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Fichamento

Referência:
(CASTELS, 2003)
CASTELS, M. A Sociedade em Rede. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

Prólogo: a Rede e o ser

Segundo o autor, vários acontecimentos transformaram o cenário da vida humana a partir do segundo
milênio da Era Cristã. 39. A revolução tecnológica modifica a sociedade em ritmo acelerado e possibilita
manter a interdependência global. 39 Após o fim da guerra fria o capitalismo passa por uma
reestruturação que tem como características a “flexibilidade de gerenciamento”, “descentralização das
empresas” e “organização em rede”. 39 Com relação ao trabalho o autor destaca o “enfraquecimento dos
movimentos dos trabalhadores”, “individualização e diversificação [...] das relações de trabalho”,
incorporação das mulheres à força de trabalho, algumas em condições desiguais. 39
As redes interativas de computadores utiliza cada vez mais uma língua digital universal que promove a
integração global de cultura e cria formas e canais de comunicação criando novas identidades.
O processo de transformação tecnológico e econômico promove profundas transformações sociais e nas
relações individuais. Na política, os sistemas políticos passam por crises estruturais de legitimidade. Os
movimentos sociais passam a ser mais fragmentada e com lideranças isoladas promovidas principalmente
pela mídia.

Nesse mundo de mudanças confusas e incontroladas, as pessoas tendem a reagrupar-


se em torno de identidades primárias: religiosas, étnicas, territoriais, nacionais. O
fundamentalismo religioso- cristão, islâmico, judeu, hindu, e até budista (o que parece
uma contradição em termos)- provavelmente é a maior força de segurança pessoal e
mobilização coletiva nestes tempos conturbados. 41

O autor destaca que “a identidade religiosa e étnica tem sido a base do significado desde os primórdios da
sociedade humana” e que esse período histórico é marcado por “desestruturação das organizações,
deslegitimação das instituições”, enfraquecimentos dos movimentos sociais e “expressões culturais
efêmeras”. 41 o que torna uma forma de “segurança pessoal e mobilização coletiva”. Quando a
comunicação falha “surge uma alienação entre os grupos sociais e indivíduos que passam a considerar o
outro um estranho e finalmente uma ameaça” 41
O autor apresenta certo ceticismo com relação às transformações ocorridas pela tecnologia e toma como
ponto de partida essa tecnologia para a análise do contexto atual. Acredita na racionalidade sem a
idolatrar, acredita em políticas transformadoras sem cair em utopias e nas identidades sem aceitar sua
individualização ou fundamentalismo.

Tecnologia, sociedade e transformação histórica.

Segundo o autor é infundado o dilema entre quem determina quem na relação em sociedade e tecnologia.
Para o autor a [...] “tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem
suas ferramentas tecnológicas”. 43
“[...] na década de 1970 um novo paradigma tecnológico, organizado com base na tecnologia da
informação, veio a ser constituído, principalmente nos Estados Unidos”.
Esse paradigma veio romper com o a tradição cautelosa do mundo corporativo por apresentar uma ênfase
nos dispositivos personalizados, na interatividade , na formação de redes e na busca por novas
tecnologias. 43
Tecnologia da informação como ponto inicial para analise da nova economia, sociedade e cultura.
Segundo o autor

[...] o papel do Estado, seja interrompendo, seja promovendo, seja liderando a


inovação tecnológica, é um fator decisivo no processo geral, à medida que
expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época
determinada. Em grande parte, a tecnologia expressa a habilidade de uma
sociedade para impulsionar seu domínio tecnológico por intermédio das
instituições sociais inclusive o Estado. 49
“ [...] os modos de desenvolvimento modelam toda a esfera de comportamento social, inclusive da
interação simbólica”
“Por identidade, entendo o processo pelo qual um ator social se reconhece e constrói significado
principalmente com base em determinado atributo cultural ou conjunto de atributos, a ponto de excluir
uma referência mais ampla a outras estruturas sociais” 57

Para pensar:
“Nós estamos mentalmente formatados para uma visão evolucionista do progresso da humanidade, visão
que herdámos do Iluminismo e que foi reforçada pelo Marxismo, para quem a humanidade, comandada
pela Razão e equipada com a Tecnologia, se move da sobrevivência das sociedades rurais, passando pela
sociedade industrial, e finalmente para uma sociedade pós-industrial/da informação/do conhecimento, a
montanha esplendorosa onde o Homo Sapiens vai finalmente realizar o seu estado dignificante.” Trecho
tirado de http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/a_sociedade_em_rede_-
_do_conhecimento_a_acao_politica.pdf p. 18

Informacionalismo, industrialismo, capitalismo, estatismo: modos de


desenvolvimento e modos de produção.

A revolução tecnológica da informação contribuiu para reestruturar o sistema capitalista a partir da


década de 1980. 50
Segundo o autor o estatismo presentes em países como a Rússia, no mesmo período histórico de
reestruturação capitalismo falhou, entrou em colapso, devido a sua inabilidade de “assimilar e usar os
princípios do informacionalismo embutidos nas novas tecnologias da informação”...
“Este livro estuda o surgimento de uma nova ordem estrutura social, manifestada sob várias formas
conforme a diversidade de culturas e instituições em todo o planeta. Essa nova estrutura social está
associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo, historicamente
moldado pela recente estrutura do modo capitalista de produção, no final do século XX. 51”
“A perspectiva teórica que fundamenta essa abordagem postula que as sociedade são organizadas em
processos estruturados por relações historicamente determinadas de produção, experiência e poder.”
“Produção é a ação da humanidade sobre a matéria (natureza) para apropriar-se dela e transformá-la em
seu benefício [..]”.
“Experiência é a ação dos sujeitos humanos sobre si mesmos, determinadas pela interação entre
identidades biológicas e culturais desses sujeitos em relação a seus ambientes sociais e naturais. È
constituída pela eterna busca de satisfação das necessidades e desejos humanos” 51
“Poder é aquela relação entre os sujeitos humanos que, com base na produção e na experiência, impõe a
vontade de alguns sobre os outros pelo emprego potencial ou real de violência física ou simbólica” 51
As instituições sociais são criadas para, através de contrato social, para manter o poder e o controle em
uma determinada sociedade e contexto histórico. 52. O Estado tem [..] seu monopólio institucionalizado
da violência”, o que é denominado por Focault de “microfísica do poder”.
Estruturada pela relação entre os sexos historicamente organizada em
Experiência torno da família

Poder Estado: monopólio institucionalizado da violência

Relação de classes.
Produção Matéria: Natureza modificada pelo homem
Produto: Consumo e excedente
Século XX: modos de produção predominantes: Sociedades
industriais:
 capitalismo: Controle privado dos meios de produção.
Visa a maximização dos lucros (excedente)
 Estatismo: Controle do excedente nas mãos do poder
estatal e visa a maximização do poder, aumento da
capacidade militar e ideológica
“No modo de desenvolvimento industrial, a principal fonte de produtividade reside na introdução de
novas fontes de energia e na capacidade de descentralização do uso da energia ao longo dos processos
produtivos e de circulação. No novo modo informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade
acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação
de símbolos”. 53
[...] o industrialismo é voltado para o crescimento da economia, isto é, para a maximização da produção;
o informacionalismo visa o desenvolvimento tecnológico, ou seja, a acumulação de conhecimentos e
maiores níveis de complexidade do processamento da informação” 54

RESUMO

O autor apresenta a tese de que o mundo está passando por um processo de reestruturação a partir da
década de 1960. Segundo o autor está em emergência “[...] um novo paradigma tecnológico, organizado
com base na tecnologia da informação [...]” p.43. De acordo com o autor a [...] “tecnologia é a sociedade,
e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas”. 43. As
tecnologias digitais são a base da sociedade em rede. O autor define a sociedade em rede como uma “[...]
uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informação
fundamentadas na microelectrónica e em redes digitais de computadores que geram, processam e
distribuem informação a partir de conhecimento acumulado nos nós dessas redes.” (CASTELS b, p. 20).

No capítulo 2 A nova economia: informacionalismo, globalização, funcionamento em rede o autor


apresenta a tese de que a partir do final do século XX está se estruturando uma nova economia em escala
global, denominada de economia informacional, global e em rede. 119.

 Informacional: “porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa


economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de
gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação, baseada em conhecimentos”

 Global: “as atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes
(capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão
organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes
econômicos.

 Rede: “nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma
rede global de interação entre redes empresariais” 119
O autor apresenta a hipótese de que a introdução de novas tecnologias por si só não garantem o aumento
da produtividade e apresenta o resultado de diversas pesquisas para comprovar a defasagem entre o tempo
de introdução das inovações tecnológicas a partir da década de 1970 e a produtividade econômica no final
do século XX. O autor argumenta que o setor público é fator decisivo para desenvolvimento da sociedade
em rede. “As instituições públicas adotam políticas de “desregulamentação e de liberalização” p. 142 que
visam a expansão dos seus mercados. Para aumentar a produtividade e lucratividade as estratégias
empresariais consistiam em buscar novos mercados e na internacionalização da produção. A globalização
só foi possível graças ás novas tecnologias da comunicação e da informação. 178 que permitiam realizar
“transações complexas e em alta velocidade”. Porém, o autor pondera que as tecnologias não poderiam ter
criado “uma economia global sozinha” 178. “[...] foram os governos e, em especial, os governos dos
países mais ricos, o G-7, e suas instituições internacionais auxiliares, o Fundo Monetário Internacional, o
Banco Mundial e a Organização Mundial do Comercio [...] que construíram o alicerces da globalização
tendo como base: “a desregulamentação das atividades econômicas domésticas (que começou com os
mercados financeiros)”; “a liberalização do comércio e dos investimentos internacionais; e a privatização
das empresas públicas (quase sempre vendidas a investidores financeiros)” 178. Segundo o autor essa era
a política predominante na economia internacional na década de 1990. Um dos mecanismos utilizados
para levar a globalização à grande parte dos países foi “pressão política por intermédio de atos diretos do
governo ou de imposição pelo FMI/Banco Mundial/Organização Mundial do Comercio. 181. Esses
órgãos ofereciam ajuda financeira a países em crise e em contrapartida havia imposições normativas ou
pacotes de políticas de ajustes. Segundo o autor a economia globalizada surgiu na década de 1990, no
espaço específico dos Estados Unidos tendo como base a tecnologia da informação e das finanças.
Diversos fatores favoreceram o surgimento dessa economia nos EUA entre eles o fato de ser
especificamente a Califórnia o berço das descobertas e inovações das tecnologias da informação.

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