias
depois de Jesus ter feito a promessa do batismo do Espirito Santo e haver ascendido ao
Céu. Depois de dez dias de oração, a igreja recebeu o batismo do Espírito Santo. Nós
chamamos esse evento de “chuva temporã” (Jl 2:23). Ellen White escreveu sobre esses
dez dias entre a partida de Cristo para o Céu e o recebimento do Espírito Santo.
“Durante dez dias os discípulos oraram antes de vir a bênção pentecostal. Foi
necessário todo esse tempo para levá-los à compreensão do que significava oferecer
oração eficaz, aproximando-se cada vez mais de Deus, confessando os pecados,
humilhando o coração diante de Deus e pela fé contemplando a Jesus e se
transformando à Sua imagem. Ao vir a bênção, encheu todo o lugar onde estavam
reunidos, e, dotados de poder, saíram para fazer trabalho eficaz pelo Mestre” (E
Recebereis Poder, p. 153).
Dez dias de provas seguidos de grandes recompensas para os fiéis. Nesse caso, a
recompensa do poder do Espírito Santo.
Finalmente, no Apocalipse, na mensagem de Jesus Cristo à igreja de Esmirna, há
uma mensagem que também fala de dez dias. Leiamos Apocalipse 2:10:
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“Não tenha medo das coisas que você vai sofrer. Eis que o diabo está para lançar
alguns de vocês na prisão, para que vocês sejam postos à prova, e passem por uma
tribulação de dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.”
Jesus Cristo mandou uma mensagem para a igreja de Esmirna. A cidade de
Esmirna existe até hoje, e fica na Turquia, mas na época era uma cidade grega.
Localizada ao lado leste do mar Egeu, na província da Ásia, Esmirna era uma cidade rica
e pagã, que tinha uma igreja pobre, muito perseguida, porém fiel a Deus. Essa
mensagem para a igreja de Esmirna tem três aplicações. Ela serviu (1) para a igreja da
cidade de Esmirna na época em que o Apocalipse foi escrito; (2) aplica-se também a
todas as igrejas que existiram durante o período profético da igreja de Esmirna, entre os
anos 100 e 313; e (3) também se aplica de modo mais amplo a todas as igrejas de
qualquer época e lugar, a todos os leitores da Bíblia, inclusive nós aqui hoje.
Os desafios da fidelidade
“Nada tenha medo das coisas que você vai sofrer […]” A mensagem de Jesus é
clara. O cristão não deve ficar dando espaço para o medo em sua vida. Os cristãos de
Esmirna tinham suas provações. Nós temos as nossas dificuldades e os nossos
problemas. Você não precisa ter medo se ficar doente. Não precisa ter medo se as
pessoas parecem ter abandonado você. Não precisa ter medo de que os conflitos
derrotem você. Jesus diz para você: “Conheço a tribulação pela qual você está passando”
(Ap 2:9). Sim, Jesus conhece tudo o que você passa. Ele sofreu como você. Ele sofreu por
você. Ele sofre com você.
Os irmãos da igreja histórica de Esmirna, na Ásia Menor, passaram por muitas
perseguições e dificuldades. “Eis que o diabo está para lançar alguns de vocês na prisão,
para que sejam postos à prova”. Essa profecia de Jesus se cumpriu na igreja de Esmirna.
O “pastor” da igreja de Esmirna na época que o Apocalipse foi escrito chamava-
se Policarpo. Ele foi um dos que foram presos durante uma perseguição aos cristãos.
“Os perseguidores, tendo chegado tarde da noite, descobriram que ele já fora
para a cama no alto da casa. Ao saber que os perseguidores haviam chegado, desceu e
dirigiu-lhes a palavra com semblante alegre e agradável, de modo que eles, que nunca
o haviam visto, ficaram maravilhados. Ele imediatamente ordenou que uma mesa fosse
posta, exortou-os a comer com apetite e pediu que lhe concedessem uma hora para
orar sem ser molestado.
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Depois de terminar as orações, nas quais fez menção de todas as pessoas com
quem entrara em contato na vida, chegada a hora de partir, eles o puseram sobre um
jumento e o trouxeram para a cidade. Policarpo foi escoltado pelos guardas até o
estádio. Lá, em meio a um ruído tão forte que poucos conseguiam ouvir alguma coisa,
uma voz veio do céu dizendo: — Seja forte, Policarpo, e comporta-te como um homem.
— Ninguém viu quem falou, mas muitos ouviram a voz. Quando ele foi trazido ao
tribunal, houve um grande tumulto no instante em que a multidão percebeu que
Policarpo estava preso. O procônsul perguntou-lhe se ele era Policarpo. Ao ouvir a
confirmação, ele o aconselhou a negar a Cristo, dizendo-lhe:— Jure, e eu o porei em
liberdade; renegue a Cristo.
Respondeu Policarpo: — Há oitenta e seis anos eu O sirvo, e Ele nunca me faltou.
Como então blasfemarei meu Rei, que me salvou?
E depois disse ao procônsul: “Eu sou um cristão, e, se deseja aprender a doutrina
cristã, marque um dia, e então poderá me ouvir.”
— Se não se mudar de ideia, você será queimado vivo — disse o procônsul.
Então disse Policarpo: — Faça tudo o que lhe agradar.
O procônsul mandou o arauto proclamar três vezes no meio do estádio:
“Policarpo confessou que é cristão.” Mal essas palavras foram proferidas, toda a
multidão de Esmirna, com fúria violenta se pôs a gritar: — Este é o pai dos cristãos e o
destruidor dos nossos deuses, que ensinou muitos a não oferecer sacrifícios e a não
adorar. Então puseram-se a gritar que ele deveria ser queimado vivo. O povo
imediatamente apanhou lenha. Quando quiseram amarrá-lo na fogueira, disse
Policarpo: — Deixem-me como estou. Não é preciso prender-me, pois aquele que me
dá forças para suportar o fogo também me fará permanecer na fogueira sem eu querer
fugir. Disse ele então: — Ó Pai, eu Te bendigo por me teres considerado digno de receber
o meu prêmio entre os mártires. Assim que ele proferiu a palavra “Amém”, os oficiais
acenderam o fogo.” (John Foxe, O Livro dos Mártires). Isso aconteceu num sábado, dia
23 de fevereiro do ano 155.
“…e passem por uma tribulação de dez dias”. Esse trecho tem três
interpretações. Pode se referir (1) às dez perseguições que os imperadores romanos
pagãos decretaram aos cristãos (Nero, 67; Domiciano, 81; Trajano, 108; Marco Aurélio,
162; Sétimo Severo, 193; Maximino, 235; Décio, 249; Valeriano, 257; Aureliano, 274;
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Diocleciano e Galério, 303-313). Outros (2) entendem que “a tribulação de dez dias” se
refere a dias proféticos, sendo cada dia equivalente a um ano, e se cumpriu na última
grande perseguição da igreja antiga, promovida pelos imperadores Diocleciano e Galério
durante dez anos, de 303 a 313. E também pode se referir (3) a um período de provação
em que o cristão fiel é desafiado a manter sua obediência a Deus, assim como Daniel,
Hananias, Misael e Azarias foram provados durante dez dias, mas, pela graça de Deus,
passaram no teste. Dez dias de provas seguidos de grandes recompensas para os fiéis.
Profeticamente, uma provação semelhante nos aguarda. Semelhantemente aos
cristãos esmirniotas, nós também vamos passar por uma grande tribulação. Muitos de
nós seremos perseguidos, presos e mortos. Mas a mesma mensagem que Jesus falou
para a igreja de Esmirna, ele também fala para nós “Não tenha medo das coisas que
você vai sofrer”.
“Ninguém que recebe a Palavra de Deus está isento de dificuldades; mas, quando
vem a aflição, o verdadeiro cristão não se torna inquieto, sem confiança nem
desanimado. Embora não vejamos o resultado definido das circunstâncias, ou não
percebamos o propósito das providências de Deus, não devemos rejeitar nossa
confiança. Lembrando-nos da terna misericórdia do Senhor, lancemos sobre Ele nossos
cuidados e esperemos com paciência a salvação. Pela luta a vida espiritual é fortificada.
Provações bem suportadas desenvolverão a resistência do caráter e graças espirituais
preciosas. O perfeito fruto da fé, da mansidão e do amor amadurece frequentemente
melhor debaixo de tempestades e trevas” (Parábolas de Jesus, p. 60, 61).
Dez dias de provas seguidos de grandes recompensas para os fiéis. “Seja fiel até
a morte, e Eu lhe darei a coroa da vida”.
As provas da fidelidade
Falamos sobre fidelidade, mas, em que devemos ser fiéis? Nossa fidelidade com
Deus se manifesta na maneira como tratamos aquilo que recebemos Dele. Segundo a
Bíblia, Deus nos concedeu cinco dádivas diferentes nas quais devemos ser fiéis.
A primeira dádiva que Deus nos concedeu é o mundo e tudo o que nele há (Gn
1:28; 29). Deus entregou nas nossas mãos os recursos naturais para que trabalhemos
com eles e tiremos deles o nosso sustento. Tudo é para o nosso usufruto, mas deve ser
usado conforme a vontade de Deus. Somos fiéis a Deus quando devolvemos a ele o
dízimo de tudo o que Ele nos dá, e também as ofertas. “As reivindicações de Deus têm
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a primazia. Não fazemos Sua vontade quando Lhe consagramos aquilo que resta de
nossas reais ou supostas necessidades. Antes de gastarmos uma só parcela de nossos
rendimentos, devemos separar e oferecer a Deus a parte que de nós requer” (O Lar
Adventista, p. 369). Grandes recompensas virão para quem for fiel. Deus prometeu
“bênção sem medida” (Ml 3:10) a quem é fiel nos dízimos e ofertas.
A segunda dádiva que Deus nos concedeu é uma família (Gn 2:18-24). Deus deu
a Adão uma companheira, e deu a cada um de nós uma família. Devemos ser fiéis em
nosso relacionamento familiar. É chocante ver um filho sendo infiel com seus pais. É
abominável um pai ou uma mãe sendo infiel com seus filhos. Mas infelizmente a
sociedade considera normal um homem ser infiel com sua esposa, e uma mulher ser
infiel com seu marido. Mesmo assim, Deus não considera a infidelidade conjugal uma
coisa aceitável. Para Deus o adultério é um pecado terrível! (Ver 1 Co 6:18).
Muita gente tem permitido se aproximar perigosamente desse pecado. Jesus
ensinou que o adultério começa dentro do coração (Mc 7:21, 22). Muita gente que
nunca foi vista saindo com outra pessoa com quem não é casada já tem a infidelidade
plantada no seu coração. Em 2 Pedro 2:14, o apóstolo descreve pessoas que “têm os
olhos cheios de adultérios”. O que significa isso? Significa que, no critério de Deus,
pessoas cometem adultério com os olhos, com a imaginação e com os sentimentos do
coração. Não devemos ser infiéis com a família que Deus nos deu. Se quisermos viver
com uma pessoa melhor, sejamos pessoas melhores e nosso companheiro ou
companheira se tornará melhor também. Como disse o apóstolo Paulo em 2 Timóteo
2:22: “Fuja das paixões da mocidade”! Grande recompensas para quem for fiel ao seu
marido ou à sua esposa.
A terceira dádiva que Deus nos concedeu é o sábado. “O sábado foi estabelecido
por causa do homem” (Mc 2:27). O dia santo é um presente de Deus! É um privilégio
descansar no sábado. Por que então tanta gente tem sido descuidada em se preparar
para o dia que não é nosso, mas de Deus? Vamos planejar melhor o nosso preparo para
o sábado, para não precisarmos começar as horas santas dentre de um supermercado
ou em outro lugar de distração. Grandes recompensas para que for fiel à guarda do
sábado. A Bíblia promete que “terão no Senhor a sua fonte de alegria”, e que Deus os
fará “cavalgar sobre os lugares altos da terra” e os sustentará “com a herança de Jacó,
seu pai” (Is 58:14).
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A quarta dádiva que Deus nos concedeu é a pessoa de Seu Filho Jesus Cristo (Jo
3:16). Cristo é o grande presente de Deus para nós. Ele foi dado por Deus para ser o
nosso Salvador. Mas Ele só pode ser nosso se nós O aceitarmos pela fé (Rm 10:9), e “a
fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo” (Rm 9:17). Ler a Bíblia, a Palavra de
Cristo, orar ao Pai em nome de Jesus, refletir e meditar sobre os ensinamentos e a vida
de Jesus, contemplar o caráter do Mestre, louvar a Cristo com hinos, confessá-Lo e
testemunhar Dele para outras pessoas e servi-las como faríamos se estivéssemos
servindo a Cristo são as maneiras que manifestamos nossa fidelidade pelo grande
Presente de Deus, Seu Filho. Grandes recompensas para quem for fiel à comunhão com
Cristo. Ele promete a vida eterna.
A quinta dádiva que Deus nos concedeu são os dons e talentos (Ef 4:8). Cristo subiu
aos Céu e concedeu dons aos homens. Deus presenteia cada um de nós com habilidades
e qualidades que podemos desenvolver fielmente. Você pode desenvolver sua
personalidade e melhorar seu caráter, tornando-se uma pessoa mais eficiente e mais
cheia de qualidades. É isso o que ensina a parábola dos talentos, que Jesus contou (Mt
25:14-28). Ellen White escreveu muito bem os segredos de ter uma personalidade
vencedora no capítulo 25 “Como Enriquecer a Personalidade”, do livro Parábolas de
Jesus. Não existe receita melhor para se tornar uma pessoa bem-sucedida do que esse
texto do livro Parábolas de Jesus. Ali são destacadas a inteligência, a linguagem, a
influência, o uso do tempo, a saúde, a força, a capacidade de ganhar e gastar dinheiro,
as emoções e a cortesia como talentos que devem ser multiplicados fielmente. Deus vai
pedir que prestemos conta do que temos feito com os talentos que Ele nos deu. Você
não deve desperdiçar seu tempo! Deus fez você inteligente, você precisa treinar a sua
inteligência lendo e estudando!
As recompensas da fidelidade
Finalmente, nosso texto principal, Apocalipse 2:10, fala das recompensas da
fidelidade. “Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.” Dez dias de provas
seguidos de grandes recompensas para os fiéis. São dez dias de autoexame que
separavam a Festa das Trombetas da vitória sobre o pecado no Dia da Expiação. Dez dias
de prova diante dos desconfiados chefes da corte babilônica se passaram, e Daniel e
seus três companheiros foram aprovados e ganharam a liberdade de se alimentarem
conforme a vontade de Deus. Dez dias de oração e aflição, sentindo saudades de Jesus
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Cristo, os discípulos passaram trancados no cenáculo até receberem o batismo do


Espírito Santo e o poder de Deus. Dez dias proféticos de tribulação os cristãos
esmirniotas viveram para alcançar a coroa da vida.
Na cidade de Esmirna eram realizados jogos atléticos. Os vencedores das provas de
atletismo ganhavam uma coroa feita de folhas de louro. Em grego, a língua em que o
Novo Testamento foi escrito originalmente, há duas palavras para coroa: diadema, que
é a coroa de ouro usada pelos reis, e stephanos, a coroa de folhas de louro usadas pelos
vencedores. Em Apocalipse 2:10 a palavra usada para coroa é stephanos, a coroa dos
vitoriosos. Mais uma lição de grego: segundo especialistas, uma tradução melhor para
o final do verso 10 é: “e Eu lhe darei a coroa, que é a vida.” Grandes recompensas virão
para quem for fiel a Cristo, e a maior delas é a vida. Você deseja ser fiel sempre, mesmo
diante das provações?
Meu cunhado, José Mauro Ferraz, é hoje pastor da igreja Central de Vila Velha,
Espírito Santo. Em 1995 ele tinha 21 anos e estudava o quarto ano de Teologia no Iaene,
na Bahia. De família humilde, ele se mantinha no colégio por meio de seu trabalho nas
férias colportanto. Também era responsável por manter a irmã mais nova dele, que hoje
é minha esposa, Mauriceia, no colégio, ela tinha 13 anos. Para nenhum estudante é fácil
conseguir em 40 dias de férias dinheiro para se manter no colégio por um semestre.
Ele recebeu uma notícia de casa: seu pai estava desempregado. Isso significava que,
além de conseguir nas férias o dinheiro necessário para manter a si mesmo e a sua irmã
mais nova no colégio, precisava de mais dinheiro para ajudar os pais e o irmão mais novo
de sete anos, que ainda morava em casa. Logo depois ele recebeu outra notícia: sua mãe
estava doente, com câncer. Isso aumentou suas preocupações. Precisava de mais
recursos para o imprevisível. As férias chegaram, e um dia antes de sair para colportar,
José Mauro sofreu um acidente e quebrou um braço, uma costela e uma clavícula.
Seriam quarenta dias com o braço engessado. Justamente o período de férias. Grandes
provações, mas grandes recompensas para quem é fiel em meio às provações.
O que fazer? Reclamar? Desistir? José Mauro tomou uma decisão arriscada. Ia tirar
de sobre si todas as suas necessidades e colocá-las sobre Deus. Decidiu que iria passar
o dobro do tempo que costumava passar na presença de Deus. Ele passava duas horas
por dia com Deus, agora passaria quatro horas. Sairia mais tarde para trabalhar. Mesmo
com o braço quebrado, ele trabalhou. Com menos tempo, com mais limitações, mas
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buscando mais a Deus. Resultado: depois de 40 dias, ele, que tinha um alvo de vender 3
mil reais em livros, vendeu 5 mil. Sua mãe foi curada do câncer, seu pai consegui um
novo emprego, e no final daquele ano ele se formou em Teologia, e Mauriceia se formou
no Ensino Fundamental. Grandes recompensas têm aqueles que são fiéis a Deus.
Amigo, seja fiel. Deus tem grandes recompensas a quem for fiel. Peça perdão a
Deus agora se existir o menor risco de infidelidade que seja na administração dos
dízimos e ofertas, no seu relacionamento matrimonial, na guarda do sábado, na sua vida
de devoção ou no desenvolvimento dos talentos que Deus lhe deu. Sejamos fiéis como
os cristãos de Esmirna, que foram fiéis até a morte. Hoje é o momento de treinar nossa
fidelidade. Em breve virá a perseguição. Mas quem estiver com Jesus Cristo ganhará a
coroa da vitória, a vida eterna.

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