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Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohens do Universo

Loja ROCHEL - São Paulo - Brasil

Caderno Teúrgico N° 2
A DOUTRINA DE MARTINEZ DE PASQUALLY
Nós tivemos a oportunidade de seguir a vida de Martinez Pasqually, quase diariamente, por
7 anos. Agora, iremos nos envolver com sua Doutrina e Prática de Magia, uma estando intimamente
relacionada à outra. Os documentos que temos são muito valiosos sob este ponto de vista, porque
eles nos permitem revelar por completo um lado desconhecido da história da Tradição Martinista.

Nossos argumentos serão sempre elaborados numa mesma ordem. Isto é, citaremos e
analisaremos, sucessivamente, todas as cartas de Martinez de Pasqually, sobretudo explicando as
passagens que servem de base aos nossos estudos. Algumas explicações complementares são
sempre necessárias ao se deter em cada uma das cartas do Mestre. Permitimo-nos então, recapitular
em algumas páginas os ensinamentos da Cabala e da tradição esotérica. Pois muito dos escritos
Martinistas são derivados destas tradições no que se refere ao ser humano e sua relação com o
Mundo Invisível.

A princípio, as palavras e manuscritos impressos que possuímos do principal discípulo de


Martinez de Pasqually, Louis-Claude Saint Martin, nos permitem estabelecer a extrema importância
do estudo dos homens sob o ponto de vista do conhecimento transcendente.

Baseada na doutrina analógica da conexão entre o microcosmos e o macrocosmos, Saint


Martin aconselha seus discípulos a explicar a Natureza pelo homem e não o homem pela
Natureza. Esta é a aplicação da máxima filosófica grega: “conhece-te a ti mesmo”. Mas o estudo do
Homem não deveria se limitar ao plano fisiológico. A anatomia e a fisiologia constituem apenas o
estudo do exterior do homem e não são suficientes. O verdadeiro homem é o espiritual. A Psicologia
se aproxima, mais do que qualquer outra ciência, dos objetivos indicados ao discípulo, pelos
Mestres Martinistas. Mas aqui não será preciso incorrer num erro grosseiro e acreditar que a
Psicologia clássica é absolutamente necessária para nos tornarmos verdadeiros iniciados.

Uma anatomia simplificada dos órgãos e faculdades físicas é estudada pelos psicólogos. Ela
não é hierarquicamente apropriada para nós. Além disto, existem categorias de faculdades
transcendentes, que são vagamente sugeridas sob nomes como intuição e pressentimento. Estas
manifestações psicológicas exigem um estudo teórico e, acima de tudo, uma prática, para os quais
não se dá a devida atenção numa escola de Psicologia.

No entanto, sempre existiram através dos tempos, fraternidades e sociedades secretas que
deram a alguns homens escolhidos pela sua iniciação progressiva, a teoria e a prática de faculdades
transcendentais, que existem como uma potencialidade nos seres humanos. Os membros destas
sociedades - os Iniciados da grande Universidade de Hermes (Trismegisto), Terapeutas, Essênias,
Gnósticos, Templários, Alquimistas, Rosacruzes, etc. - sempre mantiveram sua tradição secreta em
relação a estas faculdades misteriosas do ser humano. Sendo considerados homens desenvolvidos e
superiores aos outros, pelos verdadeiros filósofos.
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Mas através dos tempos, também sempre existiu um tipo de homem guiado por uma única
ambição e pouco disposto a se submeter às provas de exames progressivos para poder evoluir, que
exigem tanto a coragem física quanto a força moral e o conhecimento intelectual. Nós
reconhecemos estes homens sob diferentes nomes, em cada época histórica como: conquistadores,
perseguidores de iniciados e/ou profetas, fariseus, bispos ignorantes, sectários dos primeiros séculos
do cristianismo, inquisidores, teólogos fanáticos e positivistas em potencial. Ao se aproximar da
nossa realidade, estes homens sempre consideraram os membros de doutrinas ou fraternidades
secretas como seus inimigos, ou como loucos e os perseguem de todas as formas - com o fogo, a
espada, ou o sarcasmo.

Mas Martinez de Pasqually pertencia a primeira categoria de homens desenvolvidos - a dos


eleitos - à daqueles que os autores de dicionários biográficos chamam desdenhosamente de
“iluminados”. Os quais sempre buscaram iluminar os seres humanos provocando neles o
desenvolvimento de faculdades divinas, adormecidas pela matéria. Este era o objetivo procurado
por Martinez, esta era a única razão para a existência de sua doutrina, sempre obscura e
incompreensível para os homens profanos, qualquer que seja o conhecimento que eles possam ter,
além da Filosofia mais banal.

Quais são, então, as conseqüências do Iluminismo para aqueles que são limitados às práticas
impostas pelo ritual? Quais são os meios de se pesquisar as realizações dos seus seguidores? Estas
são as duas perguntas para as quais é necessário dar uma resposta agora. Conforme as faculdades
divinas são desenvolvidas, o ser moral se transforma às custas dos apetites físicos. As satisfações
instintivas são reduzidas à sua proporção correta e os assuntos vis, que instigam os homens comuns,
como o dinheiro, as honras e poderes oficiais e a gratificação obtida com a vaidade, tudo isto
desaparece imperceptivelmente e o ponto de vista sob o qual consideramos a vida muda
completamente de situação. Ao invés de ver de baixo para cima, da força bruta em direção ao ideal,
o Iniciado ou artista (que é um iniciado por instinto) vê do alto para baixo, da Ideia - com a qual ele
é embebido - para a matéria, que parece imperceptível a ele, quando ele se eleva.

Mas se as sensações e apetites físicos perdem lugar na consciência, uma sensibilidade


especial nasce, com novos modos de percepção. Estes permitem obter novas impressões e a
dedução de novas certezas e relações com o mundo invisível. Estas relações são estabelecidas e são
sempre desconhecidas ou incompreensíveis para os homens profanos. Entrar em comunicação com
o Invisível é o primeiro resultado obtido por um Iluminado. Mas isto é um grande mistério, um
segredo que não podemos entregar como alimento para a curiosidade da multidão. Assim sendo,
deverá o iniciado deixar que a massa o insulte e zombe dele, ou o chame de charlatão, alucinado...
ou até de idiota? Ele conhece a realidade dos mistérios que ele sagradamente detém e um silêncio
desdenhoso é a única atitude (ou postura) com a qual ele pode enfrentar as calúnias e manifestações
grosseiras por parte da massa.

Os problemas que são insolúveis para o filósofo, armado com a sua grande espada de
madeira da indução, são positivamente resolvidos pelo Iluminado, já que ele consegue separar,
quando quer, a centelha divina que nele brilha, do seu corpo físico, que lhe empresta a natureza (as
condições) para sua existência neste mundo. A realidade das forças criativas não é mais um
problema para ele (o Iluminado), que consegue percebê-las em ação e às vezes participar da
essência destas mesmas forças.
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Portanto, o Iluminado não teme a morte - cuja maior parte das fases ele já atravessou
experimentalmente - mais do que um mineiro se aterroriza com as galerias da mina onde ele desce
para trabalhar todos os dias. Mas este estágio de desenvolvimento não deve causar o menor orgulho
naquele que já o alcançou, pois a evolução da humanidade é um ato coletivo e todos os esforços
daquele que sabe devem ser consagrados, na medida do possível, à tornar divina a prole de humanos
que se arrasta a seus pés. Portanto, o Iluminismo implica, absolutamente, numa ação social coletiva,
que se junta à ação individual do iniciado.

Quanto aos meios de se obter o desenvolvimento destas faculdades transcendentes, eles


estão agrupados num ensinamento triplo que é: alimentar, para o corpo físico; respiratório para o
corpo astral e musical e psíquico para o espírito, ou corpo etérico. Martinez de Pasqually, um adepto
treinado pela tradição esotérica, buscava desenvolver todos estes pontos ao iniciar Willermoz
progressivamente. Mas foi somente com respeito, misturado a um certo medo, que ele falava da
influência espiritual, ou da ação do Mundo Invisível na realidade, à qual os pobres discípulos de
Lyon devotaram tantos anos para perceber. O grande mistério sempre designado sob o enigmático
nome La Chose.

Nas primeiras assembleias, os novos discípulos admitiam participar nas obras dos Mestres e
viam La Chose realizar atos misteriosos. Eles saiam entusiasmados e aterrorizados destas
experiências, como Saint Martin; ou intoxicados de orgulho, como os discípulos de Paris. Estas
aparições eram produzidas por seres estranhos e de uma essência diferente da dos seres terrestres.
Esses seres faziam discursos e transmitiam um conhecimento profundo, durante os rituais. Cada
discípulo era convocado a reproduzir, à sua maneira, o mesmo fenômeno. Quando as experiências
começaram, cada um desejava avançar muito rapidamente e assim escapar da disciplina cansativa
exigida pelos estudos e dos possíveis erros. Então, os discípulos levavam a Martinez os seus casos
mal sucedidos e as suas vergonhas por terem falhado, ao que Martinez respondia com toda
sinceridade:

“Se fosse eu quem dirigisse o mundo invisível, o meu maior desejo seria o de satisfazer-
lhes. Mas o que devo lhes dizer? La Chose exige provas certas e reais de devoção sem limites. No
dia exato em que vocês forem considerados merecedores, o fenômeno se manifestará para vocês.
Ele é, na verdade, autoproduzido e deveríamos glorificar a persistência de Willermoz, que devotou
mais de 10 anos para obter o evento convincente, quando a maior parte de seus discípulos estava
satisfeita depois de 2 ou 3 anos de estudos”.

As práticas ensinadas por Martinez são derivadas unicamente da magia cerimonial, como
iremos demonstrar a seguir. Mas, primeiro, permitam-nos assinalar a notável importância atribuída
pelo Mestre aos círios - as velas de cera - ordenadas no círculo. Aqui se encontra, na verdade, uma
característica muito original da Tradição Martinista. Ao nosso ver, os dados que serão agora
apresentados são indispensáveis, para que se entendam os resumos das cartas que seguem.
Acrescentaremos todas as explicações e desenvolvimentos complementares que sejam necessários a
cada passagem.

A INICIAÇÃO DE WILLERMOZ
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A iniciação prática de Willermoz começou no dia 13 de agosto de 1768, por uma carta de 4
páginas, da qual fizemos o resumo que se segue, falando a respeito do regime alimentar e dos
principais dados astrológicos.

REGIME - CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS - ORAÇÕES

“A respeito do que vocês deveriam fazer e da vida que vocês deveriam seguir, eu farei as
seguintes considerações: a respeito das funções temporais eu não direi nada além da proibição de
comida mundana que eu já lhes fiz, o que significa que vocês não devem, nunca mais durante suas
vidas, comer o sangue de qualquer espécie de animal - nem mesmo de frango - nem qualquer
espécie de rim ou tripa; muito menos a gordura de qualquer tipo de animal”.

“Vocês irão jejuar cuidadosamente durante os períodos nos quais são ordenados, em cada
Equinócio. Vocês irão começar seu jejum, dependendo do período que vão trabalhar, no quarto de
círculo. Não deverão trabalhar na qualidade de aprendiz Reau Croix, exceto 3 dias depois do início
do Equinócio e deverão seguir a Lua de Março e Setembro e não os dias que foram marcados para
os Equinócios no calendário convencional, já que os dias comuns e os meses que os determinam
não têm nenhuma outra utilidade além da de assinalar a posição da lua. Para este fim, vocês irão
proceder à adoração do Espírito Santo”.

“Se você desejar seguir, à risca o método dos apóstolos, você não deve deixar de rezar o
Miserere mei, no centro de seu quarto, à noite, antes de dormir e com o rosto na direção do sol
nascente (Leste); depois disto, você deverá rezar o De Profundis, ajoelhado com o rosto virado para
o chão. Repita então o Miserere mei, depois de se levantar do chão. Se você tem outras orações
diárias, de acordo com seus hábitos, pode praticá-las, mas estas duas que citei são obrigatórias,
como as regras para a vida temporal.”

É evidente que as orações que Martinez indicava eram católicas. No entanto, mais adiante
percebemos que o Mestre, como um verdadeiro mago, dava grande importância aos dados
astrológicos e astronômicos. Somente na época dos Equinócios é que os principais rituais
acontecem, como nos mostra a carta de setembro de 1768, dando informações completas:

DADOS ASTROLÓGICOS - ORAÇÕES

“É o mês de setembro que nos serve de orientação. Temos do quarto crescente à Lua cheia
para trabalhar; isto é, o início deve se dar 4 a 5 dias antes da fase cheia. Para manter suas obrigações
espirituais, você irá recitar, pessoalmente, o ofício do Espírito Santo, o Miserere mei e o De Pro-
fundis uma vez por semana, na quinta-feira, que é o dia de Júpiter, o qual até mesmo Davi usava
para fazer as suas reconciliações, o que também irei lhes ensinar no momento apropriado. Quando
vocês tiverem experimentado o valor e a força destas orações, vocês irão recitar o ofício do Espírito
Santo sempre na mesma hora do dia. Não quero limitar vocês, mas o Miserere mei e o De Profun-
dis vocês terão de rezar à noite, antes de dormir; o De Profundis com a face voltada para o chão e o
Miserere mei voltados para o Oriente (Leste)”.

“Suas dúvidas a respeito do nosso trabalho serão inteiramente esclarecidas antes do início
das operações. Os seus oito dias, ou no princípio, as suas 5 horas irão ambienta-los de forma
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adequada. O jeito de dispor as velas de cera também será inteiramente explicado. Vocês terão a
demonstração de um pequeno ritual, onde poderão encontrar as orações, bênçãos e exorcismos, que
indicarei para vocês na conclusão dos nossos ensinamentos.”

CÍRCULO DE MAGIA

“Depois dos dados básicos, deixem-nos explicar a prática do círculo da magia. Algumas
explicações são indispensáveis, para que se remova o máximo possível da obscuridade inerente à
estas questões. Em cada experiência de magia cerimonial, o operador é isolado do exterior, no
centro, através de um círculo traçado no chão e incluindo os nomes místicos, que de acordo com a
tradição, têm grande influência sobre o mundo invisível. Geralmente, 3 círculos concêntricos são
desenhados, no meio dos quais é traçada uma cruz, cujos braços tocam o círculo maior, cortando os
outros também em quatro seções, cada uma correspondendo a um ponto cardinal. Em cada um
destes quartos são traçados nomes místicos que correspondem, analogamente, aos poderes de cada
um dos 4 pontos cardinais.”

Martinez modificou sutilmente o ritual, para formar cada uma destas classificações. Depois
de ter examinado diferentes trechos destas cartas e na ausência de cartas explicativas individuais
para cada procedimento, concluímos que o ritual do mestre era feito da seguinte forma: Ao invés de
traçar um círculo completo, o aprendiz desenhava apenas um quarto do círculo, que correspondia ao
Leste, ou ao quadrante oriental da figura. Este quadrante era desenhado no ângulo leste do aposento
em que seria realizado o ritual. Aquela parte do círculo era limitada pela metade da seção vertical da
cruz central (usada para dividir as figuras em 4) e metade da seção horizontal da mesma. Por fora
deste quadrante - o qual poderia talvez abarcar um outro círculo pequeno - era traçado, no ângulo
Oeste do aposento, um círculo chamado por Martinez de “Círculo de Retiro”. Um pequeno círculo
poderia ser incluído num dos quadrantes do maior, opcionalmente.

Recapitulando, um quarto do círculo para o Leste e um círculo menor à Oeste, separados um


do outro por um espaço mínimo de 2 pés (61 cm). Esta parece ser a preparação do ritual para a
primeira operação pessoal. No caso de erro da minha parte (do autor do texto), o leitor poderá fazer
correções ao examinar as cartas que se seguem:

OS EQUINÓCIOS
(carta de 11 de setembro de 1768)

“Eu lhes escrevo pela primeira e última vez, a respeito do nosso misterioso ano equinocial,
que inclui o tempo decorrido de um Equinócio ao outro. Para adiantar, a sua estada no ângulo
oriental de observação (quadrante Leste do círculo), deverá ocorrer nos dias 27, 28 e 29 de
setembro. Lá vocês irão receber uma ordenação favorável de virtude e poder relativo à sua
dignidade e qualidade de Reau Croix.”

CÍRCULO DE RETIRO E O QUADRANTE

“Quando o Eterno for invocado, você será instruído a prostrar-se, no círculo em direção ao
Oeste, onde as letras I A B foram inscritas precisamente à meia-noite entre os dias 27 e 28.
Compreenda que deverá prostrar-se somente depois de ter cuidadosamente desenhado todos os
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emblemas que estão no seu quadrante do círculo, começando pela figura e terminando com tudo que
for genericamente dependente dela, como foi explicado a vocês em Paris. Vocês irão colocar três
velas de cera no ângulo do seu quadrante do círculo, uma no interior do círculo - que está localizado
no interior do seu quadrante - sobre a divisa Oeste, onde está inscrito RAP; você irá dispor duas
velas de cera, uniformemente, em cada extremidade do seu quadrante e somente uma no centro
deste, no meio da segunda linha, que divide os nomes e os hieróglifos que estão escritos lá no
interior; esta única fonte de luz é o símbolo de minha presença em suas operações. O círculo onde
você deve se prostrar ficará a 2 pés (61 cm) de distância do ângulo ocidental (Oeste), que se
localizará em frente ao ângulo oriental (Leste) onde o seu quadrante do círculo será traçado. Após
ter feito esta preparação, você irá realizar sua prostração com as vestes sagradas.”

VESTES SAGRADAS

“Vocês estarão vestidos com o balandrau, calças e meias pretas, despojados de qualquer
metal - sem nem mesmo um único alfinete. Vocês não terão nem mesmo sapatos sobre seus pés, ao
participar da prostração, mas poderão usar chinelos durante suas invocações, aguardando, até que
estejam bem preparados. Para ser mais cuidadoso, forre a sola de seus sapatos e seu chapéu.
Finalmente, não mantenham nada que seja impuro com vocês, ou no lugar onde vocês irão realizar
o ritual”.

“Sobre suas roupas vocês terão uma túnica branca comprida, com barrado da cor do fogo, de
largura de 1 pé (30,5 cm). Sobre as mangas da túnica também terão uma barra cor de fogo de
aproximadamente ½ pé (15,25 cm). Em torno do colarinho da túnica, por fora dele, será feito um
forro da mesma cor com a largura de mais ou menos 5 dedos. Além disso, vocês estarão vestindo
todas as cores da Ordem, a saber: Cordão azul-anil (da cor do céu), amarrado no pescoço como uma
cruz de Santo André, sem qualquer emblema. A seguir, o cordão negro, trespassado da direita para a
esquerda, depois o lenço vermelho trespassado da direita para a esquerda em torno da cintura,
abaixo dela e sob a barriga. Depois, o lenço verde-mar da esquerda para a direita sobre o peito. A
localização dos dois lenços sobre o corpo indica a separação entre as naturezas animais e espirituais
do homem”.

A PROSTRAÇÃO

“Estando assim vestidos, vocês levaram a vela que está acesa no seu círculo de retiro e
colocá-la sobre a sua direita, fora do círculo. Então vocês entrarão no círculo e se prostraram
totalmente alongados de bruços e irão apoiar sua testa nos seus dois punhos fechados. Esta posição
durará, sem as imprecações, 6 minutos, sendo computados na sua ordenação de virtude. Depois
vocês irão se levantar e acender todas as velas que estão no seu círculo de prostração. É importante
ressaltar que fogo novo (recém aceso) deverá ser usado. Quando todas forem acesas, prostrem-se
nos seus quadrantes do círculo (maior), no campo delimitado pelas duas velas nas extremidades do
quadrante do círculo que você irá ocupar; e ao pronunciar qualquer um dos nomes traçados no
círculo, você pedirá a Deus, na virtude dos poderes que Ele deu aos seus servos tais e tais - dizendo
cada um dos nomes escritos no quadrante os benefícios (ou graças) que você procura nele de
coração, realmente humilde e arrependido”.
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“Para assegurar-lhe de Sua compaixão, você será obrigado a repetir os hieróglifos os quais
terá traçado, com giz branco, à sua frente, no meio do aposento, entre o seu quadrante e o círculo de
retiro que é direcionado ao Oeste. Local onde você sempre deverá estar, quando desejar trabalhar no
futuro, esperando a sua oportunidade, quando eu (o Mestre) trocarei seu trabalho, por um que lhe
seja mais vantajoso e aproveitável do que o de um aprendiz. Depois das suas 2 prostrações você irá
reintegrar as palavras dos 2 círculos, que são as mesmas que aquelas do quadrante oriental (o
vosso). Ajoelhado e com as duas mãos apoiadas firmemente no chão você dirá as 3 palavras
sublinhadas em entonação crescente: “In quali que die tel, tel, tel, invocavero te vetociter exaudi
me.”

“Após ter seguido todos os passos do ritual, você apanhará seus perfumes (ou essências) e os
colocará num prato com terra fresca, no qual deve haver carvão aceso com fogo novo e então você
passará a incensar o seu quadrante do círculo, à Leste e o seu círculo de retiro, à Oeste. Nos
primeiros dias de sua iniciação você só deixará o círculo de retiro cerca de 2 horas depois da meia-
noite e naquele dia, almoçará pontualmente ao meio-dia devendo terminar de comer num horário já
fixo. Você não comerá mais nada até ter terminado sua iniciação. Se necessário, poderá beber água,
mas não bebidas alcoólicas ou café. Observe atentamente o cumprimento correto das suas
obrigações.”

VELAS DE CERA - O TRABALHO DOS CÍRCULOS


(Carta de 2 de outubro de 1768)

“Passei para vocês um pequeno talismã triangular que vocês deverão girar, sempre pelas
pontas, durante os três dias de trabalho. Em relação à localização de seus aposentos é melhor dar
preferência a um voltado para o Oeste para o seu quadrante do círculo, do que um voltado para o
Norte”.

“As velas usadas são postas no quadrante da circunferência que você ocupará. A que deve
ser acesa primeiro é a que fica no meio do seu quadrante do círculo, que você levará para o círculo
de retiro, ou das correspondências. Coloque as outras velas bem dispostas, seguindo a orientação
que já lhe foi fornecida”.

“A tradição, até mesmo recomendada e prescrita por juramento é que, cada líder do círculo
de iniciação espiritual e divina, deve manter seus círculos abertos por quartas partes, ou pelas
metades. E a cada ano o ritual deve se perpetuar, para se mostrar à prova de imprevistos e não se
extraviar. Pelo bem da Ordem, ou para auxílio geral ou contra qualquer mal, ou pelo bem da
propagação da Ordem e pela conservação dos membros fiéis.”

ORDEM DE INICIAÇÃO

“Observe a prática do primeiro ritual. É necessário depois de um período de 2 anos,


retomarmos nossos passos (fevereiro de 1770), para que relembremos a sequencia das instruções
práticas, com as novas modificações cabíveis a um grau maior de iniciação. Além do círculo de
retiro no Oeste, há também uma grande circunferência no centro do aposento e o usual quadrante do
círculo no Leste.”
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Observe cuidadosamente duas cartas muito importantes a este respeito. Entre outras
instruções encontramos uma que se refere ao caráter das aparições :

OS CÍRCULOS
(Carta de 16 de fevereiro de 1997)

“Você desenhará um círculo com giz branco no centro do seu aposento. Você irá também
traçar o seu C.D.C. em direção ao costumeiro ângulo Leste. Isto feito, você irá se colocar de
joelhos, apoiado sobre a cabeça e com o rosto voltado para o chão. Você deverá estar inteiramente
dentro do círculo que fez no meio do seu aposento. Seu diâmetro será de 6 pés (183 cm), o alto de
sua cabeça, quando prostrado, deverá estar apontando para o Leste onde o quadrante está marcado.
Você se colocará nesta posição no 22° dia do mês - o dia mais próximo do Equinócio - para ser
ordenado, pontualmente, às 22 horas e assim deverá permanecer por 30 minutos, com o rosto
apoiado no chão. Eu estarei no meu ângulo, às 21 horas para trabalharmos juntos. Ficarei nesta
posição até uma hora depois de meia-noite. Depois de ter ficado pelo tempo indicado no seu círculo
de prostração, você irá apagar todas as outras velas, que estão no seu quadrante do círculo. Você irá
apagar tudo o que houver traçado e, finalmente, se retirar”.

“No dia 25 de março que se seguir a esta operação, você irá traçar as mesmas coisas que fez
para a sua ordenação ou círculo de C.D.C. Você terá tudo à mão para começar a desenhar às 23
horas pontualmente e estando tudo pronto, você fará as últimas invocações que lhe ensinei. Depois
disso, você executará o seu trabalho habitual.”

“Primeiramente, tomará o cuidado de não pôr nenhum círio no centro de seu círculo, que
será traçado no meio do seu quarto; inscrevendo lá as letras que eu assinalei para você em minha
carta. As palavras que serão ditas estarão aos seus pés durante toda a operação.”

“Você trabalhará nestes três dias as últimas orientações que lhe enviei, apesar das atividades
serem somente para a quarta-feira e o sábado. Quanto aos assuntos com os quais você me pressiona
para lhe dar uma resposta a respeito do trabalho durante os três dias da sua operação, os dias não
importam. Para os grandes males tenha grandes remédios.”

“O último trabalho que lhes enviei, só deverá ser usado após a sua ordenação, serão feitos
todos os dias e terão prévias orientações. Vocês poderão realizar o ritual todas as semanas e todos os
meses, ou duas ou três vezes ao ano, preferencialmente de acordo com sua vontade, quando você se
sentir bem disposto a realizar a tarefa. No futuro, não será necessário traçar nada, nem o círculo,
considerando-se que esta operação pode ser feita em todos os lugares sem qualquer outra forma pré
estabelecida de realizá-la.”

VISÕES

“As visões são brancas, azuis, cor-de-rosa. Podem aparecer em várias cores ou totalmente
brancas. Ou então da cor da chama de uma vela de cera branca. Você verá centelhas e sentirá os
arrepios por todo seu corpo; tudo que anuncia o início da entrada em contanto com a força elétrica e
o impulso de La Chose”.
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“Tente obter do seu Mestre algumas reações parecidas com esta, já que os membros que eu
tenho, sob as Ordens do Grande Arquiteto, enxergam durante a noite e o dia, sem nenhum tipo de
luz. Nem de vela, nem de fogo, ou qualquer outra. Isto não me surpreende já que eles são
inteiramente orientados de acordo com La Chose e ordenados pela Lei. Por isto eles têm
demonstrado seus certificados de Visão, completos e assinados com a mão certa, pelo quê vocês se
convencem do seu sucesso na Ordem”.

“Vocês terão o cuidado de fazer com que elas (as visões) passem em frente à sua alteza, o
Antigo Mestre, para que ele possa ver claramente o sucesso dos Mestres Veneráveis. Eles são quatro
- o primeiro, irmão Hauterive, cavalheiro, antigo Capitão Real; o segundo, irmão Defore capitão de
artilharia; o terceiro, irmão Defournier, cidadão que viveu nas vizinhanças de Bordeaux, sobrinho
do Grande Prior dos Augustines de Paris. Se o irmão Barão de Calvimont estivesse aqui, ele
também daria o seu aval, mas ele nos dará assim que retornar de sua propriedade (em Calvimont).
Se outros forem necessários, há os veneráveis irmãos Cabory, Schild e Marcadi. Estes últimos estão
na mesma condição que os primeiros. Percebam que o Antigo Mestre destas pessoas, tão bem
instruídas e famosas, que não estavam querendo enganar La Chose ou qualquer homem de boa fé
com ilusões, não podem, eles mesmos, serem enganados. Em nome do Grande Arquiteto do
Universo, desejo alegria, paz e bênçãos para todos aqueles que me ouvem”.

“Respondendo a todas as suas perguntas: a disposição dos círios é perfeita, de acordo com o
número dez e com o número oito. Vocês poderão seguir a iluminação exatamente como determinada
para o seu quadrante do círculo e vocês não deverão mudar nada nela. A vela colocada à Oeste, fora
do quadrante deverá estar afastada e até mesmo um pouco escurecida, para dar liberdade às coisas
que devem se manifestar, livres de qualquer luz elementar, pois estas entidades trazem sua luz
própria consigo, às vezes branca, vermelha, ou de outra cor, como eu já lhes indiquei nas minhas
últimas cartas”.

“Ao Leste, a iluminação deve ser forte, quando vocês estiverem fazendo suas meditações e
deve haver apenas uma luz à Oeste, como já foi dito. Você irá tomar o cuidado de apagar suas velas,
começando por aquelas que estão na base do quadrante do círculo. Iniciem pelas duas que estão na
direção Sul, assinaladas com as letras MR, que vocês deverão apagar antes das velas. Então, vocês
irão apagar aquelas ao Norte, sobre as letras WG. Depois, apagarão as duas velas que estão nas
extremidades dos dois raios, acima do ângulo projetado em direção ao Leste. Comecem sempre
pronunciando a palavra inscrita sob a vela, apague primeiro a palavra com a mão e depois a vela”.

“No círculo maior, também sempre se começa a apagar as velas que estão na direção Sul,
isto é, sobre as letras OZ. Então, seguindo a mesma ordem, vocês irão apagar as que estão ao Norte,
designadas pelas letras IA. Depois, extinguir o fogo daquelas que estão inteiramente inseridas no
ângulo Leste”.

“Tendo feito isto, você se colocará dentro do grande círculo, onde estão inscritas as letras
RAP e irá reescrever todas as palavras que estavam traçadas em volta daquele quadrante,
começando por aquela que aponta para o Oeste, nas letras IA. Depois reescreverá aquela que
apontava para o Sul, seguida da que ficava na direção Norte e subsequentemente a que estava no
Leste. Estas quatro palavras restauradas significam para você os quatro regiões celestiais e aqueles
que as governam espiritualmente. Isto feito, você segurará em sua mão a vela que restou acesa no
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centro do círculo, para ter uma luz para ler as suas invocações e colocar a palavra de acordo com o
que está marcado pelas letras RAP, que estão entre suas pernas. Faça suas invocações, quando
terminar, apague as le-tras RAP e a única vela que estava acesa. Passe para o círculo de retiro, em
pé, com o rosto voltado para o Leste, a fim de fazer a sua observação. Você terá entre suas pernas a
palavra formada pelas letras IAB. Você notará que a vela colocada dentro do círculo de retiro é a
que você deveria ocultar (aquela que deveria ficar fora do círculo, obscurecida), anteriormente”.

“Quando chegar a hora de se retirar do círculo, você recolocará as velas que já haviam sido
retiradas e reescrever as palavras que estavam em volta e no interior do círculo, conforme os
mesmos costumes e cerimônias que você já havia realizado. A vela que me representa será apagada
depois de terminadas as invocações, pronunciando as seguintes palavras: “Abençoado seja aquele
que me auxilia e me escuta, Oh, Bagnaikim. Amém !”.

“Você reescreverá todas as palavras ajoelhado da seguinte maneira: com o joelho direito
apoiado no chão e o esquerdo elevado acima do chão. Também tome o cuidado de acender uma vela
e colocá-la ao lado da que está queimando, para substituir a do círculo de retiro, antes que ela se
acabe, tendo sempre assim, uma luz para fazer aquilo que é certo. Esta última luz, colocada no
círculo de retiro, é aquela que servirá para observar os acontecimentos. Tendo consagrado um
nome, ele também deverá ser apagado, como foram os outros, para que o espírito que estava ligado
àquela vela se desligue. As estrelas (coordenadas) que estão sobre as paredes Leste e Oeste do
aposento não devem ser postas dentro do círculo, mas devem ser desenhadas de forma simples, com
as letras que as representam. A respeito do círculo que será usado para a ordenação, ele será
colocado entre o círculo de retiro e os dois raios do seu quadrante do círculo”.

“Neste dia (da ordenação), você redesenhará o seu círculo de retiro e diminuirá o seu
quadrante da circunferência total para fazer com que ela tenha um diâmetro de 5,8 pés (177 cm), se
a sua altura não exceder 1,80 metros. É extremamente importante que seu corpo inteiro esteja
dentro do círculo; por isto é que estabelecemos 6 pés (180 cm) e não menos, para as operações (ou
para as ordenações)”.

“Você encontrará anotado, o local estabelecido para fazer o círculo de ordenação. Quando
todas as velas estiverem acesas (para o seu trabalho), você deverá recitar os Sete Salmos de Davi;
depois disto, você irá incensar o seu círculo de retiro três vezes. Em seguida, irá acender incensos
nos dois círculos menores - que se encontram beirando a margem do quadrante do círculo,
designados pelas letras MR - com três incensos para cada um. A mesma quantidade deverá ser
usada para os outros dois, que estão no final do quadrante do círculo, na direção Norte, assinalados
pelas letras WG. Você deverá então, acender três incensos na área delimitada no centro do
quadrante, pelas letras RAP. Você deve passar a acender três incensos nos dois pequenos círculos
acima do ângulo projetado, iniciando por aquele designado pela letra Z e prosseguindo para o
marcado com as letras IA. Então você deverá acender quatro incensos no pequeno círculo que se
encontra precisamente dentro do ângulo de projeção do quadrante do círculo, assinalado com as
letras IW. O total de varetas de incenso deverá somar 28, que geram o misterioso número 10”.

“O círculo de prostração e as letras da palavra, que são necessárias à sua ordenação, estão
inscritos na base do seu quadrante do círculo, como você verá e da maneira como deverá proceder.
A respeito daquilo que eu já lhes garanti, não pode haver nenhuma dúvida de que não se trata de
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ilusão, direta ou indireta, nem da alteração, ou mudança de dias ou de estações (do ano), que
possam produzir surpresas nas pessoas para as quais as coisas ilusórias e sofisticadas já não têm
valor. Essas visões nos mostram coisas que são ainda mais surpreendentes do que as reveladas pelos
apontamentos. Os quais foram usados por mim e me fizeram prosperar nos meus estudos. Sendo os
apontamentos e as visões razoavelmente bem interpretados com relação a eventos presentes e
futuros eles lhe coroaram com sucesso, pela graça do nosso G. A. do U.”.

(Outro trecho da carta): “Vocês iniciarão suas prostrações antes do incensamento. Depois da
prostração, procederão da seguinte forma: incensando primeiro o círculo de retiro; depois as letras
MR, em terceiro as letras WG, em quarto as letras RAP; em quinto Z; em sexto IA e em sétimo IW.
Observem tudo que eu escrevi a respeito daquilo que vocês me perguntam, pois tenho muito pouco
tempo para dedicar às suas instruções. Se preparem para o 22º, o 25º, 26º e 27º dias deste mês.
Lembrem-se, aquilo que é feito na maré do meio-dia é extremamente proveitoso. Você iniciará por
Ex. e Exc., na segunda-feira, o que será feito antes das invocações, onde a Ordem é seguida. Ou
então, deverá incluir a mencionada Exc. nas invocações.”

(Outro trecho ainda da mesma carta): “Você me escreveu que deve ir a Paris por volta de
Abril, para onde o Presidente M. de Grainville também estará retornando para fazer os acertos
definitivos, que promoverão o bem pessoal da Ordem, o que eu desejo fervorosamente. Que Deus
abençoe, naquela ocasião, a sua empreitada por todos. Eu também não contribuirei menos, através
de minha próxima operação, para que possa lhe ajudar tanto espiritualmente quanto temporalmente
e o mantenha por tempos imemoráveis ligado a esta Ordem. Amém.”

Dom Martinez De Pasqually, G.S.

“Transmiti sua carta para o Presidente M. de Grainville, com o nome de Mestre Conf., que é
chamado M. De Grivan, Capitão de Infantaria.
“Dom Martinez,
Bordeaux, 15 de março de 1770.”

Observação: Percebam também alguns detalhes muito curiosos a respeito do ritual Martinista, que
até o presente são considerados como diabólicos pelo mundo profano. Willermoz nem sempre
obtinha os resultados práticos que procurava. Ele não era como o Mestre que, em 7 de abril de
1770, deu os seguintes detalhes a respeito de uma operação que ele havia realizado para curar sua
esposa :

CURA DA ESPOSA DE MARTINEZ PELA MAGIA


(Carta de 7 de agosto de 1770)

“Adianto-lhes que irei trabalhar para o restabelecimento da saúde geral de minha esposa,
para o qual já trabalhei mais de 12 dias, não tendo obtido nada além de uma sutil manifestação de
melhora. Eu vos encarrego dela, para que juntos possamos receber de Deus a sua recuperação
completa. A sua doença é muito peculiar e não existe febre”.

“Revelarei agora ao Sr. Grainville o favor que obtive de Deus pela força e pelo poder de
meus trabalhos e pelas orações sinceras e legítimas de meus verdadeiros discípulos e colaboradores
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da Ordem. Não demorei a experimentar os efeitos eficazes das graças que o Eterno realmente
desejou me conceder pelo favor de restaurar a saúde de minha esposa, que a morte rondava com
suas sombras pálidas, cercando sua forma física com males extraordinários, capazes de destruir a
natureza humana. O favor divino restaurou suas faculdades, contrariando as limitações impostas
pela doença. “Farei uma declaração sincera dos variados males que a afligiam. Você irá estremecer
ao ouvi-los. Primeiro, a dissolução de seu sangue. Depois, uma hemorragia uterina por 51 dias, a
qual se seguiu uma obstrução do útero. Em quarto lugar, o afrouxamento de todo o intestino. Em
quinto, cólica renal e a inflamação das glândulas da virilha direita. Finalmente, a agonia do
reumatismo ciático.””

“Numa consulta aos nossos mais afamados médicos e cirurgiões, onde ela, eu, toda sua
família e sete ou oito colaboradores estávamos presentes, os médicos disseram que ela estava
condenada, sem recursos, à morte. O que afligiu sua família extremamente. Depois de ter recebido
este diagnóstico cruel da junta médica, eu contei aos médicos os diferentes males que a afligiam e
eles responderam que eles abandonariam o caso dela às minhas experiências, as quais eles nunca
haviam visto.”

“A doença, que não havia sido uma febre, os desconcertou e eu me responsabilizei, com a
ajuda de Deus, a tentar remover totalmente o mal. Os médicos orientaram minha esposa para que se
submeta às minhas ordens, mas eles não acreditaram que eu seria bem sucedido em meus esforços.
Brevemente, vi sinais de retorno de sua saúde. No terceiro dia percebi a crise pela qual ela havia
passado tão claramente quanto a junta que a havia condenado à morte. Uma prova eficaz da graça
que alcancei foi que no quarto dia de meu trabalho eu ergui minha esposa e a exercitei um pouco, o
que fez com que um abscesso no seu intestino grosso estourasse. Fazendo com que uma grande
quantidade de matéria em decomposição se derramasse. Este abscesso está supurado ainda hoje e
parece estar vazando. Esta cura instantânea causou grande comoção em nossa cidade e na
província.”

Depois desta comunicação, Dom Martinez deu aos seus discípulos os conselhos práticos que
se seguem e apresentou novos trabalhos de magia cerimonial.

LA CHOSE

20 DE JANEIRO DE 1770: “Vocês não deveriam duvidar de nada que eu vos digo, mas
pelo contrário, vocês deveriam seguir meus conselhos e ser orientados por aquilo que realmente
lhes pertence, como vocês deveriam julgar também pelas coisas aqui incluídas, que vos falo para se
preparar para La Chose, que vocês desejam conhecer. O favor que lhes peço é o de não falar a
qualquer alma viva, a respeito das coisas que nunca revelei a ninguém, nem mesmo aos Reau-Croix,
que ainda não entendem corretamente quais são os momentos em que devem se retirar do mundo,
para doar-se inteiramente à La Chose. Se La Chose não fosse realmente como eu lhes garanti e se
ela não houvesse se manifestado na minha frente e na frente de todas as pessoas que quiseram
conhecê-la, eu não apenas abandonaria isto eu mesmo, como teria conscientemente avisado de
antemão todos os que quisessem se aproximar dela de boa fé.”

7 DE ABRIL DE 1770 : “A respeito do sucesso que vocês ainda não obtiveram ao


observar La Chose, não deixem que isto vos surpreenda. La Chose, algumas vezes, não demonstra
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piedade com aqueles que desejam algo muito fervorosamente antes do tempo. Sejam fiéis e serão
recompensados quando menos esperarem. Eu não escondo, poderoso M..., que os verdadeiros Reau-
Croix deveriam estar afastados de todas as impurezas materiais e sobretudo, daqueles desejos e atos
físicos que trazem distração à alma. Recomendo que vocês sigam exatamente tudo que o Grão
Mestre de Grainville lhes instruiu sobre a Ordem. Eu os dirigirei para que vocês possam trabalhar
nos quatro círculos, dentro dos quatro círculos de correspondência. Vocês farão as mesmas
invocações para si mesmos e para o Mestre”.

INVOCAÇÕES

“Quando a convalescência de minha esposa permitir, trabalharei com as diferentes


invocações que são necessárias para o trabalho de sete dias da semana, cada um estando ligado aos
bons espíritos dos planetas e aos poderes que os regem. Começarei este trabalho, que é muito
interessante e satisfatório. Deixei os interesses da Ordem nas mãos do Antigo Mestre de Grainville.
Depois desta tarefa farei as invocações para todas as operações de cada mês, de cada Equinócio,
com a exceção dos dois solstícios.”

No ano que se seguiu (1771), quando os Equinócios se aproximavam, um discípulo de Lyon


pediu novas orientações técnicas, que Martinez lhe enviou. Saint Martin era então secretário do
Mestre, pois a carta fora escrita com a letra do futuro iniciado e sua ortografia era perfeita.

INFLUÊNCIAS ASTRAIS - A LUA


(Carta de 16 de novembro de 1771)

“Será possível que eu lhe aponte com um mês de antecedência, de acordo com o seu desejo,
o tempo em que você estará capacitado a trabalhar nos Equinócios, C...M...(provavelmente as
iniciais de algum nome). Posso lhe dar a opção de três dias consecutivos, que irá se adaptar da
melhor forma na semana, como havia lhe prometido. As dificuldades nunca virão da minha parte,
mas eu não sou capaz de responder por você se o mesmo acontecerá da sua parte. Como só lidero
vocês pelas leis da Natureza, sou obrigado a organizar meu trabalho pelo curso da Lua, já que ela é
o principal corpo celeste que governa as partes inferiores. Ainda não fiz meus cálculos para
determinar quando a próxima Lua em Marte irá cair. Quando eu tiver certeza disto, prestarei muito
atenção para participar isto a vocês. Mas lhes repito que o tempo dela (no qual será marcado o
encontro) deverá coincidir com o seu. Sei que será difícil para vocês se ocuparem com trabalhos
espirituais do dia 20 de Março ao dia 5 de Abril. Vocês estarão livres antes deste período. Escrevam-
me se quiserem saber datas mais precisas, já que é possível que a Lua equinocial venha a ocorrer no
mês de Abril.”

Martinez de Pasqually

O TRABALHO DE TRÊS DIAS

“Vamos supor que a questão do tempo esteja resolvida e deixem-nos falar sobre o tipo de
trabalho que vocês terão de fazer. Creio que vocês escreveram que não iriam levar adiante o quê M.
de Grainville lhes propôs, reservando aquilo para uma outra oportunidade, quando terão feito
progresso maior. A minha intenção tem sido a de que vocês se limitem a um trabalho de três dias
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que tenho transmitido aqui, inteiramente traduzido do Latim para o Francês. Vocês irão se juntar a
invocação de G...A...que vocês têm, seguindo precisamente as instruções que já lhes transmiti sobre
este assunto. A grande invocação à meia-noite não pertence a este último trabalho, portanto, não é
tão urgente tratá-la aqui. Com respeito as invocações e convocações, acredito que vocês já tenham
passado por algo semelhante e o seu objetivo pode ser facilmente alcançado, quanto mais o
operador seja capaz de se colocar nelas, contanto que sua intenção seja sempre para o bem.”

Ah ! Infelizmente esta operação de Willermoz não foi melhor sucedida que as outras e no
ano seguinte a falha não aconteceu de novo. Enquanto isto, o Mestre deu grande esperança em uma
de suas últimas cartas escrita em Port-au-Prince :

ESPERANÇA DE SUCESSO PRÓXIMO


(Carta de 9 de maio de 1772)

“Apiedo-me de sua mortificação ao ter obtido tão pouco sucesso. Eu fui atrapalhado durante
meu trabalho enquanto vocês obtiveram grande satisfação no seu, mas enquanto isto ocorria eu
descobri algo, que segue abaixo”:

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que isto aconteceu integralmente, ou em parte, na sua
presença, mesmo que você não tenha visto nada. Se você tivesse sido capaz de fixar sua atenção nas
impressões mínimas, ou apenas perceber o fenômeno na velocidade de tudo que passa e se
transforma, isto teria sido uma excelente orientação para você, que serviria para desvelar o restante,
porque esta experiência nunca será percebida por outra pessoa além de você mesmo e da sua correta
compreensão, que virá instruí-lo e informá-lo, tanto em seu trabalho como na sua interpretação. No
entanto, não é necessário se alarmar a respeito daquilo que é tão severo e difícil para você. Ao
contrário, isto deveria aumentar sua coragem e confiança na certeza de que a chegada de sua
oportunidade e de sua alegria não podem fracassar, se assim você desejar, pois no fim, o homem é o
seu mestre.”

Esta carta nos dá a informação muito importante de que a prática compreende duas partes:
primeiro, o trabalho ou operação projetado para produzir visões. Segundo, a interpretação destas
visões - os símbolos chaves usados pelo Mundo Invisível para se comunicar com o Iniciado.

Antes de continuar a exposição da doutrina de Martinez de Pasqually, vamos nos ater um


pouco sobre as práticas. A primeira pergunta que se apresenta depois da ordem das sucessivas
operações de Willermoz é aquela para saber se as visões realmente existem e se Martinez deu
provas de suas existências na frente de outros discípulos, como o comerciante de Lyon. Neste ponto,
a crítica parece ter mais do que elucidado a questão. Mr. Franck, no seu notável livro sobre o
Martinismo, convoca duas testemunhas - Saint Martin e o abade Fournier. Apresentamos aqui os
dois trechos sobre esta questão:

“Eu não esconderei de vocês que na escola onde passei mais de 25 anos, as comunicações de
todos os tipos eram numerosas e frequentes e participei delas, como o fizeram os outros e que,
naquelas participações, todos os símbolos indicativos do Reparador foram recebidos.” (Saint
Martin, citado por Franck, página 17).
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“Sabemos que o abade Fournier, baseado na fé de sua experiência própria, disse que
Martinez teve o dom de confirmar (esta é a palavra usada na escola) suas instruções por luzes que
vinham de cima e por visões externas. Primeiramente vagas e rápidas como relâmpagos, depois
mais nítidas e prolongadas.” (Franck, página 18).

Mais passagens das cartas de St. Martin, citadas por Franck, nos dão outros detalhes novos e
interessantes sobre este assunto:

OS PODERES

“Se a designação dos poderes e a necessidade destas ordens é um novo campo para vocês, o
amigo Boheme lhes dará uma grande ajuda nestes assuntos. A escola pela qual passei também nos
deu uma boa nomenclatura a respeito desta espécie de manifestação. Há trechos sobre elas em meus
trabalhos e agora estou feliz em resumir minhas ideias sobre estas duas denominações. A de
Boheme é mais consistente do que a nossa e nos leva mais diretamente à questão principal. A nossa
é mais brilhante e detalhada, mas não a considero mais proveitosa, visto que ela não é, por assim
dizer, a linguagem de um país que deve ser conquistado e não é a forma de falar que deveria ser o
objetivo dos guerreiros, mas na realidade, o subjugação de nações rebeldes.”

“Por fim, a nomenclatura de Boheme é mais divina, a nossa, mais espiritual; a de Boheme é
capaz de fazer tudo por nós se soubermos nos identificar com ela. A nossa exige uma operação
prática e decisiva que dá os frutos mais incertos e menos duráveis. Isto quer dizer que a nossa
nomenclatura está voltada às operações nas quais Nosso Mestre era forte, enquanto que a de
Boheme está totalmente dirigida à plenitude da ação divina que deveria nos colocar no lugar do
outro.” (Correspondência de Saint Martin que não foi editada, citada por Franck, página 24).

Finalmente, é necessário voltar ao reconhecimento dado por Martinez a Willermoz, na sua


correspondência, para se certificar que muitos discípulos obtiveram resultados práticos muito
significativos. Mas as informações arquivadas que possuímos, permitem dar a esta pergunta uma
resposta bastante inesperada. Willermoz atingiu seus fins e obteve fenômenos da maior importância,
que atingiram seu apogeu em 1785, isto é, 13 anos após a morte de Martinez de Pasqually, o seu
iniciador. Na correspondência de Willermoz e Saint Martin (1771-1790), podemos acompanhar o
nascimento e o progresso dos resultados práticos, que estimularam Saint Martin a ir muitas vezes a
Lyon. Possuímos também, de mais de um trecho de seus escritos, um catálogo das instruções dadas
pela Presença Visível, à qual Willermoz designa sob o nome de “O Agente Desconhecido
Encarregado do Trabalho de Iniciação.”

Aqui vemos a perseverança necessária para que Willermoz obtivesse resultados importantes
e permanecemos estupefatos com a persistência dele nesta ocasião. Ele que, mais do que qualquer
um, deveria ser chamado de “O Homem Determinado”. Agora terminamos nosso relato do ritual
usado pelos Martinistas. Os leitores que estão familiarizados com a teoria e a prática da magia ritual
entendem simplesmente o caráter tradicional da operação. A adição dos círios é sempre uma
característica do Martinismo (que é uma corrente Iluminista). Os profanos veem aqui apenas
charlatanismo, alucinação e loucura. No entanto, isto importa muito pouco para a verdade dos fatos,
que somente serão bem conhecidos dentro de 50 anos. Até lá, os profanos têm o direito de profanar
os Mistérios e um silêncio desdenhoso deveria ser a única resposta dos Iniciados. Deixemos de lado
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estas questões incandescentes e nos aproximemos agora do estudo da doutrina, literalmente
estabelecida pelo fundador do Martinismo.

A DOUTRINA

” (Franck, página 14).

“Martinez de Pasqually tinha a chave de tudo aquilo que o Irmão Boheme expôs em suas
teorias, mas ele não acreditava que a humanidade já estivesse pronta para receber estas verdades
elevadas. Ele também abordava alguns assuntos que o nosso Irmão Boheme ou não sabia, ou não
havia querido revelar, como a regeneração do malfeitor através do amor, a qual o primeiro homem
foi encarregado de realizar.” (Franck, página 15).

Retornemos mais uma vez a teoria tão admiravelmente desenvolvida por Fabre D’Olivet
(em ‘A Língua Hebraica Restituída’, Caim):

“O ofício do Salvador, do Cristo, é um ofício acessível a todas as almas humanas que agirem
em harmonia absoluta com os princípios da Providência.”

Agora, observem aquilo que o abade Fournier nos garante ter ouvido da boca de Pasqually:

“Cada um de nós, ao seguirmos os Seus passos, pode ser elevado ao mesmo nível onde Ele
chegou a ser Jesus Cristo. Para fazer a vontade de Deus, Jesus Cristo assumiu a natureza humana e
se tornou o Próprio Filho de Deus. Ao imitar o Seu exemplo ou ao conformarmos a nossa vontade
com a Vontade Divina, entraremos, como o fez Jesus, na União Eterna com Deus. Seremos
esvaziados do Espírito de Satã e preenchidos com o Divino Espírito Santo. Nos tornaremos Um
(unos, integrados), pois Deus é Um e nos tornaremos perfeitos na Unidade Eterna de Deus Pai, de
Deus Filho e do Divino Espírito Santo e assim, desfrutaremos de alegrias divinas e eternas.”
(Franck, página 14).

É através de uma resignação inteligente aos males que assolam nosso destino que chegamos
a nossa evolução, poderosamente auxiliados pelas operações de magia que nos permitem a ajuda
objetiva de um guia do Mundo Invisível. Em poucas linhas, este é o resumo da doutrina
detalhadamente estabelecida por Martinez nos trechos de suas cartas que mostraremos a seguir e
que também foram muito bem demonstrados por M. Franck. Ocuparemos-nos agora da doutrina de
Martinez de Pasqually, nos seus elementos mais essenciais. Ela é composta de duas partes bem
distintas. Uma interna, espiritual, especulativa ás quais algumas tradições antigas se relacionavam,
ou eram inteiramente de acordo com estas mesmas tradições. A outra parte da doutrina é exterior,
prática e até mesmo, de certa forma, material ou pelo menos, simbólica. Se baseia inteiramente num
sistema de hierarquias de virtudes e poderes, como compreendemos Saint Martin, ou sobre os níveis
do mundo espiritual que se interpõe entre o homem e Deus.

Vamos agora passar a citar as principais passagens das cartas de Martinez que concordam
com a doutrina. No dia 19 de setembro de 1767, Martinez faz as seguintes reflexões a respeito de
sua doença:
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A PEQUENEZ E A GRANDIOSIDADE HUMANAS OU
A DEBILIDADE E A MAJESTOSIDADE HUMANAS

“Somos todos homens e como tal, nenhum de nós é justo perante Deus. Recordemos que Ele
não nos enviou aqui para Si mesmo, mas em nosso favor, para nós mesmos. Depende de nós de
estarmos Nele, já que é a sós que podemos encontrar descanso para nós mesmos”.

“Deus me castigou ao me arruinar desta maneira, mas o Seu castigo merecido deveria
apagar todas as minhas dúvidas. O homem nunca foi como um animal. Pois o animal fica sem ser
punido, enquanto o homem é de Deus quando comete um erro. E a punição que o homem recebe, no
momento em que peca, lhe garante o socorro deste Ser perfeito. Não querendo perder o homem
completamente, Deus o aflige e assim faz com que ele veja que Deus não lhe retirou Sua piedade e
Sua graça”.

“O homem é ambicioso, curioso e insaciável. Sua imaginação segue seu pensamento; sua
frouxidão e seu desgosto destroem num instante o desempenho de seus projetos. Tudo isto o deixa
inquieto, nervoso, perverso, corrompido e hostil àqueles que querem elevá-lo. Mesmo que estes
(desejosos por ajudá-lo) não admitam de mais ninguém o sucesso, além daquele para o qual seus
rituais são dirigidos - colocando nele uma confiança incomparável, até mesmo encaminhando-o
para Deus a pedido deles e desejando esquecer que aquele homem é apenas um homem comum,
como eles mesmos. Para mim, eu sou um homem e não acredito que eu tenha em mim mais do que
qualquer outro ser humano. Eu sempre disse que todo homem tem perante si todos os materiais
oportunos para realizar tudo que eu mesmo fui capaz de fazer, da minha forma modesta. O homem
tem apenas que Querer e assim, ele toma a autoridade e o poder.”

A POSIÇÃO, A PRÁTICA E A REINTEGRAÇÃO HUMANA


(Carta de 13 de abril de 1768)

“Não seja impaciente, aguarde a sua vez; este tipo de coisas não depende da prudência do
homem sozinho, mas até mesmo daqueles de T...H... e T...P...Eternos. Eu estaria falando descuidada
e loucamente se eu anunciasse a vocês que estas coisas estão sob o meu poder, somente. Sou apenas
um frágil instrumento que Deus quer bem, desmerecido que sou para ser usado por Ele para
relembrar os homens, meus companheiros, do seu primeiro estado constitutivo (o seu primeiro
estado de maçonaria). O que falaria espiritualmente ao homem ou à sua alma, para fazê-lo enxergar,
verdadeiramente, que ele é um ser divino, criado como a imagem e semelhança daquele Ser Todo-
Poderoso.”

O OBJETIVO DA ORDEM - O HOMEM DETERMINADO

“A respeito daquilo que você me disse, de que almeja ser verdadeiramente convencido do
objetivo da Ordem, isto depende de você mesmo. Você deve encarar que Deus e os responsáveis
pela sua conduta neste assunto, o tem sempre perante Eles. A Ordem compreende uma ciência
verdadeira. É baseada sobre a verdade pura e simples. É impossível que o sofisma a governe ou que
o charlatanismo lá impere. Pelo contrário, a falsidade só ocorre uma vez, fugindo para longe e a
verdade se mantém. Para estar convencido desta verdade, é necessário que você tenha me seguido
por mais tempo do que você já seguiu, pois desta forma todas as dúvidas serão dizimadas”.
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“Você tem em si mesmo todos os sinais desta verdade pura. Apenas observe os cinco
diferentes dedos das suas mãos e pés e tente adivinhar o significado destes distintos emblemas. Eu
vos juro que você não terá nada para me perguntar para estar certo de que a Ordem compreende,
para a criança deste mundo rebaixado, coisas extremamente necessárias e essenciais para o seu
progresso; portanto a Ordem procura o homem determinado e quando ele se permite ser orientado,
ele é feliz”.

OS PREDECESSORES

“Observe senhor T...P...M..., tudo o que eu puder responder a respeito daquilo que você me
indagou em sua carta, respondo sem dissimulação ou bajulação. Nunca procurei induzir uma pessoa
ao erro, ou enganar aqueles que a mim vieram de boa fé, para receber qualquer que fosse o
conhecimento que os meus antecessores me transmitiram. Provarei isto perante Deus e os homens e
até mesmo àqueles que são meus mais cruéis inimigos”.

Esta é a única vez em que Martinez fala em suas cartas, a respeito dos seus antecessores
misteriosos, de quem ele recebeu sua doutrina. Vejam qual é a chave para o problema dos “cinco
dedos diferentes”, que Martinez deu aos seus discípulos:

A MÃO HUMANA
(5 de maio de 1769)

“Pelo poder do mandamento, o homem será ainda mais hábil de coibir os demônios que o
assolam, ao negar a eles qualquer comunicação consigo. Isto nos é apresentado pela diferença dos
cinco dedos da mão, dos quais o dedo do meio, ou médio, representa a alma. O dedão, o bom
espírito. O apontador, o bom intelecto, sendo que os dois outros representam igualmente o mau
espírito e o intelecto demoníaco.”

“Nós prontamente compreendemos por esta imagem que o homem só foi criado face a face
com o demônio do mal para poder coibi-lo e combatê-lo.”

“O poder do homem é muito superior ao do demônio já que o homem agrega à sua ciência
àquela de seu companheiro e do seu intelecto e através destes meios, ele é capaz de opor três bons
poderes espirituais contra dois poderes demoníacos desprezíveis. O que deveria subjugar totalmente
os promotores do mal e assim, destruir o mal em si mesmo.”
(Tratado da Reintegração)

O HOMEM HONESTO

“Vocês me disseram que não foram iniciados por mim na Verdade. Eu não conheço nenhuma
outra forma mais certa de fazê-lo, do que aquela pela qual eu vos iniciei. Minha condição e
qualidade de homem honesto sempre me mantiveram na minha atual posição. Eu lhe repito, P...M...,
que eu tenho a meu respeito, para cada defesa, somente a verdade. É verdadeiro que, às vezes, eu
imprudentemente me excedi um pouco ao falar, sobretudo para pessoas que não mereciam ouvir.”
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A QUEDA - O HOMEM DIFERENCIADO DE SEU CORPO

“Recebi sua carta, que você me escreveu no mês passado. Vejo com muita dor no coração a
agonia e o sofrimento que sua natureza originária causou ao seu corpo; mas estas coisas são inatas e
é, portanto, impossível de se encontrar meios para combater os diferentes efeitos deste primeiro
princípio. Ao encarnarmos, nascemos corporalmente com sete pecados originais. Não é possível
evitar o mal sob cada forma na qual ele possa existir. Mas com um pouco de reflexão séria, o
homem ainda é capaz de enfraquecer e diminuir as muitas perturbações que são consequências de
sua forma material, perigosas para a integridade e a estabilidade de nossa individualidade. Portanto,
os sábios legisladores previram muito bem a grande inconveniência que o homem era capaz de
infringir à sua individualidade, pela força e autoridade de seu livre arbítrio. E que era também capaz
de refletir, com sua relativa ignorância, sobre seus próprios costumes e hábitos corriqueiros. Por
isto, o célebre legislador espiritual transmitiu os sete principais crimes capitais para o homem, e não
para o seu corpo, mesmo estando os sete preceitos ligados ao corpo e não ao homem.”

A LIBERDADE DO HOMEM

“O homem é inteiramente responsável perante Deus pelo pouco cuidado e consideração que
ele tenha tido ao imprudentemente desrespeitar os preceitos acima citados, que eu não sou capaz de
explicar em grandes detalhes, mas que assim deveria ser feito. É, P.M., o grande conhecimento do
legislador e também a íntima amizade que ele teve pelos homens - seus seguidores - e para a
preservação espiritual e corporal do homem, que o legislador espiritual estabeleceu sete
mandamentos principais, aos quais ele sujeita e restringe o homem determinado a seguir
detalhadamente. Estes mandamentos são baseados na conservação da natureza. Assim, tudo que
pode ser feito contra a natureza será classificado de pecado capital. Reflita sobre isto; você verá que
o que falo não é nenhum enigma quando digo que errando contra nós mesmos, estamos errando
contra Deus, que é o verdadeiro Pai de nosso ser.”

Como uma proposição a cerca deste último trecho, citaremos esta passagem do “Tratado da
Reintegração dos Seres Criados”:

A ORIGEM DO MAL
(8 de abril de 1769)

“Pode ser visto por tudo que agora digo, que a origem do mal não é outra senão a dos
pensamentos maléficos seguidos por uma determinação maldosa da mente contra as leis divinas.
Não é que o espírito emanado do Criador seja diretamente maligno, já que a potencialidade do mal
nunca existiu no Criador. Ela nasce somente da disposição e vontade de Suas criaturas.”

A RESPEITO DA CIÊNCIA SECRETA


(16 de novembro de 1771)

“A respeito dos objetivos daquilo que você me falou, lhe juro que eu não hesitaria em lhe
transmitir mais sobre elas (as ciências secretas) se pudesse vê-las mais proveitosamente do que da
forma que já lhe expliquei. Você não tem coragem, ao dizer que irá pôr suas mãos em tão extenso
trabalho, até que tenha a prova de tudo o que eu disse. Lhe digo que você fará o maior dos erros
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Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohens do Universo


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esperando pela minha intervenção em sua empreitada. Estas coisas estão absolutamente
subordinadas a Ele, que tudo dirige.”

“A ciência que ensino é certa e verdadeira, já que ela não emana dos homens e aquele que a
usa sem sentir a benção, deveria segui-la só, sem mais ninguém. O próprio Cristo disse: ‘Seja lá o
que for que vocês peçam em meu nome, sem ter hesitação ou dúvida em sua fé, vocês deverão
receber.’ Observe a verdadeira chave desta ciência. Eu creio que eu deveria expor para você que as
reflexões por você feitas não deveriam lhe atrapalhar. A razão para isto é simples, apesar de você
não ter nenhuma convicção, há aqueles que reconhecem que você deveria tê-las, já que não há nada
tão livre quanto o progresso do espírito e se você apenas prestar atenção às suas convicções, de
forma construtiva, eu talvez possa lhe transmitir todas as matérias que tenho e, sem dúvida, você as
fará ainda mais valiosas.”

“Eu não estou dissimulando, para negar-lhe o que eu havia prometido, mas desejo
sinceramente que você fizesse uso do que você tem.”

CONCLUSÕES FINAIS
(24 de agosto de 1772)

“Preenchido com o sentimento e o zelo que vocês têm até o momento por La Chose, este é
uma garantia de que Ela não será mais cruel. Lisonjeia-me saber que com a ajuda de La Chose, eu
serei bem sucedido ao dar um fim às suas punições.”

“Não há dúvida de que o seu exemplo e correção na Ordem, deveria ser um modelo
arrebatador para todos os membros de La Chose. Por isso, eu acredito que mesmo sendo o último a
seguir este caminho entre os seus irmãos e companheiros, você deveria ser o primeiro em
perseverança obstinada e em resignação sincera.”

Martinez de Pasqually

FIM

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