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CURITIBA
2014
BRUNO GIOVANNI RIBEIRO DOS SANTOS
CURITIBA
2014
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................02
2 O DANO..................................................................................................................04
2.1 Definição...............................................................................................................04
2.2 A Distinção entre Dano Moral e Dano Material....................................................04
2.3 Apontamentos Históricos......................................................................................05
2.4 O Dano Moral como Ofensa ao Patrimônio Moral do Indivíduo...........................07
2.4 O Dano Moral no Direito Civil Pátrio.....................................................................08
3 FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL........................................................07
3.1Função Compensatória.........................................................................................10
3.2 Função Punitiva Pedagógica................................................................................11
3.3 A Indústria do Dano Moral....................................................................................12
3.4 Os Punitive Damages no Direito Norte-Americano..............................................14
3.5 A Problemática do Dano Moral Punitivo-Pedagógico no Direito Pátrio................16
4 A QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL...............................................................18
4.1 Sobre a Constitucionalidade da Tarifação dos Danos Morais..............................25
4.1.1 Tarifação na Lei de Imprensa (Dec 5250⁄67)....................................................25
4.1.2 Os Limites Indenizatórios na Regulação do Transporte Aéreo.........................26
4.1.3 Reflexões sobre a Constitucionalidade da Tarifação e Consequências
Práticas.......................................................................................................................27
4.1.4 Conclusões sobre a Tarifação...........................................................................28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................30
REFERÊNCIAS..........................................................................................................31
ANEXOS....................................................................................................................33
1 INTRODUÇÃO
1
TJ –PR. Regimento Interno. Disponível em: http://www.tjpr.jus.br/regimento-interno. Acessado em
04 de nov. de 2013
3
2 O DANO
2.1 DEFINIÇÃO
2
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva, SP, 1998, p. 81
3
REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2010. Ed. Forense, pg. 14, 16
4
Ibid, p. 16
5
Ibid, p. 07
4
A diferença entre essas lesões reside, substancialmente,
na forma em que se opera a sua reparação. Enquanto no caso dos danos
materiais a reparação tem como finalidade repor os bens lesionados ao seu
status quo ante, ou possibilitar à vítima a aquisição de outro bem
semelhante ao destruído, o mesmo não ocorre, no entanto, com relação aos
danos extrapatrimoniais. Neste é impossível repor as coisas ao seu estado
original. A reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma soma
pecuniária, fixada em face do arbitrium boni iuris do magistrado, de forma a
possibilitar à vítima uma compensação em decorrência da dor íntima
vivenciada.
6
BÍBLIA. Tradução de João Ferreira de Almeida. 4ª edição. São Paulo: Vida, 1996, grifos nossos.
5
Romano trouxe a concepção da reparação pecuniária ao dano. O dano passava a
ser passível de um caráter punitivo. Ele a considera o “divisor de águas” da
responsabilidade civil 7.
7
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004, V,IV, p.
18-19
8
REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2010. Ed. Forense, pg. 33, 69
9
FERREIRA, Gezina Nazareth. O caráter punitivo do Dano Moral. Disponível em http:
WWW.emerj.tjrj.jus.br⁄paginas⁄rcursodeespecializacao_latosensu
edicoes/n1novembro2012/pdf/GezinaNazarethFerreiral.pdf. Acessado em: 13 de abri. 2013.
10
REIS, Clayton. 2010. Ob.citada, p. 69
6
morais, ainda que adotada restritivamente ou não adotada nas legislações
dos diversos Estados, se encontra próxima de ser implantada na estrutura
legislativa de todas as nações, de forma irrestrita. [...] Afinal, o patrimônio
moral de todo ser humano é representado por um complexo de bens e
valores espirituais que representam a base sobre a qual se assentam os
padrões éticos que conferem verdadeira razão e sentido à vida das
pessoas.
11
Ibid, p. 144
7
12
“moral” é muito restritivo. . Contudo, por motivos didáticos e textuais continuar-se-á
a adotar o termo “dano moral” no presente trabalho.
Por fim o artigo 186 do Código Civil de 2002 (Dec. Lei 10406⁄2002),
sob o título dos “Atos Ilícitos” diz que aquele que causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, fica obrigado a repará-lo. Tal artigo, a exemplo dos artigos
948, 949, 950, 953 e 954 do mesmo Codex, consubstanciou o direito a reparação
dos danos morais, não deixando qualquer dúvida referente à sua aplicação, ao
contrário do que ocorria no Código Civil de 1916.13
12
Ibid, p. 16
13
REIS, Clayton. Ob. citada, p. 123
8
doutrinário brasileiros e tem sido “amplamente tutelada pelas nossas Egrégias
Cortes de Justiça.” (REIS. 2010, p. 135). Percebe-se que a jurisprudência, através
da tese positivista, ampliou de forma considerável a aplicação dos danos
exclusivamente morais.
9
3 FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL
14
NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. Fundamentos do Direito das Obrigações: introdução
à responsabilidade civil. 2. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, v.I , 2007, p. 439
15
VENTURI, Thaís Goveia Pascoaloto. A responsabilidade civil e sua função punitivo-pedagógica no
direito brasileiro. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas) – Programa de Pós-Graduação em
Direito. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2006, p. 120-121
10
possa ser desfeito, uma vez que se trata de um dano extrapatrimonial. No entanto,
deve-se, em ambos os casos, pleitear-se uma “reparação justa” que satisfaça a
vítima. 16
Segundo Venturi:17
16
VENTURI, Thaís Goveia Pascoaloto. Ibid, 2006, p. 122, 125
17
VENTURI, Thaís Goveia Pascoaloto. Ibid, 2006, p. 138, 139-140
11
3.3 A INDÚSTRIA DO DANO MORAL
18
CANAL, Raul. A Indústria do Dano Moral. Disponível em http://www.expressomt.com.br/nacional-
internacional/a-industria-do-dano-moral-94701.html. Acesso em 19 de mar de 2014
19
REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2010. Ed. Forense.
12
consumidor, foi elevado a categoria de cláusula pétrea e passou a integrar o rol de
direitos e garantias fundamentais.20
No que toca a controvérsia do arbítrio do dano moral pelo judiciário,
Sílvio Rodrigues nos ajuda a encontrar uma resposta21:
13
através do qual se possa verificar as provas levadas em consideração na
fixação do quantum indenizatório.22
22
BERNARDO, Wesley de Oliveira Louzada. Danos Morais: Critérios de Fixação do Valor, São Paulo:
Renovar, 2005. p. 164
23
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004, V,IV,
p. 18-19
24
SILVA, Rômulo Limeira Grutes da. Punitive damages e Dano Moral Punitivo: um Estudo
Comparado com o Modelo Norte- americano. Escola de Magistratura do Rio de Janeiro – Disponível
em ⁄⁄http: www.emerj.tjrj.jus.br⁄⁄rcursodeespecializacao_latosensu⁄⁄edicoes⁄n1novembro2012⁄pdf⁄
RomuloLimeiraGrutesdaSilva.pdf. Acessado em 19 de dez. 2013
14
Logo, predomina a indenização com enfoque na conduta do ofensor
e não do dano causado à vítima, eis que o instituto procura ser um “desestímulo” as
condutas lesivas.
25
COSTA, Judith Martins; e PARGENDLER. Mariana Souza. Usos e abusos da função punitiva
(punitive damages) e o direito brasileiro. Revista CEJ, , Brasília, v. 28, p. 19, jan./mar. 2005
26
ANDRADE, André Gustavo de. Dano moral e indenização punitiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2009. p. 192
15
O júri condenou a Ford a pagar à Grimshaw uma indenização
compensatória no valor de US$2,516,000, e punitive damages no valor de US$125
milhões. Em favor dos herdeiros da senhora Gray foi estabelecida indenização
compensatória de US$ 559,680 (quinhentos e cinquenta e nove mil e seiscentos e
oitenta dólares) 27.
O julgamento considerou que, apesar de os engenheiros da Ford
terem descoberto o problema mecânico do automóvel e terem verificado que o custo
para o conserto das linhas de produção seria baixo, os executivos da empresa
decidiram continuar a produção sem tomar qualquer atitude relevante.28
27
ANDRADE, André Gustavo de. Ob. Citada, 2009. p. 192):
28
Ibid, p. 192
29
REIS, Clayton. Op. citada. 2010, p. 07
16
vítima, a contrariu sensu, objetiva, sim, conferir ao lesado uma satisfação
que lhe é de direito, com o propósito de atenuar os efeitos do dano sofrido.
30
PUSCHEL, Flávia. Série Pensando o Direito: Dano Moral no Brasil – Nº37⁄2010. pg 18. Disponível
em:http:⁄⁄portal.mj.gov.br/services/DocumentManagement/FileDownload.
EZTSvc.asp?DocumentID=%7BC87D13B3-9030-42B2-A5C7-F93E754DE1E2%7D&
ServuceInstUID=%7B0831095E-D6E4-49AB-B405-C0708AAE5DB1%7D. Acessado em 27 de nov. de 2013
17
4 A QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL
31
REIS, Clayton. 2010. Ob. citada, p. 99
18
pelo judiciário, e outras contrárias. Não se trata de um rol exaustivo dos discursos
apresentados por ambos os lados, os quais serão oportunamente analisados a
seguir, mas apenas a menção dos principais argumentos.
32
PUSCHEL, Flávia. 2011, p. 48
19
compensações muito altas, a conveniência da tarifação também é
questionável. O risco de compensações muito altas é uma das justificativas
mais comuns para se incluir um limite (“teto”) nas tarifações do dano moral.
[...] De um modo geral pode-se afirmar que quanto mais comum for, de fato,
a ocorrência de julgados com compensações excessivas, tanto mais fará
sentido estabelecer-se um teto pela via legislativa. De fato, há evidências de
que, logo após a edição da Constituição de 1988, houve diversas
condenações por valores muito elevados. Contudo, os dados mais recentes
sugerem que essas circunstâncias já não são mais claramente observáveis
no Brasil. Muito ao contrário, a pesquisa de jurisprudência realizada indicou,
como se viu acima, que a grande maioria das indenizações por danos
morais se deu em valores baixos.
< R$ 5.000,000 38
>⁄ R$ 100.000,00 3
33
Ibid. p. 16
20
Quando analisamos especificamente as indenizações no âmbito dos
Tribunais, a constatação é a mesma: 34
< R$ 5.000,000 41
>⁄ R$ 100.000,00 2
34
Ibid, p. 17
35
Ibid, p. 18
21
Eis a importância dos critérios de cálculo adotados. Abaixo segue
tabela sobre os critérios mais elencados na quantificação dos danos no âmbito dos
Tribunais Estaduais:36
CRITÉRIOS OCORRÊNCIAS
Posição do Agressor 64
Razoabilidade 67
Equidade 41
Proporcionalidade 37
Critério Material 13
Função Punitiva 66
Função Pedagógica 45
Função Preventiva 63
36
Ibid, p.25
22
Simples Violação do Direito 72
Ganhos Obtidos 1
Circunstâncias Fáticas 43
37
Ibid, p. 26
23
A tarefa de conciliar a indenização da vítima com a punição
pedagógica do ofensor, também não é das mais fáceis.
38
Ibid, p. 32
39
Ibid, p. 32
24
tarifação das reparações por danos morais [...] está organizada em torno da
jurisprudência dos tribunais superiores nestes temas.
40
ibid, pg 38
25
4.1.2. Os Limites Indenizatórios na Regulação do Transporte
Aéreo
41
Ibid, p. 39
42
Ibid, p. 43
26
necessariamente, ao reconhecimento da incompatibilidade existente entre
as normas que estabelecem limites pré-fixados à verba indenizatória
presentes nos estatutos legais e o referido princípio constitucional.
43
Ibid, p. 56
44
Ibid, pg 49.
45
Ibid, p. 51
27
[...] Diante de diplomas legislativos muito detalhados,
que contam com regras específicas para uma diversidade muito grande de
situações, é quase sempre possível justificar toda sorte de atitude com
fundamento em uma norma jurídica fechada qualquer. Desta maneira, o
efeito da regulação acaba sendo contrário ao objetivo fixado pelo legislador.
Ao invés de restringir as possibilidades de aplicação com a criação de uma
regulação cada vez mais precisa e específica, a proliferação de regras
permite que qualquer atitude encontre uma norma para servir-lhe de
justificação. Desta maneira, fica impossível controlar efetivamente o
comportamento de seus destinatários. Como é evidente, essa atitude poria
em questão a alegada clareza e uniformidade da tarifação. Em segundo
lugar, uma mesma circunstância pode ser grave em alguns casos, mas não
em outros. Por exemplo, às vezes pequenos danos diretos levam a grandes
complicações indiretas. Por um lado, frequentemente há vulnerabilidades da
parte das vítimas, o que é comum em relações de consumo. Por outro, o
pagamento de valor tabelado como indenização pode causar sérias
conseqüências para os réus – por exemplo, uma empresa pode vir a ter que
“fechar as portas”, causando o desemprego de seus funcionários. Em
terceiro lugar, em muitos casos a extensão e probabilidade de ocorrência de
danos (morais ou patrimoniais) dependem de esforços de mitigação de
riscos, tanto por parte de potenciais vítimas quanto de potenciais
causadores. Geralmente, as regras e intuições de culpabilidade dão aos
juízes os elementos para ponderarem o valor da compensação pelos
esforços de mitigação de riscos das partes envolvidas. Com o tabelamento,
pode ocorrer que o juiz aplicador da lei se veja impossibilitado de realizar
este tipo de ponderação. Uma possível consequência negativa surge no
caso de as partes diminuírem seus esforços de mitigação.
46
Ibid, p. 53
28
constitucional, mas a concreta operabilidade prática, o que inclui incentivos, custos e
outras eventuais dificuldades de aplicação.
29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
47
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil (Responsabilidade Civil). Volume 04, 16ª ed. São Paulo: Saraiva,
1998, pgs 192-193.
48
FERREIRA, Gezina Nazareth. O caráter punitivo do Dano Moral.
Disponívelem:http⁄⁄www.emerj.tjrj.jus.br⁄paginas⁄rcursodeespecializacao_latosensuedicoes/n1novembr
o2012/pdf/GezinaNazarethFerreiral.pdf. Acessado em: 13 de abril.
2013:⁄⁄www.emerj.tjrj.jus.br⁄paginas⁄rcursodeespecializacao_latosensuedicoes/n1novembro2012/pdf/G
ezinaNazarethFerreiral.pdf. Acessado em: 13 de abril. 2013.
49
PUSCHEL, Flávia. Série Pensando o Direito: Dano Moral no Brasil - Nº37⁄2010. Disponível em:
http:⁄⁄portal.mj.gov.br/services/DocumentManagement/FileDownload.
EZTSvc.asp?DocumentID=%7BC87D13B3-9030-42B2-A5C7-F93E754DE1E2%7D&
ServuceInstUID=%7B0831095E-D6E4-49AB-B405-C0708AAE5DB1%7D. p. 53. Acessado em 27 de
nov. de 2013,
50
REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2010. Ed. Forense, p.99
30
REFERÊNCIAS
31
REIS, Clayton. Dano Moral. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2010. Ed.
Forense.
32
ANEXOS
R: Arbítrio não é o mesmo que arbitrário e por isso entendo que não
deve ser criado um dispositivo legal de balizamento, mesmo porque cada caso deve
33
ser analisado de per si.
34
Segue em anexo tabelas sobre os critérios de quantificação dos
danos morais nas instâncias federal e trabalhista (ibid, pg 27-30):
Critérios Ocorrências
Posição da Vítima 91
Posição do Agressor 54
Razoabilidade 157
Equidade 90
Proporcionalidade 85
Critério Material 10
Função Pedagógica 70
35
Grau de Culpa do Ofensor 80
Ganhos Obtidos 0
Critérios Ocorrências
Posição do Agressor 85
Razoabilidade 177
Equidade 76
Proporcionalidade 77
Critério Material 48
36
Culpa Concorrente da Vítima 35
Ganhos Obtidos 1
FUNÇÃO PUNITIVA
37