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ADESIVO TITULO 1

TERREYRO COREOGRÁFICO

ADESIVO TITULO 2
CANTEYRO DE OBRAS
HABITAR Y CULTIVAR
ADESIVO TITULO 3

DEMARCAR TERRAS PÚBLICAS

ADESIVO TITULO 4
MALOCA JACEGUAI
ADESIVO TITULO 5
MITOLÓGICAS

CITAÇÃO 0
ABERTURA TEXTO Y
abertura encruzilhada desvio
pitágoras diz
escolha de caminho
quando invertido
confirmação da escolha
também a espera trivial
na intersecção de três caminhos
encruzilhada de discursos
y
adentra a terra
arando arejando
araterra ter
em guarani
YY
água
com terra barro
pedra fundamental
Yangi
devorando
multiplicando

ADESIVO CITAÇÃO 1:

Sonhei com o terreyro, eu estava em um rio largo, parecia estar no Xingu,


imersa até os ombros, cercada de floresta. Do outro lado da margem via uma
onça. Ela saltava, mergulhava no rio e sumia na água. Eu presenciava tudo em
um tempo bem dilatado, sentia a onça, a água e tudo, sentia o todo de tudo
numa coisa só. pensava em nadar e fugir, mas sabia que não era possível fugir
de uma onça, tentava antecipar o que faria se ela viesse me atacar, o que seria
ser comida por uma onça. Não me movia ainda maravilhada com a imagem da
onça mergulhando no rio. Sentia uma passagem, sentia que seria uma honra.
- Mitológicas Maíra Silvestre
ADESIVO CITAÇÃO 2
permaneço perto do fogo
[vermelho é um manto]
maneja a pira, tempo oportuno, é você quem ascende
- Mitológicas Marion Hesser
ADESIVO CITAÇÃO 3
1º Movimento | Abrir pro Genius Loki
o templo estava ali, plantado numa escarpa rochosa, não para conseguir uma
posição pan-optica privilegiada do território, mas porque ali era a morada do
deus. A criação do santuário encarnava a presença da divindade.
- Mitológicas Marília Gallmeister

ADESIVO CITAÇÃO 4
TEXTO TERREYRO COREOGRÁFICO
Presentes ao Habitar y Cultivar

Presentes à escuta de transmutações de terrenos em Terreyros

Agir da força coreográfica em escala urbana

Pela reinvenção do espaço Público e totemização dos tabus urbanos

Onde a segurança não é o super objetivo que vem em uma alucinada linha de montagem de
fortificações na cidade, sacrificando o que resta de espaço público e alimentando a ágorafobia

Onde o consumo não é o super objetivo que carrega a ideia de espaço público bem sucedido
que neutraliza as diferenças afirmando identidade e segregação

Pela demarcação do território insurgente popular onde o SYM é constructo coletivo

A poesia existe nos fatos

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que
era urbano, suburbano, fronteiriço e continental

OCA nem no centro nem na periferia

A dedicação do Terreyro Coreográfico está em tornar manifesto os processos históricos, míticos


e poéticos em confluência com a escuta ao espírito do lugar

As escutas inauguram um espaço nascente como o desafio de um cultivo do fora e do aberto


pelo DENTRO

O fechado, sutilíssima coreografia que é capaz de criar vazios justamente por causa da geração
de ondas de experiências transmissíveis

Pulso de construção sem expulsão

O Terreyro Coreográfico transalquimiza


o sentido do encantamento
que tem nos corpos seu espaço de articulação
Está na Vida, está vivo.

Ao público o que é Público!

texto-colagem Lorraine Maciel

ADESIVO CITAÇÃO 5
TEXTO CANTEYRO DE OBRAS
Habitar diariamente o terreno a ser trabalhado.
Construir na medida do habitar.
Cultivar sua vida pública.

No trecho mais amplo e dilatado dos baixios da projeção do Viaduto Libertas, onde as ruas
Jaceguai, Major Diogo e Laerte Ramos de Carvalho se encontram em nível formando um Delta,
um vão livre se abriu! Graças ao acidente topográfico do terreno – voz da Terra! – resultante do
desastroso projeto urbanístico do viaduto da ligação leste-oeste, que dividiu o Bixiga em dois. O
concreto do viaduto, coreografado pelo espírito do lugar, reencaminhou a violência desse gesto
de corte, projetando ali um espaço público.

Em 2015, instauramos nesse baixio de viaduto nosso CANTEYRO DE OBRAS. Espaço de estudo
observação escuta clínica onde se habita e cultiva. Desviando das formalizações e críticas mais
habituais do CANTEIRO adentramos um CANTEYRO.

Nosso CANTEYRO DE OBRAS se abre sem um projeto de edificação senão de construção.


Construção de um espaço público materializando suas forças públicas já existentes. Acordando
sua força de Terreyro, espaço con-sagrado ao público. Um projeto cuja projeção é arqueológica
no sentido de conhecer e dar a ver suas camadas míticas, seus encantados e guardiões que lhe
habitam. Os desenhos vão surgindo à medida que cavamos e movemos as matérias, dançando
com o espírito do lugar. A dança se fez nossa principal ferramenta de trabalho, pois tem o poder
de mover o invisível, facilitando o trabalho com as matérias mais densas. A cada gesto a espera
por uma resposta para saber o caminho a seguir no projeto. Se deixar coreografar para assim
propor uma coreografia.

No decorrer do trabalho alguns programas foram se estruturando:

Ágora Agora : permeia todos os outros programas do Terreyro Coreográfico enquanto um estado
permanente da prática da vida pública como infraestrutura do cotidiano, sustentando as
contradições e conflitos, na lida diária com as esferas públicas em suas mais diversas camadas:
no cotidiano com os moradores de rua, com o bairro do Bixiga, com as mais diversas formas de
especulação dos espaços públicos, nas assembleias institucionais, nas reuniões com os
representantes da gestão pública da cidade, etc.
Celebrações : Fazer das festas nos espaços públicos Ritos Públicos Cor(e)ográficos. Práticas
Cosmocoropolíticas. Gozo Público.

Encruzilhadas Confluências : Correspondendo a chamados do mundo, quando diferentes


caminhos se cruzam. Aprender a coreografar com os rios.

Cine-Ma-Ágora : Mostra de filmes ao ar livre. Cinema público. Criar espaço e dar tempo ao
Público.

Feitura dos Corpos : Práticas corporais oferecidas ao Público, com o foco em cultivar corpos-
elétricos Guerreiros-Dançarinos no sentido de criar um Coro-Cosmopolítico.

Disseminários : Disseminar o conhecimento ao Público. DisCursos exCursos perCursos inCursos.


Aulas públicas seminais.

Assim ali o tabu se fez totem! Cicatriz linha de fogo transmutada em espaço de trocas e
encontros entre os corpos em exercício cosmopolítico. Espaço de aproximação, encontro,
conflito, fluxo, troca e permanência, que pode ser experimentado concretamente por qualquer
um que ali se demore. Um espaço público até então fechado, hoje aberto à vida Pública.

ADESIVO CITAÇÃO 8
Terra Mantra
Passagens estreitas como buraco de agulha onde só passa uma coisa por vez.
Nessas passagens os mundos se costuram. Quando a gente atravessa, o corpo
é como uma linha que conecta dimensões (...) É das travessias, de arcos finos
quase translúcidos que se abrem movimentos precisos, que vou contar.
- Mitológicas Bárbara Malavoglia

vá ao Bixiga
caminhe sobre a calçada da rua Major Diogo
sob o Viaduto encontre o ponto médio da quadra
posicione-se na face leste da rua
o esterno está voltado para oeste

encostado no coração
entre o esterno e a espinha
está o timo

mantenha-se em pé, os joelhos levemente dobrados


o peso está sobre os dedos
feche uma das mãos
feche os olhos

com os nós dos dedos


dê pancadinhas contínuas no centro do peito
siga o ritmo: uma forte, duas fracas

respire
continue por 3 ou 4 minutos
observe a vibração produzida
abra os olhos
- Mitológicas Marion Hesser

primeira e principal ação as substâncias das limpezas as profanações de sal I-


ching chás águas perfumadas fumaças caminhões pipas lenços movimentos não
uma limpeza higienista uma limpeza sutil de movimentação dos grãos de
energia das pulsões do espaço então habitar no estar cotidiano na permanência
do cuidado dia a dia para a partir das reações q o espaço deve continuar o
movimento criar uma arquitetura sem projeto sem programa com teato roteiros
de ações de exploração dos materiais a partir de sua existência concreta
OUVIVER as respostas.
- Mitológicas Carila Matzenbacher
ADESIVO CITAÇÃO 9:

cinza: escuta à mim


e os outros que escutaram
- Mitológicas Carolina Castanho

Esse instinto-coreografar é uma espécie de habilidade determinante para uma


função cognitiva de reconhecimento das coisas, presente até mesmo em nossa
noção do que é um dia, ou uma noite, ou uma manhã. Nessa afirmação
podemos sentir um ciclo, uma habilidade para a visão cíclica que a cada dia é
diferente, mas mantém para nossa percepção algo em comum que alicerça
nosso exercício de pensar, escolher e mudar.
- Mitológicas Andreia Yonashiro

um instantâneo que diz


isso foi
de algo vivo que é
- Mitológicas Luanda Vanucchi

ADESIVO MITOLÓGICAS
o Terreyro Coreográfico devora o mito como expressão anacrônica do acontecimento. Versão dançante, que
desvia da interpretação universalizante da vida, que goza metamorfoses ao passar de boca em boca, mesmo
quando recantado pela mesma boca. O mito como narrativa não linear, sem origem ou destino, ainda que fale
justamente sobre origens e destinos. O mito que é sempre versão de outro mito e se desdobra ainda em tantos
outros mitos.

Mitológicas dão nome à publicação dos dois primeiros anos de trabalho do Terreyro Coreográfico (2014 a 2016).
Quatorze artistas que estruturaram, alimentaram e devoraram o Terreyro em sua primeira idade - ecoando
também outros saberes, outros tempos, vozes de um coro antigo, sempre vivo - publicam sua versão mítica desse
trabalho. Assim, a publicação chega não como voz única, monólogo, versão definitiva e negociada, mas como
subversões, numa polifonia de vozes que se comentam, se dizem, se comem, se contradizem, se interpretam, se
incorporam.

Mitológicas vai além do trabalho do Terreyro Coreográfico e se faz espaço para reverberação de outras vozes e
versões das narrativas que compõe esse baixio de viaduto.

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