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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA


ACADEMIA MRS

RENATA CRISTINA DO CARMO

PROCEDIMENTO PARA AVALIAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL

Rio de Janeiro
2006
PROCEDIMENTO PARA AVALIAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL

Monografia apresentada ao Curso de Especialização


em Transporte Ferroviário de Carga do Instituto
Militar de Engenharia

Aluna: Renata Cristina do Carmo

Orientadora: Profª. Vânia Barcellos Gouvêa


Carmpos – D. Sc.

Tutor: Jorge Eduardo Guimarães Filho

Rio de Janeiro
2006
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

RENATA CRISTINA DO CARMO

PROCEDIMENTO PARA AVALIAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Transporte Ferroviário de


Cargas do Instituto Militar de Engenharia.

_______________________________________________________________
Renata Cristina do Carmo

_______________________________________________________________
Profª. Vânia Barcellos Gouvêa Carmpos – D. Sc.

_______________________________________________________________
Jorge Eduardo Guimarães Filho

Rio de Janeiro
2006
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo incentivo constante e à minha irmã pelo exemplo.
Ao Patrick pelo apoio e compreensão.
À minha Orientadora, Profª. Vânia, pela segurança transmitida e por seu apoio
constante.
Ao amigo Guimarães por seus conselhos e ensinamentos.
Ao Marcelo Sucena pela ajuda e disponibilidade.
Ao Manoel Mendes pelo empenho e ajuda para o desenvolvimento deste
trabalho.
À MRS Logísitica S. A. por esta oportunidade de desenvolvimento.
Ao IME, em especial aos professores do Curso de Especialização em
Trasporte de Carga Ferroviário, pela atenção e apoio recebidos.
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................... 7

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. 8

LISTA DE SIGLAS................................................................................................. 9

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 11
1.2 OBJETIVO 13
1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA 14

2 TIPOS DE SINALIZAÇÃO ................................................................................ 16


2.1 PROTEÇÃO PASSIVA 16
2.2 PROTEÇÃO ATIVA COM OPERAÇÃO MANUAL 17
2.3 PROTEÇÃO ATIVA COM OPERAÇÃO AUTOMÁTICA 19

3 FATORES DE RISCO EM PASSAGENS DE NÍVEL........................................ 20


3.1 CLASSIFICAÇÃO RODOVIÁRIA 20
3.2 NÚMERO DE FAIXAS 22
3.3 CONDIÇÕES DO PAVIMENTO 22
3.4 VOLUME DO TRÁFEGO RODOVIÁRIO 23
3.5 TRÂNSITO DE PEDESTRES 23
3.6 VELOCIDADE MÁXIMA AUTORIZADA NA RODOVIA 24
3.7 ILUMINAÇÃO 24
3.8 DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE DE PARADA 25
3.9 TRIÂNGULO DE VISIBILIDADE 27
3.10 NÚMERO DE LINHAS 29
3.11 VOLUME DE TRÁFEGO FERROVIÁRIO 29
3.12 HISTÓRICO DE ACIDENTES 30
3.13 RAMPA 30

4 INDICADORES DE ANÁLISE DE PASSAGENS DE NÍVEL............................ 31


4.1 GRAU DE IMPORTÂNCIA DE TRAVESSIA RODOVIÁRIA 32
4.2 FATOR PONDERADO DE ACIDENTES (FPA) 35

5
4.3 MOMENTO DE CIRCULAÇÃO 38
4.4 CONSIDERAÇÕES 40

5 PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE UM ÍNDICE DE CRITICIDADE PARA


PASSAGENS DE NÍVEL ..................................................................................... 42
5.1 ANÁLISE CRÍTICA DOS INDICADORES EXISTENTES 42
5.2 MÉTODO PROPOSTO DE AVALIAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL 44
5.3 – DEFINIÇÃO DOS PESOS DOS PARÂMETROS COMPONENTES DO
FATOR f 46
5.4 – RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO FATOR f 46
5.5 – PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO 49

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 51


6.1 CONCLUSÕES 51
6.2 RECOMENDAÇÕES 52

7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 53

8 ANEXOS ........................................................................................................... 56
8.1 ANEXO 01 – TIPOS DE PROTEÇÃO 57
8.2 ANEXO 02 – TIPOS DE MELHORIAS 66
8.3 ANEXO 03 – QUESTIONÁRIO 81

6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 3.1 Distância de Visibilidade de Parada 26


FIG. 3.2 Triângulo de Visibilidade 28
FIG. 5.1 Fluxograma do Procedimento Proposto 49

7
LISTA DE TABELAS

TAB. 4.1 Cálculo do fator representativo das condições de visibilidade 34


TAB. 4.2 Proteção recomendada de acordo com o Grau de Importância 35
TAB. 4.3 Valores do Fator Ponderado de Acidentes Típico 36
TAB. 4.4 Comparativo Fator Ponderado de Acidentes 38
TAB. 4.5 Determinação do Fator L 39
TAB. 4.6 Melhorias em passagem de nível (área rural) de acordo com o MC 40
TAB. 4.7 Melhorias em passagem de nível (área urbana) de acordo com o MC 40
TAB. 4.8 Relação entre Indicadores e Parâmetros 41
TAB. 5.1 Questionários enviados e respondidos por área de atuação 47
TAB. 5.2 Resultados obtidos com o questionário e Desvio Padrão 47
TAB. 5.3 Tabela para o cálculo do fator f com novos parâmetros e pesos
avaliados 48

8
LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANTF - Associação Nacional de Transportes Ferroviários
Apud - em
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
DOU - Diário Oficial da União
et al - e outros
FIG - Figura
FPA - Fator Ponderado de Acidentes
Gi - Grau de Importância
IC - Índice de Criticidade
K - Momento de Circulação
Km/h - quilômetros por hora
M - metros
PN - Passagem de Nível
RFFSA - Rede Ferroviária Federal S. A.
VMA - Velocidade Máxima Autorizada

9
RESUMO

As passagens de nível rodoviárias são os cruzamentos de dois importantes


modais de transporte: o rodoviário e o ferroviário. Estes cruzamentos são pontos
de alto risco e, embora a freqüência de acidentes ferroviários seja inferior a de
acidentes de outros modais, o índice de gravidade é bem elevado. Nestes casos,
os índices de perda de vidas, ferimentos e danos materiais são muito alarmantes.

Melhorias físicas devem ser feitas para proporcionar condições mais seguras
nas Passagens de Nível. A escolha do tipo de melhoria a ser implementada em
cada situação vai depender das condições de cada local, baseadas em vários
parâmetros que influenciam na segurança de cada travessia.

Neste trabalho identifica-se os parâmetros que influem na segurança dos


cruzamentos e procura-se adotar critérios para avaliação dos mesmos visando
determinar um Índice de Criticidade (IC). Com base neste índice é possível
priorizar os cruzamentos que necessitam de intervenção e, consequentemente, o
tipo de intervenção a ser utilizado, baseado nos riscos para os usuários.

Assim, defini-se um Índice de Criticidade (IC) para classificação das


passagens de nível baseado em parâmetros quantitativos e qualitativos.Para se
chegar a proposta deste índice foram pesquisados diferentes métodos de análise
de passagens de nível apresentados na literatura e que vêem sendo utilizados por
algumas Empresas Ferroviárias

10
1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A MRS Logística S. A. iniciou suas operações em primeiro de dezembro de


1996, assumindo a chamada Malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal S. A.
(RFFSA), por intermédio da privatização da mesma, em um modelo que consistia
na transferência dos serviços de transporte ferroviário de cargas e no
arrendamento dos bens operacionais para o setor privado.

A Malha Sudeste da RFFSA foi constituída pela fusão da Superintendência


Regional, com sede em Juiz de Fora (SR-3), formada pelas linhas de bitola larga
(1,60m), da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), e da
Superintendência Regional com sede em São Paulo (SR-4), formada pelas linhas
da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí (EFSJ), também de bitola larga. Sendo
assim, a Malha Sudeste tem uma extensão de 1.674 km de linhas entre os
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Pela sua extensão, a MRS Logística atravessa hoje mais de uma centena de
cidades, em muitas delas dividindo seu centro urbano. O Artigo 10, do Decreto
1.832, de 04 de março de 1996, diz “A Administração Ferroviária não poderá
impedir a travessia de suas linhas por outras vias, anterior ou posteriormente
estabelecidas, devendo os pontos de cruzamento serem fixados pela
Administração Ferroviária, tendo em vista a segurança do tráfego ferroviário e
observadas as normas e a legislação vigentes”.

Para atender a este Artigo, a MRS tem que estabelecer a ligação entre os
dois lados das cidades por ela dividida, contabilizando hoje cerca de 10761

1
Valor baseado em levantamento executado em 1997. Esta quantidade está desatualizada, pois
até a presente data houve o fechamento e abertura de passagens de nível, algumas até
clandestinamente. Este levantamento será atualizado pela MRS durante o ano de 2006.

11
interferências entre a via férrea e as vias públicas. Destas interferências, cerca de
204 são passagens inferiores, 236 são passagens superiores e 636 são
passagens de nível.

Passagem de nível, segundo o Código Nacional de Trânsito (CNT), Lei nº


9.503, de 23 de setembro de 1997, é “todo cruzamento de nível entre uma via e
uma linha férrea ou trilho de bonde com pista própria”.

Sendo assim, as passagens de nível rodoviárias são os cruzamentos de dois


importantes modais de transporte: o rodoviário e o ferroviário. Estes cruzamentos
são pontos de alto risco e, embora a freqüência de acidentes ferroviários seja
inferior a de acidentes de outros modais viários, o índice de gravidade é bem
elevado. Nestes casos, os índices de perda de vidas, ferimentos e danos
materiais são muito alarmantes, especialmente, devido à diferença entre os
veículos envolvidos, ou seja, uma composição ferroviária e um veículo rodoviário.
Um agravante aos riscos em cruzamentos é o fato da composição ferroviária não
poder parar imediatamente, necessitando de um longo trecho para vencer a
inércia e reduzir a velocidade.

De acordo com dados fornecidos pela empresa, em 2001 foram registrados


50 (cinqüenta) abalroamentos e 64 (sessenta e quatro) atropelamentos em
passagens de nível. Em 2005, foram 21 (vinte e um) abalroamentos e 50
(cinqüenta) atropelamentos, ou seja, uma redução de 37,7%. Apesar desta
redução, o número de acidentes ainda é muito elevado.
As conseqüências destes acidentes são abalroamentos com danos materiais
e/ou ferimentos e/ou mortes de pessoas assim como, atropelamentos com
ferimentos e/ou mortes. Esta situação acarreta o sofrimento de pessoas, o
aumento de encargos para a sociedade, o desgaste da imagem da empresa
perante a sociedade e prejuízos com o pagamento de indenizações às vítimas ou
a seus familiares.

De acordo com o Comitê de Planejamento da ANTF no Brasil existem cerca


de 12.400 passagens de nível, sendo que 2.503 são consideradas críticas pelas
operadoras. Entre as consideradas críticas, 134 passagens de nível foram

12
consideradas prioritárias, pois além de abalroamentos e atropelamentos a
condição destes cruzamentos força a redução da velocidade dos trens nestes
trechos, o que reduz a competitividade das ferrovias.

No ano de 2005, até o dia 30 de outubro, a MRS foi citada em 56 (cinqüenta e


seis) ações judiciais com alegação de atropelamentos ou abalroamentos em
passagens de nível.

Considerando a hipótese de condenação da MRS em todos os processos


contra ela movidos, e com base na provisão feita pela assessoria jurídica, levando
em conta o pedido formulado pelos autores, as características de cada ação e o
andamento da mesma, os valores a serem pagos estariam em torno de R$
3.500.000,00.

Muitos fatores podem contribuir para ocorrências de acidentes em passagens


de nível. Fatores físicos, relacionados à área do cruzamento, fatores operacionais
do tráfego rodoviário e ferroviário, e fatores comportamentais, relacionados à
maneira que motoristas e pedestres reagem às condições encontradas.

Em relação a fatores comportamentais, envolvendo motoristas e pedestres,


são necessárias medidas de médio e longo prazo visando conscientização dos
mesmos quanto aos riscos envolvidos em travessias rodo-ferroviárias.

Porém, melhorias físicas devem ser feitas para proporcionar condições mais
seguras nas Passagens de Nível. A escolha do tipo de melhoria a ser
implementada em cada situação vai depender das condições de cada local,
baseadas em vários parâmetros que influenciam na segurança de cada travessia.

Torna-se necessário então, identificar os parâmetros que influem na


criticidade dos cruzamentos e adotar critérios para avaliação dos mesmos. Assim,
será possível classificar as passagens de nível em função de um índice de
criticidade e priorizar as adequações de sinalização.

1.2 OBJETIVO

13
Esta monografia tem como objetivo identificar os parâmetros que têm
influência na segurança das passagens de nível e, a partir destes, definir um
Índice de Criticidade que tornará possível priorizar os cruzamentos que
necessitam de intervenção e, consequentemente, o tipo de intervenção a ser
utilizado, baseado na probabilidade de existência de riscos para os usuários.

Portanto, deve-se estabelecer um modelo para classificação das passagens


de nível, baseado em parâmetros quantitativos e qualitativos que serão avaliados
em uma revisão bibliográfica, visando definir o tipo de sinalização mais adequado
para cada cruzamento e a prioridade de intervenção.

1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O presente trabalho está estruturado em seis capítulos. No Capítulo 1,


Introdução, se desenvolve um breve histórico da MRS Logística S. A., expondo o
problema com passagens de nível, a justificativa e a relevância do trabalho, assim
como o objetivo e a estrutura da monografia.

Sendo que cada passagem de nível necessita de um tipo de sinalização


para proporcionar ao usuário nível o de segurança adequado, no Capítulo 2,
Tipos de Sinalização, apresentam-se os principais tipos de proteção para um
cruzamento rodo-ferroviário e suas definições.

No Capítulo 3 – Fatores de Risco em Passagens de Nível, analisa-se as


principais características físicas da área do cruzamento, assim como fatores
operacionais de tráfego, que influem na segurança dos cruzamentos.

O Capítulo 4 – Indicadores de Análise de Passagens de Nível, traz uma


revisão bibliográfica dos principais indicadores utilizados para definição do tipo de

14
proteção adequado para cada cruzamento e identifica-se a relação entre os
fatores de risco e os indicadores.

No Capítulo 5, Proposta de Formulação de um Índice de Criticidade para


Passagens de Nível, formula-se o Índice de Criticidade (IC), utilizando os pontos
positivos dos Indicadores definidos.

No Capítulo 6 – Conclusões e Recomendações – são apresentadas as


conclusões deste trabalho e recomendações.

15
2 TIPOS DE SINALIZAÇÃO

As passagens de nível são dotadas de sinalização para proporcionar níveis


de segurança aos usuários e permitir que a operação ferroviária seja eficiente.
Motoristas e pedestres ao se aproximarem de um cruzamento, têm que estar
cientes da situação de risco a que estão expostos. Para isto, é necessário que a
sinalização existente atenda a certas exigências mínimas, requeridas pela
legislação vigente, para que os motoristas possam identificar e direcionar sua
atenção ao cruzamento e tomar a decisão correta para atravessá-lo ou não.

Segundo o Manual de Cruzamentos Rodo-ferroviários (1979), que é uma


publicação do DENATRAN, destinado a servir de fonte de consulta aos técnicos
dos diversos órgãos de trânsito, sem ter a força de lei, dispositivos que permitam
a travessia de pessoas e veículos por uma PN, de forma segura e eficiente, de
acordo com as condições locais, são denominados “Proteção de um Cruzamento”
e, são divididos em três grupos: Proteção Passiva, Proteção Ativa com Operação
Manual e Proteção Ativa com Operação Automática.

2.1 PROTEÇÃO PASSIVA

A Proteção Passiva é o tipo de proteção caracterizada por fornecer


informações permanentes ao longo do tempo, independente da existência ou não
do perigo, ou seja, é uma sinalização que não varia de acordo com a presença de
um trem no cruzamento.

A sinalização pode ser feita através de placas (sinalização vertical) fixadas na


mão de direção da via pública, na lateral da mesma, ou de marcações no
pavimento (sinalização horizontal). Este tipo de sinalização facilita a identificação

16
da passagem de nível e adverte o usuário sobre existência da mesma, porém,
não avisa sobre a presença ou não de um trem nas proximidades.

De acordo com a NBR 8736 – Proteção para a Passagem de Nível Rodoviário


em Via Férrea – Classificação (1985), o tipo de sinalização passiva (ver Anexo
01) a ser adotado pode ser dividido em:

- Tipo 0: Travessia com entradas e vias particulares;


- Tipo 1a: Proteção simples;
- Tipo 1b: Proteção simples, incluindo sinalização de advertência.

Todas as passagens de nível deverão ser dotadas de, no mínimo, sinalização


passiva, composta dos seguintes elementos, apesar do Manual Rodoferroviário
não especificá-lo para PN do tipo 0.

- Mastro em tubo metálico de 100mm de diâmetro;


- Placa de Advertência em formato de Cruz de Santo André, exibindo a
inscrição: CRUZAMENTO – LINHA FÉRREA;
- Placa de Indicação informando o número de linhas a cortarem a
passagem de nível, desde que este número seja superior a um;
- Placa de Regulamentação transmitindo a ordem: PARE – OLHE –
ESCUTE.

A obrigatoriedade do motorista parar o veículo antes de um cruzamento rodo-


ferroviário é garantida pelo Código de Trânsito Brasileiro, no art. 212, sendo
infração gravíssima, sujeito a multa a não observância desta regra, podendo o
condutor perder até sete pontos na carteira.

2.2 PROTEÇÃO ATIVA COM OPERAÇÃO MANUAL

De acordo com o Railroad-Highway Grade Crossing Handbook (1986),


Proteção Ativa é aquela que avisa aos usuários sobre a aproximação ou presença

17
de trens no cruzamento. São de operação manual quando dependem diretamente
do homem para ativar a sinalização. É um tipo de sinalização mais seguro que a
Sinalização passiva.

O aviso ao usuário da rodovia pode ser simplesmente por sinais feitos por um
guarda ou por utilização de barreiras de acionamento manual, no caso de
operação sem energia elétrica. Em cruzamentos dotados de equipamentos
elétricos, o acionamento da sinalização, seja ela, sonora, luminosa e/ou com
barreira manual, deve ser feita pelo acionamento de um interruptor ou botão de
comando por um guarda.

Segundo a NBR 8736 (1985) e também de acordo com o Manual de


Cruzamentos Rodoferroviários (1979), a proteção ativa com operação manual é
subdividida em:

- Operação Manual sem Energia Elétrica:


- Tipo 2a: Balizador Manual;
- Tipo 2b: Cancela Manual;
- Tipo 2c: Balizador Manual com sinalização de Advertência;
- Tipo 2d: Cancela Manual com sinalização de Advertência.

- Operação Manual com Energia Elétrica:


- Tipo 3a: Campainha com Controle Manual;
- Tipo 3b: Sinais Luminosos com Controle Manual;
- Tipo 3c: Campainha e Sinais Luminosos com Controle Manual;
- Tipo 3d: Campainha e Cancela Manual;
- Tipo 3e: Sinais Luminosos e Cancela Manual;
- Tipo 3f: Campainhas, Sinais Luminosos e Cancela Manual.

Mesmo nos casos onde a sinalização ativa estiver presente, a condição


mínima de Sinalização Passiva deve ser atendida, para que suas mensagens
possam ser perfeitamente interpretadas e obedecidas por motoristas e pedestres.

18
2.3 PROTEÇÃO ATIVA COM OPERAÇÃO AUTOMÁTICA

Este é o tipo de sinalização mais seguro e, também de maior custo de


implantação e operação, quando comparado aos demais. Todos os tipos de
proteção (luminosa, sonora e cancelas) são acionados pelo próprio trem, que, ao
ocupar o circuito de via do cruzamento, provoca o acionamento do equipamento.
É um equipamento que informa a motoristas e pedestres da passagem de nível
sobre a aproximação ou presença de um trem no cruzamento.

O acionamento da proteção ativa de comando automático deverá preceder a


chegada do trem à passagem de nível em tempo suficiente para que o maior
veículo rodoviário a trafegar pelo local e que esteja iniciando a travessia no
momento em que a sinalização seja alarmada, possa concluir com segurança o
cruzamento.

Ainda segundo o Manual de Cruzamentos Rodoferroviários (1979) e a NBR


8736 (1985), a Proteção Ativa com Operação Automática pode ser assim
classificada:

- Tipo 4a: Campainha e Sinais Luminosos com Controle Automático e


- Tipo 4b: Cancela Automática.

Como nos casos de proteção ativa de operação manual, a operação


automática da sinalização não dispensa o uso da sinalização passiva, vertical e
horizontal, quando for o caso.

19
3 FATORES DE RISCO EM PASSAGENS DE NÍVEL

As características físicas da área onde a passagem de nível (PN) se encontra,


assim como aspectos operacionais do tráfego ferroviário e o rodoviário existentes
no local, influenciam na ocorrência de situações de riscos e, consequentemente,
de possíveis acidentes.

Existem vários tipos de proteção a serem utilizadas em cruzamentos rodo-


ferroviários. A escolha do tipo de sinalização a ser adotada vai depender das
características do local. Sendo assim, é necessário identificar os fatores que
podem trazer riscos às passagens de nível. Essas informações serão utilizadas
para análise, avaliação e definição do tipo de proteção adequada para minimizar
este risco, fazendo o correto gerenciamento das passagens de nível,
estabelecendo níveis de segurança adequados.

Deve-se fazer então, um levantamento dos parâmetros mais importantes que


afetam a segurança nas passagens de nível.

3.1 CLASSIFICAÇÃO RODOVIÁRIA

A classificação das rodovias normalmente é feita levando em consideração o


movimento do tráfego e o acesso ao local. Entende-se que o usuário ajusta seu
comportamento de acordo com as condições físicas e operacionais encontradas.
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (2005), Lei 9.503 de 23/09/97, Art
60, as vias abertas à circulação, de acordo com sua utilização, classificam-se em:

I - vias urbanas:

a) via de trânsito rápido;

20
b) via arterial;
c) via coletora;
d) via local;

II - vias rurais:
a) rodovias;
b) estradas.

Sendo assim definidas pelo mesmo Código:

VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por acessos especiais


com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes
lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.

VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente


controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias
secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha
necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arterial, possibilitando
o trânsito dentro das regiões da cidade.
VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em nível não
semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas.

Para vias rurais, a Classificação Técnica do DNER, atual DENIT


(Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) é utilizada. Nela, as
características físicas da rodovia definem os grupamentos da classe da rodovia
em:

RODOVIA DE CLASSE 0 – características geométricas do mais alto padrão,


mínimo de duas pistas, interseções em desnível, controle total de acesso e
bloqueio de pedestres. Grande volume de tráfego, velocidade entre 80 e 120
km/h.
RODOVIA DE CLASSE I – características geométricas de elevado padrão, grande
volume de tráfego, controle parcial de acesso, velocidade entre 60 e 100 km/h.

21
RODOVIA DE CLASSE II – características geométricas compatíveis com volumes
razoáveis de tráfego, pista simples, velocidade entre 50 e 100 km/h.
RODOVIA DE CLASSE III – características geométricas com restrições, pista
simples, velocidade entre 40 e 80 km/h.
RODOVIA DE CLASSE IV – características geométricas restritas, pista simples,
pequeno volume de tráfego, velocidade entre 30 e 60 km/h.
3.2 NÚMERO DE FAIXAS

A via pública apresenta diversas características que, em algumas situações,


podem prejudicar a perfeita visualização do cruzamento rodo-ferroviário e da
sinalização existente no local. As rodovias em operação no país normalmente têm
sentido duplo, com uma faixa por sentido, porém existem locais onde duas ou
mais faixas são utilizadas por sentido. Nestes casos, a visibilidade pode ser
prejudicada, especialmente onde o volume de tráfego for muito intenso.

3.3 CONDIÇÕES DO PAVIMENTO

Segundo a NB-114 (1979), a Passagem de Nível Pública tem que ser


revestida, para trânsito rodoviário, pelo menos nas faixas destinadas aos veículos
e nos trechos mínimos em tangente e nível.

Entende-se por trecho em tangente quando, geometricamente, a via pública


se apresenta em linha reta, e por trecho em nível quando o cruzamento se dá no
mesmo nível da via férrea.

A pavimentação dos cruzamentos rodo-ferroviários deve ser mantida no


melhor estado de manutenção possível para facilitar o deslocamento dos veículos
rodoviários. Um pavimento em estado de conservação inadequado pode provocar
redução de velocidade nos veículos e até paradas indevidas sobre a via férrea.

22
O tipo de pavimentação utilizado também deve ser observado, pois somente
em cruzamentos com pavimentação asfáltica, poderá ser implantada a pintura
horizontal.

3.4 VOLUME DO TRÁFEGO RODOVIÁRIO

Para determinação do volume de tráfego rodoviário é necessário um


levantamento de campo onde determina-se o número de veículos rodoviários que
cruzam a passagem de nível durante um período de tempo. Este número sinaliza
a probabilidade de ocorrência de conflitos que possam afetar a segurança do
tráfego.

A composição do tráfego rodoviário também é muito importante, e por isso,


devem-se considerar três tipos de veículos: carros de passeio, coletivos
(normalmente com características operacionais mais restritas do que os carros de
passeio e, geralmente, deixando um número mais elevado de pessoas expostas
ao risco) e caminhões (também com características operacionais restritas em
relação aos demais veículos, necessitando de um tempo maior para atravessar o
cruzamento, devido as suas dimensões).

3.5 TRÂNSITO DE PEDESTRES

A quantidade de pedestres que cruzam a passagem de nível deve ser


considerada. Em áreas urbanas, o tráfego de pedestres pode ser muito intenso,
principalmente em proximidades de fábricas, escolas, conjuntos residenciais,
rodoviárias e comércio. Quanto mais intenso o fluxo de pedestres, maior a
incidência de riscos no cruzamento.

23
3.6 VELOCIDADE MÁXIMA AUTORIZADA NA RODOVIA

Os motoristas devem obedecer à velocidade máxima permitida para cada


local, que será indicada por meio de sinalização visual. De acordo com o Código
de Trânsito Brasileiro (2005), Art. 218, transitar em velocidade superior à máxima
permitida para o local é uma infração que pode ser considerada grave ou
gravíssima, podendo acarretar em multa e até suspensão do direito de dirigir.

A velocidade do veículo rodoviário influencia outro importante parâmetro que


deve ser observado em passagens de nível: a Distância de Visibilidade de
Parada. De acordo com a localização da passagem de nível a velocidade do
veículo poderá ser bastante elevada. Quanto maior a velocidade, menor tempo
tem o motorista para parar o veículo e decidir com segurança atravessar ou não o
cruzamento.

3.7 ILUMINAÇÃO

A iluminação inadequada pode prejudicar as condições de segurança de uma


passagem de nível. Os cruzamentos devem ser dotadas de iluminação
diferenciada da existente na via pública local, visando facilitar sua identificação
para motoristas e pedestres. Deve ser garantida principalmente para evitar
acidentes noturnos.

De acordo com o Railroad-Highway Grade Crossing Handbook (1986) a


iluminação deve ser efetiva sobre as seguintes condições:

• Tráfego noturno de trens;


• Locais onde trens operam em baixas velocidades;
• Passagens de nível fechadas por longos períodos à noite;

24
• Históricos de acidentes mostram que motoristas costumam falhar na
percepção da presença do trem ou na identificação da sinalização,
principalmente à noite;
• Triângulo de visibilidade ou visibilidade de parada são restritos;
• Passagens de nível onde a luz dos faróis dos carros que esperam do outro
lado da PN passa por debaixo do trem podendo fazer com que os
motoristas no sentido oposto, ao verem os faróis, julguem que o caminho
está livre.

A falta de iluminação, ou iluminação insuficiente, pode proporcionar redução


da visibilidade nas passagens de nível. Esta situação pode fazer com que a
sinalização existente no local não seja percebida, escondendo os perigos
existentes e as condições de risco próprias de cruzamentos rodo-ferroviários.

3.8 DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE DE PARADA

O Manual de Cruzamentos Rodoferroviários (1979) define Distância de


Visibilidade de Parada como a distância de visibilidade necessária para o veículo
parar com segurança, após o motorista perceber um objeto na pista. É a distância
de visibilidade mínima, na rodovia, que tenha comprimento suficiente para permitir
que o veículo pare, trafegando na velocidade máxima permitida no trecho antes
de alcançar o objeto. Todas as passagens de nível precisam ter a Distância de
Visibilidade de Parada atendida.

A Figura 3.1, retirada do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários (1979),


mostra um veículo que se aproxima de um cruzamento com proteção ativa.

O motorista que se encontra no ponto A, ao identificar a sinalização (ponto C),


deve ter uma distância que torne possível parar o veículo antes do cruzamento. A
Distância de Visibilidade de Parada (D.V.P.) é a soma da distância percorrida pelo
veículo durante o tempo de percepção e reação (Dp) e a distância percorrida
durante a frenagem (Df). Logo:

25
D.V.P. = Dp + Df

Para o dimensionamento das distâncias Dp e Df utiliza-se as seguintes


expressões:

Dp = 0,28 x Vr x Tp
Df = Vr2 / [254 (f +i)]

Distância de Visibilidade de Parada

Controle
C - O veículo se detém
após a frenagem.

Df
D.V. P

B - O motorista reage,
acionando o sistema de
Dp freio.

A - O motorista identifica
a mensagem fornecida
pelo controle

D.V.P. = Distância de Visibilidade de Parada (m)


Dp = Distância percorrida durante o tempo de percepção
e reação (m)
Df = Distância de frenagem (m)

FIG. 3.1 – Distância de Visibilidade de Parada


Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários

Onde:

Vr = Velocidade de regulamentação no trecho da rodovia que compreende o


cruzamento (km/h)
Tp = 2,5 s (tempo de percepção e reação do motorista)

26
f = coeficiente de atrito
i = rampa da rodovia

3.9 TRIÂNGULO DE VISIBILIDADE

De acordo com o Manual de Cruzamentos Rodoferroviários, ao aproximar-se


de um cruzamento rodo-ferroviário, o motorista de um veículo deve ter visibilidade
que abranja o cruzamento e uma área lateral que seja suficiente para que ele
possa controlar seu veículo no caso da aproximação de um trem e evitar
situações perigosas, ou seja, uma área onde a visibilidade seja suficiente para
que o motorista tome a decisão de parar ou não, com segurança. Este Triângulo
de Visibilidade está ilustrado na Figura 3.2, onde:

DT = Dp + Df + Do

Em que:

Dp = Distância percorrida durante o tempo de percepção e reação;


Df = Distância de frenagem;
Do = Distância entre os olhos do motorista e a linha férrea;
DL = Distância necessária para que o veículo, em A, possa atravessar o
cruzamento com segurança;
Dlo = Distância necessária para que o veículo, parado em C, atravesse o
cruzamento;
Ds = Distância adicional de segurança do outro lado dos trilhos.

27
Triângulo de Visibilidade
Dlo
E
DL

Ds G F D

Do

Df

DT

Dp

FIG. 3.2 – Triângulo de Visibilidade


Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários

Como já foi dito, o Manual de Cruzamentos Rodo-ferroviários é uma fonte de


consulta sem, entretanto ter a força de lei. Todo o trânsito no território nacional é
regido pelo Código de Trânsito Brasileiro, instituído pela Lei Nº 9.503 de 23 de
setembro de 1997.

Este Manual institui o que denomina “Triângulo de Visibilidade”


desconsiderando o Código de Trânsito Brasileiro, que determina no Art. 212 que
deixar de parar o veículo antes de transpor a linha férrea é infração gravíssima,
sujeito à multa e perda de sete pontos na carteira de motorista.

Outro ponto observado em relação a este Manual está na Lei 6766 de 19 de


dezembro de 1979 que estabelece ser proibida construção à distância inferior a
15 metros do eixo da linha férrea. Portanto, se edificações são permitidas à
distância igual ou superior à de 15 metros do eixo da ferrovia, em alguns casos,
torna-se inviável a aplicação do triângulo de visibilidade instituído pelo referido

28
Manual, pois, a existência de construção em tal distância da linha prejudicaria o
campo de visibilidade do motorista.

Com efeito, a visibilidade para motoristas se dará quando ultrapassada a


divisa da faixa ferroviária, quando, deverá parar o seu carro e se certificar da
aproximação de qualquer trem e então decidir sobre cruzar a linha ou aguardar a
passagem de qualquer trem que porventura esteja se aproximando e situado
dentro de seu campo de visibilidade. Sendo assim, o que precisa ser garantido é
a Visibilidade de Parada e não necessariamente o triângulo de Visibilidade.

3.10 NÚMERO DE LINHAS

Os riscos inerentes a um cruzamento rodo-ferroviário estão intimamente


relacionados ao número de linhas férreas existentes. Quanto maior o número de
linhas, maiores serão os riscos, pois o veículo irá demorar mais tempo para
atravessar a passagem de nível, dificultando a avaliação do risco pelo motorista,
principalmente nos casos em que dois ou mais trens atravessem o cruzamento ao
mesmo tempo.

3.11 VOLUME DE TRÁFEGO FERROVIÁRIO

Assim como o número de linhas, o número de trens que atravessam um


cruzamento afeta diretamente a segurança em uma passagem de nível. Quanto
mais trens atravessam um cruzamento, maiores os riscos envolvidos.

Este é um fator que deve ser observado com atenção, pois a NB-114/1979
(Passagem de Nível Pública), diz no item 4.4.11 que “em via férrea, com intervalo
de tráfego inferior a 30 minutos, não se permite PN”. Ou seja, se o número de
trens que atravessam o cruzamento for tal que o intervalo entre eles seja menor

29
do que 30 minutos, a norma contra-indica a permanência desta passagem de
nível.

3.12 HISTÓRICO DE ACIDENTES

De acordo com o Artigo 2º, da Resolução nº. 44, de 04 de julho de 2002,


publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 12 de julho de 2002, considera-se
como acidente ferroviário a ocorrência que, com participação direta do trem ou
veículo ferroviário, provocar danos a pessoas, veículos, instalações, ao meio
ambiente e a animais.

Um indicador do nível de segurança oferecido em uma passagem de nível é a


quantidade e a gravidade dos acidentes que ali ocorreram durante certo intervalo
de tempo. Estes dados representam a potencialidade de perigo em cada
cruzamento e, devem ser usados juntamente com outros parâmetros na escolha
das melhorias que serão recomendadas.

3.13 RAMPA

De acordo com a NB-114 (1979), passagens de nível só são admitidas em


trecho em nível para ambas as vias, sendo admitida uma rampa máxima de até
3% para a via férrea.

Apesar de serem proibidos, muitos cruzamentos não se enquadram na


condição acima citada. A rampa, principalmente na rodovia, pode acarretar a
diminuição da visibilidade (aclives) e aumento da distância de frenagem
(declives). Em PN com rampa rodoviária, por exemplo, o motorista pode parar o
carro sobre a linha para então, certificar-se da aproximação ou não de uma
composição ferroviária. Este fato intensifica as condições de risco em um
cruzamento.

30
4 INDICADORES DE ANÁLISE DE PASSAGENS DE NÍVEL

A potencialidade de risco em uma passagem de nível está diretamente


relacionada aos parâmetros que foram definidos no Capítulo anterior. A
identificação de alguns indicadores que relacionem tais parâmetros é de
fundamental importância para a determinação das necessidades locais e,
também, para definir prioridades de intervenção.

Segundo Gomes et al (2000) apud Campos (2005), de acordo com os


objetivos em estudo os indicadores e índices podem servir para um conjunto de
aplicações, entre elas:

• atribuição de recursos - suporte de decisões, ajudando os decisores ou


gestores na atribuição de fundos, alocação de recursos naturais e
determinação de prioridades;
• classificação de locais - comparação de condições em diferentes locais ou
áreas geográficas;
• cumprimento de normas legais - aplicação a áreas específicas para clarear
e sintetizar a informação sobre o nível de cumprimento das normas ou
critérios legais;
• análise de tendências - aplicação a séries de dados para detectar
tendências no tempo e no espaço;
• informação ao público - informação ao público sobre os processos de
desenvolvimento sustentável;
• investigação científica - aplicações em desenvolvimentos científicos
servindo nomeadamente de alerta para a necessidade de investigação
científica mais aprofundada.

Gomes et al (2000) apud Gomes (2005) apresentam ainda dos principais


conceitos associados à utilização de indicadores e índices:

31
• parâmetro: grandeza que pode ser medida com precisão ou avaliada
qualitativamente/quantitativamente e que se considera relevante para a
avaliação dos sistemas ambientais, econômicos, sociais e institucionais;
• indicador: parâmetros selecionados e considerados isoladamente ou
combinados entre si, sendo de especial pertinência para refletir
determinadas condições dos sistemas em análise (normalmente são
utilizados com pré-tratamento, isto é, são efetuados tratamentos aos dados
originais, tais como médias aritméticas simples, percentis, medianas, entre
outros);
• sub-índice: constitui uma forma intermédiaria de agregação entre
indicadores e índices, pode utilizar métodos de agregação tais como os
discriminados para os índices;
• índice: corresponde a um nível superior de agregação, onde após aplicado
um método de agregação aos indicadores e/ou aos sub-índices é obtido
um valor final.

Através de uma revisão bibliográfica, foram identificados alguns indicadores


em normas técnicas da ABNT, Manuais de Sinalização e em procedimentos
usados pela Rede Ferroviária. Estes indicadores serão descritos a seguir.

4.1 GRAU DE IMPORTÂNCIA DE TRAVESSIA RODOVIÁRIA

A NB 1238 (1989), Determinação do Grau de Importância de travessia


rodoviária através de via férrea, fixa as condições exigíveis para a determinação
do Grau de Importância (Gi). O Procedimento N-DES.017 – Concessão, Projeto e
Manutenção (1986), da RFFSA, também trata de parâmetros para avaliação do
Gi.

O Grau de importância é um indicador que relaciona o fluxo de veículos


rodoviários e a quantidade de trens que passam por um cruzamento por um dia
com um fator representativo das condições operacionais da PN:

32
Gi = f x T x V

Onde:

f = fator representativo das condições de visibilidade, características de


localização e composição de trânsito da PN.
T = quantidade de veículos ferroviários que cruzam a PN, em ambos os sentidos,
por dia.
V = volume de veículos rodoviários que cruzam a PN, em ambos os sentidos, por
dia.

Para a determinação do fator f, é adotada a tabela 4.1.

Com base em um levantamento de campo, deve-se assinalar um valor


(coluna 2) para cada característica (coluna 1) apresentada na Tabela 4.1.
Multiplica-se este valor pelo peso de importância (coluna 3), encontrando-se
então, o valor final (coluna 4) para cada característica. Somando-se todas as
parcelas do valor final e dividindo-se o total por 100, encontra-se f, um coeficiente
que varia entre 1 e 2.

Entende-se por trânsito não habitual a presença de turistas de fim de semana


e feriados, festas locais que atraem muitos visitantes, épocas de colheitas (safra),
que por não saberem da existência do cruzamento, afetam a segurança do
mesmo.

33
Peso de Valor final
Característica da travessia Valor
Importância (2x3)
1 2 3 4
01 acima de 300m 2
02 Visibilidade (150 a 300)m 3 10
03 abaixo de 150m 4
04 abaixo de 3% 2
Rampa máx. de
05 aproximação via (3 a 5)% 3 7
pública
06 acima de 5% 4
07 abaixo de 40km/h 2
VMA do trem
08 (40 a 80)km/h 3 7
mais rápido
09 acima de 80km/h 4
10 via simples 2
Nº de vias
11 via dupla 3 6
férreas
12 via tripla ou mais 4
13 abaixo de 50km/h 2
VMA na via
14 (50 a 80)km/h 3 5
pública
15 acima de 80km/h 4
16 até 5% 2
Trânsito de
17 (5 a 20)% 3 5
ônibus
18 acima de 20% 4
19 até 5% 2
Trânsito de
20 (5 a 20)% 3 4
caminhões
21 acima de 20% 4
22 até 5% 2
Trânsito não
23 (5 a 20)% 3 4
habitual
24 acima de 20% 4
25 até 5% 2
Trânsito de
26 (5 a 20)% 3 2
pedestres
27 acima de 20% 4
28 Total

Tabela 4.1: Cálculo do fator representativo das condições de visibilidade


Fonte: NB-1238

34
De acordo com o valor de Gi encontrado, pode-se efetuar a escolha preliminar
de um tipo de proteção a ser utilizado, conforme a Tabela 4.2 a seguir:

Proteção
Gi
Recomendada
Gi ≤ 20.000 SOS
SMG - SML
Gi ≥ 20.000
SAG - SAL

Tabela 4.2: Proteção recomendada de acordo com o Grau de Importância


Fonte: Procedimento N-DSE.017 - RFFSA

A proteção recomendada segue a classificação apresentada no Procedimento


N-DSE.018 – Passagem de Nível – Cadastro (1986), da RFFSA:

ƒ SSI – Sem qualquer tipo de proteção (placa, sinal ou barreira);


ƒ SOS – Sem aviso de aproximação de trem (sinalização passiva, só placas);
ƒ SMG – Sinalização manual com guarda-cancela (bandeiras, cancelas manuais
sem energia elétrica, cancelas manuais com energia elétrica mas com
acionamento pelo guarda-cancela, isto é, sem circuito de via);
ƒ SML – Sinalização Manual sem guarda-cancela (acionamento a distância,
como de estação, por exemplo, sem circuito de via);
ƒ SAG – Sinalização automática com guarda-cancela (acionamento pelo circuito
de via);
ƒ SAL – Sinalização automática sem guarda-cancela (acionamento pelo circuito
de via).

4.2 FATOR PONDERADO DE ACIDENTES (FPA)

As condições para a determinação do Fator Ponderado de Acidentes estão


especificadas na NB-1239, de agosto de 1989. Para o cálculo da potencialidade
de risco de uma PN, função dos acidentes nela verificados, é adotado o FPA dos
últimos 5 anos (FPA5), calculado pela fórmula:

35
FPA5 = 9,5M + 3,5F + D

Onde:

M = Número de acidentes com mortos, em cinco anos.


F = Número de acidentes com feridos, em cinco anos.
D = Número de acidentes com apenas danos materiais, em cinco anos.

De acordo com o Manual de Cruzamentos Rodoferroviários (1979), o FPA5


representa a intensidade e a severidade dos acidentes na passagem de nível
durante os últimos cinco anos. Um cruzamento que possui um elevado FPA5
apresenta maior potencialidade de perigo e, consequentemente, requer para os
usuários melhorias mais completas e eficientes.

Os valores do Fator Ponderado de Acidentes esperados para as condições


típicas, podem ser determinados através da análise dos acidentes ocorridos em
um cruzamento com características semelhantes ao cruzamento em estudo. Onde
tal análise não for possível, valores generalizados de Fator Ponderado de
Acidentes (FPAT), para 5 anos, em condições típicas, são apresentados na
Tabela 4.3.

FPAT
Cruzamento Localizados em:

Vias Expressas 20
Áreas Vias Arteriais 17
Urbanas Vias Coletoras 14
Vias Locais 10
Vias de Classe 0 15
Vias de Classe I 13
Áreas
Vias de Classe II 10
Rurais
Vias de Classe III 7
Vias de Classe IV 5

Tabela 4.3: Valores de Fator Ponderado de Acidentes Típico


Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários

36
Através da comparação do FPA calculado para 5 anos com o FPA típico para
cruzamentos semelhantes, pode-se concluir se a PN tem um FPA elevado,
necessitando assim de melhorias, ou seja, se

FPA5 > FPAT

a PN apresenta um FPA elevado, e consequentemente, condições mais


perigosas do que as condições típicas esperadas para o cruzamento, e requer
intervenções imediatas para melhorias.

Caso os dados disponíveis sejam de um período inferior a cinco anos e maior


do que seis meses, pode-se determinar o Fator Ponderado de Acidentes de n
meses (FPAn meses) observado no local:

FPAn meses = 9,5M’ + 3,5F’ + D’

Onde:

M’ = Número de acidentes com mortos, em n meses.


F’ = Número de acidentes com feridos, em n meses.
D’ = Número de acidentes com apenas danos materiais, em n meses.

Em seguida, determina-se o Fator Ponderado de Acidentes, em n meses,


para as condições típicas (FPAT n meses), através da seguinte fórmula:

FPAT n meses = FPAT x n x 1,30


60

Onde:

FPAT = Fator Ponderado de Acidentes para as condições típicas em 5 anos.


n = Número de meses com dados de acidentes disponíveis.

Neste caso, a determinação da criticidade do cruzamento é feita pela seguinte


comparação:

37
FPAn meses > FPAT n meses

Em resumo:

O Cruzamento apresenta
FPA 5 > FPAT um FPA elevado
O Cruzamento apresenta
FPA n meses > FPAT n meses um FPA elevado

Tabela 4.4: Comparativo Fator Ponderado de Acidentes


Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviário

O FPA5 elevado indica que a PN necessita de alguma intervenção, porém,


outros fatores devem ser avaliados para identificar que tipo de melhorias são os
mais indicados para a mesma.

4.3 MOMENTO DE CIRCULAÇÃO

De acordo com o procedimento N-DES.017 – Passagem de Nível -


Concessão, Projeto e Manutenção – RFFSA (1986) e com a NB-666 (1989), o
Momento de Circulação é calculado pela fórmula:

K = (VD x TD + 1,4 VN x TN) x L

Em que:

K = Momento de Circulação
VD = Volume de veículos rodoviários durante o dia
VN = Volume de veículos rodoviários durante a noite
TD = Quantidade de trens durante o dia
TN = Quantidade de trens durante a noite

38
L = Fator de ajustamento para a quantidade de vias férreas

O fator L varia de acordo com o número de linhas do cruzamento, como


mostrado na Tabela 4.5 a seguir:

Número de
L
Linhas
1 1
2 1,3
3 ou mais 1,5

Tabela 4.5: Determinação do Fator L


Fonte: Manual De Cruzamentos Rodoferroviários

A determinação do volume de veículos rodoviários e de composições


ferroviárias que circulam pelo cruzamento será feita através de levantamentos de
campo. De acordo com a NB-1238 (1989), a contagem deve ser realizada em dia
útil, representativo do ano, de preferência em numa terça, quarta ou quinta-feira e
fora de circulação sazonal (temporada de turismo, de praia, de estação de águas,
de férias, de festa ou outra).

Com a determinação do volume dos diferentes tipos de veículos (carros de


passeio, ônibus e caminhões) é necessário transformá-los a uma base comum
para se poder comparar volumes com composições diferentes.

Para realizar esta homogeneização do volume de tráfego aplica-se aos


volumes correspondentes de cada tipo de veículo, fatores de equivalência que os
transformam em volumes equivalentes de carros de passeio.

O Momento de Circulação é um dado importante, pois ele auxilia na tomada


de decisões sobre o que pode ser feito para minimizar os riscos de acidentes em
um cruzamento.

39
A Tabela 4.6 a seguir mostra melhorias propostas em função do Momento de
Circulação para um cruzamento rodo-ferroviário em área rural e, a Tabela 4.7,
melhorias para cruzamentos em área urbana (ver Anexo 02).

CLASSE DA RODOVIA
K - (10³) Classe 0 Classe I Classe II Classe III Classe IV
0-5 Para este tipo de via 1b 1b 1a 1a
Sem
5 - 25 não é permitido PN. 2b 2b 2a 2a
energia
25 - 50 Caso isto aconteça, é 2c 2c 2a 2a
elétrica
50 necessário protegê-la 2d 2d 2c 2b
0-5 com cancela até que 1b 1b 1a 1a
Com
5 - 25 a PN possa ser 3b ou 4 3b ou 4 2a 2a
energia
25 - 50 separada com 3c 3b ou 4 3b 3b
elétrica
50 travessia em desnível. 5 5 3e 3e
Tabela 4.6: Melhorias em PN (área rural) de acordo com K
Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários

Classificação da Via
Necessidade Vias Vias Vias
K - (10³) Vias Expressas
do Pedestre Arteriais Coletoras Locais
0-5 Para este tipo de 1b 1b 1a
Sem
5 - 25 via não é 2c 1b 1a
energia
25 - 50 permitido PN. 2c 2c 2a
elétrica
50 Caso isto 2d 2c 2b
Baixo aconteça, é 1b 1b 1a
0-5
Alto necessário 3a 3a 3a
Baixo protegê-la com 3b 3b 2c
Com 5 - 25
Alto cancela até que a 4 4 3c
energia
Baixo PN possa ser 4 4 3c
elétrica 25 - 50
Alto separada com 4 4 3d
Baixo travessia em 5 5 3e
50
Alto desnível. 5 5 3f

Tabela 4.7: Melhorias em PN (área urbana) de acordo com K


Fonte: Adaptado do Manual de Cruzamentos Rodoferroviários

4.4 CONSIDERAÇÕES

Como foi dito no início deste Capítulo, a potencialidade de risco em uma


passagem de nível está diretamente relacionada aos parâmetros que foram
definidos no Capítulo anterior. Alguns destes parâmetros foram citados nas

40
descrições de Indicadores como o FPA5, o Gi e K. A Tabela 4.8, a seguir
apresenta um resumo dos parâmetros considerados em cada um dos indicadores:

Parâmetro Gi FPA5 K
Classificação Rodoviária X X
Volume do Tráfego Rodoviário X X
Velocidade Máxima Permitida X
Trânsito de Pedestres X
Visibilidade de Parada X
Número de Linhas X X
Volume do Tráfego Ferroviário X X
Histórico de Acidentes X
Rampa X
Tabela 4.8: Relação entre Indicadores e Parâmetros

Entre os fatores físicos analisados, alguns não são utilizados para o cálculo
dos indicadores:

ƒ Número de Faixas;
ƒ Iluminação;
ƒ Triângulo de Visibilidade;

Para avaliar e tratar corretamente a segurança oferecida aos usuários das


passagens de nível é preciso relacionar todos os elementos físicos citados.

Para isso, será proposto um método que potencialize os pontos positivos dos
Indicadores expostos neste Capítulo e relacione as características físicas, não
consideradas por estes indicadores. Esta ferramenta tem o intuito de melhorar as
condições de segurança oferecidas aos usuários dos cruzamentos
rodoferroviários e definir corretamente o tipo de sinalização a ser utilizada.

41
5 PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE UM ÍNDICE DE CRITICIDADE PARA
PASSAGENS DE NÍVEL

De acordo com o exposto no Capítulo anterior, tem-se três indicadores


normatizados (Gi, FPA e K) que são utilizados na definição do tipo de proteção a
ser utilizado em passagens de nível. Ainda assim, percebe-se que fatores que são
de grande importância para avaliação do risco em um cruzamento rodo-
ferroviário, não são levados em consideração para o cálculo destes indicadores.
Estes fatores devem, assim, compor um índice, visando melhor avaliar o tipo de
proteção a ser utilizado em cada PN. Desta forma, neste Capítulo propõe-se um
Índice de Criticidade (IC), a partir de uma análise de parâmetros de risco e
daqueles que compõem os indicadores Grau de Importância e Momento de
Circulação.

5.1 ANÁLISE CRÍTICA DOS INDICADORES EXISTENTES

Conforme visto no Capítulo anterior, o indicador Gi relaciona o volume de


veículos rodoviários (V) e a quantidade de trens que passam por um cruzamento
(T) por um dia com um fator f representativo das condições físicas da PN.

As características do cruzamento rodo-ferroviário que são analisadas para


determinação do fator f são as seguintes:

- Visibilidade;
- Rampa máxima de aproximação na via pública;
- Velocidade máxima (VMA) do trem mais rápido;
- Número de vias férreas;
- Velocidade máxima (VMA) da via pública;
- Trânsito de ônibus;
- Trânsito de caminhões;

42
- Trânsito não habitual;
- Trânsito de pedestres.

No Capítulo 3, foram definidos parâmetros que são considerados


fundamentais para segurança em uma passagem de nível. Entretanto, apesar do
fator f relacionar importantes características físicas da passagem de nível,
percebe-se que alguns dos parâmetros definidos no referido Capítulo não são
levados em consideração para determinação do mesmo, como:

- Número de faixas;
- Condições do pavimento;
- Iluminação.

O indicador Momento de Circulação relaciona o volume de veículos


rodoviários (VD e VN) com a quantidade de trens (TD e TN), durante o dia e a noite,
multiplicados por L, um fator de ajustamento para a quantidade de vias férreas.

Assim como o Grau de Importância, o Momento de Circulação também


relaciona o volume de veículos rodoviários com a quantidade de trens. Contudo, o
Momento de Circulação é mais específico quanto à determinação dos fluxos
rodoviários e ferroviários, visto que atenta para as diferenças entre o tráfego diário
e noturno.

Quanto a características físicas do cruzamento rodo-ferroviário, o momento


de circulação só considera o número de linhas férreas existentes no cruzamento,
deixando de observar também outros parâmetros importantes.

O indicador Fator Ponderado de Acidentes (FPA), especificado pela NB 1239,


representa a intensidade e a severidade dos acidentes na passagem de nível
durante os últimos cinco anos.

Para determinação do FPA5, são considerados os acidentes ocorridos no


cruzamento durante um período de cinco anos que resultaram em mortos (M),
feridos (F) e em danos materiais (D).

43
De acordo com o que foi descrito no Capítulo 4, o cruzamento rodo-ferroviário
que apresente FPA elevado, ou seja, um cruzamento em condições mais
perigosas do que as condições típicas esperadas para um cruzamento
semelhante, requer melhorias imediatas.

Sendo assim, o Fator Ponderado de Acidentes é um indicador da


potencialidade de risco de uma passagem de nível em função de fatos ocorridos
no passado, porém, não são observadas as características atuais de circulação
ferroviária e rodoviária, assim como não são analisadas as características físicas
do cruzamento.

5.2 MÉTODO PROPOSTO DE AVALIAÇÃO DE PASSAGENS DE NÍVEL

Considerando que o Momento de Circulação (K) e o Grau de Importância (Gi)


têm o mesmo fundamento básico, ou seja, uma relação entre o volume de
veículos rodoviários e a quantidade de trens que passam por um cruzamento, e
que ambos deixam de considerar parâmetros relevantes no que diz respeito à
segurança em passagens de nível, propõe-se um método utilizando os pontos
positivos destes dois indicadores, considerando todos os parâmetros incluídos
nestes e aqueles que não estão inclusos, como: Número de Faixas, Iluminação e
Condições do Pavimento, visando assim definir a proteção indicada com base nas
condições reais do cruzamento.

Assim, tomando como base o Grau de Importância,

Gi = f x T x V

e sabendo que T x V é uma relação entre a quantidade de trens que passam


por um cruzamento e o volume de veículos rodoviários que entretanto não faz
distinção entre os fluxos diurnos e noturnos, pode-se assumir que a parcela que
traz uma relação semelhante no Momento de Circulação seja mais eficiente ao

44
retratar a realidade do cruzamento rodo-ferroviário. Sendo assim, substitui-se esta
parcela e defini-se o Índice de Criticidade (IC) como:

IC = f x (VD x TD + 1,4 VN x TN)

Dessa maneira, potencializa-se os pontos fortes dos dois indicadores, ou seja,


o fator f representativo das condições físicas da PN utilizado no Grau de
Importância, e uma relação quantidade de trens x volume de veículos rodoviários
mais completa, como feito para o Momento de Circulação. Além disso, existem
algumas características físicas que não estão sendo analisadas.

Assim, para o cálculo de f, propõe-se a utilização da Tabela 5.3 em que é feita


uma avaliação física da passagem de nível multiplicada por um peso de
importância, uma ponderação. Nesta tabela, acrescentam-se as características
físicas que não são avaliadas no Grau de Importância, retirando aqueles que
estão redundantes, como o fluxo de veículos. Para definir os pesos destes novos
parâmetros, elaborou-se um questionário com o objetivo de que especialistas em
Engenharia Ferroviária avaliassem a influência destas características do
cruzamento para a segurança do mesmo.

O resultado obtido através da formulação do IC terá a mesma ordem de


grandeza do Momento de Circulação, visto que foi substuído o L, que varia em
função do número de linhas de 1 a 1,5, conforme a Tabela 5.3, pelo novo fator f,
que varia de 1 a 2. Dessa forma, pode-se usar as Tabelas 4.6 e 4.7 (Momento de
Circulação) para determinar o tipo de melhoria a ser adotado em cada passagem
de nível. A diferença é que o dado de entrada, ou seja, o IC é mais consistente
que o MC, visto que considera fatores físicos que influem na segurança dos
cruzamentos.

45
5.3 – DEFINIÇÃO DOS PESOS DOS PARÂMETROS COMPONENTES DO
FATOR f

O questionário, que se encontra no ANEXO 03, foi aplicado via Email e


através de entrevista pessoal e conforme dito anteriormente, o objetivo deste
questionário foi a avaliação dos novos parâmetros considerados para o cálculo do
fator f.

Cabe ressaltar que itens como o Trânsito de Ônibus, Trânsito de Caminhões


e Trânsito Não Habitual são contemplados dentro dos parâmetros VD e VN,
conforme mostrado no Capítulo 4. Sendo assim, estes fatores deixam de ser
considerados para o cálculo de f, pois já estão contabilizados.

Conforme se pode observar, na Tabela 5.3 foram incluídos os parâmetros:


Número de Faixas Rodoviárias, a Condição do Pavimento e a Iluminação para
que se pudesse avaliar todas os parâmetros que influenciam na segurança de um
cruzamento rodo-ferroviário.

Na pesquisa realizada foi, então, solicitado que os especialistas avaliassem a


importância relativa de cada característica, atribuindo maior valor, dentro de uma
escala de 2 a 7, àquela que estimassem ter maior influência e menores valores
aos parâmetros que estimassem menos importantes, garantindo que a soma dos
valores atribuídos aos três parâmetros deve ser igual a 13 (treze). Mantendo esta
relação, o valor do fator f sempre estará entre 1 e 2.

5.4 – RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO FATOR f

Foram enviados 25 (vinte e cinco) questionários por email a especialistas da


área ferroviária no Brasil. Foram recebidos 18 (dezoito) questionários
respondidos, dos quais 17 (dezessete) foram considerados válidos, o que

46
representa 94% do total de respostas. A Tabela 5.1 apresenta a distribuição dos
questionários enviados e respondidos por área de atuação do especialista.

Número de
Área de Atuação questionários
Enviados Respondido
Análise de Riscos 1 1
Atendimento a
Acidentes 1 1
Eletrificação 1 1
Eletroeletrônica 2 1
Engenharia de
Manutenção 2 2
Engenharia de
Operações 1 1
Investigação de
Acidentes 1 -
Material Rodante 5 4
Operação 1 1
Planjamento Transporte 2 2
Via Permanente 8 4

Total 25 18

Tabela 5.1 – Questionários enviados e respondidos por área de atuação

Com base nas informações obtidas com o processamento das respostas aos
questionários foi obtido os pesos dos parâmetros para o cálculo do fator f, como
pode ser visto na Tabela 5.2 a seguir.

Condição
Nº de
do Iluminação Total
faixas
Pavimento
Média 5 4 4 13

Desvio
Padrão 2 2 1

Tabela 5.2 – Resultados obtidos com os questionários e Desvio Padrão

47
Sendo assim, a Tabela 5.3 para o cálculo do fator f, considerando os novos
parâmetros e utilizando como peso a média dos pesos obtida através dos
questionários, está a seguir:

Peso de Valor final


Característica da travessia Valor
Importância (2x3)
1 2 3 4
01 acima de 300m 2
02 Visibilidade (150 a 300)m 3 10
03 abaixo de 150m 4
04 abaixo de 3% 2
Rampa máx. de
05 aproximação via (3 a 5)% 3 7
pública
06 acima de 5% 4
07 abaixo de 40km/h 2
VMA do trem
08 (40 a 80)km/h 3 7
mais rápido
09 acima de 80km/h 4
10 via simples 2
Nº de vias
11 via dupla 3 6
férreas
12 via tripla ou mais 4
13 abaixo de 50km/h 2
VMA na via
14 (50 a 80)km/h 3 5
pública
15 acima de 80km/h 4
25 até 5% 2
Trânsito de
26 (5 a 20)% 3 2
pedestres
27 acima de 20% 4
28 1 faixa 2
Número de
29 Faixas 2 faixas 3 5
Rodoviárias
30 3 ou mais faixas 4
31 Inexistente 2
Condições do
32 Irregular 3 4
Pavimento
33 Regular 4
34 Inexistente 2
35 Iluminação Insuficiente 3 4
36 Eficiente 4
37 Total

Tabela 5.3 – Tabela para o cálculo do fator f com novos parâmetros e pesos
avaliados

48
5.5 – PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO

O fluxograma da Figura 5.1 ilustra o passo a passo do procedimento proposto


para a aplicação do método e a definição do tipo de proteção para cada
passagem de nível.

Escolha da PN a ser
avaliada

Inspeção das Passagens de


Nível
Análise dos dados de
acidentes em 5 anos

Análise dos dados

Cálculo do FPA5
Cálculo do Índice de
Criticidade

Escolha do Tipo de
Sinalização adequado

Definição da prioridade
de intervenção

FIG. 5.1 – Fluxograma do Procedimento Proposto

Todas as passagens de nível do trecho têm que ser avaliadas para aplicação
do Índice de Criticidade (IC). Parte-se então, de uma avaliação física de cada
passagem de nível. Com base nesta inspeção, obtém-se todos os dados relativos
aos fluxos de veículos e de trens que passam pelo cruzamento rodo-ferroviário,
além dos parâmetros físicos que são considerados para o cálculo do fator f.

49
Estes dados são avaliados e a partir deles, calcula-se o Índice de Criticidade
(IC). Com o resultado obtido, utilizam-se as Tabelas 4.6 e 4.7 para escolher a
melhoria específica para a passagem de nível avaliada.

Neste momento, é fundamental que o Fator Ponderado de Acidentes (FPA)


seja observado, pois pode haver casos em que a proteção indicada para o
cruzamento já exista no local e, ainda assim o mesmo apresente um FPA5
elevado em relação ao FPA Típico.

A partir da aplicação deste Índice de Criticidade e da avaliação do Fator


Ponderado de Acidentes, as passagens de nível serão priorizadas para receber
intervenções. O método é mais objetivo, pois considera todos os fatores
relacionados à segurança em cruzamentos rodo-ferroviários. As passagens de
nível que apresentarem um tipo de proteção inferior ao indicado pelo IC deverão
ser as primeiras a sofrer manutenção, assim como os cruzamentos que
apresentarem um FPA5 elevado em relação ao FPA esperado.

50
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 CONCLUSÕES

A MRS Logística S. A. atravessa três estados brasileiros, cortando mais de


uma centena de cidades e contabiliza hoje mais de 600 passagens de nível. O
número de acidentes em cruzamentos está reduzindo ao longo dos anos, mas
ainda assim é um valor alarmente. Este tipo de ocorrências traz sofrimento aos
envolvidos, encargos para a sociedade e para a empresa, além de prejudicar a
imagem da companhia perante a comunidade.

Para reduzir o número de ocorrências e aumentar o nível de segurança


oferecido aos usuários dos cruzamentos rodo-ferroviários, é necessário efetuar
melhorias físicas na área da passagem de nível, como a adequação da
sinalização. Por isso, procurou-se desenvolver um Índice para avaliação das
características físicas da área com intuito de determinar o tipo de melhoria a ser
implantada em cada PN.

Estudou-se os parâmetros que mais influenciam as condições de segurança


na área das passagens de nível, os principais indicadores encontrados em
normas técnica da ABNT e, por fim, a maneira como eles se relacionam. A partir
deste estudo, propõe-se um Índice de Criticidade (IC), um método que
potencializa os pontos positivos de cada indicador assim como relaciona as
principais características físicas.

Entende-se que o Índice de Criticidade (IC) proposto apresenta um progresso


para a escolha da sinalização a ser aplicada. É um método que considera todos
os aspectos físicos relacionados à segurança de uma passagem de nível e
considera ainda os pontos positivos dos Indicadores conhecidos. Possibilita então
a determinação da sinalização mais apropriada e ajuda a priorizar as intervenções
a serem feitas.

51
Assim, além da utilização do indicador FPA, o uso do IC possibilita identificar
de forma mais objetiva o problema que deve ser tratado nas passagens de nível,
buscando uma redução do número de acidentes e, consequentemente, uma
redução de custos. Esta redução de custos virá não somente com a diminuição de
acidentes mas também com a escolha mas adequada da sinalização.

6.2 RECOMENDAÇÕES

A partir da realização deste trabalho, torna-se necessário fazer as seguintes


considerações:

- O método proposto deve ser testado por meio de aplicação prática nas
passagens de nível da MRS Logística S. A..
- As indicações resultantes devem ser aplicadas com intuito de melhorar a
condição de segurança nos cruzamentos da malha da MRS.
- Estudar a possibilidade de complementar o método e aprofundar o estudo para
definição de medidas voltadas para a redução do número de acidentes em
passagens de nível.
- Desenvolver um estudo para acompanhamento das mudanças propostas a partir
das análises utilizando o IC e verificação da eficácia das ações, em relação a
diminuição do número de acidentes em passagens de nível.

52
7 BIBLIOGRAFIA

ƒ ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NB-114 “Passagem de


Nível Pública” – Norma Brasileira, 1979.

ƒ ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NB 1238 “Determinação


do grau de importância da travessia rodoviária através de via férrea” – Norma
Brasileira, 1989.

ƒ ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NB-1239 “Determinação


do fator ponderado de acidentes de travessia rodoviária em passagem de nível
através de via férrea” – Norma Brasileira, 1989.

ƒ ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 11542 “Via férrea –


Travessia – Identificação” – Norma Brasileira, 1998.

ƒ ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 8736 “Proteção


para passagem de nível rodoviário em via férrea – Classificação” – Norma
Brasileira, 1985.

ƒ Araújo, Julyver Modesto de, Código de Tânsito Brasileiro: Legislação de


Trânsito Anotada, Letras Jurídicas, São Paulo, SP, 2005.

ƒ Brasil, Decreto 1.832 de 04 de março de 1996, Aprova o Regulamento dos


Transportes Ferroviários - RTF, Diário Oficial da União, Brasília, 1996.

ƒ Brasil, Resolução nº 44 de 04 de julho de 2002, Compilação dos Atos


Relativos à prestação dos serviços de transporte ferroviário pelas empresas
concessionárias, Diário Oficial da União, Brasília, 2002.

53
ƒ Buzelin, José Emílio de Castro H. e Coelho, Eduardo J. J. e Setti, João Bosco,
A Ferrovia de Minas, Rio e São Paulo, Memória do Trem, Rio de Janeiro, RJ,
2002.

ƒ Campos, Vânia Barcelos Gouvêa, O Desenvolvimento Sustentável visto pela


relação Transporte, Uso do Solo e Mobilidade, IME, Rio de Janeiro, RJ, 2005.

ƒ Colleman III, Fred; Eck, Ronald W.; Russel, Eugene R., Railroad-Highway
Grade Crossings A Look Forward.

ƒ DNIT, Site do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes.


Disponível: http://www.dnit.gov.br/download/PNVApresentacao2004.pdf
(capturado em 23 de maio de 2006)

ƒ Maniezo, José Rinaldo, Cruzamento de Alto Risco, Perdizes, SP.

ƒ Manual de Cruzamentos Rodoferroviários, Coleção Serviços de Engenharia,


Departamento Nacional de Trânsito, 2ª edição, Brasília, DF, 1987.

ƒ Rede Ferroviária Federal S.A., Passagem de Nível – Terminologia e


Classificação, N-DSE-016, Rio de Janeiro, RJ, 1986.

ƒ Rede Ferroviária Federal S.A., Passagem de Nível – Concessão, Projeto,


Manutenção, N-DSE-017, Rio de Janeiro, RJ, 1986.

ƒ Rede Ferroviária Federal S.A., Passagem de Nível – Cadastro, N-DSE-018,


Rio de Janeiro, RJ, 1986.

ƒ Rede Ferroviária Federal S.A., Passagem de Nível – Inspeção, N-DSE-019,


Rio de Janeiro, RJ, 1986.

ƒ Revista Ferroviária, Ano 67, “Brasil tem 2.503 passagens em nível críticas”,
páginas 18 e 19, Abril, 2006.

54
ƒ Tamayo, Amílcar Sampedro, Procedimento para Avaliação da Segurança de
Tráfego em Vias Urbanas, Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Transportes), Instituto Militar de Engenharia, 2006.

ƒ U.S. Department of Transportation, Guidance on Traffic Control Devices at


Highway-rail Grade Crossings, November, 2002.

ƒ U.S. Department of Transportation, Railroad-Highway Grade Crossing


Handbook, 2nd edition, September, 1986.

55
8 ANEXOS

56
8.1 ANEXO 01 – TIPOS DE PROTEÇÃO

Fonte: Manual de Cruzamentos Rodoferroviário (1979)

57
58
59
60
61
62
63
64
65
8.2 ANEXO 02 – TIPOS DE MELHORIAS

Fonte: Manual de Cruzamentos Rodoferroviários (1979)

66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
8.3 ANEXO 03 – QUESTIONÁRIO

81
Questionário para determinação da influência das condições físicas na segurança
de Passagens de Nível

Nome:
Instituição:

Este questionário tem por objetivo auxiliar no desenvolvimento de um Índice


de Criticidade para passagens de nível visando avaliar as condições de
segurança das mesmas. É baseado na tabela utilizada para se encontrar o fator f,
empregado no cálculo do Grau de Importância (Gi). Para maiores esclarecimentos
sobre o Grau de Importância, apresenta-se ao final deste Questionário uma
definição mais detalhada.

Para o cálculo do fator f, foram selecionados três novos parâmetros: o


Número de Faixas Rodoviárias, a Condição do Pavimento e a Iluminação
conforme se pode observar na Tabela 01 e estes são os itens que serão
avaliados neste Questionário.

Pede-se, então, que para cada um dos parâmetros (Número de Faixas


Rodoviárias, a Condição do Pavimento e a Iluminação) seja atribuído um valor de
acordo com sua importância relativa para a segurança em uma passagem de
nível. Assim, na coluna 3, “Peso de Importância”, selecione um valor dentro de
uma escala de 2 a 7 considerando um valor maior para o parâmetro que julgar
mais importante e valores menores para aqueles que julgar menos importantes,
além disso a soma dos valores atribuídos aos três parâmetros deve ser 13 (treze).

82
Peso de Valor final
Característica da travessia Valor
Importância (2x3)
1 2 3 4
01 acima de 300m 2
02 Visibilidade (150 a 300)m 3 10
03 abaixo de 150m 4
04 abaixo de 3% 2
Rampa máx. de
05 aproximação via (3 a 5)% 3 7
pública
06 acima de 5% 4
07 abaixo de 40km/h 2
VMA do trem
08 (40 a 80)km/h 3 7
mais rápido
09 acima de 80km/h 4
10 via simples 2
Nº de vias
11 via dupla 3 6
férreas
12 via tripla ou mais 4
13 abaixo de 50km/h 2
VMA na via
14 (50 a 80)km/h 3 5
pública
15 acima de 80km/h 4
25 até 5% 2
Trânsito de
26 (5 a 20)% 3 2
pedestres
27 acima de 20% 4
28 1 faixa 2
Número de
29 Faixas 2 faixas 3
Rodoviárias
30 3 ou mais faixas 4
31 Inexistente 2
Condições do
32 Irregular 3
Pavimento
33 Regular 4
34 Inexistente 2
35 Iluminação Insuficiente 3
36 Eficiente 4
37 Total

Tabela 01: Proposta para cálculo de f

83
Grau de Importância de Travessia Rodoviária

A NB 1238, Determinação do Grau de Importância de travessia rodoviária


através de via férrea, fixa as condições exigíveis para a determinação do Grau de
Importância (Gi).

O Grau de importância é um indicador que relaciona o volume de veículos


rodoviários e a quantidade de trens que passam por um cruzamento por um dia
com um fator representativo das condições físicas da PN:

Gi = f x T x V

Onde:

f = fator representativo das condições de visibilidade, características de


localização e composição de trânsito da PN.
T = quantidade de veículos ferroviários que cruzam a PN, em ambos os sentidos,
por dia.
V = volume de veículos rodoviários que cruzam a PN, em ambos os sentidos, por
dia.

O fator f é obtido através de um levantamento de campo. Para tanto, na


ocasião do estudo de campo, deve-se assinalar um valor (coluna 2) para cada
característica (coluna 1) apresentada na Tabela 01. Posteriormente, multiplica-se
este valor pelo peso de importância (coluna 3), encontrando-se então, o valor final
(coluna 4) para cada característica. Somando-se todas as parcelas do valor final e
dividindo-se o total por 100, encontra-se f, um coeficiente que varia entre 1 e 2.

84

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